Loalização de ampos em membranas deformadas
WilamiTeixeira da Cruz
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
WilamiTeixeira da Cruz
Tese submetida ao Departamento de Físia
omo requisito para obtenção do grau
de Doutor em Físia.
Orientador
à minha família,a
fonte de toda minha
Gostaria de agradeer a todos que ontribuírampara aonlusão deste trabalho.
Ao professor Dr. Carlos Alberto Santos de Almeida pela orientação e pelos grandes
onselhos.
Todaminha famíliapeloapoiopermanentee inondiional.
Aos meus pais por mesmo depois de muito tempo terem aeitado minha esolha
prossional.
Agradeço àminha noiva Joelma pelapaiênia.
Ao professorDr. Riardo Renan Landimpelas disussões.
Ao professorDr. Adalto Gomes pelaajuda naparte omputaional.
AoprofessorDr. Makarius Oliveira Tahimpelas disussõese importanteolaboração
durante o urso.
AosolegasdoLASSCO,Ivan(brother),Vitor, Alex,Diego,Luis, Hudson, Wagner,
Luiana,Mário, Gonzaga eEulides.
Ao professorDr. Juselino Silvapelas onversas e exemplo de vida.
Aosprofessores do Departamento de Físia daUFC.
Aosfunionários dodepartamento de Físia daUniversidade Federal doCeará.
À oordenação do urso de pós-graduação emFísia daUFC.
À pró-reitoria de Pesquisa e Inovação do IFCE.
Analisamos o omportamento de ampos de vários ranks em modelos de dimensões
extras e enários de membranas om estrutura interna. Trabalhamos em um
espaço-tempo AdS (anti de Sitter) de ino dimensões onde o fator de warp é denido em
termos de uma função suave daquinta oordenada.
O fator de warp, assim omo o bakground, são obtidos a partir da deformação de
modelos de membrana grossa. Tal enário imitaos modelos de Randall-Sundrum (RS),
quepodemserobtidossobertolimite. Noentanto,avantagemdemodelosdemembrana
grossa é querepresentam versõesnão-singulares de enários RS(Randall-Sundrum).
Apartirdaaçãodeaoplamentodeumampoesalarrealomgravidadedesrevemos
ageometriadoenárioapartirdasequaçõesde Einstein. Enontramosentão,apartirde
um potenial
λφ
4
, soluçõesdo tipo kink para o ampo esalar que representa a própria
membrana. Nesse aso, a solução interpola assintotiamente dois espaços
AdS
, omo uma parede de domínio.A partirde um proedimentodedeformação nopotenial,podemosobteruma lasse
de soluções de membrana. A vantagem desses novos modelos é que apresentam uma
estrutura interna. As soluções também interpolam dois espaços
AdS
om uma nova estrutura de transição entre osdomíniosonde o ampo esalarassume valornulo. Essasestruturas têm inuênia na geometria do enário e onsequentemente nos métodos de
loalização.
Nesse enáriode membrana,obtivemosnovosresultadossobrealoalizaçãode modos
zero para o ampo esalare para ampos ferminios. Quando tomamosos modos
mas-sivos resultantes das omponentes dos ampos na quinta dimensão, enontramos novas
estruturas de ressonânia. Tais estruturas nos auxiliam aentender a relação dos modos
sorial de gauge. Nesses asos, para garantir aloalizaçãodos ampostivemos que
intro-duzir no enário um novo ampo esalar, o dílaton. Neste ponto proedemos om uma
nova análise sobre a interação do dílaton om a estrutura deformada. O meanismos
de loalização dos ampos de gauge e de Kalb-Ramond são diretamente afetados pela
estrutura interna damembrana. Novamente, analisando oespetro massivo,detetamos
signiativasalteraçõesnos poteniaisdaequação de Shroedingerresultante quandoos
omparamos om modelos de membrana grossa usuais. Detetamos estruturas de
resso-nânia no espetro massivo para o ampo de gauge. Estruturas semelhantes apareem
We analyze the behavior of elds of various ranks in models of extra dimensions and
senarios ontainingmembraneswith internalstrutures. Forthispurpose westartfrom
a ve dimensions AdS spae-time where the warp fator is dened interms of a smooth
funtion of the fth oordinate.
The warp fator, as well as the bakground, are obtained from the deformation of
thik brane models. This senario mimis the Randall-Sundrum senario (RS), whih
an be obtained under ertain limit. However, the advantage of thik brane models is
that they represent a non-singularversion of RS (Randall-sundrum)senarios.
Startingfromtheationwiththeouplingofarealsalareldandgravitywedesribe
the spae-timegeometryfromthe Einstein'sequation. Choosing a
λφ
4
potential,wend
kink-like solutions for the salar eld that represents the membrane itself. In this ase,
the solution interpolatestwo asymptotiallyAdS spaes,suh asa domain wall.
From adeformation proedure of the potential, we obtain alass of brane solutions.
The advantage of these new models is that they host internal strutures. The solutions
also interpolate two AdS spaes with a new transition struture where the salar eld
has zero value between the domains. These strutures have inuene on the senario's
geometry and thereforethe loalizationmethods.
In this brane senariowe obtained new results on the loation of zero modes for the
salar andfermioni elds. Takingthe massive modes resultingfromthe fthdimension
omponents of the elds, we nd new resonane strutures. These strutures help usto
understand the relationship of massivemodes with the membrane.
New results were also obtained when we take the vetor and tensor gauge elds.
In suh ases, to ensure the loation of these elds, we had to introdue a salar eld
on the senario, the Dilaton eld. At this point we proeed with a new analysis of
Again, analyzing the massive spetrum, we deteted signiant hanges inthe potential
of the resulting Shroedinger's equation when ompared with models of usual branes.
