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INVESTIGAÇÃO DA PRÁTICA DE TAI CHI CHUAN ENTRE IDOSOS

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM

GERONTOLOGIA

INVESTIGAÇÃO DA PRÁTICA DE

TAI CHI CHUAN ENTRE IDOSOS

MESTRADO EM GERONTOLOGIA

LEANDRO ASSIS TEIXEIRA

São Paulo

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM

GERONTOLOGIA

INVESTIGAÇÃO DA PRÁTICA DE

TAI CHI CHUAN ENTRE IDOSOS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de

Estudos Pós-Graduados em

Gerontologia, da Pontifica

Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Gerontologia, sob orientação da Profª Drª Vera Lúcia Valsecchi de Almeida.

LEANDRO ASSIS TEIXEIRA

São Paulo

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Dedicatória

Dedico esta dissertação a minha esposa Andréa, pelo apoio incondicional, companheirismo e dedicação ao nosso amor.

Aos meus pais, Erineo (em memória) e Leonice, que me deram vida, amor e uma compreensão da importância espiritual da simplicidade. Às minhas irmãs Sonia e Sandra e ao meu irmão Pedro, pelo afeto em todos os momentos. E a toda minha família.

À lembrança de meu Mestre Liu Pai Lin, por ter transmitido seus conhecimentos de Medicina Tradicional Chinesa, e por tudo que realizou como Mestre nas Artes Chinesas.

Ao meu Mestre Liu Chih Ming, pelo esforço de divulgar a Cultura Chinesa no Brasil, e por ser a minha motivação em desvendar os significados mais sutis do contexto taoísta.

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Agradecimentos

Agradeço ao Universo, por me conceder paciência e tranqüilidade para concretizar todos os sonhos e tarefas até agora realizados.

À Prof.ª Dra. Vera Lúcia Valsecchi de Almeida, pela orientação, cumplicidade e paciência em transmitir conhecimentos tão preciosos, e por acreditar nessa proposta desde o início. “O sábio não se exibe, e vejam como é notado! Renuncia a si mesmo e jamais é esquecido” (Lao Tse).

Aos meus alunos de Tai Chi Chuan, pelo carinho e dedicação em todas as aulas, o meu agradecimento a todos vocês. “A vida ideal seria aquela em que os jovens soubessem o que os velhos sabem e em que os velhos pudessem o que os jovens podem” (populário pariense)

À Prof.ª Silvana T. Felice Leal, pelo apoio de mais de 10 anos de dedicação e amor pela arte do Tai Chi Chuan.

Minha gratidão pelo apoio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer da Prefeitura de Santo André - SP.

Agradeço aos professores da PUC – SP, pelos conhecimentos transmitidos todos esses anos.

Aos meus verdadeiros amigos! “Para encontrar um amigo devemos fechar um olho. Para conservá-lo devemos fechar os dois” (Norman Douglas).

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BANCA EXAMINADORA

______________________

______________________

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação/tese por processos fotocopiadores e/ou meios eletrônicos.

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Resumo

Este trabalho buscou investigar a prática de Tai Chi Chuan entre idosos, a partir da participação em grupos abertos, em programas de saúde realizados pela Prefeitura no município de Santo André SP. Em minha experiência como professor das artes corporais chinesas, em especial o Tai Chi Chuan, observei que apesar de ser uma arte marcial chinesa milenar, que encoraja a concentração mental e o controle dos movimentos corporais, a mesma atua como forma preventiva, minimizando os efeitos das doenças degenerativas e propiciando bem estar psicológico. O envelhecimento é, sem dúvida, um processo de descobertas e transformações vividas em um ritmo ordenado de acontecimentos. A atividade física é capaz de beneficiar pessoas de todos os grupos etários; ela é especialmente importante para a saúde dos idosos. A prática do Tai Chi Chuan desenvolve a capacidade física e mental do indivíduo, para que tenha uma vida longa e com saúde. Desta forma, procurei transformar uma realidade que me é próxima em objeto de investigação e análise. Como instrumento para avaliação do perfil da Qualidade de Vida, foi utilizado o Questionário SF36® (The Medical Outcomes Study 36-item Short Form Health Survey), traduzido e validado no Brasil por CICONELLI. O presente estudo não visou esgotar o assunto Tai Chi Chuan ou as técnicas terapêuticas, utilizadas durante o processo de envelhecimento, mas proporcionar uma nova visão complementar para os profissionais da área da saúde. O Tai Chi Chuan é um conjunto de exercícios disciplinares chineses, que visam a harmonia do corpo, da mente e do espírito.

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Abstract

This work sought to investigate the practice of Tai Chi Chuan among elderly people, based on their participation in open groups of health programs organized the municipality of Santo André, State of São Paulo, Brazil. In my experience as a teacher of Chinese martial arts, especially the Tai Chi Chuan, I noticed that in spite of being a Chinese millennial art, which encourages mental concentration and control of body movements, it performs a preventive action, reducing the effects of degenerative diseases and providing psychological welfare. Aging is, doubtless, a process of discoveries and transformations experienced in an orderly rhythm of facts. Physical activity can benefit people of all ages; it is especially important to elderly people health. The practice of Tai Chi Chuan develops physical and mental capacity so that the individual can have a long and healthy life. Thus, I attempted to transform a real situation that is close to me into an object of investigation and analysis. As a survey instrument of the quality-of-life profile, the SF36® Form was used (The Medical Outcomes Study: 36-Item Short Form Health Survey), translated and validated in Brazil by CICONELLI. This study did not intend to exhaust the subject of Tai Chi Chuan or the therapeutic techniques used during aging process but provide a new complementary view for health professionals. Thai Chi Chuan is a set of Chinese disciplinary exercises that seek harmony of body, mind and spirit.

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Sumário

Introdução... 03

Capítulo I: Da Velhice: considerações iniciais... 08

1. Impacto Demográfico... 08

2. Envelhecimento e Velhice... 11

3. Significados do Envelhecer... 13

Capítulo II: Envelhecimento e Atividade Física... 16

1. Avaliação das Atividades da Vida Diária na Velhice... 18

2. Atividade Física: benefícios fisiológicos... 19

3. Atividade Física: benefícios emocionais... 21

4. Atividade Física: benefícios sociais... 21

Capítulo III: O Envelhecimento e a Prática do Tai Chi Chuan... 23

1. O Tai Chi Chuan e a Perspectiva do Movimento Natural... 23

2. Tai Chi Chuan: incursões históricas... 26

2.1. Estilos do Tai Chi Chuan... 29

3. Benefícios do Tai Chi Chuan... 31

4. Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa... 36

5. Mestre Liu Pai Lin: o pioneiro do Tai Chi Chuan no Brasil... 38

5.1. Mestre do Tao... 39

5.2. Iniciação no Taoísmo... 40

5.3. Formação em Tai Chi Chuan... 41

Capítulo IV: Tai Chi Pai Lin... 42

Capítulo V: A Pesquisa de Campo... 48

1. Procedimentos Metodológicos... 48

2. A Coleta de Dados... 50

3. Dos Sujeitos da Pesquisa... 51

4. Resultados... 52

Considerações Finais... 66

Bibliografia... 68

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INTRODUÇÃO

A visão fragmentada do ser humano é resultado nítido da existência de paradigmas que, social e historicamente construídos, resultaram na dificuldade de pesquisar temas tão abrangentes como o envelhecimento, a qualidade de vida e o papel da atividade física, em especial a prática do Tai Chi Chuan.

O envelhecimento é a um só tempo, um fenômeno bio-fisiológico, psicológico, sociocultural e existencial. Apesar da variabilidade de seus marcadores cronológicos refere-se, em termos gerais e no plano biossocial a perdas e regressões claramente observáveis em todos os seres vivos e que, presentes ao longo da vida, resultam da ação de diferentes variáveis, a exemplo das genéticas, dos danos acumulados e do estilo de vida, além das alterações psicoemocionais (GUEDES 2001). Como tal, é um fenômeno altamente complexo e variável, comum a todos os membros de uma determinada espécie, envolvendo mecanismos deletérios que afetam a capacidade de desempenhar um grande número de funções (HEIKKINEN 1998). Trata-se de um processo multidimensional e multidirecional, pois há grande variabilidade na taxa e direção das mudanças (ganhos e perdas) em diferentes características, em cada indivíduo e entre indivíduos (HEIKKINEN 1998).

