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A nacionalidade nos sistemas dos países de língua oficial portuguesa

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE DIREITO

DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO

VIVIANA CRISTINA DOS SANTOS DA LUZ

A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA

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VIVIANA CRISTINA DOS SANTOS DA LUZ

A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade Federal do Ceará como requesito Parcial para obtenção do título de Bacharel em

Direito. Áreas de concentração: Direito Constitucional e Internacional Público.

Orientador: Prof. Msc. William Paiva Marques Júnior.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará Biblioteca Setorial da Faculdade de Direito

L979n Luz, Viviana Cristina dos Santos da.

A nacionalidade nos sistemas constitucionais dos países de língua oficial portuguesa / Viviana Cristina dos Santos da Luz. – 2014.

73 f. : enc. ; 30 cm.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Direito, Curso de Direito, Fortaleza, 2014.

Área de Concentração: Direito Constitucional e Internacional Público. Orientação: Prof. Me. William Paiva Marques Júnior.

1. Nacionalidade. 2. Direito constitucional. 3. Países de língua portuguesa. 4. Direito internacional público. 5. Naturalização. I. Marques Júnior, William Paiva (orient.). II. Universidade Federal do Ceará – Graduação em Direito. III. Título.

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VIVIANA CRISTINA DOS SANTOS DA LUZ

A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade Federal do Ceará como requesito Parcial para obtenção do título de Bacharel em

Direito. Áreas de concentração: Direito Constitucional e Internacional Público.

Aprovada em __/__/____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Porf. Msc. William Paiva Marques Júnior (Orientador)

Universidade Federal do Ceará

__________________________________________________ Profª. Drª Theresa Rachel Couto Correia

Universidade Federal do Ceará

______________________________________________________ Porfª. Msc. Janaína Soares Noleto Castelo Branco

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AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro lugar, por tudo o que tem vindo acontecer na minha vida, suas bênçãos e todas as oportunidades e as pessoas que me cercam.

Aos meus pais que sempre apoiaram-me, a educação que me deram, todo o amor, carinho, e sei que apesar da distância estão sempre me abençoando e da qual deixam muita falta nesse momento da minha vida.

A minha filha, minha Princesinha que amo por demais, que é a única da família presente em todos esses momentos no Brasil, longe do meu país e da minha família querida, aos meus irmãos, Ivanilda, Camila e Stiven, por tudo o que tenham feito por mim.

A todas as minhas grandes amigas, Zaú, Lígia Miriam, Samira, Romina, Lucy, Mircia, cujas companhias me fazem muita falta e a minha comadre Aida, por tudo o que tem feito por mim e minha filha, por torna-se uma pessoa de grande importância nas nossas vidas, por todo o carinho, todos os momentos passados juntos.

À Universidade Federal do Ceará, a CAI (Coordenadoria de Assuntos Estudantis), que me proporcionaram uma boa formação, e aos seus professores, especialmente aos Professores, Theresa Rachel, Janaína, Mazé, Tarin e Yuri, e aos servidores dessa faculdade.

Ao meu Orientador, Prof, Me. William Paiva Marques Júnior, por toda atenção durante esse trabalho, por todo o carinho, por toda a paciência e pela sua grande dedicação à Faculdade.

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RESUMO

Procurou-se, na confecção deste trabalho, demonstrar de forma concisa, dada o ínfimo tempo disponível, a evolução normativa nessa área, bem como os aspectos universais, oriundos do direito internacional e constitucional, demonstrando a nacionalidade nos sistemas constitucionais dos países de Língua Oficial Portuguesa, como Angola, Brasil, Cabo Verde,

Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Desde a

conceituação geral, à pátria, à perda e à aquisição, a condição de apátrida e polipátrida, buscou-se apresentar um panorama geral e peculiar do tema em foco. Neste ínterim de estudo, resume-se que a legislação pátria vigente, é uma das mais liberais e inovadoras já postas em prática. Inovadora por tratar o nacional de outro país como igual, desde que haja reciprocidade, e mesmo esta não existindo, servindo de exemplo para outros Estados o tratamento respeitoso.

Palavras-chave: A Nacionalidade. Os sistemas constitucionais dos países de Língua Oficial

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ABSTRACT

Were made, in making this work, demonstrate concisely, given the smallest available time, the normative developments in this area, as well as universal aspects arising in the

international and constitutional law, demonstrating the national constitutional systems of the countries of Official Language Portuguese, like Angola, Brazil, Cape Verde, Guinea-Bissau, Mozambique, Portugal, Sao Tome and Principe and East Timor. Since the general concept, the homeland, the loss and acquisition, statelessness and polipátrida, we attempted to present a general overview and quirky theme in focus. Meanwhile the study, we summarized the current legislation homeland, is one of the most liberal and innovative implemented already. Innovative to treat a national of another country as equal, provided there is reciprocity, and even this does not exist, setting an example for other states to respectful treatment.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa UE- União Europeia

CRM- Constituição da República de Moçambique CRP- Constituição da República Portuguesa S.Tomé e Príncipe- São Tomé e Príncipe

UNTAET – United Nations Transitional Administration in East Timor/ Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...8

2. A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA...10

2.1 Evolução histórica...10

2.2 Delimitação conceitual da nacionalidade...11

2.3 Aquisição da nacionalidade... 12

2.3.1 A nacionalidade originária...14

2.3.2 A nacionalidade derivada ...16

2.3.3 A naturalização e a nova lei portuguesa...18

2.4 A perda da Nacionalidade ...20

2.5 A reaquisição da nacionalidade ...22

3. O PROCESSO DE NATURALIZAÇÃO NO BRASIL...24

3.1 Conceitos ... .24

3.2 O brasileiro nato e o naturalizado ...25

3.2.1Brasileiro nato...25

3.2.2 Brasileiro naturalizado ...27

3.3 A naturalização comum ordinária ...29

3.4 A naturalização extraordinária...30

3.5 A naturalização especial...31

3.6 A naturalização provisória...31

3.7 Naturalização definitiva ou simples...32

(10)

4. NATURALIZAÇÃO E O DIREITO INTERNACIONAL...34

4.1 Plurinacionalidade ou polipatridia ...35

4.1.1 Dupla nacionalidade no Brasil ...36

4.2 A nacionalidade ou apátrida ...37

5. A NACIONALIDADE DOS OUTROS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA (ANGOLA, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, MOÇAMBIQUE, PORTUGAL, SÃO TOMÉ EPRÍNCIPE E TIMOR-LESTE)...41

5.1 A nacionalidade no sistema constitucional angolana ...41

5.2 A nacionalidade no sistema constitucional de Cabo Verde ...46

5.3 A nacionalidade no sistema constitucional da Guiné- Bissau ...48

5.4 A nacionalidade no sistema constitucional de Moçambique ...49

5.6 A nacionalidade no sistema constitucional de Portugal ...53

5.7 A nacionalidade no sistema constitucional de São Tomé e Príncipe ...58

5.8 A nacionalidade no sistema constitucional de Timor-Leste ...61

5.8.1 A definição constitucional da cidadania originária ...62

5.8.2 A Lei nº 9/2002, de 5 de Novembro ( Lei da nacionalidade Timorense) ... 63

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...69

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8

1. INTRODUÇÃO

Em função das diferenças existentes há séculos entre o nacional e o estrangeiro, que não desfrutavam dos mesmos direitos dos cidadãos, fez com que essa busca constante através das gerações, trouxe com o avançar do tempo e a era da globalização, novos ares para esse discutível e tão pouco explicado assunto.

