Universidade Federal do Cear´a Centro de Ciˆencias Exatas e da Natureza
Departamento de F´ısica
Curso de P´os-Graduac¸˜ao em F´ısica
Teoria Diagram´
atica Em Semicondutores
Antˆ
onio Neudson Lima Marques
Disserta¸c˜
ao de Mestrado
Fortaleza
Universidade Federal do Cear´a Centro de Ciˆencias Exatas e da Natureza
Departamento de F´ısica
Curso de P´os-Graduac¸˜ao em F´ısica
Antˆ
onio Neudson Lima Marques
Teoria Diagram´
atica Em Semicondutores
Disserta¸c˜ao apresentada ao Curso de P´os-Gradua¸c˜ao em F´ısica da Universidade Fed-eral do Cear´a como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em F´ısica.
Orientador:
Prof. Dr. Raimundo Nogueira da Costa Filho
Co-orientador:
Prof. Dr. Jo˜ao Milton Pereira Jr.
Fortaleza
Universidade Federal do Cear´a Centro de Ciˆencias Exatas e da Natureza
Departamento de F´ısica
Curso de P´os-Graduac¸˜ao em F´ısica
Antˆ
onio Neudson Lima Marques
Teoria Diagram´
atica Em Semicondutores
Disserta¸c˜ao apresentada ao Curso de P´os-Gradua¸c˜ao em F´ısica da Universidade Federal
do Cear´a como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em F´ısica.
Prof. Dr. Raimundo Nogueira da Costa Filho Prof. Orientador
Prof. Dr. Jo˜ao Milton Pereira Junior Universidade Federal do Cear´a
Prof. XX Universidade de YY
Agradecimentos
Ao meu orientador, Prof. Dr. Raimundo Nogueira da Costa Filho, pela amizade, compreen¸c˜ao, paciˆencia e, pelo trabalho de orienta¸c˜ao.
Ao Prof. J´osue Mendes pela confian¸ca e apoio aos estudantes da P´os-Gradua¸c˜ao. Ao amigo Raimundo Valmir Leite Filho, por seu companheirismo em todas as horas. Aos amigos Tayroni, cuja ajuda de valia inestim´avel nos assuntos do Linux, como tamb´em ao Prof. Antony Donegan pelos aux´ılios sem reservas nos assuntos do nosso sistema computacional.
Ao querido amigo Araras, vugo Luis, pelas agradabil´ıssimas risadas e apoio. Aos meus pais e, amigos n˜ao citados.
Resumo
Abstract
Procuram-se homens para jornada arriscada.
Baixa renumera¸c˜ao, frio cortante, longos meses
de completa escurid˜ao, perigo constante, retorno
em seguran¸ca duvidoso. Honra e reconhecimento
em caso de sucesso.
– An´uncio de jornal de Ernest Shackleton,
convocando exploradores para a Ant´artica, 1900.
Sum´
ario
Lista de Figuras
1 Teoria das Fun¸c˜oes de Green p. 10
1.1 Introdu¸c˜ao . . . p. 10 1.2 A Representa¸c˜ao de Schr¨odinger . . . p. 10
1.3 A Representa¸c˜ao de Heisenberg . . . p. 11 1.4 O Ensemble Gr˜ao Canˆonico e a M´edia T´ermica . . . p. 13 1.5 As Fun¸c˜oes de Green . . . p. 14 1.5.1 Dependˆencia Temporal . . . p. 15
1.5.2 Equa¸c˜ao de Movimento . . . p. 16 1.5.3 Fun¸c˜oes de Correla¸c˜ao Temporal . . . p. 17 1.5.4 Representa¸c˜ao Espectral e Intensidade Espectral . . . p. 17 1.5.5 Representa¸c˜ao Espectral para as Fun¸c˜oes de Green . . . p. 19
2 Teoria Diagram´atica p. 22
2.1 Introdu¸c˜ao . . . p. 22 2.2 A MatrizS . . . p. 24 2.3 Teorema de Wick . . . p. 25 2.4 As Fun¸c˜oes de Green . . . p. 26
2.5 A Fun¸c˜ao de Green de Ordem Zero . . . p. 26 2.6 Representa¸c˜ao Diagram´atica . . . p. 27 2.6.1 Auto Energia Pr´opria . . . p. 29
Apˆendice A -- Diagramas p. 30
A.1 A Fun¸c˜ao de Green de Ordem Zero . . . p. 30
Apˆendice B -- Diagramas p. 31
B.1 A Fun¸c˜ao de Green de Ordem Zero . . . p. 31 B.2 Representa¸c˜ao Diagram´atica . . . p. 32
Lista de Figuras
2.1 Diagrama representativo do termo de intera¸c˜ao do Hamiltoniano em
se-gunda quantiza¸c˜ao. . . p. 23 2.2 A linha representa a fun¸c˜ao de Green de ordem zero. . . p. 28 B.1 A linha representa a fun¸c˜ao de Green de ordem zero. . . p. 33
10
1
Teoria das Fun¸
c˜
oes de Green
1.1
Introdu¸c˜
ao
Neste cap´ıtulo apresentaremos a teoria das fun¸c˜oes de Green atrav´es do formalismo de Zubarev,usado no c´alculo da taxa de transi¸c˜ao pelo m´etodo da equa¸c˜ao de movimento da fun¸c˜ao de Green, no pr´oximo cap´ıtulo. As fun¸c˜oes de tˆem grande importˆancia te´orica,
tanto em mat´eria condensada, quanto em teoria de campos. Essa poderosa ferramenta foi introduzida primeiramente por Green em 1828 na teoria eletromagn´etica.
