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Palavras-chave: Língua espanhola. Equivalência de estímulos. Software educativo.

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Academic year: 2021

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ENSINO DO VERBO SER EM LÍNGUA ESPANHOLA COM USO DE SOFTWARE Rosana Valiñas Llausas1

Melania Moroz2 Eixo: Pesquisa Leitura, Escrita e Educação – Comunicação Oral Resumo

No Brasil, o ensino do espanhol é obrigatório. Com base na Análise do Comportamento, o objetivo do presente trabalho foi ensinar leitura e escrita do verbo ser em espanhol, no presente do modo indicativo. Participaram seis alunos que frequentavam o Ensino Médio de uma escola pública e realizavam o curso técnico de uma escola particular. O procedimento, com uso software, foi dividido em três etapas: 1) Avaliação do conhecimento prévio sobre o verbo ser (pré-teste). 2) Ensino de relações entre o verbo ditado, o verbo impresso e a figura representativa do verbo; os participantes foram ensinados a relacionar o verbo ditado com a imagem e depois com a palavra impressa, além da escrita do verbo, a partir de letras. 3) Após o ensino, foram testadas as relações entre figura e palavra impressa e vice-versa, e também a oralização do verbo a partir da figura, a leitura em espanhol do verbo, a tradução oral para o português (do verbo ditado e escrito em espanhol), e a escrita manuscrita a partir do ditado em espanhol. Os resultados indicaram que o procedimento de ensino foi eficaz, pois os seis participantes melhoraram o desempenho em todos os aspectos avaliados (leitura, escrita, tradução, entre outros), tendo atingido o, ou se aproximado do nível de desempenho desejado (obter 80% de acertos, no mínimo) na quase totalidade dos aspectos avaliados.

Palavras-chave: Língua espanhola. Equivalência de estímulos. Software educativo.

1 Doutora em Psicologia da Educação

2 Professora de Língua Espanhola

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ENSINO DO VERBO SER EM LÍNGUA ESPANHOLA COM USO DE SOFTWARE

No Brasil há um crescente número de escolas ensinando línguas estrangeiras, entre elas o espanhol, no Ensino Fundamental e Médio da rede particular e pública de ensino. A obrigatoriedade do ensino do espanhol foi formalizada pela Lei 11.161, promulgada em 2005.

Tendo em vista que é recente a implantação do ensino de espanhol, ainda não há conhecimento suficiente sobre como está sendo ministrado tal ensino, quais os resultados obtidos e quais os melhores métodos de ensino. Nesse contexto, torna-se importante desenvolver estudos que tenham como foco o ensino de língua espanhola, a fim de se produzir conhecimentos científicos que possam embasar as decisões tomadas pelo professor. Considera-se que a Análise do Comportamento, tendo por base o modelo de equivalência de estímulos (SIDMAN e TAILBY, 2006), pode contribuir com sugestões valiosas. Tal base teórico-metodológica vem dando suporte à elaboração de propostas promissoras em diferentes áreas, como em Língua Portuguesa, no ensino de leitura e escrita; em Matemática, no ensino de números e de frações, por exemplo; em Artes, na leitura de imagens; em Música, no ensino de notas musicais, entre outros. No presente trabalho, coloca-se em foco a aquisição do verbo ser no presente do modo indicativo, com o pronome pessoal correspondente, em língua espanhola por alunos brasileiros do Ensino Médio.

A questão que norteou este estudo foi: Quais os efeitos de um procedimento de ensino com base no modelo de equivalência de estímulos, no aprendizado da conjugação do verbo ser no presente do indicativo?

Para ensinar a conjugação do verbo ser em espanhol, teve-se como unidade de ensino o pronome pessoal acoplado ao verbo, nas diferentes pessoas do presente do indicativo. Trabalhou-se com: yo soy, tú eres, él es, ella es, usted es, nosotros somos, nosotras somos, vosotros sois, vosotras sois, ellos son, ellas son, ustedes son. Assim, sempre que se faz referência ao verbo, engloba-se a conjugação do verbo (o pronome + verbo). Após o ensino, os participantes deveriam ser capazes de: oralizar a conjugação do verbo ser correspondente à figura; ler em espanhol a conjugação impressa do verbo ser;

traduzir para o português o verbo ser ditado e impresso em espanhol; escrever de forma manuscrita, o verbo ser ditado; selecionar o verbo ser impresso diante de seu ditado.

Método

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Participaram deste estudo seis estudantes do 3º ano do Ensino Médio, que frequentavam uma escola da rede pública da Zona Leste de São Paulo, e que faziam um curso técnico em uma escola da rede particular.

Os pronomes e verbo utilizados basearam-se na variante espanhola. Os conjuntos de verbos, sonoros e visuais, apresentados a seguir, foram inseridos no software MestreLibras (ELIAS e GOYOS, 2010) e utilizados durante o procedimento de ensino e teste das relações emergentes. Foram utilizados: verbo ser ditado pelo computador, estímulo visual/figura, verbo ser impresso.