São estas razões que fizeram com que este trabalho busca-se adentrar acerca de um assunto pertinente ao Direito Constitucional e Internacional Público merecedor de toda atenção.

A finalidade deste trabalho é buscar um entendimento maior acerca do tema, uma definição adequada para a nacionalidade e seus conceitos, definindo também a naturalização e suas espécies, expondo a visão de diversos autores e textos relacionados ao assunto.

Neste trabalho, o Direito de Nacionalidade será abordado em seus mais diversos aspectos, tratando inicialmente de sua conceituação jurídica e suas espécies compreendidas entre primária e secundária.

Serão comentados ainda os sistemas e as formas de aquisição de nacionalidade, apresentando, inclusive, variantes modos existentes de aquisição no Direito Constitucional, e a perda desta, que pode ser caracterizada através da naturalização. Finalizando o primeiro capítulo, falar-se-á a respeito da reaquisição da nacionalidade e como ela pode ser conquistada dentro do âmbito constitucional.

(12)

9 Em seu terceiro capítulo, serão destacados alguns tratados, que procuram reduzir os problemas e dificuldades da apátrida e polipatridia, ora trazendo a ordem geral, Estados excessivamente absorventes, ora pelo contrário. Trazendo assim, pequenas referências à Convenção de Haia, à Assembleia Geral das Nações Unidas, à Convenção Americana, celebrada em Sam José da Costa Rica, todas acentuando o direito à nacionalidade de acordo como ela ocorrer.

Ainda neste mesmo capítulo serão abordados os conflitos da apátrida ou a ausência da nacionalidade, e a polipatridia ou a dupla-nacionalidade, como forma de podermos observar suas características no Direito Constitucional Brasileiro e no Direito Internacional Público.

No quarto capítulo analisaremos a nacionalidade como também a sua aquisição nos

outros países de Língua Oficial Portuguesa como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,

(13)

10

2. A NACIONALIDADE NOS SISTEMAS CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA

A nacionalidade, sabe-se, deve ser o direito adquirido do cidadão a partir do momento de seu nascimento, seja como este tiver ocorrido, dentro do sistema jus solis ou

jus sanguinis , sendo um direito universal oferecido em todas as nações do mundo.

Procurou-se, na confecção deste trabalho, demonstrar de forma concisa, dada o ínfimo tempo disponível, a evolução normativa nessa área, bem como os aspectos universais, oriundos do direito internacional e constitucional, ora trazendo convenções e legislações pertinentes ao Brasil e os outros países de Língua Oficial Portuguesa, apresentando conceitos e pensamentos de grandes internacionalistas.

2.1 Evolução histórica

Nas primeiras civilizações a religião era importante fator de coesão social, como o estrangeiro em geral, possuía religião diferente, não lhes eram reconhecidos direito tal como ocorreu na Antiguidade Oriental e Clássica, sendo assim, eles não tinha direito a uma nacionalidade local.

Já no feudalismo, o estrangeiro deveria jurar lealdade ao senhor feudal, sob pena de ser reduzido a servo. Nessa época, os judeus, símbolos de estrangeiros, eram bastante discriminados.

E gradativamente, os estrangeiros passaram a adquirir alguns direitos, sobretudo em razão do estreitamento das relações comerciais entre os povos.

Mas com o Iluminismo e a Revolução Francesa, as ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, ligadas ao Racionalismo da época, contribuiriam para melhorar a situação jurídica do estrangeiro. Conforme esclarece a citação seguinte:

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11 nacionalidade consolidou-se em novas bases, deixando para trás as valorações pejorativas atribuídas aos estrangeiros. Nesse contexto, movidos pelo nacionalismo, muitos Estados promoveram a sua unificação, como França, a Itália e a Alemanha (...) (RUBEN; 1987 p 28).

Já no século XIX, os direitos privados são reconhecidos aos estrangeiros.

E por fim no século XX, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do cidadão serviu para assentar a ideia de respeito de um padrão mínimo de direitos aos estrangeiros, em razão de serem pessoas humanas.

2.2. Delimitação conceitual da nacionalidade

A palavra nacionalidade é derivada do vocabulário latino nátio, que significa nascer (GAMA, 2002, p. 104). Segundo Aurélio Buarque de Holanda, (1986, p. 1175), nacionalidade é:

condição ou qualidade de quem ou do que é nacional...País de nascimento...Condição própria de cidadão de um país, quer por naturalidade...quer por naturalização...O complexo dos caracteres que distinguem uma nação, como a mesma história, as mesmas tradições comuns, etc...

A definição de nacionalidade está vinculada ao conceito de povo, que consiste no aglomerado de indivíduos ou comunidades e a nação que provêm do acumulado de territórios e comunidades, ligados por valores culturais e morais ao território em que vivem, e a um Estado, embora este, não seja necessariamente obrigatório. Este conceito foi criado recentemente, nos sécs. XVIII e XIX, pela burguesia, com a finalidade de substituir a relação arcaica do povo, do território e do Estado.

Anteriormente a noção de “nação” e até mesmo ao termo “súdito” o conceito existente vinculado aos homens da comunidade e aos direitos e valores encontravam-se

(15)

12 Então cidadania é o direito de intervir no processo governamental, sobretudo pelo voto, diferindo da nacionalidade, que é um status individual cujo conteúdo só se esclarece por contraposição ao do estrangeiro.

E dentro da visão jurídica atual a cidadania vincula-se ao gozo dos direitos políticos e institucionais em um país - a nação que é a somatória do povo mais o território - exercidos pelos indivíduos que tenham nacionalidade vinculada ao determinado país, ou seja, o conceito moderno de cidadania está implícito no conceito de nacionalidade que tem como base o ideal de nação.

Segundo Pontes de Miranda, "nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado". (PONTES MIRANDA, 1935, p. 53.)

Porém Aluísio Dardeau de Carvalho nota a falta de juridicidade do termo nacionalidade, que partindo da ideia de nação, englobaria somente os indivíduos, que pertencessem a determinado grupo ligado pela raça, religião, hábitos e costumes. (GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA, 2000, p. 83)

E para José Francisco Rezek, “Nacionalidade é o vinculo político entre Estado soberano e o indivíduo, que faz deste um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal do Estado. Importante, portanto no direito das gentes, esse vínculo

político recebe, entretanto uma disciplina jurídica de direito interno (...)”.

Então o direito de nacionalidade, ou seja, a possibilidade do indivíduo estar inserido em um Estado significa a ligação, de caráter jurídico e político, que une a pessoa a este Estado determinado colocando-a, dentro da sua dimensão pessoal, lhe conferindo os direitos de proteção e impondo-lhe os deveres advindos desta ordem estatal.

2.3. Aquisição da nacionalidade

(16)

13 nacionalidade originária e nacionalidade derivada, também chamada de secundária ou, impropriamente, adquirida.

Para a atribuição da nacionalidade originária, aquela se alcança pelo nascimento, pode-se apontar dois sistemas legislativos: jus soli e jus sanguinis. Ressalte-se, contudo, que esses sistemas não são adotados de forma inflexível, admitindo-se temperamentos.

O sistema do jus soli, é outro grande princípio de atribuição da nacionalidade embasado nos ordenamentos jurídicos. Consiste na concessão da nacionalidade em função

do local do nascimento, é o direito do solo. ”Quem Nasce no território do Estado, desse Estado é nacional” (DEL’OLMO, 2002, p. 229). Logo, não importa a nacionalidade dos pais. Trata-se de sistema largamente usado durante a Idade Média, mais certamente no período feudal, época em que a terra,( o solo), era o centro de gravidade da economia, e da sociedade, senhores feudais e servos, da época.

