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FUNDAMENTOS DE FUNDAMENTOS ESCOLAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR FUNDAMENTOS

DE EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR

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Sumário

1 EDUCAÇÃO FÍSICA ... 3

1.1 História ... 3

1.2 Conceitos ... 10

1.3 Finalidades ... 11

1.4 Importância social, cultura corporal e cidadania ... 14

2 O ESPORTE NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 18

2.1 O esporte no contexto escolar ... 19

2.2 Sua Importância ... 22

2.3 Consequências e benefícios ... 22

REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ... 25

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1 EDUCAÇÃO FÍSICA

Educação física é uma expressão que surge no século XVIII, em obras de filósofos preocupados com a educação. A formação da criança e do jovem passa a ser concebida como uma educação integral – corpo, mente e espírito – , como desenvolvimento pleno da personalidade. A educação física vem somar-se à educação intelectual e à educação moral. Essa adjetivação da palavra educação demonstra uma visão ainda fragmentada do homem. O atual currículo escolar obedece aos critérios de divisão do conhecimento que impera na ciência moderna. A matemática, as ciências, as línguas, a geografia, etc.

correspondem às áreas do saber científico e erudito que se desenvolveram especializada e isoladamente, com base em um modelo de ciência que também remonta há dois ou três séculos. A Educação Artística, a Educação Moral e Cívica e a Educação Física não se enquadram nesses limites e ocupam hoje um lugar incômodo na Escola, o que leva ao questionamento tanto delas próprias, como da educação escolarizada e suas finalidades (BETTI E ZULIANI, 2002).

Nesse contexto, os mesmo autores acima ressaltam que é compreensível que a tradição educacional brasileira tenha situado, desde a década de 1920, a Educação Física como uma atividade complementar e relativamente isolada nos currículos escolares, com objetivos no mais das vezes determinados de fora para dentro: treinamento pré-militar, eugenia, nacionalismo, preparação de atletas, etc., o que nos proporcionará ao longo do curso algumas discussões mais profundas que levem o profissional a refletir sobre os rumos que deve tomar sua práxis educativa.

1.1 História

Surgimento da atividade física

Segundo Alves (2007) a atividade física surgiu com o aparecimento do ser humano, sendo condição à sua própria vida e aos poucos, essa atividade

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foi se delineando como uma área de conhecimento significativo para a manutenção da vida humana.

Os exercícios físicos, no âmbito escolar, enquanto jogos, danças, ginásticas, equitação, surgiram na Europa em meados do século XVIII e início do século XIX. Foi durante esse período que se construiu e se consolidou a sociedade capitalista e a Educação Física passou a ter um papel de destaque, pois, para essa nova sociedade, tornava-se necessário construir um novo homem: mais forte, mais ágil, mais empreendedor (SOARES et al, 1992, p. 51).

Segundo estudos de Braid (2003) a Educação Física “nasceu” e floresceu no Brasil do século XIX, em consequência das preocupações dos médicos higienistas com a alta taxa de mortalidade da população branca brasileira devido a falta de cuidados básicos de higiene.

Assim, a necessidade de proporcionar atividades saudáveis que levassem a homens preparados para atividades intelectuais e mulheres prontas a gerar filhos fortes e cuidar da família levou à obrigatoriedade da Educação Física. Essa sua função higienista perdurou por todo o século XIX (BRAID, 2003).

Em se tratando do século XX, esse caráter utilitário proveniente do século XIX permaneceu forte, principalmente decorrente de uma sociedade sedentarizada provocada pela tecnologia emergente, principalmente pelos meios de transporte (CASTELLANI FILHO, 1991).

Para situar a evolução da educação física no Brasil, Braid (2003) divide o século XX em três períodos: o estado novo, a ditadura militar e a pós-ditadura ou período de abertura política.

Durante o período do Estado Novo, a Educação Física continuou a servir como instrumento de ideologia do poder constituído, ganhando novos objetivos:

o de voltar-se para o atendimento das necessidades de segurança nacional frente aos perigos internos (revoltas existentes no país) e externos (entrada do Brasil na 2ª guerra mundial); e atender a demanda de mão de obra fisicamente adestrada e capacitada a assegurar o processo acelerado de industrialização implantado no país (BRAID, 2003).

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Com o fim do Estado Novo, iniciou-se uma série de discussões envolvendo como temática a educação e especificamente, houve um interesse acentuado pela Educação Física, enquanto elemento curricular. Como consequência dos debates surgiu a proposta de um novo enfoque para esta disciplina, qual seja o de integrá-la como disciplina educativa por excelência no âmbito da rede pública de ensino (BRAID, 2003).

Com a chegada da ditadura militar, o governo investiu na Educação Física e no esporte. Foi um período de massificação do esporte e grande divulgação dos “feitos” dos atletas de alto nível, transformados em “heróis da pátria” (BRAID, 2003).