Tendo como referência o diagrama de Stromer, Mackay e Stoddard (1992), utilizaram-se as letras em parênteses para se referir a: verbo ditado (A), a figura representativa do verbo (B) verbo escrito (C), oralização do verbo (D), escrita do verbo escolhendo letras (E) e de forma manuscrita (F) e tradução do verbo para o português (T).

O repertório de Língua Espanhola foi avaliado antes do ensino (Pré-teste) por meio da: tradução para o português do verbo ser impresso (CT); leitura do verbo ser impresso (CD); tradução para o português do verbo ser ditado (AT); nomeação da figura (BD); escrita manuscrita do verbo ser (AF); escrita do verbo ser a partir da figura, com escolha das letras (BE); escolha do verbo ser impresso a partir do verbo ditado (AC); seleção da figura a partir do verbo ser ditado (AB); seleção do verbo ser impresso a partir da figura (BC); seleção da figura a partir do verbo ser impresso (CB). A avaliação foi individual, na sala de informática e teve duração máxima de 40 minutos, por sessão.

Após a avaliação prévia, os participantes foram ensinados a relacionar o verbo ditado em espanhol tanto com a figura correspondente (AB), quanto com a sua forma impressa (AC) e a escrever o verbo ser, selecionando cada uma de suas letras, a partir do ditado (AE). Em outras palavras, foram ensinadas as relações AB, AC, AE. Durante o ensino os participantes trabalharam em espaço coletivo, ainda que cada um trabalhasse em ritmo próprio em um computador.

Imediatamente após cada Fase de ensino avaliou-se se o participante era capaz de selecionar a figura quando apresentado o verbo ser impresso (CB) e vice-versa (BC), relações não ensinadas. Finalizada a última fase do ensino, avaliou-se se o participante era capaz de apresentar os demais comportamentos não ensinados, quais sejam: traduzir oralmente o verbo impresso (CT) e o verbo ditado (AT); ler o verbo impresso (CD); oralizar o verbo correspondente à figura (BD); e escrever de forma manuscrita o verbo ser ditado (AF).

Resultados

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A Figura X apresenta o desempenho do grupo de participantes na Avaliação do Repertório Inicial, Emergência e Avaliação do Repertório Final.

Figura 1. Porcentagem média de acertos do grupo em cada relação, na Avaliação do Repertório Inicial, Emergência e Avaliação do Repertório Final.

A partir da Figura 1 observa-se que em todas as relações testadas, houve mudança positiva no desempenho do grupo. Evidencia-se que as médias mais altas de acertos do grupo, antes do ensino, foram obtidas, em respostas de seleção, na tradução do verbo impresso e na leitura do verbo tendo a média ficado entre 61% e 75% de acertos.

Após o ensino, a pior média de desempenho de grupo ocorreu na nomeação da figura com 79% de acertos; nos demais repertórios avaliados, a porcentagem média de desempenho do grupo ficou entre 88% e 100% de acertos, destacando-se a diferença marcante evidenciada na tradução, na escrita manuscrita a partir do verbo ditado e na nomeação oral da figura.

A Tabela 1 apresenta o número total de erros e de tentativas sem respostas na Avaliação do Repertório Inicial e na Avaliação do Repertório Final, para cada pessoa da conjugação do verbo ser. Não foram computadas as tentativas ensinadas.

Tabela 1. Número total de erros e ausência de resposta, para cada pessoa do verbo, na Avaliação de Repertório Prévio e Avaliação do Repertório Final para cada pessoa do verbo3.

3 Contou-se como uma unidade o erro ou ausência de resposta que ocorreu no pronome ou no verbo ou em ambos. Os erros cometidos nas relações ensinadas não foram considerados.

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Observa-se que durante a Avaliação do Repertório Inicial os participantes apresentaram um grande número de erros (211) e também um grande número de tentativas sem respostas (109), totalizando 320, número muito superior ao apresentado na Avaliação do Repertório Final (31 erros, 8 tentativas sem respostas, totalizando 39). A conjugação do verbo que gerou maior dificuldade aos participantes antes do ensino foi a formal (usted es e ustedes son) e a 2ª pessoa do plural (vosotros sois), dificuldade superada após o procedimento de ensino.

Na Avaliação do Repertório Final, há a redução evidente no número total de erros; no Pós-Teste, os erros concentraram-se na nomeação da figura e na escrita manuscrita do verbo ditado. No caso da nomeação, levanta-se como hipótese o fato do participante ainda não ter ficado sobre controle da posição do balão, que é o indicativo de quem está falando, fato que poderia te ocasionado o erro.

A seguir apresenta-se o tempo, em minutos, gasto por participante a etapa de ensino do Estudo.

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Figura 2. Tempo em minutos, despendido, por participante, para realizar o Ensino4.

O Ensino deste Estudo foi dividido em três Fases, sendo que em cada uma foram ensinados a relacionar a figura com o verbo ditado, a palavra impressa com o verbo ditado e selecionar cada uma das letras que compunha o verbo ser. Os valores foram calculados, a partir do indicado no relatório do software, somando-se o tempo, em minutos, utilizado para realizar as tentativas de cada relação ensinada e as refacções, quando ocorreram.