Afirma GARCIA: Analisando o problema sem paixão, chega-se a uma conclusão lógica: o sistema jus soli é o mais justo, porque permite ao ser humano, desde que nasce, identificar-se com o meio ambiente em que nasceu, se criou, foi educado e vive com seus compatriotas ou concidadãos, trabalhando e perseguindo os mesmos ideais de engrandecimento da terra que o viu nascer. Ademais, livre da influência ideológica, política ou religiosa de seus antepassados, converte-se em verdadeiro cidadão, solidário com o destino de sua pátria, a terra em que nasceu, estudou, trabalhou e prosperou. ( GARCIA, 2002 p. 271.)

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14 nacionais. Destaca Del’Olmo:(...) que não se conhece caso atualmente de Estado que

esteja adotando o jus sanguinis de forma absoluta”. (DEL’OLMO, 2002, p.229.)

Acerca do jus soli, afirma Del’Olmo ainda que este surgiu, ou pelo menos se consagrou, no período feudal, no qual a ideia dominante era manter o indivíduo preso à terra.

(...) o sistema jus soli é mais justo, porque permite ao ser humano, desde que nasce, identificar-se com o meio ambiente em que nasceu, se criou, foi educado e vive com seus compatriotas ou cidadãos, trabalhando e perseguindo os mesmos ideais de engrandecimento da terra que viu nascer. Ademais, livre da influência ideológica, política ou religiosa de seus antepassados, converte-se em um verdadeiro cidadão, solidário com o destino de sua pátria, a terra em que nasceu, estudou e prosperou. (GARCIA apud DEL’ OLMO, 2002, p.230).

Pode-se depreender que a nacionalidade é o elo do indivíduo com a sua nação de origem, tendo em vista a sua identificação histórico-cultural. É por meio da nacionalidade que o indivíduo exerce seus direitos como cidadão, oriundos da Constituição de um determinado Estado.

2.3.1. A nacionalidade originária

No Brasil em relação às hipóteses de aquisição da nacionalidade originária previstas pelo Texto Constitucional o legislador constituinte adotou como regra o critério do "jus soli" e, no entretanto, previu hipóteses em que adotou o critério do "jus sanguinis" mitigado.

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15 O conceito da aquisição originária de nacionalidade segundo o critério jus soli, são elencados na Constituição de 1988 em seu artigo 12, da seguinte forma:

São brasileiros :I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil II - naturalizados: c) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; §1° - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa. § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – tiver cancelado sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos :a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civil;

Os titulares da nacionalidade originária também chamada, primária ou de origem, são os brasileiros natos. As formas de aquisição originária de nacionalidade são de competência do legislador constitucional, não se admitindo que lei infraconstitucional constitua novas hipóteses de sua ocorrência.

O critério de atribuição da nacionalidade pelo jus sanguinis reinou quase que absolutamente na maior parte da história.

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16 Manifestada a opção, não se pode recusar o reconhecimento da nacionalidade, por isso que se trata de nacionalidade potestativa. A aquisição da nacionalidade depende apenas da vontade do interessado, amparada por direito subjetivo público.

Interessante discussão gira em torno de se saber como deve ser tratado o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, que venha a residir no Brasil, enquanto não opte, o que pode fazer a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.

Com efeito, havendo prazo, a opção não é constitutiva da nacionalidade, porém atesta sua definitividade, a opção teria efeitos retroativos. Nesse caso, a nacionalidade ficaria suspensa, enquanto o optante não se definisse. Expirando o prazo, não incidiria mais a nacionalidade potestativa.

2.3.2 A nacionalidade derivada

A nacionalidade derivada é comumente chamada de naturalização. Sua concessão, em regra, é feita discricionariamente pelo Estado, segundo suas conveniências. Desse modo, ainda que preenchidos determinados requisitos, por não haver, em princípio, direito público subjetivo à naturalização, pode ao estrangeiro ser negada a aquisição da nacionalidade brasileira. No Brasil, a concessão da naturalização é de competência exclusiva do Poder Executivo, na esfera administrativa.

Quando a naturalização ocorre de forma voluntária, o naturalizado perde a nacionalidade anterior, constituindo-se manifestação do direito de renúncia, que, em algumas legislações, pode ser tácita. Para a concessão pelo Estado da naturalização, além da vontade daquele que busca outra nacionalidade, influem o jus domicilii e o jus laboris. (Lei nº 6.815/80 do Estatuto do Estrangeiro, art. 113, III e art. 114, II).

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17 Num aspecto mais global pode-se citar alguns países e suas características neste aspecto, da naturalização:

Encontramos o casamento como um modo de aquisição da nacionalidade para a mulher na Alemanha, Bélgica, Bulgária, Costa Rica, Finlândia, Grã-Bretanha, Grécia, Guatemala, Haiti, Espanha, Holanda, Hungria, Mônaco, Nicarágua, Portugal, Peru, Romênia, Suíça, Turquia e Venezuela.

Há, ainda, os Estados em que à nacionalidade pode, além dos modos acima mencionados, ser adquirida:

a) Por efeitos da naturalização do chefe de família, como na Inglaterra, Bélgica, Bulgária, Estados Unidos, China, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Holanda, Hungria, Itália, Japão e Noruega;

b) Por legitimação, como na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Finlândia, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Noruega, Romênia e Suíça;

c) Por adoção, como na China, Japão e Polônia;

d) Pelo jus laboris ou atividade profissional, acompanhada de residência durante um certo tempo, como no Haiti, Panamá, Rússia e Uruguai;

e) Por aceitação de emprego público ou pensão do Governo, como na Alemanha, Guatemala, Haiti, Itália, El Salvador e Sri Lanka;

f) Por prestação de serviço militar, como na Alemanha, Argentina e Itália;

g) Por prestação de serviços relevantes ao país em que o estrangeiro está domiciliado, como na Argentina, Egito e Uruguai;

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18 A legislação de Israel também é bastante curiosa, estabelecendo que a nacionalidade israelense pode ser adquirida:

- Pelo simples retorno do imigrante judeu a Israel;

- Pela residência do ex-súdito palestino em Israel, observadas certas condições;- Pela filiação: filhos de país ou mãe israelita;

- Por naturalização, uma vez preenchidas as condições da lei;

- Por efeito da aquisição da nacionalidade do pai, em relação aos filhos menores de 18 anos. Na Itália adquire-se a cidadania italiana pela filiação (filizione), jus sanguinis,

pelo nascimento em território italiano, jus solis, mediante o casamento, jus conubii (MARKY, 1995, p. 34), por meio de concessão, ato específico do Estado (Decreto do

Presidente da República), jus publicum (MARKY,1995, p. 34).

2.3.3 A Naturalização e a nova lei Portuguesa

A nova lei da Nacionalidade de Portugal, aprovada dia 16 de Fevereiro de 2006 em votação final global vem reforçar o "jus solis" como critério de atribuição da nacionalidade. Em pequeno resumo, segue suas principais alterações e características.

1. Principal alteração: reforço do jus soli como critério de atribuição e aquisição da nacionalidade:

a) Atribui-se nacionalidade originária aos imigrantes de terceira geração (nascidos em Portugal, filhos de estrangeiros que também já nasceram em Portugal);

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19 c) Concede-se um direito à nacionalidade por naturalização aos menores imigrantes de segunda geração (crianças nascidas em Portugal) cujos pais se legalizem e estejam legais há 5 anos ou que concluam aqui o primeiro ciclo do ensino básico;

d) Admite-se a aquisição da nacionalidade por naturalização aos imigrantes de segunda geração (que aqui tenham nascido) quando atinjam a maioridade, tendo aqui permanecido nos últimos 10 anos (ainda que em situação irregular).