A relação entre atividade física, saúde, qualidade de vida e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada. Atualmente, há um consenso entre os profissionais da área da saúde, que a atividade física é um fator de sucesso do processo do envelhecimento. (OKUMA, 1998).

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apenas pela musculação, numa lista de 12 atividades ofertadas durante três anos (ECCLESTONE et al, 1998).

Entre idosos, o Tai Chi Chuan tem sido citado como capaz de incrementar ganhos de condicionamento físico, força e equilíbrio, ajudando também na prevenção de quedas (FEDER et al, 2000). Entretanto, por se tratar de uma modalidade que só recentemente começou a ser investigada, não existe ainda consenso na literatura quanto aos padrões de intervenção, o que dificulta a análise e a replicação dos estudos publicados (OLIVEIRA et al, 2001).

YAN E DOWNING (1998) citam que o Tai Chi Chuan proporciona a seus praticantes uma variedade de benefícios físicos e psicológicos, como melhoras na aptidão cardiovascular, no controle motor, na redução do estresse, da ansiedade e da depressão. Desta forma, esta prática é particularmente apropriada para indivíduos idosos e, por ser individualizada, não cansativa e de natureza não competitiva, facilita a aceitação e aderência.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO 2004) existiam, em 1998, 390 milhões de pessoas com idade igual ou maior de 65 anos; estima-se que em 2025 essa população estará duplicada. Em muitos países em desenvolvimento, especialmente na América Latina e Ásia, é esperado um aumento de 300% na população idosa, chegando a 2 bilhões de pessoas com idade igual ou acima de 60 anos, até 2025.

No Brasil, a população de idosos era de 19 milhões em 20061; estima-se que em 2020 o número de pessoas com 60 anos ou mais de idade, na

1 De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais/2007, os dados do PNAD/2006 revelam

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população brasileira, terá crescido 16 vezes em relação a 1950. Entre nós, o Índice de Envelhecimento2 saltou de 9,5% em 1940, para 28,9% em 20003.

Hoje o envelhecimento é visto como uma fase de desenvolvimento humano e não como período exclusivamente de perdas e incapacidades. É um processo que acompanha todo o percurso de vida. Ser velho significa “ter muitos anos”, ter vivido e ter envelhecido (HARMAN, 1998).

Como fenômeno mundial, o envelhecimento populacional levanta questões importantes, tanto do ponto de vista individual, como do ponto de vista coletivo (social, cultural, econômico, de saúde, etc.); questões que são interdependentes. Segundo SPIRDUSO (1989), uma das questões mais importantes é saber se o ciclo de vida aumentado pode ser vivido com qualidade, ou se constitui apenas um período de maior prevalência de estados patológicos e de morbidades que precedem à morte.

O envelhecimento traz, como uma de suas conseqüências, a diminuição do desempenho motor na realização das atividades da vida diária (AVD), o que, entretanto, não leva as pessoas a se tornarem, necessariamente, dependentes de outros. Embora cerca de 25% dos idosos cheguem ao estado de dependência para realizar tarefas cotidianas (SPIRDUSO, 1989), o que é uma parcela considerável da população, essa situação não se aplica à totalidade dos idosos, nem é uma condição que todos enfrentarão quando envelhecerem. Não obstante, as avaliações físicas da capacidade funcional de idosos são, até o momento, predominantemente dirigidas a pessoas com baixa condição física e com dificuldades para realizar as atividades de vida diária. Isto acarreta uma lacuna, particularmente para o profissional de Educação.

2 Segundo o IBGE, o “Índice de Envelhecimento” “a razão entre o grupo de idosos (idade

igual ou superior a 65 anos) e o grupo infanto-juvenil (menores de 15 anos). A população é considerada envelhecida se esta razão superior a 1”. (2007:250)

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Segundo MATSUDO (2001), cada vez mais se pesquisam formas de deter ou retardar o processo de envelhecimento através de estratégias que garantem a manutenção da capacidade funcional e a autonomia nas últimas décadas de vida.

O envelhecimento acentua-se à medida que a idade cronológica avança. As pessoas se tornam menos ativas, suas capacidades físicas diminuem e, com as alterações psicológicas que acompanham a idade (sentimento de velhice, estresse, depressão), existe ainda uma diminuição maior da atividade física que, conseqüentemente, facilita a aparição de doenças crônicas que contribuem para comprometer o processo de envelhecimento. Mais que a doença crônica, é o desuso das funções fisiológicas que pode criar mais problemas.

O processo de envelhecimento envolve aspectos relacionados às muitas alterações na vida e no próprio corpo. Segundo LOPES, R. & CALDERONI.

Ao envelhecer, o indivíduo é forçado a se deparar com alterações físicas e psicológicas, em si próprio, e também com mudanças nas suas

possibilidades de atuação no mundo,

especialmente no que se refere o seu lugar na estrutura familiar. (2002: 99).

Segundo SÉRGIO PASCHOAL, envelhecer sem incapacidade é fator indispensável para a manutenção de boa qualidade de vida; Este autor acrescenta:

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Capítulo I

Da Velhice: considerações iniciais

1. Impacto Demográfico

No Brasil, as transições demográfica e epidemiológica são claramente heterogêneas; encontram-se associadas, em grande parte, às desiguais condições sociais e econômicas observadas no país. A população idosa constitui um grupo altamente diferenciado entre si e em relação aos demais grupos etários, tanto do ponto de vista das condições sociais, quanto dos aspectos demográficos e epidemiológicos. Qualquer que seja o enfoque escolhido para estudar o envelhecimento, esse grupo populacional se mostra bastante expressivo nos diferenciais por gênero, idade, renda, situação conjugal, educação, atividade econômica, etc. (VERAS, 1994).

Segundo o Censo 2000, a população de 60 anos ou mais de idade, no Brasil, era de 14.536.029 de pessoas, contra 10.722.705 em 1991. O peso relativo da população idosa no início da década representava 7,3%, enquanto, em 2000, essa proporção atingia 8,6%. Neste período, por conseguinte, o número de idosos aumentou em quase 4 milhões de pessoas, fruto do crescimento vegetativo e do aumento gradual da esperança de vida. Trata-se, certamente, de um conjunto bastante elevado de pessoas, com tendência de crescimento nos próximos anos (IBGE, 2007).

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acentuadamente no país. Este aumento do número de anos de vida, no entanto, precisa ser acompanhado pela melhoria ou manutenção da saúde e qualidade de vida.

Estudos sobre as conseqüências do processo de envelhecimento populacional nos países em desenvolvimento são bastante escassos; concentram-se mais nos aspectos ligados às condições de saúde, aposentadoria e arranjos familiares para o suporte dos idosos, MOREIRA (1997).

Segundo DEBERT (1999), a preocupação em descrever o modo pelo qual a velhice é transformada em um problema que preocupa a sociedade vai se constituindo em um campo de saber especializado. Um campo com experts encarregados de definir não apenas as reais necessidades dos idosos e os problemas que enfrentam, como de formar outros especialistas para atender ao segmento idoso da população.

Gráfico 1

Projeção de crescimento da proporção da população de 60 anos ou mais de idade, segundo o sexo - Brasil - 2000-2020.

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Gráfico 2

População residente de 60 anos ou mais de idade, por grupos de idade - Brasil - 1991/2000

Fonte: Censo demográfico 1991: resultados do universo: microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. 21 CD-ROM; IBGE, Censo Demográfico 2000.