Resonane strutures are deteted in the spetrum for the massive gauge eld. Similar
strutures appear in the study of the Kalb-Ramond eld by the two detetion methods
Agradeimentos . . . i
Resumo . . . ii
Abstrat . . . iv
Conteúdo . . . 1
Introdução 4 1 Interação gravitaional 14 1.1 Campo esalar. . . 16
1.2 Espinorde Dira . . . 18
2 Membrana gerada por kink 21 2.1 Introdução . . . 21
2.2 A membrana omo kink . . . 22
3 A estrutura de membrana deformada 30 3.1 Motivação . . . 30
3.2 Oproedimentode deformação . . . 31
4 Loalização de ampo esalar 36 4.1 Modozero de ampoesalar . . . 36
5 Férmions 47
5.1 Motivação . . . 47
5.2 Modozero . . . 48
5.3 Modos massivos . . . 53
5.4 Ressonânias . . . 60
5.4.1 Quiralidade direita . . . 61
5.4.2 Quiralidade esquerda.. . . 67
5.5 Disussão de resultados . . . 69
6 Membrana deformada dilatnia 71 6.1 Motivação . . . 72
6.2 Adiionando o dílatonao enário . . . 73
6.3 Métodosuperpotenial . . . 75
7 Campo de gauge 78 7.1 Motivação . . . 78
7.2 Loalizaçãonamembrana deformada . . . 80
7.3 Modozero namembranadilatnia . . . 82
7.4 Modos massivos . . . 86
7.5 Ressonânias . . . 90
7.6 Disussão dos resultados . . . 93
8 Campo de Kalb-Ramond 96 8.1 Motivação . . . 97
8.2 Modozero namembranadeformada. . . 97
8.5 Modomassivo namembrana deformadadilatnia . . . 103
8.6 Disussão dos resultados . . . 106
Conlusões e Perspetivas 109
Apesar de não existir nenhuma evidênia experimental de que o nosso universo possui
mais do quequatro dimensões, teorias de dimensõesextras têm sido ada vez mais
usa-das para resolver problemas em físiade altas energias. Um universo quadridimensional
possui araterístias importantes omo a renormalizabilidadede teorias de gauge para
as interações fraa, forte eeletromagnétia. No entanto,é possívele bastante instrutivo
onstruir tais teorias em modelos de universo om mais ou menos doque o padrão
qua-dridimensional. Podemos itar por exemplo o estudo de vórties em sistemas planares
(2+1)D e suas apliações em físia da matéria ondensada, espeíamente em
super-ondutividade [1℄. Por outro lado, onsiderar aexistênia de dimensões extras tem sido
uma importanteferramentateória para a solução de problemas emteorias om quatro
dimensões. Namesmamedida,ointeressenarealizaçãodeexperimentosapazesde
reve-lara existêniadessas dimensões adiionaistem aumentado nos últimosanos. Emfísia
de altas energias, a prinipal motivaçãopara o estudodesses tópios resultada proura
por uma teoriaapaz de uniargravidade om as outrasforças fundamentais.
O primeiroesforço noontexto de uniação de gravidadeom eletromagnetismovia
dimensõesextras foiexeutado porKaluza[2℄eKlein [3℄. Aidéia adotadafoionsiderar
um espaço plano om ino dimensões, sendo quatro espaiaise uma temporal, om um
ampo gravitaional de 15 omponentes. No espaço-tempo quadridimensional (3+1),
esses 15 graus de liberdadeforam deompostos entre um tensor de rank 2 assoiado ao
mais dimensões, o modelo de Kaluza-Klein (KK) onsidera a idéia de dimensões extras
ompatas sendo representadas por uma esfera
S
1
de raio mirosópio. Esta esolha
promove a disretização dos auto-modos da teoria ujas massas são relaionadas om
o raio de ompatiação, os quais são os hamados modos KK. Neste modelo, estes
estadosexitadossãotão pesadosqueultrapassamoslimitesde energiaalançadospelos
aeleradores atuais.
Uma outra vertente de pesquisas onsiderando universos multidimensionais surgiu
nos anos 60 a partir do estudo de espalhamento de hádrons. Neste enário, um modelo
de ressonânia dupla foi desrito [4℄, sendo que o espetro dos estados no modelo foi
veriado ser reproduzido pelo espetro de uma orda vibrante. A motivação referente
a dimensões extras é devido ao fato de o modelo ser onsistente om 26 dimensões se
bosnio ou 10 se supersimétrio. Conheida atualmente omo teoria de ordas, foi
iniialmenteestabeleidaparadesreverinteraçõesfortestendouma esalahadrniada
ordem de Gev, esalaesta denida pelatensão da orda. Neste pontoa presença de um
modonão massivode spin2,sempartíulahadrniaequivalenteonheida,mostrava-se
inonsistente. Foientão quesepropsrelaionar talmodoomográviton, substituindo,
então, a esala hadrnia pela esala de Plank gravitaional
M
P L
= 10
19
Gev
. A partir
desta substituição, a teoria de ordas foi então reformulada dando origem à primeira
fusão da teoria gravitaional om a meânia quântia. As dimensões adiionais são
regularmente mirosópias devido a esala natural de omprimento ser da ordem da
esala de Plank de
10
−33
cm
. Outro ponto importante é que as massas dos estados
exitados são da ordem da esala de Plank
M
P L
, o que infelizmente impossibilita a teoria de ser testada experimentalmente. No entanto, om os desdobramentosda teoriade Kaluza-Klein apliadas à inlusão de teorias de Yang-Mills em supergravidade, os
Em outra linha de idéias, modelos de dimensões extras surgiram num ontexto de
quebra espontânea de simetria por ampo de Higgs em teorias de gauge não abelianas.
Nesse aso, a dependênia espaial do valor esperado para o ampo de Higgs demanda
por defeitos topológios para modelar partíulas elementares [5, 6℄. Tal motivação foi
resultado dosurgimentode modelos emqueo universo quadridimensionalédesritopor
um defeito tipo parede de domínioo qual está ontido em um mundo multidimensional
[7℄. Nesse aso todaamatériadomodelopadrãoéonnada àparedede domínio,oque
oulta adimensão omplementar paraas forças forte,fraae eletromagnétia. Omesmo
não pde ser feito para gravidade, o que nesse aso, restringe qualquer dimensão extra
à uma esala mirosópia. Esta éa idéia primordialdo que onheemos sobre modelos
de mundos de membranas ou brane-worlds. Posteriormenteum tipo similar de parede
de domíniofoi onsiderado emteorias de superordas sendo adotada omo o loal onde
terminamas ordas [8℄. Osreferidos defeitos aram onheidos nessa onjetura omo
D-branes, onde o D diz respeito às ondições de ontorno de Dirihlet. Nesse aso o
tamanhoda dimensão extra também é onsiderado mirosópio.
Ooneitodedimensõesextrasmirosópiasfoiiniialmentevioladoomasidéiasde
Arkani-Hamed, Dimopoulos e Dvali(ADD) [9℄ sobre as vantagens de onsiderar
dimen-sõesomplementaresdetamanhoonsiderável. Omodeloespeulainlusivesobreo
tama-nhopermitidoparataisdimensões,tendoomoprinipalpropósitosoluionaroproblema
dehierarquia. Oreferidoproblemadizrespeitoàgrandedisrepâniaentreasesalas
gra-vitaionaisde massa eletrofraa
M
EF
= 10
3
GeV
ede Plank
M
P L
= 10
19
GeV
. A esala
dePlankédenidapelaequivalêniaentremassaeenergiaapartirdamassadePlank,
que por sua vez é representada pela unidade de massa no sistema natural de unidades.
