• Nenhum resultado encontrado

Epidemiologia dos accidentes vasculares encefalicos na cidade do Salvador, Bahia, Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Epidemiologia dos accidentes vasculares encefalicos na cidade do Salvador, Bahia, Brasil"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

EPIDEMIOLOGIA

DOS ACIDENTES

VASCULARES

ENCEFÁLICOS

NA CIDADE DO SALVADOR,

BAHIA, BRASIL. 1’

Ines Lessa* e Carlos Antônio G. Bastos3

Poucas informacóes sáo disponíueis sobre a epidemiologia dos acidentes vasculares encefálicos nos países em desenvol- uimento. Este artigo oferece urna análise detalhada da situaqáo em Salvador-Brasil, baseado na reuzkio de todos os acidentes vasculares encefálicos conhecidos, ocorridos nesta cidade no perz’odo de um ano (1 o de julho de 1979 e 30 junho de 1980).

Introduc$io

Embora bem conhecida nos países de- senvolvidos, a importancia das doencas não infecciosas ainda náo é sufrcientemen- te levada em conta nos orcamentos de saúde dos países em desenvolvimento. Em relacão ao acidente vascular encefálico (AVE), pela sua importancia como causa de morte, a Organizacáo Mundial da Saúde patrocina vários centros de estudos na Europa, Asia e África (1). Tanto as ta- xas de incidencia quanto as de mortalida- de por esses acidentes apresentam amplas variacóes geográficas, inclusive dentro de um mesmo país (I-51, sem explicacões, no momento para tais variacões (4, 6).

Nos Estados Unidos as taxas variam con- forme o local, sendo mais elevadas entre os negros (7-10). Na Europa, a incidencia média é de 200 por 100 000 por ano (4) e,

’ publica-se em ingks no Bulletin of the Pan Amoimz Health

OTgar¿uafion 17(3):292-303, 1983.

’ Universidade Federal da Bahia, Departamento de Medicina Preventiva, Salvador. Babia, Brasil. Enderem: Av. Reitor Miguel Calmon s/n, Valedo Canela. Salvador 40000, Bahia. Brasil.

’ Ministétio de Educ@k~ e Cultura

no Japáo, onde desde 1951 o acidente vas- cular encefálico e a principal causa de óbi- to, as taxas sáo mais elevadas e também variáveis (6, 11-15).

A despeito dos vários fatores de risco descritos para os acidentes vascular encefá- lico (2, 6, 16-21), admite-se que a hiper- tensáo arterial seja o principal fator predis- ponente à sua ocorrencia (4, 19-24). Nos locais onde a prevalência de hipertensáo é baixa, praticamente não existem esses aci- dentes (25), ao passo que no Japão, onde a prevalência de hipertensáo é muito eleva- da, o acidente vascular encefálico é tam- bém muito freqüente (61.

A análise de uma série histórica de 30 anos (1940-1969) mostrou, para Sáo Paulo, urna grande ascensáo da mortalida- de por acidente vascular encefálico no período, e sobretudo da mortalidade pro- porcional (26). Num estudo sobre mortali- dade em 10 cidades de América Latina, Bristol (Inglaterra) e São Francisco (WA), as duas cidades brasileiras nele incluí- das-Ribeiráo Preto e Sáo Paulo- apre- sentaram as mais elevadas taxas de morta- lidade por acidente vascular encefálico em

(2)

ambos os sexos (27); e num inquérito reali- zado em um bairro de Salvador a prevalên- cia de seqüelas de acidente vascular ence- fálico foi de 2,9% em indivíduos com 50 anos ou mais (28).

Considerando a formacão racial brasi- leira e o fato de ser a situacáo geográfica, climática, ambiental e econômica do país diversa das principais fontes de infonna- cão sobre a epidemiologia destes aciden- tes - os países desenvolvidos - elaboramos este estudo com o objetivo de conhecer as- pectos epidemiológicos básicos, tais como taxas de incidencia e mortalidade, coefi- ciente de letalidade, características co- muns de pessoas e variacão mensal-sazo- nal, principais doencas associadas, tipos de acidente vascular encefálico, com respecti- vas taxas de incidencia e mortalidade, e principais aspectos clínicos; e de oferecer subsídios para o planejamento em saúde. No presente trabalho, nos limitaremos aos tres primeiros objetivos (incidencia e mor- talidade e letalidade, características de pessoas e variacão mensal-sazonal).

Material e métodos

Considerando o acidente vascular ence- fálico urna complicacão aguda de certas doencas crônicas com manifestacões clíni- cas que requerem aten@0 médica imedia- ta e internamento, foram coletados dados de todos os pacientes que tiveram esta doenca entre lo de julho de 1979 e 30 de junho de 1980, e que residiam no períme- tro urbano da cidade do Salvador, Bahia, Brasil. Foram excluídas as isquemias ce- rebrais transitórias.

