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CONTAGEM DOS PRAZOS PRAZO DE PROPOSITURA DA ACÇÃO INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO ABSOLVIÇÃO DA INSTÂNCIA

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Supremo Tribunal de Justiça Processo nº 06S1732

Relator: PINTO HESPANHOL Sessão: 15 Novembro 2006 Número: SJ20611150017324 Votação: UNANIMIDADE Meio Processual: REVISTA.

Decisão: NEGADA A REVISTA.

TRÂNSITO EM JULGADO PRAZO PEREMPTÓRIO

CONTAGEM DOS PRAZOS PRAZO DE PROPOSITURA DA ACÇÃO

REGIME APLICÁVEL CRÉDITO LABORAL

INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO ABSOLVIÇÃO DA INSTÂNCIA

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA

Sumário

1. O prazo máximo de condescendência para a prática de acto processual com o pagamento de multa, fixado no n.º 5 do artigo 145.º do Código de Processo Civil, não constitui um alargamento do prazo peremptório de que a parte legalmente dispõe para a prática do acto, antes configura um prazo

suplementar, o aditamento de um novo prazo dentro do qual as partes têm ainda o direito de praticar o acto.

2. Nesta conformidade, aquele prazo suplementar só poderá contar para efeitos de determinação do trânsito em julgado da decisão se o direito de

praticar o acto dentro desse prazo for efectivamente exercido ou, dito de outra forma, só o exercício do direito de praticar o acto dentro dos três primeiros dias úteis subsequentes ao termo do prazo peremptório obsta à ocorrência do trânsito em julgado da decisão após o termo deste prazo.

3. A norma do n.º 4 do artigo 144.º do Código de Processo Civil não determina a submissão dos prazos para a propositura de acções previstos naquele Código às regras dos prazos processuais, mas tão só ao regime dos n.os 1 a 3 daquele artigo 144.º, sendo que nesse regime não se incluem as regras fixadas nos

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n.os 5 a 7 do artigo 145.º do mesmo Código.

4. A definição conceitual de «motivo processual não imputável ao titular do direito», explicitado no n.º 3 do artigo 327.º do Código Civil, deve alicerçar-- se, essencialmente, na ideia de culpa.

5. Assim, para a absolvição da instância ser imputável ao titular do direito basta que este tenha agido com mera culpa, a qual deve ser apreciada, na falta de outro critério legal, pela diligência de um bom pai de família, em face das circunstâncias de cada caso.

6. Atendendo ao condicionalismo próprio da primeira acção intentada, é de imputar ao autor o vício da incompetência absoluta de que padecia a acção e, portanto, a absolvição do réu da instância, já que não empregou a diligência normal que seria de exigir a um profissional do Direito na ponderação dos pressupostos processuais relativos ao tribunal - a competência em razão da matéria -, face à evidência dos elementos característicos do contrato de trabalho, por isso, não se verifica o pressuposto de que depende a aplicação da norma prevista no n.º 3 do artigo 327.º do Código Civil.

Texto Integral

Acordam na Secção Social do Supremo Tribunal de Justiça:

I

1. Em 14 de Abril de 2000, no Tribunal do Trabalho de Lisboa, AA instaurou a presente acção declarativa, com processo comum, emergente de contrato individual de trabalho contra BANCO DE PORTUGAL, adiante designado por Banco, formulando cinco grupos de pedidos:

- 1.º Grupo:

(i) Se declare válido e em vigor o contrato concluído entre as partes em 21 de Maio de 1974;

(ii) Se caracterize esse contrato como de prestação de serviços, no interesse de ambos os contraentes;

(iii) Se considere como cláusulas dele, entre outras:

a) A que reconhecia ao autor a independência e autonomia indispensáveis ao exercício da profissão de advogado;

b) A que concedia ao autor «pulso livre» para continuar a exercer a sua profissão e o obrigava a manter o seu escritório, com a condição apenas de o Banco, entre os seus clientes, haver de ser considerado cliente privilegiado;

c) A que dispensava o autor de horário de trabalho e apenas lhe exigia a

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permanência no Banco, em certas circunstâncias e termos a estabelecer, por acordo com os colegas;

d) A que atribuía ao autor, a título de remuneração, além de todas as regalias que o Banco concedia aos empregados de nível superior, um ordenado a rever, em termos de aumento, condicionado apenas ao desempenho das funções, logo ao fim do primeiro ano e, depois, de dois em dois anos.

(iv) Se defina que entre as regalias que o Banco concedia aos empregados de nível superior e, consequentemente, concedeu ao autor, figuravam:

a) A de receberem os seus ordenados 16 vezes por ano;

b) A de os receberem precípuos de encargos fiscais;

c) A de terem direito a um empréstimo, a longo prazo, para aquisição de habitação própria, até ao montante de 1.000 contos ao juro de 1,5% ao ano, logo após perfazerem 3 anos de serviço;

d) A de terem direito a assistência total na doença, tanto médica, como medicamentosa, e não só para si como para o seu agregado familiar;

e) E o direito à reforma, por inteiro, após os 65 anos de idade.

- 2.º Grupo:

Se declarem nulas e de nenhum efeito as alterações introduzidas pelo Banco, sem o seu consentimento, no referido contrato, nomeadamente:

(i) As que pretenderam incluir o autor no corpo dos empregados do Banco e todas as que pressupunham essa integração;

(ii) As que submetiam o autor a outros juízos de valor profissional que não assentassem apenas no desempenho das suas funções;

(iii) A que reclassificou o autor, em 1 de Julho de 1977, no Quadro Técnico do Banco, como Assistente Técnico III;

(iv) A que, em 1987, atribuiu ao autor a notação «C» na classificação de mérito para a comparticipação nos lucros;

(v) A que lhe recusou, em 1988, a antecipação da reforma;

(vi) A que, em 1990, lhe negou o empréstimo para aquisição do material informático;

(vii) E a que, em 1977, lhe alterou as condições do empréstimo para a aquisição de habitação própria.

- 3.º Grupo:

Se condene o Banco de Portugal a pagar ao autor:

(i) A diferença que se vier a apurar entre os ordenados pagos e os que, nos termos do contrato, lhe devia ter pago, tendo em consideração, como limite mínimo, os ordenados que o Banco pagou e tem vindo a pagar ao colega Dr.

RR, admitido em 1 de Julho de 1977, logo com o nível 16, ou, pelo menos, ao

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colega Dr. DD, que entrou com o autor e nas mesmas condições do autor, e a quem foi atribuído, na reclassificação de 1977, o nível 15, tendo em conta nesse apuro, ainda, tanto o não pagamento desse ordenado 16 vezes por ano, como o seu pagamento precípuo de impostos;

(ii) A diferença entre o que o Banco pagou ao autor, como participação nos lucros de 1987, e o que lhe devia ter pago de acordo com o contrato inicial;

(iii) O prejuízo de 6.000 contos, resultante da alteração introduzida pelo Banco nas condições do empréstimo para a aquisição de habitação própria;

(iv) O prejuízo de 10.000 contos decorrente dos encargos fiscais que teve de suportar, por o Banco, unilateralmente, a partir de 1/1/1989, o ter integrado no quadro dos seus empregados;

(v) O prejuízo de 2.625 contos por o Banco não ter concedido ao autor a antecipação da sua reforma;

(vi) O pagamento de todas as despesas, médicas e medicamentosas que despendeu e venha a despender consigo ou com familiares na sua

dependência;

(vii) O pagamento a título de reforma, da retribuição que vier a ser fixada ao autor, com a integração do chamado complemento remuneratório, que lhe seja devido, das diuturnidades, dos subsídios de Natal e de férias, e da sua

comparticipação anual nos lucros;

(viii) E mais ainda, no fornecimento do material informático nas condições que lhe foram recusadas.