Mais preisamente esse valor de massa é dado por
m
p
=
q
~
c
de Plank reduzida. A esala eletrofraa por sua vez é determinada por
v
= (
G
F
√
2)
1
/
2
onde
G
F
é aonstante de Fermi.Um aspeto interessantedo modelo ADD é que apesar de serem ompatiadas, as
n
dimensões espaiais extras possuem um raio omum não neessariamente mirosó-pio. Outro ponto importante é que neste enário de mundo om(4 +
n
)
dimensões, a gravidade é ontrolada pela esala eletrofraa ao invés daesala de Plank, obviamenteom intenção de uniar as interações gravitaional e eletrofraa. As linhas de uxo
gravitaionalpodempotenialmentearonnadasaonossomundoquadridimensional,
sendoqueo potenialgravitaionalem
M
(3 +
n,
1)
entre dois orposestátiosde massasm1
em2
,V
(
r
) =
m1m2/M
n
+2
P L
(4+
n
)
r
n
+1
é onvertido emV
(
r
) =
m1m2/M
n
+2
P L
(4+
n
)
rR
n
omM
(3
,
1)
×
S
n
. Isto resulta em um aoplamento gravitaional quadridimensional dado porM
2
P L
=
M
P L
n
+2
(4+
n
)
R
n
, onde devemos terM
P L
(4+
n
)
∼
M
EF
. ComoM
P L
é da ordem de10
19
GeV
, o valor
n
= 1
, que resulta emR
∼
10
13
cm
, deve ser desartado para não
haver disordânia om o observado experimentalmente na gravidade de Newton nessa
esala de distânia. No entanto,
R
assume valores da ordem de milímetrosparan
= 2
, o que é importante porque nesta esala de omprimento, a gravidade nuna tinha sidotestada. Aslinhas de uxogravitaionalpodemempriípiovazarpara dimensõesextras
manifestando-se omo modiações em esala milimétria para gravidade em 4
dimen-sões. Com os grávitons propagando-se nas dimensões adiionais, os ampos do modelo
padrão devem ser loalizadosemuma variedade quadridimensional. Estes fatoszeram
surgir a possibilidade de detetar em aeleradores de partíulas, no aso de duas
di-mensões extras, modiações na lei de gravidade Newtoniana em nível milimétrio. As
idéias aima foram posteriormente estendidas ao oneito de membranas originário de
teorias de ordas a partir do trabalho [10℄ de Antoniadis,Arkani - Hamed, Dimopoulos
e Dvali em (1998), e ganharam assim mais abrangênia. O setor gravitaional onsiste
sões podemteoriamente ser testadas pelaperda de energia levada pelos grávitons para
fora da membrana. Apesar de até 2003 [11℄ não terem sido detetadas disrepânias a
nível milimétrioou sub-milimétrio na teoria Newtoniada de gravidade, o trabalho de
Arkani-Hamed, Dimopoulos eDvali fez surgir,pelomenos teoriamente, a possibilidade
de experimentarevidêniasde dimensõesextrasemníveisde energiaedistânia
alançá-veis atualmente. Infelizmente, apesar do formalismoADD soluionar a hierarquiaentre
asesaladePlankeeletrofraa,introduzumanovahierarquiaentreasesalaseletrofraa
e de ompatiação.
Uma solução mais ompleta para oproblema de hierarquia foi apresentada por Lisa
Randall e Raman Sundrum em 1999 (RS-I) [12℄, e podemos itar omo aspetos mais
importantes domodelo:
1. existênia de apenas uma dimensão extra não mirosópia ompatiada, uma
variedade de simetria
Z2
, na qual pontos opostos da quinta dimensão são identi-ados;2. duas membranasloalizadasempontos diametralmenteopostos dessa variedade;
3. a geometria do volume multidimensionalnão é mais onsiderada plana. Ao invés
disso adota-seuma geometria de ino dimensõesanti-de Sitter;
4. umahierarquiaexponenial,gerada pelamétria,determinaaesala fraaapartir
daesala de Plank.
A métriautilizadanão é fatorizávele aparte quadridimensionalémultipliadapor um
fator de warp, que é função da dimensão adiional,
ds
2
=
e
−2
kr
c
φ
η
µν
dx
µ
dx
ν
+
r
2
c
dφ
2
, ondex
µ
M
P L
2
=
M
3
k
[1
−
e
−2
kr
c
π
]
,
(1)
onde
M
éaesala fundamentalem5
D
. OvalordeM
P L
,nolimitequandokr
c
égrande, depende muito pouo der
c
. Dessa forma, a exponenial tem muito pouo efeito na determinação da esala de Plank e teremosM
P L
∼
M
∼
k
. Ao invés da supressão ser regulada pelo tamanho da dimensão extra omo no formalismo ADD, neste enário, asupressão é dada pela urvatura do espaço fora da membrana que atua omo um meio
refrativo para o ampogravitaional. Outro ponto importanteé que a partir daanálise
dateoria efetiva para o ampo de Higgs om a métrianão fatorizávelhega-se a esala
T ev
omkr
c
≈
10
e sem grandes hierarquias entre outros parâmetros fundamentais. A onguração de duas membranas do enário de Randall Sundrum (RS-II) foial-terada em [13℄ introduzindo-se a idéia de uma dimensão extra de tamanho innito. A
gravidade quadridimensional Newtoniana bem omo da relatividade geral puderam ser
reproduzidas nesse ontexto. Para entender melhor o enário RS-II (Randall Sundrum
II), podemos relembrar o enário ADD, onde a preaução para evitar onitos om a
observação emenáriodedimensão extrafoionnar todos osamposdomodelopadrão
auma membranasubespaçode um espaçoomino dimensões. Esta idéiaé
inompatí-velom agravidade, que sendoonstituinte daprópriaestrutura doespaço-tempo,deve
propagar-se emtodas as dimensões [13℄. De fato,se não queremos irde enontro a
vali-dadeexperimentaldaleideNewton edarelatividadegeral, devemos onsiderarsomente
dimensõesadiionaisompatas emilimétrias. Noentanto,nomodelo RS-II[13℄, o uso
de uma métria não fatorizável foi o ponto have para resolver essa inompatibilidade.
O oneito de duas membranas, uma oulta e outravisível, onde afunção de onda para
omodozerodográvitonémais fortenamembranaoulta [12℄,éinvertido quandosefaz
importanteé que mesmo no limite
r
c
→ ∞
o valor da esala de Plank é bem denido, o quemantém a utilidadedateoria nasolução doproblema de hierarquia.A prinipal onstatação do modelo RS-II vem da forma do potenial gravitaional
não-relativístioentre duas partíulas de massas
m1
em2
na membranaV
(
r
) =
G
m
1
m
2
r
1 +
1
kr
,
(2)onde observamos laramente que om
k
da ordem da esala de Plank, a orreção1
kr
éextremamente suprimida, dando lugar ao potenial Newtoniano usual. Dessa forma é
possível onsiderar a dimensão extra de tamanho innito, sendo que a sua presença é
oultada pela supressão exponenial de toda troa de informação gravitaional entre a
membranae o espaçofora dela.
Como denido no modelo de Randall Sundrum todos os ampos do modelo padrão
devem aronnados à membrana. Então, é naturalsurgir oseguintequestionamento:
poderão os ampos dos mais variados ranks ser efetivamente loalizados na membrana
desrita nesse modelo? Tomando-se essa pergunta omo motivação, vários trabalhos,
prouraramtestar o omportamento dos mais variados ampos noenário RS.
Resumi-damente, podemositarotrabalho[14℄,mostrandoaloalizaçãode umampoesalarna
membranavisíveleosartigos[15℄,sobre loalizaçãode amposferminiosnãomassivos
om aajudade um aoplamentoYukawa. Apesar do modelode RandallSundrum
apre-sentar uma solução para problema de hierarquia, não suporta loalizaçãona membrana
de modos zeros para oampode gauge[16℄.