Os dados foram levantados dos prontuá- rios médicos dos pacientes atendidos em 10 hospitais e 8 servicos de urgencia da cida- de, após exclusáo das clínicas que náo ofe- reciam intemamento para acidente vascu- lar encefálico. Dos 18 servicos médicos (públicos, privados ou previdenciários), 16 atendem a pacientes de todos os tiveis so-

ciais e procedentes de toda a cidade. Esse

atendimento heterogêneo ocorre em

funcão de convenios mantidos pelo Institu- to Nacional de Assistência Médica e Previ- dencia Social e de várias outras empresas estatais ou privadas, com servicos médicos federais, estaduais e municipais, e com aqueles de caráter privado. Os dois outros sáo hospitais com clientela específica: um hospital militar e outro pertencente a urna clínica de pré-pagamento. A demanda da assistência médica imediata é maior para os oito servicos de urgencia e para o Hospi- tal de Pronto-Socorro pois o acesso aos de- mais hospitais, em geral, ocorre por trans- ferencia de pacientes, uma vez que a maio- ria dos hospitais náo dispõe de servicos de urgencia, nem mesmo o hospital universi- tál-io.

Foram revistos também os atestados de óbito pela mesma causa e correspondentes ao mesmo período, acrescido do mes de julho de 1980. Esses dados foram coletados no Centro de Processamento de Dados da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, com a fmalidade de completar a casuísti- ca: a) com casos de óbito domiciliar de pa- cientes que tiveram alta hospitalar; b) com casos de óbito em residencia de pacientes que náo receberam assistência médica sob internamento; c) com casos de mor-te súbi- ta necropsiados no Instituto Médico Legal e d) para o cálculo da letalidade no pri- meiro mes do episódio dos indivíduos que tiveram o episódio de acidente vascular no fim do período de estudo e faleceram entre lo e 31 de julho de 1980.

Os diagnósticos foram efetuados pelos médicos que atenderam aos pacientes, os quais, na grande maioria, tiveram diag- nóstico clínico. Naqueles indivíduos sub- metidos a exames laboratoriais ou necróp- sia, houve concordancia diagnóstica.

Os dados foram transpostos para urna ficha apropriada (Anexo). Nenhuma in- vestigacáo adicional foi realizada junto aos familiares ou médicos dos pacientes.

(3)

dos populacionais da cidade do Salvador corresponder-am aos do censo de 1980 (783 642 habitantes maiores de 14 anos). Como esses dados só estavam especificados por sexo, as estimativas populacionais por grupos etários foram feitas pela autora com base nos percentuais contidos na hipótese III da publicacáo Evolu@io Demográfica (1940-2000) (29). Escolheu-se a hipótese III por ser muito semelhante à populacho do censo para os dois sexos.

0 cálculo da taxa de incidencia foi feito de duas maneiras: com todos os casos e ex- cluindo-se os pacientes com história de pré- vio acidente vascular encefálico prévio (in- cidencia conigida). No primeiro caso, com inclusão de todos os pacientes, seguiu-se o critério de Aho et al. (21, que consideram importante cada novo ataque, do ponto de vista comunitário, porque requer 0 mesmo tipo de atencáo médica que um novo caso. Para o cálculo da incidencia corrigida, esti- mou-se a freqüência de acidente vascular encefálico prévio naqueles indivíduos com óbito domiciliar, sem assistência médica hospitalar, baseado nas freqüências de epi- sódios prévios observados nos pacientes hos- pitalizados e que foram a maioria (82,5% dos casos). Aplicou-se o teste Student para comparar a edade média de ambos sexos. 0 teste de diferenca entre duas proporcóes utilizou-se para comparar a mortalidade entre homens e mulheres.

Resultados

Entre lo de julho de 1979 e 30 de junho de 1980 foram internados nos 18 servicos médicos 1 089 pacientes com um episodio agudo de acidente vascular encefálico. Ou- tros 232 casos ocorreram no período, sendo que seis corresponderam a mortes súbitas com necrópsia, e os demais a mortes em re- sidencia. No total, ocorreram 1 321 casos de acidente vascular encefálico no período de un-r ano na cidade do Salvador.

A idade dos pacientes variou de tun a 91

TABELA l-Distribui@ío de 1 320 casos de aci-

dente vascular encefálico registrados entre lo de

julho de 1979 e 30 de junho de 1980 que foram incluidos no estudo, por idade e sexo, Salvador.

Grupo de SCCO

idade Masculinoa Femininoa Total cem anos) NO yO NO yO NO yO

15-24 7 1,15 8 1,12 15 1,14 25-34 21 3,46 14 1,97 35 2,65 35-44 34 5,59 48 6,74 82 6,21 45-54 83 13,65 92 12,93 175 13.26 55-64 129 21,21 115 16,15 244 18,49 ?65+ 279 45,89 387 54,35 666 50.45 Ignorado 55 9.05 48 6,74 103 7,80 Total 608 100,OO 712 100,OO 1 320 100,OO ’ Idades médias dos pacientes + desvio padrão: 62,4 + 14,24 anos (hnmens); 64.5 + 14,2 anos (mulheres). t(gl= 1 215) = 2,59;

p CO,Ol.

anos. A crianca de um ano foi excluída da análise por se tratar de ocorrencia rara nes- sa idade (acidente vascular encefálico por falcemia). As freqüências foram semelhan- tes entre os sexos até os 65 anos. A partir dos 65 predominou no sexo feminino, com a media de idade de 64,5 anos, em compa- racão com 62,4 anos (p <O,Ol) no sexo masculino (tabela 1).

(4)

TABELA P-Taxas de incid&wia e incidência corrigida (casos novos) dos acidentes vasculares ence- fálicos por 100 000 habitantes do 1 o de julho de 1979 a 30 de junho de 1980, por idade e sexo, em Salva- dor.