A ditadura foi pródiga em enaltecer a necessidade da prática da Educação Física em todos os níveis de ensino, sendo inclusive nesse período que instituiu a obrigatoriedade desta no Ensino Superior. Esta obrigatoriedade é analisada como uma tentativa de ocupação do tempo do estudante universitário, isolando-o de outros movimentos socialmente importantes para a época (BRAID, 2003).

As aulas de Educação Física eram ministradas por homens do exército, que traziam consigo todo o rigor, disciplina e hierarquia das instituições militares.

Até o início dos anos 1940, os professores de Educação Física que trabalhavam nas escolas eram formados por instituições militares. Somente em 1939 foi criada a primeira escola civil de formação de professores de Educação Física (Brasil, Decreto-lei nº 1212, de 17 de abril de 1939, citado por SOARES et al, 1992).

Nunes (2007) citando os PCN para educação Física (1998) resume assim a primeira metade do século XX:

No século XX, a Educação Física escolar sofreu, no Brasil, influências de correntes de pensamento filosófico, tendências políticas, científicas e pedagógicas. Assim, até a década de 1950, a Educação Física ora sofreu influências provenientes da filosofia positivista, da área médica (por exemplo, o higienismo), de interesses militares (nacionalismo, instrução pré-militar), ora

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acompanhou as mudanças no próprio pensamento pedagógico (por exemplo, a vertente escolanovista na década de 1950).

Após a Segunda Guerra Mundial, o Método Desportivo Generalizado se proliferou por todos os países, sob influência da cultura europeia como elemento predominante nas práticas corporais. Podendo ser creditado esse fato a Guerra Fria, pois igualmente os países do Bloco Socialista e do Bloco Capitalista começaram a investir mais no Esporte, acreditando ser este, um meio de demonstrar a superioridade de um sistema sobre o outro (NUNES, 2007).

Buscou-se então a eficiência e eficácia no esporte, através do aperfeiçoamento do gesto motor, denominada de pedagogia tecnicista, que imperou durante o período pós-1970.

Segundo Soares et al (1992, p. 55 e 56), nas décadas de 1970 e 1980 emergem movimentos renovadores na Educação Física como a Psicomotricidade, a pedagogia humanista e um movimento chamado Esporte Para Todos (EPT). A psicomotricidade privilegia o estímulo ao desenvolvimento psicomotor, a estruturação do esquema corporal e as aptidões motoras. Na pedagogia humanista, o conteúdo passa a ser meio para promover relações interpessoais e facilitar o desenvolvimento da natureza da criança. E no EPT, a antropologia serve de base, colocando a autonomia do ser humano no centro.

Para Alves (2007), foram nos anos 1980 que aconteceram as maiores mudanças na construção de conhecimentos dessa área. Os estudos e pesquisas ampliaram-se para outras áreas dando um outro significado ao movimento e apesar de ter iniciado um tempo de uma Educação Física instrumental, a educação do movimento ganhou novos ares, iniciando-se uma nova visão do movimento, não apenas como deslocamento ou estagnação de um corpo num tempo e num espaço, mas o entendimento do significado da ação, da linguagem desse movimento e desse ser humano.

No início dos anos 1990 é configurada uma proposta sistematizada para Educação Física: A Educação Física Crítico-Superadora que tem como objeto de estudo a Cultura Corporal.

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Soares et al, (1992, p. 38) afirma que, são [...] formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismos, mímica e outros [...]

Alves (2007) vai além, inferindo que os anos 1990 marcam a ligação do movimento a comunicação, a expressão do corpo e suas linguagens individuais na formação das culturas humanas. A Educação Física consegue regulamentar-se ampliando as discussões sobre seus conceitos e definições, e principalmente sobre sua atuação na sociedade.

Na contemporaneidade, Bueno (2000 apud Nunes 2007) infere que a ação supervisora se encaminha para continuar no sentido progressista adotado a partir dos anos 1980, porém ainda encontra resistência se confrontado com ideias de uma supervisão tecnoburocrática de tempos passados.

Conforme Braid (2003), desde a última década do século XX pesquisadores vêm identificando uma crise de identidade pela negação de paradigmas existentes e ausência de novos que os substituíssem. E até os dias atuais, as discussões são muitas em busca de mudanças quanto a questões filosóficas e didático-metodológicas.

Darido (apud BRAID, 2003) fala que em termos teóricos, muitas resoluções têm sido discutidas e encaminhadas, porém constata que em relação à prática, ainda há um longo caminho a percorrer.

Abaixo temos um quadro com breve linha do tempo da educação física no Brasil.

 Chegada no Brasil em 1810 - academia real militar

 1874 - estendida às mulheres

 Fase higienista - até 1930

 Fase da militarização (1930 - 1945)

 Fase da pedagogização (1945 - 1964)

 Fase competitivista (1964)

 Fase popular (após abertura democrática)

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 Fase com tendência social (atualidade)

Fase Higienista - Eugenia (até 1930)

Eugenia: Estudo de medidas sócio-sanitárias, sociais e educacionais que influenciam física e mentalmente, o desenvolvimento das qualidades hereditárias dos indivíduos e, portanto das gerações.