Diante dessas diuldades, outros modelos, omo aqueles que apresentam enários
de membranasmodeladaspor defeitostopológios,foramapresentados omo alternativa
para o problema da não loalizaçãodo ampo de gauge. Em taismodelos o número de
dimensões extras determina o tipo de defeito mais adequado para moldar a estrutura.
Por exemplo, se onsideramosapenas uma dimensão extra podemos modelar ouniverso
de dominio[17, 18, 19℄. Estasmembranasnão são innitamentenas sob pontode vista
de dimensão extra, o que resulta em um enário livre de singularidades. Neste aso, a
ondição de ajuste no é resultado daprópria teoria de membranainduzida. O fatorde
warp é uma função suave e determinado pela forma dopotenialesalar. Denominadas
espessas, estas membranas mimetizam um enário de Randall Sundrum e podem sob
erto limite voltar a ser innitamentenas.
Membrana geradasporkinksnão suportamnaturalmenteloalizaçãode modos zeros
para osamposvetoriaise tensoriaisde gauge. Oampotensorialao qualnos referimos
é o ampo de Kalb-Ramond (KR). Uma alternativa para ontornar esse problema é
introduzir um ampo do "bulk". Como mostrado em [19℄ num ontexto de membrana
modelada por kink, o aoplamento om o dílaton possibilita a loalização de modos
zeros para o ampo de gauge. Este tipo de aoplamentotambém foi usado emdiversos
modelosomomeanismode loalizaçãodoampodegauge[20,21℄, inlusiveemparedes
dedomínio. AloalizaçãodemodoszerosparaoampodeKR[22℄tambémfoialançada
pelo mesmomeanismo num enáriode membrana geradapor kink.
Como podemos notar, um importanteproblema no estudo de modelos de dimensões
extrasatualmenteonsisteemdeterminar,entreosdiversosenáriosdemembrana,
aque-lesapazes de loalizarosamposdomodelo padrão. Nonosso, aso dediamosatenção
aoestudode amposde vários ranks emum tipobastantepeuliarde membranagerada
por um ampo esalar real. Como veremos, a partir de um proedimento de
deforma-ção de um potenial
φ
4
, obteremos uma lasse de soluções lassiadas omo two-kink
[23℄. Como mostrado em[24℄, este tipo de modelo de membrana suporta loalizaçãode
modos zeros obtidos de utuações no setor transversal de traço nulo (TT) da métria.
Estes defeitos fazem surgir uma estrutura interna na membrana, tendo impliações na
in-matéria ondensada. Podemos itar omo exemplo um aso de aoplamento de ampo
esalaromplexoomgravidadeonde umatransição defasegera um"splitting"na
mem-brana espessa [25℄. Em matéria ondensada este fenmeno é onheido omo omplete
wetting.
Podemosdenir nossoobjetivoomosendo analisaroomportamentodos modos
ze-ros e massivos para ampos esalares, ferminios, de gauge, e de Kalb-Ramond nessas
estruturas de membranas deformadas. Como veremos, o parâmetro resultante do
pro-edimento de deformação terá impliações nos métodos de loalização, assim omo na
araterístia doaoplamento dos modos de Kaluza-Klein om a membrana. O método
utilizadopara armar que os modos zero (massa zero) dos ampos são loalizados,
on-siste emanalisar, na ação efetiva, o resultado das soluções das equações de movimento.
Para soluções normalizáveis (ação efetiva nita) dizemos que os modos são loalizados.
Transportandonossoproblemaparaum enáriodemeâniaquântia, obteremos
impor-tantes interpretações a respeito dos modos KK que nos auxiliaramna busa de estados
ressonantes. Como desrito em [17℄, no estudo de loalizaçãode gravidade em peredes
de domínio,a existênia dessas estruturas pode nos forneer um espetro de modos KK
om aoplamentonão suprimidoom a matériada membrana.
Ateseéapresentadanaseguintesequênia; noapítulo1,desrevemos oaoplamento
deférmionseoampoesalaromgravidade;noapítulo2,mostramososdetalhesdeum
enáriodemembranagrossa;nopasso seguinte, apresentadonoapítulo3,apresentamos
a estrutura de membrana deformada; nos dois apítulosseguintes mostramos os
resulta-dos de loalizaçãodos amposesalareferminios. Noapítulo6,analisamososefeitos
da introdução do ampo esalar dílaton ao enário. Nos dois apítulos seguintes,
anali-samos osdetalhes daloalizaçãodos ampos vetorial e tensorialde gauge na membrana
omestruturainternaénovanaliteratura. Umasopartiulardenossosresultadossobre
ressonânias no espetro massivo do ampo de gauge foi publiado no trabalho [22℄, de
nossa autoria. O método numério utilizadona análise dos modos massivos e deteção
Interação gravitaional
Neste apítulo,apresentamos tópiosbásiosaodesenvolvimentodos modelos de mundo
om ino dimensões. Mostraremos omo deve ser feito o aoplamento de um ampo
esalar om agravidade, oque será importantenadesrição dos modelosde membrana.
Também mostramos omo oorre o aoplamento de férmions om gravidade, o que será
útilno estudoda loalizaçãodestes ampos.
Apartirdooneitomatemátiodeação,podemosonstruirtodasaleisfundamentais
da Físia Clássia. Podemos, então, a partir da análise da invariânia das equações de
movimento, denir quantidades onservadas. O oneito de ação pode ser estendido ao
estudo de FísiaQuântia a partirda introduçãodas integraisde aminhode Feynman.
Essa ferramentamatemátia nos revelauma linguagem para desrevera transição entre
Meânia Clássiae Quântia [26℄.
Para obtermos as leis de onservação da Relatividade Espeial, preisamos ter
in-variânia sobre transformações de Lorentz globais e translações. Se queremos inluir
gravidade ao nosso enário, devemos realizar a transição da Relatividade Espeial para
a Geral, assim o prinípio daequivalênia deve então ser onsiderado. De uma maneira
geral, este prinípionos dizque um referenialem queuma partíulaé submetida a um
Iniialmente, onsideremos uma partíula em um ampo gravitaional onstante. A
partir das leisde Newton temos
m
I
−
→
a
=
m
G
−
→
g .
(1.1)Qualquer força externa atuando na partíula é igual ao produto da sua aeleração pela
massa daprópriapartíula, denominadamassa inerial
m
I
. Uma forçagravitaional ex-ternaéproporionalaquantidadem
G
,quehamamosdemassagravitaionaldepartíula. As duas massas denidas aima são, om uma grande preisão, numeriamente iguais,embora pertençam à enários diferentes. Dessa forma, onsiderando
m
I
=
m
G
=
m
, podemosreesrever a equação (1.1) daseguinte formam
d
2
dt
2
[
−
→
r
(
t
)
−
−
→
g t
2
2
] = 0
.
(1.2)Podemosinterpretar queoampogravitaionalexternopodeser geradoa partirde uma
mudança de referenial
−
→
r
→ −
→
r
′
=
−
→
r
−
−
→
g t
2
2
.