SCKJ Sexo

Masculino Feminino

Incidencia Incidencia

Grupo de Incidência Casos corrigida Incidencia Casos conigida idade Casos (casos por novos (casos novos Casos (casos por novos (casos novos (em anos) Popula@& No 100 000) No por 100 000) Populacão No 100 000) No por 100 000)

15-24 132487 7 5,3 25-34 92 317 21 22,7 35-44 56 394 34 60.3 45-54 40 171 83 206,6 55-64 22 274 129 579.2 65 + 14 291 279 1 952.3

Ignorado - 55 -

Total 357 934 608 169,9

7 5,3

18 19.5 30 53,2 74 184.2 106 475,9 223 1 560.4

46 -

504 140.8

152 959 8 532 8 5.2 110 392 14 12,7 13 ll,8

65 149 48 73.7 46 70,6 46 094 92 199,6 81 175.7 27 939 115 411,6 87 311.4 23 175 387 1 670,O 334 1441.2

- 48 - 46 -

425 708 712 167,3 615 144.5

casos entre as mulheres neste grupo de ida- de. Com e sem correcão, as incidencias fo- ram semelhantes entre os sexos, observan- do-se pequenas diferencas na análise por grupos etários. Note-se que as taxas por idade estão discretamente subestimadas, pois para 55 homens e 48 mulheres, a idade foi ignorada. A subestimativa é maior para 0 sexo masculino por ser a populacão me- nor para este sexo em Salvador.

A letalidade mostrou-se também elevada nos diversos grupos etários e em ambos os

sexos. Na tabela 3, podem-se observar os coeficientes de letalidade por idade e sexo para todos os casos e, em separado, para os casos hospitalizados. A discrimina<;áo da le- talidade deve-se ao fato de possíveis casos de acidente vascular encefálico que náo causam à morte e sem atendiento médico sob intemamento, o que implicaria numa superestimativa da mesma. A taxa de letali- dade para todos os casos foi de 61,59%, e para os casos hospitalizados, de 53,40%. A taxa de mortalidade por 100 000 habitantes

TABELA 3-Mortalidade entre 1 320 vitimas e 1 088 vitimas (de acidentes vasculares encefá!icos) que

foram hospitalizados, por idade e sexo, Salvador.

Letalidade geral entre as vítimas de AVE Letalidade hospitalar entre as vitimas de AVE

.%X0 SeX0

Grupo de Masculino Feminino Masculino Feminino

idade Casos óbitos Mortalidade Casos óbitos Mortalidade Casos óbitos Mortalidade Casos óbitos Mortalidade (em anos) N” Nn (%) No No (%) Nn N” (%) No No (%)

15-24 7 3 42,85 8 8 100.00 5 1 20,oo 7 7 100.00

25-34 21 13 61,90 14 8 57,14 20 12 60,OO 14 8 57.14 35-44 34 14 41,18 48 26 54.17 32 12 37,50 43 21 48,84 45-54 83 48 57,83 92 50 54.35 79 44 55,70 85 43 50.59 55.64 129 76 58.91 115 72 62.61 111 58 52,25 104 61 58.65 65+ 279 186 66,67 387 288 74,42 231 138 59,74 257 158 61,48 Ignorado 55 10 18,18 48 ll 22.92 54 9 1.67 46 9 19.57 Total 608 350 57,57= 712 463 65,03a 532 274 51,5ob 556 307 55,22b a Z=2,76; p<O.OI

(5)

TABELA 4-Mortalidade entre os habitantes de constavam como “aposentados”, e as Salvador atribuidas a acidente vascular encefálico

no periodo lo de julho de 1979 e 30 de junho de 1980.

Mortalidade Grupo de idade

(em anos) 15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 165

Total

(por 100 000) por sexo: Masculino Feminino

2,26 5,23 14.08 7,25 24,83 39,91 119,49 108,47 341,20 257,70 1 301,52 1 242372 97,78 108,76

mulheres, como “domksticas”. As maiores

aglomeracões foram observadas para

pedreiros e pintores (4,3%) e motoristas (3,0 y0 ). As oscilacóes das freqüências mensais foram pequenas, variando de 6,61 a 10,l y0 (casos internados), sem acúmulo sazona1 de casos, provavelmente pela falta de demarcacáo das estacóes no nordeste brasileiro.

de Salvador mostrou-se um pouco mais ele- vada para o sexo feminino, notando-se, en- tretanto, oscilacões por grupos etários, em relacáo ao sexo masculino (tabela 4). A principal razâo para isto, a despeito da maior mortalidade no sexo masculino, em muitos grupos etários, foi de que a popula- cáo feminina no grupo etário mais velho foi bem maior que aquela do masculino (23.175 contra 14.291), onde a mortalidade pelo acidente vascular encefálico foi mais elevada e, assim, as mulheres como um to- do apresentaram urna maior proporcáo de mortes pela doenca.

