Proposta de trabalho Caso “ A dívida”
A Alfredo Madeiras, SA., é uma sociedade anónima líder nacional no comércio de madeiras e outros materiais de construção, actividade a que se dedica desde 1990, tendo actualmente clientes por todo o país.
Tem a sua sede num belo edifício situado na Zona Industrial da Barosa, freguesia da Barosa, concelho de Leiria.
A sociedade Branquinho & Irmão, Lda., é um dos seus clientes, à qual fornece, habitualmente, madeiras e outros materiais de construção.
No dia 08 de Janeiro de 2011, o Sr. Manuel Osório, funcionário e motorista da Alfredo Madeiras, SA, descarregou no armazém da Branquinho & Irmão, Lda., situado no nº 4 da Rua das Telhas, em Portimão, uma encomenda de placas de aglomerado, portas e madeiras, e entregou ao Sr. Branquinho, sócio gerente daquela, as facturas nº 1777.2010, 1778.2010, respectivamente, no valor de 15.900,00€ e de 20.100,00€, ambas datadas de 08.01.11 e vencidas a 08.02.2011.
Nesse dia, o Sr. Branquinho, conforme tinha acordado com o Director Financeiro da Alfredo Madeiras, SA, emitiu e entregou à Requerente o cheque nº 3456779, sacado sobre o Banco Montepio Geral, no valor de 15.900,00€, datado para 08.02.2011, e, para o pagamento do restante valor de 20.100,00€, emitiu e aceitou uma letra de câmbio, datada de 08.01.2011 com vencimento a 18.02.2011.
Quando regressou a Leiria, o motorista Manuel Osório, entregou no
escritório o cheque e a letra.
O chefe do escritório da Alfredo Madeiras, SA, Sr. João Jorge, no dia 08.02.2011, mandou o estafeta da empresa, depositar o cheque na conta que esta sociedade tem no BCP, agência da Praça Rodrigues Lobo, em Leiria.
No dia seguinte, o Sr. João Jorge verificou, no extracto on line da conta de BCP, que o cheque da Branquinho tinha sido devolvido por falta de provisão, tendo o BCP cobrado 40,00€ de despesas de devolução de cheque, facto que o deixou preocupado.
Como o Sr. João Jorge tinha um amigo que trabalha no Banco Montepio Geral, telefonou-lhe de imediato, para saber o que se tinha passado com o cheque da cliente Branquinho, ao que aquele lhe disse que a situação financeira daquela Sociedade era muito irregular, tinha a conta a negativo há vários dias, deixando devolver vários cheques por falta de provisão inclusive um cheque do Iva e outro do leasing do armazém. Disse-lhe ainda, que constava que o Sr.
Branquinho estava a preparar a sua ida e da sua família para o Brasil, dado que o negócio por cá estava a correr cada vez pior.
O Sr. João Jorge, dias depois recebeu o original do cheque devolvido com falta de provisão o que se podia verificar num carimbo aposto no seu verso.
Telefonou várias vezes para os escritórios da Branquinho e ninguém atendeu. Tomou coragem e telefonou para o telemóvel do Sr.
Branquinho o qual tinha uma mensagem que dizia “ número não atribuído”.
No dia 18.02.2011, a letra de câmbio não foi paga, tendo dado origem a despesas bancárias e administrativas no montante de 100,00€.
O Sr. João Jorge mandou uma colega de escritório emitir uma nota de
débito no valor de 140,00€ à sociedade Branquinho, a qual foi
enviada para a sede desta, tendo a carta vindo devolvida por motivo:
“ encerrado”.
Preocupado, o Sr. João Jorge, telefonou ao motorista que tinha ido descarregar a madeira ao Armazém da Branquinho & Irmão, Lda., em Portimão, no dia 08.01.2011, para saber o que tinha visto quando descarregou a mercadoria, ao que este lhe disse que achou tudo muito estranho o Armazém não tinha ninguém a trabalhar e que as máquinas estavam paradas, ficou mesmo com a impressão de que tinham encerrado.
O Sr. João Jorge, telefonou ainda para o gerente duma empresa concorrente da Branquinho, situada, também, em Portimão, que lhe confirmou que essa empresa estava encerrada e em situação de pré- insolvência, estava a vender todo o activo, tendo-lhe comprado algumas das suas máquinas.
Acrescentou-lhe que os sócios gerentes da Branquinho, o Sr.
Branquinho e a esposa, tinham ido para o Brasil.
Ansioso com a situação, o Sr. João Jorge, foi ao gabinete do Director Financeiro e Administrador da Alfredo & Madeiras, SA, explicar-lhe o que se estava a passar com a dívida da Sociedade Branquinho &
Irmão, Lda..
O Director Financeiro, homem experiente e cauteloso, telefonou logo para si, Colega Advogado, para saber como fazer para cobrar, com muita urgência, a divida da Branquinho & Irmão Lda.
