PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM SAÚDE E PRODUÇÃO DE RUMINANTES
GUILHERME MUSCHAU BERNARDO
VARIAÇÃO ANUAL DA ESPESSURA DA PELE DO ESCROTO EM TOUROS BRAFORD
Arapongas 2019
GUILHERME MUSCHAU BERNARDO
VARIAÇÃO ANUAL DA ESPESSURA DA PELE DO ESCROTO EM TOUROS BRAFORD
Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde e Produção de Ruminantes.
Orientador: Prof. Dr. Celso Koetz Júnior
Arapongas 2019
GUILHERME MUSCHAU BERNARDO
VARIAÇÃO ANUAL DA ESPESSURA DA PELE DO ESCROTO EM TOUROS BRAFORD
Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes, área e concentração em Fisiopatologia e Biotécnicas da Reprodução em Ruminantes, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Celso Koetz Júnior UNOPAR - Arapongas
______________________________________
Prof. Dr. Paulo Roberto Adona UNOPAR - Londrina
______________________________________
Prof. Dr. Flavio Antônio Barca Júnior UNOPAR - Arapongas
Arapongas, 26 de fevereiro de 2019.
“O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, o amor jamais acabara ”.
1 Coríntios 13:7
“Dedico este trabalho aos meus familiares, meus amigos e principalmente minha namorada, que sempre estiveram ao meu lado”
AGRADECIMENTOS
À Deus pela vida, saúde e capacidade. Possibilitando-me chegar até aqui.
À minha família que sempre me apoiou durante essa trajetória.
À minha namorada Letícia Vieira Yokomizo que sempre me incentivou, amparou, ajudou e permaneceu firme ao meu lado.
Ao meu orientador Prof. Dr. Celso Koetz Júnior que me acompanhou desde a graduação até esse trabalho, não só como professor mas como amigo.
Aos professores da instituição onde me formei, os quais foram cruciais em minha trajetória acadêmica.
Aos membros da banca de qualificação Prof. Dr. Paulo Roberto Adona e Prof. Dr. Flávio Antônio Barca Júnior por aceitarem a participar e contribuir com o trabalho.
Agradeço também aos meus amigos e a todas as pessoas que de alguma forma fizeram parte desse trabalho e que foram de suma importância.
Agradecimento especial à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela TAXA PROSUP concedida durante o curso.
BERNARDO, Guilherme Muschau. VARIAÇÃO ANUAL DA ESPESSURA DA PELE DO ESCROTO EM TOUROS BRAFORD. 2019. 41 páginas. Dissertação (Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes) – UNOPAR, Arapongas, 2019.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi verificar se a espessura da pele da bolsa testicular varia ao longo dos meses do ano e seus diferentes ITU. A coleta de dados ocorreu na mesorregião de Londrina – PR que segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cfa, ou seja, clima subtropical úmido, com chuvas em todas as estações, podendo ocorrer secas no período de inverno.
A temperatura média do mês mais quente é, geralmente, superior a 25,5° C e a do mês mais frio, inferior a 16,4° C. Para isso foram utilizados 19 touros da raça Braford todos aptos a reprodução, com idade de 24 meses no inicio do experimento, no período de Janeiro de 2017 a Dezembro de 2017 tendo como parâmetro comparativo o ITU ao longo dos 12 meses do ano. Os dados referentes ao clima foram fornecidos pelo IAPAR. A espessura da pele (mm) foi mensurada com a utilização de ultrassonografia em modo B (Sonoscape, A6V) com transdutor linear (7,5MHz) posicionado junto ao testículo esquerdo no sentido longitudinal da gônada (dorso-ventral) no ponto onde é aferido o perímetro escrotal, tendo o mediastino como ponto de referência anatômico.
Foram observadas variações da espessura da pele no decorrer do ano, sendo esta variação provavelmente influenciada pelas condições bioclimáticas.
Palavras-chave: Desenvolvimento tegumentar, Ambiência, Ultrassonografia, ITU.
BERNARDO, Guilherme Muschau. ANNUAL VARIATION OF SCROTAL THICKNESS IN BRAFORD BULLS. 2019. 41 páginas. Dissertação (Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes) – UNOPAR, Arapongas, 2019.
ABSTRACT
The objective of this study was to verify if the scrotal skin thickness varies throughout the months of the year and its different THIs. Data collection was carried out in the Londrina - PR meso - region, which according to Köppen classification, is Cfa type, it is humid subtropical climate, with rainfall in all seasons, and droughts may occur in the winter period. The average temperature of the warmer month is generally higher than 25.5 ° C and that of the coldest month, below 16.4 ° C. For this purpose, 19 Braford bulls were all able for breeding, aged 24 months at the beginning of the experiment, from January 2017 to December 2017, comparing the THI over the 12 months of the year. The climate data were provided by IAPAR. The thickness of the skin (mm) was measured using B-mode sonography (Sonoscape, A6V) with a linear transducer (7.5MHz) positioned next to the left testicle in the longitudinal direction of the gonad (dorso-ventral) at the point where it is measured the scrotal perimeter, with the mediastinum as the anatomical reference point.