- 4.º Grupo:

Se condene o Banco de Portugal a pagar ao autor, a título de indemnização por danos não patrimoniais, a quantia de, pelo menos, 50.000.000$00:

(i) Pelo sofrimento moral que o autor suportou, pela desconsideração a que foi votado durante 17 anos ao serviço do Banco;

(ii) Pelo sofrimento moral que o autor suportou com a propositura de acção que correu termos na 2.ª Secção do 8.º Juízo Cível da Comarca de Lisboa, registada sob o n.º 11.180/94, incluindo a sua tramitação posterior, presença física durante o julgamento, a frustrante sentença proferida e recursos

durante 6 anos;

(iii) Pelo sofrimento moral que está e virá a sofrer com a presente acção.

- 5.º Grupo:

Tudo com juros de lei a partir das datas de constituição em mora de cada uma das parcelas que integram o pedido.

Alegou, no essencial, que entrou ao serviço do Banco de Portugal, em 21 de

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Maio de 1974, por deliberação do seu conselho de administração, de 17 de Maio de 1974, como consultor jurídico e em regime análogo ao dos outros consultores.

O regime em que tinham sido admitidos outros consultores era o regime de prestação de serviços por avença consoante tradição do Banco, tendo sido contratado como advogado para ser prestador de serviços como advogado adjunto.

Todavia, embora como prestador de serviços, tinha regalias semelhantes aos empregados das categorias superiores do Banco.

O réu contestou, por excepção, invocando que estavam prescritos os créditos reclamados pelo autor, e por impugnação, apresentando uma versão diferente sobre a ocorrência dos factos referidos na petição inicial, tendo concluído pela procedência da excepção de prescrição ou, se assim não se entendesse, pela improcedência da acção, com a sua consequente absolvição de todos os pedidos contra si formulados.

O autor respondeu, defendendo a improcedência da invocada excepção de prescrição e a condenação do réu como litigante de má fé.

Posteriormente, foi proferido despacho saneador, que julgou o tribunal do trabalho incompetente, em razão da matéria, atendendo à natureza do contrato de prestação de serviços em que o autor alicerçava os pedidos formulados na acção, e que decidiu absolver o réu da instância.

Interpostos recursos de agravo por ambas as partes, a Relação, considerando a questão da qualificação do contrato em causa definitivamente assente por acórdão proferido pelo Supremo Tribunal de Justiça, concluiu que, nessa parte, sempre seria de julgar improcedente o pedido do autor (caso julgado), porém, havia que «conhecer dos demais pedidos formulados e decorrentes do contrato de trabalho, os quais deverão ser apreciados e decididos a seu

tempo», pelo que, dando provimento aos recursos, revogou a decisão recorrida e ordenou o normal prosseguimento dos autos.

Recebido o processo na primeira instância, o tribunal do trabalho elaborou despacho saneador que julgou improcedente a excepção de prescrição invocada pelo réu e, doutro passo, julgou procedente a excepção de caso julgado, «no que concerne ao pedido deduzido pelo Autor de que se

caracterize o acordo que celebrou com o Réu, em 21 de Maio de 1974, como

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um contrato de prestação de serviços no interesse de ambos», absolvendo, nesta parte, o réu da instância, tendo operado, em seguida, a selecção da matéria de facto relevante para a decisão da causa.

Inconformado com a decretada improcedência da excepção da prescrição, o réu interpôs recurso de apelação, que foi admitido com subida diferida.

Realizado julgamento, foi exarada sentença que julgou a acção parcialmente procedente e, em consequência:

(i) Declarou válido o contrato concluído entre as partes, em 21 de Maio de 1974, e que o Supremo Tribunal de Justiça qualificou como um «contrato de trabalho»;

(ii) Condenou o réu a reconhecer que faziam parte daquele contrato as seguintes cláusulas:

a) A que reconhecia ao autor independência e autonomia indispensáveis ao exercício das funções de advogado;

b) A que autorizava o autor a continuar a exercer advocacia em escritório próprio e mediante a qual o autor se comprometeu a não dever aceitar como clientes entidades que tivessem com o réu relações que a tal

desaconselhassem, bem como a colocar em primeiro lugar as tarefas do Banco de Portugal;

c) Aquela mediante a qual o autor, integrado no corpo de consultores jurídicos do Banco, não tinha horário de trabalho rígido, devendo o seu trabalho ser prestado de acordo com os moldes de distribuição de períodos de tempo, acordados entre os consultores, por forma a manter um número adequado de consultores no local da Direcção de Serviços de Contencioso, ou noutro, do Banco, em que tal se impusesse, durante o período de funcionamento dos serviços daquele ou em permanência dos membros do seu Conselho de Administração para além daquele;

d) Aquela mediante a qual o réu se comprometeu a atribuir ao autor regalias idênticas às que pelo CCT dos Bancários e pelos seus regulamentos internos fossem asseguradas a empregados do quadro bancário, das categorias

superiores, salvo, no tocante a diuturnidades ou outra forma de beneficiação compensadora da prolongada permanência ao serviço do Banco numa mesma categoria;

(iii) Declarou que, em Maio de 1974, autor e réu acordaram que:

a) O montante referido em R) [montante mensal de 17.500$00] também era devido a título de subsídio de férias, subsídio de Natal e subsídio de Páscoa;

b) O réu arcaria com o pagamento dos impostos profissional e complementar e

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das contribuições para o Fundo de Desemprego que fossem devidos em função das remunerações que o primeiro auferia;

c) O autor, ao fim de três anos de serviço, tinha direito a um empréstimo a longo prazo até ao montante de 1.000.000$00, ao juro de 1,5% ano para aquisição de habitação própria nas condições de qualquer empregado;

(iv) Declarou ainda nula a reclassificação do autor, operada em 1977, que o reclassificou como Assistente Técnico III;

(v) Condenou o réu a pagar ao autor uma indemnização no valor de 8.500 euros por danos não patrimoniais, acrescida de juros de mora, à taxa legal, devidos desde a data da citação até integral pagamento.

2. Inconformadas, ambas as partes apelaram da sentença, tendo a Relação julgado procedente a apelação interposta pelo réu do despacho saneador, na parte em que julgou improcedente a excepção peremptória da prescrição, revogando-o nesse preciso segmento, julgando procedente a referida excepção e absolvendo o réu dos pedidos formulados, considerando prejudicado o

conhecimento dos demais recursos.