2. É uma lei justa e equilibrada, contra a exclusão social. Não é um procedimento alternativo para a legalização extraordinária de imigrantes.

A nova lei não confere a nacionalidade automaticamente a todos os que nasçam em Portugal, ainda que de pais ilegais – nenhum País europeu o faz. Seria um incentivo à imigração clandestina e uma irresponsabilidade na gestão de uma fronteira Global.

O sistema continua a privilegiar o jus sanguini (na aquisição originária por filiação não há, praticamente, outros requisitos, enquanto que para o jus soli há normalmente a regra da legalidade dos pais), mas há um reforço significativo do jus soli, retomando uma tradição legislativa abandonada em 1981.

3. Podem ser ressaltados outras alterações relevantes na legislação

a) limitação da discricionariedade nos processos de naturalização, admitindo, em certos casos, um direito subjetivo à nacionalidade por naturalização;

b) redução das exigências burocráticas (o conceito de residência legal, condição para certos casos de atribuição originária e de naturalização, passa a preencher-se com qualquer título válido e não só com a autorização de residência);

c) a competência para os processos de naturalização sai de uma autoridade policial, o SEF, e passa para o Ministério da Justiça;

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20 f) o contencioso da nacionalidade transita dos tribunais judiciais para os tribunais administrativos;

g) deixa de haver discriminação em razão do país de origem, como manda a Convenção Europeia da Nacionalidade (mas com as novas regras todos ganham, incluindo os imigrantes oriundos da CPLP);

h) os emigrantes em Portugal de segunda geração, netos de portugueses, têm acesso mais fácil à naturalização.

2.4 A Perda da nacionalidade

A perda da nacionalidade consiste no rompimento do vínculo jurídico- político existente entre o indivíduo e o Estado, uma situação de Apátrida, ou seja uma pessoa que não tem qualquer nacionalidade de um Estado e não adquiriu a de outro, é um conflito de nacionalidade.

Salienta-se que esta perda gera efeitos personalíssimos, não atingindo os ascendentes nem os descendentes da pessoa que perdeu a nacionalidade.

Ricardo Gama classifica a perda da nacionalidade em dois tipos:

(...) A voluntária é marcada pelo ato da pessoa em não mais querer manter a nacionalidade, enquanto a involuntária conta sempre com o decreto estatal determinando a perda. Motivadamente, como é mais comum ocorrer, o Estado extingue a sua ligação com a pessoa. Mas, é possível que a pessoa decida por não mais manter determinada nacionalidade, ensejando a ruptura do vínculo .(GAMA, 2002, p. 147-148).

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21 Ambos os casos remetem a situações específicas, encontrando ainda aquelas em que a nacionalidade perdida não é substituída por nenhuma outra.

Em suma, a nacionalidade pode ser perdida:

- por mudança de nacionalidade, como consequência do benefício da Lei; - pelo casamento;

- pela naturalização;

- por cessões ou anexações territoriais;

- por algum ato julgado incompatível com a qualidade de nacional ou considerado como falta, e, que por isso, acarrete perda da nacionalidade;

- pela presunção de renúncia, em consequência de residência, mais ou menos prolongada, em país estrangeiro, sem intenção de regresso.

Para o caso da perda-punição de nacionalidade é prevista no Brasil, uma Ação de Cancelamento de Naturalização proposta pelo Ministério Público Federal, e que uma vez perdida a nacionalidade mediante sentença transitada em julgado, somente será possível readquiri-la por meio de ação rescisória e nunca por novo processo de naturalização.

Exceções constitucionais nas alíneas a e b do inciso II do artigo 12, §4° da CF/88, respectivamente, resguardando aquele adquirente de outra nacionalidade por aquisição originária e protegendo o constrangimento de brasileiros que, por força de contratos, tinham que exercer atividade profissional em países que requeiram naturalização para trabalhar em seu território; ou quando norma de outro Estado impõe a naturalização do brasileiro nele residente, como condição de permanência em seu território ou do exercício de direitos civis.

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22

2.5 A Reaquisição da nacionalidade

No Brasil, reaquisição da nacionalidade é prevista na Lei de estrangeiros (Lei n.º 818/49) segundo o disposto no art. 36, tendo sua origem na Constituição de 1946.

"Art. 36. O brasileiro que, por qualquer das causas do art. 22, nº I e II desta lei, houver perdido a nacionalidade, poderá readquiri-la por decreto, se estiver domiciliado no Brasil." Art.22. I - que, por naturalização voluntária, adquirir outra nacionalidade; II -

que, sem licença do Presidente da República, aceitar, de governo estrangeiro, comissão, emprego ou pensão;§ 1º O pedido de reaquisição, dirigido a Presidente da República, será processado no Ministério da Justiça e Negócios Interiores, ao qual será encaminhado por intermédio dos respectivos Governadores, se o requerente residir nos Estados ou Territórios. § 2º A reaquisição, no caso do art. 22, nº I, não será concedida, se apurar que o brasileiro, ao eleger outra nacionalidade, o fez para se eximir de deveres a cujo cumprimento estaria obrigado, se conservasse brasileiro. § 3º No caso do art. 22, nº II, é necessário tenha renunciado à comissão, ao emprego ou pensão de Governo estrangeiro. Art. 37 - A verificação do disposto nos § 2º e 3º, do artigo anterior, quando necessária, será efetuada por intermédio do Ministério das Relações Exteriores.

A condição básica para tal preposto, é a residência e domicílio do ex-nacional no Brasil, isto é, respectivamente, o indivíduo deve deter o ânimo definitivo de residir no território nacional e o ânimo de permanecer num determinado local.

Aqueles que tiverem perdido a nacionalidade por motivos inexistentes na Constituição de 1988 poderão, desde logo, recuperá-la, vez que hoje não são considerados, pelo ordenamento jurídico-constitucional, como causadores da perda da nacionalidade brasileira.

A reaquisição da nacionalidade tem efeitos ex nunc, compreendendo o status anterior. Assim, se brasileiro nato era, volta a ser; se era naturalizado, readquire a nacionalidade brasileira como naturalizado.

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23 A hipótese em que é cancelada a nacionalidade do estrangeiro por sentença judicial nos termos do art. 22, III, da Lei nº 818/94: ”Art. 22. Perde a nacionalidade o

brasileiro que”: (...) III - que, por sentença judiciária, tiver cancelada a naturalização, por exercer atividade nociva ao interesse nacional”.

Sobre tal tema nos contempla Pontes de Miranda com uma bela explicação: Os efeitos da reintegração ou os da reaquisição, de ordinário, são os das

naturalizações comuns. A reintegração absoluta no tempo, ex tunc, aberraria dos princípios: seria conferência de efeitos retroativos e não só atribuição a partir do presente; porque, por definição, houve lapso de não-nacionalidade.

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24

3. O PROCESSO DE NATURALIZAÇÃO NO BRASIL

A naturalização é forma derivada de aquisição da nacionalidade. Sua concessão, em regra, é feita discricionariamente pelo Estado, segundo suas conveniências ou oportunidade . Desse modo, ainda que preenchidos determinados requisitos, por não haver, em princípio, direito público subjetivo à naturalização, pode ao estrangeiro ser negada a aquisição da nacionalidade brasileira.