Dos 581 óbitos de pacientes hospitaliza- dos, 31,4?yo ocorreram no primeiro dia do episódio, 36,9’% entre o segundo e o séti- mo dia, e 21,0yo entre o oitavo e o vigési- mo nono dia. Quanto à cor dos pacientes, as informacões ficaram prejudicadas pela eliminacão desta variável no censo de- mográfico de 1980. Observou-se que 52,2% dos pacientes eram pardos (mula- tos), 27,201, brancos e 20,6’% pretos. Tam- bém o estado civil não pode ser analisado, pois, 37,0% das mulheres e 18,7% dos ho- mens eram solteiros, categoria esta qne

inclui um grande número de “amasiados”. Observou-se considerável diversidade quanto ao tipo de ocupacáo, impossibili- tando urna apresentacão mais objetiva dos dados. Na grande maioria, os homens

Discussão

Os resultados obtidos apontam o aci- dente vascular encefálico em Salvador co- mo problema de saúde pública para os indivíduos a partir dos 45 anos. A proposta metodológica de inclusáo de todos os casos ocorridos na cidade do Salvador no período de um ano poderia dar margem a certas críticas que devem ser explicitadas:

1) A possibilidade da ocorrência de ca- sos de menor gravidade, que náo causam a mor-te e sem assistência médica sob inter- nan-rento; por inferencia asumimos que es- se número foi reduzido, pois a letalidade nos casos hospitalizados foi elevada e a grande maioria dos óbitos ocorreu dentro do primeiro mes do episódio (89,3%). Além disso, a assistência médica domiciliar é extremamente onerosa e sempre de cará- ter privado, nao estando por isso ao alcan- ce da maior parcela da populacão, dado que o acidente vascular encefálico náo se configura como doenca da elite social. Es- ta primeira possibilidade levaria a urna su- bestimativa da taxa de incidencia e urna superestimativa da letalidade;

2) A perda de urna pequena parcela dos óbitos domiciliares, sem assistência médica hospitalizada previa, por falta de enca- minhamento dos certificados de óbito por um dos cartórios ao Centro de Processa- mento de Dados. Isto levaría a urna subes- timativa das taxas de incidencia e mortali- dade, e

(6)

agudo da doenca tomam fácil o seu diag- nóstico clínico (2, 19, 30). Referimos ante- riormente que a grande maioria dos diag- nósticos foi clínica, com comprovacão nos casos necropsiados ou com exame labora- torial. 0 grande problema observado foi a dificuldade do diagnóstico diferencial do tipo de acidente vascular encefálico, as- pecto que será abordado em outra oportu- nidade em relacão ao quarto objetivo do estudo realizado.

Nos Estados Unidos a maior importân- cia dos acidentes tem sido descrita para idades a partir dos 55 ou, mais freqüente- mente, dos 65 anos (7, 8, 18, 31). A média de idade observada por Eisenberg et al. (7) em Connecticut (EUA) é cerca de 10 anos mais alta que a encontrada em Salvador, onde a situacáo já parece crítica a partir dos 45 anos, com taxas de incidencia de 206,6 a 199,5 por 100 000 por ano, para homens e mulheres, respectivamente (ta- bela 2).

A letalidade pelo acidente vascular en- cefálico é sempre mencionada como muito elevada nos países industrializados, varian- do de 25 a 56% dentro dos tres primeiros meses do episódio, a depender do tipo de acidente (7, 20, 32). No Japáo, a alta leta- lidade observada no primeiro dia do episó- dio (25Q/,) é decorrente, muitas vezes, do acidente hemorrágico, o tipo mais letal e freqüente naquele país (19). A letalidade em Salvador (61,59q;ó para todos os casos e 53,4OQ/, para os casos hospitalizados) não difere muito da observada nos países de- senvolvidos. A grande e grave diferenca es- tá no tempo decorrido entre o episódio e o óbito: 31,4y0 dos óbitos ocorreram no pri- meiro dia e somente 10,7 yO depois do pri- meiro mes. Os 89,3To de óbitos precoces refletem o baixo padráo da assistencia mé- dica prestada, particularmente para esse tipo de paciente que, se sobrevive, necessi- ta tratamento oneroso e prolongado.

A grande maioria dos pacientes com es- ta doenca recebe cuidados médicos nos postos de assistkcia médica do Instituto

Nacional de Assistência Médica e Previ- dencia Social, com 6 a 10 leitos de alta ro- tatividade. Cada posto de assistência médi- ca atende a cerca de 300 a 400 pacientes por dia. Pacientes com doenca grave, ne- cessitando cuidados médicos imediatos, sáo admitidos provisoriamente nestes pe- quenos postos enquanto aguardam uma vaga para admissáo em um dos hospitais da cidade. No entanto, só raramente um paciente com acidente vascular encefálico consegue um leito hospitalar. Basta assina- lar que os dois hospitais do citado Instituto Nacional da Previdencia Social, juntos, náo intemaram 70 pacientes em um ano.

As taxas de mortalidade para Salvador foram maiores do que as observadas para Ribeirão Preto e Sáo Paulo, as quais foram consideradas “excepcionalmente altas” (27). As informacões até agora disponíveis quanto aos acidentes vasculares encefálicos no Brasil (Salvador, Ribeirão Preto e São

Paulo), em relacáo as demais cidades lati- no-americanas estudadas quanto às carac- terísticas da mortalidade urbana (27), su- gerem que essa doenca é mais freqüente entre nós e já tem posicáo de destaque entre as doencas náo infecciosas.