O aumento de expectativa de vida de uma população está intimamente vinculado à melhoria das condições de vida, de educação ou escolaridade e de atenção à saúde. Diferentemente dos países desenvolvidos, que tiveram quedas nas taxas de mortalidade e aumento da expectativa de vida devido a seu progresso social e econômico, os países em desenvolvimento reduziram a mortalidade por doenças infecto contagiosas pela importação de tecnologias, vacinas, de antibióticos e de aparelhos, entre outras coisas (PASCHOAL, 1996).

1.1. A Feminização da Velhice

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A razão de sexo da população idosa é bastante diferenciada, sendo bem maior o número de mulheres. Em 1991, as mulheres correspondiam a 54% da população de idosos, passando para 55,1% em 2000. Isto significa que para cada 100 mulheres idosas havia 81,6 homens idosos, relação que, em 1991, era de 100 para 85,2. Tal diferença é explicada pelos diferenciais de expectativa de vida entre os sexos, fenômeno mundial, mas que é bastante intenso no Brasil, haja visto que as mulheres vivem, em média, oito anos mais que os homens (IBGE, 2007).

A feminização do processo de envelhecimento confere peculiaridades às políticas públicas, pois uma grande parte das mulheres são viúvas, vivem sozinhas e não se encontram (ram) vinculadas ao mercado formal trabalho. No entanto, nem sempre a maior longevidade das mulheres é vista como uma vantagem. A maior esperança de vida faz com que muitas mulheres idosas passem pela experiência de debilitação biológica devido a patologias crônicas, enquanto os homens declinam para a morte NOGALES (1998).

Quando comparada aos homens, as mulheres têm uma proteção relativamente maior contra doenças cardiovasculares; porém, após a menopausa, elas tendem a perder essa proteção e, em torno dos 75 anos, a incidência dessas doenças se iguala nos dois sexos (CABOT, 2000).

A perspectiva dos gerontólogos é mais otimista quando afirmam que para as idosas de hoje a velhice e a viuvez podem representar um momento de independência e realização DEBERT (1999).

2.

Envelhecimento e Velhice

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desenvolvimento, subindo para 65 anos de idade quando se trata de países desenvolvidos.

O termo “envelhecimento ativo” foi adotado pela Organização Mundial da Saúde no final dos anos 90. Ele procura transmitir uma mensagem mais abrangente do que “envelhecimento saudável”, uma vez que reconhece, além dos cuidados com a saúde, outros fatores que afetam o modo como os indivíduos e as populações envelhecem (KALACHE e KICKBUSCH, 1997).

Ao processo de envelhecimento estão associadas perdas sociais, cognitivas, neuromotoras e metabólica capazes de comprometer seriamente a qualidade de vida do indivíduo idoso, levando-o à perda de autonomia e à dependência física, psicológica e econômica com relação à família e à sociedade (MAZZEO et al, 1998).

É de fundamental importância distinguir o processo de envelhecimento normal dos processos patológicos que são freqüentes nessa fase da vida (PICKLES et al, 2000).

BLAZER (1998) caracteriza o processo de envelhecimento em três fases distintas: o primário (senescência), que é um processo biológico caracterizado pela genética do organismo, produzindo alterações prejudiciais relacionadas ao tempo; o secundário (senilidade), relacionado aos efeitos e às incapacidades causados pelos fatores ambientais, em particular o trauma e a doença e, por último, as patologias relacionadas ao envelhecimento.

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Nas sociedades históricas, de acordo com os documentos disponíveis, o papel social do velho dependeu sempre da ideologia vigente em dado momento. De modo geral, esta ideologia vem determinada pelos adultos jovens produtivos. Em algumas situações, como na Roma antiga, a velhice mereceu grande prestígio. As palavras GERIATRIA e GERONTOLOGIA originam-se de GERA, GERON, que significam privilégio da idade (OKUMA, 1998).

Um segundo significado de envelhecimento refere-se à progressão de uma série de mudanças biológicas associadas à passagem do tempo, a exemplo da diminuição da taxa de filtração glomerular nos rins e a perda de neurônios no cérebro. Este complexo de mudanças é comumente chamado envelhecimento, anteriormente citado (HARMAN, 1998).

Um terceiro uso para o termo envelhecimento inclui sistemas não biológicos. Tudo envelhece, pedras, cadeias de montanhas, carros (alguns mais rápidos do que outros). Como os sistemas biológicos são governados pelas mesmas leis de Física e Química que regem sistemas inanimados, qualquer teoria biológica de envelhecimento precisa incluir mecanismos que também se aplicam aos sistemas inanimados, apesar de não se limitarem a tais sistemas (HARMAN, 1998).

3. Significados do envelhecer

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maior predisposição à eclosão de doenças que terminam por levar à morte. A incapacidade funcional4 é caracteristicamente linear em função do tempo. Por outro lado, não é possível explicitar com precisão o ponto de transição com a fase precedente, dada à inexistência de um marcador biofisiológico eficaz e confiável. Outra noção importante para este trabalho é o de que o envelhecimento é baseado na capacidade funcional, caracterizando-se por uma redução da capacidade de adaptação homeostática às situações de sobrecarga funcional (PAPALÉO, 2001).

A velhice deve ser considerada, como uma meta e uma meta positiva da existência. Deve-se tender para a velhice e não se resignar a ter que um dia afrontá-la. É ela, com suas formas próprias e seus valores próprios, que deve polarizar todo o curso da vida. (FOUCAULT; 2001: 106).

Ao chegar à velhice é comum que o indivíduo contemple realidades vividas, reveja o caminho percorrido, os projetos realizados e os sonhos não concretizados ou realizados de modo diverso do esperado, reconstituindo, neste movimento, sua história.

Para MACIVER & PAGE,

O homem depende da sociedade para proteção, conforto, alimentação, educação, equipamento, oportunidade e o sem-número de serviços definidos que a sociedade proporciona. Ele depende dela para satisfazer seus pensamentos, seus sonhos, suas aspirações e até mesmo muitas de suas doenças do espírito e do corpo. Seu nascimento na sociedade traz consigo a própria necessidade absoluta da sociedade. (1973:121).

4 A incapacidade funcional define-se pela presença de dificuldades no desempenho de

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Em FRANKL lemos que

O que importa não é questionar se a atividade capaz de conferir à existência humana um sentido e um conteúdo se vincule, ou não, a razões de ordem econômico-financeira. Essencial e decisivo, sob o aspecto psicológico, são única e exclusivamente que tal atividade desperte no homem, por mais avançada que seja a sua idade, o sentimento de existir para algo – para algo ou para alguém. (1991: 52).

O fenômeno do envelhecimento está presente, cada vez mais, no mundo atual; com isto, torna-se necessário estudar de maneira profunda e abrangente os mecanismos que possam ajudar os idosos a ter uma vida mais digna e de qualidade.

Segundo OKUMA (1998), a qualidade de vida dos idosos está melhorando. Vários fatores têm contribuído para isto, a exemplo dos econômicos, sociais e psicológicos e, principalmente, dos programas de atenção à saúde que vêem sendo oferecidos à população idosa. Dentre estes programas incluem-se os de atividade física; nele, o idoso passa a estabelecer novas e estimulantes relações de trocas sociais e de sociabilidade.

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Capítulo II

Envelhecimento e Atividade Física

A Organização Mundial da Saúde definiu, em 1958, saúde como um estado de completo bem-estar, físico, mental e social, ou a capacidade de funcionar de modo ideal num ambiente individual (adaptação ao meio), e não em função da ausência de doença ou enfermidade. A carta de Ottawa para a promoção da saúde (1986) desenvolve o conceito de saúde positiva, propondo uma assistência aos indivíduos a fim de aumentar o controle sobre sua saúde física e psíquica. A noção de saúde integra dois outros termos complementares: o bem-estar social e a qualidade de vida (MANIDI, 2001).

“Bem-estar social” ou a “saúde social” são expressões que tratam do meio ambiente do indivíduo em termos relacionais, interpessoais e de participação social. A atividade física insere-se na saúde social na medida em que a pessoa participa mais em grupo do que individualmente (OKUMA, 1998).

