• Nenhum resultado encontrado

Nota prévia: Convém fazer um anexo com cópia dos artigos do Tratado da EU assinalados a azul. DEFINIÇÕES BÁSICAS DE DIREITO COMUNITÁRIO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Nota prévia: Convém fazer um anexo com cópia dos artigos do Tratado da EU assinalados a azul. DEFINIÇÕES BÁSICAS DE DIREITO COMUNITÁRIO"

Copied!
1
0
0

Texto

(1)

Nota prévia: Convém fazer um anexo com cópia dos artigos do Tratado da EU assinalados a azul.

DEFINIÇÕES BÁSICAS DE DIREITO COMUNITÁRIO

DIREITO COMUNITÁRIO (Conceito básico)- Conjunto de regras e normas jurídicas que emanam dos órgãos da União Europeia e que contribuem para o desenvolvimento do ideal Europeu desde meados do século XX até a

actualidade.

DIREITO INTERNACIONAL – conjunto de textos que vigoram Internacionalmente e que servem basicamente, para a cooperação,

entendimento e construção de uma sociedade Internacional ou comunidade Internacional.

FONTES DE DIREITO COMUNITÁRIO – conjunto de modos ou formas de criação e revelação de actos normativos provenientes dos Tratados e dos modos legislativos, com a distinção lógica entre :

1. Direito Comunitário Originário – formado pelo conjunto de Tratados e textos essenciais da construção e consolidação do Direito comunitário;

2. Direito comunitário Derivado – conjunto de formas legislativas, com capacidade de alterar, os tratados e acordos que alicerçam a actual união Europeia, nomeadamente na forma de Regulamentos, Decisões, Directivas, Pareceres e Acordãos.

De forma complementar, o conceito de Fontes de Direito poderá ser visto numa outra perspectiva, distinguindo-se :

1. Fontes Obrigatórias – as quais os Estados membros devem respeitar as mesmas, com medidas, âmbitos e formas diversas, de acordo com os objectivos a atingir;

2. Fontes não Obrigatórias – actos normativos, nos quais não existe qualquer forma de vinculo entre os actos e os seus destinatários;

3. Fontes externas de Direito Comunitário – são constituídos pelos

instrumentos jurídicos que vinculam a União Europeia e os Estados membros perante outros Estados ou Organizações Internacionais, de destacar três tipologias :

A . Acordos concluídos pela comunidade com terceiros Estados

(2)

B . Tratados concluídos pelos Estados membros com terceiros Estados

C . Tratados concluídos entre si por Estados que fazem parte da Comunidade

AS INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS

1. Originalmente, as três comunidades ( CECA,CEE e CEEA) partilham um Parlamento e um Tribunal, mas possuem três conselhos e três comissões (incluindo a Alta Autoridade CECA). A partir do Tratado de fusão de 8 de Abril de 1965, aplicado em 1 de Agosto de 1967, passa a haver um Conselho único e uma Comissão. No sentido do Tratado, há, pois, quatro

Instituições( Conselho, Comissão, Tribunal e Parlamento),às quais é necessário acrescentar o Tribunal de Contas( a partir do Tratado de

Maastricht), e os Órgãos Complementares( Comité Económico e Social, Comité das Regiões e Conselho Europeu).

2. O Conselho de Ministros: é composto por um representante por Estado membro Esta denominação única pode abranger diversas formações: Conselho de Ministros dos Assuntos Sociais, dos transportes, etc. a Presidência é

assegurada rotativamente por cada um dos Estados-Membros por período de seis meses. Como as reuniões são episódicas, o Conselho de Ministros é assistido por um órgão permanente encarregado de preparar as decisões, o COREPER (Comité dos Representantes Permanentes). Em virtude dos tratados, o Conselho de Ministros é o verdadeiro órgão legislativo das Comunidades, o que se traduz pela aprovação de regulamentos e de

directivas. Na maior parte dos casos, o Conselho decide por maioria qualificada através do sistema de ponderação de votos. Os votos atribuídos variam entre 10, para os Estados mais populoso, e 2; num total de 87, a maioria qualificada é de 62 votos. Devido à evolução política da Comunidade, o Conselho tornou- se o único centro efectivo de decisão (art.202º a 210º TCE).

3. A Comissão das Comunidades Europeias: é Composta por 20 membros escolhidos de comum acordo pelos Governos dos Estados-Membros e investidos por uma votação do Parlamento Europeu por um período de cinco anos.

A Comissão está dividida em 24 direcções que podem ser consideradas como o Equivalente dos diferentes ministérios nos Estados ( por exemplo, Direcção

(3)

da Informação, da Agricultura, etc.). essas direcções são apoiados por um serviço jurídico, um serviço estatístico e um serviço de publicações oficiais. A Comissão emprega cerca de 13 000 funcionários. Está encarregada de velar pela correcta aplicação do Direito Comunitário. Se verifica que um Estado faltou a uma dessas obrigações, pode dirigir-lhe uma recomendação. De forma geral, pode participar na construção comunitária, apresentando ao Conselho propostas de regulamentos ou de directivas. Mas, com efeito, a comissão tem vindo a perder a sua função política, acantonando-se em tarefas estritamente administrativas(arts.211º a 219º TCE)

4. O Parlamento Europeu: cabe-lhe representar os povos dos Estados. No início, os seus membros eram designados em sufrágio universal indirecto pelos parlamentares dos diferentes países. A partir do acordo de 20 de Setembro de 1976, a eleição processa-se por sufrágio universal directo.

O número de deputados varia consoante a importância económica e demográfica de cada estado. O mandato dos deputados é de cinco anos.

Os Estados são livres de escolher o seu sistema eleitora l(maioritário para a Grã- Bretanha e proporcional para os restantes da).

A organização do PE, assemelha-se bastante à de um parlamento nacional.

Escolhe a sua mesa e elege o seu Presidente por dois anos e meio, e os deputados constituem-se em grupos políticos. O número mínimo para constituir um grupo é de 29 se pertencem a um único estado, 23 (dois Estados), 18(três Estados), 14(quatro Estados e mais).

Os poderes do parlamento foram reforçados. Detém o poder de co-decisão orçamental e ( em parte, desde Maastricht) o de co-decisão legislativa. Pode derrubar a Comissão por meio de uma moção de censura e passou a ter o poder de a investir(arts.189º a 201º).

5. o Tribunal de justiça das Comunidades: antes dos alargamentos o Tribunal compreendia 13 juizes, assistidos por 6 advogados gerais, para alcançar a regra da imparidade que facilita a tomada de decisão e para enfrentar o

aumento das tarefas. Em 1 de Janeiro de 1995, o Conselho decidiu elevar para 15 o número de juizes, transformando-se o juiz «rotativo» em advogado geral.

Os juizes e advogados gerais são escolhidos de comum acordo, pelos governos dos Estados-Membros, entre personalidades independentes

susceptíveis de ocuparem no seu país as mais altas funções jurisdicionais. Os

(4)

particulares têm um acesso limitado ao tribunal contra as decisões individuais de que são destinatário. Os outros órgãos comunitários ou os Estados podem recorrer ao tribunal para lhe solicitar que sancione uma violação do Direito Comunitário. As jurisdições estatais também podem recorrer ao Tribunal para o interrogar sobre uma interpretação do direito. Pela sua acção, o Tribunal participa na construção europeia. Por decisão do Conselho de 24 de outubro de 1988, foi criado um tribunal de primeira instância das Comunidades Europeias, que fará parte integrante do Tribunal de Justiça no plano

institucional e cujo papel é reduzir a carga de trabalho deste (arts. 220º a 245 TCE).

6. O Tribunal de Contas foi criado pelo Tratado de 22 de Julho de 1975. É composto por 15 membros, nomeados por seis anos pelo Conselho entre as personalidades que possuem uma qualificação particular para exercer estas funções. Está encarregado de velar pela correcta aplicação das regras orçamentais da Comunidade. Emite pareceres, publica um relatório anual e controla a execução das despesas( poder de quitação).