0 quadro explicitado para os acidentes vasculares encefálicos na cidade do Salva- dor pareceu-nos muito grave. A magnitu- de do problema mostra a necessidade da adocáo de urna política de saúde para as doencas não transmissíveis, muito embora continue sendo ainda necessário aplicar grande parcela dos recursos para a saúde no combate às doencas infecciosas e para- sitárias. Considerando todas estas possíveis fontes de erro mencionadas, acreditamos que os erros introduzidos nas estimativas das taxas forant muito pequenos e, por- tanto, pouco influenciem nos achados aqui mencionados.

Resumo

(7)

culares encefálicos a fii de avaliar tanto a epidemiologia básica do problema nessa cidade quanto fomecer a informacáo ne- cessária para o planejamento do setor saúde. Para poder efetuar esse exame os autores fizeram coleta de dados dos pron- tuários médicos em todos os servicos de saúde do Salvador (10 hospitais e 8 clínicas de urgencia) responsáveis pelo atendimen- to de casos de urgencia de acidentes vascu- lares encefálicos entre o dia lo de julho de 1979 a 30 de junho de 1980. Os pesquisa- dores também examinaram todos os ates- tados de óbito que revelavam os tais aciden- tes como causa da mor-te a fim de comple- tar ainda mais a base dos dados colhidos.

De acorde com o censo de 1980, a popu- lacao da cidade do Salvador era de 783 642 habitantes na faixa etária de mais de 14 anos de idade e, de acorde com os prontuários médicos e atestados de óbito disponíveis, 1 321 pessoas foram acometi- das de acidente vascular encefálico no de- correr do ano em estudo. A idade média do ataque foi de 62,4 anos de idade para os horneras e de 64,5 anos para o sexo femi- nino. Aproximadamente a partir dos 45 anos que a incidencia dos acidentes vascu- lares encefálicos ascendeu com rapidez; es- sa mesma incidencia elevou-se muito mais

entre as pessoas idosas (de mais de 64 anos), atingindo tun nível de 1 952 casos por 100 000 no sexo masculino e de 1 670 por 100 000 no sexo feminino. A mortali- dade aparentamente causada por aciden- tes vasculares encefálicos no decorrer do periódo de estudo foi de 97,78 óbitos por 100 000 homens e 108,76 por 100 000 ha- bitantes do sexo feminino.

Em Salvador, a mortalidade entre os pa- cientes de acidentes vasculares encefálicos foi extremamente elevada no primeiro dia do ataque da doenca-31,40J, das 581 mortes ocorreram no período de 24 horas. Por via de regra 89, 3y0 de esses falecimen- tos sucederam durante o espaco de tempo de m-n mes a partir do episódio. Essa tão elevada percentagem de mortes prematu- ras (sob condicões de comparacáo de per- centagens dos países mais desenvolvidos) espelha os baixos padróes de atendimento médico providenciado para as vítimas dos acidentes vasculares encefálicos no âmbito da área estudada e ressalta a necessidade que existe de adotar urna política de saúde suficientemente capaz de atender com efi- cácia náo só este tipo de problema como também outros problemas afins de doen-

cas nao-contagiosas. n

Anexo

Departamento de Medicina Preventiva-Escôla de Medicina. Universidade Federal de Bahia

Ficha clínico-epidemiológica dos acídentes vasculares encefálicos (AVE) Nome do servico médico

Data de internacáo:

A. Dados do paciente:

Nome: Registro:

Idade Sexo Cor E. Civil

Profissão ou ocupacáo Nacionalidade

Enderece: Bairro

Cidade

(8)

B. Diagnóstico de AVE

1. AVE por trombose

[ i hemorragia cerebral

i i E?ktptura de aneurisma) ( ) isquemia transitória

( ) isquemia

( ) outro (especifique) ( ) não consta

C. Fatores associados (dados epidemiológicos)

2. Diagnóstico feito através de ( ) historia clínica ( ) examen físico i i puncão liquórica

arterrografia necrópsia

outro (especifique) não consta

1. Hipertensão prévia 1.1 Hipertensão presente 1160 X 95

2. AVE prévio 2.1 AVE previos (No) ( ) 1

( 1 2

não consta ( 1 3

2.2 Intervalo entre o primeiro AVE e o atual

( ) 1 meses ( ) 6 8 meses ( ) não consta ( ) 1 2 meses ( ) 9 ll meses

( ) 3 5 meses ( ) 1 4 anos

3. Doenca cardíaca previa 3.1 Doenca cardíaca presente sim

i 1 náo

sim I i náo não consta ( ) não consta

3.2 Especificacáo da doenca cardíaca, se positivo

3.3 Infarto no passado 3.4 Infarto Presente

( 1 náo consta

3.5 Fibrilic:ão

4. História de diabetes ( ) sim

(9)

I ; não

nâo consta i ; cO não consta

5. Outra doenca ou situacáo clínica presente (especifique)

6. Hábito de fumar 7. Tipo físico do paciente

( ) sim ( 1 magro

( ) Il% normal

( ) não consta 1 1 obeso náo consta

fi. Aspectos neurológicos do paciente (primeiro dia internacão)

1. ( 1 consciente 2. ( ) afasia ( 1 torporoso ( ) disartria ( ) inconsciente (coma) náo consta ( ) não consta : ; sem alteracão