1.2
A Representa¸c˜
ao de Schr¨
odinger
Discutiremos nesta se¸c˜ao algumas representa¸c˜oes adequadas aos nossos prop´ositos, pois queremos descrever convenientemente nossas equac˜oes de evolu¸c˜ao para algum sis-tema f´ısico de interesse. Iniciaremos com a representa¸c˜ao de Schr¨odinger. Nesta
repre-senta¸c˜ao a fun¸c˜ao de onda possui uma dependˆencia temporal e denotaremos por |Ψs(t)i
e os operadores s˜ao considerados independentes do tempo, de modo que a equa¸c˜ao de movimento(~= 1) ´e escrita como
i∂
∂t|Ψs(t)i=H|Ψs(t)i (1.1)
A solu¸c˜ao formal da equa¸c˜ao eq(2.1), tendo o hamiltoniano explicitamente independente
do tempo ´e a fun¸c˜ao denotada por
|ΨS(t)i=e−iHt|ΨS(0)i (1.2)
1.3 A Representa¸c˜ao de Heisenberg 11
1.3
A Representa¸c˜
ao de Heisenberg
Aqui, os operadores possuem dependˆencia explicita com o tempo e as fun¸c˜oes de onda s˜ao denotadas por |ΨH(t)i. Essa fun¸c˜ao de onda ´e agora representada como
|ΨH(t)i=eiHt|ΨS(0)i (1.3)
Tal defini¸c˜ao leva-nos a concluir que
|ΨH(t)i=|ΨS(0)i (1.4)
Um resultado fundamental ´e que o valor esperado de qualquer operador nas duas representa¸c˜oes tem o mesmo valor, de modo que as representa¸c˜oes s˜ao equivalentes e a escolha de uma ou outra, ´e mera conveniˆencia. Sendo as fun¸c˜oes de onda independentes do tempo, pode-se mostrar que a rela¸c˜ao entre quaisquer operadores ˆAH e ˆA ´e dada por
ˆ AH =ei
ˆ
HtAeˆ −iHtˆ (1.5)
Da rela¸c˜ao acima, deriva que a equa¸c˜ao de movimento tem a forma
∂
∂tAbH =i[ ˆH,A]ˆ (1.6)
Em mecˆanica estat´ıstica cl´assica a evolu¸c˜ao dinˆamica de um sistema f´ısico ´e descrita por suas vari´aveis cinem´atcas no espa¸co de fase, de modo que a sua configura¸c˜ao
in-stantˆanea para algum instante t ´e dada pela sua fun¸c˜ao distribui¸c˜ao f = f(q, p, t) no espa¸co de fase Γ e isto corresponde a uma c´opia completa do sistema. A este conjunto de pontos ou configura¸c˜oes do sistema ´e que denominamos ensemble. A equa¸c˜ao de evolu¸c˜ao dinˆamica de um sistema f´ısico ´e dada pela equa¸c˜ao de Liouville
df dt =
∂f
∂t +{f, H}= 0 (1.7)
onde [,] ´e o parentese de poisson e H o Hamiltoniano.
Em mecˆanica quˆantica tal equa¸c˜ao expressa a evolu¸c˜ao do operador estat´ıstico ou matriz densidadeρ,
∂ρ
∂t =−i[H, ρ] (1.8)
O valor m´edio ou macrosc´opico de uma grandeza A pode ser encontrado atrav´es da
fun¸c˜ao f de forma cl´assica por
hAi=
R
f AdΓ
R
1.3 A Representa¸c˜ao de Heisenberg 12
onde
dΓ =dp1· · ·dpndq1· · ·dqn (1.10)
Para um observ´avel qualquer A podemos encontrar o seu valor final, atrav´es da mecˆanica quˆantica estat´ıstica, usando a fun¸c˜ao de onda definida no espa¸co de Hilbert Ψ(x) =hx|ψi para o estado |ψi. Esse valor m´edio ´e dado por
hAi= (Ψ, AΨ) (Ψ,Ψ) =
P
n,m(cn, cm)(Φn, AΦm)
P
n(cn, cm)
(1.11)
Quando o sistema isolado evolui no tempo, sua fun¸c˜ao de onda tamb´em se modifica atrav´es da express˜ao
Ψ(x, t) =X
n
cn(t)Φn(x) (1.12)
sendo os n´umeros cn as densidades de probabilidade e |cn|2 indica a probabilidade de se
encontrar o sistema isolado na posi¸c˜ao x. Φn(x) s˜ao as autofun¸c˜oes ortonormalizadas de
um operadorA. Podemos reescrever a m´edia para um operadorAfazendo-se as seguintes considera¸c˜oes de acordo com os postulados da mecˆanica quˆantica estat´ıstica:
(i) Igualdade da probabilidade a priori
(cn, cm) =
1, para E ≤En≤E+ ∆E
0, para n6=m
(1.13)
(ii) Fases randˆomicas
(cn, cm) = 0 (1.14)
Os coeficientes (cn, cm) referem-se a um sistema macrosc´opico em equil´ıbrio termodinˆamico
que interage t˜ao fracamente com o meio exterior que, sua energiaEnpode ser considerada
aproximadamente constante, isto ´e, ela se encontra em um intervalo infinitesimal, entre E e E+ ∆E, sendo (∆E ≪E).
Assim as express˜oes para a fun¸c˜ao de onda e o valor m´edio, tornam-se
Ψ(x, t) =X
n
bn(t)Φn(x) (1.15)
hAi=
P
n|bn|2(Φn, AΦn)
P
n|bn|2
(1.16)
Podemos ainda escrever a m´edia termodinˆamica em termos do operador matriz den-sidadeρ, definido por:
ρ=X
i
1.4 O Ensemble Gr˜ao Canˆonico e a M´edia T´ermica 13
lembrando que Pi|ΦiihΦi|= 1 e cujos elementos de matriz s˜ao dados por:
ρij =hΦi|ρ|Φji (1.18)
Portanto a m´edia tomar´a a forma seguinte
hAi=
P
i(Φi, AρΦi)
P
i(Φi, ρΦi)
= T r(Aρ)
T r(ρ) (1.19)
1.4
O Ensemble Gr˜
ao Canˆ
onico e a M´
edia T´
ermica
Neste ensemble o operador n´umero atua sobre um espa¸co de Hilbert com n´umero indefinido de part´ıculas. Contudo, sua utiliza¸c˜ao transcende, pois mesmo quando estamos
interessados em um sistema com n´umero fixo de part´ıculas, como el´etrons num metal ou sistemas em que ´e imposs´ıvel fixar o n´umero de part´ıculas, como no caso de gases formados por quasi-part´ıculas que, s˜ao cont´ınuamente criadas ou absorvida pela mat´eria, esse ensemble ´e fundamental. Queremos escrever a m´edia t´ermica para este ensemble,
para tal escrevemos a densidade de estados como
Ωi =
e−β(Ei−µNi)
P
ie−β(Ei−µNi)
(1.20)
onde o denominador ´e a fun¸c˜ao parti¸c˜aoZ, ou seja:
Z(µ, V, T) =X
i
e−β(Ei−µNi) (1.21)
sendoµ o potencial qu´ımico e β= 1 κBT
.