Changes in skin thickness were observed throughout the year, and this variation was probably influenced by bioclimatic conditions.
Keywords: Tegument development, ambience, ultrasonography, THI.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Representação esquemática do envoltório testicular com
funículo do touro...... 13
Figura 2. Ilustração esquemática das estruturas internas testiculares... 14
Figura 3. Composição dos vasos sanguíneos do cordão espermático... 17
Figura 4. Imagem Ultrassonográfica em modo B ilustrando o local da mensuração da pele do escroto (seta vermelha) de touro Braford... 21
Figura 5. Aparelho de Ultrassom... 33
Figura 6. Ponto de Mensuração... 34
Figura 7. Transdutor Linear... 35
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Variação média da Espessura da Pele do Escroto em Touros Braford no decorrer do ano de 2017 e respectivos ITU médios no dia da coleta... 36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Média da Espessura da Pele do Escroto em Touros Braford no Período de 12 Meses e respectivos ITU médios no dia da coleta... 36
.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
°C Graus Celsius
FSH Hormônio Foliculo Estimulante
% Porcentagem
mm Milimetros
Hz Hertz
ITU Índice de Temperatura e Umidade
T Temperatura
UR Umidade Relativa
IAPAR Instituto Agronômico do Paraná
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 12
2.1 ANATOMIA GERAL DO TESTÍCULO BOVINO... 12
2.2 TERMORREGULAÇÃO TESTICULAR... 15
2.3 ULTRASSONOGRAFIA... 18
2.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 21
3. OBJETIVO... 27
4. JUSTIFICATIVA... 27
5. HIPÓTESE... 27
6. ARTIGO CIENTÍFICO... 28
6.1 INTRODUÇÃO... 30
6.2 MATERIAL E MÉTODOS... 32
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 35
6.4 CONCLUSÃO... 37
6.5 REFERÊNCIAS... 37
10
1. INTRODUÇÃO 1
2
No Brasil o principal meio de reprodução bovina é por monta natural, 3
isso requer o máximo de desempenho do reprodutor. Variações climáticas e 4
ambientais podem interferir na vida reprodutiva dos animais (BERRY et al. 2011;
5
MENEGASSI et al. 2011). A eficiência reprodutiva é um dos principais fatores para 6
melhora zootécnica dos animais de corte, sendo assim o touro tem um papel de 7
grande importância, pois um único reprodutor pode acasalar-se com várias matrizes 8
(NEVES 2007).
9
O melhoramento genético se da através do cruzamento entre raças 10
e seu uso em regiões de clima tropical no Brasil exige um perfeito funcionamento 11
fisiológico dos animais, sendo assim uma adaptação dos animais é importante para 12
que possam expressar seu melhor potencial reprodutivo (BURNS et al; 2010;
13
MCMANUS et al; 2011).
14
A espermatogênese normal necessita uma temperatura testicular de 15
4 a 6 Cº menor que a temperatura corpórea, em bovinos adultos está é de 37,8 a 16
39,2 ºC (KASTELIC et al, 2012). Estudo de isolamento escrotal em carneiros 17
mostrou que a hipertermia testicular reduz a porcentagem de espermatozóides 18
morfologicamente normais (KASTELIC, 2017) 19
Em trabalhos com raças leiteiras observou que ITU igual ou maior 20
que 72 ocasiona um estresse ambiental ao touro, ITU de 83,8 é critico para o 21
esperma. Ainda que poucos estudos que avaliam a qualidade espermática do touro 22
sejam realizados durante a fase reprodutiva em situações de altos ITU decorrente da 23
dificuldade na realização do experimentos em ambientes naturais, sabe-se que 24
ocorre danos a qualidade semianal (RAVAGNOLO et al; 2000; BOURAOUI et al;
25
2002; WEST, 2003; CORREIA-CALDERON et al; 2004; BOHMANOVA et al; 2007;
26
MENEGASSI et al; 2014).
27
Bovinos regulam sua temperatura corporal através do ganho ou 28
dissipação do calor. Em temperatura elevada a transpiração é o mecanismo mais 29
importante para a dissipação desse calor (YOUSEF 1985; FINCH, 1986; HAHN, 30
1999; KADZERE et al., 2002). Mecanismos fisiológicos envolvendo escroto, cone 31
11
vascular testicular, e os testículos mantêm a temperatura escrotal nos limites ideais 32
para a espermatogênese (WAITES et., al 1961; KASTELIC et al., 1997).
33
A influência das frações genéticas, cor e morfologia da pele na 34
dissipação de calor ocorre em Bos taurus bem como em Bos indicus e suas cruzas 35
(WANG et al., 2014).