7. Às instituições propriamente ditas, há que acrescentar os órgãos

complementares. O Comité Económico e Social (220 membros nomeados pelo Conselho por proposta apresentada pelas organizações profissionais, por intermédio dos governos) está incumbido de dar um parecer sobre as diferentes propostas de natureza económica e social transmitida pela

Comissão ao Conselho. O Comité das regiões (220 membros) foi criado pelo Tratado de Maastricht. Composto por representativo das colectividades locais, dispõe apenas de um poder consultivo. O Conselho Europeu (herdeiro das conferências em cimeira) foi criado em 1974 e institucionalizado pelo Acto Único Europeu e o Tratado de Maastricht. É composto por chefes de Estado e de Governo dos Estados-Membros e reúne pelo menos duas vezes por ano.

Compete-lhe dar à Comunidade os impulsos necessários e definir as orientações políticas gerais.

OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPEIA A construção de uma Europa unida em princípios fundamentais que os Estados-membros reconhecem e cuja concretização cabe aos órgãos

executivos, a unidade, a igualdade, a liberdade, destacam-se a realização de

(5)

uma paz duradoura, reconhece-se explicitamente no respeito da liberdade, da democracia e do Estado de Direito, valores que são comuns a todos os

Estados-membros (nº 1 do artigo 6.º do Tratado da união Europeia- Tratado de Nice).

Estes princípios, aliados à protecção das liberdades e dos direitos

fundamentais, foram reforçados pelo Tratado da UE, que pela primeira vez, prevê medidas em caso de violação dos princípios fundamentais da União (artigos 7.º e 8.º do Tratado UE). Em termos concretos, isto significa que, se o Conselho da UE, reunido a nível de chefes de Estado ou de Governo, sob proposta de um terço dos Estados-membros ou da Comissão, e após parecer favorável do Parlamento Europeu, verificar a existência de uma violação grave e persistente dos principios da União, pode decidir por maioria qualificada suspender alguns dos direitos decorrentes dos Tratados UE e CE ao Estado- membro no Conselho. Ao fazê-lo, o Conselho terá em conta as eventuais consequências dessa suspensão nos direitos e obrigações das pessoas

singulares e colectivas. O Estado-membro em questão continuará, de qualquer modo, vinculado às obrigações que lhe incumbem por força dos Tratados UE e CE.

- A União Europeia, um Bastião de Paz

Nenhum motivo foi mais poderoso para a unificação Europeia do que a sede de paz. No século XX, duas guerras mundiais opuseram Estados Europeus que hoje fazem parte da UE. Por isso, fazer política europeia significa também fazer política de paz; com a criação da UE, conseguiu-se o elemento essencial para o estabelecimento de uma ordem pacífica, que torna impossível qualquer guerra entre países membros. Mais de 40 anos de paz na Europa provam-no bem.

- A Unidade e a Igualdade por Fios condutores

(Princípio da igualdade dos estados-membros e cidadãos Europeus)

A Unidade é o fio condutor da União Europeia. Os Estados-membros precisam de avançar para a unidade para poderem responder aos desafios do presente.

E muitos são aqueles que pensam que a paz na Europa e no mundo, a democracia e o Estado de Direito, a prosperidade económica e o bem-estar social não poderiam ser assegurados sem a integração Europeia e a União Europeia.

(6)

O desemprego, a inflação, o crescimento insuficiente, a poluição, deixaram de ser problemas nacionais com soluções a nível nacional. Só no quadro da União Europeia se pode estabelecer uma ordem económica estável, só através de um esforço europeu: comum se podem realizar uma política económica

internacional que aumente a competitividade da economia europeia e ajude a fortalecer os fundamentos sociais do Estado de Direito. Sem coesão interna, a Europa não pode afirmar a sua independência política e económica face ao resto do mundo, nem reencontrar a sua influência na cena internacional e ter um papel interveniente na política mundial.

A unidade só existe onde reina a igualdade. Nenhum cidadão europeu pode ser objecto de tratamento diferente, isto é, “discriminado”, devido à sua

nacionalidade. É necessário combater a discriminação baseada no sexo, raça, origem étnica, religião ou ideologia, deficiência, idade ou orientação sexual.

Todos os cidadãos europeus são iguais perante a lei.

Em relação aos Estados-membros, nenhum deve beneficiar de posições

privilegiadas e o princípio da igualdade exige que as diferenças que a natureza gera, como a superfície, o número de habitantes de um país e as disparidades estruturais, sejam tratadas á luz do princípio da igualdade.

- As liberdades Fundamentais

Corolário da Paz, da igualdade e da unidade é a liberdade. A criação de um espaço mais vasto composto por Estados-membros implica a liberdade de movimentos para além das fronteiras nacionais: liberdade de circulação de trabalhadores, liberdade de estabelecimento e de prestações de serviços, livre circulação de mercadorias e de capitais. Estas liberdades

fundamentais permitem ao empresário decidir livremente, ao trabalhador escolher o seu local de trabalho e ao consumidor ter à sua disposição uma diversidade enorme de produtos.

A livre concorrência abre às empresas um universo de consumidores muito vasto. O trabalhador escolhe ou muda de emprego em função das suas qualificações e dos seus interesses em todo o espaço da União Europeia.

O consumidor consegue, devido a uma concorrência mais forte, escolher os produtos melhores e mais baratos.

- O Princípio da Solidariedade

(7)

A solidariedade é o necessário elemento correctivo da liberdade. A utilização desmedida desta faz-se sempre em detrimento de outrem. Por isso, uma ordem comunitária, para ser duradoura, tem que reconhecer a solidariedade entre os seus membros como princípio fundamental e repartir uniforme e equitativamente as vantagens, isto é, a prosperidade e os custos.

- O Respeito da Identidade Nacional

A União respeitará as identidades nacionais dos Estados-membros, assim o estabelece o n.º3 do art.º 6º do Tratado da UE.

Os Estados-membros, não devem fundir-se na União Europeia, mas antes trazer para ela a sua identidade nacional. É à diversidade das características e das identidades nacionais que a União Europeia vai buscar a força moral que coloca ao serviço de todos.

- O Anseio de Segurança

Todos estes valores fundamentais dependem em última instância da segurança. Na época em que vivemos, marcada pelo movimento e pela

mudança e repleta de incertezas, a segurança é uma exigência elementar que também a União Europeia tem que ter em conta. Os cidadãos e as empresas devem conhecer as implicações das medidas comunitárias e a União Europeia deve dar-lhe as necessárias garantias de estabilidade.

Trata-se em suma, de garantir o emprego, dando continuidade às medidas decididas pelas empresas que confiam na estabilidade do enquadramento económico e, por fim, de proporcionar a todos as pessoas que vivem na União Europeia a segurança social a que têm direito.

- Os Direitos Fundamentais na União Europeia

Quando se fala de valores fundamentais e de ideias, forçoso é abordar a questão dos direitos fundamentais dos cidadãos da União, até pelo facto de a história da Europa, por mais de dois séculos, ter sido marcada por esforços constantes no sentido do reforço da protecção dos direitos fundamentais.

Desde a declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, no século XVIII, que os direitos e as liberdades fundamentais estão consagrados na maior parte das Constituições, cujas ordens jurídicas assentam na salvaguarda dos direitos, assim como no respeito pela dignidade, liberdade e as possibilidades de realização da pessoa humana.

Existem numerosos acordos internacionais sobre esta matéria, entre os quais

(8)

de salvaguarda dos direitos do homem e das liberdades fundamentais (CRDH).

Os Tratados, ao contrário dos ordenamentos jurídicos dos Estados-membros, não contêm qualquer enumeração dos direitos fundamentais.

O Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão, enquanto instâncias políticas, consagraram solenemente o seu empenho na observância dos direitos fundamentais na Declaração Comum de 5 de abril de 1977.

As Instituições da comunidade sublinharam nessa Declaração a importância dos direitos fundamentais para a comunidade e comprometeram-se a respeitar esses direitos no exercício das suas competências e na prossecução dos objectivos comuns.

Os chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros associaram-se a esta Declaração de princípios através duma declaração sobre democracia aprovada na Cimeira de copenhaga em 7 e 8 de Abril de 1978. É certo que estas declarações não conferem direitos de aplicação directa aos cidadãos comunitários, mas têm um importante significado jurídico-político enquanto reconhecimento universal dos direitos fundamentais a nível da Comunidade.