Portanto podemos escrever a seguinte express˜ao para a matriz densidade ρ
ρ=X
i
|iiΩihi| (1.22)
De forma que usando-se a defini¸c˜ao de Ω, temos:
ρ= e
−β(H−µNi)
Z(µ, V, T) (1.23)
A m´edia termodinˆamica de qualquer operadorA, em equil´ıbrio termodinˆamico ´e dada pela express˜ao
hAi= T r(Aρ)
1.5 As Fun¸c˜oes de Green 14
Assim para o ensemble gr˜ao canˆonico, encontramos que a m´edia t´ermica ´e dada por
hAi= T r
Ae−β(H−µN)
T r[e−β(H−µN)] =Z
−1T rAe−β(H−µN) (1.25)
1.5
As Fun¸c˜
oes de Green
Para sistemas interagentes ´e fundamental encontrar o espectro de excita¸c˜ao de uma
part´ıcula, o qual tem uma conex˜ao com o limite n˜ao interagente. Tais excita¸c˜oes s˜ao descritas por meio de fun¸c˜oes de Green. Ainda mais, ´e corretodizer que as fun¸c˜oes de Green representam a capacidade de resposta de um sistemaf´ısico a um excita¸c˜ao ex-terna, sendo poss´ıvel obter a fun¸c˜ao distribui¸c˜ao paraesse sistema, ou ainda, as grandezas
macrosc´opicas termodinˆamicas de interesse. Nesta se¸c˜ao introduziremos tais fun¸c˜oes seguindo o formalismo proposto por Zubarev(1). A fun¸c˜ao de Green cl´assica aparece naturalmente emequa¸c˜oes diferenciais como a equa¸c˜ao de Poisson
∇2φ(r) = −ρ(r)/ǫ0 (1.26)
onde a fun¸c˜ao de Green representa uma solu¸c˜ao, sendo o potencial para uma carga unit´aria
G(R) = (4πǫ0R)−1 (1.27)
A resposta linear de um sistema quˆantico, pode de forma an´aloga ser obtida atrav´es da fun¸c˜ao de Green. Essa resposta pode ser encontrada da resolu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Schr¨odinger, ou equivalentemente para um sistema macrosc´opico, pela resolu¸c˜ao da equa¸c˜ao
de evolu¸c˜ao da matriz densidade
ıℏ∂ρ
∂t = [H+H0, ρ] (1.28)
1.5 As Fun¸c˜oes de Green 15
Fun¸c˜ao de Green Retardada
Gr(t, t′) =≪A(t);B(t′)≫r≡ −iθ(t−t′)h[A(t), B(t′)]ηi (1.29)
Fun¸c˜ao de Green Avan¸cada
Ga(t, t′) =≪A(t);B(t′)≫a≡iθ(t−t′)h[A(t);B(t′)]i (1.30)
Fun¸c˜ao de Green Causal
Gc(t, t′) =≪A(t);B(t′)≫c≡ −ihT A(t)B(t′)i (1.31)
onde θ(t−t′) ´e a fun¸c˜ao degrau ou de Heaviside
θ(t−t′) =
(
1, se t−t′ >0. 0, se t−t′ <0.
e o comutador com ´ındice η carrega a estat´ıstica adequada, ou seja, a sua natureza-comutativa ou antinatureza-comutativa, respectivamente para b´osons e f´ermions.
[A, B]η =AB−ηBA (1.32)
Adotaremos η= +1. O valor m´edio que aparece na defini¸c˜ao deve ser interpretado como uma m´edia de ensemble. Como estaremos interessados em trabalharcom operadores que mudam o n´umero de part´ıculas, o ensemble apropriado ´egr˜ao-canˆonico. Neste caso, a m´edia ´e definida como
hXi=Z−1T r(e−βH′X), Z−1 =T re−βH′ (1.33)
onde H′ =H−µN, sendoµ o potencial qu´ımico.
1.5.1
Dependˆ
encia Temporal
A primeira propriedade importante das fun¸c˜oes de Green, ´e sua dependˆencia da diferen¸ca de tempos. Tomando a m´edia que aparece na defini¸c˜ao da fun¸c˜ao de Green, definida com dois tempos, tal como
hA(t)B(t′)i=Z−1T r(e−βH′
AB) =Z−1T re−βH′
eiH′tAe−iH′t
eiH′t′Be−iH′t′
(1.34)
e pela propriedade c´ıclica do tra¸co e a comuta¸c˜ao de quaisquer fun¸c˜oes deH′
1.5 As Fun¸c˜oes de Green 16
obtemos que a m´edia acima s´o depende da diferen¸ca de tempo t−t′.
hA(t)B(t′)i=Z−1T r(e−βH′eiH(t−t′)Ae−iH′(t−t′)B) =hA(t−t′)B(0)i (1.36)
Assim vemos que todas as fun¸c˜oes de Green de tempo duplo dependem somente da diferen¸ca de tempo. Outras propriedades est˜ao relacionadas a transformada de Fourier da fun¸c˜ao de Green as quais examinaremos adiante.