1822 - Rui Barbosa defende parecer. Crítica da elite dominante. Trabalho físico x trabalho intelectual. Rui e Fernando de Azevedo colocavam o físico a serviço do intelecto. Ressaltavam a importância da eugenização. Visão da mulher frágil que deveria se tornar forte e sadia para gerar filhos. Liberação da Educação física para mulheres com prole. (Só em 1979 o CND derrubou deliberação de sua autoria que proibia a mulher de praticar determinados esportes).

1929 - Anteprojeto do ministério da guerra passava ao Conselho Superior de Ed. Física (subordinado a ele) o papel de centralizar, coordenar e fiscalizar as atividades relativas à Educação Física e ao Desporto.

Fase da Militarização (1930 - 1945)

A Educação Física era vista como poderoso auxiliar no fortalecimento do Estado e possante meio para o aprimoramento da raça.

Constituição de 1937 - Finalidade de promover a disciplina moral e o adestramento físico de maneira a prepará-lo para o cumprimento dos seus deveres para com a economia e a defesa da nação. Defesa contra o comunismo e assegurar o processo de industrialização. Militarização do corpo:

- Moralização do corpo pelo exercício físico - O aprimoramento incorporado à raça - Ação do Estado sobre o preparo físico e suas repercussões no trabalho.

- Sugeriu-se inclusive a esterilização de doentes para impedir a geração de prole Exemplo da Juventude Hitlerista e Avanguardisti (Itália).

1938 - Proibição de matrícula no secundário para alunos cujo estado patológico impedissem que frequentassem aulas de educação física.

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1942 - Declaração de Guerra. Começou a haver desmentidos em relação a filosofia da Educação Física. Volta-se para o desenvolvimento econômico.

Criação do SENAI. O dono da indústria não era apenas o patrão do seu empregado, mas também o seu educador. Além do desporto servir para solidificar a unidade da empresa, desenvolvia a saúde e consequentemente a sua capacidade de trabalho.

Fase da Pedagogização (1945 - 1964)

Fim do Estado Novo, pré-elaboração de uma carta magna, que gerou um debate por parte de diversos educadores sobre os rumos da educação. Na prática houve apenas uma regulamentação do funcionamento e controle do que já estava estabelecido.

A Educação Física passou a ser vista como uma prática meramente educativa. A formação acadêmica na Educação Física era bastante diferenciada das demais faculdades, pois para essa exigia-se apenas o curso secundário e tinha a duração de dois anos, diferentemente de outras faculdades criadas à mesma época (Pedagogia, Filosofia e Letras) que tinha a duração de quatro anos.

A habilitação do profissional de Educação Física também era diferenciada dos demais cursos. Formavam-se profissionais nos seguintes níveis: técnicos, especialistas, monitores e professores.

Em 1945 o curso de Educação Física passa de 2 para 3 anos e em 1950 passa-se a exigir para a prestação do vestibular, o certificado de conclusão do curso clássico ou científico.

Fase Competitivista (1964)

Teve início com a revolução. Existia uma censura à imprensa e as artes que contradiziam os interesses militares. Expoentes da política, literatura, artes, música e intelectuais das mais diversas áreas eram vigiados e perseguidos, sendo muitos deles obrigados a se exilarem.

Esta fase tem um caráter altamente tecnicista.

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Educação Física = Desporto de alto nível Atleta herói

Seleção de 1970 (México). Atletas militares medalhistas em olimpíadas.

Eleva o espírito ufanista Brasileiro.

Propaganda mostra a força do povo Brasileiro e a necessidade de se acreditar no País.

1.2 Conceitos

Conceituar educação física passa necessariamente por relacionarmos atividade física com educação, pois bem:

A atividade física realizada com regularidade é uma das principais bases para a manutenção da saúde em qualquer idade, junto à correta alimentação e ao estado emocional equilibrado. A nossa saúde está relacionada diretamente à nossa atividade física. Pessoas com hábitos sedentários possuem menor aptidão física, isto é, menor capacidade para executar exercícios físicos. Por outro lado, nossas características de estrutura muscular e de nossas articulações, da constituição de nosso corpo ou de nossa capacidade cardiorrespiratória, determinam também os limites de nossa aptidão física (FARINATTI, 1995).

A educação é, antes de qualquer coisa, desenvolvimento de potencialidades e a apropriação de um conjunto de conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que são produzidos pelas classes, em uma situação histórica dada de relações para dar conta de seus interesses e necessidades. Ela é a maneira que o ser humano busca para se autorrealizar, trata-se de buscar, na educação, conhecimentos e habilidades que permitam uma melhor compreensão da realidade e envolva a capacidade de fazer valer os próprios interesses econômicos, políticos e culturais.

Educação Física é um termo usado para designar tanto o conjunto de atividades físicas não competitivas e esportes com fins recreativos, quanto a ciência que fundamenta a correta prática destas atividades, resultado de uma

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série de pesquisas e procedimentos estabelecidos. Em educação física, enquanto disciplina escolar, participam não só os melhores alunos mas também os menos bons em várias modalidades.