3. Condicão motora

( ) hemiplegia direita ( ) desvio comissura lábio direito ( ) hemiplegia esquerda ( ) desvio comissura labio ( ) hemiplegia (não especificado) esquerdo

( ) monoplegia sem sinais ( ) tetraplegia i ì não consta

4. Outro sinal neurológico (especifique)

5. Outro sintoma neurológico (especifique)

6. Condicão sensorial

Hemiparesia ( ) direita Fraqueza muscular ( ) sim Outro, especifique

( ) esquerda ( ) não

E. Exames laboratoriais

Exame Normal

Anormalidade observada

Não consta

Líquor Arteriograma

Tomografia por computador ECG

(10)

F. Destino do paciente

( ) permanece internado

( ) alta

( ) transferido para data

( ) óbito hospital. Com diagnóstico, data

( ) óbito. Médico legal, data

( ) óbito. Em residencia, data

REFERENCIAS

1. Organizagão Mundial da Saúde. Enfermedades

cerebrovasculares: prevención, tratamiento y rehabilitación. (Série Relatórios Técnicos 469.) Genebra, 1971.

2. Aho, K., Karmsen, P., Hatano, S.,

Marquardsen, J., Smimov, V. E. e Strasser, T.

Cerebrovascular disease in the community:

Results of a WHO collaborative study. Bu11

WHO 58(1):113-130, 1980.

3. Borhani. N. 0. Changes and geographic

distribution of mortality from cerebrovascular disease. AmJ Public Health 55(5):673-681, 1965.

4. Marquardsen, J. The epidemiology of

cerebrovascular disease. Acta Neurol Stand

(SuPPl.57) 5757-75, 1978.

5. Richard, J. Epidemiology of hypertension and

stroke in Europe and the Mediterranean

countries. In: Hatano, S., Shigematsu, 1. e

Strasser, T. eds. Hypertenn’on and Stroke Control

in the Community: Proceedtigs of a WHO

Meettig Held in Tokyo, ll-13 March, 1974.

Organiza@o Mundial da Saúde, Genebra, 1976. pp. 60-78.

6. Hatano, S. Fxperiences with community strokes

registers. In: Hatano, S., Shigematsu, 1. e

Strasser, T. eds. Hypertensicwt and Stroke Control

in the Community: Proceedings of a WHO

Meeting Held in Tokyo, ll -13 March, 1974.

OrganizaCão Mundial da Saúde. Genebra, 1976. pp. 117-128.

7. Eisenberg, H., Morrison, J. T., Sullivan, P. e

Franklin, M. 1. Cerebrovascular accidents:

Incidence and survival rates in a defined

population, Middlesex County, Connecticut.

JAMA, 189(12):883-888, 1964.

8. Ekstrom, P. T., Brand, F. R., Edlavitch, S. A. e Parrish, H. M. Epidemiology of stroke in a rural area. Public Health Rep 84(10):878-882, 1969. 9. Heyman, A., Karp, H. R., Heyden, S., Bartel, A., Cassell, J. C., Tymler, H. A., Hill, C. e Hanes

C. G. Cerebrovascular disease in the bi-racial

population of Evans County, Georgia. Arch

Intern Med 128:949-955, 1971.

10. Garraway, W. M., Whisnant, J. P., Furlan, A. J., Phillips, L. H., Kurlald, L. T. e O’Fallon, W. M. The declining incidence of stroke. N Engl J Med 300:449-452, 1979.

ll. Isomura, K. Problems of stroke control in rural settings in Japan. In: Hatano, S., Shigematsu, 1. e Strasser, T. eds. Hypertensz’on and Stroke Control in the Community: Proceedings of a WHO Meeting Held in Tokyo, ll-13 March, 1974.

Organizasão Mundial da Saúde, Genebra, 1976. pp. 141-147.

12. Kobayashi, T. Epidemiology of hypertension and stroke in Japan. In: Hatano, S., Shigematsu, 1. e Strasser, T. eds. Hypertenn’on and Stroke Control in the Community: Proceedings of a WHO Meeting Held in Tokyo, ll-13 March, 1974.

Organizacão Mundial da Saíide, Genebra, 1976. pp. 80-95.

13. Kojima, S. Practica1 aspects of hypertension and stroke control in a rural population. In: Hatano,

S .I Shigematsu, 1. e Strasser, T. eds.

Hypertension and Stroke Control in the Community: Proceedings of a WHO Meeting Held in Tokyo, ll-13 March, 1974. Organizacão Mundial da Saúde, Genebra, 1976. pp. 149-162. 14. Hyrota, Y. A combined hypertension and stroke

control programme in a Japanese Community.

In: Hatano, S., Shigematsu, 1. e Strasser, T. eds.

Hypertension and Stroke Control in the Community. Proceedings of a WHO Meeting Held in Tokyo, ll-13 March, 1974. Organizacào Mundial da Saúde, Genebra, 1976. pp. 130-138.

15. Kimura, N. Epidemiology of hypertension and

(11)

Organizacão Mundial da Saúde, Genebra, 1976. pp. 55-57.

16. Abu-Zeid, H. N., Won Choi, N. e Nelson, N. A. Epidemiologic features of cerebrovascular disease

in Manitoba: Incidence by age, sex and

residence, with etiologic implications. Can Med AssocJ 113:379-384, 1975.