36
O formato testicular auxilia no mecanismo de termorregulação, 37
assim, em testículos mais alongados, existe uma maior superfície de contato com o 38
ambiente externo, no que, auxilia a termorregulação, também, adjunto a isto, os 39
tecidos espermáticos e a distribuição dos vasos sanguíneos são mais uniformes, 40
melhorando a qualidade dos espermatozóides. Este formato de testículo é 41
predominantemente encontrado em animais de origem zebuína (BAILEY et al., 42
1996).
43 44 45
12
46
2. REVISÃO 47
2.1 Anatomia Geral do Testículo Bovino 48
Os testículos estão localizados em região inguinal ou sub-inguinal, 49
dentro da bolsa testicular e fora da cavidade abdominal, tendo uma forma oval 50
alongada em posição vertical no interior do escroto. Basicamente os testículos são 51
compostos fáscia escrotal, túnica dartos e túnica vaginal. (DYCE et al., 1990.;
52
KRAUSE et al., 1991; KRAUSE, 1993; BO-E TRIBULO, 2001; MARTINS &
53
FEITOSA, 2004).
54
Estes possuem duas funções primordiais, sendo-as, a produção de 55
espermatozóides através do processo de espermatogênese, no qual, tem uma 56
duração de cerca de 61 dias nos bovinos, e na produção de hormônios sexuais 57
masculinos, como a testosterona, progesterona, estrógenos e outros hormônios, 58
através dos processos de esteroidogêneses (EWING & BROWN, 1977).
59
Estas funções ocorrem nos túbulos seminíferos, em que, conseguem 60
alcançar mais de 2.000 metros e produzirem mais de 20.000 espermatozóides por 61
segundo, representando cerca de 80% do volume total do testículo, e nas células 62
intersticiais, ou células de Leydig, que constituem cerca de 7% do volume total 63
testicular (AMMAN & SCHANBACHER, 1983).
64
O escroto conta com uma fina camada de pele, do qual é composta 65
por uma epiderme fina e proporcionalmente com menos pelos que o restante do 66
corpo, contando também com uma numerosa rede de vasos sanguíneos e linfáticos 67
subcutâneos (Figura 1), onde, estas estruturas, promovem uma dissipação de calor, 68
mantendo-os a uma temperatura menor do que a temperatura corporal (KASTELIC 69
et al., 1995).
70 71 72 73
13
Figura 1. Representação esquemática do envoltório testicular com funículo do touro.
74 75
76
Fonte: HORST & HANS, 2011.
77 78
Logo abaixo da pele, é verificada uma capa delgada de músculo liso, 79
chamada de túnica dartos, onde, se encontram nervos responsáveis pela contração 80
e relaxamento da pele em ambientes de temperatura frios e quentes, aumentando e 81
diminuindo a espessura da pele escrotal, respectivamente. (HAFEZ & HAFEZ, 82
2004).
83
A túnica albugínea, que se encontra entre a túnica vaginal e o 84
testículo (Figura 1) emitem trabéculas para glândula, subdividindo o parênquima em 85
lóbulos. Considerado uma extensão da túnica albugínea, o mediastino testicular é 86
uma estrutura de tecido conjuntivo fibroso, onde é encontrado os túbulos seminíferos 87
formando a rede testicular. Os túbulos seminíferos direcionam-se para o mediastino 88
14
testicular, formando uma rede de coleta dos produtos do epitélio seminífero, onde, 89
na face dorsal do mediastino, forma-se o ducto eferente, onde, se unem (Figura 2) e 90
em um único ducto espiralado em uma estrutura compacta, chamada epidídimo 91
(SISSON, 1986; PUGH et al., 1990; DYCE et al., 1990; MARTINS & FEITOSA, 92
2004).
93
Figura 2. Ilustração esquemática das estruturas internas testiculares.
94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106
Fonte: HORST & HANS, 2011.
107 108
Encontrados nas superfícies dorsal, medial e ventral do testículo, o 109
epidídimo apresenta cabeça, corpo e cauda, respectivamente. Nas regiões da 110
cabeça e corpo acontece o transporte a maturação dos espermatozóides, sendo 111
esta o desenvolvimento da capacidade de motilidade progressiva, mudanças 112
morfológicas, mudanças das características da membrana e mudanças no 113
metabolismo do espermatozóide, já na região da cauda tem a função de reservatório 114
dos espermatozóides (Figura 2). O trânsito nesta estrutura dura cerca de 10 a 12 115
dias nos bovinos (AMMAN & SCHANBAHER, 1983; ORGEBIN CRISTIN et al., 1983) 116
15
Prolongando a cauda do epidídimo, forma-se o ducto deferente, o 117
qual, junta-se a artéria, veias e vasos linfáticos, também com tecido muscular liso e a 118
lâmina visceral da túnica vaginal, formando o funículo espermático. (SISSON, 1996).
