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A REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MERCOSUL E NOS PAÍSES INTEGRANTES

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M E R C O S U L E N O S PAÍSES INTEGRANTES

MARCO ANTÔNIO CÉSAR VILLATORE<'>

I N T R O D U Ç Ã O

U m d o s assuntos q u e mais s e d es ta ca m n a sociedade brasileira, no presente m o m e n t o , é a reforma d a n ossa Previdência Social.

O estudo d e q u e aqui tratamos, longe d e querer esgotar o tema, t e m o e sc op o d e analisar as b ases previdenciárias existentes no M e r c a d o C o ­ m u m d o Sul (Mercosui), a lé m d e analisar o supracitado instituto dentro dos países q u e c o m p õ e m o Mercosui, c o m os devidos cuidados c o m as situa­

ções sociais envolvendo c ad a Estado Parte.

F a r e m o s u m a análise, t a m b é m , d o q u e ocorre n o Chile, e m razão de seu sistema previdenciário, q u e d e s d e 1980, estabelece, exclusivamente, o regime de capitalização, a o invés d o n osso regime de repartição.

Por fim, faremos u m a sucinta análise do q u e v e m ocorrendo no Brasil e, c o m o n ã o poderia ser diverso, focalizaremos os pontos mais controverti­

d o s propostos pelo G o v e r n o Federal para u m a reforma d o sistema previ- denciário brasileiro.

M E R C O S U L

A previsão de regras sobre a seguridade social no M e r c a d o C o m u m d o Sul (Mercosui) surgiu, não n o S u b gr up o 10 originário m a s sim n a reor­

ganização dos Subgrupos, mais precisamente no S u b g r u p o 11, através d a Resolução G M C n. 11/91, junto a regras tratando de relações laborais.

Propriamente sobre o Direito Previdenciário, dentro do Direito d e In­

tegração, foi aprovado, e m Montevidéu, no dia 15 d e d e z e m b r o d e 1997, o (•) (•) A d v o g a d o Trabalhista, Professor d e Direito d o Trabalho n a P U C / P R e nas Faculdades Integra­

das Curitiba, na Gra d u a ç ã o e na Pós-graduação (Especialização e Mestrado), Mestre pela P U C / S P e Doutor pela Universidade d e R o m a l, “L a Sapienza", Presidente d o Departamento Cultural d a Associação dos A d v o g a d o s Trabalhistas d o Paraná (AA TPR) e M e m b r o d o Instituto dos A d v o ­ g ad os d o Paraná (IAP).

(2)

E S T U D O MULTIDISCIPLINAR 129

A co rd o Multilateral d e Previdência Social do M e r c a d o C o m u m d o Sul, Mer- cosul/CMC/Dec. n. 19/97£1>, q u e estabelece, e m seu artigo 2-, ns. 1 e 2, o seguinte:

Artigo 2a

1. Os direitos à Seguridade Social serão reconhecidos aos tra­

balhadores que prestem ou tenham prestado serviços em quaisquer dos Estados Partes, sendo-lhes reconhecidos, assim como a seus familiares e assemelhados, os mesmos direitos e estando sujeitos às mesmas obrigações que os nacionais de tais Estados Partes com respeito aos especificamente mencionados no presente Acordo.

2. O presente Acordo também será aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no território de um dos Estados Partes, desde que prestem ou tenham prestado serviços em tais Estados Partes.

A legislação aplicável será a d o Estado Parte e m cujo território o tra­

balhador exerça a sua atividade laborai, exceto n os seguintes casos: a) trabalhador c o m tarefas profissionais d e pesquisa, científicas, técnicas ou d e direção, o u d e atividades similares e outras q u e poderão ser definidas por u m a C o m i s s ã o Multilateral Permanente; b) pessoal d e v ô o e d e trânsito terrestre; c) m e m b r o s d e tripulação d e navio d e bandeira d e u m d o s Esta­

d o s Partes. A l é m disso, os m e m b r o s das representações diplomáticas e consulares estarão adstritos às legislações, tratados e c on venções nor­

m a l m e n t e aplicáveis.

