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GABRIELA CAROLINA FERREIRA ALVES

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Academic year: 2021

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ARAPONGAS 2020

GABRIELA CAROLINA FERREIRA ALVES

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL

A CONTRIBUIÇÃO DO LETRAMENTO NO PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

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Arapongas 2020

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL

A CONTRIBUIÇÃO DO LETRAMENTO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Pedagogia Orientador: Gerson Souza

GABRIELA CAROLINA FERREIRA ALVES

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GABRIELA CAROLINA FERREIA ALVES

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL

A CONTRIBUIÇÃO DO LETRAMENTO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Pedagogia

BANCA EXAMINADORA

ADILSON FERNADES DA CRUZ - MESTRE

MARIA ONIDE BALLAN SARDINHA - MESTRE

LUCI HELENA GASPAROTTO MOSER - ESPECIALISTA

02, de dezembro de, 2020

(4)

Dedico este trabalho...

A mim mesma. Gabriela, por estar

concluindo o curso de pedagogia na

Universidade UNOPAR. E agradeço a

Deus com todo o meu coração por me

permitir chegar até aqui.

(5)

FERREIRA, Gabriela. Alfabetização e Letramento no Ensino Fundamental: A contribuição do letramento no processo de alfabetização no ensino fundamental.

2020. 27 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Unopar, Arapongas, 2020

RESUMO

O presente artigo consiste numa reflexão teórica sobre os conceitos de alfabetização e letramento, buscando esclarecer as diferenças entre os dois processos e qual a relação que existe entre eles. O estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica, apresentando uma abordagem sobre a alfabetização e letramento como ações distintas e inseparáveis. Apresentamos algumas reflexões acerca da apropriação da linguagem escrita, destacando a relação entre os processos de alfabetização e letramento compreendendo-os, respectivamente como:

aprendizagem de habilidades necessárias para os atos de ler e escrever; estado ou condição do sujeito que incorpora práticas sociais de leitura e escrita. E ainda destaca a ação docente, seus objetivos e seus procedimentos didáticos na prática pedagógica. Em síntese, alfabetização e letramento são conceitos que precisam ser vivenciados em sua plenitude, sobretudo na escola, pois tal como se apresenta na realidade nacional, muitos professores precisam se apropriar da concepção de letramento como algo necessário para a vida dos alunos.

Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Docente. Práticas Sociais.

Indissociabilidade.

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ABSTRACT

Ferreira, Gabriela.

Literacy and literacy in elementary education: the contribution of literacy to the literacy process in primary education. 2020. 27

sheets. Course conclusion paper (graduation in pedagogy) - unopar, arapongas, 2020

This article consists of a theoretical reflection on the concepts of literacy and literacy, seeking to clarify the differences between the two processes and the relationship that exists between them. The study was developed from a bibliographic research, presenting an approach on literacy and literacy as distinct and inseparable actions.

We present some reflections on the appropriation of written language, highlighting the relationship between the processes of literacy and literacy, understanding them, respectively, as: learning the necessary skills for the acts of reading and writing; state or condition of the subject that incorporates social reading and writing practices. And it also highlights the teaching action, its objectives and its didactic procedures in pedagogical practice. In summary, literacy and literacy are concepts that need to be fully experienced, especially at school, as, as presented in the national reality, many teachers need to appropriate the concept of literacy as something necessary for the lives of students.

Keywords:

Literacy. Literacy. Teacher. Social Practices. Inseparability.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 13

2. O CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO ... 15

3. DIFERENÇAS ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ... 19

4. A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE

ALFABETIZAÇÃO ... 22

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 26

REFERÊNCIAS ... 27

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1. INTRODUÇÃO

Este Trabalho de conclusão de curso apresenta reflexões teóricas sobre o processo de alfabetização e o letramento.

Durante muito tempo, as escolas trabalhavam como um roteiro em que primeiro se aprendia a decodificar as letras e seus respectivos sons para depois trabalhar com o aluno a leitura propriamente dita, dessa forma obtinha-se o aluno alfabetizado, sendo aquele que conhece o código escrito, sabe ler e escrever, contudo ao decorrer dos anos e visto a necessidade da sociedade de abranger o campo da alfabetização, surgiu um novo termo que hoje é chamado de letramento.