Também o Tratado confirma esta aposta, conferindo-lhe uma forma jurídica vinculativa, obrigando-se a União Europeia a respeitar “os direitos

fundamentais tal como os garante a Convenção Europeia de Salvaguarda dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, assinada em Roma, em 4 de Novembro de 1950, e tal como resultam das tradições Constitucionais comuns aos Estados-membros, enquanto princípios gerais do direito comunitário (art.º 6º do Tratado da União Europeia).

Contudo, a salvaguarda dos direitos fundamentais pelo Ordenamento Jurídico Comunitário foi assegurada por jurisprudência do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias (TJCE), algo tardia, designadamente no ano de 1969.

Com efeito, o TJCE começou por rejeitar todas as acções relativas a direitos fundamentais, alegando que as questões de Direito Constitucional nacional não eram da sua competência. Esta posição acabou por ter de ser revista por força de um princípio que o próprio TJCE estabelecera, a saber, o do primado do direito comunitário sobre o Direito Nacional, já que este primado só vale se o Direito comunitário puder garantir uma salvaguarda dos direitos fundamentais equivalente à das Constituições nacionais.

Ponto de partida para esta evolução jurisprudencial foi o processo Stauder, no

(9)

qual um beneficiário de uma pensão de guerra considerou um atentado à sua dignidade pessoal e ao Princípio da igualdade o facto de ter de se identificar para poder comprar manteiga a preços reduzidos. Embora o Tribunal tenha começado por considerar que, de acordo com as disposições comunitárias, não era obrigatória a identificação, e que por isso se tornava desnecessário

examinar o modo como o direito fora violado, acabou por reconhecer que o respeito pelos direitos fundamentais fazia parte dos princípios gerais da ordem jurídica comunitária e que lhe competia e a ele fazê-los respeitar. O Tribunal reconheceu assim, pela primeira vez, a existência de um regime autónomo de direitos fundamentais na comunidade Europeia.

O Tribunal começou por fixar salvaguardas pontuais dos direitos fundamentais com base numa série de disposições do Tratado. Procedeu desta forma em relação às inúmeras proibições de discriminação, as quais constituem emanações dos diferentes aspectos do princípio geral da igualdade.

Importa salientar a proibição de todas as formas de discriminação em razão da nacionalidade (art.º 12º do Tratado CE), o combate à discriminação em razão do sexo, raça, origem étnica, religião ou crença, deficiência, idade ou

orientação sexual (art.º 13º do Tratado da CE), a igualdade de tratamento para as mercadorias e para as pessoas no contexto das quatro liberdades

fundamentais (livre circulação de mercadorias – art.º 28º do Tratado CE; livre circulação de trabalhadores – art.º 39º do Tratado CE; Direito de

estabelecimento –art.º43º do Tratado CE e livre prestação de serviços – art.º50º do Tratado CE), as regras de concorrência ( art.º 81 do Tratado CE) bem como o princípio da igualdade de remuneração entre homens e mulheres ( art.º 141 do Tratado CE). As quatro liberdades fundamentais da CE, que

garantem as liberdades essenciais da vida profissional, podem também ser consideradas como um dierito comunitário fundamental à livre circulação e exrercício de uma actividade profissional.

Entre os direitos explicitamente consagrados conta-se ainda a liberdade da associação (art.º 137º do Tratado CE, nº 1 do art.º 48º do Tratado CECA), para além do Direito de petição (art.º 21º do Tratado CE, nº 2 do artigo 48º do

Tratado da CECA) e a protecção da confidencialidade dos dados e o segredo profissional ( art.º 287º do Tratado da CE).

O TJCE prosseguie o desenvolvimento de uma ordem jurídica comunitária de

(10)

salvaguarda dos direitos fundamentais, à qual foi aditando novos direitos fundamentais.

Para tal, reconheceu princípios jurídicos gerais e aplicou-os inspirando-se nas tradições constitucionais comuns dos Estados-membros e nas Convenções Internacionais sobre protecção dos Direitos Humanos de que estes são partes signatárias.

Entre estes textos, conta-se a Convenção Europeia de Salvaguarda dos

Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais (CEDH), que determinou o conteúdo dos direitos fundamentais da Comunidade e os mecanismos de salvaguarda.

Foi nesta base que o Tribunal elevou à categoria de direitos comunitários fundamentais uma série de liberdades, a saber, o direito de propriedade, o livre exercício de uma actividade profissional, a inviolabilidade do domicílio, a liberdade de opinião, o direito à protecção da personalidade, a protecção da família ( designadamente o direito ao reagrupamento familiar para os

trabalhadores migrantes), a liberdade económica, a liberdade de religião ou de crença, assim como uma série de direitos e garantias processuais, como o direito de ser ouvido, o princípio da confidencialidade da correspondência entre advogado e cliente que o Common Law consagra sob a designação de “legal privilege”, a proibição da dupla sanção ou ainda a necessidade de justificar os actos jurídicos comunitários.

Um princípio de grande significado, que é frequentemente evocado em litígios de direito comunitário, é o da igualdade de tratamento. Em termos gerais, esse princípio dispõe que factos equiparáveis não podem ser objecto de tratamento diferenciado, a não ser que seja provada objectivamente a existência de uma diferenciação. No entanto, esse princípio não pode impedir, segundo a

jurisprudência do Tribunal de Justiça das Comunidades, que sejam adoptadas a nível nacional medidas para os cidadãos e os produtos nacionais que sejam mais restritivas de que as aplicáveis a cidadãos de outros Estados-membros ou a produtos de importação, mesmo que tais medidas sejam contrárias aos usos a nível Internacional. Esta chamada “discriminação invertida” não pode ser contestada a nível do direito comunitário, tendo em conta a própria limitação das competências da Comunidade. O princípio comunitário da liberalização das trocas, que decorre, de facto, de uma liberdade fundamental, abrange afinal, na

(11)

actual interpretação do tribunal, apenas questões de alcance transfronteiriço.

Em contrapartida, as disposições relacionadas com a produção e

comercialização de produtos nacionais, bem como o estatuto jurídico dos cidadãos de cada Estado-membro, só são abrangidos pelo direito comunitário quando já existe alguma acção de harmonização a nível comunitário.

Mercê da jurisprudência do Tribunal de Justiça, o direito comunitário tem vindo a consagrar um número considerável de princípios do Estado de direito

relacionados com os direitos fundamentais. Um dos princípios com maior incidência prática e o da proporcionalidade, que obriga ao exame atento dos bens e dos interesses envolvidos, o que abrange, por sua vez, os aspectos da adequação e da necessidade da medida em causa, bem como a proibição da intervenção excessiva.

Há também que incluir nos direitos fundamentais os princípios gerais do direito administrativo e das garantais processuais dos administrados ( “due process”), como por exemplo a garantia da confidencialidade, a proibição da retrocatividade das disposições mais gravosas e a proibição de anular ou declarar retroactivamente nulos actos constitutivos de direitos ou benefícios, bem como o direito de acção judicial, que está consubstanciado tanto nos procedimentos administrativos da Comissão Europeia como na possibilidade de recorrer ao Tribunal de Justiça.

Ganha particular relevo neste contexto a exigência de transparência acrescida, que implica que as decisões sejam tomadas de uma forma tão aberta e

próxima do cidadão quanto possível. Elemento essencial desta transparência é que qualquer cidadão europeu ou qualquer pessoa colectiva estabelecida num Estado-membro tem direito de aceder aos documentos do Conselho da UE e da Comissão Europeia.

Embora reconhecendo o trabalho realizado pelo Tribunal de Justiça na

definição dos direitos fundamentais não escritos, forçoso é constatar que este processo de determinação dos “Direitos fundamentais Europeus” apresenta uma grande lacuna: o Tribunal tem de se limitar a casos concretos. Nestas circunstâncias, o Tribunal pode não estar em condições de desenvolver, em todos os domínios necessários e desejáveis, os direitos fundamentais a partir de princípios gerais de direito. Também não lhe é possível determinar a extensão e os limites da protecção destes direitos procedendo às

(12)

generalizações e diferenciações necessárias. Este sistema não permite às instituições comunitárias estarem seguras de não violar um direito fundamental.

Da mesma forma, é impossível para qualquer cidadão da Comunidade determinar em todos os casos se houve uma violação dos seus direitos fundamentais.

Um solução encarada desde há muito seria a adesão da CE à Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH). No Parecer 2/94, o TJCE considerou que, no estado actual do direito comunitário, a CE não tinha competência para aderir à referida Convenção.