A o s Estados Partes q u e p o s s u e m regime d e aposentadoria e d e p e n ­ s õe s d e capitalização individual para a obtenção d e prestações por velhi­

ce, idade avançada, invalidez o u morte t a m b é m se aplicarão as regras do presente Acordo Multilateral. O m e s m o deverá ocorrer c o m aqueles Esta­

dos q u e v e n h a m a aderir a o supracitado Acordo.

O s benefícios deverão ser p a g o s e m m o e d a d o Estado Parte o n d e o trabalhador estiver prestando serviços e, caso este e s u a família s e deslo­

q u e m para outro país, as Entidades Gestoras dos Estados Partes estabe­

lecerão m e c a n i s m o s d e transferências dos valores, s e n d o proibida qual­

quer redução, sus pe ns ão ou extinção d o p a g a m e n t o por tal motivo.

O presente Acordo Multilateral é c o m p l e m e n t a d o por u m R e g u l a m e n ­ to Administrativo, o nd e encontramos, dentre outras regras, as Entidades Gestoras d e Previdência Social.

C o m a entrada e m vigor do Acordo Multilateral d e Previdência Social, todos os Acordos Bilaterais a este título serão derrogados, respeitados os direitos adquiridos.

( 1 ) 0 texto d o Acordo Multilateral p o d e ser encontrado no site www.mercosur.org.uy. acessado e m ! 6 d e abril d e 2003.

(3)

Até o presente m o m en to , a p e n a s o Brasil e a Argentina elaboraram legislação específica aplicando o supracitado acordo multilateral, através d o Decreto Legislativo n. 451, publicado e m 16 d e n o v e m b r o d e 2001, e da Lei n. 25.655, publicada e m 16 de outubro de 2002, respectivamente121.

Alexandre de Almeida Cardoscf23) 456 cita c o m o e xe mp lo d e D o c u m e n t o s Bilaterais sobre Previdência Social o caso do Protocolo Adicional de Itaipu, assinado e m A s s u n ç ã o n o día 10 de setembro d e 1 97 4 e aprovado pelo Decreto n. 75.242/75, c o m a contratação d e trabalhadores brasileiros e paraguaios, diretamente e m c ad a u m dos dois países, sendo permitida a contratação d e estrangeiros. A legislação aplicável, conforme o supracita­

do Acordo Bilateral, será aquela existente internamente n o País contratan­

te, exceto a lg um as regras específicas previstas no Protocolo, c o m o as s e ­ guintes: a) jornada de trabalho; b) insalubridade ou periculosidade; c) no q u e se refere à segurança e à s a ú d e d o trabalho, s e n d o competente a A u ­ toridade Administrativa d o local d a execução dos trabalhos.

A l é m d o referido protocolo, o m e s m o autor14’ lembra d o acordo cele­

brado pelo Brasil e pelo Uruguai, e m Montevidéu, no a n o d e 1978, e m q u e s e previa a aplicação de todas as regras existentes a o s cidadãos dos referidos países ao outro, a lé m dos cidadãos d e outros países q u e te­

n h a m prestado serviços no Brasil ou n o Uruguai, d e s d e q u e residam e m u m d o s países contratantes, tendo c o m o exceções, basicamente, a q u e ­ las previstas n o A co rd o Multilateral analisado n o parágrafo anterior do presente estudo.

Outro acordo celebrado, n a m e s m a época, n a cidade de Brasilia, e m 2 0 d e agosto d e 1980, foi entre o Brasil e a Argentina, c o m b as e s e m e l h a n ­ te a o c o m e n t a d o nos parágrafos anteriores151.

PARAGUAI

O Instituto d e Previdência Social paraguaio (IPS), principal órgão pre- videnciário, foi criado e m 1943, abrangendo, atualmente, d ua s áreas: a) aposentadorias e pensões; b) s a ú d e d a população.

Beatriz AzereddSi nos explica que, c o m m e n o r dependência d o G o ­ verno, encontramos a d e n o m i n a d a caixa fiscal, referente à Administração Pública, a lé m d e caixas bancária, ferroviária e d e eletricidade.

(2) N o s s o agradecimento a o amigo Alejandro Peroiti pelas importantes informações atualizadas sobre a supracitada legislação aplicável.