(1.3)Assim,vistade umreferenialemquedalivre(
g
=
constante
),apartíulaestarialivrede gravidade. Chegamosa estaonlusão tomandoum ampo gravitaionalonstante, masgeralmente o ampo gravitaional varia emtodos os pontos dos espaço. No entanto, de
aordoomEinstein,oampogravitaionalétalqueemtodosospontosdoespaço-tempo
existe umsistemade oordenadas
ξ
a
noqualagravidade pareenãoexistir. Élaroque, de pontoa ponto,esse sistemade oordenadas varia. Dessa forma,dado um sistemadeIniialmente, na ausênia de gravidade tomemos a ação para um ampo esalar em 4D
sujeito a um potenial
V
(
φ
)
S
=
Z
d
4
x
1
2
∂
µ
φ∂
µ
φ
+
V
(
φ
)
.
(1.4)Oelementode volume é dado por
d
4
x
=
dx
1
dx
2
dx
3
dx
4
.
(1.5)Pelo prinípio da equivalênia, para inluir o ampo esalar num ampo gravitaional,
devemos reesrever asoordenadas
x
µ
, assim omo suas derivadas, omo um sistemade
oordenadas planas, omo se estivessem no referenial de queda livre que usamos para
exempliar noiníio. Devemos então tomar a seguintetransformação,
x
µ
→
ξ
a
,
(1.6)
onde
ξ
a
será o sistema de oordenadas planas, om
a
= 1
,
2
,
3
,
4
. O elemento de linha nesse sistema será dado pords
2
=
η
ab
dξ
a
dξ
b
,
(1.7)onde
η
ab
é a métriade Minkowski. A nova ação, inluindoagravidade, seráS
=
Z
d
4
ξ
1
2
η
ab
∂
a
φ∂
b
φ
−
V
(
φ
)
,
(1.8)om as derivadas em relaçãoàs oordenadas planas
∂
a
≡
∂
∂ξ
a
.
(1.9)Oelementode volume tambémdeve ser esritoem termosdas oordenadas planas
pontoa ponto noespaço. As oordenadas
ξ
a
devem ser desritas omo funçõesloaisde
um sistema de oordenadas não-inerial
x
µ
daseguinteforma
dξ
a
(
x
) =
∂ξ
a
∂x
µ
dx
µ
.
(1.11)
As matrizes de transformação do sistema de oordenadas planas para um sistema
arbi-trário são hamadas tetradas e dadaspor
e
a
µ
=
∂ξ
a
∂x
µ
.
(1.12)A tetradaarregaíndiesdosistemaplano
a
eurvoµ
. Tambémtemosatransformação inversadx
µ
=
∂x
µ
∂ξ
a
dξ
a
≡
e
µ
a
dξ
a
,
(1.13)de onde podemos esrever a seguinterelação
dξ
a
=
e
a
µ
dx
µ
=
e
a
µ
e
µ
b
dξ
b
.
(1.14)Logo
e
a
µ
e
µ
b
=
δ
b
a
, e
µ
a
e
a
ν
=
δ
µ
ν
.
(1.15)As derivadas devem ser esritasemtermos das tetradas omo
∂
∂ξ
a
=
∂x
µ
∂ξ
a
∂
∂x
µ
=
e
µ
a
∂
µ
.
(1.16)A lagrangeana da ação (1.8) poderá ser reesrita em termos do sistema de oordenadas
x
µ
omo
L
=
1
2
η
ab
e
µ
a
e
ν
b
∂
µ
φ∂
ν
φ
−
V
(
φ
)
,
(1.17) onde identiamosa métriainversade oordenadasarbitrárias
ds
2
=
η
ab
dξ
a
dξ
b
=
η
ab
e
a
µ
e
b
ν
dx
µ
dx
ν
=
g
µν
dx
µ
dx
ν
(1.19)onde
g
µν
=
η
ab
e
a
µ
e
b
ν
Para esrever a ação (1.8) no sistema de oordenadas
x
µ
, devemos relaionar o
ele-mentode volume
d
4
ξ
om
d
4
x
. Usando (1.11),obtemosa seguinterelação
d
4
ξ
=
dξ
1
dξ
2
dξ
3
dξ
4
= (det
e
a
µ
)
dx
1
dx
2
dx
3
dx
4
.
(1.20)Otermo
det
e
a
µ
éonheidoomoojaobianodatrasformação. Apliandoodeterminanteà métria
g
µν
, denida em(1.19), obtemoso jaobiano(det
e
a
µ
)
2
=
−
det
g
µν
.
(1.21)Dessa forma,oselementos de volume relaionam-sedaseguintemaneira
d
4
ξ
=
p
−
det
g
µν
d
4
x.
(1.22)Finalmente, poderemos reesrever a ação para o ampo esalar (1.8) num enário om
gravidade omo,
S
=
Z
d
4
x
p
−
det
g
µν
1
2
g
µν
∂
µ
φ∂
ν
φ
−
V
(
φ
)
.
(1.23)1.2 Espinor de Dira
Ogrupode Lorentzem representação espinorial
1
2
,
0
e
0
,
1
2
édesritopelos espinores
omplexos
ψ
L
eψ
R
respetivamente. Na ausênia de gravidade, oinvariantede Lorentz usado para termo inétioespinorialnaação é dado por,L
Dirac
=
1
2
Ψ
γ
µ
←
∂
→
onde
Ψ
é hamado espinorde DiraΨ
≡
ψ
R
ψ
L
.
(1.25)Oobjeto
Ψ
representa oadjunto deΨ
dadopelarelaçãoΨ = Ψ
†
γ
0
,
(1.26)onde
γ
0
=
0
1
1
0
γ
i
=
0
−
σ
i
σ
i
0
.
(1.27)Ostermos
σ
i
são as matrizesde Paulidadas por
σ
1
=
0
1
1
0
σ
2
=
0
−
i
i
0
σ
3
=
1
0
0
−
1
.
(1.28)Poderíamos montar uma ação invariante envolvendo ampos espinoriais da forma
∂
µ
Ψ
¯
∂
µ
Ψ
. No entanto,termos desse tiponão levama teoriasonsistentes tendo emvista queviolamarelaçãoentrespineestatístiaenãosãorenormalizáveisperturbativamente.ParainluirainteraçãogravitaionalaoespinordeDiradevemos,omozemosom
o ampo esalar, apliar o prinípio da equivalênia. A diferença em relação ao ampo
esalar é que o ampo de Dira transforma-se omo um espinor sob a transformação de
Lorentz
Ψ
→
e
(
2
i
ǫ
µν
σ
µν
)Ψ
,
(1.29)
onde
ǫ
µν
são os parâmetros da transformação e
σ
µν
representam os geradores da trans-formação de Lorentzno espinor. Emtermos das matrizesγ
µ
, temos
σ
µν
=
i
2
[
γ
µ
, γ
ν
]
.
(1.30)
De aordo om o prinípio da equivalênia, em ada ponto do espaço, o ampo
oordenadas favoreido deve mudar de ponto a ponto no espaço. De uma forma geral,
para generalizar a equação de Dira em um ampo gravitaional, devemos preservar a
invariânialoalsob as transformaçõesde Lorentz.