Considerada de forma diferente por cada pessoa, a qualidade de vida, reflete um conjunto de conhecimentos, experiência, percepções e valores. Inclui o estado funcional (hábitos de vida saudáveis, mobilidade, condição física), os componentes corporais e físicos (nível de dor, doença e tratamento dos sintomas, por exemplo), os componentes psíquicos (capacidade de adaptação, emoções,), os componentes sociais (o local das relações, a integração comunitária) e, enfim, os valores existenciais e espirituais, tais como o amor, o respeito e a liberdade (CHANDLER, 1996).

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Vários estudos evidenciam a atividade física como recurso importante para minimizar a degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao idoso manter uma qualidade de vida ativa (OKUMA, 2002).

De todos os grupos etários, as pessoas idosas são as mais beneficiadas pela atividade física. O risco de muitas doenças e problemas de saúde comuns na velhice (doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão arterial, depressão, osteoporose, fraturas ósseas e diabetes) diminui com a atividade física regular (NIEMAN, 1999).

Os programas de exercício para os idosos melhoram a função cardiorespiratória e ajudam na manutenção da integridade óssea. Quando associados à oportunidades de socialização, observa-se porque os exercícios são importantes na vida, da juventude à velhice (POWERS; HOWLEY, 2000).

Segundo LEITE (2000), a atividade física bem estruturada e elaborada para idosos pode recuperar o ritmo e a expressividade do corpo, agilizar os reflexos e adequar os gestos a diferentes situações.

A atividade física regular e sistemática aumenta ou mantém a aptidão física da população idosa e tem o potencial de melhorar o bem-estar funcional e, conseqüentemente, diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade entre essa população (OKUMA, 2002).

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a) Atividade física: definida como qualquer movimento corporal produzido em conseqüência da contração muscular que resulte em gasto calórico.

b) Exercício: definido como uma subcategoria da atividade física que é planejada, estruturada e repetitiva, resultando na melhora ou manutenção de uma ou mais variáveis da aptidão física.

c) Aptidão física: considerada não como um comportamento, mas como uma característica que o indivíduo possui ou atinge, como a potência aeróbica, endurance muscular, força muscular, composição corporal e flexibilidade.

Provavelmente, a atividade física é o melhor investimento na saúde para as pessoas em processo de envelhecimento. Porém, a prática de atividade física pelos idosos requer cuidados básicos e específicos. Segundo MATSUDO & MATSUDO (1992; apud DIOGO et al; 2004), o idoso requer mais tempo para obter os benefícios de um programa regular de atividade física, devendo ser sempre estimulado e orientado com relação a essa característica, cuidando para que não se atinjam níveis de fadiga e exaustão.

1. Avaliação das Atividades da Vida Diária na Velhice

De acordo com KATZ (1983), a avaliação de AVD 5 na velhice é um assunto que vem sendo estudado desde o final do século XX. No final dos anos de 1800 e início dos anos de 1900, na Europa e nos Estados Unidos, informações sobre a capacidade funcional de idosos foram obtidas através de entrevistas e levantamentos estatísticos, com o objetivo de detectar enfermidades e doenças que impediam as pessoas de trabalharem. Durante a década de 40, do século XX, devido ao aumento da prevalência de

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doenças crônicas nos Estados Unidos, a Commission of Chronic Illness começou a estudar o assunto de maneira mais intensa.

Surgiram classificações de incapacidades, limitações e um número variado de funções como locomoção, cuidados de higiene, comunicação, atividades manuais, capacidade de alimentar-se e vestir-se começaram a ser investigadas na população idosa. Nas últimas décadas, metodologias de mensuração de funções físicas, mentais e sociais expandiram consideravelmente; uma série de outros instrumentos mais sofisticados foram desenvolvidos. Em 1972, LAWTON criou um modelo que classificava as AVD por seu nível de dificuldade: a) atividades básicas da vida diária (relacionadas a ações básicas do cotidiano e que suprem as necessidades fundamentais); b) atividades instrumentais da vida diária (tarefas mais complexas, relacionadas à adaptação do indivíduo no meio ambiente) (KATZ, 1983).

A participação regular em programas de exercício físico tem sido uma das alternativas para amenizar o impacto do envelhecimento sobre algumas funções fisiológicas, pois o sedentarismo prolongado leva a uma diminuição gradativa da aptidão física.

2. Atividade Física: benefícios fisiológicos

A participação em atividades físicas regulares e moderadas pode retardar os declínios funcionais, além de “protegerem” o aparecimento de doenças crônicas em idosos saudáveis. A atividade física regular e moderada reduz o risco de morte por problemas cardíacos em 20 a 25% em pessoas com doença do coração diagnosticada (MERZ E FORRESTER, 1997).

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físicas podem atuar diretamente na adaptação do idoso à sociedade e auxiliar na reorganização da vida social.

Os benefícios imediatos são: melhora do sono, do sistema glicolítico e ativação de catecolominas. A longo prazo, conforto aeróbico, cardiovascular, flexibilidade, resistência, força muscular e coordenação (MICHEL, 2001).

Efeitos de curto prazo: Quantidade de glicose: a atividade física permite estabilizar a quantidade de glicose no sangue. Atividade catecolaminérgica: a atividade física estimula, ao mesmo tempo, as quantidades de adrenalina e de noradrenalina, melhora do sono: foi demonstrado que, independentemente da idade, a atividade física melhora a qualidade e a quantidade de sono nos indivíduos (MICHEL, 2001).

Efeitos de longo prazo: Endurence, treinamento aeróbio/efeitos cardiovascular: foram observados progressos persistentes da maioria dos aspectos da função cardiovascular, durante um treinamento físico adequado, treinamento da força/fortalecimento da musculatura: os exercícios de musculação beneficiam os indivíduos de qualquer idade. Durante a velhice, o treinamento muscular com sobrecarga pode ter um impacto efetivo na independência (MICHEL, 2001).

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3. Atividade Física: benefícios emocionais

Efeitos em curto prazo: Diminuição do estresse e da ansiedade: comprovou-se que a prática regular de uma atividade física reduz o estresse e a ansiedade. Mudança de humor: várias pessoas constataram que ficaram mais bem humoradas depois de uma prática física adequada (RAMOS, 1999).

Efeitos em longo prazo: Bem-estar geral: foi observada uma melhora em quase todas as áreas do funcionamento psicológico, após períodos suficientemente longos de uma prática física. Melhora da saúde mental: a prática regular de exercícios físicos pode contribuir eficazmente para o tratamento de várias doenças mentais, inclusive depressão e neurose (MANIDI, 2001).

Melhoras cognitivas: o exercício físico regular pode contribui para retardar a diminuição da velocidade do tratamento do SNC e, portanto, contribuir para melhorar a velocidade de reação. Controle motor e desempenho: uma prática física regular contribui para prevenir ou retardar os distúrbios ligados à idade, no desempenho motor fino e amplo (MICHEL, 2001).

Aquisição de novas habilidades: independentemente da idade, qualquer indivíduo pode aprender novas competências, da mesma forma como as competências já adquiridas podem ser refinadas (MANIDI, 2001).

4. Atividade Física: benefícios sociais

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prática de programas de atividade física em pequenos grupos e/ou na esfera social melhora as trocas sociais e interculturais junto a numerosas pessoas idosas (MADINI, 2001).

Efeitos em longo prazo: Melhor integração social: os indivíduos ativos estão menos propensos a retirar-se da sociedade; ao contrário, participam ativamente das relações sociais. Formação de novas amizades: participar de uma atividade física, especialmente em grupos pequenos e de outros meios sociais estimula a conquista de novas amizades e companheirismos (MICHEL, 2001).

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Capítulo III

O Envelhecimento e Prática do Tai Chi Chuan

1. O Tai Chi Chuan e a Perspectiva do Movimento Natural

Embora suas raízes estejam na antiga China, o Tai Chi Chuan encontra-se muito difundido no Ocidente. Tem a vantagem de combinar os exercícios regulares com uma ênfase definida na graciosidade e no ritmo lento que falta tão conspicuamente à sociedade ocidental. Essa prática pode representar, especialmente para os que vivem o ritmo veloz das cidades industrializadas, uma forma de compensação de vida (TEIXEIRA, 2002).