Justifica-se esse trabalho, uma vez que se percebe o valor do letramento no processo de alfabetização, sendo práticas que devem caminhar juntas visando promover no aluno a capacidade não só de ler e escrever, mas também, de saber compreender e interpretar textos.

Entende-se que ler e escrever é essencial na vida de qualquer indivíduo e dentro desse contexto nasce a existência de muitas ideias acerca da Alfabetização e do Letramento, então surge a problemática: De que maneira o letramento contribui para a Alfabetização no Ensino Fundamental?

A discussão do tema será realizada em três capítulos, sendo que no primeiro capítulo, busca um aprofundamento teórico, em autores como, Perandré (2004) e Soares (2004) que tratam o conceito da alfabetização. Já no segundo capitulo, discutimos por meio de alguns autores as diferenças entre alfabetização e letramento. E o terceiro e último capítulo ficará com enfoque na importância do professor mediador da aprendizagem no momento de alfabetizar. Tendo como objetivo geral discutir as contribuições do letramento no processo de alfabetizar. E como objetivos específicos; entender que a alfabetização vai além de codificar e decodificar; refletir a importância da mediação do professor no processo de alfabetização.

Logo, o presente trabalho é uma pesquisa qualitativa sendo resultado de

pesquisas bibliográficas por meio de estudos disponíveis em autores que abordam

tanto os processos de alfabetização e letramento e que teve por finalidade colocar

em pauta, tanto o processo de alfabetização, como o processo de letramento,

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14

apresentando a especificidade de cada um e refletindo a importância de ambos

caminharem juntos.

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15

2. O CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO

Sabe-se que a alfabetização é um processo imprescindível durante a trajetória escolar, é partindo dela que o aluno terá condições para participar ativamente das questões envolvendo a sociedade e para dar continuidade aos estudos, desse modo, considera-se a alfabetização um processo indispensável na vida das pessoas.

Sendo muito discutida no meio educacional, e de suma importância, durante muito tempo tem-se discutido sobre os conceitos que envolvem a palavra alfabetização e o ato de alfabetizar. Nesse sentido, citam-se alguns conceitos de alfabetização no olhar de diferentes autores que estudaram sobre o tema.

Para Kramer (1986, p.17), a alfabetização “vai além do saber ler e escrever inclui o objetivo de favorecer o desenvolvimento da compreensão e expressão da linguagem”. Desse modo, compreendesse que não basta apenas saber ler e escrever, mas sim entender o que é a leitura e a escrita.

De acordo com Oliveira (2002, p.25) ressalta que: “alfabetizar significa saber identificar sons e letras, ler o que está escrito, escrever o que foi lido ou falado e compreender o sentido do que foi lido e escrito”. Essa ideia reforça a importância da compreensão no processo de alfabetização.

Segundo Soares (2006, p.15) “Alfabetizar significa adquirir a habilidade de decodificar a língua oral em língua escrita [...] A alfabetização seria um processo de representação de fonemas em grafemas (escrever) e de grafemas em fonemas”.

Sendo assim, a especificidade da alfabetização é a obtenção do código alfabético e ortográfico, desenvolvendo habilidades de leitura e escrita.

Compreende-se que alfabetização não é um caminho baseado em percepção e memorização, para aprender de fato a ler e escrever, o indivíduo precisa construir um conhecimento de natureza conceitual, ou seja, ele não só carece saber o que é a escrita em si, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem.

Alfabetização – processo de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é do

conjunto de técnicas – procedimentos habilidades - necessárias para a prática de

leitura e da escrita: as habilidades de codificação de fonemas em grafemas e de

decodificação de grafemas em fonemas, isto é, o domínio do sistema de escrita

(alfabético ortográfico) (MORAIS; ALBUQUERQUE, 2007, p. 15)

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A partir das afirmações anteriores, entende-se que alfabetizar é decodificar, entretanto é preciso ir além disso sendo um processo significativo de aprendizagem, as informações recebidas devem ser assimiladas e utilizadas pelo indivíduo nas práticas sociais. No processo de alfabetização o discente deve compreender todo o processo e adquirir habilidades, para utilizar a leitura e escrita como qualidade fundamental para participar de questões sociais.