A este propósito, o Tribunal salientou que, embora a salvaguarda dos direitos humanos constituísse um requesito da legalidade dos actos comunitários, a adesão à Convenção exigiria uma alteração substancial do regime comunitário de então, na medida em que teria implicado a inserção da Comunidade num sistema Institucional distinto, que é o da Convenção. O Tribunal considerou ainda que uma tal modificação do regime de protecção dos direitos humanos na Comunidade, pelas suas implicações Institucionais, revestiria uma

envergadura Constitucional que pela sua natureza ultrapassava os poderes conferidos pelo art.º 308º do Tratado.

Em consequência, a única solução possível para o problema dos direitos fundamentais na CE reside na elaboração de um Carta de Direitos

fundamentais da UE, depois de feitas as devidas alterações nos Tratados daq CE e UE. Esta Carta poderia inspirar-se na Declaração dos Direitos e

Liberdades fundamentais do parlamento Europeu, que proporciona um elenco completo de direitos fundamentais. Só assim é possível concretizar um esforço efectivo de salvaguarda dos direitos fundamentais na UE.

Semelhante iniciativa requer no entanto, o consenso dos Estados-membros quanto ao conteúdo e aos limites destes direitos.

Acontece que se está longe ainda de um tal consenso. Os Estados-membros ainda não conseguiram ultrapassar a fase compromisso geral, embora

vinculativo, em torno do respeito e da protecção dos direitos fundamentais no âmbito da União Europeia.

(13)

O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO ECONÓMICA E A UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA

Ainda que o termo Integração tenha, em meados do século XX, usado para a associação de várias áreas económicas importa destacar, em termos

históricos, o mais significativo que foi a criação do “Zollverein”, em 1833, respeitante à abertura de fronteiras entre os 18 Estados Alemães e o estabelecimento de uma pauta comum em relação ao exterior.

Para uma melhor compreensão dos movimentos de integração, consoante o seu maior ou menor aprofundamento, vamos distinguir várias formas, dentro delas : Zona de Comércio Livre, Uniões Aduaneiras, Mercados Únicos ou Internos, Mercados Comuns e outras formas mais avançadas de integração.

Poderíamos ainda considerar antes estas formas de integração económica em termos Históricos : caracterizadas pelas preferências como as concedidas por antigas potências colonizadoras ( preferências Imperiais Britânicas); Sistema de preferências generalizadas (SPG); Integração de apenas um ou outro sector (CECA)

Zona de Comércio Livre- entre os Países membros existe liberdade de movimentos da generalidade dos produtos (ex: EFTA- generalidade dos produtos industriais) sendo que cada país mantém a possibilidade de seguir uma política própria em relação ao exterior (ex: EFTA, LAFTA- América Latina e NAFTA).

União Aduaneira- há liberdade de circulação de mercadorias, mas há uma política comercial comum que se traduz numa pauta única em relação ao exterior e na negociação conjunta de qualquer acordo com países terceiros (ex:

comunidade Europeia e MERCOSUL).

Mercado Único ou Interno – para além do afastamento das barreiras

alfandegárias há também o afastamento das barreiras não visíveis (além das fisicas, as barreiras técnicas e fiscais) que limitam a concorrência entre economias ( ex: Mercado Único de 1992)

Mercado Comum – acresce a liberdade de circulação dos factores, designadamente trabalho e capital. Uma maior integração teremos a

(14)

harmonização de políticas ou mesmo políticas comuns que implicam uma transferência de poderes para um âmbito supranacional.

Tipologia de Integração – Integração Negativa e Integração Positiva

Uma integração pela negativa prevê o afastamento de barreiras ao comércio livre sendo a dinâmica do mercado, o motor do desenvolvimento

tendencialmente sem medidas de intervenção.

Apesar do reconhecimento das virtualidades do mercado o seu aproveitamento pleno passa por medidas positivas de integração para afastar imperfeições ou potenciar o seu crescimento seja com a construção de infraestruturas de transporte e comunicações seja pela formação profissional ou outras. A moeda única é um exemplo significativo que a União europeia tem em curso.

UEM – UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA – MOEDA ÚNICA Após a II Guerra Mundial, a criação da CEE – Comunidade Económica Europeia em 1957 constitui um passo significativo na tentativa da unificação voluntária da Europa. Nesta fase as preocupações referiam-se à União Aduaneira e ás políticas comuns sendo as questões de ordem monetária de segundo plano dado a existência de uma ordem monetária satisfatória

( Sistema de Bretton Woods). Para fazer face à liberalização dos pagamentos correntes e à restauração da convertibilidade monetária criou-se a União Europeia de pagamentos.

Entretanto o Sistema monetário Internacional começa a deteriorar-se pelo que a ideia de estabelecer na Europa uma zona de estabilidade monetária torna-se atractiva e sendo que as disposições do Tratado de Roma não garantiam a integração económica e monetária é decidido, na Cimeira de Haia de 1969, que a Comunidade se deveria transformar numa UEM- União Económica e

Monetária.

Inicia-se assim uma nova fase e em 1970 Pierre Werner, Primeiro Ministro Luxemburguês, apresenta um relatório ao Conselho que prevê o

estabelecimento progressivo da EUM até 1980, iniciando-se pela redução das taxas de flutuação das moedas entre si e em relação ao dólar através da criação da “Serpente Monetária Europeia” vulgarmente designada por Serpente no túnel dado que a serpente poderia oscilar até 2,25 % (moedas europeias entre si) dentro de um túnel de 4,5% ( relação dólar). Entretanto a queda do

(15)

Sistema Bretton Woods, o choque petrolífero de 1973 e pressões especulativas sobre as moedas europeias causaram uma elevada inflação de tal modo que cerca de metade dos estados-membros deixaram de respeitar o mecanismo da serpente no túnel. Ainda em 1973, é criado o FECOM- Fundo Europeu de Cooperação Monetária no Instituto de gerir o Sistema cada vez mais

comprometido. Em 1977 é definitivamente abandonado o denominado “Plano Werner”.

No entanto sentindo a necessidade de um novo impulso, na Cimeira de Bremen em 1978, a Alemanha e a França propõem as linhas de orientação para o SME- Sistema Monetário Europeu entrando em funcionamento em 1979, mas verificando-se alterações qualitativos ai anterior Sistema iniciando- se pois uma 3º fase.

Mantém-se a grelha de paridades bilaterais com a banda estreita dos 2,25%, mas admite-se uma banda larga de 6% (posteriormente ainda uma margem alargada de 15%) complementando-se o Sistema com novos Instrumentos cujos elementos estruturais assentam:

- Mecanismos de crédito de muito curto, curto e médio prazo;

- Mecanismos cambiais e de intervenção com base nas cotações centrais bilaterais em ligação ao ECU – European Currency United, e ao indicador de divergência ( sinal de alerta para a promoção de acções tendentes a afastar o valor da moeda do limiar de divergência);

- Criação do ECU, como unidade compósita com base num cabaz de moedas em que cada uma tem o peso de acordo com a sua importância nas relações económicas intracomunitárias.

O funcionamento do SME- Sistema Monetário Europeu, elva posteriormente à criação do FME tendo em vista a melhoria do FECOM e o ECU passa a construir activo de reserva e meio de pagamento /moeda escritural).

Entretanto a Comunidade alarga-se passando a ser cosntituída por 12

membros e estabelece-se como objectivo a realização do Mercado Interno até 1992 sendo que em 1986 a adopção do Acto Único, confirma o objectivo de uma progressiva realização da UEM. Neste contexto é criado um Comité presidido pelo Presidente da Comissão, Jacques Delors, que elabora um relatóprio publicado em 12989 onde se prevê três fases da União Europeia e Monetária.

(16)

Em Junho de 1989, em Madrid, o Conselho Europeu decide dar ínicio ao denominado “Plano Delors” daí a um ano, ou seja, em julho de 1990 tendo em Dezembro de 1989 os chefes de Estado e Governo decidido convocar uma Conferência Intergovernamental no sentido de proceder a alterações ao Tratado de Roma.

Na 1ª Fase de 01.07.90 até 31.12.93 implicava que os Estados-membros adoptassem as medida necessárias para assegurar a livre circulação de

capitais sem perder de vista a convergência económica necessária para a UEM intensificando a coordenação e a supervisão em comum da política económica dos Estados-membros bem como reforçando a cooperação entre bancos emissores.