Significado da Palavra: “Tai” - Grandioso e Supremo -, “Chi” - Ápice, Extremidade, Pólo ou Origem -, “Chuan” - Punho, Movimento, Luta Marcial. Trata-se de uma arte de meditação para a saúde e longevidade do corpo, da mente e clareza do espírito. É um sistema de filosofia e meditação que engloba os aspectos físicos e mentais do homem propiciando, ao praticante, um estado de relaxamento e serenidade interior, equilibrando e harmonizando as vibrações do corpo com as da mente, prevenindo e também curando patologias provenientes ou não do stress físico e mental, principal causa de cerca de 80% das doenças do homem moderno (CHIA, 2002).

MAZZEO et al, (1998) citam que a maximização da qualidade de vida e do número de anos vividos em adultos idosos pode ser mais completa através da inclusão de atividades como caminhada, corrida, natação e pedalar na bicicleta como um estilo de vida.

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do corpo, gerando saúde ao coração, nossa bomba propulsora de vida. Beneficia a circulação sanguínea, que passa a irrigar melhor os tecidos e as articulações. Segundo os princípios da medicina chinesa, da qual o Tai Chi faz parte, a prática desses movimentos pode prevenir e até auxiliar na cura de patologias como distúrbios reumatológicos, osteoartrite, osteoartrose, bursite subacromial; equilibra, também, a pressão arterial. Esses movimentos são indicados para pessoas de todas as idades, como fonte de preservação e regeneração da saúde (CHIA, 2002).

O Tai Chi Chuan é uma antiga arte chinesa que consiste em séries de movimentos lentos, porém contínuos para todas as partes do corpo. Acredita-se que tais movimentos podem ajudar na prevenção de quedas de idosos porque incorporam elementos de fortalecimento, equilíbrio, alinhamento postural e concentração mental (GE WU, 2002).

Apesar de ser uma arte marcial chinesa milenar, que encoraja a concentração mental e o controle dos movimentos corporais, foi somente nos últimos anos, que começaram a surgir as primeiras publicações científicas, sobre os efeitos do Tai Chi Chuan na aptidão física e capacidade funcional do idoso (CLERY, 2000)

O Tai Chi é um exercício de baixo impacto e velocidade; suas complicações ortopédicas são mínimas, sendo altamente recomendado durante o processo de envelhecimento. Além disso, é uma prática de baixa tecnologia podendo, portanto, ser implantada nas comunidades com baixo custo (LAN et al, 1998).

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Crivado pela cultura, o conceito de saúde é diferente para os ocidentais e para os orientais. Se para os Ocidentais a saúde é “o estado de completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade” (VERAS, 1998), para os orientais, mais precisamente os chineses, a saúde está relacionada com o sistema de energia que deve estar em harmonia com o “mapa” do corpo. Para os chineses, este “mapa” é a estrutura básica onde a energia é colocada em primeiro lugar na seqüência que se segue: energia (chi) sangue células tecidos órgãos funções relações o todo (KIT, 1996, p. 168). Nesta acepção, quando um indivíduo fica doente isso significa que seu sistema de controle não está em ordem (KIT, 1996, p. 169).

TSANG (2003) afirma que uma vida calma para os idosos não significa necessariamente estagnação física. Sendo assim o Tai Chi pode ser aprendido e praticado por pessoas de idades avançadas. Este autor cita diversos efeitos terapêuticos do Tai Chi. A maioria das quedas em idosos, ocorre em situações como caminhadas, quando os mesmos se viram ou sobem/descem degraus. Ou seja, em situações em que os idosos necessitam do equilíbrio em apenas uma perna. Para tal equilíbrio ser eficaz é necessário haver contração coordenada dos músculos da extremidade distal das pernas.

De acordo com DESPEUX (1981), o Tai Chi Chuan é uma arte marcial milenar chinesa que através de movimentos flexíveis e lentos, assim como da coordenação entre consciência e respiração, promove a harmonização das energias yin e yang, além de proporcionar a liberação das tensões corporais de seus praticantes.

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Na medida em que intensifica a habilidade e a confiança, o Tai Chi pode ser a chave para o decréscimo na incidência de quedas, já que exercícios e a coordenação podem diminuí-las durante atividades como sair de banheiras ou sair de automóveis (atividades que envolvem virar-se e escalar). Isso é importante porque participantes que entram em apnéia6 durante atividades citadas acima, podem estar estressando músculos e articulações; já movimentos hesitantes podem demonstrar medo de quedas ou vertigem (TUNG, 1981).

Seu princípio, assim como outras variantes dessa prática médica chinesa é: “assegurar ao idoso o domínio de seu corpo por uma boa reeducação respiratória” (HUARD E WORG, 1971, p. 118).

2. Tai Chi Chuan: incursões históricas

O Tai Chi Chuan surgiu há aproximadamente 700 anos, através do mestre taoísta Chang San Feng. Este nome lhe foi atribuído por ocasião de sua realização no TAO (Iluminação) e é traduzido como “Mestre dos Três Picos”. O nome tem um significado marcante, pois seu trabalho em busca da iluminação foi realizado numa montanha chamada Tsu Nam, que tem três picos cujos altos cumes se erguem majestosamente em direção ao céu (LIN, 1998).

Um dia Chang San Feng observou da sua janela a luta entre uma serpente e um grou (espécie de ave). Sob a luz de seu sábio olhar observou muitas coisas que ao homem comum são invisíveis e passariam despercebidas. Chang San Feng observou que esta luta englobava todos os elementos do conhecimento taoísta sobre a natureza, do qual ele tinha uma

6 O termo Apnéia designa a suspensão voluntária ou involuntária da respiração, ou a

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compreensão profunda. Observou nos movimentos da serpente e do grou o Yin (Negativo, recolhimento) e o Yang (positivo, expansão), a sua evolução e mutação. A observação dessa luta foi um fato marcante que culminou na elaboração do Tai Chi Chuan, em mandarim Taiji Quan (LIU, 2000).

Chang San Feng uniu, relacionou e organizou todo conhecimento que já se tinha sobre a natureza, as leis da mutação, o Yin e o Yang etc. Ao precioso produto que surgiu ele deu o nome de Tai Chi Chuan (LIU, 2000).

O Tai Chi Chuan é, portanto, o vivenciar através dos movimentos. Na circularidade e serenidade dos seus movimentos somos ao mesmo tempo atores e espectadores deste maravilhoso e mágico processo de criação, que se realiza a cada instante em nosso corpo (LIN, 1998).

Historicamente, o Tai Chi Chuan (Quadro 1) passou por três fases distintas: a primeira de estruturação, nos templos; a segunda de disseminação laica, nas famílias de praticantes e, finalmente, a terceira de formalização como exercício físico e esporte de competição, sob supervisão profissional (GOMES, 2004).

Quadro 1 – Evolução Histórica do Tai Chi Chuan, TUNG (1981)

Fase Período Local Fase Período

Local Fase Local Período Fase Período Local Fase Período Local

Estruturação Séc. VIII a XVII d. C. Templos Monges Arte marcial, Disseminação Séc. XVII a XX d. C. Famílias Mestres Formalização 1956 Escolas, Parques, Academias Professores

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Depois que saiu do templo Wudang, no século XVII d.C., o Tai Chi Chuan evoluiu em várias direções. Nos primeiros tempos foi aplicado como arte marcial pura, sendo que resquícios desta época ainda estão presentes na forma de competições de luta de Tai Chi Chuan em Cingapura e Hong Kong. Apesar disso, o ramo que mais se desenvolveu foi o do Tai Chi Chuan como atividade física para a saúde, que incorporou conceitos da filosofia, da medicina e de outras ginásticas e práticas terapêuticas chinesas, sem descartar completamente o aspecto de arte marcial (D’ANGINA, 1995).