Educação Física Escolar é o componente curricular da educação básica caracterizada pelo ensino de conceitos, princípios, valores, atitudes e conhecimentos sobre o movimento humano na sua complexidade, nas dimensões biodinâmica, comportamental e sociocultural.

1.3 Finalidades

Numa acepção bem simplista podemos dizer que a educação física tem como objetivo ou finalidade, contribuir na formação geral dos estudantes, através do desenvolvimento de cultura das capacidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais, visando à aquisição do hábito da prática regular de atividades físicas como componente fundamental da educação para uma vida saudável. Mas para atingir esse objetivo precisamos abrir algumas discussões.

Segundo Betti e Zuliani (2002) a concepção de Educação Física e seus objetivos na escola devem ser repensados, com a correspondente transformação de sua prática pedagógica. A Educação Física deve assumir a responsabilidade de formar um cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante das novas formas da cultura corporal de movimento – o esporte- espetáculo dos meios de comunicação, as atividades de academia, as práticas alternativas, etc. Por outro lado, é preciso ter claro que a Escola brasileira, mesmo que quisesse, não poderia equiparar-se em estrutura e funcionamento às academias e clubes, mesmo porque é outra a sua função.

A Educação Física enquanto componente curricular da Educação básica deve assumir então uma outra tarefa: introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de aptidão física, em benefício da qualidade da vida. “A integração que possibilitará o usufruto da

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cultura corporal de movimento há de ser plena – é afetiva, social, cognitiva e motora. Vale dizer, é a integração de sua personalidade” (BETTI, 1994).

Para isso, não basta aprender habilidades motoras e desenvolver capacidades físicas, aprendizagem esta necessária, mas não suficiente. Se o aluno aprende os fundamentos técnicos e táticos de um esporte coletivo, precisa também aprender a organizar-se socialmente para praticá-lo, precisa compreender as regras como um elemento que torna o jogo possível (portanto é preciso também que aprenda a interpretar e aplicar as regras por si próprio), aprender a respeitar o adversário como um companheiro e não um inimigo, pois sem ele não há competição esportiva.

É tarefa da Educação Física preparar o aluno para ser um praticante lúcido e ativo, que incorpore o esporte e os demais componentes da cultura corporal em sua vida, para deles tirar o melhor proveito possível. Tal ato implica também compreender a organização institucional da cultura corporal em nossa sociedade; é preciso prepará-lo para ser um consumidor do esporte- espetáculo, para o que deve possuir uma visão crítica do sistema esportivo profissional. Que contribuição a Educação Física pode dar para o melhor usufruto do esporte-espetáculo veiculado pela televisão? Instrumentalizar o aluno para uma apreciação estética e técnica, fornecer as informações políticas, históricas e sociais para que ele possa analisar criticamente a violência, o doping, os interesses políticos e econômicos no esporte. É preciso preparar o cidadão que vai aderir aos programas de ginástica aeróbica, musculação, natação, etc., em instituições públicas e privadas, para que possa avaliar a qualidade do que é oferecido e identificar as práticas que melhor promovam sua saúde e bem-estar. É preciso preparar o leitor/espectador para analisar criticamente as informações que recebe dos meios de comunicação sobre a cultura corporal de movimento (BETTI, 1994).

Por isso, num processo de longo prazo, a Educação Física deve levar o aluno a descobrir motivos e sentidos nas práticas corporais, favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas para com elas, levar à aprendizagem de comportamentos adequados à sua prática, levar ao conhecimento, compreensão e análise de seu intelecto os dados científicos e filosóficos

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relacionados à cultura corporal de movimento, dirigir sua vontade e sua emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento (BETTI, 1994).

A Educação Física também propicia, como os outros componentes curriculares, um certo tipo de conhecimento aos alunos. Mas não é um conhecimento que se possa incorporar dissociado de uma vivência concreta. A Educação Física não pode transformar-se num discurso sobre a cultura corporal de movimento, sob pena de perder a riqueza de sua especificidade, mas deve constituir-se como uma ação pedagógica com aquela cultura. Essa ação pedagógica a que se propõe a Educação Física será sempre uma vivência impregnada da corporeidade do sentir e do relacionar-se. A dimensão cognitiva far-se-á sempre sobre esse substrato corporal (BETTI E ZULIANI, 2002).

A Educação Física deve, progressiva e cuidadosamente, conduzir o aluno a uma reflexão crítica que o leve à autonomia no usufruto da cultura corporal de movimento (BETTI, 1994).

No campo da educação física escolar, temos evidentemente a educação motora com objetivos de ampliar as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais, desenvolvendo assim, também o movimento humano, pois ele é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço:

constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo assim como levar as crianças a expressarem sentimentos, emoções e pensamentos.