Denimosumanovaderivadademodoque,quandoatuandonoespinor,transforme-se
damesma formaque a derivada na ausênia de gravidade
D
a
≡
e
µ
a
(
∂
µ
+
iω
µ)
.
(1.31)Esrevendo
ω
µ
em termosdaonexão de spin,teremosaderivada ovarianteatuandono espinorde Dira naformaD
a
≡
e
µ
a
(
∂
µ
+
i
2
ω
cd
µ
σ
cd)
.
(1.32)A nova lagrangeanade Dirano ampo gravitaionalserá
L
Dirac
=
1
2
Ψ
γ
a
e
µ
a
(
∂
µ
+
i
2
ω
cd
Membrana gerada por kink
2.1 Introdução
A idéia de onsiderar uma estrutura adiional de ampo no bulk 5-dimensional foi
proposta por vários trabalhos [17, 18, 27℄ sendo que em todos os modelos o enário de
Randall-Sundrum pode ser reestabeleido em um limite apropriado. As estruturas de
membrana apresentadas nesses modelos não são innitamentenas em relaçãoà quinta
dimensão. Dessa forma, o que hamaremos estruturas de membranas grossas são
se-melhantes a paredes de domínio ferromagnétias, podendo se espalhar pela dimensão
extra.
Uma estrutura de parede de domínio é araterizadapelaexistênia de um
parâme-troque assumevalores diferentes emada domínioe quetransitagradualmenteentre os
domínios adjaentes. Dessa forma, o que podemos hamar de espessura da parede de
domínio é o tamanho da região onde esse parâmetro sofre a transição. Uma estrutura
análoga à parede de domínio pode ser onebida em teorias de ampos a partir de um
ampo esalar ujo potenial apresenta diferentes mínimos em diferentes domínios.
As-sim, o ampo esalar atravessa a parede de domínio, alternando-se entre os diferentes
Dessaforma,alémdaenergiapotenial,aenergiade gradientedoampoesalartambém
ontribui para o tensor momento-energia estabeleendo uma fonte de gravidade
depen-dentedoespaço-tempo,diferentedosasosdeparedededomínioemqueoampoesalar
é onstanteno espaço,permaneendo apenas emum dos mínimosdopotenial.
OespaçoantideSitter(AdS)podeseraraterizadoomoumavariedadeLorentziana
de simetria máxima om urvatura esalar negativa e onstante. Nos asos em que
o ampo esalar varia no espaço, a geometria gerada nas equações de Einstein pela
fonte não é exatamente de simetria
AdS
5
do espaço-tempo, omo aquela gerada por uma onguração de ampo esalar onstante. Como veremos, assim omo o ampoesalar, a própria urvatura esalar varia espaialmente em regiões próximas à parede
de domínio, tendendo a valores onstantes e negativos longe dela. A solução pode ser
interpretada omouma paredede domíniogrossaque alternaentre doisespaços
AdS5
,o que arateriza umaversão sem singularidades doenário RS.2.2 A membrana omo kink
Para desrever nosso enáriousaremos amétria
ds
2
=
e
2
A
(
y
)
η
µν
dx
µ
dx
ν
+
dy
2
,
(2.1)onde o fator de warp é gerado pela função
A
(
y
)
da dimensão extray
. O tensorη
µν
é a métria de Minkowski e os índiesµ
eν
variam de 0 a 3. Para gerar nossa estrutura de membrana, introduzimosuma ação om aoplamento entre gravidade 5-dimensionale um ampo esalar daseguinte forma
S
=
Z
d
4
xdy
√
−
G
(
−
1
4
R
−
1
2
(
∂φ
)
2
naqual, o ampo
φ
onstituia própria membrana eR
é a urvatura esalar. É possível obtermos, a partir do modelo desrito pela ação aima, soluções do tipo kink para oampo
φ
que dependemapenasda dimensão extra.As equações de movimento resultantes da ação (2.2) serão extraídas da equação de
Einstein
R
M N
−
1
2
G
M N
R
+
G
M NΛ =
8
πg
c
4
T
M N
,
(2.3)e daequação de Euler-Lagrange
∂
M
∂
L
∂
(
∂
M
φ
)
−
∂
∂φ
L
= 0
,
(2.4)onde índiesom letras maiúsulas
M
= 1
,
2
,
3
,
4
,
5
,
e aonstante osmológiaΛ = 0
. O tensor energia-momentoédado porT
M N
= 2
δ
L
mat
δG
M N
+
G
M N
L
mat,
(2.5)que omo havíamos dito terá ontribuições tantoda energiade gradienteomo da
ener-gia potenial do ampo esalar. Calulando o valor de
T
M N
a partir da ação (2.2) e substituindo naequação de Einstein, teremosas seguintes equações de movimentoR
M N
−
1
2
G
M N
R
= 2
∂
M
φ∂
N
φ
−
G
M N
1
2
∂
P
φ∂
P
φ
+
V
(
φ
)
,
(2.6)∂
P
[
√
−
GG
P N
∂
N
φ
] =
√
−
G
∂V
∂φ
.
(2.7)Dessa forma, preisamos onheer o tensor de Rii
R
M N
e a urvatura esalarR
. O tensor de Riié obtido pelaontração dotensor de urvatura daseguinte formaR
M N
=
R
M P N
P
,
(2.8)onde
R
P
M QN
=
∂
QΓ
P
M N
−
∂
N
Γ
P
M Q
+ Γ
R
M N
Γ
P
RQ
−
Γ
R
M Q
Γ
P
RN
.
(2.9)A urvaturaesalar é obtidado tensor de Riipela ontração
Γ
P
M N
=
1
2
G
P Q
(
∂
M
G
QN
+
∂
N
G
QM
−
∂
Q
G
M N)
.
(2.11)A partir da métria
G
M N
=
−
e
2
A
(
y
)
0
0
0
0
0
e
2
A
(
y
)
0
0
0
0
0
e
2
A
(
y
)
0
0
0
0
0
e
2
A
(
y
)
0
0
0
0
0
1
(2.12) onde√
−
G
=
q
−
(
−
e
8
A
(
y
)
) =
e
4
A
(
y
)
(2.13)
hegamos aos seguintes resultados
Γ
1
51
= Γ
2
52
= Γ
3
53
= Γ
4
54
=
A
′
(
y
)
, A
′
(
y
) =
dA
(
y
)
dy
,
(2.14)Γ
5
22
= Γ
5
33
= Γ
5
44
=
−
Γ
5
11
=
−
e
2
A
A
′
(
y
)
,
R
22
=
R
33
=
R
44
=
−
R
11
=
−
e
2
A
[4
A
′
(
y
)
2
+
A
′′
(
y
)]
(2.15)R55
=
−
4[
A
′
(
y
)
2
+
A
′′
(
y
)]
,
R
=
−
4[5
A
′
(
y
)
2
+ 2
A
′′
(
y
)]
.
