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PALAVRAS-CHAVE: Dengue, Aedes Aegypti, Ações Preventivas e Corretivas.

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Academic year: 2021

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25º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

VII-056 - AVALIAÇÃO DO GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE AS AÇÕES

DO SANEAMENTO EM COMBATE À DENGUE, MEDIDAS PREVENTIVAS E

CORRETIVAS, PELOS MORADORES DA CIDADE DE FORTALEZA.

Adriano de Souza Nogueira

Químico pela Universidade Estadual do Ceará. Mestrando em Saneamento Ambiental pelo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. (DEHA/UFC).

Ana Selma de Sousa Silva

Engenheira Civil pela Universidade Federal do Ceará. Mestranda em Saneamento Ambiental pelo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. (DEHA/UFC).

Marisete Dantas de Aquino(1)

Doutora em Meio Ambiente / Recursos Hídricos. Professora Adjunta do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará.

Endereço(1): Rua Brigadeiro Vilela, 199 – Bairro Aerolândia – Fortaleza – Ceará - CEP: 60850-780 - Brasil – Tel: =55 (85) 3227-39-14 - e-mail: marisete@ufc.br

RESUMO

Desde 1981 o Brasil vem sendo acometido crescentemente por epidemias cada vez mais severas da dengue. O estado do Ceará caracterizou-se por uma forte incidência dos casos de dengue ao longo desses anos, principalmente em sua capital, Fortaleza. Essa alta infestação leva a uma forte necessidade de conhecimento sobre as suas principais características, tais como: ciclo evolutivo do vetor, os tipos de vírus, medidas preventivas e medidas de combate à doença. A primeira etapa desse trabalho visou à obtenção de dados científicos sobre a área e o assunto em estudo. Para isso, foi realizada uma análise sistemática de artigos e livros que compunham pontos de interesse da pesquisa, disponíveis em sites na Internet e nas bibliotecas da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (UECE) e da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE). Baseado nos estudos bibliográficos realizados verificou-se que os meios de comunicação utilizados, como instrumento de prevenção em massa, não atingiam os resultados esperados junto à sociedade. Visto isso, o objetivo desse trabalho foi avaliar o nível de conhecimento preventivo e corretivo da sociedade em combate à doença.

PALAVRAS-CHAVE: Dengue, Aedes Aegypti, Ações Preventivas e Corretivas.

INTRODUÇÃO

Segundo o Ministério da Saúde (2005, p.5), é importante uma identificação precoce dos casos de dengue tanto para a tomada de decisões como para implementação do controle da doença na área de vigilância epidemiológica e na prestação de assistência médica. Isso garante a redução da letalidade das formas graves e eleva o conhecimento do comportamento das dengues, sobretudo em períodos de epidemias. Nessas situações é mandatória a efetivação de um plano de contingência que contemple as necessidades de recursos humanos e financeiros e a identificação de unidades de referência.

A dengue é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus e somente transmitida quando o mosquito Aedes aegypti picar uma pessoa doente e depois picar uma pessoa sadia. A principal fonte de infecção, contudo, é o homem. Se alguém estiver doente e for picado por um mosquito, vai transmitir a doença ao inseto - e este, por sua vez, irá infectar outra pessoa. O homem é capaz de infectar o mosquito durante seis dias – um dia antes do inicio dos sintomas até cinco dias depois. O deslocamento de pessoas infectadas ou mosquitos transportados em veículos e cargas é que faz a doença se alastrar. Há quatro tipos de vírus da dengue. O responsável pela epidemia de 1986 em Nova Iguaçu foi o sorotipo 1 do vírus da dengue. Nos anos seguintes, o vírus 2 também foi detectado no país (inclusive no Ceará), causando epidemia. Em janeiro de 2001, um terceiro tipo de vírus foi isolado em Nova Iguaçu. E atualmente, a dengue do tipo 4 foi identificada apenas na Costa Rica.