119
Essa estrutura composta por veias e artérias é conhecida como cone vascular 120
testicular. Sendo assim o sangue arterial é refrigerado na medida em que o calor 121
transferido da artéria para a veia em contracorrente. Além disso tem a diminuição de 122
calor do sangue conforme penetra no parênquima testicular (KASTELIC et al., 1996).
123 124
2.2 Termorregulação Testicular 125
A homeostase do organismo animal acontece quando, o indivíduo 126
possa manter o funcionamento de todos os processos fisiológicos mantendo uma 127
temperatura corporal adequada, onde esta influencia diretamente nas atividades 128
protéicas, enzimáticas, reações químicas e físicas. Pensando nisto, a temperatura 129
baixa, leva como um todo uma demora maior para as reações, logo, uma alta 130
temperatura, ocorre uma maior aceleração dos processos, podendo levar a um 131
processo de desnaturação protéica. (CUNNINGHAM, 2008).
132
Eventos ambientais como alta temperatura e ITU podem ocasionar a 133
infertilidade reprodutiva do touro em razão do estresse térmico (HANSEN, 2009, 134
2013).
135
Hoje, uma das maiores causas da subfertilidade ou infertilidade em 136
touros são as altas temperaturas ambientais, estas, interferem diretamente nos 137
mecanismos termorregulatórios dos testículos, sendo assim a hipertermia testicular 138
causa uma redução na porcentagem de espermatozóides morfologicamente viaves.
139
Estes fatores levam a uma diminuição dos receptores de hormônio folículo 140
estimulante (FSH), o que acaba reduzindo a qualidade e produção espermática 141
(GABALDI e WOLF, 2002; BRITO et al, 2002; KASTELIC et al., 2017).
142
Animais expostos a ambientes de extremas temperaturas podem 143
apresentar modificações seminais após o 11º dia, sofrendo diminuição na 144
concentração espermática, motilidade, vigor e também diminuindo porcentagem de 145
espermatozóides normais. Sendo isso dependente da severidade e tempo em que o 146
16
animal foi exposto, podendo se tornar uma lesão irreversível (NAGESWARA – RAO 147
e RAO, 1997; BRITO et AL., 2002., ARTEAGA et AL., 2005).
148
Fatores ambientais e fisiológicos como temperatura do ambiente, 149
temperatura corpórea, calor perdido pelo escroto, integridade da pele escrotal são 150
determinantes para a manutenção da temperatura testicular. Os mecanismos 151
fisiológicos responsáveis pela termorregulação escrotal são regulação do fluxo 152
sanguíneo, perda de calor contracorrente entre artérias e veias testiculares, posição 153
testicular dada pela túnica dartos e músculo cremaster, produção de suor pelas 154
glândulas sudoríparas, morfologia geral do testículo (KASTELIC et al, 1997; DYCE et 155
al, 2004).
156
O plexo pampiniforme situa-se dentro do cordão espermático, ao 157
redor da artéria testicular que está fortemente contorcida cheia de veias e artérias 158
(figura 3) denominada cone vascular testicular, onde acontece a troca contracorrente 159
de calor do sangue mais quente com o sangue mais frio, sangue arterial com 160
venoso, resfriando o sangue que entra nos testículos (BRITO et AL., 2004., HAFEZ 161
& HAFEZ, 2004).
162 163
17
164
Figura 3. Composição dos vasos sanguíneos do cordão espermático.
165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178
1- Artéria Testicular 2- Plexo Pampiniforme 179
Fonte: POLGUJ et al., 2011 180
181
Em forma de cone essas veias e artérias vão se organizando, com a 182
sua base posicionada na região proximal do testículo podendo aumentar seu 183
comprimento em até 18 vezes, apresentando um diâmetro entre 2,5 a 4,2 mm na 184
porção proximal e 2,2 a 2,8 mm na final (HAFEZ & HAFEZ, 2004; POLGUJ et al., 185
2009).
186
A eficácia desta dissipação também depende de alguns fatores, 187
sendo eles, a taxa de fluxo sanguíneo, comprimento dos vasos, tempo de contato, 188
diâmetro dos vasos, espessura da pele, quantidade de pelos, a diferença entre as 189
18
temperaturas dos vasos (KASTELIC et al.,1996; COULTER et al., 1997; BRINSKO, 190
1999; KASTELIC, 2014).
191
As lesões térmicas estão mais presentes em regiões proximais, 192
decorrentes a troca de temperatura causada pelo sangue que, ao percorrer o 193
parênquima testicular sofre uma refrigeração, chegando ao ponto em que, o polo 194
caudal chega a estar a uma temperatura de 1,5 ºC menor que quando comparada 195
com outras regiões da bolsa escrotal (KASTELIC et AL., 1997., FERRAZ et AL., 196
2014).