Há, pelo menos, quatro estilos descendentes diretos do Tai Chi Chuan Wudang (Chen, Yang, Wu, e Sun) e incontáveis estilos menores (HUANG, 1979), praticados sem metodologia uniforme e com ênfase na forma, como parte do patrimônio da cultura chinesa. Em 1956, o Comitê Esportivo Nacional Chinês (órgão equivalente ao Ministério dos Esportes) reuniu professores de educação física e médica para desenvolverem uma seqüência curta do Tai Chi Chuan contendo elementos de vários estilos, no intuito de regulamentar, popularizar e facilitar a prática, tanto terapêutica quanto desportiva da modalidade (LEE, 1995).

A Seqüência Curta do Tai Chi Chuan ou Tai Chi Chuan Simplificado e os exercícios que compõem esta prática foram publicados numa série de cadernos pedagógicos oficiais, posteriormente reunidos e traduzidos para os principais idiomas ocidentais com o nome de WUSHU – Guia Chinês para a Saúde e o Preparo Físico da Família. Este guia para professores descreve e ilustra, em pormenores, as diversas técnicas disponíveis para o planejamento da prática do Tai Chi Chuan (TUNG, 1981).

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A suavidade, leveza e naturalidade são as essências dos movimentos do Tai Chi. A tonicidade, firme e suave como a mão que segura um pássaro; os gestos circulares imitam os movimentos do universo, lembrando as águas, ventos, árvores, animais, a mecânica celeste e a interação entre os elementos da natureza (DESPEUX, 1999).

2.1. Estilos do Tai Chi Chuan

O Tai Chi Chuan possui quatro estilos: Chen, Yang (o mais praticado), Wu e Sun.

O estilo Chen

O estilo Chen é conhecido devido a seus aspectos marciais; seus movimentos se assemelham aos do kung-Fu shaolin. Foi desenvolvido por Chen Wang Ting (1600-1680), e apresenta 83 padrões (KIT, 1996, p. 198). É o estilo mais antigo de Tai Chi (LAN et al, 2002).

Há duas teorias que podem explicar a origem deste estilo. A primeira seria a de que o estilo se baseia no kung-fu wudang (ou tai chi chuan wudang), fundado por Wang Zong Yue, pois este ficou hospedado durante muito tempo na aldeia da família Chen; também porque ele foi o autor do Tratado de Tai Chi Chuan, que descreve a filosofia e as técnicas de Tai Chi Chuan. A segunda afirma que Chen Wang Ting aprendeu sua arte no exército, através de um general da dinastia Ming (KIT, 1996, p. 39-40).

O estilo Chen apresenta três variações: a velha forma, a nova forma e a pequena forma. A velha forma é caracterizada por movimentos amplos, que ocorrem do corpo para os braços, sendo a força o fator mais importante. Por exemplo, ao dar um soco, primeiro o indivíduo precisa ajeitar a postura, para depois mover o corpo.

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movimenta-se o braço, para depois mover o corpo. Já na pequena forma, o movimento do corpo é substituído por um movimento circular dos braços, produzindo uma força em espiral e melhorando a eficiência no combate, pois é mais forte, mais rápida e apresenta menor número de movimentos (KIT, 1996, p. 41-2).

Segundo os mestres de Tai Chi, os praticantes deverão iniciar a prática pela Velha Forma (considerada básica), para depois passar pela Nova e por último pela Pequena Forma, garantindo-lhes assim aumentar a força, a velocidade e o equilíbrio (KIT, 1996, p. 42).

O estilo Yang

Desenvolvido por Yang Lu Chan (1799-1872). Por ser o mais praticado, algumas pessoas acreditam ser o único estilo de Tai Chi. Originalmente, esse estilo era constituído por 108 posições; número que foi reduzido para 85 posturas, pelo mestre da terceira geração Yang Deng Fu (KIT, 1996, p. 218-219).

Segundo KIT (1996, p. 42-43), Yang Lu Chan vendeu todas as suas terras e foi trabalhar para a família Chen visando aprender e “roubar” os segredos do estilo, criando o seu próprio.

O estilo Yang demanda flexão de joelho constante, com base de apoio alargada e baixa velocidade. A descarga de peso propiciada nesta postura requer força e flexibilidade dos músculos da extremidade inferior. Sendo assim, o estilo Yang pode ser um bom exercício para o fortalecimento da musculatura da perna (WANG, 2000).

O estilo Wu

Há dois estilos de Wu: o de Wu Yu Xiang e de Wu Chuan You.

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movimentos circulares, porém curtos, e apresenta 85 padrões (KIT, 1996, p. 243).

Já o estilo de Wu Chuan You (1834-1902) é próprio para o combate e para a saúde, e tem 83 padrões. Ele é caracterizado por posturas de apoio mais altas, base de apoio mais estreita e passo mais lento. Como possui postura de apoio mais instável do que o estilo Yang, o estilo Wu pode ser um exercício melhor para o equilíbrio. Contudo, nos estudos de

Tai Chi Chuan relacionados a equilíbrio ou quedas o estilo mais utilizado foi o Yang (WU, 2002).

O estilo Sun

Este estilo foi desenvolvido por Sun Lu Tang (1861-1932), que absorveu os estilos Chen, Yang e Wu, criando um novo estilo que se aproxima mais de Wu Yu Xiang, já que seu mestre era adepto de Wu. Constitui-se de pequenos movimentos circulares e posturas altas; apresenta 97 padrões (KIT, 1996, p. 266-67).

3. Benefícios do Tai Chi Chuan

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de todas as idades como fonte de preservação e regeneração da saúde (CHIA, 2002).

O Tai Chi Chuan é uma modalidade de atividade física, muito praticada entre idosos. Além de proporcionar benefícios motores e fisiológicos, como aumento de coordenação motora, flexibilidade e aptidão cardiovascular, proporcionam uma série de benefícios psicológicos importantes no processo de envelhecimento como a redução da ansiedade, depressão e estresse (WOLF et al. 1996).

Essa atividade representa uma alternativa de atividade efetiva e funcional, particularmente para os idosos em situação de risco decorrente de problemas associados ao envelhecimento, como artrite, disfunção neurológica, declínio geral do equilíbrio, coordenação e função locomotora. Isso se deve à sua natureza de respeito ao ritmo da própria pessoa, assim como à sua habilidade de economizar tempo, espaço e equipamento (YAN et al. 1998).

Nos exercícios de Tai Chi Chuan costuma-se recorrer, com muita freqüência ao emprego de técnicas de respiração, geralmente com o auxílio da música de relaxamento e uma disciplinada concentração nos movimentos. Esses aspectos psicológicos do Tai Chi são extremamente importantes para a sua eficácia, pois, de acordo com o que nos confirma SEVERINO (1991, p. 46)

“No Tai Chi Chuan existe a necessidade de um estado mental tranqüilo, total devoção, ou concentração espiritual nos movimentos durante os exercícios”.

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concentração mental para movimentar a energia vital através dos canais psíquicos, enquanto permanece extremamente em repouso (HONG et al., 2000).

Como afirmado antes, o Tai Chi foi desenvolvido originalmente, como uma forma de arte marcial e está sendo usado há séculos na China, como exercício para a saúde; entre outros aspectos, leva em consideração a idade. O exercício básico de Tai Chi constitui-se de uma série de movimentos individuais, reunidos de modo contínuo e que fluem suavemente de um movimento para outro. Os movimentos do corpo são lentos, suaves e bem coordenados, mantendo o centro de gravidade baixo conforme varia a forma de execução dos exercícios. Devido à natureza da sua performance, o Tai Chi tem se revelado muito favorável na flexibilidade, no controle do equilíbrio e na melhora cardiorespiratória, em pessoas idosas, depois de um longo período de exercícios (HONG et al., 2000).