É contra a enunciada decisão que o autor interpôs recurso de revista, em que pede a revogação do acórdão recorrido ao abrigo das seguintes conclusões:

1) Na interpretação literal do artigo 323.º do Código Civil, a prescrição dos direitos em causa nesta acção interrompeu-se com a citação do réu para a primeira acção e essa citação tem-se por verificada em 9.3.94;

2) A primeira acção terminou com a absolvição do réu da instância, por acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 24 de Fevereiro de 2000,

notificado por aviso do correio de 29 do mesmo mês, pelo que, o seu trânsito em julgado, conjugados os preceitos dos artigos 677.º, 668.º, 669.º, 153.º, 685.º, n.º 1, 144.º e 145.º do Código de Processo Civil, ocorreu em 16 de Março de 2000;

3) A segunda acção foi proposta em 14 de Abril de 2000 (sexta feira), por correio registado dessa data (artigo 150.º, n.º 1, do Código de Processo Civil);

4) A citação do réu, à luz do disposto no n.º 2 do artigo 323.º do Código Civil, para efeitos da interrupção da prescrição, nesta segunda acção, deve

considerar-se feita em 19 de Abril de 2000;

5) E como o prazo de 30 dias contemplado na parte final do n.º 2 do artigo 289.º do Código de Processo Civil para a propositura da segunda acção, tendo em consideração as férias da Páscoa desse ano e as referidas disposições dos artigos 144.º e 145.º, só terminava em 26 de Abril de 2000, é manifesto que têm-se plenamente por verificados os requisitos da parte final do referido n.º 2 do artigo [289.º];

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6) Além disso, a absolvição da instância na primeira acção não pode ser imputável, por motivo processual, ao ora recorrente, enquanto titular dos direitos em causa, porque a absolvição decorreu, não de razões de processo, mas de razões substantivas que tinham a ver com a qualificação do contrato, e pela lei que vigorava eram os tribunais civis da comarca de Lisboa os

competentes para procederem à sua qualificação, conforme decorre do citado Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 24 de Fevereiro de 2000;

7) Assim sendo, pelo que está expresso na primeira parte do n.º 2 do artigo [289.º] do Código de Processo Civil, a concessão do prazo de 30 dias da sua parte final não repele, mas pelo contrário adiciona o regime dos n.os 2 e 3 do artigo 327.º do Código Civil, pelo que, nesta perspectiva e de acordo com o artigo 9.º deste Código, a prescrição dos direitos do Autor nunca se pode considerar completada antes de findarem dois meses após o trânsito em julgado da absolvição da instância;

8) E dois meses a contar do trânsito em julgado da absolvição da instância que, como dissemos, ocorreu em 16 de Março de 2000, permitiriam que a acção pudesse ter sido intentada até 16 de Maio de 2000;

9) O tribunal a quo não teve em consideração ou interpretou mal as disposições legais referidas; e, com as interpretações que fez delas,

mormente, as dos n.os 2 e 3 do artigo 327.º do Código Civil, inviabilizou a garantia constitucional de acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva do ora recorrente, bem como os princípios da proporcionalidade e da tutela da confiança de todos os cidadãos na resolução jurisdicional dos seus litígios (artigos 20.º, n.os 1, 4 e 5, e 202.º, n.º 2, da CRP);

10) O acórdão sob recurso, por violação das disposições legais citadas, deve ser revogado e substituído por outro que, julgando improcedente a invocada excepção da prescrição, ordene o prosseguimento dos autos.

Em contra-alegações, o recorrido veio defender a confirmação do julgado.

Neste Supremo Tribunal, a Ex.ma Procuradora-Geral-Adjunta pronunciou-se no sentido de que, em 14 de Abril de 2000, data em que deu entrada em juízo a petição inicial que originou a presente acção, já se havia esgotado o prazo fixado no n.º 2 do artigo 289.º do Código de Processo Civil, daí que o autor, na presente acção, não beneficia da interrupção da prescrição resultante da citação do réu na primeira acção; por outro lado, considera que o recorrente beneficia do prazo de dois meses previsto no n.º 3 do artigo 327.º do Código Civil, donde, o prazo de prescrição fixado no artigo 38.º, n.º 1, da LCT, só terminava em 13 de Maio de 2000, e uma vez que o autor intentou a segunda acção em 14 de Abril de 2000, conclui pela improcedência da excepção

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peremptória da prescrição invocada, devendo a revista ser concedida.

As partes, notificadas do parecer do Ministério Público, nada responderam.

3. No caso vertente, as questões suscitadas são as que se passam a enunciar:

- Se a interrupção da prescrição resultante da citação do réu ocorrida na primeira acção se mantém na presente acção por aplicação do disposto no n.º 2 do artigo 289.º do Código de Processo Civil (conclusões 1.ª a 5.ª);

- Se subsiste na presente acção o benefício da interrupção da prescrição, decorrente da citação do réu feita na primeira acção, terminada por

absolvição da instância, por aplicação da norma prevista no n.º 3 do artigo 327.º do Código Civil (conclusões 6.ª a 8.ª);

- Se a interpretação operada no acórdão recorrido quanto às disposições legais referidas, mormente as dos n.os 2 e 3 do artigo 327.º do Código Civil, inviabilizou a garantia constitucional de acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva do recorrente, bem como os princípios da proporcionalidade e da tutela da confiança de todos os cidadãos na resolução jurisdicional dos seus litígios, contemplados, respectivamente, nos artigos 20.º, n.os 1, 4 e 5, e 202.º, n.º 2, da CRP (conclusão 9.ª).

Corridos os vistos, cumpre decidir.

II

1. A primeira instância considerou provada a seguinte matéria de facto:

1) Em 2 de Março de 1994, no Tribunal Cível da Comarca de Lisboa, o autor propôs contra o réu uma acção declarativa, com processo ordinário, que correu termos sob o n.º 11.180/94, na 2.ª Secção do 8.º Juízo Cível da

Comarca de Lisboa (encontrando-se apensa aos presentes autos cópia integral da mesma);

2) A acção referida em 1) teve a petição inicial constante de fls. 2 a 55 da cópia do processo, que se mostra apensa aos autos;

3) No âmbito do processo referido em 1), em 30 de Julho de 1998, em 1.ª instância, foi proferida a sentença constante de fls. 898 a 933 da cópia do processo apensa aos autos;

4) No âmbito do processo referido em 1), em 24 de Junho de 1999, o Tribunal da Relação de Lisboa veio a proferir o acórdão constante de fls. 1056 a 1084 da cópia do processo apensa aos autos;

5) No âmbito do processo referido em 1), em 24 de Fevereiro de 2000, o

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Supremo Tribunal de Justiça veio a proferir o acórdão constante de fls. 1135 a 1140 da cópia do processo apensa aos autos;

6) O autor nasceu em 11 de Março de 1928 e casou em 9 de Maio de 1953;

7) O autor é pai de BB, nascido em 20 de Fevereiro de 1954, e de CC, nascida em 6 de Maio de 1958, sendo certo que, em 1 de Maio de 1974, ambos os filhos estavam a seu cargo;

8) Em 21 de Maio de 1974, o A. havia sido advogado e jurista de 1.ª classe da Auditoria do Ministério da Educação Nacional;

9) O A. abandonou a actividade de jurista referida em 8) para entrar no réu;

10) Ao concorrer ao réu, o A. apresentou o seguinte curriculum: licenciatura pela Faculdade de Direito de Coimbra com 15 valores; curso complementar da mesma Faculdade com 16 valores; estágio e prática de advocacia;

cumprimento de serviço militar; ingresso na Magistratura Ultramarina;

delegado do procurador da República nas comarcas de Cabinda e Bié e por inerência conservador dos Registos Predial e Comercial, nessas mesmas comarcas; juiz interino da Comarca do Lobito e da Comarca de S. Tomé;

promovido a juiz e colocado na Comarca de Cuanza; nomeado inquiridor e sindicante à Junta de Povoamento Agrário de Cela; colocado por motivo de saúde fora do quadro; assistente no Instituto de Estudos Sociais; admitido em 1965, a título eventual, primeiro como técnico de 2.ª e depois como técnico de 1.ª classe no Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa;

nomeado em 1972, jurista de 1.ª Classe da Auditoria do Ministério da

Educação Nacional; advogado com escritório na Avenida dos Defensores de Chaves, n.º 3, 2.º Esq., em Lisboa, desde Março de 1967;