Passamos então a entender a alfabetização como uma contínua construção conceitual, que se desenvolve tanto dentro quanto fora de sala de aula a partir dos primeiros contatos das crianças com a escrita. A convivência com as propagandas, os rótulos de embalagens, placas, bilhetes, avisos, receitas, revistas, jornais, livros entre outras coisas, faz com que o sujeito se familiarize com a escrita e assimile e faça relações, buscando compreender seus significados.

Ainda que inseridas em um processo metódico de alfabetização, todas as pessoas tem contato com variadas situações envolvendo a leitura e a escrita, que contribuem para o aprimoramento do seu processo de alfabetização.

Ferreiro e Teberosky, ao pesquisarem a psicogênese da língua escrita, revelam a maneira pela qual a criança e o adulto constroem seu sistema interpretativo para compreender esse objeto social complexo que é a escrita. Mesmo quando ainda não escrevem ou lêem da forma convencionalmente aceita como correta, já estão percorrendo um processo que os coloca mais próximos ou mais distantes da formalização da leitura e da escrita (LIRA, 2006, p. 44).

Ao decorrer dos anos, no Brasil, as discussões envolvendo a palavra alfabetização ganham força após a Proclamação da República. A escolarização, e especificamente a alfabetização, se tornou o instrumento de aquisição de conhecimento, de progresso e modernização no país. (MORTATTI, 2006)

Com o passar do tempo, o campo da alfabetização se desenvolveu muito e junto também surgiram as teorias, os conceitos etc. Contudo, mesmo após essa evolução, o Brasil ainda enfrentava um problema bem relevante no qual se tratava: a qualidade da educação básica, e em especial, os anos iniciais no ensino fundamental. Como resultados dessa baixa qualidade se destacam, os índices de fracassos, a evasão escolar e reprovação.

Algumas pesquisas envolvendo escola e alfabetização tentam justificar a

razão dessa baixa qualidade do ensino, sendo explicados como problemas

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procedentes por exemplo a metodologia utilizada pelo professor no momento de alfabetizar ou a condição social do indivíduo. De acordo com Mortatti (2006, p. 03)

No entanto, especialmente desde as últimas duas décadas, as evidências que sustentam originariamente essa associação entre escola e alfabetização vêm sendo questionadas, em decorrência das dificuldades de se concretizarem as promessas e os efeitos pretendidos com a ação da escola sobre o cidadão. Explicada como problema decorrente, ora do método de ensino, ora do aluno, ora do professor, ora do sistema escolar, ora das condições sociais, ora de políticas públicas, a recorrência dessas dificuldades de a escola dar conta de sua tarefa histórica fundamental não é, porém, exclusiva de nossa época. (MORTATTI, 2006)

Essas pesquisas evidentemente foram de grande valia, pois através destes estudos pode-se entender como esses fatores citados caracterizam a qualidade da educação, levando a escola não somente como influência na sociedade, mas também influenciada por ela, ou seja, esse conjunto de fatores externos que estão dentro e fora das escola afetam, de fato, o ensino e aprendizagem.

Atualmente, como um fator que também afeta um bom ensino e aprendizagem, encontra-se ligada entre as principais causas, a perda da especificidade da alfabetização, devido a compreensão equivocada das novas teorias e metodologias que foram surgindo e a abrangência que se tem dado ao conceito de alfabetização.

De acordo com Magda Soares, em seu artigo Letramento e Alfabetização: as muitas facetas (2003), a ampliação do significado de alfabetização em direção ao conceito de letramento, levou a perda de sua especificidade.

[...] no Brasil a discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito de alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação sempre proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois processos, com prevalência do conceito de letramento, [...] o que tem conduzido a um certo apagamento da alfabetização que, talvez com algum exagero domino como desinvenção da alfabetização [...] (SOARES, 2003, p.8)

Essa fusão de dois processos, que leva a chamada “desinvenção da

alfabetização”, como descreve a autora. Passou-se a acreditar que o aluno

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aprenderia o sistema meramente do contato com a cultura letrada, como se pudesse aprender o código escrito sozinho sem um método sistemático de ensino, como por exemplo o ensino das relações entre letras e sons, o desenvolvimento da consciência fonológica e o reconhecimento de partes menores das palavras, como as sílabas.