197
Com seus movimentos de contração e relaxamento, a túnica dartos 198
e músculo cremaster auxiliam na termorregulação devido a espessura da pele do 199
escroto e ao posicionamento dos testículos. Ao se contrair, a túnica dartos aumenta 200
a espessura escrotal e diminui-se ao relaxar, aumentando ou diminuindo sua área 201
de superfície de contato. O músculo cremaster aproxima ou afasta os testículos da 202
parede abdominal contraindo e relaxando respectivamente (HAFEZ & HAFEZ, 203
2004).
204
Com poucos pelos e gorduras, fina e flexível a pele do escroto 205
possui grande quantidade de glândulas sudoríparas, contendo uma quantidade 206
maior que qualquer outra parte do corpo, junto a um sistema sanguíneo linfático bem 207
desenvolvido, no qual, ajuda na dissipação de calor por irradiação e evaporação 208
(KASTELIC et al., 1997; GABALDI & WOLF, 2002).
209
O formato do testículo influencia diretamente no controle de 210
temperatura, onde, testículos com formatos mais alongados, características dos 211
animais de origem zebuína, onde este formato permite uma maior área de contato 212
superficial com o meio externo, somado a isto, estes animais possuem um maior 213
número de glândulas sudoríparas, uma artéria testicular com um maior comprimento 214
e com uma parede arterial menos espessa, o que facilita no processo de troca de 215
calor (BRITO et al., 2004; BARROS et al., 2011).
216 217
2.3 Ultrassonografia 218
Dentre as rotinas de trabalho na medicina veterinária, a 219
ultrassonografia vem sendo cada vez mais utilizada, isto se deve, pela sua facilidade 220
19
de manuseio e transporte dos equipamentos, auxiliando de forma positiva o trabalho 221
a campo (ABDEL-RAZEK& ALI, 2005; GNEMMI & LEFEVBRE, 2009).
222
Os primeiros relatos de seu uso em animais, estão relacionados à 223
avaliação de carcaças em seguida, para o uso em diagnóstico de gestação, 224
aproximadamente 25% da frequência de utilização da ultrassonografia na medicina 225
veterinária é na reprodução de animais de produção (KING, 2006), sendo de maior 226
intensidade em fêmeas (MEDAN; ABD EL ATY, 2010).
227
Porém, ainda em meados dos anos 1980, PECHMAN & EILTS 228
(1987) identificaram as estruturas anatômicas do trato reprodutivo masculino por 229
meio da ultrassonografia em modo B, também conhecido como modo brilho ou modo 230
bidimensional. A técnica consiste em uma ferramenta diagnóstica que se baseia em 231
uma emissão de ondas sonoras de frequências maiores que o limite audível 232
humano, de 20 mil Hz, sendo-as classificadas como ultrassom (WILLIAMS et al., 233
2001). Basicamente, as ondas são geradas através de vibrações de cristas de 234
quartzo, que ocorre através da propriedade piezoelétricas destes, em que possibilita 235
sua expansão e contração, em reposta de um pulso de corrente elétrica (GINTHER, 236
2014) 237
Deste modo, a imagem é formada através da através da intensidade 238
do eco, formando um ponto luminoso em um monitor (Figura 4), quanto maior for a 239
reflexão da onda sonora, mais intenso será o brilho do ponto luminoso. As diferentes 240
intensidades do brilho determinam, em uma escala de cinza, diversas 241
ecogenicidades do material estudado. (CARVALHO 2004; GINTHER, 2014).
242
Estruturas anecoicas, são aquelas que não há a reflexão da onda, 243
assim, não produzem imagens no monitor. Ao se comparar duas estruturas de 244
intensidades diferentes, chama-se as estruturas de maior brilho como hiperecóicas, 245
e as de brilho menos intenso, são chamadas de hipoecóicas. Se ao realizar a 246
comparação, o brilho de ambas as imagens tiver o mesmo grau, estas são isocóicas 247
entre si (DROST, 2002).
248
Quando é realizado um exame ultrassonográfico do testículo, é 249
observado um parênquima testicular homogêneo e moderadamente ecogênico, 250
onde, o mediastino testicular é uma estrutura linear com cerca de cinco milímetros 251
20
de largura, tendo uma maior ecogenicidade em relação ao parênquima testicular. O 252
mediastino testicular é espesso e facilmente identificado em touros jovens, 253
entretanto, em touros adultos se torna menos definido e mais estreito 254
(PECHMAN&EILTS, 1987; ABDEL-RAZEK & ALI, 2005).
255
A cauda do epidídimo tem uma ecogenicidade reduzida ao comparar 256
com o parênquima testicular. É facilmente identificada na extremidade distal do 257
testículo e apresenta numerosas estruturas tubulares anecóicas. Porém, a cabeça 258
do epidídimo, localizada na parte dorsal do testículo, forma uma imagem menos 259
ecogênica que o parênquima testicular, e sua textura homogênea é demarcada por 260
uma fina linha ecogênica (PECHMAN & EILTS, 1987; ABDEL-RAZEK & ALI, 2005) 261
As túnicas do testículo não são identificadas separadamente, menos 262
que haja algum fluido entre elas. Na ausência de fluido, uma única linha ecogênica 263
de alto brilho é observada, a qual circunda o testículo e separa o escroto do 264
parênquima testicular (PECHMAN & EILTS, 1987).