11) No mesmo concurso do A., foi seleccionado o Ex.mo Sr. Dr. DD, que entrou ao serviço do réu, em 8 de Junho de 1974;

12) Em 16 de Maio de 1974, o Sr. Dr. EE, então Director dos Serviços do Contencioso do réu, remeteu ao Administrador da classe do contencioso do réu a informação cuja cópia constante de fls. 79 a 81 dos autos aqui se dá por integralmente transcrita;

13) Em 17 de Maio de 1974, o Conselho de Administração do réu, sob

proposta do Sr. Administrador Dr. MM, deliberou conceder autorização para o autor ser admitido ao serviço do Banco, em «regime análogo ao dos outros Consultores Jurídicos e com o ordenado inicial de 17.500$00», nos termos constantes de fls. 64 do processo, que aqui se dá por integralmente transcrita;

14) O autor passou a trabalhar para o réu, em 21 de Maio de 1974;

15) O réu contratou o autor como Advogado Adjunto;

16) O trabalho do autor para o réu era processado com independência técnica;

17) Após começar a trabalhar para o réu, o autor manteve um escritório particular de advocacia para atender a sua clientela particular;

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18) Inicialmente, o autor recebia um montante mensal de 17.500$00;

19) Em Maio de 1974, autor e réu acordaram que o montante referido em 18) também era devido a título de subsídio de férias, subsídio de Natal e subsídio de Páscoa;

20) Em Maio de 1974, A. e réu acordaram que este último arcaria com o

pagamento dos impostos profissional e complementar e das contribuições para o Fundo de Desemprego que fossem devidos em função das remunerações que o primeiro auferia;

21) A partir de 1 de Janeiro de 1975, invocando o estatuído no DL 375/74, de 20/8, o réu deixou de arcar com as despesas referidas em 20);

22) A partir de 1 de Janeiro de 1975, o réu deixou de pagar subsídio de Páscoa ao autor;

23) A partir de 1976, o réu deixou de pagar ao autor qualquer quantia a título de comparticipação nos lucros;

24) O réu fundou as condutas referidas em 22) e 23) no estatuído no DL 292/75, de 16/6;

25) O autor passou ao réu recibos verdes de todas as importâncias que o mesmo lhe pagou até 31 de Dezembro de 1988;

26) Em 23 de Junho de 1972, o conselho de administração do réu adoptou a deliberação constante de fls. 77 e 78 dos autos, que aqui se dá por

integralmente transcrita;

27) Em 16 de Maio de 1974, o Advogado-Director do Contencioso do réu

prestou ao Administrador da classe do Contencioso a informação constante de fls. 79 a 81 do processo, que aqui se dá por integralmente reproduzida;

28) Em 29 de Dezembro de 1971, o Advogado Director do Contencioso do réu prestou ao Administrador da Classe do Pessoal do réu uma informação nos termos constantes de fls. 82 a 109 dos autos dos autos, que aqui se dão por inteiramente transcritos;

29) Em 1 de Julho de 1977, o Secretário do Conselho de Administração do Réu emitiu a comunicação n.º 94/77 com o teor constante de fls. 149 dos autos, que aqui se dá por integralmente reproduzida;

30) Em 1 de Julho de 1977, o Secretário do Conselho de Administração do Réu emitiu a Comunicação do Conselho n.º 95/77, com o teor constante de fls. 130 a 132 dos autos, que aqui se dão por integralmente reproduzidas, através da qual deu a conhecer que, em sessão de 1 de Junho de 1977, o Conselho de Administração havia deliberado reclassificar os elementos do Quadro Técnico, tendo reclassificado os advogados do Contencioso nos seguintes moldes:

«Advogados-Consultores: Dr. FF - Técnico-Consultor I; Dr. GG - Técnico- Consultor I; Advogado Director-Adjunto - Dr. HH - Técnico-Assessor I;

Advogado-Adjunto - Dr. II - Técnico-Assessor I; Dr. JJ- Assistente-Técnico I; Dr.

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DD - Assistente-Técnico I; Dr. KK - Assistente-Técnico III; Dr. LL - Assistente-- Técnico III»;

31) Em 1 de Julho de 1977, o Secretário do Conselho de Administração do Réu emitiu a Comunicação do Conselho n.º 102/77 que teve o teor constante de fls.

133 e 134 dos autos, que aqui se dá por inteiramente reproduzida;

32) Em 6 de Julho de 1977, o Director dos Serviços Jurídicos do réu remeteu ao autor a carta cuja cópia, constante de fls. 147 dos autos, aqui se dá por reproduzida;

33) Em 20 de Julho de 1977, cinco advogados do réu remeteram ao Conselho de Administração do réu uma carta com o teor constante de fls. 145 e 146 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita;

34) Em 1 de Agosto de 1977, o autor remeteu ao Conselho de Administração do réu uma exposição com o teor constante de fls. 135 a 144 dos autos, que aqui se dá por inteiramente reproduzida;

35) Em 3 de Agosto de 1977, a Comissão de Trabalhadores do réu remeteu ao autor a carta cuja cópia, constante de fls. 155 dos autos, aqui se dá por

integralmente reproduzida;

36) Em 7 de Setembro de 1977, o Conselho de Administração do réu aprovou o «Regulamento do Quadro Técnico» aplicável às categorias de técnicos economistas e juristas;

37) O que deu origem à Comunicação do Conselho n.º 151/77 que teve o teor constante de fls. 121 e 122 dos autos, que aqui se dá por inteiramente

reproduzida;

38) Em 21 de Outubro de 1977, os Técnicos Juristas do réu, entre eles o autor, remeteram ao Conselho de Administração do réu uma carta/exposição cuja cópia, constante de fls. 317 do processo, aqui se dá por inteiramente

reproduzida;

39) Em 26 de Outubro de 1977, a Comissão Executiva Geral do réu emitiu a nota cuja cópia, constante de fls. 318 dos autos, aqui se dá por transcrita destinada aos signatários do documento referido em 38);

40) Em 20 de Março de 1978, o autor remeteu ao Sr. Administrador do Pelouro do Pessoal do réu a carta cuja cópia, constante de fls. 156 e 157, aqui se dá por integralmente reproduzida;

41) Em 14 de Agosto de 1978, o autor remeteu ao Conselho de Administração do Banco de Portugal a carta cuja cópia, constante de fls. 158 a 163 dos autos, aqui se dá por inteiramente reproduzida;

42) Em 29 de Fevereiro de 1988, o autor solicitou à Administração do réu a passagem à reforma, ao abrigo da CI n.º 165/87, de 3 de Dezembro de 1987, a partir do dia 31 de Dezembro de 1988, nos termos constantes de fls. 173 dos autos, que aqui se dão por reproduzidos;

(13)

43) Em 9 de Setembro de 1988,o autor remeteu ao Director do Departamento de Serviços Jurídicos a carta cuja cópia, constante de fls. 174 a 183 dos autos, aqui se dá por integralmente transcrita;

44) Em 16 de Março de 1988, o autor tomou conhecimento que o réu entendia que ele não reunia as condições para a passagem à reforma nos termos da comunicação interna constante de fls. 184, que aqui se dá por reproduzida;

45) Em 8 de Agosto de 1988, o Departamento de Pessoal e Relações de

Trabalho do réu remeteu ao Departamento de Serviços Jurídicos a informação constante de fls. 187 dos autos, que aqui se dá por integralmente reproduzida;