1.5.2
Equa¸c˜
ao de Movimento
Na representa¸c˜ao de Heisenberg, os operadores A(t) e B(t’) satisfazem a seguinte
equa¸c˜ao de movimento
id
dtU(t) =U H ′
−H′U (1.37)
´e f´acil vermos isto quando derivamos a Eq.(2.6). Portanto, na Eq. (2.34), diferenciando em rela¸c˜ao ao tempo≪A(t);B(t′)
r ≫, decorre o seguinte resultado
d
dt ≪A(t);B(t ′)≫
r=−iδ(t−t′)h[A(t), B(t′)]i+i≪[H′, A(t)];B(t′)≫ (1.38)
Por´em, embora tenhamos encontrado a equa¸c˜ao de evolu¸c˜ao de≪A(t);B(t′)≫
r,para
um par de operadores, esta, por sua vez, gerou um outrafun¸c˜ao de Green de trˆes oper-adores, ou seja, de ordem superior `a fun¸c˜ao original. Novamente para se conhecer essa nova fun¸c˜ao ´e necess´ario utilizar sua equa¸c˜ao de movimento e, assim de forma sucessiva, gerar-se uma cadeia infinita de fun¸c˜oes de Green acopladas atrav´es de suas equa¸c˜oes de
movimento. Para contornar essa dificuldade matem´atica e resolver o sistema ´e preciso reduzi-lo a um n´umero finito de equa¸c˜oes. O desacoplamento deve ser imposto a uma fun¸c˜ao de Green de ordem mais alta em termos de uma de ordem mais baixa para cortar a s´erie. Em alguns casos triviais, como para um sistema n˜ao interagente, o comutador
que aparece naprimeira equa¸c˜ao n˜ao ´e muito complexo e a s´erie se corta na primeira equa¸c˜ao, permitindo a solu¸c˜ao. Aqui revela-se naturalmente a base conceitual da fun¸c˜ao de Green, pois dependendo do sistema f´ısico, para a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial que envolve a fun¸c˜ao de Green, ´e imprescind´ıvel a existˆencia de condi¸c˜oes de contorno `as quais
o sistema est´a sujeito. Em alguns casos, por exemplo, como os que envolvem intera¸c˜oes entre part´ıculas (b´osons ou f´ermions fracamente interagentes), ap´os uma conveniente mu-dan¸ca de espa¸co, a condi¸c˜ao de contorno empregada para o desacoplamento das equa¸c˜oes que surgem, ´e a aproxima¸c˜ao HFA (Hartree-Fock Approximation)(2); ou os que envolvem
1.5 As Fun¸c˜oes de Green 17
das fun¸c˜oes de Green e das fun¸c˜oes de Correla¸c˜ao por interm´edio das transformadas de Fourier e da´ı, dependendo do sistema, usa-se a aproxima¸c˜ao mais conveniente. Portanto, definimos inicialmente a fun¸c˜ao de Correla¸c˜ao Temporal.
1.5.3
Fun¸c˜
oes de Correla¸c˜
ao Temporal
Quando desejamos calcular m´edias em sistemas com muitas part´ıculas devemos intro-duzir fun¸c˜oes mais gerais que levem em conta a informa¸c˜ao sobre correla¸c˜oes no sistema, ou seja, fun¸c˜oes que informem o quanto uma grandeza influencia em outra, decorridoum
certo tempo t. Em F´ısica Estat´ıstica, define-se fun¸c˜ao de correla¸c˜ao(3) como a m´edia de produto de operadores. Ent˜ao,da defini¸c˜ao de m´edia estat´ıstica no ‘ensemble gr˜a-canˆonico’ para dois operadoresA(t) e B(t′), temos
hA(t)B(t′)i=Z−1T r(e−βH′
A(t)B(t′)) (1.39)
que como j´a demonstramos ´e
hA(t)B(t′)i=Z−1T re−βH′A(t−t′)B(0) (1.40)
Desse modo, definimos as fun¸c˜oes de Correla¸c˜ao para esses operadores da seguinte maneira
CAB(t−t′) =hA(t)B(t′)i ≡ hA(t−t′)B(0)i(1.41)
CBA(t−t′) =hB(t′)A(t)i ≡ hB(0)A(t−t′)i (1.42)
fun¸c˜oes, que no caso de equil´ıbrio termodinˆamico, dependem apenas da diferen¸ca entre os
instantest et′. Uma importante consequˆencia desse fato ´e que quando assumimos t′ =t, as m´edias temporais reduzem-se as m´edias estat´ısticas usuais, isto ´e
CAB(0) = hA(t)B(t′)i=hA(0)B(0)i (1.43)
CBA(0) = hB(t′)A(t)i=hB(0)A(0)i (1.44)
1.5.4
Representa¸c˜
ao Espectral e Intensidade Espectral
Neste ponto, iremos introduzir expans˜oes em auto-estados que representem um
1.5 As Fun¸c˜oes de Green 18
Ent˜ao, considerando |νi, um auto-estado do Hamiltoniano do sistema que satisfaz a equa¸c˜ao de auto-valor
H′|νi=E
ν|νi (1.45)
Ap´os algum algebrismo, a fun¸c˜ao de Correla¸c˜ao dada na Eq.(2.42) ´e agora represen-tada pelo conjunto completo desses auto-estados, na forma
CBA(t−t′) =Z−1
X
µ,ν
hν|B|µihµ|A|νiei(Eµ−Eν)(t−t′)eβEµ (1.46)
onde inserimos a rela¸c˜ao de completeza,P
µ
|µihµ|. Nesse ponto, ´e oportuno definirmos a seguinte transformada de Fourier
CBA(t−t′) = hB(t′)A(t)i=
Z +∞
−∞
J(ω)eiω(t−t′)
dω (1.47)
Desse modo, expressamos a fun¸c˜ao de Correla¸c˜ao em termos de uma representa¸c˜ao es-pectral, onde J(ω) ´e chamada de Intensidade Espectral (ou fun¸c˜ao Espectral), definida como
J(ω) = 1 2π
Z +∞
−∞
CBA(t−t′)e−iω(t−t
′)
dt (1.48)
Agora, substituindo a Eq.(2.46) na Eq.(2.48) e, considerando a representa¸c˜ao-δ
δ(Eµ−Eν−ω) =
1 2π
Z +∞
−∞
ei(Eµ−Eν−ω)dt (1.49)
obtemos, por fim
J(ω) =Z−1X
µ,ν
hν|B|µihµ|A|νieβEµδ(E
µ−Eν −ω) (1.50)
Deste resultado se infere naturalmente que a intensidade espectralJ(ω) est´a definida
nos pontos onde (Eµ−Eν) =ω, ou seja, das excita¸c˜oes do sistema. Por analogia, definimos
CAB(t−t′) = hA(t)B(t′)i=
Z ∞
−∞
J′(ω)eiω(t−t′)
dω (1.51)
onde J′(ω) ´e a fun¸c˜ao espectral de C
AB(t−t′), que goza da seguinte propriedade
J′(ω) =J(ω)eβω (1.52)
1.5 As Fun¸c˜oes de Green 19
para as Fun¸c˜oes de Green-Gr(t−t′), via transformada de Fourier.