265
Todavia, é importante salientar que, a análise visual das imagens 266
obtidas pela ultrassonografia, embora muito eficiente em vários aspectos, é 267
altamente subjetiva, visto que, baseia-se apenas no olho humano. Portanto, quando 268
há o objetivo de obter informações com maior precisão, em que situações de 269
pequena variação são relevantes, utiliza-se a análise computadorizada, por mais 270
esta forma objetiva de quantificar a intensidade de pixels (KASTELIC & BRITO, 271
2012).
272 273
21
Figura 4. Imagem Ultrassonográfica em modo B ilustrando o local da 274
mensuração da pele do escroto (seta vermelha) de touro Braford 275
276
277 278
Fonte: O Autor, 2019.
279 280
2.4 Referências bibliográficas 281
282
ABDEL-RAZEK, A.K.; ALI, A. Developmental changes of Bull (Bos taurus) genitalia 283
as evaluated by caliper and ultrasonography. Reproduction in Domestic Animals, 284
v.40, p.2327, 2005.
285
AMMAN, R.P. & SCHANBACHER, B.D. Physiology of male reproduction. 3. Anin.
286
Sci., 57(Suppl.2.):380-403, 1983.
287
22
ARTEAGA, A.A; BARTH, A.D.; BRITO, L.F.C. Relationship between semen quality 288
and pixel– intensity of testicular ultrasonograms after scrotal insulation in beef bulls.
289
Theriogenology, v.64, p.408-415, 2005.
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421 422 423 424
27
425
3 OBJETIVO 426
427
O objetivo deste trabalho foi avaliar a variação da espessura da pele 428
da bolsa testicular de touros da raça Braford no decorrer de 12 meses.
429 430 431
4 JUSTIFICATIVA 432
433
A espessura da pele testicular da bolsa escrotal tem função dentro 434
do processo da termorregulação escrotal e por consequência uma influência 435
qualidade espermática, sendo crucial para eficiência reprodutiva.
436 437
5 HIPÓTESE 438
439
A espessura da pele da bolsa testicular varia durante os meses do 440
ano.
441 442 443
28
444
6 ARTIGO CIENTÍFICO 445
446
BERNARDO, Guilherme Muschau. VARIAÇÃO ANUAL DA ESPESSURA DA PELE 447
DO ESCROTO EM TOUROS BRAFORD. 2019. 41 páginas. Dissertação (Mestrado 448
em Saúde e Produção de Ruminantes) – UNOPAR, Arapongas, 2019.
449 450 451
RESUMO 452
453 454
O objetivo deste trabalho foi verificar se a espessura da pele da bolsa 455
testicular varia ao longo dos meses do ano e seus diferentes ITU. A coleta de dados 456
ocorreu na mesorregião de Londrina – PR que segundo a classificação de Köppen, é 457
do tipo Cfa, ou seja, clima subtropical úmido, com chuvas em todas as estações, 458
podendo ocorrer secas no período de inverno. A temperatura média do mês mais 459
quente é, geralmente, superior a 25,5° C e a do mês mais frio, inferior a 16,4° C.
460
Para isso foram utilizados 19 touros da raça Braford todos aptos a reprodução, com 461
idade de 24 meses no inicio do experimento, no período de Janeiro de 2017 a 462
Dezembro de 2017 tendo como parâmetro comparativo o ITU ao longo dos 12 463
meses do ano. Os dados referentes ao clima foram fornecidos pelo IAPAR. A 464
espessura da pele (mm) foi mensurada com a utilização de ultrassonografia em 465
modo B (Sonoscape, A6V) com transdutor linear (7,5MHz) posicionado junto ao 466
testículo esquerdo no sentido longitudinal da gônada (dorso-ventral) no ponto onde é 467
aferido o perímetro escrotal, tendo o mediastino como ponto de referência 468
anatômico. Foram observadas variações da espessura da pele no decorrer do ano, 469
sendo esta variação provavelmente influenciada pelas condições bioclimáticas.
470 471 472
Palavras-chave: Desenvolvimento tegumentar, Ambiência, Ultrassonografia, ITU.
473
BERNARDO, Guilherme Muschau. ANNUAL VARIATION OF SCROTAL 474
THICKNESS IN BRAFORD BULLS. 2019. 41 páginas. Dissertação (Mestrado em 475
Saúde e Produção de Ruminantes) – UNOPAR, Arapongas, 2019.