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2 ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental O mosquito tem hábitos bastante conhecidos. Ele é um inseto essencialmente doméstico: a fêmea prefere depositar seus ovos em recipientes artificiais ou naturais contendo água limpa, tais como o interior de vasos de plantas, latas vazias, latas de lixo, pneus velhos, calhas de telhado, garrafas vazias, caco de vidro sobre muros, caixas d’água, poços, tambores e cisternas destampadas, bebedouros de aves e animais, piscinas em desuso, lajes de abrigo de ônibus, lajes com água empoçada, cascas de frutas (coco), lajes de construção paralisadas. Se a fêmea estiver infectada, seus ovos também estarão. Depositados a alguns milímetros acima da linha d’água, os ovos são muito resistentes: se a água secar, eles se fixam às paredes dos reservatórios, onde possam resistir, ressecados, por até 450 dias. Assim que entrarem novamente em contato com água, o ciclo evolutivo do inseto é reiniciado. As fêmeas podem depositar até 200 ovos. Quando molhados, os ovos eclodem e uns doze dias depois nascem os pernilongos. Dá a impressão de que nasceram do nada, pois os ovos são muito pequenos, como pó de café.

Somente a fêmea se alimenta de sangue, necessário para o amadurecimento de ovos. O período de desenvolvimento do mosquito varia: com o aumento da temperatura e umidade relativa do ar (chuvas), o inseto se reproduz mais rapidamente – o período habitual é de 9 – 13 dias. Isso explica o aumento de casos no verão.

O mosquito tem pequena autonomia de vôo – voa no máximo duzentos metros do criadouro. Por isso a erradicação dos criadouros interrompe a transmissão da doença. As medidas sanitárias de controle sobre o mosquito incluem a medição dos índices de infestação domiciliar. Quando apenas duas em cada 100 casas visitadas pelos agentes sanitaristas apresentam focos do mosquito, as autoridades consideram que a infestação está sobre controle. No entanto, pode haver transmissão mesmo quando os índices de infestação domiciliar sejam menores que 1%. O uso de mosquiteiro é inútil, a não ser para proteção de crianças de berço, pois a fêmea do mosquito pica durante o dia.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os tipos de dengue: o clássico e o hemorrágico

O nome dengue clássico se refere á infecção provocada na pessoa, por qualquer um dos 4 tipos de dengue. Já o dengue hemorrágico é uma síndrome, ou seja, um estado mórbido caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas.

“Na primeira vez em que uma pessoa é contaminada por qualquer dos 4 tipos de vírus, adquire a dengue clássica e nunca mais voltará a ter dengue daquele mesmo tipo de vírus. Se infectada por outro dos 3 restantes tipos de vírus, pode apresentar o quadro de dengue hemorrágica. A classificação 1, 2, 3 ou 4 não tem qualquer relação com a gravidade da doença, diz respeito à ordem da descoberta dos vírus. Cerca de 90% dos casos de dengue hemorrágica ocorrem em pessoas anteriormente contaminadas por um dos quatro tipos de vírus. Todavia, aproximadamente 10% dos pacientes apresenta esse quadro já na primeira contaminação” ( Wikipédia, 2008).

Figura 1 - Vírus da dengue em célula infectada ao Microscópio eletrônico Fonte: Wikipédia, 2008

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Os sintomas do dengue clássico são: de três a cinco dias após a picada do mosquito, a pessoa começa a ter febre, dor de cabeça (na região dos olhos, principalmente), nas juntas (dor nos ossos), prostração, vômitos, diarréia, falta de apetite e erupções na pele. Os sintomas iniciais são os mesmos, independentes do vírus ou do número de vezes em que se contraiu a doença.