1.5.5
Representa¸c˜
ao Espectral para as Fun¸c˜
oes de Green
Como as fun¸c˜oes de Green, que no caso de equil´ıbrio termodinˆamico, tamb´em
depen-dem da diferen¸ca entre os tempost et′, podemos relacion´a-las com intensidade espectral, J(ω), atrav´es das seguintes opera¸c˜oes; primeiro, escrevemos a transformada
Gr(t−t′) =
Z +∞
−∞
Gr(E)e−iE(t−t
′)
dE (1.53)
e a anti-transformada,
Gr(E) =
1 2π
Z +∞
−∞
Gr(t−t′)eiE(t−t
′)
dt (1.54)
depois substituimos na Eq. (2.33) a defini¸c˜ao da Fun¸c˜ao de Green, dada pela Eq. (2.29), ficando com a seguinte express˜ao:
Gr(E) =
1 2πi
Z +∞
−∞
eiE(t−t′)θ(t−t′)[FAB(t−t′)−FBA(t−t′)]dt (1.55)
Por ´ultimo, substituindo CAB(t−t′) e CBA(t−t′) pelas Eqs.(2.41) e (2.42),
respecti-vamente, obtemos
Gr(E) =
Z +∞
−∞
dωJ(ω)(eβω−1) 1 2πi
Z +∞
−∞
dtei(E−ω)(t−t′)
θ(t−t′) (1.56)
Devemos obter valores de E que satisfa¸cam a equa¸c˜ao de Gr(E). A solu¸c˜ao ´e
simpli-ficada quando escrevemos a fun¸c˜ao descont´ınua θ(t−t′) na forma
θ(t) = 1 2π
Z +∞
−∞
e−ix(t)
x+iεdx (1.57)
que pode ser resolvida usando o m´etodo de res´ıduos. Ent˜ao, considerando ǫ como uma
quantidade infinitesimal positiva (ǫ→ 0+), a express˜ao acima pode ser facilmente
verifi-cada usando uma integra¸c˜ao cujo contorno ´e mostrado na figura abaixo.
Em (a), o integrando possui um p´olo no semi-plano inferior para x =−iε. Quando t >0 o contorno ´e fechado nessa regi˜ao e a integral na Eq.(2.57) ´e igual a unidade. Em
(b), parat <0, o contorno ´e fechado no semi-plano superior. Neste caso a integral ´e nula, pois o p´olo est´a fora do contorno. Usando este resultado, temos que
Z +∞
−∞
dtei(E−ω)(t−t′)θ(t) = i
1.5 As Fun¸c˜oes de Green 20
Portanto, a Eq. (2.35) reduz-se simplesmente `a forma
Gr(E) =
1 2π
Z +∞
−∞
J(ω)(eβω−1)
E−ω+iε dω (1.59)
isto ´e, uma express˜ao que relaciona a fun¸c˜ao de Green Retardada com a Intensidade Espectral. Por outro lado, fazendo uso da identidade
1
x+iε =P( 1
x)−iπδ(x) (1.60)
Gr(E), pode ser descrita por interm´edio de suas partes real e imagin´aria, ou seja
ReGr(E) =
1 2πP
Z +∞
−∞
J(ω)(eβω−1)
E −ω dω (1.61)
ImGr(E) =−
1 2(e
βE
−1)J(E) (1.62)
Disso decorre um resultado muito importante para a an´alise f´ısica dos sistemas ter-modinˆamicos de que trata a Mecˆanica Estat´ıstica, em particular a F´ısica da Mat´eria Condensada, o Teorema da Flutua¸c˜ao-Dissipa¸c˜ao(4)
J(E) = −2
(eβE−1)ImGr(E) (1.63)
pois, conhecida a parte imagin´aria da Fun¸c˜ao de Green, a menos de um “fator t´ermico”
multiplicativo, encontramos a intensidade espectral e consequentemente a fun¸c˜ao de cor-rela¸c˜ao temporal que, tamb´em, uma vez conhecida, podemos determinar as grandezas termodinˆamicas mensur´aveis de interesse.