(3) Cardoso, Alexandre d e Almeida."O s tratados existentes e as relações trabalhistas e previden- ciárias”, irrConstitucfonalização do Direito d o Trabalho no M E R C O S U L " , coordenação d e Hermelino d e Oliveira Santos, S ã o Paulo, LTr. 1998, pág. 220.

(4) Ibidem, pág. 223.

(5) Ibidem, pág. 226.

(6) Azeredo, Beatriz. “Conferência sobre os impactos d o Mercosul na Seguridade Social'', in"A seguridade social e os processos d e integração regional”, publicado pelo Ministério d a Previdên­

cia e Assistência Social c o m base e m Seminárib realizado e m Brasília nos dias 1 3 e 14 d e selem- bro d e 1994, Brasília, 1996, pág. 99.

(4)

E S T U D O MULTIDISCIPLINAR 131

A Constituição Paraguaia d e 1 99 2 determina q u e a lei estabelecerá o sistema obrigatório e integral d e seguridade social para o trabalhador e s u a família, d ev en do ser promovida a sua extensão a todos os setores da população. Já os serviços de seguridade social poderão ser públicos, pri­

v ados o u mistos sendo, e m qualquer caso, supervisionados pelo Estado.

O sistema utilizado n o Paraguai é o contributivo, s e n d o p a g o pelo trabalhador e pelo empregador, n a o r d e m de 9 % e 1 4% , respectivamente.

Elio Brízue!am , então Presidente d o IPS, e m 1994, afirmou q u e o P a ­ raguai, na época, possuía 4 milhões e 3 0 0 mil habitantes, s e n d o q u e cerca d e 4 1 % d essa população possuía m e n o s d e 14 a no s d e idade e a taxa de natalidade correspondia a 3 , 4 % anual. A taxa e c o n o m i c a m e n t e ativa era d e 900 mil pessoas, m a s c o m a pe na s 138 mil contribuintes, para u m a d e ­ pendência d o IPS d e 6 5 0 mil pessoas. N o t a m o s q u e existe u m a grande fuga a o p a g a m e n t o d e contribuições e, aqueles q u e o fazem, muitas vezes subdeclaram valores.

O m e s m o representante supracitado'6’ afirmou o seguinte: “a relação d o crescimento dos contribuintes v e m muito entrelaçada c o m o atendimen­

to médico. Ocorre q u e neste m o m e n t o existe u m a política de descrédito do Instituto d e Previdência Social para se forçar a s a n ç ã o d a s leis de desmonopoiização".

Muito s e t e m discutido no sentido de m u d a r o sistema para o q u e v e m s e n d o aplicado, n o Chile, d e s d e a d é c a d a d e 80, isto é, a capitalização ou, pelo menos, o q u e ocorre no Uruguai e na Argentina, c o m sistemas mistos.

URUGUAI'7 8 9 1 0 1 1 ’

O B a n c o d a Previdência Social uruguaio foi criado e m 1954, aten­

d e n d o grande parte d a população (90%), exceto a lg um as caixas d e a p o ­ sentadorias e pensões, c o m o a dos Estados, dos Militares, dos Professo­

res Universitários, dos Bancários e dos Policiais (10%).

C o n f o r m e informações do então Presidente do B a n c o da Previdência Social, Ricardo R o m e r o " 01, o Uruguai possuía, e m 1994, 3 milhões e 2 0 0 mil habitantes e, a b as e de contribuição, q u e é tripartide (trabalhador, e m ­ pregador e Estado), remonta a 1 3% , 1 6 , 5 % e a diferença para cobrir recei­

ta e d es pe sa d o sistema, respectivamente.

O m e s m o representante'"’ explica q u e n o início d a d é c a d a de 9 0 foi feito u m estudo no Uruguai e se c h e g o u à conclusão d e q u e havia evasão

(7) Brizueia, Elio. "Conferência sobre o processo d e integração d a seguridade social no Mercosul:

realidade e perspectivas”. Op. cit., pág. 130.

(8) Ibidem, págs. 133/134.

(9) N o s s o s agradecimentos a o a mi go Leonardo Araújo que rapidamente atendeu à nossa solicita­

ç ã o e nos repassou a legislação e u m artigo uruguaios sobre o tema.