Os sintomas do dengue hemorrágico são: a síndrome surge de três a cinco dias depois do aparecimento dos primeiros sintomas de dengue clássico. O doente tem uma súbita melhora e a febre desaparece, mas em questão de horas a febre volta acompanhada por suores, pele pálida, com extremidades (mãos, pés, nariz) frias, dor de garganta, pulso fraco e queda de pressão, além de dores fortes no estômago e abaixo. Nos casos mais graves, surgem sinais de insuficiência circulatória, como pele fria, pulso rápido e fraco, agitação e torpor. Dores abdominais ficam intensas e agudas e precedem o choque hemorrágico que pode levar à morte em 12 e 14 horas. O dengue hemorrágico é classificado em quatro graus pela organização Mundial de Saúde e nem sempre leva à morte. Ao contrário do que o nome sugere, no dengue hemorrágico não ocorre sangramento generalizado.

Medidas Corretivas Diagnóstico

Nem todo paciente com febre e dor muscular está com dengue. Há outras doenças que podem ser confundidas com dengue, como febre amarela, malária, leptospirose, rubéola, hepatite, meningite, pneumonia e sarampo. A infecção por dengue causa uma doença cujo espectro inclui desde formas clinicamente não aparentes até quadros graves de hemorragia e choque, podendo evoluir para o óbito. Na dengue clássica, a primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto, associada à dor de cabeça, prostração, dor muscular, dor nos ossos, dor nos olhos, febre seguida de erupções cutâneas, acompanhado ou não de prurido. Anorexia, náuseas e diarréias podem ser observadas. No final do período febril podem surgir manifestações hemorrágicas como hemorragia nasal, petéquias, gengivorragia, hemorragia do útero e outros. Em casos mais raros podem existir sangramentos maiores como vômitos de sangue, eliminação de fezes escuras ou hematória. A presença de manifestações hemorrágicas não é exclusiva da febre hemorrágica da dengue, e quadros com plaquetopenia podem ser observados, com ou sem manifestações. É importante diferenciar esses casos de dengue clássica com manifestações hemorrágicas e/ou plaquetopenia dos casos de febre hemorrágica da dengue.

Aspectos clínicos na criança

A dengue na criança, na maioria das vezes, apresenta-se como uma síndrome febril com sinais e sintomas não específicos: apatia ou sonolência, recusa da alimentação, vômitos, diarréia ou fezes amolecidas. Nos menores de dois anos de idade, os sintomas dor de cabeça, dor muscular e dor nas juntas podem manifestar-se por choro persistente, prostração e irritabilidade, geralmente com ausência de manifestação respiratória. As formas graves sobrevivem geralmente após o terceiro dia de doença, quando a febre começa a ceder. Em crianças menores de cinco anos, o início da doença pode passar despercebido e o quadro grave ser identificado com a primeira manifestação clínica. Observa-se, inclusive, a recusa de líquidos, podendo agravar seu estado clínico subitamente, diferente do adulto, no qual a piora é gradual. O exantema quando presente, é maculopapular, podendo apresentar-se sob todas as formas (pleomorfismo), com ou sem prurido, precoce ou tardiamente.

Febre hemorrágica da Dengue (FHD)

As manifestações clínicas iniciais da dengue hemorrágica são as mesmas descritas para a dengue clássica, até que ocorra a defervescência da febre, entre o terceiro e o sétimo dia, e a síndrome se instale. Evidencia-se o surgimento de manifestações hemorrágicas espontâneas ou provocadas, trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mm³) e perda de plasma.

Dengue com Complicações

É todo caso que não se enquadra nos critérios de FHD e quando a classificação de dengue clássica é insatisfatória, dado o potencial de risco. Nessa situação, a presença de um dos itens a seguir caracteriza o quadro: alterações neurológicas, disfunção cardiorespiratória, insuficiência hepática, plaquetopenia igual ou inferior a 50.000/mm³, hemorragia digestiva, derrames cavitários, leucometria global igual ou inferior a 1.000/mm³, óbito.