Em conjunto, como j´a mencionamos, podemos igualmente encontrar a fun¸c˜ao de Green
avan¸cada-Ga(E), tal como foi feito para Gr(E), e escrever uma express˜ao geral para
ambas, da seguinte maneira
Gr,a(E) =
1 2π
Z +∞
−∞
J(ω)(eβω−1)
E−ω±iε dω (1.64)
Assim, utilizando o m´etodo das vari´aveis complexas que, afortunadamente, embora E seja uma quantidade real, as fun¸c˜oes de Green Retardada e Avan¸cada podem ser
esten-didas analiticamente num plano complexo E; onde a primeira, s´o est´a definida para os valores positivos da parte imagin´aria da energia, e a segunda, para valores negativos da parte imagin´aria da energia. Ent˜ao, como essas fun¸c˜oes tˆem dom´ınios complementares, ´e poss´ıvel definir uma ´unica fun¸c˜ao de Green v´alida para todo o plano complexoE, com
1.5 As Fun¸c˜oes de Green 21
represent´a-la do seguinte modo
G(E) = 1
2π
Z +∞
−∞
J(ω)(eβω−1)
E−ω dω (1.65)
Dessa forma, G(E) passa a ser ent˜ao uma fun¸c˜ao de vari´avel complexa, definida no plano complexo-E com singularidade no eixo real. Logo, a descontinuidade da fun¸c˜ao G(E) sobre este eixo pode ser relacionada `a fun¸c˜ao espectral quando usamos a seguinte
representa¸c˜ao para a fun¸c˜ao delta
2πiδ(x) =
1 x−iε −
1 x+iε
(1.66)
tal que
G(E−iε)−G(E+iε) = 1 2π
Z +∞
−∞
dω(eβω−1)J(ω)
1
E−ω+iε −
1 E−ω−iε
(1.67)
ou,
G(E−iε)−G(E+iε) =−i(eβω−1)J(ω) (1.68) Esta t´ecnica ser´a usada no estudo da luminescˆencia emitida por um semicondutor, no proximo cap´ıtulo. Devemos conhecer a forma explic´ıta do Hamiltoniano e determinar a fun¸c˜ao de Green pelo m´etodo da equa¸c˜ao de movimento. As aplica¸c˜oes das fun¸c˜oes de Green se estende por v´arios tipos de sistemas em mat´eria condesada, da´ı sua importˆancia
22
2
Teoria Diagram´
atica
2.1
Introdu¸c˜
ao
O mundo f´ısico consiste de intera¸c˜oes de sistemas de muitos corpos. Uma descri¸c˜ao adequada ´e dada pela teoria de muitos corpos, a qual descreve um tal sistema atrav´es da fun¸c˜ao de onda de um sistema de N part´ıculas Ψ(x1· · ·xN, t). Na pr´atica a equa¸c˜ao
de Schrodinger dependente do tempo i~∂
∂tΨ(x1· · ·xN, t) =HΨ(x1· · ·xN, t) n˜ao pode ser
resolvida. A formula¸c˜ao de segunda quantiza¸c˜ao nos permite obter uma solu¸c˜ao aprox-imada. O Hamiltoniano escrito convenientemente em tal formalismo ´e geralmente dado na forma(6)
H=
N
X
k=1
T(xk) +
1 2
N
X
k6=l=1
V(xk, xl) (2.1)
ondeT ´e a energia cin´etica de cada part´ıcula eV a energia de intera¸c˜ao entre as part´ıculas. Dado o tratamento de segunda quantiza¸c˜ao a equa¸c˜ao (eq2.1), o Hamiltoniano para bosons e fermions pode ser escrito como
H =H0+HI (2.2)
onde H0 ´e o termo para as part´ıculas n˜ao interagentes
H0 =
X
k
ǫka
†
kak (2.3)
eHI ´e o termo para as intera¸c˜oes do sistema
HI =
1 2
X
k1,k2,q
V(q)a†k1a
†
k2ak2+qak1−q (2.4)
2.1 Introdu¸c˜ao 23
2.2 A MatrizS 24
2.2
A Matriz
S
Podemos definir um operador de maneira que a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao pode ser obtida para o sistema atrav´es do Hamiltoniano n˜ao perturbado H0. Definimos o operador S(β)
por
e−βH =e−βH0
S(β) (2.5)
A informa¸c˜ao sobre H est´a toda contida em S(β) ou S(τ), logo qualquer tratamento
perturbativo envolve o c´alculo deS(β). Podemos encontrarS(β) diferenciando a equa¸c˜ao acima em rela¸c˜ao a β, portanto
∂ ∂βe
−βH =−H
0e−βH0S+e−βH0
∂
∂βS (2.6)
Devemos observar aqui que os operadores H0 e HI n˜ao comutam e, da equa¸c˜ao acima
obtemos
∂
∂β =−e −βH0
H1e−βH0S (2.7)
onde o termoH1 ´e o Hamiltoniano de intera¸c˜ao. Da representa¸c˜ao de Heisenberg, sabe-se
queH1(β) =e−βH0H1e−βH0, logo
∂
∂βS =−H1S(β) (2.8)
Da defini¸c˜ao de S, temos a seguinte condi¸c˜ao inicial
S = 1 para β = 0 (2.9)
Integrando-se a equa¸c˜ao (eq2.61) encontramos a solu¸c˜ao formal
S(β) = 1−
Z β
0
H1(τ)S(τ)dτ (2.10)
Nesse ponto devemos lembrar que H0 e HI n˜ao comutam, dois operadores HI(τ) e
HI(τ′) calculados em tempos diferentes tamb´em n˜ao comutam. A exponˆencial (como
qualquer outra fun¸c˜ao)para operadores deve ser interpretada como a soma de sua s´erie, o que obriga a que o ordenamento dos produtos dos HI’s apresentem-se ordenados no
tempo.Por itera¸c˜ao obtemos a seguinte expans˜ao para a matrizS
S(β) = 1 + ∞
X
n=1
(−1)n
n!