(10) Romero, Ricardo. Op. cit., pâg. 138.

(11) Ibidem, pág. 144.

(5)

d e 31 % das contribuições, ora por omissão d e declaração, ora por falta de inscrição d o cidadão ao regime, tendo c o m o fundamento as disfunções do sistema e a alta pressão tributária q u e a seguridade social possui sobre a produção d o país. Para c o m b a t e a esse tipo d e evasão, h ouve agressiva c a m p a n h a d e fiscalização d o B a n c o d e Previdência Social, nas empresas, já q u e 7 0 % d o s contribuintes d o sistema d e seguridade social a d v i n h a m de cerca d e 5 mil principais empregadores.

Rennar Rodrigues<l2) 13 afirma q u e para c ad a passivo existe 1,4 contri­

buinte e, entre 1 97 5 a 1985, a população ativa passou d e 5 8 , 7 % para 57,7%, s e n d o q u e a c ad a a n o a um e n t a v a a expectativa d e vida d o s h o m e n s e, principalmente, das mulheres.

D e s d e o a n o d e 1985, o Uruguai arrotou u m a série d e intenções para u m a reforma d o sistema de Previdência Social, gerando cerca d e 10 anos de desgaste, culminando n a Lei n. 16.713, publicada e m 3 d e setembro de 1995, q u a s e 1 a n o a pó s a eleição d e novo governo, e m n o v e m b r o d e 1994.

O sistema previdenclário uruguaio, conforme estabelece o caput d o artigo 4 S d a referida legislação, é misto, c o m p r e e n d e n d o o regime contribu­

tivo d e reparto, administrado pelo B a n c o d e Previdência Social, e o regime de capitalização individual, administrado por e m p r e s a s privadas, d e forma combinada.

A aposentadoria poderá ser dividida em: c o m u m , por Invalidez e por velhice. A primeira ocorre q u a n d o o contribuinte atinge 60 anos de idade, no c as o d e h o m e m , e de 56 a 60 anos, n o caso d e mulher tendo, no míni­

mo, 3 5 a no s d e serviço (artigo 18 d a supracitada Lei). A aposentadoria por invalidez está prevista n o artigo 19 d a Lei n. 16.713/95. J á a aposentadoria por velhice se caracteriza q u a n d o o contribuinte completar 7 0 a no s de Ida­

de, para o h o m e m , e 66 a 7 0 anos, no caso d e mulher, c o m 1 5 a no s de serviços reconhecidos.

A assistência social será realizada a qualquer cidadão e ao estrangeiro q ua nd o o m e s m o tiver pelo m e n o s 15 anos de residência contínua no país.

O alcance d a reforma n a Previdência Social s e d á a todos os cida­

d ão s m e n o r e s d e quarenta a no s d e Idade e m 1® d e abril d e 1996. O s m a i o ­ res d e 4 0 a no s d e idade p o d e m optar para o novo sistema até o limite d e 20 d e d e z e m b r o d e 1996. N o caso d e falta d e o p ç ã o formal, vinculam-se ao regime d e transição. A nova legislação n ã o poderá, d e qualquer m o d o , afe­

tar direito adquirido dos atuais beneficiados.

Rodrigues(,3> conclui q u e o novo sistema serve para diminuir, paulati­

namente, os gastos c o m aposentadorias por parte do Estado, p o d e n d o aten­

der a outras áreas.

O novo sistema permite beneficiar aos trabalhadores a melhoria dos benefícios, tendo e m vista os estímulos para m e n o r evasão o u subdeclaração.

(12) Rodrigues, Rennar. "Informe sobre el Sistema Previsíonaf Uruguaio. Principales aspectos", in Revista d a Fundación d e Cultura Universitária del Uruguay, 1995.

(13) Ibidem.

(6)

E S T U D O MULTIDISCIPLINAR 133

A R G E N T I N A

A legislação b as e sobre o Sistema Integrado d e Aposentadoria e P e n ­ sões d a Argentina é a Lei n. 24.241, d e 13 d e outubro d e 1993, q u e cobre as aposentadorias por velhice, invalidez e morte, integrando-se ao Sistema Único d e Seguridade Social (SUSS), conforme seu artigo 1a, caput.