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4 ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Segundo o Ministério da Saúde (2005, p.7), as manifestações clínicas menos freqüentes incluem as neurológicas e psíquicas, tanto em adultos como em crianças, caracterizadas por delírio, sonolência, coma, depressão, irritabilidade, psicose maníaca, demência, amnésia e outros sinais meníngeos, paresias, paralisias (polineuropatias, síndrome de Reye, síndrome de Guillain-Barré) e encefalite. Surgem no decorrer do período febril ou mais tardiamente, na convalescença.

Atendimento ao paciente com Suspeita de dengue

A abordagem do paciente com suspeita de dengue deve seguir uma rotina mínima de anamnese e exame físico. Essas informações são necessárias para o estadiamento e o planejamento terapêutico adequados.

Caso suspeito de dengue

Um caso é dito suspeito de dengue quando o paciente apresentar doença febril aguda com duração máxima de até sete dias, acompanhada de pelo menos dois dos sintomas como dor de cabeça, dor nos olhos, dor intramuscular, dor nos ossos, prostração e eflorescência peculiar às febres eruptivas, associados ou não à presença de hemorragias. Além desses sintomas, devem ser observadas, nos últimos quinze dias, as áreas onde esteja ocorrendo a transmissão de dengue ou tenha a presença de Aedes aegypti. Todo caso suspeito deve ser notificado à Vigilância Epidemiológica.

A presença de sinais de alerta, relacionados a seguir, indica a possibilidade de gravidade do quadro clínico. Tabela 1 – Sinais de Alerta na dengue

Sinais de Alerta na Dengue a) Dor abdominal intensa e contínua

b) Vômitos persistentes c) Hipotensão postural d) Hipotensão arterial

e) Pressão diferencial < 20mmHg (PA convergente) f) Hepatomegalia dolorosa

g) Hemorragia importantes (hematêmese e/ou melena) h) Pulso rápido e fino

i) Agitação e/ou letargia j) Diminuição da diurese

k) Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia l) Aumento repentino do hematócrito

m) Desconforto respiratório

Fonte: Ministério da Saúde, 2005

Anamnese (histórico clínico)

O Ministério da Saúde recomenda que o histórico clínico deve ser o mais detalhado possível e os itens a seguir devem constar em prontuário:

i. História da doença atual a) Cronologia dos sinais e sintomas; b) Caracterização da curva febril c) Pesquisa de sinais de alerta. ii. Epidemiologia

a) Presença de casos semelhantes no local de moradia ou de trabalho; b) História de deslocamento nos últimos 15 dias.

iii. História patológica pregressa

a) Doenças crônicas associadas como hipertensão arterial, diabetes melito, DPOC, doenças hematológicas crônicas (principalmente anemia falciforme), doença renal crônica, doença severa cardiovascular, doença acidopéptica e doenças auto-imunes.

b) Uso de medicamentos.

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c) Na criança, além das doenças de base já citadas, valorizar as manifestações alérgicas (asma, dermatite atópica, etc).

Exame Físico i. Exame Físico Geral a) Ectoscopia;

b) Pressão Arterial em duas posições para adultos e crianças maiores (sentado/deitado e em pé) e pulso;

• Em crianças, usar manguito apropriado para a idade:

Tabela 2 – Referência de normalidade para pressão arterial em crianças

Fonte: Murahovschi, J.2003 c) Segmento abdominal: pesquisa de hepatomegalia, dor e ascite; d) Freqüência respiratória;

e) Neurológico: orientado pela história clínica, nível de consciência, sinais de irritação meníngea; f) Estado de hidratação;

g) Medida de peso.