(2.16)Com o ampo esalar dependendo apenas de
y
, substituimos as relações (2.15) e (2.16) naequação de movimento(2.6) eobtemos, paraM
=
N
= 5
6
A
′2
=
φ
′2
−
2
V
(
φ
)
,
(2.17)
e para
M
=
N
= 1
,
2
,
3
,
4
-
3
-
2
-
1
1
2
3
Φ
0.5
1
1.5
2
V
HΦL
Figura2-1: Potenial
V
(
φ
) = (1
−
φ
2
)
2
.
Finalmente, para ompletar as equações de movimento, obtemos da equação de
Euler-Lagrange(2.4) om a métria
G
M N
4
A
′
φ
′
+
φ
′′
=
∂V
∂φ
.
(2.19)Neste ponto é importante notar que poderemos enontrar a forma do fator de warp
a partir da solução para o ampo esalar. Se queremos uma solução tipo parede de
domínio,afunção
φ
(
y
)
devetenderassintotiamenteparaosmínimosdopotenialquandoy
→ ±∞
. Noasosemgravidadeopotenial(1
−
φ
2
)
2
,mostradonagura(2-1),suporta
solução tipokink
φ
(
y
) = tanh(
y
)
,
(2.20)que traçamos nagura 2-2.
Somando as equações(2.17) e (2.18)teremos,
A
′′
=
−
2
3
φ
′2
,
-
4
-
2
2
4
y
-
1
-
0.5
0.5
1
tanh
H
y
L
Figura2-2: Função
φ
= tanh(
y
)
.e integrando duas vezes
A
(
y
)
esubstituindo a soluçãoφ
(
y
) = tanh(
y
)
, teremosA
′′
(
y
) =
−
2
3
sech
2
(
y
)
2
(2.22)A
′
(
y
) =
−
2
9
(2 +
sech
2
(
y
)) tanh(
y
)
A
(
y
) =
−
4
9
ln[cosh(
y
)]
−
1
9
tanh
2
(
y
)
Podemos notar que a função
A
(
y
)
ésuave e representa um fatorde warp loalizado,ou sejae
2
A
(
y
)
∝
e
−|
y
|
(
y
→ ∞
)
,
(2.23)tendo a forma do fator de warp do modelo Randall-Sundrum para regiões distantes da
membrana. Nagura(2-3)plotamosofatordewarpgeradopelafunção
A
(
y
)
juntamente om aquele do modelo RS.Éinteressantetambémompararoesalardeurvaturageradopelafunção
A
(
y
)
om odomodeloRS.Para istotraçamosR
=
−
4[5
A
′
(
y
)
2
+ 2
A
′′
(
y
)]
nagura(2-4),onde
A
(
y
)
é dado pelaequação (2.22).-
6
-
4
-
2
2
4
6
y
0.2
0.4
0.6
0.8
1
e
H2
AL
-
6
-
4
-
2
2
4
6
y
0.2
0.4
0.6
0.8
1
e
-
ÈyÈ
Figura2-3: Fator de warp para
A
(
y
)
(esquerda) e−|
y
|
(direita).próximas ao salto do ampo esalar tendendo assintotiamente quando
y
→ ±∞
a um valor onstante e negativo. Dessa formapodemos onluir que nas regiões distantes damembrana
(
y
→ ∞
)
, a geometria doespaço-tempo adquire a mesma estruturaAdS5
do modeloRandall-Sundrum. Aespessuradamembranaenurvaoespaço-tempofailitandoa loalizaçãode ampos. Comparando om o modelo RS om a função
A
(
y
) =
−
k
|
y
|
, a urvatura teriavaloronstanteem todobulk.Uma forma alternativa de obter soluções para as equações de movimento onsiste
no método de superpotenial [18, 28℄. Com esse método derivamos o potenial para o
ampoesalar a partir de uma função denominada superpotenial
W
(
φ
)
,denida omo∂W
∂φ
=
φ
′
. Para isso, esrevemos opotenial esalarem termosda função
W
omoV
(
φ
) =
1
2
∂W
(
φ
)
∂φ
2
−
1
3
W
(
φ
)
2
,
(2.24)
que omparandoom (2.17), obtemosas equações de primeira ordem
∂W
(
φ
)
∂φ
=
φ
′
,
(2.25)
W
(
φ
) =
−
3
A
′
.
(2.26)No aso doespaço-tempoplano, ondeopotenialéesritoemfunção dosuperpotenial
omo
V
(
φ
) =
1
2
∂W
(
φ
)
∂φ
2
-
4
-
2
2
4
y
-
4
-
2
2
4
R
Figura2-4: Curvatura esalarpara
A
(
y
)
.afunção
W
(
φ
) =
φ
−
φ
3
3
araterizao potenial1
/
2(1
−
φ
2
)
2
. Com estaesolhapara
W
, usando arelação (2.25)obtemos novamentea soluçãoφ
= tanh(
y
)
, ouseja1
2
∂W
(
φ
)
∂φ
2
=
1
2
(1
−
φ
2
)
2
,
(2.28)
∂W
∂φ
= 1
−
φ
2
=
φ
′
,
1
−
tanh
2
(
y
) =
sech
2
(
y
)
.
Comeste métodopodemosalternativamenteobterafunção
A
(
y
)
,queompõeofatorde warp, a partir daesolha paraW
(
φ
) =
φ
−
φ
3
3
substituída narelação (2.26)A
(
y
) =
−
1
3
Z
W
(
φ
)
dy
=
−
1
3
Z
(
φ
−
φ
3
3
)
dy
=
−
4
9
ln[cosh(
y
)]
−
1
9
tanh
2
(
y
)
.
(2.29)
Voltandoaoaso om gravidade,onde o potenial édado por(2.24) obtemos
V
(
φ
) =
1
2
(1
−
φ
2
)
2
−
1
3
(
φ
−
φ
3
3
)
2
,
(2.30)
que é traçado na gura 2-5. Ao invés de um potenialquádruplo usado no modelo sem
-
4
-
2
2
4
Φ
5
10
15
20
25
V
HΦL
Figura2-5: Potenial
V
(
φ
) =
1
2
(1
−
φ
2
)
2
−
1
3
(
φ
−
φ
3
3
)
2
.