O Sistema Previdenciário possui u m regime público, fundamentado sobre a concessão, peio Estado, de benefícios financiados por u m sistema d e repartição, a lé m d e u m regime previdenciário b a s e a d o na capitalização individual.

O artigo 11 d a Lei n. 24.241/93 estabelece q u e a contribuição dos e m p r e g a d o s será d e 1 1% , dos e mp re gadores 1 6 % e, para os trabalhado­

res autônomos, d e 2 7 % .

A aposentadoria por velhice ocorrerá q u a n d o o contribuinte alcançar a idade d e 7 0 a n o s d e idade, qualquer q u e seja o sexo.

O Decreto n. 1.306, de 2 9 d e d e z e m b r o d e 2000, considera q u e para recriar a confiança n o país é indispensável q u e se t o m e m m ed id as urgen­

tes q u e garantam a solvência do Estado d e m édio a longo prazo. E m a u ­ sência d e m e d i d a s imediatas, afirma-se q u e a crise d e confiança se aprofundaria, impedindo q u e o Tesouro Nacional consiga o crédito n eces­

sário para financiar seu desequifíbrio financeiro.

A Lei n. 25.345, d e 1 4 d e n o v e m b r o de 2000, estabelece prevenção contra a evasão fiscal, e o Decreto n. 1.401, d e 4 d e n o v e m b r o d e 2001, cria u m R e g i m e Especial d e Seguridade Social para p e q u e n o s contribuin­

tes eventuais, considerando-os c o m o s e n d o p essoas físicas maiores de dezoito a no s q u e t e n h a m obtido n o a n o valores inferiores o u iguais a doze mil pesos, dentre outros requisitos, s e n d o p ag o o percentual de 9 % sobre os valores a título de contribuição.

U m a C o m i s s ã o especial para a reforma d o R e g i m e d a Previdência, no âmbito d a Secretaria d e Seguridade Social, foi criada c o m o Decreto n.

1.934, d e 3 0 d e setembro d e 2002, tendo por objetivos, conforme seu arti­

g o 1a: a) elaborar linhas para u m a reforma do Sistema Integrado d e A p o ­ sentadorias e Pensões, para q u e o m e s m o c u m p r a c o m a finalidade d e cobertura para velhice, invalidez e t e m p o d e serviço; b) a b usca de c on se n ­ sos sobre as b ases para se elaborar u m anteprojeto d e reforma d a previ­

dência social; c) preparar u m "Acordo para a Seguridade Social" orientado a elevar a prioridade política e lograr a revalorização da Previdência Social c o m o instrumento necessário para a redistribuição d o ingresso e para a p a z social.

N o artigo 9 a d o m e s m o diploma legal são convidadas a Organização Internacional d o Trabalho, a Organização iberoamericana de Seguridade Social e a Associação Internacional d a Seguridade Social para designa­

r e m representantes q u e contribuam c o m o apoio técnico à supracitada Comissão.

(7)

C H I L E

N ã o p o d er ia mo s deixar de analisar o Sistema Previdenciário chile­

no que, d e s d e 4 de n o v e m b r o d e 1980, pelo Decreto-lei n. 3.500, estabe­

lece u m novo sistema d e p e n s õ e s por velhice, invalidez e falecimento c o m b a s e n a capitalização individual, através d e administradoras d e fun­

dos d e pensão.

O artigo 2 S, caput, da já citada iegislação, estabelece q u e "a entrada do Indivíduo n o m e r c a d o de trabalho, gera a filiação automática ao sistema e a obrigação d e cotizar, e m u m a administradora de fundo d e pensão, s e m prejuízo d o disposto para os trabalhadores independentes.

A aposentadoria por velhice se dará aos 65 a no s d e idade, c as o se ­ j a m h o m e n s , e aos 6 0 a no s se forem do sexo feminino.

N o caso de o trabalhador executar atividades e m dois o u mais e m ­ pregos ou declarar renda c o m o trabalhador independente, todas a s r e m u ­ nerações serão somadas.