A Educação Motora na instituição deve ser levada a sério, enquanto objetivo da educação física escolar, sendo aplicada com diferenciação por faixa etária e respeitando as diferenças individuais e grau de maturidade das crianças, conduzida de forma lúdica (recreativa), levando-as a fazer uso de diferentes gestos, posturas e expressões corporais com intencionalidade, ou seja, objetivando desenvolver áreas específicas como: coordenação motora dos grandes e pequenos músculos, equilíbrio, velocidade, agilidade, ritmo, assim como também correr, saltar, pular, rastejar, arremessar, entre outros;

utilizando materiais e métodos como: circuito com atividades recreativas,

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bambolê, cordas, atividades de roda, pneu, bolas de diferentes tamanhos e espessuras, entre outros, fazendo com que a criança se sinta segura, para arriscar e vencer desafios, proporcionando conhecimento a cerca de si mesma, dos outros e do meio em que vive (FRANCO, 2009).

1.4 Importância social, cultura corporal e cidadania

Segundo Mendes, Mendes e Pontes (2006) a educação física através de atividades afetivas, psicomotoras e sociopsicomotoras, constitui-se num fator de promoção da totalidade do ser humano. Possui também um impacto positivo no conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida das crianças, proporcionando nas atividades psicomotoras uma facilitação no seu acompanhamento e desenvolvimento.

Também é função da educação física instrumentalizar os indivíduos para participação plena na vida pública, como cidadãos, o que nos reporta a sua importância social e exercício pleno da cidadania.

Olhando por este lado ela é uma prática sociocultural importante para o processo de construção da cidadania dos indivíduos. Pelo seu repertório sócio- comunicativo, a educação física, enquanto disciplina curricular de socialização da cultura corporal, reúne um rico patrimônio cultural tanto de dimensão universal (esportes e ginásticas institucionalizadas, etc.), quanto particulares (jogos e brincadeiras populares, esportes locais, etc.).

Acrescenta-se o fato de que o ensino sistematizado da educação física, além de possibilitar o aumento do repertório de conhecimentos/habilidades, bem como a compreensão e a reflexão sobre a cultura corporal, é entendida como uma das formas de linguagem e expressão comunicativa que, como qualquer prática social, é eivada de significados, sentidos, códigos e valores, que influenciam a formação do ser humano. Neste contexto conceitual, a educação física pode adquirir uma autonomia pedagógica que a legitime no currículo escolar da educação básica (RESENDE; SOARES, 1996).

No sentido de superar as proposições consideradas reducionistas e mecânicas que vem norteando o trabalho pedagógico da educação física

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(fundamentalmente, a aptidão física e a preparação esportiva), os autores acima associam a tendência conceitual que concebe a educação física na perspectiva da cultura corporal, privilegiando, em termos específico à socialização do homem no campo do lazer-cultura-qualidade de vida

Cabe esclarecer que a expressão cultura corporal não pressupõe uma visão fragmentada do homem porque é difícil imaginar uma atividade humana que não seja culturalmente produzida pelo homem, assim como é difícil imaginar uma atividade cultural manifesta que não seja corporal. O sentido do termo corporal, na perspectiva apresentada, é de unidade/totalidade, na medida em que as produções intelectuais ou cognoscitivas e sócio-afetivas são materializadas e difundidas corporalmente (RESENDE; SOARES, 1996, p.11).

O ensino da educação física, na perspectiva da cultura corporal, tem como objetivo geral possibilitar aos alunos a vivência sistematizada de conhecimentos e habilidades da cultura corporal, balizada por uma postura crítica, no sentido da aquisição da autonomia necessária a uma prática intencional e permanente, que considere o lúdico e os processos sócio- comunicativos, na perspectiva do lazer, da formação cultural e da qualidade coletiva de vida.

Segundo Resende e Soares (1997) no sentido de fazer entender as relações existentes entre a prática social global e a prática da cultura corporal, os alunos deverão ser gradativamente estimulados a praticar e refletir criticamente a respeito das possibilidades, limitações, paradoxos e mitos que se manifestam no âmbito das práticas da cultura corporal.

Necessário também é desvelar o conjunto orgânico de valores sociais, morais, éticos e estéticos subjacentes a cultura corporal identificados com a formação de uma cidadania humanista e democrática, em crítica àqueles que reproduzem a marginalização, os estereótipos, o individualismo, a competição discriminatória, a intolerância com as diferenças, dentre outros valores que reforçam as desigualdades, o autoritarismo, etc. (RESENDE E SOARES, 1996).

Para Barros Neto (1997) ao contrário do que muitos pensam a educação física escolar não deve ser totalmente dissociada do esporte, já que um de

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seus objetivos consiste em promover a socialização e interação entre seus alunos, o que há de se reconhecer que o esporte proporciona. O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na escola é que ele muitas vezes transfere para o aluno uma carga de responsabilidade muito alta quanto à obtenção de resultados, o que afeta a criança psicologicamente de uma forma negativa. Desta maneira, as atividades recreativas e rítmicas poderiam ser consideradas como meios mais eficazes para promover esta socialização dos alunos que a educação física escolar tanto apregoa, uma vez que normalmente são realizadas em grupos os quais obedecem ao princípio da cooperação entre seus componentes, estimulando assim a criança em sua apreciação do comportamento social, domínio de si mesmo, autocontrole e respeito ao próximo.