Tabela 3 – Estimativa de peso

Fonte: Miagostovich, J.2003 ii. Prova do laço

a) A prova do laço deverá ser realizada obrigatoriamente em todos os casos suspeitos de dengue durante o exame físico;

b) Desenhar um quadrado de 2,5 cm de lado no antebraço da pessoa e verificar a Pressão Arterial (deitada ou sentada); calcular o valor médio (PAS + PAD), insuflar novamente o manguito até o valor médio e manter por cinco minutos (em crianças 3 minutos) ou até o aparecimento das petéquias; contar o número de petéquias no quadrado. A prova será positiva se houver mais de 20 petéquias em adultos e 10 em crianças.

c) A prova do laço é importante para a triagem do paciente suspeito de dengue, pois pode ser a única manifestação hemorrágica de casos complicados ou de FHD, podendo representar a presença de plaquetopenia ou de fragilidade capilar.

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6 ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Figura 2 – Detalhe da prova do laço

Fonte: www.google.com.br/imagens

Estadiamento e Tratamento

Os dados de anamnese e exame físico serão utilizados para estadiar os casos e para orientar as medidas terapêuticas cabíveis. É importante lembrar que a dengue é uma doença dinâmica, o que permite que o paciente evolua de um estágio a outro rapidamente. O manejo adequado dos pacientes depende do reconhecimento precoce de sinais de alerta, do contínuo monitoramento e reestadimento dos casos e da pronta reposição hídrica. Com isso, torna-se necessária a revisão de história clínica acompanhada do exame físico completo, a cada reavaliação do paciente com o devido registro em instrumentos pertinentes (prontuários, ficha de atendimento, cartão de acompanhamento). Os sinais de alerta e o agravamento do quadro costumam ocorrer na fase de remissão da febre. Não há tratamento específico para a dengue, o que o torna eminentemente sintomático ou preventivo das possíveis complicações. As drogas antivirais, o interferon alfa e a gamaglobulina, testada até o momento, não apresentaram resultados satisfatórios que subsidiem sua indicação terapêutica.

Tratamento

Não há vacina contra dengue efetivamente, pois a imunidade prévia contra um determinado sorotipo do vírus aumenta, em vez de diminuir, a possibilidade de formas graves da doença. Para a dengue clássica não há tratamento específico, além de muito repouso, ingestão de bastante líquido, analgésico (remédio para dor) e antitérmico (para febre). Os remédios não podem conter o ácido-salicílico (por exemplo AAS, Melhoral, Aspirina, etc). Deve-se evitar a ingestão desse ácido, presente em antiinflamatórios e analgésicos como a aspirina. Isso porque o ácido altera a coagulação do sangue, favorecendo o aparecimento ou a intensificação de hemorragias. Não há restrição ou contra-indicação diagnosticada para o uso de Dipirona (Novalgina) e Paracetamol (Tylenol).

Nem sempre uma segunda infecção, por outro tipo de vírus, é seguida de dengue hemorrágica. Entretanto, se houver anormalidade, deve-se levar o doente a um posto de saúde ou hospital mais próximo. Com tratamento precoce adequado, a recuperação do choque é rápida. Há casos, porém, de reincidência da doença após dois ou três dias. Na dengue hemorrágica é feito o tratamento basicamente com aplicação de soro, em alguns casos, a aplicação de plasma, e às vezes também é necessária a transfusão de sangue.

A seguir uma tabela com as principais recomendações de conduta após identificação do diagnóstico realizado.

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Figura 3 – Diagnóstico e conduta do paciente com suspeita de dengue

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Medidas Preventivas

A maneira mais eficaz de acabar com a dengue é evitar que o mosquito nasça. Pois ao se utilizar repelentes pode-se acarretar o risco de tornar o inseto imune ao veneno. A borrifação ambiental com inseticida é útil apenas no controle dos mosquitos adultos e, por isso, indicada apenas em casos de surto e epidemias. Seu efeito é paliativo, pois os mosquitos eliminados serão rapidamente substituídos por outros saídos dos criadouros. Neste caso é preciso eliminar os ovos.