potenial resultantepossui dois mínimosdegenerados em
φ
=
±
1
ondeassume o valorV
(
±
1) =
−
4
27
,
(2.31)om asolução
φ
= tanh(
y
)
interpolandoentre osdois mínimosde aordo omφ
(+
∞
) =
1
, φ
(
−∞
) =
−
1
. Devido aessa interpolaçãoφ
(
y
)
éuma função ímpardey
,oque oma formadasequaçõesdemovimentolevamàfunçãoparA
(
y
)
. Tambémédevidoàestrutura de kink que a funçãoA
(
y
)
determina um fator de warp de simetriaZ2
neessária para o enáriode membrana. Podemos dizer que essa simetriaé gerada dinamiamente, umavantagem em relação ao enário RS onde a simetria é imposta. Alémdisso, a formado
A estrutura de membrana deformada
3.1 Motivação
Atualmente existe grande interesse em estudar ampos esalares aoplados om
gravi-dade. Onúmerodedimensõesextrasqueseusa paradesreveromundoomomembrana
dene o tipode defeito quese deve abordar. Se onsideramos uma membrana
quadridi-mensional om apenas uma dimensão extra devemos montar nosso modelo baseado em
kinks. Normalmentedesrevemos esses defeitosapartirde amposesalaresemmodelos
do tipo
λφ
4
ou sine-Gordon. No nosso aso, obteremos uma lasse espeial de defeitos
a partir de uma deformação do potenial
λφ
4
[29℄. Mais espeiamente, introduzimos
um potenial para o ampo esalar dependente de números inteiros ímpares [23℄. Este
proedimentoé muitointeressantesendo quealém de fazersurgir uma estrutura interna
namembranatemimpliaçõesnadistribuiçãode densidadedeenergiaematériaaolongo
da dimensão extra [24℄. Algumas araterístiasdesses defeitos também foram
onside-radas noestudo de transiçõesde fasenageometria "warped"[25℄. Como mostraremos,o
bakground resultanteapresenta um "splitting"naurvatura doespaço.
Dessa formapoderemos analisara loalizaçãode amposde ranks variadosde forma
Como veremos mais adiante esta esolha também nos previne do apareimento de
singularidadesno espaço-tempo omoem enáriostipo Randall-Sundrum.
3.2 O proedimento de deformação
Iniialmente, tomamos novamente a ação de onde obtivemos a estrutura de membrana
grossaequeonsistedoaoplamentoentre umampoesalarrealeagravidadeemino
dimensões
S
=
Z
d
4
xdy
√
−
G
(
−
1
4
R
−
1
2
(
∂φ
)
2
−
V
(
φ
))
.
(3.1)Com a métria
ds
2
=
e
2
A
(
y
)
η
µν
dx
µ
dx
ν
+
dy
2
,
(3.2)enontramos asequações de movimento
6
A
′2
=
φ
′2
−
2
V
(
φ
)
,
(3.3)−
3
A
′′
−
6
A
′2
= 2
V
(
φ
) +
φ
′2
.
(3.4)Usaremos novamenteo métodosuperpotenial [18, 28℄onde o potenialé esrito omo,
V
(
φ
) =
1
2
∂W
(
φ
)
∂φ
2
−
1
3
W
(
φ
)
2
,
(3.5)de onde obtemos asequações de primeiraordem
∂W
(
φ
)
∂φ
=
φ
′
,
(3.6)
W
(
φ
) =
−
3
A
′
.
(3.7)Emum enáriode espaço-tempoplano e om a esolhadafunção superpotenial
f
W
(
φ
) =
φ
−
φ
3
-
4
-
2
2
4
Φ
0.5
1
1.5
2
V
P
HΦL
Figura 3-1:
V
p
(
φ
)
parap
= 1
(linha sólida),p
= 3
(linha pontilhada) ep
= 5
(linha traejada).obtemoso potenialo
1
/
2(1
−
φ
2
)
2
que determina a solução
φ
= tanh(
y
)
.Neste ponto usaremos o proedimento de deformação enontrado em [29, 23, 24℄
baseado nafunção
f
(
φ
) =
φ
1
p
,bemdenidapara qualquer
φ
,omp
inteiroímpar. Dessa forma,enontraremos uma nova funçãof
W
p
(
φ
)
a partir darelaçãod
W
f
p
dφ
=
d
W
f
dφ
[
φ
→
f
(
φ
)]
df
dφ
,
(3.9)de onde obtemos
d
f
W
p
dφ
=
p
φ
p
−
p
1
−
φ
p
+1
p
.
(3.10)Integrando emrelação a
φ
hegamosà funçãoW
f
p(
φ
) =
pW
p
(
φ
)
ondeW
p(
φ
) =
p
2
p
−
1
φ
2
p
−
1
p
−
p
2
p
+ 1
φ
2
p
+1
p
.
(3.11)
-
20
-
10
10
20
y
-
1
-
0.5
0.5
1
Φ
p
H
y
L
Figura 3-2:
φ
p(
y
) = tanh
p
(
y
p
)
parap
= 1
(linha pontilhada),p
= 3
(linha traejada) ep
= 5
(linha sólida).potenial resultante
V
p
araterizam um novo enário de membrana mais rio do que aquele gerado por uma soluçãotipo kink padrão. Oapareimentoda transição entre osmínimosdo potenialterá reexos na geometria daregião.
A solução para o ampo esalar é obtida da equação
∂W
p
(
φ
)
∂φ
=
φ
′
onde usaremos a
solução deformada
W
p
(
φ
)
,logo∂W
p
(
φ
)
∂φ
=
φ
p
−
1
p
−
φ
p
+1
p
=
φ
′
(
y
)
,
(3.12)
eo resultado será
φ
p(
y
) = tanh
p
(
y
p
)
.
(3.13)Como observamos na solução, que é traçada na gura (3-2) para
p
= 1
,
3
,
5
.
, a mesma tende paraφ
=
±
1
quandoy
→ ∞
, que orresponde aos dois mínimos do potenial. Veriamostambémuma regiãode derivada nulaemφ
= 0
ujaespessura aumentaom-30
-20
-10
10
20
30
y
0.2
0.4
0.6
0.8
1
e
2
A
P
Figura 3-3:
e
2
A
p
(
y
)
para
p
= 1
(linha pontilhada),p
= 3
(linha traejada)ep
= 5
(linha sólida).A partir daequação de primeiraordem
W
p
=
−
3
A
′
p
(
y
)
, enontra-se analitiamentea solução paraA
p(
y
)
[24℄,A
p
(
y
) =
−
1
3
p
2
p
+ 1
tanh
2
p
y
p
−
2
3
p
2
2
p
−
1
−
p
2
2
p
+ 1
(3.14)ln
cosh
y
p
−
p
−1
X
n
=1
1
2
n
tanh
2
n
y
p
.
Afunção
A
p
(
y
)
ompõeofatordewarpdamétriae
2
A
p
(
y
)
,quemostramosnagura(3-3).
Dessaforma,afunção
A
p(
y
)
ontinua representando umageometria loalizadaemtorno dey
= 0
. Apesar do apareimento de uma região onde permanee onstante, a funçãoe
2
A
p
(
y
)
ésuave,oquenos previnede singularidades,assumindoomesmoomportamento
dofator de warp domodelo Randall-Sundrum pararegiões distantes damembrana.
A partir da solução para
A
p(
y
)
podemos determinar a urvatura esalar para bak-ground-
4
-
2
2
4
y
-
4
-
2
2
4
RHyL
-
20
-
10
10
20
y
-
0.2
-
0.1
0.1
0.2
0.3
Rp
HyL
Figura 3-4: Curvatura esalar
R
p(
y
)
lado esquerdo parap
= 1
e lado direito parap
= 3
(linha pontilhada)ep
= 5
(linha sólida).Podemospereberumaaraterístiaimportantedaestruturadeformadaemomparação
aos modelos de membranas grossas geradas por kink. Observando a gura (3-4), para