46) Em 30 de Março de 1989, o réu publicou o «Regulamento de Carreiras do Grupo I», constante de fls. 319 a 321 dos autos, que aqui se dá por

integralmente reproduzido;

47) Em 28 de Maio de 1987, o Conselho de Administração do réu adoptou deliberação que consta de Circular Informativa, datada de 15 de Julho de 1987, constante de fls. 164 a 166 dos autos, que aqui se dá por inteiramente reproduzida;

48) Em consequência, o réu voltou a pagar ao autor um montante a título de participação nos lucros;

49) No que respeita a técnicos de nível 15 e superior - onde se situava o autor - o pagamento da participação nos lucros passou a estar condicionado a

factores subjectivos de mérito e de assiduidade e mesmo em função do comportamento disciplinar de cada trabalhador podendo atingir 133,3%, 100% ou 70% da remuneração mensal;

50) Para efeitos do pagamento referido em 48) foi atribuída ao autor a notação

«C» não obstante o seu Director de Departamento haver proposto para o autor e todos os seus colegas a notação «A»;

51) Em 26 de Janeiro de 1989, o Departamento de Pessoal do réu remeteu ao Director de Serviços Jurídicos o ofício constante de fls. 67 dos autos, que aqui se dá por inteiramente reproduzido;

52) Em 30 de Janeiro de 1989, o réu deu a conhecer ao autor a Comunicação de Serviço Interno n.º 67/DPTRB/PR, com o teor constante de fls. 66, que aqui se dá por integralmente transcrita, segundo a qual, a partir de 1 de Janeiro desse ano, o autor passava a ser considerado empregado do mesmo em regime de trabalhador por conta de outrem para efeitos fiscais;

53) Em 17 de Janeiro de 1990, o réu emitiu a Circular Informativa constante de fls. 367 a 371 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita, através da qual divulgou que havia deliberado conceder empréstimos sem juros até 36 meses e comparticipar 1/3 do valor da aquisição do valor do equipamento informático que os seus empregados quisessem adquirir nos moldes ali referidos;

(14)

54) Em 22 de Janeiro de 1990, o autor apresentou o boletim de inscrição relativo à concessão de empréstimo tendente à aquisição de equipamento informático nos termos constantes de fls. 197 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrito;

55) O réu desatendeu a pretensão de empréstimo do autor para adquirir equipamento informático;

56) Em 3 de Abril de 1990, o autor remeteu ao DPT - Serviço de Administração do réu a carta constante de fls. 200, que aqui se dá por integralmente

transcrita, na qual se propunha a pagar o financiamento do equipamento informático, não em 3 anos, mas pelo tempo que lhe faltava para atingir os 65 anos;

57) O réu, a partir da publicação da Lei Orgânica, aprovada pelo DL n.º 644/75, de 15 de Novembro, entendeu estar desobrigado da concessão do empréstimo para aquisição de casa própria;

58) Em 22 de Dezembro de 1976, o Advogado-Director do Contencioso do réu remeteu ao Ex.mo Administrador do Pelouro do Contencioso o parecer

constante de fls. 201 a 224 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrito;

59) Em 31 de Agosto de 1977, o autor assinou o pedido de empréstimo para habitação constante de fls. 225 e 226 dos autos, que aqui se dá por

integralmente transcrito;

60) Em 6 de Fevereiro de 1986, o autor outorgou a escritura de compra, venda e mútuo com hipoteca, constante de fls. 228 a 235 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita, através da qual contraiu um empréstimo para aquisição de casa própria no valor de 4.500.000$00 amortizáveis em doze anos e a um juro de 15%;

61) O réu aprovou um Regulamento de Constituição do Fundo de Pensões do Banco de Portugal;

62) Em Julho de 1977, o autor atingiu o nível 14;

63) Em 1980, o autor passou ao nível 15;

64) Em 1983, o autor atingiu o nível 16;

65) Em 1 de Janeiro de 1985,o autor atingiu o nível salarial 17 que mantinha à data da reforma;

66) Quando atingiu os 65 anos de idade, o autor auferia mensalmente:

vencimento base - 296.000$00; diuturnidades - 14.550$00; complemento remunerativo - 165.000$00;

67) Após se ter reformado, o autor ficou a receber do réu a título de reforma:

268.180$00, em correspondência ao vencimento base; 19.380$00 em correspondência às diuturnidades;

68) O réu aprovou um Regulamento de comparticipações em despesas de

(15)

doença e funeral dos seus empregados;

69) A relação laboral entre autor e réu cessou em 10 de Março 1993;

70) Em 5, 13 e 18 de Julho de 1997, o Administrador do Pelouro do

Contencioso do réu enviou ao autor as cartas cujas cópias, constantes de fls.

150 a 154 dos autos, aqui se dão por reproduzidas;

71) Em 4 de Outubro de 1987, o então Director do Contencioso do réu remeteu ao então Vice-Presidente do Banco uma carta com o conteúdo constante de fls. 169 e 170 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita;

72) O autor enviou ao então Vice-Governador do réu, Dr. NN, carta datada de 20 de Outubro de 1987, que teve o teor constante de fls. 167 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita;

73) Em resposta à comunicação de serviço interno referida em 52), o autor dirigiu ao Director dos Serviços Jurídicos do réu uma carta com o teor constante de fls. 185 e 186 dos autos, que aqui se dá por reproduzido;

74) Em 19 de Fevereiro de 1993, o autor dirigiu ao Conselho de Administração do réu uma exposição com o teor constante de fls. 398 a 425 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita;

75) O administrador [do réu] escreveu e enviou ao autor as cartas constantes de fls. 150 a 154 dos autos, que aqui se dão por integralmente reproduzidas;

76) Em 21 de Maio de 1974, o réu comprometeu-se a atribuir ao autor regalias idênticas às que pelo CCT dos Bancários e pelos seus regulamentos internos fossem asseguradas a empregados do quadro bancário das categorias

superiores, salvo no tocante a diuturnidades ou outra forma de beneficiação compensadora da prolongada permanência ao serviço do Banco numa mesma categoria;

77) Em 21 de Maio de 1974, o réu acordou com o autor que no âmbito do serviço a prestar, integrado no corpo de consultores jurídicos do Banco, este último teria «pulso livre» na medida consentida pelo cumprimento das

obrigações assumidas para com o Banco - inclusivamente num plano

deontológico de incompatibilidades -, designadamente a de permanência - sem horário de trabalho rígido, mas segundo moldes de distribuição de períodos de tempo, acordada entre os consultores, de um número adequado de consultores no local da Direcção de Serviços de Contencioso, ou noutro, do Banco, em que tal se impusesse, durante o período de funcionamento dos serviços daquele ou em permanência dos membros do seu Conselho de Administração para além daquele;

78) Mais acordaram que o autor devia manter actualizados e em bom nível os seus conhecimentos profissionais nos vários ramos do direito comummente atribuídos aos advogados de uma empresa como era o Banco (sem limitação

(16)

de elementos de estudo que fosse possível reunir por conta do mesmo e dentro do sistema de organização da biblioteca deste) e ainda de especialização em algum ou alguns ramos de Direito, menos cultivados mas de peculiar interesse perante as circunstâncias de actuação do Banco;

79) No âmbito das negociações que levou a cabo com o autor, o Advogado-- Director dos Serviços do Contencioso do réu ventilou a possibilidade de nos tempos mais próximos poder surgir a conveniência de um dos advogados do Banco ter de aprofundar conhecimentos do novo Direito Sindical e de

Trabalho ou de ramos com estes conexos;