As medidas a serem tomadas para a eliminação dos focos são:

a) Esvaziar bem e guardar as garrafas, latas e vidros de boca para baixo, para evitar o acúmulo de água. b) Fazer furos no fundo das vasilhas de latão, plástico ou outro material antes de jogá-los fora.

c) Limpar periodicamente calhas e tubulações por onde a água da chuva escoa.

d) Transferir plantas aquáticas para vasos de terra e plantas como bromélias e gravatás, que acumulam água em suas folhas.

e) Guardar pneus em locais protegidos da chuva. Pneus usados como balanço devem ser furados para que a água não fique acumulada.

f) Limpar periodicamente o depósito de água da parte posterior da geladeira.

g) Deixar o agente de vigilância entrar na sua casa nas visitas regulares de combate aos focos.

h) Chamar o agente da vigilância sanitária quando suspeitar de criadouros em terrenos baldios, lixo acumulado, borracharias, construções paralisadas, etc.

As medidas supracitadas referem-se a cuidados que devem ser tomados individualmente. Sob o ponto de vista institucional, são apontadas abaixo algumas dificuldades para que medidas preventivas sejam implementadas. Um dos problemas institucionais de grande dificuldade na prevenção dos focos de dengue refere-se aos terrenos baldios e as casas abandonadas, nos quais os agentes sanitaristas não têm respaldo legal para efetuar a limpeza ou exigi-la do proprietário. O mesmo ocorre em borracharias e galpões de materiais recicláveis. Os cemitérios também são locais propícios para criadouros, por meio do acúmulo de água em objetos, como jarros, pires e castiçais. Outra forma de prevenção está relacionada com o saneamento ambiental, no que concerne às políticas de abastecimento de água potável e coleta de resíduos. Sabe-se que ainda hoje, existem muitos municípios em que a rede de distribuição não abrange toda a área e sua oferta não ocorre de maneira contínua, o que obriga a população a armazenar água em depósitos que favorecem o desenvolvimento de criadouros. Com relação ao lixo doméstico os problemas

se agravam com o aumento da produção e consumo de descartáveis. Quanto às visitas da vigilância sanitária pode-se citar como dificuldade o acesso às residências, por questões de segurança e também, pelo aumento de domicílios nos quais o morador permanece ausente durante todo o dia. Os carros “fumacê” não têm apresentado resultados eficazes em decorrência de dois fatores: o primeiro relacionado ao aumento da resistência do mosquito aos inseticidas comumente utilizados, e o segundo relativo a rejeição da população à borrifação dos inseticidas pelos fumacês.

Um dos meios mais utilizados como medida preventiva é a informação propagada em massa, por meio dos veículos de comunicação, como televisão, rádio, Internet, etc. Estudos recentes revelam que a informação acerca do perigo da doença e dos cuidados a serem tomados pela população é conhecida, entretanto, a mudança de hábitos da população não tem alcançado os seus devidos efeitos.

Figura 4 – Folheto elaborado em janeiro de 2000 pelo Ministério da Saúde (frente)

As recentes expectativas de controle, diagnóstico e erradicação do vírus do dengue têm motivado pesquisas focadas no desenvolvimento de vacinas, sensores biológicos e tratamentos fitoterápicos.

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MATERIAIS E MÉTODOS

A segunda parte iniciou-se com a definição do público alvo que se desejava alcançar, dando prosseguimento com a aplicação de questionários elaborados durante a pesquisa bibliográfica realizada na primeira etapa, onde fora decidido que a parcela da população a ser questionada seria aquela com maior facilidade de acesso à informação, ou seja, aquelas pessoas que possuíam acesso à internet. Assim definido o público, foram aplicados 96 questionários, sob a recomendação de um software de cálculos estatísticos, enviando-os posteriormente, por e-mail.