17. Louis, S. e McDowell, F. Stroke in young adults.

Ann Zntern Med 66(5):932-938, 1967.

18. Neuman, J., Mettinger, K. L. e Soderstrom, C. E. Stroke in males before 55: A study of 206

patients. Acta Neurol Stand (SupPl 67) 57~222,

1978.

19. Hatano, S. The worldwide problem of

hypertension and stmke. Zn: Hatano, S.,

Shigematsu, 1. e Strasser, T. eds. Hypertension and Stroke Control in the Community: Proceedings of a WHO Meeting Held in Tokyo, ll-13 Murch, 1974. Organizacão Mundial da Saúde, Genebra, 1976. pp. 19-26.

20. Tibblin, H. G. A stroke register in Goteborg,

Sweden. Acta Neurol Stand 191:463-470, 1972.

21. Svenius, J., Pyr6lälä, K., Riekkinen, P. J.,

Heinonen, 0. e Salonen, J. The incidence of

stroke in Kuopio area, Finland. Acta Neurol

Stand (Su@1 78) 62:193, 1980.

22. Carter, A. B. Strokes and hypertension. Am

HeartJ 82:131-132, 1971.

23. Kannel, W. B., Wolf, P. A., Verter, J. e

McNamara, P. M. Epidemiologic assesment of

the role of blood pressure in stroke. The

Frammingham study. JAMA 214(2):301-310,

1970.

24. Osgloby, P. Epidemiology of hypertension. Zn:

Genest, J., Koiw, E. e Kuchel, 0. eds.

Hypertensz’on, physiopathology and treatment,

New York, McGraw-Hill, 1977. pp. 626. 25. Sinnett, P. F. e Whyte, H. M. Epidemiological

studies in a total highland population. Tukisenta,

New Guinea.J Chron Dt.s 26:265-290, 1973.

26. Laurenti, R. e Fonseca, L. A. M. A mortalidade por doencas cardiovasculares no município de Sáo Paulo em um período de 30 anos (1940-1969).

Arq Bras Cardzbl29(2):85-88, 1976.

27. Puffer, R. R. e Griflith, G. W. Enfermedades

cardiovasculares. Zn: Caracteristicas de la

mortalidad urbana. Informe de la Investigación Interamericana de Mortalidad. Organizacáo Pan

Americana da Saúde, Washington, D.C., 1968.

(Publicacão Científica 151.) pp. 50-98.

28. Lessa, I., Almeida, F. A. A., Alves, J. F. A., souza, M. E. B., Jesus M. F. S. e Caricchio, R. Prevalência de doencas crônicas em um bairro de

Salvador, Bahia, Brasil. Bol Of Sunit Panam

93(4):376-387, 1982.

29. Orgão Central de Planejamento. Evolucão

Demográfica (1940-2000). Série de estudos

exploratórios. 1. Prefeitura da cidade do

Salvador. Bureau Gráfica e Editora Ltda.,

Salvador, Bahia, 1976.

30. Baptista, A. G. V. A. Acidentes vasculares

encefálicos nas cinco primeiras décadas. Tese, Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, 1973.

31. Acheson, R. M. e Fairfaim, A. S. Burden of

cerebrovascular disease in the Oxford area in

1963 and 1964. Bnt Med J 2:621-626, 1970.

32. Wolf, P., Kannel, W. B., McNamara P. M. e

Dawber, T. R. The natural history of stroke: The

Frammingham Study. &rculation (Suppl IV),

1970. p. 49.

Epidemiología de los accidentes cerebrovasculares en la ciudad de Salvador, Bahia, Brasil. I (Resumen)

En la ciudad de Salvador, Bahia, Brasil, se

realizó una encuesta sobre accidentes cerebrovasculares con objeto de evaluar la epidemiología básica del problema en esa ciudad y de proveer la información necesaria para la planificación de salud. Para poder efectuar esta encuesta los autores recolectaron datos de los registros de todas las instalaciones de salud de Salvador (10 hospitales y 8 servicios

de urgencia) responsables de la atención de

víctimas de accidentes cerebrovasculares entre el

1 de julio de 1979 y el 30 de junio de 1980. Para

completar los datos básicos los investigadores trataron de revisar todos los certificados de

defunción que daban los accidentes cerebro-

vasculares como la causa de muerte.

(12)

mayores de 14 años; de acuerdo con los registros médicos y los certificados de defunción disponibles 1 321 personas tuvieron accidentes cerebrovasculares durante el período de un año del estudio. La edad media del ataque fue 62,4 años entre los hombres y 64,5 años entre las mujeres. Alrededor de los 45 años la incidencia de accidentes cerebrovasculares comenzó a subir rápidamente; esta incidencia se elevó muy rápido en el grupo de edad más viejo (mayores de 64), alcanzando un nivel de 1 952 casos por 100 000 entre los hombres y 1 670 por 100 000 entre las mujeres. La mortalidad aparentemen- te causada por accidentes cerebrovasculares durante el período de estudio fue de 97,78 por 100 000 habitantes hombres y 108,76 por 100 000 habitantes mujeres.