80) Em 1974, o réu via com bons olhos que os seus advogados continuassem a exercer advocacia nos respectivos escritórios;

81) O autor assumiu perante o réu o compromisso do mesmo ser considerado um cliente privilegiado (no sentido de o autor não dever aceitar como clientes entidades que tivessem com o réu relações que tal desaconselhassem, bem como no de que devia pôr as tarefas do Banco de Portugal em primeiro lugar);

82) Em 1974, o réu concedia a alguns dos seus empregados uma

comparticipação anual nos lucros do Banco que não podia ser em valor inferior ao montante que os trabalhadores auferiam mensalmente;

83) Em 21 de Maio de 1974, autor e réu assentaram que o primeiro, ao fim de três anos de serviço, tinha direito a um empréstimo a longo prazo até ao

montante de 1.000.000$00, ao juro de 1,5% ano, para aquisição de habitação própria nas condições de qualquer empregado;

84) Na década de 1970, o réu procedeu a aumentos aos seus trabalhadores;

85) A reclassificação referida em 30) causou sofrimento psicológico ao autor;

86) Na sequência da reclassificação referida em 30), os Advogados que faziam parte do Contencioso do réu, em 20 de Julho de 1977, subscreveram a carta constante de fls. 145 e 146, que aqui se dá por integralmente reproduzida;

87) A reclassificação referida em 30) foi levada a cabo sem os Advogados do Contencioso, nomeadamente o autor, serem ouvidos;

88) A reclassificação referida em 30) foi levada a cabo sem ter sido ouvido o Director dos Serviços Jurídicos [do réu];

89) Em 3 de Agosto de 1977, a Comissão de Trabalhadores do Banco de Portugal - Sede remeteu ao autor uma carta cuja cópia, constante de fls. 155 dos autos, aqui se dá por integralmente transcrita;

90) O autor sempre foi reputado como um profissional competente pelos colegas do Contencioso do Banco de Portugal;

91) O réu nunca deu qualquer satisfação ao autor acerca dos requerimentos referidos em 40) e 41);

92) O autor fez diligências junto da Administração do réu tendentes a mostrar o desagrado que a notação C, que lhe foi atribuída, lhe causou, nomeadamente

(17)

junto do Administrador Sr. Dr. OO;

93) Em Outubro de 1987, o autor elaborou a carta constante de fls. 167 dos autos, que aqui se dá por integralmente reproduzida, que foi entregue ao senhor Vice-Governador NN, que superintendia no Departamento dos Serviços Jurídicos;

94) O autor fez diligências tendentes a mostrar o seu desagrado pela notação C que lhe fora atribuída junto do Governador do Banco de Portugal Sr. Dr. PP;

95) Mesmo após a recusa referida em 44), o autor insistiu na sua saída;

96) Após a recusa referida em 44), o autor fez junto do DPT do réu exposições, informações e comunicações escritas nas quais alertava para o facto de se considerar como trabalhador por conta própria;

97) Em consequência das recusas que recebeu, o autor levou o assunto da sua reforma à Administração do réu;

98) O DPT do réu assumiu posição no sentido de que no caso de opção

imediata pela antecipação da reforma pelo autor, ao abrigo da CI n.º 165/87, devia ser-lhe garantida a reforma por inteiro, mas à mesma devia ser abatida a pensão atribuída pelo tempo de serviço prestado na função pública, por

entender que lhe era aplicável o estabelecido na cláusula 138.ª do ACT em conjugação com o n.º 5 do artigo 9.º do Contrato de Constituição de Fundo de Pensões do Banco de Portugal;

99) Em 1988, havia incentivos de antecipação da reforma, sendo certo que o réu os negociava com os seus trabalhadores, caso a caso, e que era usual estes últimos receberem um montante de incentivo e a atribuição de um nível

superior;

100) O autor sentiu-se desconsiderado com a reclassificação referida em 30);

101) O autor sentiu-se desconsiderado com a notação C;

102) O autor ficou contrariado com o facto do réu lhe recusar a antecipação da reforma;

103) O autor sempre reivindicou para si o estatuto de advogado entendendo que não era trabalhador do réu;

104) A reclassificação referida em 30), bem como a notação C referida na resposta ao quesito n.º 34 [«O autor sentiu-se desconsiderado com a notação C que lhe foi atribuída para efeitos de comparticipação nos lucros?»]

causaram sofrimento psicológico ao autor;

105) Com a decisão referida em 52), o autor deixou de poder considerar as remunerações que recebia mensalmente do réu como provenientes da sua advocacia;

106) No período decorrido entre Janeiro de 1989 e Março de 1993, o autor passou a pagar mais impostos do que pagava anteriormente como

consequência de a partir de 1 de Janeiro de 1989 sobre as suas remunerações

(18)

terem passado a incidir os encargos fiscais dos trabalhadores por conta de outrem;

107) A consideração do direito à concessão de empréstimo para aquisição de casa própria pesou na decisão do autor de entrar ao serviço do réu;

108) O autor recorreu ao empréstimo referido em [60)];

109) Em 6 de Fevereiro de 1986, o autor outorgou a escritura de compra,

venda e mútuo com hipoteca constante de fls. 228 a 235 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita, através da qual contraiu um empréstimo para aquisição de casa própria no valor de 4.500.000$00 amortizáveis em doze anos e a um juro de 15%, sendo certo que em 1977 a taxa de juros anual de um empréstimo bancário era de 5,5%;

110) Os preços de mercado dos imóveis em 1986 eram superiores aos praticados em 1977;

111) A inscrição no Serviço de Assistência Médico Social dos Empregados Bancários (SAMS) é obrigatória para os trabalhadores bancários, sendo certo que o autor entendia que não tinha que descontar para tal entidade;

112) Desde 21 de Maio de 1974, o réu assumiu a condição de principal cliente do autor;

113) Após 21 de Maio de 1974, o autor fez parte de duas Comissões de revisão do CPC, dirigidas pelo Professor Dr. QQ;

114) Após 21 de Maio de 1974, o autor leccionou na Faculdade de Direito de Lisboa, entre 1977 e 1986, ministrando a cadeira de Teoria Geral de Direito Civil, sendo certo que o fez em horário nocturno;

115) Em 4 de Maio de 1984, o autor foi eleito membro do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados;

116) O réu teve interesse em integrar o autor no seu quadro de Contencioso;

os advogados do réu dispunham de um espaço de trabalho próprio nas

instalações do Banco de Portugal, sendo certo que o réu lhes facultava meios de trabalho; o réu pretendia ter sempre advogados nas suas instalações para qualquer eventual consulta;

117) Os advogados do réu tinham um horário flexível. Era possível proceder à distribuição de tempo entre os consultores conforme as necessidades, tendo em atenção que o Banco pretendia sempre ter alguns advogados nas suas instalações;

118) A maior parte dos advogados do Banco de Portugal - por deferência - comunicavam ao Director do Contencioso quando precisavam sair por motivo de clientes particulares;

119) A distribuição das tarefas, bem como dos períodos de permanência, estava subordinada ao Director dos Serviços do Contencioso que procurava conciliar os interesses de todos eles;

(19)

120) O autor encontrava-se integrado no Contencioso do réu que tinha os seguintes graus: Director do Contencioso, Director Adjunto do Contencioso e Adjunto do Contencioso, todos eles Advogados;

121) O autor não cobrava honorários fundados, especificamente, em serviços que fosse prestando;

122) O pagamento da retribuição ao autor não dependia do volume ou tipo de tarefas que lhe eram cometidas pelo réu nem do seu resultado;