Partindo desta perspectiva, faz-se necessário resgatar a significação

verdadeira de alfabetização e delinear de forma correta o conceito de letramento, de

forma que eles não se misturem, nem se confundam ou se separem. É

imprescindível uma pratica educativa em que exista uma aliança entre alfabetização

e letramento, sem deixar que se perca a especificidade de cada um dos processos,

fazendo relação entre teorias e prática e que tenha como objetivo primordial, a

melhor formação para o aluno.

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3. DIFERENÇAS ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A alfabetização é um conjunto de saberes que levam ao conhecimento da língua não sendo uma habilidade e sim uma prática, já o letramento pode ser entendido como o processo de desenvolvimento do uso da leitura e escrita na sociedade ao longo do tempo. O processo de alfabetização ocorre na perspectiva do letramento, usado nas perspectivas sociais para atender a demanda social em que não basta apenas saber ler e escrever, mas faz-se imprescindível saber utiliza-los de maneira competente.

Para Soares (2004) a Alfabetização é “[...] a ação de ensinar e aprender a ler”

já o Letramento é “[...] estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultivam e exercem as práticas sociais que usam a escrita”

Presentemente, o termo letramento vem sendo muito discutido e incorporado em práticas referentes ao ensino e aprendizagem da leitura e escrita no ensino fundamental das series iniciais. Esses discursos e práticas vem mostrando a precisão de considerar as relações de correlação e indissociabilidade entre alfabetizar e letrar.

Segundo Soares (2003), por volta dos anos 80 é que se originou-se o termo letramento, no Brasil, contudo, alfabetização e letramento de acordo com a autora, ainda são tratados de forma avulsa. No olhar da autora, no Brasil se enfatizou grandemente o trabalho com gêneros nas series iniciais, ocupando-se de mais com o letramento dos alunos, enquanto a alfabetização foi se apagando.

Para alguns teóricos o letramento deve substituir a alfabetização; já para outros trata-se de uma sequência distinta em que primeiro se deve alfabetizar para, depois, letrar; e para outros ainda, trata-se somente, de alfabetizar letrando, como dois processos relativamente diferentes, porem que se complementam, no início da aprendizagem da leitura e escrita.

O letramento é um processo que se inicia logo na infância, antes mesmo do contato com a aprendizagem da leitura e escrita, através da convivência da criança com o mundo de sinais e sendo antecipado com o domínio da oralidade. A convivência com a escrita inicia-se no âmbito familiar e é na escola que tudo é intensificado, através de maior contato com as leituras.

Perandré (2004), explica que:

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Alfabetizar é tornar a pessoa capaz de ler e escrever. É ensinar-lhe uma tecnologia, a da leitura e escrita, ou seja, a decodificar e a codificar a língua escrita. Letrar é tornar alguém letrado. Ser letrado é viver na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, é apropriar-se da linguagem escrita, é saber usá-la de acordo com suas necessidades e interesses. Perandré (2004, p.15)

Partindo dessa visão, entende-se que alfabetizar orientar a criança o domínio do código escrito, e letrar diz respeito a levar esse indivíduo ao exercício da leitura e da escrita como práticas sociais, ou seja, um indivíduo alfabetizado é aquele que sabe ler e escrever, e quando se envolve o letramento nesse processo, o resultado é uma criança que tem o hábito e habilidades de leitura e escrita com diversas tipologias textuais em diferentes suportes ou contextos.

De acordo com Soares (2001, p.131)

O processo de letramento ocorre, então, mesmo entre crianças bem pequenas. Pode-se dizer que o processo começa bem antes de seu processo de alfabetização: a criança começa a ‘letrar-se’ a partir do momento em que nasce numa sociedade letrada. Rodeada de material escrito e de pessoas que usam a leitura e a escrita - e isto tanto vale para a criança das camadas favorecidas como para a das camadas populares, pois a escrita está presente no contexto de ambas - as crianças, desde cedo, vão conhecendo e reconhecendo práticas de leitura e de escrita. Nesse processo, vão também conhecendo e reconhecendo o sistema de escrita, diferenciando-o de outros sistemas gráficos (de sistemas icônicos, por exemplo), descobrindo o sistema alfabético, o sistema ortográfico. ( SOARES 2001, P.131)

Refletindo sobre as definições do termo letramento, Tfouni (2010) aconselha que não se deve haver a redução do seu significado ao significado de alfabetização.