De que procedimento urgente, aconselha a sua cliente Alfredo
Madeiras, SA., a lançar mão, para garantir o seu direito.
1- Que documentos/elementos deve solicitar à sua cliente para instruir o respectivo procedimento.
2- Identifica a providência de que o/a colega deve lançar mão para que o seu cliente veja assegurado o seu direito.
Proposta de resolução
1- Para instruir a procedimento cautelar são necessários os seguintes documentos:
Cópia das 2 facturas
Cópia do cheque frente e verso
Cópia da letra de câmbio
Cópia da nota de débito
Carta endereçada à Requerida/devolvida
Procuração forense
Para o Advogado verificar os elementos das sociedades Requerente e Requerida deve solicitar os seguintes elementos:
Nº de matrícula comercial das sociedades Requerentes e Requeridas
Lista de bens a arrestar
Nome e domicilio do fiel depositário
2 – Minuta do Procedimento Cautelar de Arresto ( nominado) com vista a pedir ao tribunal o arresto dos bens da devedora Branquinho
& Irmão, Lda.,
Meritíssimo Senhor Dr.
Juiz de Direito do Tribunal Judicial da Comarca de Portimão
(identificação do Tribunal art. 467º nº 1 al. a) do CPC; recusa art. 474º, al. a) do CPC; regra geral da competência territorial dos procedimentos cautelares de arresto art. 74º nº 1 do CPC tribunal onde deva ser proposta a acção respectiva – lugar do cumprimento – obrigações pecuniárias – 74º CC – domicilio do credor – ou, 83º nº 1 al. a) do CPC, no lugar onde os bens se encontrem ou se houver vários bens em várias comarcas no lugar de qualquer uma destas)
Requerente:
(identificação das partes nos termos do art. 467º nº 1 al. a) do CPC, recusa da PI nos termos do art. 474º al. b) do CPC)Alfredo Madeiras, SA., sociedade anónima, com sede na Zona Industrial da Barosa, Barosa, em Leiria, número único de matrícula e pessoa colectiva 500 800 900,
Vem abrigo do disposto nos arts. 406º e ss do CPC instaurar Procedimento cautelar de Arresto contra:
(indicação da forma de processo/natureza do procedimento – art. 406º do CPC e art. 467º nº 1 al. c) do CPC; recusa da PI art.474º al. d) do CPC)
Requerido:
(identificação das partes nos termos do art. 467º nº 1 al. a) do CPC, recusa da PI nos termos do art. 474 nº 1 al. b) do CPC)Branquinho & Irmão, Lda., sociedade por quotas, com sede na Rua das Telhas, Armazém 4, em Portimão, número único de matrícula e pessoa colectiva 501 155 330,
Nos termos e com os seguintes fundamentos:
- Dos factos –
(expor os factos que servem de fundamento à acção – art. 467º nº 1 al. d) do CPC – é obrigatória a exposição dos factos por artigos art. 151º, nº 2 do CPC)
1º
A Requerente exerce a actividade de comerciante de madeiras e outros materiais de construção, conforme código de acesso nº 2345 da certidão permanente da Requerente consultável in www.portaldaempresa.pt.
2º
No exercício dessa actividade, a Requerente forneceu e entregou à Requerida diversas mercadorias, nomeadamente, placas de aglomerado, portas e madeira discriminadas nas facturas nº 1777.2010, 1778.2010, respectivamente, no valor de 15.900,00€ e de 20.100,00€, ambas datadas de 08.01.11 e vencidas a 08.02.2011, conforme cópias que aqui se juntam e se dão por reproduzidos para todos os efeitos legais ( docs. nº 1 e 2 ).
3º
A Requerida no acto de entrega das referidas mercadorias emitiu e entregou à Requerente o cheque nº 3456779, sacado sobre o Banco Montepio Geral, no valor de 15.900,00€, datado de 08.02.2011, conforme cópia que aqui se junta e se dá por reproduzido para todos os efeitos legais ( doc. nº 3).
4º
Para pagamento do restante valor, a Requerida emitiu e aceitou uma letra de câmbio, no montante de 20.100,00€, datada de 08.01.2011 e com vencimento a 18.02.2011, conforme cópia que aqui se junta e se dá por reproduzido para todos os efeitos legais ( doc. nº 4).
5º
A Requerente a 18.02.2011, depositou na sua conta do BCP, o
cheque nº 3456779 (doc nº 4), o qual foi devolvido por falta de
provisão, com um carimbo aposto no seu verso com os dizeres “ falta
ou insuficiência de provisão”, conforme cópia que aqui se junta e dá por reproduzido para todos os efeitos legais ( doc. 5)
6º
Acresce que, no passado dia 18.02.2011, venceu a letra de câmbio referida supra, a qual não foi paga pela Requerida à Requerente.