3.1 Conceitos

No Brasil, a concessão da naturalização é de competência exclusiva do Poder

Executivo, da esfera administrativa.

“Assim a naturalização é um ato unilateral e discricionário do Estado no

exercício de sua soberania”. (DELINGER, 2001, p.175)

Em sede teórica, reconhecem-se no solo pátrio duas espécies de naturalização: tácita ou expressa.

Como exemplo de naturalização tácita, pode-se apontar aquela que ficou conhecida como "ampla naturalização". Trata-se de cláusula constitucional de 1891 (art. 69, §4º) reproduzida em várias constituições subsequentes, segundo a qual:

São cidadãos brasileiros os estrangeiros que, achando-se no Brasil aos 15 de novembro de 1889, não declarem, dentre em seis meses depois de entrar em vigor a Constituição, o animo de conservar a nacionalidade de origem.

Não houve após 1891, nenhum outro caso de naturalização tácita na ordem jurídica brasileira e ficou conhecida por alguns autores como um momento de confraternização generosa.

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25 “Art.22. Compete privativamente à União legislar sobre: XII – Nacionalidade, cidadania, e naturalização; (...)”

3.2 O brasileiro nato e o naturalizado

Os brasileiros se classificam em natos e naturalizados. Dentro da divisão dos brasileiros natos, encontra-se uma outra subdivisão que classificará os brasileiros natos de acordo com a paternidade e o lugar em que nasceram.

3.2.1 Brasileiro nato

Segundo explica CELSO RIBEIRO BASTOS, os brasileiros natos se classificam e se conceituam em relação ao jus solis e jus sanguinis:

a) jus sanguinis: Será brasileiro nato todo aquele que for filho de nacionais. Tal critério leva em conta a paternidade e, mais especificamente, a nacionalidade dos pais; b) jus soli: Será brasileiro nato todo aquele nascido no território brasileiro. Tal critério leva em consideração o lugar do nascimento.

De acordo com os critérios dados acima, podemos classificar ainda mais cada um dos tipos de brasileiros natos:

1) Os nascidos na República Federativa do Brasil:

Aplica-se aqui o critério jus soli, que se fundamenta no local em que a pessoa nasceu. Neste contexto, importante se faz a definição do que é o território brasileiro:

a) Primeiramente, as terras delimitadas pelas fronteiras geográficas, com rios, baías, lagos, golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial, que forma o território propriamente dito;

b) Os navios e as aeronaves de guerra brasileiras, onde quer que se encontrem, também são considerados territórios nacionais;

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26 d) As aeronaves civis brasileiras em voo sobre alto mar ou de passagem sobre águas territoriais ou espaços aéreos estrangeiros.

Todas as pessoas que nascer em um destes lugares acima citados para efeitos jurídicos serão consideradas brasileiras natos. A exceção, quanto ao lugar em que nasceu, cabe nos casos em que os pais sejam estrangeiros a serviço de seus países.

2) Os nascidos no exterior, de pai ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil:

Esta classificação esta embasada no critério jus sanguinis, levando-se em conta a nacionalidade dos pais.

Outrossim, o brasileiro nato em nenhuma hipótese pode ser extraditado, o que já não ocorre com o naturalizado, que poderá ser entregue à Justiça de outro país, competente para julgá-lo e puni-lo, em caso de crime comum, cometido antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas afins, na forma da lei.

A Constituição, no art.12, § 3º, reserva também alguns cargos aos brasileiros natos, em atenção à linha sucessória (art. 79 e 80) e à segurança nacional. Dessa forma, são privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, de Presidente da Câmara dos Deputados, de Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo Tribunal Federal, da carreira diplomática e de Ministro de Estado da Defesa. O art. 89, ao tratar do Conselho da República, órgão superior de consulta do Presidente da República, reserva seis vagas (art. 89, VII) para brasileiros natos. Como o Conselho da República é integrado, também, pelo Ministro da Justiça e pelos líderes da maioria e da minoria na Câmara ou no Senado, que podem ser brasileiros naturalizados, não lhes está vedada à participação no órgão referido.

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27 administração e orientação intelectual. Não se trata de impedir, de forma absoluta, aos naturalizado tais propriedades, mas de condicioná-la a prazo de dez anos de naturalização. Tendo em vista a notável influência na formação da opinião pública, andou bem o Constituinte nesse passo, pois não seria compatível com o interesse. (CF/ 88, art. 222).

3.2.2 Brasileiro naturalizado

A forma de atribuição de nacionalidade secundária é, basicamente, a naturalização, o único meio derivado de aquisição de nacionalidade pelo qual se permite ao estrangeiro que detém outra nacionalidade, ou ao apátrida, destituído de qualquer nacionalidade, assumir a do país em que se encontra mediante a satisfação de requisitos constitucionais e legais.

No que se refere à concessão da naturalização brasileira, que mais é do que a

aquisição da nacionalidade em que narra o art.7°da lei n° 818/49: “A concessão da

naturalização é faculdade exclusiva do presidente da República, em decreto referendado pelo ministro da Justiça e Negócios Interiores”.

No Brasil, sua concessão é faculdade do Poder Executivo, é ato unilateral em que à parte ao preencher os requisitos previstos em lei, devem manifestar expressamente à vontade de tornar-se nacional brasileiro; além do que esta se tornou ato discricionário do Estado, melhor ainda, do poder executivo, no exercício de sua soberania, podendo negar ou conceder a nacionalidade brasileira ao estrangeiro.

Conforme o disposto no art. 12, §2º da CF/88: “A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta

Constituição”.

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28 O brasileiro naturalizado ao contrário do brasileiro nato poderá ser extraditado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas ilícitas, na forma da lei (art. 5º, LI, CF/88), o que não poderá ocorrer com o brasileiro nato.¹

Nem sempre é tão simples o processo de Naturalização, considerando-se a existência de diversos tramites burocráticos a serem atendidos.

As regras para obter nacionalidade dentro da União Europeia (UE) variam de acordo com o país. Em alguns lugares, os imigrantes só podem ser naturalizados se comprovarem que têm emprego e renda suficiente para se manter. Mais recentemente, foram implementados "testes de conhecimento" sobre sociedade, história e cultura para os que se candidatam a receber a nacionalidade em alguns Estados da UE.

A situação é diferente nos três Estados bálticos, Estônia, Letônia e Lituânia. O teste para obtenção da naturalidade engloba não somente conhecimentos de história, mas também sobre a constituição do país.

Na Dinamarca, os candidatos precisam ter morado oito anos no país e comprovar conhecimentos da língua em um nível correspondente ao ensino fundamental completo e sobre a sociedade dinamarquesa.

Na França, é exigido o mínimo de cinco anos de residência no país e também aplicam testes de conhecimento. E Paris dá ainda um passo adiante com a seleção criteriosa de quem recebe a naturalização: somente trabalhadores altamente qualificados são desejados.

______________________

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29 Na Espanha ou Itália, quem quiser se tornar cidadão espanhol ou italiano precisa ter morado pelo menos dez anos no país. Enquanto a Itália não exige nenhum teste de conhecimento, a Espanha testa seus candidatos em uma entrevista.

Na Holanda, tornem-se mais complicado o processo de naturalização de estrangeiros. Os candidatos que não vêm de outros países da UE precisam fazer um teste na embaixada holandesa de seu próprio país antes mesmo da viagem. O teste aplicado pelas embaixadas holandesas é composto por questões sobre língua e sociedade. Para passar no exame, são necessárias 300 horas de aulas preparatórias, ficando a cargo do candidato a sua preparação.