Z β
0
dτ1· · ·
Z β
0
dτnTˆω[H1(τ1)· · ·H1(τn)] (2.11)
O operador ˆTw ´e denominado operador de ordenamento temporal, que rearranja a ordem
2.3 Teorema de Wick 25
para a direita, levando em conta tamb´em o n´umero de ...No caso da fun¸c˜ao parti¸c˜ao para o sistema em intera¸c˜ao, temos a seguinte express˜ao
Z =T re−βH = T re−βH0
S(β) (2.12)
= T re−βH0 T r
e−βH0S(β)
T r{e−βH0}
Portanto em termos de S(β) escrevemos
Z =Z0hS(β)i0 (2.13)
A dependˆencia de Z em rela¸c˜ao aS(β) implica no c´alculo da m´edia do termo
D
ˆ
Tw{HI(τ1)...HI(τn)}
E
0 (2.14)
2.3
Teorema de Wick
Este teorema ´e de fundamental importˆancia no desenvolvimento da teoria dia-gram´atica e,portanto apresentaremos com algum rigor seus principais aspectos. Pela forma do Hamiltoniano de intera¸c˜ao HI na representa¸c˜ao de segunda quantiza¸c˜ao, as
m´edias que precisam ser calculadas s˜ao m´edias deprodutos de operadores de cria¸c˜ao e destrui¸c˜ao em n´umeros iguais calculadas em tempos diversos. Para operadores de cada tipo, temos um propagador (ou fun¸c˜ao de Green) de N part´ıculas. Mas a m´edia ´e feita no sistema n˜ao interagente, ou seja, tomamos a m´ediahS(β)i0, a propaga¸c˜ao das N part´ıculas ´e feita de maneira independente, o que significa que a m´edia se desacopla em N propa-gadores de uma part´ıcula, devendo-se somar sobre todas as poss´ıveis combina¸c˜oes desses N propagadores, ou seja, todasas formas de dividir os 2N operadores originais em N pares de produtos com um operador de cria¸c˜ao e um de aniquila¸c˜ao. Este desacoplamento
pode ser demonstrado e constitui o Teorema de Wick. O desacoplamento das m´edias em produtos de fun¸c˜oes de Green de ordem zero nos imprime a necessidadede conhecˆe-las. Desde queHI contenha um n´umero par de operadores de cria¸c˜aoe aniquila¸c˜ao poderemos
expressar a m´edia DTˆw
E
como
D
ˆ
Tw(b1b2...bm)
E
0 (2.15)
onde cada bi denota algum operador ak ou a
†
k e, m ´e algum inteiro par positivo. Cada
bi est´a associado a um ´ındiceτ. O teorema de Wick permite expandir essa m´edia de
operadores em termos que s˜ao m´edias do tipoDTˆw(bibj)
E
2.4 As Fun¸c˜oes de Green 26
2.4
As Fun¸c˜
oes de Green
2.5
A Fun¸c˜
ao de Green de Ordem Zero
Vimos que ao escrever a fun¸c˜ao de Green, Gkσ, para uma part´ıcula devemos usar o
teorema de Wick para desacoplar todas as m´edias em produtos de fun¸c˜oes de Green de
ordem zero. Pela defini¸c˜ao da fun¸c˜ao de Green, temos
G0k(τ) = −DTˆwakσ(τ)a
†
kσ(0)
E
0 (2.16)
= −θ(τ)Dakσ(τ)a†kσ(τ)E
0+θ(−τ)
D
a†kσ(0)akσ(τ)E
0
A parti daqui omitiremos os ´ındices de spin, pois esta fun¸c˜ao ´e independente de spin. Escrevendo agora os operadores com separa¸c˜ao na dependˆencia temporal, temos
ak(τ) =e
−¯ǫkτa
k (2.17)
a†k(τ) =e−¯ǫkτa†
k (2.18)
Ent˜ao fazendo acima, temos
G0k = e−ǫ¯kτ
h
θ(−τ)Da†kakE
0 −θ(τ)
D
aka†kE
0
i
(2.19)
= e−ǫ¯kτ{θ(−τ)f(ǫ
k)−θ(τ) [1−f(ǫk)]}
Escrevendo tal fun¸c˜ao no espa¸co das frequˆencias, bastando para isso, tomar a sua transformada de Fourier, tem-se
G0k(ωn) =
Z β
0
dτ eiωnτG0
k(τ) =−[1−fǫk]
Z β
0
dτ e(iωn−ǫk)τ (2.20)
cujo resultado ´e
G0k(ωn) =
1 iωn−ǫk+µ
(2.21)
2.6 Representa¸c˜ao Diagram´atica 27
2.6
Representa¸c˜
ao Diagram´
atica
Na representac˜ao diagram´atica (diagramas de Feynman) a fun¸c˜ao de Green de ordem zero passa a ser representada por uma linha, figura(B.1) onde tem-se dois v´ertices internos. E as outras estruturas diagram´aticas de linhas e intera¸c˜oes de v´ertices ser˜ao representadas de acordo com a figura (), que ´e denominada de autoenergia de renormaliza¸c˜ao do sistema.
As regras para se efetuar o c´alculo das s´eries de diagramas s˜ao descritas abaixo.
(i) Para cada diagrama os ´ındices correspondentes ao momento e frequˆencia s˜ao con-servados em cada v´ertice.
(ii) A cada v´ertice assicia-se um fator β(vq), onde q´e o momento transferido.
(iii) Para cada linha cheia devemos tamb´em incluir o fator
− 1
β
1
iωm−ǫk
(2.22)
ondek eiωm s˜ao o momentum e a frequˆencia ao longo de uma linha. Tamb´em inclu´ımos
o fator adicional exp(iωmO+) se a linha ´e auto-contra´ıda.
(iv) Incluir tamb´em o fator (−1)(n+nl)/ponden´e o n´umero de v´ertices, n
l´e o n´umero
de loops fechados de f´ermions e p´e o n´umero de simetria.