Em Dezembro de 1991, o Conselho Europeu (CE) de Maastricht aprova o Tratado que institui a União Europeia no qual se prevê a realização da UEM em três fases que vem a ser assinado a 07.02.92. Em 01.11.93, data de entrada em vigor do Tratado de Maastricht, a 1ª Fase da UEM estava já a ser cumprida tendo-se realizado a liberalização dos movimentos de capitais e apresentado os “programas de convergência” das economias dos Estados-membros.

Quanto à constitucionalização da liberdade de circulação dos capitais veja-se o art.º 56 na versão resultante do Tratado de União Europeia ( Tratado de Nice).

A 2ª Fase btem ínicio em 01.01.94 conforme o nº1 do art.º116º do Tratado da CE. Os restantes números do art.º116º e o art.º117º e seguintes expressam um conjunto de exigências para a entrada na 3ª Fase. No ínicio desta 2ª Fase foi criado o IME- Instituto Monetário Europeu, cuja principal função consistia no reforço de coordenação das políticas comunitárias visando a estabilidade dos preços ena preparação de uma política monetária comum nomeadamente o funcionamento do BCE- Banco Central Europeu e do SEBC- Sistema Europeu de Bancos Centrais.

Nesta 2ª Fase os Estados-membros têm que cumprir os denominados critérios de convergência para acederem à 3ª Fase.

Os critérios de convergência nominal são sucintamente:

1. a estabilidade de Preços; 2. a sustentabilidade das Finanças Públicas; 3.as Taxas de Câmbio; e 4. as Taxas de Juro.

1.A Taxa de inflação não pode ultrapassar 1,5 pontos percentuais ( a média das 3 Taxas de inflação mais baixas da União Económica)

(17)

2.1. O défice Público não deve ultrapassar 3% do PIB-Produto Interno Bruto 2.2. A divida pública não deve ultrapassar 60% do PIB-Produto Interno Bruto 3. Observância durante 2 anos das margens de flutuação das novas moedas nacionais

4. A taxa de juro de longo prazo não pode ultrapassar 2 pontos percentuais (a média das 3 taxas de inflação mais baixas da União Económica)

Tendo o Euro substituido o Escudo (PTE), vejamos também resumidamente as vantagens esperadas com a introdução da moeda única que contribuirá para o reforço do mercado comum: eliminação do risco de câmbio e das comissões cambiais, redução das taxas de juro, facilidade de comparação de preços internacionais e de pagamentos transnacionais, favorecimento do investimento na zona Euro, simplificação da gestão de tesouraria e facilidade de

consolidação contabilística( o Euro é um escudo contra as tempestades monetárias).

Das desvantagens salienta-se que os Países aderentes deixam de poder utilizar a política monetária e a política cambial agora assumidas pelo Banco Central Europeu (BCE) sendo que a gestão macro-económica passa, quase exclusivamente, pela política orçamental e política de rendimentos.

2. Direito comunitário - Definições

O objectivo central das Comunidades Europeias de atingir a unificação

europeia baseia-se exclusivamente no primado do direito. O direito comunitário é um ordenamento jurídico independente que prevalece sobre as ordens

jurídicas nacionais. Vários protagonistas estão envolvidos no processo de aplicar, controlar e desenvolver este ordenamento jurídico, existindo para o efeito vários procedimentos. De um modo geral, a legislação da UE é composta por três tipos diferentes - mas interdependentes - de legislação.

Direito primário

O direito primário inclui os Tratados e outros acordos com estatuto semelhante e é negociado directamente entre os governos dos Estados-Membros. Estes acordos assumem a forma de tratados que são, posteriormente, sujeitos a ratificação pelos parlamentos nacionais. O mesmo procedimento é aplicável a eventuais alterações aos tratados.

(18)

Os Tratados que instituem as Comunidades Europeias foram revistos várias vezes através dos seguintes actos:

Acto Único Europeu (1987);

Tratado da União Europeia - "Tratado de Maastricht" (1992);

Tratado de Amesterdão, que entrou em vigor em 1 de Maio de 1999. e Tratado de Nice

Os Tratados também definem o papel e as responsabilidades das instituições e dos órgãos da UE envolvidos nos processos decisórios e nos procedimentos legislativo, executivo e judicial que caracterizam o direito comunitário e a sua aplicação.

Direito derivado

O direito derivado baseia-se nos Tratados e implica uma série de procedimentos aí previstos. Por força dos Tratados que instituem as Comunidades Europeias, o direito comunitário pode assumir as seguintes formas:

regulamentos, que são directamente aplicáveis e obrigatórios em todos os Estados-Membros sem que seja necessária qualquer legislação de aplicação;

directivas, que vinculam os Estados-Membros quanto aos objectivos a alcançar num determinado prazo, deixando, no entanto, às instâncias nacionais a competência quanto à forma e aos meios a utilizar. As directivas têm de ser transpostas para o direito interno de cada país de acordo com os seus procedimentos específicos;

decisões, que são vinculativas na sua integralidade para os seus destinatários. Assim, as decisões não requerem legislação de

transposição nacional. Uma decisão pode ser dirigida a um ou a todos os Estados-Membros, bem como a empresas e pessoas singulares;

recomendações e pareceres, que não são vinculativos.

Jurisprudência

A jurisprudência inclui acórdãos do Tribunal de Justiça Europeu e do Tribunal de Primeira Instância Europeu, nomeadamente na sequência de requerimentos da Comissão, dos tribunais nacionais dos Estados-Membros ou de particulares.

Estes diferentes tipos de legislação formam o acervo comunitário..

(19)

3. Protagonistas do processo legislativo da UE Conselho da União Europeia

Funções e responsabilidades

O Conselho - também chamado Conselho de Ministros - é a principal instituição decisória da União Europeia e a autoridade legislativa última. Enquanto

instituição da UE, o Conselho da União Europeia não deve ser confundido com o Conselho Europeu - constituído pelos chefes de Estado e de Governo dos Estados-Membros da União Europeia e o presidente da Comissão Europeia - ou com o Conselho da Europa, que é uma organização internacional.

Por força do Tratado que institui a Comunidade Europeia, as principais competências do Conselho são as seguintes:

o Conselho é o órgão legislativo da Comunidade; para um vasto leque de competências comunitárias, ele exerce esse poder legislativo em co- decisão com o Parlamento Europeu;

o Conselho assegura a coordenação das políticas económicas gerais dos Estados-Membros;

o Conselho celebra, em nome das Comunidades Europeias, acordos internacionais (que são negociados pela Comissão e requerem o parecer favorável do Parlamento) entre a Comunidade e um ou vários Estados ou organizações internacionais;

o Conselho e o Parlamento Europeu constituem a autoridade orçamental que adopta o orçamento da Comunidade.

Por força do Tratado da União Europeia, o Conselho também:

toma as decisões necessárias à definição e execução da Política Externa e de Segurança Comum com base nas orientações gerais definidas pelo Conselho Europeu;

assegura a coordenação da acção dos Estados-Membros e adopta as medidas necessárias no domínio da cooperação policial e judiciária em matéria penal.

(20)

O Conselho é um órgão com as características de uma organização supranacional e intergovernamental. Isto reflecte-se na composição e

Presidência do Conselho, bem como nos processos de trabalho associados às actividades do Conselho.

Papel do Conselho nos processos decisório e legislativo

O papel do Conselho enquanto principal instituição decisória é em muito definido pelos três "pilares" em que o Tratado da União Europeia assentou as actividades da União.

O primeiro pilar - que abrange toda uma série de políticas comunitárias como a agricultura, o ambiente, a energia, a investigação e desenvolvimento - foi concebido e traduzido na prática de acordo com um processo decisório com provas dadas que começa com uma proposta da Comissão. Na sequência de uma análise pormenorizada a nível técnico e político, o Conselho pode adoptar, alterar ou ignorar a proposta da Comissão. O Tratado da União Europeia reforçou o papel do Parlamento Europeu neste âmbito, criando um procedimento de co-decisão. Consequentemente, há uma série de áreas (mercado interno, defesa dos consumidores, redes transeuropeias, educação e saúde) em que a legislação é adoptada conjuntamente pelo Parlamento

Europeu e pelo Conselho. Os "parceiros sociais" e outros grupos de interesses, através do Comité Económico e Social, e os poderes locais e regionais

representados no Comité das Regiões, são consultados em vários domínios.