123) A comparticipação que o autor recebesse nos lucros do réu era em montante a definir em cada ano;

124) O réu dispõe de gabinetes e de secretariado e biblioteca de apoio para os advogados que integram o seu quadro de contencioso e não necessita para o seu serviço dos escritórios privados dos seus advogados;

125) O autor usava os gabinetes do réu, bem como, por vezes, o seu secretariado;

126) O autor apresentou um pedido de reclassificação em Quadro Técnico, tendo ressalvado nos termos de carta que, em 1 de Agosto de 1977, remeteu ao Conselho de Administração do Banco Portugal constante de fls. 135 a 144 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita, que o fazia apenas para equiparação de remuneração;

127) O réu procedeu à integração no ordenado mensal do autor do subsídio de Páscoa, da comparticipação nos lucros bem como da parcela correspondente ao pagamento dos seus impostos;

128) Foi atribuída a tal integração eficácia retroactiva a 1 de Janeiro de 1975;

129) Em 1 de Janeiro de 1975, a retribuição mensal do autor passou a ser de 21.850$00 em catorze meses;

130) Na reclassificação levada a cabo em 1977, por forma a reconduzir os técnicos aos escalões e terminologia do Regulamento referido em 36), o Conselho de Administração do réu utilizou como critério a apreciação do mérito, tendo em atenção o valor relativo de cada elemento avaliado por meio da qualidade e quantidade de trabalho produzido, a capacidade de resposta às solicitações e a capacidade de aperfeiçoamento técnico. Em 5 de Julho de 1977, o Sr. Dr. SS remeteu ao Autor a carta constante de fls. 150 e 151 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita. Foi adoptado o critério mencionado na Comunicação do Conselho n.º 102/77, de 1 de Julho de 1977, constante de fls. 133 e 134 dos autos, que aqui se dá por integralmente transcrita.

131) Antes de 1988, o autor, em consequência de orientação do Sr. Dr. TT, teve menos trabalho distribuído, a nível da prolação de pareceres, do que os

colegas advogados;

132) O autor cumpriu uma comissão de serviço política-administrativa

(20)

respeitante ao território de S. Tomé e Príncipe. Essas funções tiveram início em Junho de 1974 e termo em Julho de 1975 e durante esse lapso de tempo esteve naquele território por duas vezes, sendo certo que uma delas ocorreu durante um período de férias judiciais;

133) Inicialmente, a Fundição de Oeiras era um cliente do Sr. Dr. SS;

134) Este advogado veio a ausentar-se para a Alemanha, tendo deixado essa avença ao Professor QQ e ao autor, sendo certo que também veio a colaborar no âmbito da mesma o Sr. Dr. VV, que regressou das ex--colónias em finais de 1975;

135) Entre 21 de Maio de 1974 e 1 de Julho de 1977, o autor deu assistência jurídica a alguns «retornados» do ex-ultramar português, sendo certo que deu instruções à funcionária do seu escritório para encaminhar muitos dos que o procuravam para o Sr. Dr. VV por não dispor de tempo para acompanhar os respectivos processos;

136) Aos advogados do réu não era vedado utilizar as instalações do Banco, nem o tempo que lá estavam, para fazerem trabalhos da sua advocacia particular;

137) O autor recebeu, pelo menos, um cliente particular nas instalações do réu;

138) O Sr. Dr. AAA foi admitido a trabalhar para o réu em Junho de 1977;

139) Antes de ser admitido a trabalhar para o réu, o Sr. Dr. RR pertencia a um escritório de advocacia, que integrava entre outros advogados os Srs. Drs. XX, ZZ e YY, tendo continuado a fazer parte do mesmo, mas sem ali exercer

qualquer actividade profissional;

140) O Sr. Dr. RR falava fluentemente francês e inglês, tendo vasta experiência em seguros e Direito Sindical. Quando começou a trabalhar para o réu

continuou a colaborar com uma seguradora para a qual elaborava algumas peças processuais;

141) O Sr. Dr. RR interessou-se pelo Direito Comunitário, sendo certo que veio a ser nomeado «Coordenador de Núcleo» do Direito Comunitário do réu;

142) Tal núcleo era composto pelo Sr. Dr. RR, pela Sr.ª Dr.ª BBB e pelo Sr. Dr.

CCC;

143) O Sr. Dr. RR acompanhava com assiduidade o Vice- -Governador do Banco de Portugal num Comité de Consulta da Comissão Europeia,

denominado de Comité Consultivo Bancário (para matérias de supervisão providencial) em que eles e um representante do Ministério das Finanças eram os representantes de Portugal;

144) E foi co-autor do projecto do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras;

145) O Sr. Dr. RR participou em revisões da Lei Orgânica do Banco de

(21)

Portugal;

146) O Sr. Dr. RR foi representante do réu no Comité referido em 143), fez parte de grupos de trabalho na Comissão Europeia e actualmente é

representante do réu no Comité de Assuntos Jurídicos no Banco Central Europeu;

147) A proposta de reclassificação dos advogados feita em 1977 partiu do Administrador do Pelouro;

148) O Administrador do Pelouro prestou esclarecimentos pessoais ao autor sobre a reclassificação referida em 30);

149) Esteve uma técnica de inspecção fiscal do [Ministério] das Finanças no Banco de Portugal que após analisar a situação do autor e outros considerou tratar-se de «trabalho dependente» e aconselhou a que a respectiva tributação fosse feita como tal;

150) A técnica do [Ministério] das Finanças disse ainda que se assim não se fizesse levantaria um auto em próxima inspecção que lá fosse fazer;

151) O réu pôs termo aos recibos verdes que alguns empregados seus lhe passavam, nomeadamente advogados;

152) Tal fiscalização foi feita com o conhecimento do autor;

153) A reforma antecipada do autor dependia do acordo entre o réu e o autor, cabendo a decisão final ao Banco;

154) Em 29 de Fevereiro de 1988, o autor solicitou a passagem à reforma nos termos constantes de fls. 173 do processo, que aqui se dão por integralmente transcritos;

155) Em 16 de Março de 1988, o Departamento de Assuntos Jurídicos do réu deu nota ao autor da comunicação de serviço interno constante de fls. 184 do processo, que aqui se dá por reproduzida;

156) O autor já era reformado pela Caixa Geral de Aposentações pelo tempo de serviço prestado na função pública;

157) O autor não aceitou a dedução dessa pensão;

158) Em 13 de Setembro de 1988, no ISP constava um projecto de contrato constitutivo do «Fundo de Pensões do Banco Portugal» cujos termos

mereceram a aprovação daquele instituto;

159) A atribuição de incentivos à aquisição de equipamento informático pelos empregados do réu referida em 53) teve em vista a autoformação e

valorização pessoal e profissional dos empregados do Banco;

160) A atribuição do incentivo estava sujeita a decisão do réu em relação a cada caso;

161) O ré[u] entendeu que os candidatos ao empréstimo para aquisição de material informático que atingiam o limite da idade de reforma, antes de decorridos três anos, não satisfaziam o interesse da respectiva concessão;

(22)

162) Pelo que não os concedeu a todos os candidatos que atingissem a idade da reforma antes de três anos decorridos sobre a sua eventual concessão;

163) As campanhas para atribuição do incentivo à aquisição de material informático tiveram uma dotação orçamental limitada;

164) Por deliberação de 23 de Novembro de 1977, o réu atribuiu ao autor um crédito de 1.050.000$00 para aquisição de habitação própria;