476 477
29
ABSTRACT 478
The objective of this study was to verify if the scrotal skin thickness 479
varies throughout the months of the year and its different THIs. Data collection was 480
carried out in the Londrina - PR meso - region, which according to Köppen 481
classification, is Cfa type, it is humid subtropical climate, with rainfall in all seasons, 482
and droughts may occur in the winter period. The average temperature of the warmer 483
month is generally higher than 25.5 ° C and that of the coldest month, below 16.4 ° 484
C. For this purpose, 19 Braford bulls were all able for breeding, aged 24 months at 485
the beginning of the experiment, from January 2017 to December 2017, comparing 486
the THI over the 12 months of the year. The climate data were provided by IAPAR.
487
The thickness of the skin (mm) was measured using B-mode sonography 488
(Sonoscape, A6V) with a linear transducer (7.5MHz) positioned next to the left 489
testicle in the longitudinal direction of the gonad (dorso-ventral) at the point where it 490
is measured the scrotal perimeter, with the mediastinum as the anatomical reference 491
point. Changes in skin thickness were observed throughout the year, and this 492
variation was probably influenced by bioclimatic conditions.
493 494
Keywords: Tissue development, ambience, ultrasound, THI.
495 496 497 498 499 500 501
30
6.1 INTRODUÇÃO 502
503
A pele é um órgão muito complexo, sendo formado por uma fração 504
epitelial de origem ectodérmica, epiderme e uma fração conjuntiva, a derme. As suas 505
funções dentro do organismo são inúmeras, sendo principal a proteção contra 506
desidratação, lesões e infecções, além de controle da termorregulação. Na sua 507
superfície, a pele é recoberta por pêlos, que servem como proteção, criando uma 508
segunda barreira. Esse germe de pêlo é preenchido por células mesenquimais, 509
formando assim a papila dermal, que contém vasos e terminações nervosas 510
(HYTTEL et al., 2010).
511
A pele é o maior e mais pesado órgão que compõe o corpo de um 512
bovino, excluindo o músculo, sendo que sua espessura e peso aumentam até a 513
maturidade. A sua espessura pode variar entre as raças, entre a idade, o estado de 514
nutrição, do ambiente e também varia entre as raças e suas cruzas (DOWLING, 515
1964; JIAN et al., 2014).
516
Parâmetros biométricos como espessura, morfologia da pele e o 517
formato de testículo também são importantes na dinâmica de termorregulação 518
testicular (CHACÓN et al., 1999; SIQUEIRA et al., 2013), pois as trocas de calor 519
ocorrem através da pele, pelos mecanismos de condução, convecção, radiação e 520
evaporação. A relação entre a área de superfície pode modificar a intensidade desta 521
troca (MOYES; SCHULTE, 2009).
522
Animais Bos taurus, Bos inducus e suas cruzas tem diferença na 523
tolerância e dissipação do calor. Além disso a cor da pele, morfologia e porcentagem 524
de frações genéticas também influenciam nessa diferenças (WANG et al; 2014).
525
As glândulas sudoríparas são importantes na termorregulação 526
testicular, uma vez que nos touros o volume das glândulas sudoríparas por unidade 527
de superfície de pele do escroto é maior do que nas outras regiões do corpo. No 528
escroto, há um gradiente de glândulas sudoríparas que aumentam da parte proximal 529
para a distal e promovem o resfriamento do testículo. Nos bovinos, a parte do 530
epidídimo mais próxima das maiores glândulas sudoríparas é a cauda do epidídimo, 531
onde os espermatozóides são armazenados (BLASQUEZ et al., 1988).
532
A produção de espermatozóides depende do perfeito funcionamento 533
dos mecanismos fisiológicos, especialmente a termorregulação testicular, pois a 534
31
produção espermática deve ocorrer a uma temperatura de 4 a 6ºC inferior a 535
temperatura corporal (WAITES, 1970).
536
Outro fator que deve ser levado em conta é a temperatura ambiental, 537
estudos realizados mostram que os efeitos das variações climáticas sobre os 538
animais de produção, tem interferido na eficiência reprodutiva causando prejuízos 539
(RAVAGNOLO E MISZTAL, 2000). Normalmente utilizam-se dados de temperatura e 540
umidade como variáveis, os quais são expressos como índice de conforto térmico, 541
que por sua vez é representado como Índice de Temperatura-Umidade (ITU) 542
(WEST, 2003; CORREA-CALDERON et al., 2004; BOHMANOVA et al., 2007).
543
O resfriamento evaporativo pela transpiração, é o mais importante 544
mecanismo para dissipação de calor em situações com temperaturas elevadas 545
(YOUSEF, 1985; FINCH 1986; KADZERE et al., 2002). A temperatura interna do 546
animal é mais elevada e vai diminuindo até sua periferia (pele e pelos), formando 547
gradiente térmico do interior para a parte mais externa do corpo (SANTOS et al., 548
2005).