2.6 Representa¸c˜ao Diagram´atica 28
2.6 Representa¸c˜ao Diagram´atica 29
2.6.1
Auto Energia Pr´
opria
A representa¸c˜ao de algumas intera¸c˜oes n˜ao pode ser separada em duas partes pela
quebra de uma linha de fun¸c˜ao de Green. A soma de tais diagramas representadas por
P
(k, iωm) ´e chamada de auto energia pr´opria. A s´erie de contribui¸c˜oes para a fun¸c˜ao
de Green de intera¸c˜ao G(k, iωm) pode ser substitu´ıda pela soma de todos os diagramas
envolvendo uma estrutura particular de v´ertice que s˜ao as auto energias pr´oprias como
na figura (). Esta soma ´e conhecida como a equa¸c˜ao de Dyson que relaciona a fun¸c˜ao de Green de intera¸c˜ao G com a fun¸c˜ao sem intera¸c˜ao G0 para alguma auto energia pr´opia
P
(k, iωm)
30
AP ˆ
ENDICE A -- Diagramas
A.1
A Fun¸c˜
ao de Green de Ordem Zero
Vimos que ao escrever a fun¸c˜ao de Green, Gkσ, para uma part´ıcula devemos usar o
31
AP ˆ
ENDICE B -- Diagramas
B.1
A Fun¸c˜
ao de Green de Ordem Zero
Vimos que ao escrever a fun¸c˜ao de Green, Gkσ, para uma part´ıcula devemos usar o
teorema de Wick para desacoplar todas as m´edias em produtos de fun¸c˜oes de Green de ordem zero. Pela defini¸c˜ao da fun¸c˜ao de Green, temos
G0
k(τ) = −
D
ˆ
Twakσ(τ)a
†
kσ(0)
E
0 (B.1)
= −θ(τ)Dakσ(τ)a†kσ(τ)E
0+θ(−τ)
D
a†kσ(0)akσ(τ)E
0
A partir daqui omitiremos os ´ındices de spin, pois esta fun¸c˜ao ´e independente de spin.
Escrevendo agora os operadores com separa¸c˜ao na dependˆencia temporal, temos
ak(τ) =e
−¯ǫkτa
k (B.2)
a†k(τ) =e−¯ǫkτa†
k (B.3)
Ent˜ao fazendo acima, temos
G0k = e−ǫ¯kτ
h
θ(−τ)Da†kakE
0 −θ(τ)
D
aka†kE
0
i
(B.4)
= e−ǫ¯kτ{θ(−τ)f(ǫ
k)−θ(τ) [1−f(ǫk)]}
Escrevendo tal fun¸c˜ao no espa¸co das frequˆencias, bastando para isso, tomar a sua transformada de Fourier, tem-se
G0k(ωn) =
Z β
0
dτ eiωnτG0
k(τ) =−[1−fǫk]
Z β
0
dτ e(iωn−ǫk)τ (B.5)
cujo resultado ´e
G0k(ωn) =
1 iωn−ǫk+µ
(B.6)
B.2 Representa¸c˜ao Diagram´atica 32
B.2
Representa¸c˜
ao Diagram´
atica
B.2 Representa¸c˜ao Diagram´atica 33
B.2 Representa¸c˜ao Diagram´atica 34
Figura B.2: Diagramas da equa¸c˜ao de Dyson para os pares E-H.
Energia nas bandas ´e dada por
ǫ(k) =
ǫc(k) =
~2k2
2mc
+ǫg−µc
ǫv(k) =−
~2k2
2mv
−µv
(B.7)
Ent˜ao, para os el´etrons e buracos na esfera de Fermi, temos
ǫe(k+q) =
~2(k+q)2
2me
+ǫg−µc =
~2
2me
(k2+q2+ 2k·q) +ǫg−µc (B.8)
ǫh(k) = −
~2k2
2mh
−µv (B.9)
A diferen¸ca de energia ∆ǫ ´e portanto igual a
∆ǫ=ǫk−ǫk+q =− ~2k2
2
me+mh
memh
− ~
2
2me
(q2+ 2k·q)−ǫg+ (µc−µv) (B.10)
que pode ser simplicada, usando m∗ como a massa reduzida ou a massa do par E −H, dando
∆ǫ=ǫk−ǫk+q=− ~2k2
2m∗ −
~2
2me
(q2 + 2k·q)−ǫg+ (µc −µv) (B.11)
O termoF0(q, iω
m) representa a cria¸c˜ao de um parE−H, ondeq´e o momentum de
transferˆencia.
Usando as regras para a constru¸c˜ao dos diagramas de Feynman, obtemos paraF0(q, iω
B.2 Representa¸c˜ao Diagram´atica 35
Figura B.3: Diagrama (bal˜ao) representativo da cria¸c˜ao de um par E-H.
a express˜ao
F0(q, iωm) =−
1 β
X
k
n0
k−n0k+q
iωm−
~2
k2
2m∗ +
~2
2me
(q2+ 2k·q) +ǫ
g−∆µ
(B.12)
A frequˆencia de excita¸c˜ao externaiωm aparece aqui, observando um p´olo no denominador
acima (iωm−∆ǫ= 0). Portanto,
ω0(k,q) = ~2k2
2m∗ +
~2
2me
(q2+ 2k·q) +ǫg−∆µ (B.13)
B.2 Representa¸c˜ao Diagram´atica 36
B.2 Representa¸c˜ao Diagram´atica 37
Para calcular a renormaliza¸c˜ao da energia do par E-H, devemos considerar a seguinte s´erie de diagramas que cont´em os efeitos plasmons
F(q, iωm) = F0(q, iωm)−F0(q, iωm)βv(q)F0(q, iωm) +. . . (B.14)
= F
0(q, iω
m)
1 +βv(q)F0(q, iω
m)
As solu¸c˜oes para as frequˆencias da s´eria acima podem ser obtidas atrav´es de seus p´olos, nesse caso obt´em-se uma nova equa¸c˜ao para a rela¸c˜ao de dispers˜ao do parE-H consideran-do-se as intera¸c˜oes. Tais excita¸c˜oes s˜ao denominadas plasmons. Os p´olos podem ser obtidos com a condi¸c˜ao
βv(q)F0(q, iωm) =−1 (B.15)
ou seja,
F0(q, iωm) =
1
v(q) (B.16)
Substituindo-se a express˜ao anterior para F0(q, iω
m), obtemos
X
k
n0
k−n0k+q
iωm+ǫk−ǫk+q
= 1
v(q) (B.17)
Neste caso, a frequˆencia de plasma Ω(0) ´e obtida de forma an´aloga ao caso de um g´as de el´etrons, que ´e dada por
Ω(0) =N e
2
ǫ0m
1/2
38
Referˆ
encias
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