Outro objetivo da educação física escolar consiste no estímulo a atividade criativa do aluno. Segundo Le Boulch (1983) as crianças que estão na faixa etária entre 2 e 7 anos devem ser estimuladas ao máximo em sua capacidade de criação e por isso as aulas de educação física na escola devem basear-se no atendimento aos diversos aspectos naturais da vida ao ar livre e na liberdade de movimentos, ou seja, expansão de atividades espontâneas e criativas.

Ainda neste contexto, Gonçalves (1997) fala da importância existente no fato de o professor proporcionar aos alunos, movimentos portadores de um sentido para os mesmos, uma vez que movimentos mecânicos realizados abstratamente só contribuem para a inibição da criação e da participação dos alunos em aula e, por consequência, os torna indivíduos que deixam de interpretar o mundo por si próprios e passam a interpretá-lo pela visão dos outros.

Outro objetivo da educação física escolar consiste no desenvolvimento orgânico e funcional da criança, procurando, através de atividades físicas, melhorar os fatores de coordenação e execução de movimentos.

Resende e Soares (1996) citando Barros e Barros (1972) ressaltam que: [...] as atividades de correr, saltar, arremessar (atletismo ligeiro), trepar, pendurar-se, equilibrar-se, levantar e transportar, puxar, empurrar, saltitar,

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girar, saltar corda permitem a descarga da agressividade, estimulam a auto- expressão, concorrem para a manutenção da saúde, favorecem o crescimento, previnem e corrigem os defeitos de atitude (boa postura) [...]

Assim, fica claro a importância que o professor tem em proporcionar aos alunos atividades cuja caracterização permita aos mesmos uma movimentação constante e de exploração máxima do ambiente. É evidente que estas atividades devem ser adequadas ao estado de desenvolvimento de cada criança para assim fazer com que os movimentos sejam próprios ao seu grau de desenvolvimento morfofisiológico, o que contribui de maneira significativa para o avanço orgânico e funcional dos alunos em cada etapa de sua vida escolar.

Por último um objetivo da educação física escolar o qual consiste em desenvolver a aprendizagem de gestos e movimentos fundamentais das diferentes formas de atividades físicas e desportivas, pois a educação física é um espaço educativo privilegiado para promover as relações interpessoais, a auto-estima e a auto-confiança, valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais (RESENDE E SOARES, 1997).

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2 O ESPORTE NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O esporte é tratado por vários autores como um fenômeno sociocultural, sendo considerado um patrimônio da humanidade. Historicamente foram criadas diversas modalidades esportivas, que sofreram modificações até atingirmos o momento atual. Dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna em 1896 ao último realizado em Athenas, 2004, algumas modalidades deixaram de fazer parte do programa olímpico e em contrapartida, um grande número foi acrescentado, mostrando a capacidade de fortalecimento e expansão deste fenômeno (BARROSO; DARIDO, 2006).

Estes autores constatam que o esporte está presente no nosso dia a dia, entramos em contato com ele através da transmissão de jogos pela televisão, programas esportivos, jornais escritos, rádio, ou mesmo por nos defrontarmos com praças esportivas e clubes, onde existe um grande número de pessoas vivenciando práticas de diferentes modalidades.

Ao analisarmos o surgimento dos esportes modernos, Korsakas (2002) afirma que a sua origem se deu no século XIX, acompanhando o desenvolvimento da sociedade capitalista. A autora observa que vários tipos de jogos sofreram alterações até chegarem ao esporte espetáculo, transformando- se em um produto de consumo para sociedade. A sua evolução acompanha os avanços tecnológicos, surgindo cada vez mais novidades, como vestimentas e materiais esportivos, sempre com o objetivo de torná-lo mais atraente para o consumo, seja através de ingressos de estádios e ginásios, assinatura de canais de televisão, venda de marcas esportiva que patrocinam atletas de alto nível de competição, entre outros.

Porém, cabe a nós entendermos que o esporte direcionado para o profissionalismo é apenas uma das possibilidades do esporte. Paes (2002), por exemplo, sinaliza para além do esporte profissional, como o esporte dentro do ambiente escolar, o esporte como componente do lazer, o esporte adaptado para pessoas portadoras de necessidades especiais. Tubino (2002), explica o esporte a partir de três manifestações: esporte educação, que tem como meta o caráter formativo; esporte participação, na qual sua finalidade é o bem estar e participação do praticante; esporte performance, objetivando o rendimento

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dentro de uma obediência rígida às regras e aos códigos existentes para cada modalidade esportiva.

Se o esporte está presente na vida dos indivíduos, nada mais significante ele estar inserido na escola, mais especificamente na disciplina Educação Física. Assim, a sua presença na escola tem como objetivo a formação do cidadão para atuação direta na sociedade em que pertence (BARROSO; DARIDO, 2006).

Estes autores acreditam que o esporte deva estar presente na Educação Física escolar, pois este fenômeno está culturalmente enraizado em nossa sociedade, portanto, necessita de uma atenção especial para que possamos oferecer aos alunos condições de entendê-lo e refletir sobre suas variadas possibilidades, pois da mesma forma que os acontecimentos da sociedade exercem influência na escola, reciprocamente a escola também possui a propriedade de intervir nesta sociedade.