Os Tratados prevêem as áreas em que o Conselho delibera ou por maioria simples dos membros que o compõem, ou por maioria qualificada, ou ainda por unanimidade. Cada país possui um determinado número de votos de acordo com a sua população. No domínio comunitário, uma grande parte das decisões de carácter legislativo é tomada por maioria qualificada. Entre os domínios do primeiro pilar ainda sujeitos à regra da unanimidade contam-se: fiscalidade, indústria, cultura, fundos regionais e sociais e o programa-quadro de

investigação e desenvolvimento tecnológico.

Relativamente aos outros dois pilares criados pelo Tratado da União Europeia, é ao Conselho que cabe decidir e promover as iniciativas. Em matéria de Política Externa e de Segurança Comum, o Conselho toma as decisões necessárias à definição e execução dessa política com base nas

(21)

orientações gerais definidas pelo Conselho Europeu. O Conselho recomenda estratégias comuns ao Conselho Europeu e aplica-as, nomeadamente através da adopção de acções e de posições comuns. No tocante à cooperação policial e judiciária em matéria penal, o Conselho, por iniciativa de um Estado-Membro ou da Comissão, adopta posições comuns, decisões-quadro e decisões e elabora convenções. A unanimidade é a regra em ambos os pilares, excepto para a aplicação de uma acção comum, que pode ser decidida por maioria qualificada.

Legislação

No âmbito do Tratado que institui a Comunidade Europeia, o direito comunitário adoptado pelo Conselho - ou pelo Parlamento e o Conselho no âmbito do procedimento de co-decisão - pode assumir as seguintes formas:

regulamentos,

directivas,

decisões,

recomendações e pareceres.

O Conselho também pode adoptar conclusões de carácter político ou outros tipos de actos, tais como declarações ou resoluções. Além disso, o Conselho estabelece as regras de exercício das competências de execução atribuídas à Comissão ou reservadas ao próprio Conselho.

A legislação comunitária, bem como as posições comuns do Conselho transmitidas ao Parlamento, é publicada no Jornal Oficial das Comunidades Europeias em todas as línguas oficiais da CE.

Comissão Europeia

Funções e responsabilidades

A Comissão Europeia é um órgão político com responsabilidades variadas e desempenha um papel de relevo no processo decisório da União Europeia, dado que a legislação da UE é aplicada essencialmente através da acção da Comissão. O Acto Único Europeu de 1986, o Tratado da União Europeia e o Tratado de Amesterdão confirmaram e ampliaram o âmbito de competências da União e a responsabilidade da Comissão em novos domínios. Nestes incluem-se ambiente, educação, saúde, defesa dos consumidores, redes transeuropeias, política de I&D, cultura e União Económica e Monetária (UEM).

Em 1995, a composição da Comissão foi adaptada para ter em conta a adesão

(22)

da Finlândia, da Suécia e da Áustria. As propostas, acções e decisões da Comissão são examinadas, controladas e julgadas de várias formas pelas outras instituições (excepto o Banco Europeu de Investimento). Contudo, a Comissão não toma decisões sobre as políticas e as prioridades da UE, dado tratar-se esta de uma prerrogativa do Conselho e, em alguns casos, do

Parlamento Europeu.

A Comissão Europeia desempenha três funções distintas:

iniciadora de propostas legislativas;

guardiã dos Tratados;

gestora e executora das políticas da UE e das relações comerciais internacionais.

Iniciativa legislativa

A Comissão detém o monopólio da iniciativa no processo decisório comunitário e elabora as propostas a adoptar pelas duas instituições com poder de decisão:

o Parlamento e o Conselho. Assim, o processo legislativo inicia-se com propostas da Comissão (propostas de regulamentos e directivas) obrigatoriamente baseadas nos Tratados e destinadas a facilitar a sua aplicação. Aquando da elaboração dessas propostas, a Comissão toma normalmente em consideração as orientações formuladas pelas autoridades nacionais. As propostas da Comissão devem compreender três objectivos fundamentais:

identificar o interesse europeu;

organizar uma consulta tão vasta quanto necessário;

respeitar o princípio de subsidiariedade.

A partir do momento em que a Comissão transmite formalmente uma proposta legislativa ao Conselho e ao Parlamento, o processo legislativo da União fica dependente da cooperação efectiva entre três instituições - Conselho,

Comissão e Parlamento Europeu. O Conselho pode alterar as propostas por maioria qualificada, se a Comissão concordar com a alteração (caso contrário, as alterações têm de ser decididas por unanimidade). O Parlamento Europeu compartilha o poder de co-decisão com o Conselho na maior parte dos domínios e dispõe de um direito de consulta noutros. Ao rever as suas

propostas, a Comissão tem de tomar em consideração as alterações propostas pelo Parlamento. A iniciativa da Comissão está limitada no tocante a

(23)

recomendações e pareceres. A Comissão também detém a iniciativa no domínio do orçamento - elabora o anteprojecto de orçamento que submete ao Conselho.

A Comissão não detém o direito exclusivo de iniciativa nos dois domínios da cooperação intergovernamental abrangidos pelo Tratado da União Europeia:

Política Externa e de Segurança Comum e cooperação em matéria de Justiça e Assuntos Internos. Mas pode apresentar propostas e participa nos debates a todos os níveis.

Guardiã dos Tratados

Uma das responsabilidades mais importantes da Comissão consiste em garantir que o direito comunitário é devidamente aplicado pelos Estados-

Membros. Se se considerar que um Estado-Membro não cumpriu qualquer das obrigações que lhe incumbem por força do Tratado, a Comissão pode

desencadear um processo - normalmente um processo por incumprimento -, notificando o Estado-Membro em causa no sentido de este apresentar as suas observações. Caso essas observações não satisfaçam a Comissão, esta formulará um parecer fundamentado, exigindo-lhe que regularize a situação em causa num prazo determinado. Seguidamente, a acção da Comissão poderá incluir uma acção judicial no Tribunal de Justiça. Em determinadas

circunstâncias, a Comissão pode aplicar sanções pecuniárias a particulares, empresas e organizações por infracção ao Tratado.

Gestora e negociadora

A Comissão gere o orçamento anual da União, sendo responsável pela despesa pública e pela gestão dos quatro fundos comunitários mais importantes. O Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola e os fundos estruturais chamam a si uma parte considerável do orçamento e têm como objectivo reduzir as disparidades económicas entre as regiões mais ricas e as regiões mais pobres.

O papel da Comissão Europeia é também caracterizado pelas suas importantes responsabilidades executivas:

delega poderes para criar regras para aspectos mais específicos da legislação do Conselho;

pode introduzir medidas preventivas durante um período limitado para proteger o mercado comunitário do dumping de países terceiros;

(24)

aplica as regras de concorrência do Tratado e regula as fusões e aquisições que ultrapassam uma certa dimensão.

A competitividade da UE no mundo é ampliada pelo papel da Comissão

enquanto negociador de acordos internacionais de comércio e cooperação com países terceiros, ou grupos de países, que são depois apresentados ao

Conselho para celebração. Neste âmbito, a Comissão tem também

responsabilidades importantes nos programas de ajuda e de desenvolvimento nos países terceiros.

Papel da Comissão Europeia no processo legislativo

Devido à posição central que ocupa na estrutura da União Europeia, a Comissão mantém relações privilegiadas com cada uma das outras

instituições. Colabora sobretudo com o Conselho de Ministros e o Parlamento Europeu na preparação da legislação comunitária e participa nas reuniões do Conselho e do Parlamento. Além disso, o presidente da Comissão participa, conjuntamente com os chefes de Estado e de Governo dos Estados-Membros, nas reuniões semestrais do Conselho Europeu. O presidente participa também, enquanto representante da União, nas cimeiras económicas anuais do grupo dos sete países mais industrializados (G7).

A Comissão é responsável perante o Parlamento Europeu, que dispõe de poderes para a demitir através da aprovação de uma moção de censura. A Comissão participa em todas as sessões do Parlamento Europeu e tem de explicar e justificar as suas políticas sempre que tal seja solicitado pelos deputados. A Comissão tem ainda de responder às perguntas escritas e orais dos deputados do PE.