O trabalhador poderá abrir u m a p o u p a n ç a voluntária n a administra­

dora e m q u e se encontrar filiado, n ã o tendo esses depósitos caráter de cotizações previdenciárias para os efeitos da Lei d o Imposto de Renda.

C o n f o r m e o artigo 8 9 do Decreto-lei n. 3.500/80 toda p e s s o a física que, s e m ter vínculo c o m u m empregador, exerça u m a atividade mediante a qual obtenha renda, poderá se filiar a o Sistema estabelecido pela m e s m a legislação. A renda tributável mensal será aquela q u e o interessado decla­

rar m e n s a l m e n t e à Administradora à qual esteja filiado, n ã o p o d e n d o ser inferior a u m salário mínimo.

O controle d a aplicação d a referida legislação será realizado pela Superintendência d e Administradoras d e F u n d o s de P e n s ã o sendo, por sua vez, controlada pela Controladoria Geral d a República.

Q u a n d o d a instituição d o analisado Sistema Previdenciário, ficou es ­ tabelecido q u e os trabalhadores que s ejam o u t e n h a m sido contribuintes d e a l g u m a instituição de previdência terão direito d e optar entre o Sistema q u e estabeíece o Decreto-lei n. 3.500/80 e o regime vigente n a daia d e sua publicação. O m e s m o direito a essa o pção terão os trabalhadores q u e se filiarem pela primeira vez antes d e 31 d e d e z e m b r o d e 1982. Aqueles q u e o fizerem após a referida data deverão se incorporar ao Sistema q u e estabe­

lece esse diploma legal.

B R A S I L

Similar a o sistema previdenciário paraguaio, o Brasil adota o regime d e repartição, ou seja, as contribuições dos trabalhadores, e m p re ga do re s e dos facultativos são direcionadas a u m único fundo, dividido e m dois: a) R e g i m e Geral d e Previdência Social; b) R e g i m e Próprio d os Servidores Públicos (civis e militares).

(8)

E S T U D O MULTIDISCIPLINAR 135

N o primeiro regime, administrado pelo Instituto Nacional d e Seguri­

d a d e Social (INSS), autarquia federal, encontramos 29.883.440 contribuin­

tes ativos, ou seja, cerca d e 4 2 % d a população c o m capacidade contributi­

va, s e n d o q u e p o s su ía mo s 17.142.644 d e pessoas beneficiadas, ou seja, 1,74 contribuinte para c a d a beneficiário.

O trabalhador contribui c om , n o máximo, 1 1 % d e sua remuneração até o limite d e R $ 1.561,56, s e n d o esse t a m b é m o limite m á x i m o d e b e n e ­ fício previdenciário mensal, e o e m p re ga do r o faz c o m base n o total d e sua folha d e pagamento, entre 21 a 3 5 % , conforme o grau d e risco d e acidente de trabaiho.

Já o s e g u n d o regime, dos Servidores Públicos Civis e Militares, a d ­ ministrado pelos respectivos Governos, abrange o s três Poderes, os Servi­

dores Militares, os Estados, o Distrito Federai e cerca de 4 0 % dos Municí­

pios, s e n d o q u e os d em ai s são atendidos pelo primeiro regime (RGPS).

C o n f o r m e d a d o s d e 2002, s ã o 3.745.068 contribuintes ativos para 2.621.253 inativos e pensionistas, isto é, 1,42 contribuinte para c a d a beneficiário.

A contribuição mensal é d e 1 1 % sobre o total d a remuneração do contribuinte Servidor Público e, pelo empregador, limitado a o dobro da c o n ­ tribuição d o funcionário. A o se aposentar, o Servidor Público terá direito ao valor d a última remuneração, d e s d e q u e tenha trabalhado 10 a no s o u mais no setor público e 5 a no s o u mais no cargo e m q u e se está aposentando, conforme a E m e n d a Constitucional n. 20/98.

O s valores apresentados na imprensa relativamente ao déficit d a Pre­

vidência são errôneos (RS 17 bilhões para o R e g i m e Geral e cerca d e R S 55 bilhões para os servidores públicos civis e militares), pois parte d a c o n ­ tribuição patronal é d e origem da União, diminuindo para p o u c o m e n o s de R S 4 0 bilhões os valores devidos n o s e g u n d o regime.