A população finita diária de habitantes das áreas conurbadas de onde foi retirada a amostra para aplicação dos questionários é de aproximadamente 120.000 (cento e vinte mil) pessoas. Esta informação foi utilizada previamente para o desenvolvimento da segunda etapa da pesquisa, onde a partir de um software encontrado na internet, o Epi Info, que utiliza o método estatístico aleatório sistemático para quantificar o valor da população-amostra a ser trabalhada, conseguiu-se definir e quantificar a população-amostra na qual foram aplicados os questionários elaborados para a segunda fase. A possibilidade de se calcular a dimensão de uma amostra é muito útil se o desejo do pesquisador é partir para o estudo com alguma confiança sobre a possibilidade de, no futuro, poder extrapolar os resultados obtidos para a população. Em outras palavras, afirma-se que a dimensão da amostra está intrinsecamente ligada à precisão dos intervalos de confiança que se deseja ter quando da realização dos cálculos estatísticos. Daí, a dimensão da amostra apresentada pelo Epi Info, para aplicação dos questionários, ter sido de 96 (noventa e seis) pessoas. O método supracitado apresentou 95% de confiabilidade e 5% de erro, considerando-se o valor conservador de 50% para a freqüência e como limites para o intervalo de confiança a proporção de 50% -10%.

Após essa fase, o instrumento de trabalho foi empregado de forma a atingir o número de pessoas com acesso à internet, estipulado pelo software supracitado em seu valor amostral.

Os assuntos abordados em cada uma das questões do questionário estão descritos na tabela 1.

Tabela 4 – Categorias e Assuntos abordados no questionário

CATEGORIA ASSUNTO N° DA ÁREA (ITENS)

Características Gerais Faixa Etária, Sexo e bairro onde

mora e Escolaridade. 1 (a,b,c)

Conhecimento sobre a Dengue

Conhecimento sobre: Tipos de vírus, Criadouros, Medidas preventivas e corretivas e Meios de comunicação e etc.

2 (a, b, c e questões discursivas) Fonte: Elaboração Adriano Nogueira e Ana Selma, 2008.

Os tópicos descritos no quadro acima foram explorados de maneira simples e coesa, o que permitiu a aceitação de todos os entrevistados.

Enfim, após a coleta de dados, foram realizadas as interpretações dos resultados, configurando-se então a terceira fase da pesquisa, onde cada item do questionário foi analisado estatisticamente pelos pesquisadores, visando quantificar e compreender todas as categorias exploradas, corroborando-as para a veracidade do estudo.

RESULTADOS DA PRIMEIRA ETAPA

A caracterização dos entrevistados, em relação ao sexo, idade e nível de escolaridade, pode ser observada nas Figuras 5, 6 e 7.

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CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ENTREVISTADA QUANTO AO SEXO

Feminino 54% Masculino

46%

Feminino Masculino

Figuras 5 - Sexo do universo amostral

FAIXA ETÁRIA DA AMOSTRA ENTREVISTADA

25%

33%

13%

29%

22 - 25 anos 26 - 30 anos 31 - 35 anos 36 - 50 anos

Figura 6 - Faixa etária geral do universo amostral

Os resultados apontam que, dentre os entrevistados, a presença dos dois sexos é aproximadamente igual, conforme mostrado na Figura 5. No que diz respeito à faixa etária, verificou-se uma afluência de público das mais diversas idades. Entretanto, demonstraram possuir maior facilidade de acesso à informação ou à internet, os jovens e adultos conforme apresentado na Figura 6.

NÍVEL DE FORMAÇÃO DOS ENTREVISTADOS 4%

63% 33%

Médio completo Superior completo Superior incompleto

Figura 7 – Nivel de Formação da população-amostra.

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Baseando-se nos dados coletados, verificou-se que o grau de escolaridade do público entrevistado é predominantemente de nível superior, como se observa na Figura 7. Isto arraiga o argumento de que o acesso à internet, e-mail e outros meios de comunicação é maior para as pessoas com nível de formação superior, e que apesar desta vinculação, informação versus nível de formação, o índice de desconhecimento da real gravidade da doença causada pelo vírus da Dengue ainda é surpreendente, pois 62% dos entrevistados classificaram a Dengue apenas como uma “doença que precisa de cuidados” e somente 17% responderam que a doença é “muito grave”, conforme pode ser observado na Figura 8.

