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Malvinas: uma solução impossível?

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Academic year: 2021

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Malvinas: uma solução impossível?

Luiz Felipe Lampreia¹ Ano: 2012

¹É membro do Conselho Curador do CEBRI, diplomata e foi ministro das Relações Exteriores do governo Fernando Henrique Cardoso.

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CEBRI – Centro Brasileiro de Relações Internacionais

Malvinas: uma solução impossível?

Luiz Felipe Lampreia Ano: 2012

Este texto foi publicado no jornal El Cronista.

As opiniões expressadas neste documento são de única responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do CEBRI.

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CEBRI Textos – Malvinas: uma solução impossível?

Luiz Felipe Lampreia

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Luiz Felipe Lampreia

O dia 2 de abril será uma ocasião de revisitar os dolorosos sentimentos que, trinta anos depois, a guerra das Malvinas desperta no povo argentino. Querelas territoriais são revestidas de emoções profundas que se aprendem na infância e nunca deixam de tocar corações e mentes de uma nação.

O Brasil teve o privilégio histórico, que lhe foi legado há mais de cem anos pelo seu grande chanceler, o Barão do Rio Branco, de escapar deste destino. Não temos sob contestação um centímetro sequer de nossas extensas fronteiras com dez vizinhos. Por isso, nossa visão há de sempre preconizar o entendimento e a solução pacífica de controvérsias, mesmo reconhecendo desde sempre o direito argentino sobre as Malvinas.

O episódio de trinta anos atrás é suficientemente recente para que sua invocação toque em cordas muito sensíveis e dificulte um entendimento diplomático. Os governos de ambos os países envolvidos são tentados a encarar o tema da soberania das Malvinas como um ponto de honra nacional. Em particular, o governo da presidente Cristina Fernandez de Kirchner tem atuado de modo contundente contra os britânicos, com um discurso agressivo que certamente não vai conduzir a um entendimento. Após cem dias de seu segundo governo, a presidente da Argentina começa a sofrer desgastes e reviver a questão das Malvinas deve ter-lhe parecido uma boa estratégia política de superação de dificuldades políticas. A

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história está cheia de exemplos de utilização de memórias amargas de guerras perdidas como base para iniciativas revanchistas, que geralmente conduzem a mais frustrações. Por exemplo, a questão das grandes províncias da Alsácia e Lorena, que a França havia perdido para a Alemanha em 1870 após a derrota de Sedan, permaneceu por quarenta e quatro anos como a dor profunda de uma amputação, alimentando um desejo de revanche. Mas Léon Gambetta, um grande patriota e primeiro ministro da França, preconizava:“pense sempre, mas não fale nunca neste tema (penses-y toujours n’en parlez jamais).”

Os únicos beneficiários de uma campanha nacionalista estridente são os governos que a fomentam. Eles jogam com as emoções de suas sociedades e não medem as consequências negativas para a solução de questões altamente controversas.

Vejam-se os dividendos de popularidade que estão colhendo hoje tanto Cameron quanto Cristina. Mas estes ganhos de curto prazo protelam - por um múltiplo crescente - uma solução diplomática equilibrada e, portanto aceitável para ambas as partes. Se para Londres um abordagem construtiva do assunto já era em si muito problemática, agora ela se tornou impensável- por que teria um tom de capitulação- e assim permanecerá por uma geração pelo menos.

Já para o governo argentino a perspectiva realista é, apenas, de colher os dividendos políticos e desviar o foco de assuntos menos agregadores.

Guido Di Tella, o grande chanceler argentino da década de noventa, tinha uma visão clara, embora ingênua na aparência, do

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caminho correto quando buscava pacificar os habitantes das Malvinas por meios simples como o envio pessoal de cartões de Natal e gestos de boa vontade. Ele percebeu que o nervo central da questão era reconhecer os ilhéus como sujeitos de direito e conquistar gradualmente sua confiança para permitir que o governo de Londres examinasse com seriedade fórmulas que possibilitassem uma solução negociada com a Argentina. Ao contrário, posta a soberania como primeiro item e sendo a posição argentina de que ela é inegociável, constrói-se uma equação insolúvel, salvo na hipótese impossível de uma postura vergonhosa do governo britânico.

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