7º
Para além das quantias tituladas no cheque e na letra de câmbio supra mencionados, deve ainda a Requerida à Requerente, o valor total de 140,00€, resultante da soma das despesas bancárias de devolução do cheque e das despesas bancárias e administrativas originadas pelo não pagamento da letra de câmbio na data do seu vencimento, conforme cópia da nota de débito nº 1/2011, que aqui se junta e se dá por reproduzido para todos os efeitos legais ( doc.
6).
8º
Face ao referido em 4º, 5º, 6º e 7º desta PI, o débito total da Requerida à Requerente ascende ao montante de 36.140,00€.
9º
Até à presente data a Requerida não pagou a quantia em divida, não obstante as insistências da Requerente para o efeito, quer por escrito quer por telefone, conforme cópia da carta que aqui se junta e se dá por reproduzido para todos os efeitos legais ( doc. nº 7).
10º
Entretanto, a Requerente soube que a Requerida, leva, nos últimos meses uma vida comercial irregular.
11º
A Requerida, além de não pagar, à Requerente, não paga a outros fornecedores, aos Bancos, Financeiras e ao Estado.
12º
Um funcionário da Requerente, foi informado por um gerente duma empresa concorrente da aqui Requerida, que esta está em situação de pré-insolvência,
13º E, que, está a vender todo o seu activo.
14º
E, que, os seus sócios gerentes se ausentaram para o Brasil.
15º
A Requerente sabe, ainda que, as instalações da Requerida se encontram encerradas.
- Fundamentos de direito –
(expor as razões de direito que servem de fundamento à providência – art. 467º nº 1 al. d) do CPC )
16º
Determina o art. 406ºnº 1 do CPC que o “credor que tenha justificado de perder a garantia patrimonial do seu crédito pode requerer o arresto dos bens do devedor”.
17º
São, assim, requisitos do procedimento cautelar de arresto:
a) Titularidade indiciária do direito de crédito contra o arrestado;
b) Que o credor tenha justo receio de perda de garantia patrimonial do seu crédito;
18º
Face ao alegado em 1º a 9º desta PI, o crédito do Requerente é liquido e vencido.
19º
Pelo alegado em 7º a 11º, existe justo receio de perda da garantia patrimonial da Requerente, em virtude dos actos de dissipação e ocultação do património da Requerida, da ausência dos gerentes do país, do encerramento das instalações da Requerida, e do não pagamento dos seus encargos e débitos a trabalhadores, fornecedores, Estada, Bancos, financeiras, entre outras.
- Do Pedido –
(a PI termina com a formulação do pedido de decretamento do arresto dos bens 406º nº 1 do CPC)
Nos termos e no mais de direito, que Vexa. doutamente suprirá, requer que, sem audiência prévia dos Requeridos ( cfr. art. 385º nº 1, 2ª parte do CPC), se decrete o presente procedimento cautelar de arresto dos bens do Requerido, e em consequência, determinar-se o arresto dos bens que infra se discriminam.
Valor: 36.140,00€ ( trinta e seis mil e cento e quarenta euros)
(declarar o valor da causa - art. 467º nº 1 al. f) do CPC que corresponde ao valor do crédito que se pretende garantir - art. 313º nº 3 al. e) do CPC; omissão do valor recusa art. 474º al. e) do CPC)Bens a arrestar:
1)
Matérias-primas e máquinas existentes nas instalações da Requerida;
2)
Saldos da conta bancária nº 00339987 da Requerida existente no Banco Montepio Geral;
3)
O direito ao trespasse do estabelecimento da Requerida sito na sede desta identificada no intróito desta PI.
Os Requerentes designam com Agente de Execução para efectuar o arresto dos bens o Exmo Sr. João Santos, Agente de Execução nº 3346, com residência profissional na Avenida 25 de Abril, nº 23, 1º esq., Portimão.
Indica-se para ser fiel depositário dos bens: Alfredo Oliveira Pires, Presidente do Conselho de Administração da Requerente, com domicílio profissional na sede desta referida no intróito da PI.
Junta: Sete documentos, procuração forense e um documento comprovativo do pagamento prévio da taxa de justiça
(até 300.000,00 € taxa de 306,00€ (s/redução) 229.50€ (com redução) art. 453º nº 1 e 2 do CPC e 7º nº 3, 13º nº 1 e 14º do RCP).Prova testemunhal ( a apresentar ): (
prazos curtos - impossibilidade de notificação das testemunhas art. 382 nº 2; prova sumária art. 384º nº 1 do CPC; 3 testemunhas por cada facto com o limite de 8 testemunhas no total art. 304º nº 1 do CPC )1.- João Jorge, casado, chefe de escritório, com residência profissional na sede da Requerente;
2.- Manuel Osório, casado, motorista, com residência profissional na
sede da Requerente;
3.- José dos Anzóis, casado, empresário, residente em Portimão.
A Advogado/a
C/domicilio profissional em…
(art. 467º nº 1 al. b) do CPC, recusa nos termos do art.474 nº 1 al. c) do CPC)