Para a autora o letramento é um processo mais amplo que a alfabetização, relacionando o letramento com o desenvolvimento das sociedades. Nesse sentido, Tfouni (2010, p. 23), comenta que:

Em termos sociais mais amplos, o letramento é apontado como sendo produto do desenvolvimento do comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade crescente da agricultura. Ao mesmo tempo, dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de transformações históricas profundas, como o aparecimento da máquina a vapor, da imprensa, do telescópio, e da sociedade industrial como um todo.

Tfouni (2010, p.23)

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21

Para atender essa demanda seguindo o desenvolvimento das sociedades, o letramento surge como condição de utilizar práticas de leitura e escrita com autonomia na sociedade. Des de meados da década de 1980, vem sendo discutido o fracasso escolar já nas anos iniciais, que formam os chamados analfabetos funcionais, que são alunos que mal sabem escrever, quanto mais interpretar a leitura. A partir daí, no processo de alfabetização a criança precisa aprender e adquirir habilidades, para utilizar a leitura e a escrita como condições fundamentais envolvendo as questões sociais.

Conforme explica Justo e Rubio (2013) O letramento: "surgiu da palavra inglesa 'literacy' (letrado)", pois além de ler e escrever é necessário utilizar a leitura e a escrita nas práticas sociais. Para os autores (2013, p. 02) a pessoa letrada:" não é mais 'só aquele que é versado em letras ou literaturas', e sim 'aquele que além de dominar a leitura e a escrita, faz uso competente e frequente de ambas".

De acordo com Tasca e Guedes (2013) o letramento vem sendo discutido no ambiente escolar como associado a alfabetização, porém é preciso, ampliá-lo, e enriquece-lo, e ensinar a ler e escrever oferecendo oportunidade de utilizar em práticas sociais.

Almeida (2014, p. 205) comenta que o letramento "designa na ação educativa de desenvolver o uso de práticas sociais de leitura e escrita, inicia-se um processo amplo que torna o indivíduo capaz de utilizar a escrita em diversas situações sociais". Reforçando outra vez o uso da leitura e escrita no contexto social, onde o letramento surge para complementar à alfabetização, contribuindo ainda mais para a prática da escrita e leitura.

Para Soares (2006, p.18) o letramento resulta “[...] estado ou condição que adquire um grupo social ou indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita”. Além disso, utilizá-las em situações do dia-a-dia.

De acordo com Kleiman (1995, p. 18):"Podemos definir hoje o letramento

como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, como sistema simbólico e

como tecnologia, em contextos, para objetivos específicos". Conforme posto até

agora, o letramento surgiu para atender as demandas da sociedade contemporânea

.

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4. A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Historicamente, a partir de uma visão tradicional, a alfabetização era, segundo Batista (2007, p.10) entendida como a “capacidade de decodificar os sinais gráficos transformando-os em “sons”, e, na escrita a capacidade de codificar os sons da fala, transformando-os em sinais gráficos”.

Alfabetização e letramento são dois processos diferentes, mas que inter- relacionam-se e que se complementam, sendo a Alfabetização formalizada com a aquisição do código escrito e o letramento indo além do domínio do código, abrangendo o uso da leitura e da escrita nas diversas situações da vida futura do aluno, como explica Soares (2004):

Por outro lado, também é necessário reconhecer que, embora distintos, alfabetização e letramento são interdependentes e indissociáveis:

a alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas sociais de leitura e de escrita e por meio dessas práticas, ou seja, em um contexto de letramento e por meio de atividades de letramento; este, por sua vez, só pode desenvolver-se na dependência da e por meio da aprendizagem do sistema de escrita. (SOARES, 2004, p. 97)

Com o passar do tempo estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky sobre a psicogênese da aquisição da língua escrita trouxeram uma ampliação da do conceito de alfabetização, que apresentava visões acerca do aprendizado da língua escrita e falada, e que esse aprendizado não se reduzia apenas a codificação e decodificação. Dessa forma, surge o termo letramento que é “o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, bem como o resultado da ação de usar essas habilidades em práticas sociais” Batista (2007, p.11).