A acção da Comissão envolve regularmente o Tribunal de Justiça Europeu, que tem a última palavra em matéria de direito comunitário. A Comissão submete ao Tribunal os casos de incumprimento de regulamentos ou directivas por parte dos governos ou das empresas. As empresas e os Estados-Membros também podem propor uma acção no Tribunal quando pretendem recorrer das sanções pecuniárias aplicadas pela Comissão.

A gestão do orçamento comunitário efectuada pela Comissão é controlada pelo Tribunal de Contas, cujas funções consistem em verificar a legalidade e a regularidade das receitas e despesas e em garantir a boa gestão financeira do orçamento da União Europeia. O objectivo comum destas duas instituições

(25)

consiste em eliminar a fraude e o desperdício de verbas. Cabe ao Parlamento Europeu, com base no relatório do Tribunal de Contas, dar quitação à

Comissão da execução do orçamento anual.

Por último, a Comissão trabalha em estreita colaboração com os dois órgãos consultivos da UE, o Comité Económico e Social e o Comité das Regiões, que consulta na maior parte dos seus projectos de actos legislativos.

Parlamento Europeu

Funções e responsabilidades

O Parlamento Europeu (PE), enquanto instituição, representa os 370 milhões de cidadãos da União Europeia. Trata-se do maior parlamento multinacional do mundo e constitui a base democrática da Comunidade. Desde 1979 são

realizadas eleições directas para o Parlamento Europeu de cinco em cinco anos em todos os Estados-Membros da UE. A composição do PE representa as principais correntes políticas da UE. Actualmente, os mandatos mais importantes do PE são os seguintes:

poder legislativo: o PE examina as propostas da Comissão e está associado ao Conselho no processo legislativo através de vários procedimentos;

poderes orçamentais: o PE compartilha os poderes orçamentais com o Conselho através da votação do orçamento anual e do controlo da sua execução;

fiscalização do poder executivo: o PE detém o poder de fiscalização das actividades da União através da confirmação da nomeação da

Comissão, do direito de censurar a Comissão e das perguntas escritas e orais que pode endereçar à Comissão e ao Conselho.

Estes papéis reflectem-se nos processos de trabalho do PE.

Papel do Parlamento Europeu no processo legislativo Poder legislativo

Originalmente, o Tratado de Roma (1957) conferiu ao Parlamento Europeu (PE) um papel meramente consultivo, cabendo à Comissão propor legislação e ao Conselho de Ministros aprová-la. Os tratados subsequentes ampliaram a influência do PE de um papel exclusivamente consultivo até ao pleno

envolvimento no processo legislativo da Comunidade. Actualmente, o PE tem poderes para alterar e até adoptar legislação. Assim, num vasto leque de áreas

(26)

o poder decisório é compartilhado pelo Conselho e o PE. Em função da base jurídica, o PE participa, em diferentes graus, na elaboração da legislação comunitária. Ver-se-ão em seguida as diferentes bases jurídicas e

procedimentos associados previstos nos Tratados.

Procedimento de co-decisão

De acordo com o Tratado de Amesterdão, o procedimento de co-decisão simplificado partilha o poder decisório de forma igual entre o PE e o Conselho.

Um acto legislativo é adoptado se o Conselho e o PE estiverem de acordo na primeira leitura. Se não estiverem de acordo, é convocado um "Comité de Conciliação" - constituído por igual número de membros do Parlamento e do Conselho e com a presença da Comissão -, que tentará obter um compromisso em relação a um texto que o Conselho e o Parlamento possam ambos

posteriormente aprovar. Se a conciliação não resultar em acordo, o Parlamento pode rejeitar imediatamente a proposta por maioria absoluta. O procedimento de co-decisão, que reforça o papel do PE enquanto co-legislador, é aplicável a um vasto leque de domínios (39 bases jurídicas no Tratado CE),

nomeadamente: livre circulação de trabalhadores, defesa do consumidor, educação, cultura, saúde e redes transeuropeias.

Procedimento de consulta

O procedimento de consulta requer um parecer do PE antes de o Conselho poder adoptar a proposta legislativa da Comissão. Nem a Comissão nem o Conselho são obrigados a aceitar as alterações contidas no parecer do PE.

Logo que o PE tenha formulado um parecer, o Conselho pode adoptar a proposta com ou sem alterações. O PE, todavia, pode recusar-se a formular um parecer. O procedimento de consulta é aplicável à agricultura (fixação de preços), fiscalidade, concorrência, harmonização da legislação não relacionada com o mercado interno, política industrial, alguns aspectos da política social e ambiental (sujeitos à unanimidade), a maioria dos aspectos do espaço de liberdade, segurança e justiça e a adopção de regras gerais e princípios de comitologia. No tocante à aproximação das disposições legislativas e

regulamentares, este procedimento também é aplicável a um novo instrumento de decisão-quadro criado pelo Tratado de Amesterdão no âmbito do terceiro pilar.

(27)

Procedimento de cooperação

O procedimento de cooperação permite ao PE propor alterações para melhorar a legislação proposta. É necessário um parecer e duas leituras pelo PE, o que dá amplas oportunidades aos deputados para examinar e alterar a proposta da Comissão e a posição inicial do Conselho. A Comissão indica as alterações que aceita antes de transmitir a sua proposta ao Conselho. O resultado

seguinte é uma "posição comum" do Conselho. Na segunda leitura, o Conselho é obrigado a ter em conta as alterações do PE adoptadas por maioria absoluta no caso de terem sido integradas pela Comissão. O Tratado de Amesterdão simplificou os diferentes procedimentos legislativos ampliando

significativamente o procedimento de co-decisão, que, na prática, quase

substituiu o procedimento de cooperação. Consequentemente, o procedimento de cooperação é aplicável a muito poucos casos (duas disposições sobre a UME).

Procedimento de parecer favorável

O procedimento de parecer favorável é aplicável às áreas legislativas em que o Conselho delibera por unanimidade e está limitado, desde o Tratado de

Amesterdão, à organização e aos objectivos dos fundos estruturais e de Coesão. O parecer favorável do PE é igualmente necessário para acordos internacionais importantes celebrados entre a União e um país ou grupo de países não membros, nomeadamente a adesão de novos Estados-Membros e acordos de associação com países terceiros (é necessária a maioria absoluta de todos os deputados).

Direito de iniciativa

A partir do Tratado de Maastricht, o PE possui um direito limitado de iniciativa na medida em que pode solicitar à Comissão que apresente uma proposta.

Poderes orçamentais

Sendo um dos dois ramos da autoridade orçamental, o Parlamento Europeu está envolvido no processo orçamental a partir da fase de preparação, nomeadamente definindo as orientações gerais e o tipo de despesa.

Fiscalização do poder executivo

O poder executivo na UE é compartilhado entre a Comissão e o Conselho de Ministros; os seus representantes deslocam-se frequentemente ao Parlamento.

(28)

O PE detém uma função de fiscalização política global sobre a forma como as políticas são conduzidas ao exercer o controlo democrático sobre o poder executivo.

Recursos para o Tribunal de Justiça

Em casos de alegada violação do Tratado por outra instituição, o PE pode recorrer ao Tribunal de Justiça utilizando vários expedientes:

o direito de intervenção, ou seja, de apoiar uma das partes numa acção no Tribunal de Justiça;

uma acção por "omissão" - o Parlamento pode propor uma acção no Tribunal contra uma instituição por violação do Tratado;

tendo em vista salvaguardar as suas prerrogativas, o PE pode interpor um recurso para anular um acto de outra instituição O PE pode ser a parte demandada num recurso contra um acto adoptado através do procedimento da co-decisão ou quando os seus actos se destinem a produzir efeitos em relação a terceiros.

O Parlamento Europeu e os cidadãos da UE Petições

O PE define-se a si próprio como o guardião dos interesses europeus e o defensor dos direitos dos cidadãos. Nesse sentido, os cidadãos da UE usufruem - individualmente ou em grupo - do direito de petição ao PE.

Provedor de justiça europeu

O PE também nomeia um provedor de justiça cujas responsabilidades principais definidas no Tratado da UE são:

melhorar a protecção dos cidadãos em casos de má administração;

reforçar a responsabilidade democrática das instituições comunitárias.