549
A ultrassonografia é um método amplamente utilizado para 550
diagnóstico, apresenta alta segurança e pequena invasividade. Trata-se de 551
importante exame complementar solicitado, especialmente em casos de afecções 552
(SOUZA; SILVA, 2015). Diferentes estudos demonstram sua flexibilidade, podendo 553
ser usado para avaliar trato reprodutivo feminino e também trato reprodutor 554
masculino (HIROOKA et al., 2005).
555 556
32
557 558
6.2 MATERIAL E MÉTODOS 559
560
O trabalho foi realizado na mesorregião de Londrina-PR, sendo seu 561
período de execução de Janeiro de 2017 a Dezembro de 2017, onde foram 562
acompanhados 19 touros da raça Braford, com idade de 24 meses no início do 563
experimento e todos aptos à reprodução.
564
As coletas das medidas foram realizadas mensalmente totalizando 565
12. Como parâmetro comparativo, além do mês utilizou-se o ITU (Tabela 1).
566
Os dados referentes ao clima foram fornecidos pelo IAPAR, onde o 567
ITU foi determinado conforme a fórmula: ITU = {(0.8T) + [(UR/100) × (T- 14.4)] + 568
46.4}, sendo que T é a temperatura do ar medida por termômetro de bulbo seco (°C) 569
e UR é a umidade relativa (%) (MADER et al.,2010; THOM, 1959).
570 571 572 573 574 575 576 577 578 579 580 581 582 583 584 585 586 587 588 589
33
Figura 5. Aparelho de Ultrassom 590
591
592 593
Fonte: O Autor, 2019.
594 595
A espessura da pele (mm) foi mensurada com a utilização de 596
ultrassonografia em modo B (Sonoscape, A6V) (Figura 5) com transdutor linear 597
(7,5MHz) (Figura 7) posicionado junto ao testículo esquerdo no sentido longitudinal 598
da gônada (dorso-ventral) no ponto onde é aferido o perímetro escrotal, tendo o 599
mediastino como ponto de referência anatômico (Figura 6).
600 601 602 603
34
Figura 6. Ponto de Mensuração 604
605
606 607
Fonte: O Autor, 2019.
608 609 610
35
611
Figura 7. Transdutor Linear 612
613
614 615
Fonte: O Autor, 2019.
616 617 618 619 620
6.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 621
622
A média anual da espessura da pele foi de 4,68 mm ±0,45 e do ITU 623
foi de 68,92 ±4,32 considerando as datas de coleta (Gráfico 1). A análise estatística 624
demonstrou existir variação na espessura de pele entre os meses, sendo a menor 625
medida no mês de maio (4,12 mm) e a maior espessura em julho (5,74 mm) quando 626
o ITU foi o menor (61,56). O testículo conta com uma fina camada de pele, do qual é 627
36
composta por uma epiderme fina e poucos pelos, contando também com uma 628
numerosa rede de vasos sanguíneos e linfáticos subcutâneos, onde, estas 629
estruturas, promovem uma perda de calor, mantendo-os a uma temperatura menor 630
do que a temperatura corporal. (KASTELIC, 2009).
631
Tabela 1. Média da Espessura da Pele do Escroto em Touros 632
Braford no Período de 12 Meses e respectivos ITU médios no dia da coleta 633
Mês Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média DP Pele 5.05 4.34 4.32 4.27 4.12 4.66 5.74 5.10 4.60 4.62 4.60 4.76 4.68 0.45
ITU 75.08 70.76 73.37 69.28 68.24 63.26 61.56 63.23 68.25 69.56 71.00 73.40 68.92 4.32 634
Fonte: O Autor, 2019.
635 636
Gráfico 1. Variação média da Espessura da Pele do Escroto em 637
Touros Braford no decorrer do ano de 2017 e respectivos ITU médios no dia da 638
coleta 639
640
641
Fonte: O Autor, 2019.
642 643
Os maiores ITUs aconteceram no decorrer do verão e os menores 644
no inverno, entretanto as menores medidas da espessura da pele aconteceram no 645
outono com valores de ITU intermediários. Os mecanismos fisiológicos 646
37
responsáveis pela termorregulação escrotal são regulação do fluxo sanguíneo, 647
perda de calor contracorrente entre artérias e veias testiculares, posição testicular 648
dada pela túnica dartos e músculo cremaster, produção de suor pelas glândulas 649
sudoríparas, morfologia geral do testículo (KASTELIC et al, 1997; DYCE et al, 2004).
650
Os dados observados indicam a variação da espessura da pele no 651
decorrer do ano e que as condições bioclimáticas influenciam esta medida. ITUs 652
menores aparentam estar relacionados com espessura de pele maiores, entretanto 653
novos estudos devem ser realizados.
654 655 656
6.4 CONCLUSÃO 657
A ultrassonografia em modo B permitiu a aferição da pele do escroto de 658
touros Braford e houve variação da espessura da pele no decorrer do ano, sendo 659
esta variação provavelmente influenciada pelas condições bioclimáticas.
660
. 661
662 663
6.5 REFERÊNCIAS 664
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