Essa nova concepção do ensino da língua escrita trouxe contribuições para a prática pedagógica no que envolve a alfabetização. Através dessa nova concepção, torna-se foco o processo pelo qual a criança aprende e não mais a visão tradicionalista que tem o professor como transmissor do conhecimento.

É papel do professor alfabetizar a criança dentro de um contexto, através de

práticas de letramento. É durante este processo que o alfabetizador deve despertar

no educando o gosto pela leitura.

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Ao entrar em uma sala de aula em processo de alfabetização, logo se percebe a existência de múltiplos conhecimentos prévios e experiências dos educandos que se encontram nesse espaço de aprendizagem. Nesse sentido, cabe ao professor o papel de mediador nessa construção do conhecimento, oportunizando aos estudantes, o contato com diferentes práticas de letramento, bem como atividades diversificadas que criem situações que os levem a refletir, protestar, criar suposições e participar de forma ativa e independente, compreendendo como funciona escrita alfabética.

Atendendo, ainda a:

Importância de se considerar, na organização das práticas pedagógicas de alfabetização, os conhecimentos que os alunos possuem acerca da escrita a fim de se planejar atividades que efetivamente possam contribuir para que todos os alunos avancem (BRASIL, 2012, p. 8).

Nesse sentido, o professor precisa ter conhecimentos sobre os materiais que serão usados em suas práticas pedagógicas, apoiado ao conhecimento e as experiências prévias dos alunos, de modo a delinear ações que conduzam a aprendizagem de todos.

Desse modo, cabe ao professor “o papel de mediador e motivador da aprendizagem, sempre atento às possibilidades e limitações no processo de apropriação do conhecimento pela criança” Antunes (1999 apud BRASIL,2012, p.22).

Para Soares (2000, p. 47), alfabetizar letrando é ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de forma que os aprendizes se tornem, ao mesmo tempo, alfabetizados e letrados.

Portanto, os professores de qualquer área, deveriam centrar seus esforços na formação bons leitores e bons produtores de texto naquela área. O ensino da leitura e da escrita também contribui na construção de um sujeito crítico e ativo, consciente e participativo.

Brandão, em sua obra Pedagogia da autonomia (1996) explica que quanto

mais o sujeito amplia sua visão de mundo, mais ele distante esta da opressão, ou

seja, o indivíduo letrado que já possui conhecimentos prévios, com um determinado

ponto de vista, quando alfabetizado, pode transformar seus pensamentos, os

expandindo de forma para assim passar a refletir criticamente sobre a prática social.

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24

O professor, portanto, tem um papel muito importante a realizar, para que esse pensamento crítico se desenvolva em seus alunos. Para Freire (1996, p.14) “[...]

percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo.”

Além da mediação, fixam outros subsídios que distinguem a postura do professor alfabetizador, tais como:

Consideração da alfabetização na perspectiva do letramento;

respeito às diferenças e atendimento à diversidade, considerando a heterogeneidade de aprendizagens e percursos diferenciados das crianças;

necessidade de diversificação de atividades, procedimentos e agrupamentos; desenvolvimento de postura avaliativa em uma perspectiva formativa e acompanhamento das aprendizagens de forma qualitativa (BRASIL, 2012, p. 19).

O professor deve permitir aos estudantes, práticas que os levem a serem autores no próprio processo de aprendizagem, uma vez que a aprendizagem compreende a construção de conceitos por parte do sujeito que aprende e não por uma absorção passiva de informações.

É importante perceber que, na construção de práticas de alfabetização, para levar os alunos a pensar sobre o Sistema de Escrita Alfabética e a compreender os princípios que o constituem, é necessário diversificar as atividades, escolhendo propostas que exijam diferentes demandas cognitivas e que mobilizem diferentes conhecimentos (BRASIL, 2012, p. 31).