Na Alemanha, para melhor integração, os candidatos à nacionalidade alemã devem comprovar conhecimento da língua e estar familiarizados com o sistema político e legal. Essas condições também valem na Áustria – onde o conjunto de leis para naturalização foi agravado recentemente. Os imigrantes precisam fazer um teste de geografia. É possível que mesmo alemães e austríacos não consigam responder a muitas das perguntas.

3.3 A naturalização comum ordinária

O Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80) também define os procedimentos que devem ser seguidos no caso de estrangeiros que residam no território brasileiros há mais de quatro anos ininterruptos, desde que o naturalizando requeira expressamente ao Ministro da Justiça sua vontade de tornar-se um nacional deste país.

De acordo com o art. 111 da Lei nº 6.815/80, pode-se observar as condições necessárias para a naturalização, segue abaixo:

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30 Quanto ao art. 112 da Lei nº 6.815/80, observa-se a redução do prazo de residência fixado no art. 111, inciso III da mesma, caso o naturalizando preencha quaisquer das seguintes condições:

(...) I- Ter filho ou cônjuge brasileiro; II- Ser filho de brasileiro; III- Haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Brasil, ajuízo do Ministro da Justiça; IV- Recomenda-se por sua capacidade profissional, científica ou artística; (...) Parágrafo único: A residência será, no mínimo, de um ano, nos casos dos itens I a III; de dois anos, no do item IV; e de três anos, no item V.

Observa-se portanto a existência de diversos requisitos a serem observados pelo requerente.

3.4 A naturalização extraordinária

Já a naturalização extraordinária atinge os estrangeiros de qualquer nacionalidade residente no Brasil, exigindo-se deles o domicílio no país por mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal. O prazo anterior, que era de 30 anos, foi alterado pela ECR nº 03/94, sendo justa tal medida, pois, 15 anos, é tempo suficiente para se fazer opção pela naturalização.

A previsão legal encontra-se no art.12, inciso II, alínea b da CF/88.

Tanto nesta espécie de naturalização quanto na naturalização ordinária, chama-se de brasileiro naturalizado aquele que adquire a nacionalidade brasileira.

Art. II - Naturalizados: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Nesse caso, que, com a exigência do prazo maior de residência no território nacional, as exigências são um pouco menores e, conforme relata GAMA: “(...) é assim que deve ser, pois há um período considerável no qual a pessoa assimilou a língua e os

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31

3.5 A naturalização especial

Esta naturalização está prevista nos dois últimos casos do art. 113, inciso I e II e art. 114 da Lei nº 6.815/80, o qual dispõe o seguinte:

Dispensar-se-á o requisito da residência, exigindo-se apenas a permanência no Brasil por trinta dias, quando se tratar: I. de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos com diplomata brasileiro em atividade; ou II. de estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática ou em Repartição Consular do Brasil, contar mais de dez anos ininterruptos.

Segue a apresentação do art.114 da mesma lei:

O estrangeiro que pretender a naturalização deverá requerê-la ao Ministro da justiça, declarando: nome por extenso, naturalidade nacionalidade, Filiação, sexo, estado civil, dia mês, ano de nascimento, profissão, lugares ande haja residido anteriormente no Brasil e no exterior, se satisfaz o requisito a que alude o art. 111, inciso VII e se deseja ou não traduzir ou adaptar o nome à língua portuguesa (...).

É necessário para que seja concedida a naturalização que não haja denúncia, pronúncia ou condenação de crime doloso no Brasil ou no exterior.

3.6 A naturalização provisória

″É deferida em favor do estrangeiro fixado de forma definitiva no território durante os primeiros cinco anos de vida″. (GAMA, 2002, p. 135)”.

Este tipo de naturalização possui previsão legal no art. 115 do Estatuto do Estrangeiro, o qual menciona:

O estrangeiro admitido no Brasil durante os cinco primeiros anos de vida, estabelecido definitivamente no território brasileiro, poderá, enquanto menor, requerer ao Mistério da Justiça, por intermédio de seu representante legal, a emissão de certificado provisório de naturalização, que valerá como prova de nacionalidade brasileira até dois anos depois de atingida a maioridade.

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32 definitiva; sem esse documento a pessoa não pode promover a naturalização no prazo limite de até dois anos depois de atingir a maioridade.

3.7. Naturalização definitiva ou simples

Essa modalidade se expressa como opção do menor em confirmar a naturalização provisória, tornando-a portanto, definitiva.

A previsão encontra-se no parágrafo único do artigo 115 da Lei nº 6.815∕80 que prevê:

A naturalização se tornará definitiva se o titular do certificado provisório, até dois anos após atingir a maioridade, confirmar expressamente a intenção de continuar brasileiro, em requerimento ao Ministro da Justiça.

Sendo assim se constata que, para ser concedida a naturalização definitiva, deve-se primeiramente ter adquirido a naturalização provisória, e esta confirmação da nacionalidade brasileira é um processo mais simples, já que a complexidade do procedimento para a obtenção do certificado provisório de naturalização, envolve uma série de exigências para sua aquisição.

3.8 Caducidade e invalidade

A caducidade ocorrerá a partir do momento que o naturalizado não solicita a entrega do certificado de naturalização no prazo limite que esta fixado no parágrafo único do artigo 118 da Lei n◦ 6.815∕80 que prevê:

A naturalização ficará sem efeito se o certificado não for solicitado pelo naturalizando, no prazo de doze meses, contados da publicação do ato, salvo motivo de força maior devidamente comprovado.

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34

4. A NATURALIZAÇÃO E O DIREITO INTERNACIONAL

Destaca-se, de início, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que

dispõe, em seu art.15, que “Todo o homem tem direito a uma nacionalidade”. E em seu art.

2º, serem os direitos por ela enunciados comuns a todas as pessoas, sem distinção quanto à origem nacional.

O Código Bustamante, no art. 1º, prescreve que:

(...) os estrangeiros que pertençam a qualquer dos Estados contratantes gozam, no território dos demais, dos mesmos direitos civis que se concedem aos nacionais. Cada Estado contratante pode, por motivos de ordem pública, recusar ou sujeitar a condições especiais o exercício de determinados direitos civis aos nacionais dos outros, e qualquer desses Estados pode, em caos idênticos, recusar ou sujeitar a condições especiais o mesmo exercício dos nacionais do primeiro.

Nesse trabalho, estão presentes o princípio da igualdade entre nacionais e estrangeiros quanto aos direitos civis, e o princípio da reciprocidade, que pode assumir feições negativas, de represália. A reciprocidade, quando negativa, não é adotada pelo direito brasileiro.

O art. 2º do Código Bustamante reforça o anterior, estabelecendo igualdade entre nacionais e estrangeiros quanto às garantias individuais, "salvo as restrições que em cada um estabeleçam a Constituição e as leis". Em relação ao acesso às funções públicas e ao exercício de direitos políticos, o diploma admite o tratamento desigual entre indígenas e alienígenas.

Já a Convenção de Havana, 1928, estabelece, em seu art. 5º, o dever de todos os Estados "concederem aos estrangeiros domiciliados ou de passagem em seu território todas as garantias individuais que concedem a seus próprios nacionais e o gozo dos direitos civis essenciais".

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35 com estrangeiro ter direito a adquiri-la, que se certifiquem da aquisição pela mulher, da nacionalidade do marido. “prevenindo destarte a perda não compensada, vale dizer, a

apatria”. (REZEK, 2000, p. 174).