Alguns, inclusive, sustentam q u e a Seguridade Social apresentou u m superávit n o a n o de 2001 n a o r d e m d e R S 31.464 milhões, m a s o problema é q u e a União se apropriou d e u m a grande parte d a referida receita para cobrir gastos c o m outros fundos, c omo, por exemplo, o F u n d o de C o m b a t e à Pobreza, q u e arrecadou a p e n a s R S 316,5 milhões e utilizou R S 3.031 bilhões''41.

N ã o poderíamos deixar d e citar a Proposta de E m e n d a à Constituição e nc am i n h a d a pelo G ov er no Federal ao Congresso Nacional, n a m e t a d e de abril p as sa do " 51, cujas principais características são as seguintes: a) limi­

tação d o s valores m á x i m o s d e r e m u n e r a ç õ e s d o s Servidores Públicos;

b) limitação de benefícios e m R S 2.400 (dois mil e quatrocentos reais) para qualquer u m dos dois regimes previdenciários (público e privado); c) p a g a ­ m e n t o de contribuição dos servidores inativos e pensionistas d a União, dos 1415 (14) A s informações detalhadas p o d e m ser encontradas n o man ual "Análise d a Seguridade S o ­ cial e m 2 0 0 1 ”, publicado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais d a Previdência Social (ANFIP), junho d e 2002.

(15) Proposta encontrada n o site: www.mpas.gov.br.

(9)

Estados, d o Distrito Federal e dos Municípios e m g oz o d e benefícios na data d e promulgação d a E m e n d a , q u e contribuirão para o custeio d o regi­

m e previdenciário c o m percentual igual a o estabelecido para o s servidores titulares d e cargos efetivos.

N o t a m o s q u e as modificações propostas pelo G o v e r n o Federal são no sentido d e modificação d o R e g i m e Próprio dos Servidores Públicos, prin­

cipalmente, limitando os benefícios e as remunerações.

E m m o m e n t o a lgum d a Proposta d e R ef or ma Previdenciária foi cita­

d a qualquer modificação d o regime d e repartição para u m regime misto ou d e capitalização, o q u e demonstra q u e o Brasil continuará s e n d o u m e m p e ­ cilho aos demais Estados Partes integrantes do Mercosul e, principalmente, à necessária harmonização de legislação.

Alguns estudiosos d e f e n d e m o governo, n o sentido d e n ã o aplicação d o regime d e capitalização, c o m o é o c as o d e Cláudia Salles Vilela Vian- na <l6), afirmando q u e “a a d o ç ã o deste sistema n ã o s o m e n t e fere frontal­

m e n t e o conceito d e Seguridade Social q u e hoje impera e m n osso país, c o m o financeiramente se torna totalmente inviável. C o m o n ã o há u m a re­

serva matemática, o governo não teria c o m o cumprir c o m o p a g a m e n t o dos atuais inativos (aposentados e pensionistas) e n ã o teria c o m o creditar n a conta d os atuais segurados os valores que estes já contribuíram a o siste­

m a d e repartição. Estima-se q u e este ‘período d e transição’ duraria 50 a no s e certamente levaria o sistema à falência".

Jorge António Mauriquel'7> t a m b é m é d a m e s m a opinião, afirmando q u e é u m mito achar q u e a capitalização diminui os custos para a Previdên­

cia, já q u e o a b a n d o n o do atual sistema de repartição implicaria u m a série d e custos d e transição.

D e v e m o s lembrar, ainda, o ensinamento d e Cristiane Maria Sbalqueiro Lopesí'ò>, afirmando q u e “o Direito Previdenciário é estruturado e m d ua s vertentes. A d o custeio s e g u e a regra d a solidariedade. A do amparo, q u e s e g u e o objetivo d o ‘m í n i m o existencial’. E ss a bipolaridade é percebida t a m b é m pela sociologia jurídica q u e constata q u e as regras jurídicas de Direito Previdenciário são d e d ua s espécies. D e aceitação social n o q u e concerne aos benefícios ( c o m o são a s n o r m a s d e Direito Penal) e d e rejei­

ção social n o q u e concerne às contribuições ( c o m o s ã o as n o r m a s d e Di­

reito Tributário). O u seja: todo m u n d o quer receber e n i n g u é m quer pagar.