Em recentes investigações, LAN et al. (2002) observaram que a prática a longo prazo do Tai Chi pode atenuar o declínio das funções físicas relacionadas à idade, sendo, portanto um exercício apropriado para indivíduos de meia idade e idosos. O Tai Chi pode ser prescrito como um programa alternativo. A intensidade do exercício de Tai Chi depende do estilo, da postura e da duração do treinamento. Os participantes podem escolher executar uma seqüência completa de Tai Chi ou movimentos selecionados de acordo com suas necessidades.

O Tai Chi combina os movimentos com a circulação da energia vital, respiração, e técnicas de alongamento. Trata-se de um exercício de corpo/mente, ideal para a saúde, relaxamento, flexibilidade, meditação, força e defesa pessoal. É internacionalmente popular por seus efeitos e benefícios na saúde (WANG et al., 2000).

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BROWN. Desde então, os potenciais efeitos benéficos do Tai Chi Chuan têm sido investigados tanto do ponto de vista físico, quanto psicológico (SUN 1989).

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Quadro 2 – Trabalhos com metodologias completamente descritas (WOLF, 1996),

Lan et al. N = 84 (TCC) 39 (controle). Idade = 64.

Duração: 2 anos.

Programa: estilo Yang; Freqüência 5 vezes por Semana; Intensidade 53-57% FCmax; Plano 20 min. Aquecimento; 24 min. Treinamento; 10 min. Relaxamento. Variáveis: VO2

Prática regular Tai Chi Chuan pode atrasar o declínio da função cardiorrespiratória em idosos.

Tai Chi Chuan pode ser prescrita como atividade aeróbica para idosos.

Lan et al. N = 20 (TCC) 18 (controle). Idade = 58-70.

Duração: 1 ano.

Programa: estilo Yang; Freqüência 5 vezes por semana; Intensidade 52-63% FCmax; Plano 20 min. Aquecimento; 24 min. Treinamento; 10 min. Relaxamento. Variáveis: VO2, sentar-e-alcançar, flexão e extensão joelho.

Tai Chi Chuan é um programa eficiente de condicionamento físico para idosos.

Lan et al. N = 41 (TCC) 35 (controle). Idade = 69,3.

Duração: 1 ano.

Programa: estilo Yang; Freqüência 5 vezes por semana; Intensidade 70% FCmax; Plano 20 min. Aquecimento; 24 min. Treinamento; 10 min. Relaxamento Variáveis: VO2, inclinometria lombar eletrônica, percentual de gordura.

Tai Chi Chuan obteve maior VO2, maior flexibilidade lombar e menor percentual de gordura.

Lan et al. N = 32 Idade = 61,1

Duração: 6 meses.

Programa: estilo Yang; Freqüência 5 vezes por semana; Intensidade 70% FCmax; Plano 20 min. Aquecimento; 24 min. Treinamento; 10 min. Relaxamento Variáveis: torque isocinético joelhos.

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4. Fundamentos da medicina tradicional chinesa

Yin e Yang

A teoria de Yin-Yang é um dos aspectos do materialismo simples e da dialética que datam da China Antiga. A Medicina Tradicional Chinesa emprega estas teorias para explicar as funções fisiológicas do organismo, as mudanças patológicas e as relações internas dos órgãos e também para explicar as leis gerais do diagnóstico e do tratamento (YAMAMURA, 1999).

Teoria Yin e Yang

O conceito de Yin e Yang representa as duas partes opostas e complementares dos fenômenos da natureza; partes que se relacionam mutuamente. Podem representar tanto os dois fatores opostos, assim como duas partes que compõem a essência de um aspecto (YAMAMURA, 1999).

Como podemos classificar todas as coisas em yin e

yang?

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Tabela 1: Características de Yin e Yang - Fonte: (Yamamura, 1999).

Natureza Corpo Humano

Características das Doenças

YANG

Sol, Céu, Dia, Homem,

Verão, Calor, Sul, Norte. Externo, Região de cima, Vísceras. Superfície, Agitada, Forte, Quente, Seca, Hiperfuncionamento, Aguda.

YIN

Lua, Terra, Noite, Mulher,

Inverno, Frio, Leste, Oeste. Interno, Profundo, Região de baixo, Órgãos. Calma, Fraca, Fria, Úmida, Hipofuncionamento, Crônica.

Tabela 2: Características da polaridade energética Fonte: (Yamamura, 1999).

YIN YANG

Tendências Escuro Contração Ascendente Passivo Frio Negativo Pesado Interior Côncavo Claro Expansão Descendente Ativo Quente Positivo Leve Periferia Convexo Manifestações Água Elétron Vegetal K, Ca, N, P,... Vitamina C Verdura S.N Parassimpático Fêmea Espaço Fogo Próton Animal H, Na, Cl, Mn,... Vitamina D, K Cereal S.N Simpático Macho Tempo Dados Sintomáticos Hipotensão Arterial Processos Crônicos Bradicardia Sonolência Pessimismo Flacidez

Hipersensibilidade a tempo úmido Falta de reação

Medo Hipertensão Arterial Processos Agudos Taquicardia Insônia Otimismo Espasmos

Hipersensibilidade a tempo seco Reação Excessiva

Raiva

Oposição

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Interdependência entre yin e yang

A relação de crescimento – decrescimento entre Yin e Yang significa que as duas partes opostas de todas as coisas ou fenômenos encontram-se em movimento e mudança constantes. Se uma parte cresce, a outra diminui; se uma avança, a outra retrocede, de tal forma que mantenham sempre equilíbrio dinâmico. Se o equilíbrio relativo entre Yin e Yang é destruído por excesso ou deficiência de uma das partes, ocorrerá então a enfermidade (YAMAMURA, 1999).

5. Mestre Liu Pai Lin: o pioneiro do Tai Chi Chuan no Brasil

Mestre Liu Pai Lin (劉百齡)

(reproduçãoautorizada pelo Cemetrac 7)

Mestre Liu Pai Lin nasceu na China (Tianjin), em 8 de dezembro de 1907 - e faleceu em São Paulo - Brasil no dia 3 de fevereiro de 2000. Foi um dos introdutores da Medicina Tradicional Chinesa no Brasil. Divulgou por

(48)

todo o país a prática do Tai Chi Pai Lin, oferecendo também cursos de formação em Massagem Tui Na e Meditação Tao Yin (LIN 1998).

Naturalizado brasileiro, Liu Jen Yu é o nome que constava em seus documentos. O Mestre adotou o nome Pai Lin (bailing), que em chinês significa cem anos, para expressar seu desejo de que todas as pessoas possam ter uma vida longa e saudável: "Não é só o meu próprio nome, mas o de todos que se dediquem de coração a essas práticas." Mestre Liu Pai Lin, 1992 (LIN 1998).

5.1. Mestre do Tao

BIZERRIL (2005; vol.11 nº.24) destaca que: "A idéia de conhecimento no taoísmo baseia-se em uma noção pragmática: conhece-se por experiência pessoal corporificada o legado da tradição”. Assim, afirma que nas linhagens taoístas "as conquistas da longevidade, da saúde, da graciosidade, da vivacidade do espírito e da espontaneidade são índices de compreensão do Tao, de realização espiritual. O mestre literalmente encarna a sabedoria."

Falando especificamente sobre o Mestre Liu, BIZERRIL (2005;vol.11 nº.24) faz o seguinte depoimento:

Aos noventa e poucos anos, Liu Pai Lin era idoso, mas sem sinais visíveis de decrepitude: a pele e os músculos ainda firmes, as articulações e tendões flexíveis, os dentes em bom estado. Os olhos brilhantes transpareciam uma inteligência viva e rápida. Capaz de trabalhar por horas a fio como médico ou palestrante, aparentemente sem se esgotar. Parte de seu prestígio derivava daquilo que ele expressava constantemente pelo corpo.