2.1 O esporte no contexto escolar

O esporte sempre esteve fortemente presente na sociedade brasileira, porém não foi inserido imediatamente como conteúdo das aulas de Educação Física Escolar. Conforme Bracht (1999), a Educação Física no interior da escola teve sua origem baseada no referencial médico, tendo como objetivo a educação do corpo para a busca da saúde, possibilitando um corpo forte e higiênico. Posteriormente a Educação Física sofreu forte influência militar, com o intuito de preparar os corpos, para possíveis enfrentamentos militares, inserindo nas pessoas um ideal de nacionalismo e patriotismo. Tanto no padrão higienista como no militarista, a referência era pautada nos referenciais biológicos, tendo como principal objetivo o fortalecimento do corpo, e o conteúdo das aulas de Educação Física baseava-se na ginástica, de acordo com os modelos existentes nos países europeus (DARIDO, 2003).

Após a segunda grande guerra mundial (1939-1945), coincidindo com o momento histórico do término do governo ditatorial no país, intitulado como Estado Novo no Brasil, conforme Coletivo de Autores (1992), originaram-se novas tendências para desenvolvimento do sistema educativo, com isso o

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esporte passa a ser um forte integrante da Educação Física escolar. Auguste Listello, grande defensor do esporte, auxiliou na implementação do chamado

“Método da Educação Física Desportiva Generalizada”, tendo também como referência a cultura europeia.

Segundo Darido (2003), com a ascensão dos militares no governo brasileiro, a partir de 1964, o esporte é fortalecido nas aulas de Educação Física escolar, tendo como meta a busca de resultados em competições internacionais. Trata-se de um período no qual a ideologia do governo estava pautada em um país que vislumbrava ser uma potência de nação, sendo importante neste momento, fomentar um ambiente de desenvolvimento e ao mesmo tempo “mascarar” os problemas internos.

O esporte nesse período passou a ser tratado basicamente como sinônimo da Educação Física escolar, os objetivos estavam claramente direcionados para a aptidão física e a detecção de talentos esportivos.

Conforme Betti (1991), neste período ocorre uma mudança do Método Desportivo Generalizado para Método Esportivo. Na verdade este não era e não é propriamente um método, mas uma série de procedimentos no sentido de atingir os objetivos decorrentes da concepção de esporte adotada (BETTI, 1991, p.154).

Desta forma, o esporte nas aulas de Educação Física, que tinha a característica de ser um conteúdo também informal, com possibilidades de alterações nas regras, apresentando aspectos cooperativos além dos competitivos e oferecendo situações de resolução de problemas por parte dos alunos, passa a ter uma grande rigidez na sua formalidade, com regras normatizadas, controle exclusivo do professor para resolução de problemas e direcionando-se para a necessidade da competição, portanto passando a apresentar claramente como principal meta o rendimento.

A mudança de conteúdo da Educação Física, de ginástica para esporte, não alterou a essência da disciplina, pois os princípios eram os mesmos e o núcleo central era a intervenção no corpo (máquina) com vistas ao seu melhor funcionamento orgânico (BRACHT, 1999, p.76). Com isso o conhecimento da Educação Física continuava sendo balizado pelas ciências biológicas,

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mantendo as características das aulas como uma simples reprodução de movimentos, sem ter uma maior reflexão de sua prática.

Em Coletivo de Autores (1992), também é levantada a crítica à maneira pela qual foi utilizado o esporte na Educação Física escolar, destacando-se que essa influência do esporte no sistema escolar é de tal magnitude que temos, então, não o esporte da escola, mas sim o esporte na escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.07).

Ao fazer esta troca de preposições, os autores questionam a forma que é trabalhado o esporte nas aulas, pois o que acontece é a imersão das regras e normas do esporte realizado em ambientes competitivos na Educação Física escolar, ficando caracterizado os princípios de rendimento, identificação de talentos, comparação de resultados, etc. Nela o professor deixa de ter a sua função originária para ser um treinador e os alunos passam a ser os seus atletas, fato que no ambiente escolar deve ser amplamente redimensionado.

Quando é defendida a ideia do “esporte da escola”, destaca-se a importância de dar um outro tratamento ao esporte, pois este deixará de ser trabalhado para um fim, e começa a ser visualizado como um meio para formação dos alunos, não havendo mais sentido embutir nas aulas a padronização esportiva (códigos, regulamentos) presente nas competições (BARROSO; DARIDO, 2006).

Kunz (1994) é mais um que reforça a crítica da utilização do esporte com características de rendimento no contexto escolar, para o autor, utilizando o esporte desta forma, temos como consequência um pequeno grupo de alunos que vivenciarão o sucesso e uma grande maioria que se confrontará com o fracasso, fator que remete o professor a um grande equívoco pedagógico. O autor defende o conteúdo esporte na Educação Física escolar, pois ele é uma das manifestações mais recorrentes nas diferentes culturas, porém sinaliza para a necessidade de uma transformação didático-pedagógica do esporte, inclusive este é o título de seu livro.