Por isso, qualquer reforma dependerá d a consolidação d o conceito d e ci­

dadania (conscientização da sociedade)’’.

(1$) Vianna, Cláudia Saltes Vilela. "Reforma d a Previdência Social”, exposição realizada n o "Se­

minário ilalo-Brasileiro d e Direito d o Trabalho", promovido pela Pontifícia Universidade Calólica d o Paraná ( P U C P R ) , nos dias 31 d e m ar ço e 1° d e abril d e 2003.

(17) Mauriçue, Jorge Antônio. "Reforma previdenciária”, exposição realizada n o "Seminário Pro­

postas para u m novo Brasil”, realizado n o Centro d e Estudos Judiciários (CEJ) d o Conselho da Justiça Federal (CJF), n o auditório d o Superior Tribunal d e Justiça (STJ), encontrado n o site www.stj.gov.br, acessado e m 2 d e junho d e 2003.

(18) Lopes, Crisliane Maria Sbalqueiro. 'Reforma d a Previdência Social”, exposição realizada no

"Seminário Ítalo-Brasileiro d e Direito d o Trabalho", promovido pela Pontifícia Universidade Católi­

ca d o Paraná ( P U CPR), nos dias 31 de m ar ço e 1* d e abril d e 2003.

(10)

E S T U D O MULTIDISCIPLINAR 137

N ã o queremos, d e forma alguma, q u e s e modifique totalmente d a re­

partição para a capitalização, m a s q u e isso s e realize de forma mais longa, através d e sistemas mistos, c o m o o s praticados pelos nossos vizinhos Ar­

gentina e Uruguai, além do q u e v e m pretendendo o Paraguai, analisados n o presente estudo.

S o m e n t e p rocedendo dessa forma é q u e p o d e r e m o s vislumbrar mais rapidamente u m a harmonização de legislações, não s o m e n t e previdenciá- rias, fortalecendo o n osso M e r c a d o C o m u m do Sul.

C O N C L U S Ã O

D o presente estudo, p o d e m o s concluir q u e já estão s e n d o traçados o s r u m o s d e u m a integração maior envolvendo n ã o s o m e n t e os Estados Partes d o Mercosul, m a s t a m b é m a todos os trabalhadores estrangeiros q u e v e n h a m a laborar e m qualquer u m dos quatro países (Argentina, Bra­

sil, Paraguai e Uruguai).

C o m a análise do Sistema Previdenciário dos nossos três vizinhos, verificamos q u e a tendência é no sentido de utilizar, cada vez mais, o regime de capitaiização, s endo q u e a Argentina e o Uruguai já p o s s u e m regimes mistos (repartição e capitalização), e o Paraguai está buscando inserir regi­

me, tendo por base o q u e v e m ocorrendo n o Chile d esde a d éc ad a de 80.

Aproveitando a oportunidade, interessante comentar q u e o Chile é u m e xe mp lo não s o m e n t e aos países latino-americanos mas, t a m b é m , a todos o s países q u e q u e r e m diminuir os absurdos d o m a u e m p r e g o das contribuições mensais d e seus trabalhadores nacionais. A Itália, no a n o de 1995, t a m b é m passou a adotar o sistema de capitalização, e m u m primeiro m o m e n t o utilizando, ainda, o regime d e repartição n a fase da transição.

Voltamos a frisar q u e é importante ao Brasil adotar, a o m en os , u m regime misto, c o m o nossos vizinhos, para q u e exista u m a fase d e transição mais pacífica, p o d e n d o ser, após a lgum tempo, modificado para u m regime exclusivamente d e capitalização, e m q u e c ad a contribuinte tenha direito ao benefício àquilo q u e foi depositado e m s u a conta individual.

S a b e m o s q u e n e n h u m esforço será suficiente, no regime d e reparti­

ção, o u m e s m o no misto, s e o G o v e r n o n ã o adotar m e d i d a s de reforma do Direito Trabalhista para aumentar o n ú m e r o d e trabalhadores registrados, isto é, d e contribuintes para a nossa Seguridade Social.

Referências

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