Além dos diplomas referidos, que procuram estabelecer tratamento semelhante a nacionais e estrangeiros, pode-se citar o Pacto Internacional de Direitos Econômicos Sociais e Culturais, Nova Iorque, 19.12.1996, art. 2º, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, Nova Iorque, 19.12.1966, arts. 2º e 26, ambos realizados sob a égide da ONU, e a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, de São José da Costa Rica,

22.11.1969, art. 1º, que inovou uma terceira: “Toda a pessoa tem direito a nacionalidade do

Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra”.

Inobstante o esforço que se verifica na formação de acordos internacionais que procuram estabelecer, na medida do possível, igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, a situação jurídica do estrangeiro, sobretudo daquele originário dos países menos desenvolvidos, continua deixando a desejar.

4.1 Plurinacionalidade ou polipatridia

A adoção de critérios distintos de atribuição de nacionalidade pelos Estados pode suscitar inúmeras situações em que a pessoa nasce legalmente investida de mais de uma nacionalidade.

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36 No âmbito do Direito Internacional Público surge problema com pessoas detentoras de dupla ou múltipla nacionalidade quando elas tiverem que invocar somente uma delas. Neste caso, tem-se observado que cada Estado reconhece, como o Brasil, a sua própria nacionalidade, desde que o binacional a possui.

Sobre a temática em questão, pertinente aos ensinamentos de DEL´OLMO afirma que:

A tendência moderna é o abrandamento da repulsa, tão acentuada em outros tempos, ao instituto da múltipla nacionalidade ou plurinacionalidade, ou, ainda, polipatridia”. (DEL’OLMO,2002, p. 234).

4.1.1 Dupla nacionalidade no Brasil

Até 1994, o Brasil não admitia a dupla nacionalidade para os seus cidadãos e decretava a perda da nacionalidade brasileira sempre que alguém se naturalizasse em outro país. No entanto jamais era arguida a "voluntariedade" dessas naturalizações. O que determinava o desaparecimento da nacionalidade originária era a decisão da pessoa de estabelecer vínculo político-jurídico com outra nação, ainda que não tivesse intenção de abdicar de sua cidadania brasileira.

A postura adotada, até então, era paradoxal. Enquanto se cancelava a nacionalidade dos brasileiros, houve sempre a preocupação da lei de garantir aos filhos de imigrantes, aqui nascidos, o direito de ser nacionais. Essa política vigorou por longos anos, já que, o Brasil é um país de intensos fluxos migratórios, a formação desse povo foi fortemente vinculada aos movimentos migratórios.

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37 Outro não foi o objetivo da mudança empreendida na Constituição Federal de 1988, pela Emenda revisional nº 03/94, que inovou ao inserir no texto da Lei Maior dispositivo destinado a preservar a nacionalidade brasileira dos que se naturalizassem no estrangeiro. Houve o entendimento, de que, embora a legislação estrangeira normalmente não impusesse a naturalização, em algumas circunstâncias cerceava suas atividades ou direitos, induzindo-os à naturalização.

O Ministério da Justiça encontrou também solução para aqueles que, sob a lei anterior, já haviam perdido a cidadania brasileira: os residentes no Brasil poderão solicitar sua reaquisição, de acordo com a Lei nº 818/49. Já aos que permanecem no exterior será facultado pedir a revogação do decreto que declarou a cassação de sua nacionalidade. O elemento volitivo não mais é aferido quanto à aquisição da nacionalidade estrangeira, mas sim no que tange à brasileira - um tratamento mais consentâneo com a realidade contemporâneo.

Ao implantar essas modificações, partiu-se do pressuposto de que o Direito deve sempre tentar acompanhar as mudanças na sociedade, e a legislação, adequar-se aos acontecimentos sociais. O Brasil, finalmente, flexibilizou o superado conceito de soberania absoluta, adequando-se às injunções desta nova era de abertura de fronteiras e de integração de nações.

4.2 A nacionalidade ou apátrida

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38 Diante da adoção desse último critério, surge a possibilidade de filhos de brasileiros serem apátridas, caso tenham nascido no território de um Estado que adote como critério de atribuição de nacionalidade apenas o jus sanguinis, e, seus pais, ambos brasileiros, não estejam a serviço da República Federativa do Brasil.

Tal possibilidade surgiu com a supressão, pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 07/06/1994, da hipótese de aquisição originária da nacionalidade para os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que fossem registrados em repartição brasileira competente.

Tratava-se da adoção do critério do jus sanguinis somado ao requisito do registro do nascimento perante repartição brasileira competente, ou seja, Embaixada ou Consulado, independentemente de qualquer outro procedimento posterior.

Com a alteração constitucional, não há mais possibilidade de filho de brasileiros, nascido no estrangeiro, vir a ser registrado em repartição brasileira competente, para fins de aquisição de nacionalidade. Desse modo, o registro realizado em solo estrangeiro opera efeitos, tão-somente, de identificação civil.

Esse entendimento é constatado na praxe dos Consulados pátrios, que, ao registrarem filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro, mencionam no corpo do respectivo documento, em atenção à Emenda Constitucional de Revisão n. 3/94, que a aquisição da nacionalidade condiciona-se à verificação de dois eventos: residência no Brasil e opção pela nacionalidade brasileira.

Assim, será apátrida o filho de brasileiros nascido em Estado que adota apenas

o jus sanguinis como critério de atribuição de nacionalidade, caso não venha, por qualquer

motivo, a residir no Brasil e não faça a referida opção.

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39 Com efeito, o atual regime jurídico é intolerável, pois pode impor a determinada pessoa, por circunstâncias alheias à sua vontade, uma situação de apátrida, que lhe cria enormes dificuldades por gerar restrições jurídicas em qualquer Estado em que viva.

Fato é que, pela divergência de conceitos utilizados para a aquisição de nacionalidade originária, a apátrida fere o assegurado no artigo 15 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, onde a nacionalidade é direito fundamento do ser humano, tornando-se intolerável esse fenômeno, tendo sido redigido da seguinte forma:

Diversos fatores podem originar a apátrida, conflito negativo de nacionalidade: 1) conflito de legislações entre o jus soli e o jus sanguinis;

2) o indivíduo se naturaliza nacional de um Estado, perde sua nacionalidade originária e, posteriormente, a naturalização que lhe foi concedida é retirada;

3) fatores políticos, como a legislação da revolução comunista, que retirava a nacionalidade russa dos emigrados.

Observa-se que o filho de brasileiro nascido em território que adote o jus

sanguinis, outro caminho não há que registrá-lo em repartição brasileira competente, sob

pena dele ser um apátrida. Enquanto que se ele nascer em país que adote o jus solis, poderá vir a ter dupla nacionalidade, dependendo do que dispuser a legislação existente nos Estados envolvidos.

Celso MELLO, reforça conceituando que:

O apátrida está submetido à legislação do Estado onde se encontra. Ele é regido pela lei do domicílio; em falta deste, pela da residência. Em 1954, em Nova Iorque, foi concluída uma convenção que deu aos apátridas os mesmos direitos e tratamento que recebem os estrangeiros no território do Estado." (MELLO, 2000, p. 929).

Na óptica de PENNA MARINHO, essa pessoa é na verdade:

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5. A NACIONALIDADE DOS OUTROS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA (ANGOLA, CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, MOÇAMBIQUE, PORTUGAL, SÃO TOMÉ EPRÍNCIPE E TIMOR-LESTE).