Evidencia-se que o esporte é um forte integrante cultural de nossa sociedade, e a partir do momento que foi inserido na escola, sempre teve

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grande influência na Educação Física escolar, inclusive sendo inúmeras vezes praticamente o único conteúdo ministrado nesta disciplina.

Barroso e Darido (2006) não compartilham da ideia de que o esporte contemple todas as necessidades da Educação Física escolar, como também discordam dele ser trabalhado com o objetivo nele mesmo. No entendimento desses autores, o esporte deve sim estar presente na escola, essencialmente na disciplina de Educação Física, pois é um conhecimento próprio desta área, porém devemos fazer dele um meio para formação dos alunos, formação esta que deve ter como eixo norteador uma pedagogia para a cidadania.

2.2 Sua Importância

Crum (1993) ajuda a reforçar a ideia da necessidade de oferecimento do esporte na escola, pois segundo o autor, o esporte está presente em clubes, escolas especializadas em esporte, etc., porém não é toda a camada da população que é atingida, e, além disso, apesar destas instituições também poderem atuar educacionalmente, os objetivos principais não são os mesmos do ambiente escolar.

[...], Partindo do princípio de que é desejável que todos os jovens tenham oportunidades iguais para se familiarizarem com uma série de aspectos da cultura motora no seio da qual crescem, parece óbvio que a escola tem de desempenhar um papel central no processo de socialização do movimento (CRUM, 1993, p.143).

2.3 Consequências e benefícios

Segundo Kunz (2001) a Educação Física escolar já foi confundida com o esporte de maneira equivocada entre as décadas de 1960 e 1970 atendendo a interesses políticos que visavam se beneficiar desta condição. Desta forma, o esporte foi desenvolvido no âmbito escolar de maneira tecnicista sendo aplicado desde as primeiras séries do ensino fundamental. Porém, já naquele período, havia quem criticasse esta iniciação precoce ao jogo desportivo já que

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Educação Física era sinônima de esporte, e era obrigatória desde o ensino fundamental.

Segundo Hildebrandt Stramann (2001) as formas do esporte (ginástica artística, jogos esportivos, atletismo, etc.) são fatos da realidade social e, em consequência, somente poderão existir à medida que os seres humanos compartilhem e aceitem o sentido destas formas, ou seja, os jogos só existirão quando existirem os participantes e estes reconhecerem que existem regras para cada modalidade.

Podemos dizer, também, que determinadas regras caracterizam, uma a uma, as formas do esporte e as diferenciam umas das outras em suas constituições típicas. Assim, podemos reconhecer rapidamente o tipo de jogo através da percepção das semelhanças estruturais das formas esportivas.

Além dessas regras que constituem a respectiva disciplina do esporte, deverão existir regras de princípios superiores e gerais que são comuns ao esporte institucionalizado (HILDEBRANDT STRAMANN, 2001).

Vocês devem estar se perguntando qual a relação do exposto acima com a educação física escolar. Vejamos: uma aula pode ser compreendida como um processo de interação social, no qual o professor e os alunos definem as situações de ação e, com isso, determinam também os seus significados.

Os espaços e os graus de liberdade das definições de situações e das colocações de significados podem ser bem diferentes para os participantes de uma aula.

No caso de uma aula de educação física, ela pode ser fechada quando as definições de situação e as colocações de significados partem de uma forma unilateral do professor e quando nenhuma ou poucas possibilidades são oferecidas aos alunos de trazer suas próprias definições de situações. Por outro lado, ela pode ser aberta, alunos e professor decidindo juntos as situações, negociando, o que não deixa de inviabilizar as regras.

Ou seja, o esporte e suas regras têm espaço na aula de educação física e contribuindo para a formação de alunos que saibam negociar, que respeitem regras e colegas, levando o esporte a ser encarado como exercício de cidadania.

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Martins (2005) mostra-nos que para haver interação entre as pessoas, temos que ter um significado. Isto nos revela que não basta à escola produzir conhecimento para posteriormente transportá-lo para a sociedade. O ponto inicial deve ser outro, primeiramente a escola precisa identificar quais as necessidades da sociedade, posteriormente produzir um conhecimento, e retornar à sociedade. Neste aspecto, temos o esporte permeando constantemente a vida da população, portanto mais uma vez podemos afirmar que este conteúdo é de grande interesse para os educandos.

Esperamos que tenham compreendido que o esporte apresenta características muito ricas a serem exploradas pelos profissionais da área de Educação Física escolar, devendo estes ir além de apenas transmitir aos alunos o saber fazer determinados movimentos, mas oferecer condições que todos, independente das diferenças, possam ser possibilitados de aprender o conteúdo esporte nas aulas de Educação Física, sob o aspecto da abordagem em saber o que está sendo desenvolvido através da dimensão conceitual, aprender a saber fazer pela dimensão procedimental, refletir e agir sobre como se deve ser com a dimensão atitudinal.

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