SEVERIDADE DA DOENÇA

0%

17%

21%

62%

Parecida com uma gripe/virose

Uma doença que necessita de cuidados /atenção especial Grave

Muito grave

Figura 8 – Consideração sobre o grau de severidade da doença.

Os gráficos a seguir demonstram o nível de conhecimentos dos entrevistados a cerca das medidas preventivas da doença e dos exames a serem realizados para diagnosticá-la.

MEDIDAS PREVENTIVAS

23%

21% 20%

12% 8%

8% 4%

4%

Vedar/limpar caixas dágua Não deixar água acumulada

Manter os jarros de plantas com areia Vasilhas com a boca para baixo Uso de repelente

Limpeza do quintal

Trocar água da vasilha de animais

Colocar detergente/limpar reservatório da geladeira

Figura 9 – Conhecimento acerca das medidas preventivas.

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EXAMES

64% 13%

3% 3%

17%

Exame de sangue/contagem de plaquetas/hemograma Não sabe ou não respondeu

exame do laço ultrasonografia urina

Figura 10 – Conhecimento acerca dos exames a realizar para o correto diagnóstico do paciente.

O público-alvo se mostrou bastante conhecedor dos mais variados tipos de ações preventivas, como se observa na Figura 9. Entretanto, a maior parte das pessoas questionadas acerca dos tipos de exames para identificação e diagnóstico da dengue detiveram-se aos triviais exames de sangue e contagem de plaquetas (Figura 10). Este fato caracteriza certa desinformação acerca dos indispensáveis exames para o correto diagnóstico do paciente como já visto na revisão bibliográfica deste trabalho.

CONCLUSÕES

Observou-se que as medidas de diagnóstico e de tratamento estabelecidas pelo Ministério da Saúde não são adotadas em sua totalidade no cotidiano do manejo clínico da dengue, provocando o aumento das epidemias e o agravamento clínico dessa doença.

O fato dos sintomas da dengue se assemelharem aos das gripes, resfriados e viroses, reduz os cuidados com o tratamento e a procura aos hospitais se dá apenas com o agravamento do estado clínico, sendo observado um crescente número de óbitos por dengue hemorrágica.

À medida que a população evita o acúmulo de água parada em reservatórios domésticos, o mosquito, por sua vez, busca novos locais cada vez mais improváveis para acomodação de seus ovos, por exemplo, a presença de larvas em águas acumuladas em troncos de árvores. A dificuldade de encontrar água limpa e parada também tem forçado o mosquito a buscar outras fontes de água, como por exemplo, as águas sujas.

Os meios de comunicações, principalmente a televisão que possui forte influência, não tem logrado êxito na mudança dos hábitos da sociedade em decorrência de vários fatores. Entre eles: comunidades com abastecimento de água precário irão, ainda que sabendo do apelo, acumular água em depósitos ou pequenos reservatórios. Outro fato, a deficiência na linguagem que não atinge determinados grupos sociais.

Segundo a Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (2004), outro ponto negativo das campanhas contra a dengue que pode ser apontado ao se analisar os materiais impressos, é a limitação de informações sobre a dengue clássica e seus sintomas, e a inexistência de qualquer esclarecimento sobre dengue hemorrágica - quadro grave da doença, apesar de terem ocorrido vários casos desse tipo em 1991.

Conforme descrito anteriormente, se as unidades de saúde seguissem rigorosamente o protocolo emitido pelo Ministério da Saúde, muitos óbitos por dengue poderiam ter sido evitados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ARTIGOS DE OPINIÃO. Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822004000400011. Acessado em: 21/05/2008.

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Referências

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