165) O autor não usou esse crédito;

166) Na primeira metade da década de 1980, o então Director do Contencioso, Dr. TT, deixou de atribuir ao autor a emissão de pareceres por entender que o mesmo dava sempre pareceres em sentido contrário àquele que era aflorado nas reuniões com os colegas;

167) A partir de 1988, o Director do Contencioso, Sr. Dr. JJ passou a distribuir pareceres ao autor com mais frequência;

168) O Sr. Dr. JJ pensou em criar condições para propor que o autor passasse a integrar o nível 18;

169) Dentro do horário de funcionamento do Banco, o réu facilitava aos seus advogados a intervenção em diligências judiciais e junto de entidades oficiais e até particulares para tratar dos seus clientes privados;

170) O Sr. Dr. DD teve um escritório de advocacia entre 1975/1976, e deu aulas, mas dedicava-se quase exclusivamente ao Banco;

171) E com frequência levava trabalho para casa;

172) A partir de 1988 e até Dezembro de 1996, o Sr. Dr. DD exerceu as funções de Director Adjunto;

173) A partir de Dezembro de 1996, o Sr. Dr. DD passou a desempenhar funções no Banco relacionadas com a União Europeia;

174) O Sr. Dr. DD, que tem obra publicada em Direito Bancário, era especialmente solicitado para dar pareceres ao Banco o que fazia com interesse e sem atrasos;

175) O Conselho de Administração do réu fixava em cada ano contingentes de promoções que tinham de ser geridas pelas hierarquias;

176) Ao longo dos anos as promoções no réu têm sido levadas a cabo por diversas formas;

177) Das promoções havia a faculdade de recurso para uma Comissão, o que o autor nunca fez;

178) A determinação do valor do complemento retributivo resultava de vários factores, nomeadamente a política retributiva do Banco para cada ano, o nível de conteúdo do posto de trabalho, o nível do ACT, a avaliação e classificação anual do mérito em graus: A', A, B, C e D;

179) Qualquer trabalhador podia ser objecto de classificação diferente em cada ano;

(23)

180) A distribuição pelos graus era feita em percentagens até à soma de 100%

podendo da aplicação das percentagens a determinado grau resultar a exclusão de outros;

181) O autor foi integrado no Quadro de Técnicos Juristas do réu;

182) Em Maio de 1974, o autor ficou com a convicção que o montante da sua remuneração havia de ser periodicamente revisto, no sentido do seu aumento e não só no da sua actualização;

183) Entre Janeiro de 1983 e Dezembro de 1992, o autor auferiu do réu as remunerações referidas nos recibos constantes de fls. 455 a 521 dos autos, que aqui se dão por reproduzidos.

Para além da matéria de facto já enunciada, extrai-se, ainda, dos autos, com interesse para o conhecimento do objecto do recurso, a factualidade seguinte:

a) Na acção proposta pelo mesmo autor contra o mesmo réu, em 2 de Março de 1994, que correu termos sob o número 11.180/94, na 2.ª Secção do 8.º Juízo Cível da Comarca de Lisboa, «foi expedida carta registada com A/R para citação do Réu, em 23 de Março de 1994, tendo o mesmo Réu contestado, em 2 de Maio de 1994, não [se] certificando a data da citação do Réu, por o A/R não se encontrar junto aos autos» (certidão de fls. 525 e seguintes);

b) Na dita acção, em sede de despacho saneador, foi julgada improcedente a excepção de incompetência em razão da matéria do tribunal cível, tendo o réu interposto recurso de agravo, com subida diferida, e após o julgamento foi proferida sentença, que julgou a acção parcialmente procedente, declarando

«válido o contrato concluído entre A. e R. em 21 de Março de 1974» e

«improcedente o segundo pedido, por não provado, dele absolvendo o R., em consequência julgando prejudicada a apreciação dos demais pedidos, dele dependentes», sendo que o autor interpôs recurso de apelação da sentença final (certidão de fls. 525 e seguintes);

c) Na sequência dos referidos recursos, o Tribunal da Relação de Lisboa entendeu que «[s]endo o contrato celebrado entre o A. e o R. um contrato de trabalho, o Tribunal Cível da Comarca de Lisboa é materialmente

incompetente para esta acção, sendo materialmente competentes os tribunais do trabalho (artigo 64.º, alínea b), da LOTJ)», e decidiu «conceder provimento ao agravo [interposto pelo réu do despacho saneador] e, em consequência, absolver o R. da instância», julgando «prejudicada a apreciação dos restantes recursos» (certidão de fls. 525 e seguintes);

d) Inconformado, o autor interpôs recurso de agravo para este Supremo

Tribunal, que negou provimento ao agravo, por acórdão de 24 de Fevereiro de 2000, «tendo este sido devidamente notificado e transitado em julgado no dia

(24)

13 de Março de 2000» (certidão de fls. 525 e seguintes);

e) A petição inicial respeitante à presente acção deu entrada na secretaria-- geral do Tribunal do Trabalho de Lisboa, em 17 de Abril de 2000, tendo sido remetida pelo correio, sob registo, no dia 14 de Abril de 2000, sendo certo que, nessa peça processual, o autor formula os mesmos pedidos deduzidos na mencionada acção proposta no 8.º Juízo Cível da Comarca de Lisboa e a causa de pedir é também a mesma (fls. 1 a 63, 265 e 526 a 531);

f) O Banco réu foi citado para os termos da presente acção, em 15 de Maio de 2000 (fls. 269).

Este é o acervo factual disponível para resolver as questões suscitadas.

2. O acórdão recorrido considerou que o prazo prescricional de um ano previsto no n.º 1 do artigo 38.º do Regime Jurídico do Contrato Individual de Trabalho, anexo ao Decreto-Lei n.º 49.408 de 24 de Novembro de 1969, designado adiante por LCT, se completara antes da propositura da presente acção, não podendo o autor beneficiar do prazo de 30 dias previsto no n.º 2 do artigo 289.º do Código de Processo Civil, nem do prazo de dois meses

estipulado no n.º 3 do artigo 327.º do Código Civil, neste caso, por lhe ser imputável o motivo processual que deu causa à absolvição da instância na primeira acção proposta no Tribunal Cível de Lisboa.

Por sua vez, o recorrente sustenta que, por força das disposições conjugadas dos artigos 677.º, 668.º, 669.º, 153.º, 685.º, n.º 1, 144.º e 145.º do Código de Processo Civil, o trânsito em julgado do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 24 de Fevereiro de 2000, proferido na primeira acção, ocorreu em 16 de Março de 2000, pelo que, sendo a presente acção proposta em 14 de Abril de 2000 (sexta-feira), por correio registado dessa data [artigo 150.º, n.º 1, alínea b), do Código de Processo Civil], devendo a citação do réu, nesta segunda acção, considerar-se feita em 19 de Abril de 2000 (artigo 323.º, n.º 2, do Código Civil), e atendendo a que o prazo de 30 dias previsto no n.º 2 do artigo 289.º do Código de Processo Civil para a propositura da acção, tendo em conta as férias da Páscoa desse ano e as disposições dos artigos 144.º e 145.º do mesmo Código, só terminava em 26 de Abril de 2000, verificam-se plenamente os requisitos de aplicação do regime do n.º 2 do artigo 289.º citado.

Por outro lado, o recorrente defende que beneficia do prazo de dois meses previsto no n.º 3 do artigo 327.º do Código Civil, porquanto o motivo que conduziu à absolvição do réu da instância na primeira acção não lhe pode ser

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