Além de uma ação docente mediadora, é imprescindível um ambiente acolhedor em que a criança em processo de alfabetização está inserida e que seja organizado de forma a oportunizar o aprendizado.

Um ambiente alfabetizador demanda de materiais variados e de qualidade, tornando-se promissor para que ocorra de fato uma aprendizagem significativa e prazerosa, onde o contato com a leitura e a escrita se darão de forma natural e não de forma impositiva e sem sentido.

Portanto, não compete somente ao professor mas primordialmente cabe a

instituição escolar, possibilitar a criança o contato com os mais diferentes materiais,

proporcionando um ambiente rico em escritas diversas, oferecendo a elas ocasiões

para aprender com significado (FERREIRO, 2010, p. 98-99).

(21)

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Contudo, para alfabetizar, não basta trabalhar apenas com textos, para ter

sucesso no ensino, as atividades devem ser desenvolvidas dentro de uma proposta

lúdica, interessante e envolvente. O importante é promover atividades diversificadas,

que atendam o interesse de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem

(BRASIL, 2008).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de alfabetização exige do professor muita atenção e dedicação.

Sabemos que para educar é preciso que o professor esteja preparado para os desafios cotidianos, e um desses desafios é a atenção que deve ser mantido para cada aluno.

Por outro lado, as dificuldades dos discentes nesse processo exigem mudanças de estratégias e a procura por novos caminhos. Nessa busca, novas percepções aparecem para que os alfabetizadores possam refletir. Dentre essas novas concepções, surge o letramento, um processo, através do qual se consegue alfabetizar ao mesmo tempo em que proporciona ao educando uma interação com a leitura.

O estudo dessa temática nos permitiu rever a importância do alfabetizar letrando, pois o letramento auxilia a desenvolver o entendimento do discente, podemos afirmar que um indivíduo letrado é aquele que deixa de ser passivo para se tornar ativo, ampliando sua a capacidade de expressão, de compreensão e de enxergar os problemas com mais facilidade, tornando-se um ser crítico e ciente de seus deveres.

Por fim, acreditamos que é possível atingir a qualidade na educação das

classes de alfabetização, com práticas educacionais que utilizem diferentes

metodologias, que proporcionem tanto o desenvolvimento da alfabetização quanto o

desenvolvimento do letramento de cada educando, através do qual ele possa ser

autor de sua vida e de transformações.

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REFERÊNCIAS

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SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte:

Autêntica, 2006.

MORAIS, Artur Gomes de; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de.

Alfabetização e letramento. Construir Notícias. Recife, PE, v. 07 n.37, p. 5-29, nov/dez, 2007.

LIRA, Bruno Carneiro. Alfabetizar letrando: uma experiência na Pastoral da Criança. São Paulo: Paulinas, 2006.

MORTATTI, M.R.L. HISTÓRIA DOS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL. Conferência proferida durante o Seminário "Alfabetização e letramento em debate", 2006. Disponível em: Acesso em: 01/10/2020

, SOARES Letramento e alfabetização: as muitas facetas. M. Trabalho apresentado na 26° Reunião Anual da ANPED, Minas Gerais, 2003.

SOARES, M. Alfabetização e Letramento, Caminhos e Descaminhos. Revista Pátio, ano VIII, n. 29, p. 20, fev/abr. 2004.

PERANDRÉ, Nilcéa Lemos. Alfabetizar letrando: um desafio. Florianópolis:

MED/CED/UFSC, 2004.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte:

Autêntica, 2001.

TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2010. 103 p.

JUSTO, Márcia Adriana Pinto da Silva; RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira.

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<http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdf/v4-n1-2013/Marcia.pdf> Acesso em: 01/09/2020

TASCA, Danieli Sebastiana Oliveira; GUEDES-PINTO, Ana Lúcia. A divulgação do conceito de letramento e o contexto da escola de nove anos: o que dizem as professoras alfabetizadoras?. Cad. CEDES vol.33 no.90 Campinas maio/ago.

2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 32622013000200006&lng=pt&nrm=iso&tlng=en> Acesso em: 01/09/ 2020.

ALMEIDA, Vanessa Fulaneti; FARAGO, Alessandra Corrêa. A importância do

letramento nas séries iniciais, Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade,

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Referências

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