En Salvador la mortalidad entre las víctimas de accidentes cerebrovasculares fue extremadamente alta en el primer día del ataque, ya que 31,4% de las 581 muertes ocurrieron dentro de las 24 horas. En general, 89,3y0 de estas muertes ocurrieron dentro del primer mes del ataque. Estos altos porcentajes de muertes prematuras (en términos de porcentajes comparables con países desarrollados) reflejan los bajos estándares de atención médica que se brinda a las víctimas de accidentes cerebrovasculares en la zona de estudio y resalta la necesidad de adoptar una política de salud capaz de encarar con eficacia este y otros problemas similares de enfermedades no conta<giosas.

Epidemiology of cerebrovascular accìdents in the city of Salvador, Bahia, Brazil. I (Summary)

A review of cerebrovascular accidents was conducted in Salvador, Bahia, Brazil, in order to assess the basic epidemiology of the problem in that city and to provide information needed for health planning. To perform that review, the authors collected data from the records of al1 the health facilities in Salvador (10 hospitals and 8 emergency services) that provided care for cerebrovascular accident victims between 1 July 1979 and 30 June 1980. To complete their data base, they also sought to review al1 death certifkates citing a cerebrovascular accident as the cause of death.

According to 1980 census data, the city of Salvador had 783 642 inhabitants over 14 years of age;-and according to the available medical records and death certificates, 1 321 people experienced cerebrovascular accidents during the one-year study period. The average age of onset was 62,4 years among men and 64,5 years among women. Around age 45 the CVA incidence started to rise quickly; this incidence

became very high in the oldest (over 64) age group, reaching a leve1 of 1 952 cases per

100 000 among men and 1 670 per 100 000 among women. The apparent cerebrovascular accident mortality during the study period was 97,78 deaths per 100 000 male inhabitants and 108,76 deaths per 100 000 female inhabitants.

The mortality among cerebrovascular accident victims in Salvador was extremely high on the ñrst day of the episode, with 31,4 per cent of the 581 deaths coming within 24 hours. Overall, 89,3 per cent of these deaths occurred within a month of the episode. These very high percentages of early deaths (in terms of comparable percentages in developed countries) reflects the low standards of medical care being provided for cerebrovascular accident victims in the study area and underscores the need to adopt a health policy capable of dealing effectively with this and similar noncom- municable disease problems.

Epidkmiologie des accidents cérébro-vasculaires à Salvador, Bahia, Brésìl. I (Résumé)

(13)

fournir l’information nécéssaire à la planifícation sanitaire. Pour mener à bien leur tache les enquêteurs ont recueilli les données consignées dans les reLgistres de toutes les installations de santé de Salvador (10 hôpitaux et 8 services d’urgence) oti ont recu des soins les victimes de tels accidents, du ler juillet 1979 au 30 juin 1980. A titre de complément de ces données de base, il a été procédé à la révision de tous les certificats de décès où il était mentionné que les patients étaient morts à la suite d’accidents de cette nature.

D’après le recensement de 1980, la population de Salvador comptait 783 642 habitants de plus de 14 ans. Les registres médicaux et les certificats de dé& disponibles ont révélé que pendant l’année sur laquelle a

porté cette étude, 1 321 personnes ont été

victimes d’accidents cérébro-vasculaires, agées en moyenne de 62,4 ans en ce qui conceme les hommes et de 64,5 ans en ce qui concerne les femmes. L’incidence de ces accidents s’est rapidement élevée aux alentours de 45 ans,

s’accélérant dans le ,groupe le plus âgé (de plus de 64 ans): 1 952 cas sur 100 000 par-mi les hommes et 1 670 sur 100 000 par-mi les femmes. La mortalité apparamment causée par des accidents cérébro-vasculaires pendant la période étudiée a été de 97,78 pour 100 000 hommes et de 108,76 pour LOO 000 femmes.

Imagem

TABELA  3-Mortalidade  entre  1 320  vitimas  e  1 088  vitimas  (de  acidentes  vasculares  encefá!icos)  que  foram  hospitalizados,  por  idade  e  sexo,  Salvador
TABELA  4-Mortalidade  entre  os  habitantes  de  constavam  como  “aposentados”,  e  as

Referências

Documentos relacionados

Assim pa a além do Secto das Est adas este modelo de O&amp;M Assim, para além do Sector das Estradas, este modelo de O&amp;M poderá estender-se no curto prazo a outros sectores,

Os estudos iniciais em escala de bancada foram realizados com um minério de ferro de baixo teor e mostraram que é possível obter um concentrado com 66% Fe e uma

autoincriminação”, designadamente através da indicação de exemplos paradigmáticos. Sem prejuízo da relevância da matéria – traduzida, desde logo, no número e

Examinamos as demonstrações financeiras individuais da Klabin S/A (“Companhia”), que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 2016 e as respectivas demonstrações

As medidas antiparasitárias devem está voltadas principalmente para os animais jovens de até 2 anos de idade, com tratamento a cada 30, 60 ou 90 dias conforme infestações.

Tendo como parâmetros para análise dos dados, a comparação entre monta natural (MN) e inseminação artificial (IA) em relação ao número de concepções e

Quando contratados, conforme valores dispostos no Anexo I, converter dados para uso pelos aplicativos, instalar os aplicativos objeto deste contrato, treinar os servidores

Quadro 5-8 – Custo incremental em função da energia em períodos de ponta (troços comuns) ...50 Quadro 5-9 – Custo incremental em função da energia ...52 Quadro 5-10