Para o efeito, o provedor de justiça tem poderes para receber e investigar queixas apresentadas por cidadãos da UE respeitantes a casos de má administração na actuação das instituições ou órgãos comunitários. As pessoas singulares ou colectivas com residência ou sede estatutária num Estado-Membro podem igualmente consultar o provedor de justiça.

(29)

4. Papel dos órgãos consultivos da UE Comité Económico e Social

Funções e responsabilidades

O Comité Económico e Social (CES) desempenha um importante papel consultivo. Sendo um órgão não político e consultivo, o CES oferece aos parceiros económicos e sociais da Europa (empregadores, trabalhadores, organizações sindicais, consumidores, etc.) a oportunidade de emitirem formalmente a sua opinião sobre as políticas da UE. Neste contexto, o papel consultivo do Comité permite aos seus membros, e através deles às

organizações que representam, participar no processo decisório da UE. A composição do CES reflecte o objectivo global de ter em conta os diferentes interesses económicos e sociais em todos os Estados-Membros.

Papel do Comité Económico e Social no processo legislativo O CES aconselha a Comissão, o Conselho e o Parlamento Europeu

informando-os da sua opinião sobre determinadas matérias. A opinião do CES é veiculada através de pareceres elaborados pelos representantes dos

diferentes sectores económicos e sociais da União Europeia.

O CES pode emitir dois tipos diferentes de parecer:

1. Consulta obrigatória

Em determinados domínios, uma decisão apenas pode ser tomada após o Conselho ou a Comissão ter consultado o CES. É o caso dos

seguintes domínios: política agrícola, livre circulação de pessoas e serviços, política de transportes, harmonização da fiscalidade indirecta, aproximação das legislações para o mercado interno, política de

emprego, política social, educação, formação profissional e política de emprego dos jovens, saúde pública, defesa do consumidor, redes transeuropeias, política industrial, coesão económica e social, investigação e desenvolvimento tecnológico e meio ambiente.

2. Consulta voluntária

O CES pode igualmente formular pareceres exploratórios se a Comissão, o Conselho ou o Parlamento Europeu solicitarem que se pronuncie sobre assuntos específicos com vista a acção futura.

(30)

3. Pareceres da sua própria iniciativa

O CES pode decidir expressar os seus pontos de vista e emitir um parecer sobre qualquer assunto que considere de interesse.

Todos os pareceres do CES são publicados no Jornal Oficial da UE após terem sido transmitidos aos órgãos decisórios das Comunidades.

Comité das Regiões

Funções e responsabilidades

Criado pelo Tratado de Maastricht como órgão consultivo independente, o principal objectivo do Comité das Regiões (CR) consiste em defender os interesses comuns das autoridades locais e regionais e os cidadãos da UE no processo decisório comunitário. Uma das metas fundamentais do CR consiste em reforçar a coesão económica e social dos Estados-Membros e agir como guardião do princípio de subsidiariedade. As principais atribuições do CR incluem:

oferecer às outras instituições das UE o ponto de vista local e regional sobre as propostas e políticas da União;

informar os cidadãos sobre as políticas comunitárias decididas e executadas pela União Europeia.

A composição do CR caracteriza-se pela representação equitativa das autoridades locais e regionais.

Papel do Comité das Regiões no processo legislativo

O CR pode formular diferentes tipos de pareceres que são transmitidos ao Conselho, à Comissão e ao Parlamento Europeu e publicados no Jornal Oficial das Comunidades Europeias:

pareceres emitidos a pedido de outras instituições (obrigatórios ou consulta voluntária);

pareceres emitidos por iniciativa própria do CR.

1. Pareceres emitidos a pedido de outras instituições

De acordo com o Tratado da UE, o Conselho e a Comissão são obrigados a consultar o CR sobre determinados assuntos antes de tomar uma decisão. Nestes assuntos incluem-se domínios específicos nos quais as autoridades locais e regionais têm responsabilidades.

(a) Consulta obrigatória

(31)

o Coesão económica e social (acções específicas; definição das missões, dos objectivos prioritários e da organização dos fundos estruturais; aplicação de decisões relativas ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional);

o transportes, telecomunicações e redes de energia a nível transeuropeu;

o saúde pública;

o educação, formação profissional e juventude;

o cultura.

Na sequência do Tratado de Amesterdão, as competências do CR enquanto órgão consultivo foram alargadas a mais quatro domínios de consulta obrigatória: emprego, questões sociais, meio ambiente, formação e transporte. Além disso, o Parlamento Europeu pode agora consultar o CR sobre assuntos de interesse mútuo.

(b) Consulta voluntária

O CR também pode ser consultado pela Comissão, Conselho ou PE sobre qualquer outro assunto.

2. Pareceres emitidos por sua própria iniciativa (a) CES

Quando o Conselho consulta o Comité Económico e Social ou a Comissão, o CR é igualmente informado. Poderá, então, emitir um parecer sobre o assunto se considerar que os interesses regionais são afectados.

(b) Prática geral

O CR pode emitir um parecer noutros domínios sempre que o entender.

5. Papel das outras instituições ou órgãos da UE

Tribunal de Justiça Europeu e Tribunal de Primeira Instância Europeu O Direito Comunitário é directamente aplicável pelos tribunais de todos os Estados-Membros da UE. Neste contexto, o papel do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Primeira Instância consiste em oferecer uma protecção judicial em

(32)

relação ao cumprimento do ordenamento jurídico comunitário. A missão fundamental é garantir o respeito do direito comunitário na interpretação e aplicação tanto dos Tratados como de todas as acções comunitárias. O Tribunal de Primeira Instância foi criado em 1989 para aliviar o volume de trabalho crescente do Tribunal de Justiça. O objectivo não consistia apenas em melhorar a protecção dos interesses dos cidadãos através da criação de um duplo grau de jurisdição, mas também retirar uma parte do volume de trabalho ao Tribunal de Justiça de molde a permitir-lhe concentrar-se na sua missão essencial.

Funções e responsabilidades do Tribunal de Justiça

O Tribunal de Justiça enquanto instituição judicial e órgão de controlo tem tido uma influência muito importante na evolução do direito comunitário, tendo-lhe sido atribuídas várias missões e competências que extravasam a sua função judicial tradicional. A composição do Tribunal de Justiça reflecte o seu objectivo fundamental: melhorar a protecção judicial dos cidadãos e garantir a

interpretação uniforme do direito comunitário.

Responsabilidades e poderes em:

litígios entre Estados-Membros;

litígios entre a UE e Estados-Membros;

litígios entre instituições;

litígios entre cidadãos e a UE;

pareceres sobre acordos internacionais.

As diferentes espécies de acções e recursos incluem:

acção por incumprimento;

recurso de anulação;

acção por omissão;

acção de indemnização;

recurso ordinário;

processo de reenvio prejudicial.

Os pedidos de decisão prejudicial são de importância vital para a interpretação uniforme do direito comunitário. As decisões a título prejudicial ocorrem quando os tribunais nacionais suspendem a instância e reenviam para o Tribunal de Justiça questões de direito comunitário necessárias ao processo em causa,

Referências

Documentos relacionados

para o processo de investigação, uma vez que é com base nos diários de campo.. que os investigadores conseguem analisar e refletir sobre os dados recolhidos, permitindo

Mandava DeosNoíToSenhor, queomatadoríerecolhcíiea huma daquellas Cidades de refugio,& dahi náo fahifle, ate a morte do Pon- tiíicí?;porèm tanto que o Pontífice fofie

No primeiro livro, o público infantojuvenil é rapidamente cativado pela história de um jovem brux- inho que teve seus pais terrivelmente executados pelo personagem antagonista,

A través de esta encuesta fue posible comprender el desconocimiento que existe sobre este tema y lo necesario que es adquirir información para poder aplicarla y conseguir

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

psicológicos, sociais e ambientais. Assim podemos observar que é de extrema importância a QV e a PS andarem juntas, pois não adianta ter uma meta de promoção de saúde se

De forma a sustentar esta ideia, recorro a Costa et.al (1996, p.9) quando afirmam que “A aprendizagem da profissão docente não principia com a frequência de um

We approached this by (i) identifying gene expression profiles and enrichment terms, and by searching for transcription factors in the derived regulatory pathways; and (ii)