Em direito, nacionalidade é o vínculo jurídico de direito público interno entre uma pessoa e um Estado. A nacionalidade pressupõe que a pessoa tenha determinados direitos frente ao Estado de que é nacional, como o direito de residir e trabalhar no território do Estado, o direito de votar e ser votado (este, conhecido como cidadania), o direito de não ser expulso ou extraditado e o direito à proteção do Estado (inclusive a proteção diplomática e a assistência consular, quando o nacional se encontra no exterior), dentre outros.

5.1 A Nacionalidade no sistema constitucional angolana

Tornando-se necessário proceder às alterações das principais regras sobre a atribuição, aquisição e perda da nacionalidade aprovadas pela Lei nº 13/91, de 11 de Maio – Lei da Nacionalidade, por forma a fazer corresponder a situação desse instituto às novas condições políticas e sociais que decorrem das transformações em curso no país;

Nestes termos, ao abrigo do disposto na alínea b) do artigo 88.o da Lei Constitucional, a Assembleia Nacional aprova a seguinte:

A nacionalidade angolana subdivide-se em duas modalidade: a) de origem; b) adquirida.

A atribuição da nacionalidade angolana produz efeitos desde o nascimento e não prejudica a validade das relações jurídicas anteriormente estabelecidas com fundamento em outra nacionalidade.

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42 2. Excetuam-se do disposto no número anterior, os efeitos em relação a terceiros no domínio das relações entre particulares, que só se produzem a partir da data do registro.

É cidadão angolano de origem: a) o filho de pai ou mãe de nacionalidade angolana nascido em Angola; b) o filho de pai ou mãe de nacionalidade angolana nascido no estrangeiro.

Presume-se cidadão angolano de origem, salvo prova em contrário, o recém-nascido exposto em território angolano.

A nacionalidade angolana pode ser concedida aos filhos menores ou incapazes de pai ou mãe que adquire a nacionalidade angolana e que tal solicitem, podendo aqueles optar por outra nacionalidade quando atingirem a maioridade.

- O adotado plenamente por nacional angolano adquire a nacionalidade angolana. Entende-se por adoção plena aquela que extingue totalmente os anteriores vínculos com a família natural, salvo para efeito de constituir impedimento para casamento ou reconhecimento da união de fato.

- O estrangeiro casado com nacional, por mais de cinco anos, pode na constância do casamento e ouvido o cônjuge, adquirir a nacionalidade angolana, desde que o requeira. - Adquire ainda a nacionalidade angolana o estrangeiro casado com nacional angolano se pelo fato do casamento perder a sua anterior nacionalidade. A declaração de nulidade ou de anulação do casamento não prejudica a nacionalidade adquirida pelo cônjuge ou companheiro que o contraiu de boa- fé.

O Conselho de Ministros pode conceder a nacionalidade angolana ao estrangeiro que o requeira e à data do pedido, satisfaça cumulativamente as seguintes condições:

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43 c) oferecer garantias morais e cívicas de integração na sociedade angolana;

d) possuir capacidade para reger a sua pessoa e assegurar a sua subsistência.

O Governo pode, mediante autorização da Assembleia Nacional, conceder a nacionalidade angolana a cidadão estrangeiro que tenha prestado ou possa vir a prestar relevantes serviços ao País ou ainda que demonstre qualidades profissionais, científicas ou artísticas excepcionais.

A nacionalidade angolana por naturalização é concedida a requerimento do interessado e mediante processo organizado nos termos estabelecidos em regulamento. Adquire ainda a nacionalidade angolana mediante solicitação: a) o indivíduo nascido em território angolano quando não possua outra nacionalidade; b) o indivíduo nascido em território angolano filho de pais desconhecidos, de nacionalidade desconhecida ou apátridas.

Ocorrerá a perda da nacionalidade nos seguintes casos: a) os que voluntariamente adquirem uma nacionalidade estrangeira e manifestem a pretensão de não querer ser angolanos; b) os que, sem autorização da Assembleia Nacional exerçam funções de soberania a favor de Estado estrangeiro; c) os filhos menores de nacionais angolanos nascidos no estrangeiro e que, por tal fato, tenham igualmente outra nacionalidade, se ao atingirem a maioridade, manifestarem a pretensão de não ser angolanos; d) os adotados plenamente por cidadãos estrangeiros se, ao atingirem a maioridade, manifestarem a pretensão de não ser angolanos.

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44 A Reaquisição da nacionalidade ocorre quando: 1. Quando a nacionalidade angolana adquirida por efeito da Lei de 11 de Novembro de 1975 e da Lei nº 8/84, de 7 de Fevereiro, tenha sido perdida em razão de declaração de vontade dos pais durante a menoridade, podem os cidadãos readquiri-la por opção, após o termo da incapacidade. 2. Os cidadãos referidos no número anterior devem provar que têm a residência estabelecida em território angolano há, pelo menos, um ano. 3. Quando a nacionalidade angolana tenha sido perdida por qualquer das razões prevista no nº 1 do artigo 15, pode ser readquirida, por deliberação da Assembleia Nacional, desde que o interessado tenha estabelecido residência no território nacional há pelo menos, cinco anos.¹

São fundamentos de oposição à aquisição ou reaquisição da nacionalidade angolana: a) a manifesta inexistência de qualquer ligação efetiva à sociedade angolana; b) a condenação por crime punível com pena de prisão maior superior a oito anos, nos termos da lei angolana; c) a condenação por crime contra a segurança do Estado Angolano; d) o exercício sem autorização da Assembleia Nacional de funções de soberania a favor de Estado estrangeiro; e) a prestação de serviço militar a favor de Estado estrangeiro.

_________________________

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45

Quanto as aspecto de legitimidade tem-se: 1. A oposição é exercida pelo

Ministério Público em recurso para o Tribunal Supremo, no prazo de seis meses a contar da declaração de vontade de que depende a aquisição ou reaquisição da nacionalidade. 2. É obrigatória para todas as autoridades e facultativa para todos os cidadãos a participação ao Ministério Público dos fatos a que se refere o artigo anterior.

No que concerne ao registro e prova de nacionalidade: 1. Estão sujeitos o registro obrigatório, em livro próprio, na Conservatória dos Registros Centrais, todos os atos e fatos que determinem a atribuição, aquisição, perda e reaquisição da nacionalidade. 2. A atribuição da nacionalidade quando feita através de inscrição do nascimento no registro civil angolano e a sua aquisição mediante adoção por mero efeito da lei. 3. O registro dos atos a que se refere o nº 1 citado é feito a requerimento dos interessados.

No tocante à questão de prova da nacionalidade originária tem-se: 1. A

nacionalidade angolana originária de indivíduos nascidos em território angolano, de pai ou mãe angolano, prova-se pelo assento de nascimento, do qual não conste qualquer menção em contrário. 2. A nacionalidade angolana de indivíduos nascidos no estrangeiro prova-se, consoante os casos, pelo registro da declaração do qual depende a sua atribuição ou pelas menções constantes do assento de nascimento lavrado por inscrição no registro civil angolano.

A aquisição e a perda da nacionalidade provam-se pelos respectivos registos ou pelos consequentes averbamentos exarados à margem do assento de nascimento.

Quanto ao contencioso da Nacionalidade, têm legitimidade para interpor recurso de quaisquer atos relativos à atribuição, aquisição, perda e reaquisição de nacionalidade angolana os interessados diretos e o Ministério Público.

Não é reconhecida nem produz efeitos na ordem jurídica interna angolana qualquer outra nacionalidade atribuída aos cidadãos angolanos.

Nos conflitos positivos de duas ou mais nacionalidades estrangeiras, prevalece

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