(49)

5.2. Iniciação no Taoísmo

8

Ainda criança, Pai Lin começou a estudar as artes taoístas com seu tio-avô Liu Yunpu (Liu Yuen Pu), reconhecido na China como um Grande Mestre Taoísta. Catherine Despeux, em sua tradução do Tratado de Alquimia e Medicina Taoísta de Zhao Bichen, comenta que o Mestre autor deste tratado foi o segundo discípulo do Mestre Liu Yunpu, que era

originário da cidade de Titou, próxima a Tianjin, na província de Hebei. Em sua juventude praticou artes marciais e viajou muito por todo o país pondo em prática o espírito cavalheiresco chinês. Se estabeleceu durante um tempo como comerciante no distrito de Changpin. Faleceu com 93 anos. (LIN 1998; p.8-12).

O Mestre Liu comentava que ler notícias da divulgação sobre o conhecimento de Tui Na no Ocidente a partir de ocidentais que aprenderam a técnica com alunos de seu tio-avô foi um dos motivos que o levou a se dedicar à transmissão deste tipo de terapia no Brasil (LIN 1998).

Prosseguindo seus estudos, o Mestre Liu foi iniciado nas seguintes linhagens taoístas (Lin 1998):

• Pertence à 11ª geração da linhagem da Porta do Dragão (龍門派) (Longmen pai), famosa escola de alquimia interior da tradição do norte da China. Foi discípulo direto do Mestre Liao Kun (Liaokong Shizun);

• Representa a 5ª geração da linhagem da Montanha Dourada (金山派) (Jinshan pai). A foto do Mestre Tanbai (Laisheng zhenren) era uma das presentes em seu espaço de treino;

8 Taoísmo é uma religião e filosofia chinesa, atribuídas tradicionalmente a Lao Tsé, que

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Kun Lun Chien Shan (崑崙派). Em Taiwan, foi discípulo direto do Mestre Liu Peizhong (劉培中).

• e Fuchow.

Mestre Liu enfatizava que o Taoísmo praticado e divulgado por ele não é o Taoísmo religioso, nem se trata da prática de uma seita. Sua transmisão é um conhecimento de natureza espiritual, onde a tradição de uma linhagem e a iniciação são tratadas de forma laica. Esta distinção entre o Taoísmo enquanto religião (Taochiao) e enquanto filosofia de vida (Taochia) é uma questão antiga na cultura chinesa (DESPEUX; 1981).

5.3. Formação em Tai Chi Chuan

No Tai Chi Chuan o mestre Liu Pai Lin foi discípulo de dois Grandes Mestres:

• Yang Chengfu (楊澄甫), (1883-1936), com quem estudou o Estilo Yang;

• e Chang Chin Ling (Zhang Qin Ling, 張欽霖) (1887-1967~), que lhe ensinou além do Estilo Yang, um outro estilo taoísta (LIN 1998).

(51)

Capítulo IV

Tai Chi Pai Lin

O Tai Chi Pai Lin (em chinês 太極百齡) é o conjunto de práticas de origem taoísta que foram introduzidas no Brasil pelo Mestre Liu Pai Lin. Entre elas se destacam o exercício integrado da medicina tradicional chinesa, da meditação taoísta e dos movimentos suaves do Tai Chi Chuan e do chi kung (LIN, 2002).

Em chinês, Pai Lin significa literalmente "cem anos"; significado que, em termos mais amplos, indica o caminho de cultivo da saúde e longevidade. O Mestre Liu Pai Lin adotou este nome para si e para todos que se dedicam de coração às práticas taoístas que trouxe para o Brasil (LIN, 1998):

Para que uma vida longa? Para que toda a potencialidade do ser humano, possa se desenvolver física e espiritualmente. O valor da vida deve ser expresso; o seu brilho só é visto quando se reflete nos outros. (Lin, 2002; pg. 5)

Tao Kung Quan

O Mestre Liu perguntava em suas palestras: numa época em que metralhadoras, armas químicas e bombas atômicas são os instrumentos da guerra, que sentido pode ter aprender o Tai Chi Chuan apenas para ser capaz de derrotar outra pessoa? (LIN, 2002).

(52)

"Tao Kung Chuan", a prática de treinamento do Tao, é outro nome que utilizava para se referir ao conjunto de práticas taoístas que ensinou no Brasil (LIN, 2002). .

Coerente com esta postura, o estudo dos aspectos marciais do Tai Chi Chuan é realizado pelos praticantes de Tai Chi Pai Lin, principalmente com a finalidade de compreender a natureza dos movimentos desta arte e desenvolver sua sensibilidade na interação com as outras pessoas. Assim, o treinamento da aplicação dos movimentos do Tai Chi Chuan a dois, conhecido como Tui Shou (traduzido literalmente "mãos coladas") ou "empurrar com as mãos", é realizado com tranqüilidade, procurando manter a atitude de meditação e evitando cultivar uma postura competitiva (LIN, 2002).

Práticas Fundamentais

O Mestre Liu Pai Lin, transmitiu diversas formas de treinamento voltadas mais especificamente para o bem estar dos praticantes. Hoje, seu filho, Mestre Liu Chih Ming, transmite os treinamentos herdados de seu pai, das mesmas linhagens taoístas citadas anteriormente, dentre eles (LIN, 2002):

• Abraçar o Tai Chi.

• Abraçar a Árvore (Postura do Universo). • Treinamento Interior do Tai Chi.

• Treinamento de Geração da Água Sagrada • Treinamento da Circulação do Pequeno Universo • Treinamento da Rede Celeste.

• Oito formas de alongamento dos tendões.

• Formas contínuas de alongamento dos tendões (remar). • Respiração dos 6 sons.

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• Exercícios para a Saúde dos 12 Órgãos Internos (panos de seda). • Respiração da tartaruga.

• Respiração do grou.

• Doze Formas de Chi Kung (Treinamento de Energia).

• Maravilha das maravilhas ("miao miao"): balanços; palmadas e mãos cruzadas.

• Caminhada Tai Chi.

• Nove formas para restaurar a vitalidade (auto massagem). • Sequência de auto massagem na cabeça.

As formas introduzidas no Brasil pelo Mestre Liu Pai Lin e pelo Mestre Liu Chih Ming (LIN, 2002) foram:

• Forma de Tai Chi Chuan Pai Lin curta (37 movimentos). • Forma de Tai Chi Chuan Pai Lin longa (108 movimentos). • Forma de Espada Tai Chi (54 movimentos).

• Forma de Pa Kua Tsan curta (8 palmas). • Forma de Pa Kua Tsan longa (64 palmas).

• Forma de Espada Pa Kua com duas espadas (8 palmas). • Forma de Espada Pa Kua com uma espada.

Mestre Liu Chih Ming

– Entrevista concedida e

autorizada

(54)

College, uma das mais conceituadas escolas em Taiwan, possuindo também, entre outros, o "Curso Avançado de Acupuntura", pelo Instituto de Acupuntura da Academia de Medicina Tradicional Chinesa de Pequim. No ano de 2007, no mês de outubro, recebeu da WFAS um dos 57 prêmios "The contribuition award" distribuídos para as maiores contribuições pessoais para acupuntura no mundo, durante as celebrações do 20º aniversário da fundação dessa federação, realizado em Pequim, China.

Filho do Grande Mestre Taoísta Liu Pai Lin, por quem foi iniciado em uma linhagem Taoísta de Mestres com grande conhecimento na Arte Antiga da Medicina Tradicional Chinesa e Alquimia Interna do Corpo.

É discípulo do renomado Mestre Chinês Hsiu Yan Tsai, pertencente a tradicional linhagem Chinesa "Agulha de Ouro" e do famoso Mestre Yang Yu Chen (ex-presidente da Associação de Tai-Chi-Chuan de Taiwan); também pertence à linhagem Taoísta Gin San (Montanha Dourada) e a Long Men (Porta do Dragão). Estas linhagens são muito conhecidas na China, por serem descendentes da famosa linhagem Do Norte, que teve como GrandesMestres, entre outros, Fú Shi, Huang Ti (o Imperador Amarelo) e Lao Tzu.

Imagem

Gráfico 1
Gráfico 2
Tabela 1: Características de Yin e Yang - Fonte: (Yamamura, 1999).
Gráfico 1: Em geral você diria que a sua saúde é:
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Referências

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