Observa-se que o tempo gasto para realizar as três Fases de ensino variou entre 37 minutos e 52 minutos, ou seja, foi utilizada menos de uma hora para completar as três Fases de ensino do Estudo. A relação em que os participantes demoraram mais tempo para atingir o critério estabelecido foi a construção do verbo selecionando cada uma de suas letras, correspondente ao ditado enquanto as relações que exigiam respostas de seleção foram as que demoraram menos tempo.

Discussão

A avaliação do repertório prévio permitiu verificar que, das dez relações testadas, apenas na relação verbo impresso-figura e na tradução do verbo impresso, o nível de desempenho do grupo de participantes se aproximou ao desejado.

No teste das relações verbo impresso-imagem e vice-versa, realizado imediatamente após cada fase de ensino, verificou-se que o desempenho atingiu o nível máximo (100% de acertos), portanto não houve necessidade de refazer as tentativas de ensino. Na avaliação das demais os resultados indicaram que o procedimento de ensino foi eficaz, pois os participantes não só melhoraram o desempenho em todas as relações avaliadas, mas

4 Não foi considerado o tempo utilizado para os testes.

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também apresentaram o nível de desempenho desejado (≥ a 80% de acertos) ou dele se aproximaram na quase totalidade das relações testadas.

Assim, conclui-se que o procedimento de ensino com base no modelo de equivalência de estímulos foi eficaz no ensino do verbo ser, em espanhol, indicando a viabilidade de sua aplicação para o contexto escolar, conforme destacado por Strommer, Mackay e Stoddard (1992). Como visto, a partir do ensino de três relações, verificou-se a emergência de outras não ensinadas, conforme preconizado pelo modelo proposto por Sidman e Tailby (2006). Os resultados finais, evidenciando mudanças positivas, mesmo que em diferentes níveis para cada um dos participantes, e o fato de que a partir do ensino de três relações (figura com o verbo ditado, palavra impressa com o verbo ditado e selecionar cada uma das letras formando o verbo) emergiram relações não ensinadas (relacionar o verbo impresso com a figura, a figura com o verbo impresso, a tradução do verbo impresso, a tradução do verbo ditado, leitura, nomeação e escrita manuscrita do verbo ditado), permitem afirmar que o som, a figura e o verbo ser impresso tornaram-se classes de estímulos equivalentes.

No que se refere aos erros cometidos, verificou-se que a conjugação do verbo na 3ª pessoa formal (usted es e ustedes son) e nas 1ª e 2ª pessoas do plural (vosotros sois e nosotros somos) apresentou, no Pré-Teste, elevado número de erros e de ausência de resposta. Tal resultado provavelmente se deve ao fato de não possuírem correspondente em língua portuguesa.

Também verificou-se que frente à relação de nomeação a partir da figura, os desempenhos foram piores; após o ensino, houve participantes que não atingiram o patamar desejado. É possível que tal resultado tenha ocorrido porque o participante deveria compreender a figura (a qual pessoa do verbo representava) a partir de elementos sutis nos estímulos (por exemplo, o dedo apontando para duas pessoas, no caso de eles ou elas; o balão indicando que alguém se dirigia a outrem, etc.).

Ainda, na leitura e na nomeação da figura solicitava-se do participante a pronúncia correta em língua espanhola, porém observou-se que a primeira apresentou patamares mais elevados tanto no Pré-Teste quanto no Pós-Teste; há, pois, indício de que a dificuldade não se encontrava na pronúncia em sí, mas no modelo, que no primeiro foi escrito, fornecendo dicas, uma vez que se aproxima da língua portuguesa, o que já não ocorria no segundo, que exigia a compreensão auditiva.

Esse é outro aspecto a considerar - a importância de se desenvolver a discriminação auditiva, no ensino de línguas. No trabalho de Shimamune e Smith (1995), os autores afirmam que discriminação auditiva é repertório mais difícil do que outros. No presente

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trabalho, verificou-se que a tradução e a escrita manuscrita, que tinham como modelo um estímulo auditivo, resultou em menores índices de acerto, do que a tradução a partir do estímulo impresso, mesmo para participantes que apresentavam bom desempenho na leitura. Além de indicar que o fato de ler com pronúncia adequada não garante uma adequada compreensão auditiva, os resultados mostram que, antes do ensino, os participantes não discriminavam a sonorização da língua espanhola. Uma vez que passaram a fazê-lo após o ensino, pode-se concluir que a escolha do estímulo sonoro como nódulo das relações ensinadas, favoreceu a discriminação auditiva, impactando positivamente no desempenho da tradução e da escrita manuscrita a partir do estímulo-modelo auditivo.

Merece destaque o fato de que o tempo gasto no ensino não ultrapassou 52 minutos (menos de uma hora de ensino), com o qual foi possível adquirir o repertório de selecionar figuras a partir da palavra impressa em espanhol e vice versa, nomear figuras, ler verbos em espanhol, traduzir para o português o verbo ser ditado e impresso em espanhol e escrever de modo manuscrito verbo ditado em espanhol.

Esse repertório foi adquirido ou aperfeiçoado, respeitando-se o ritmo do participante, mesmo tendo o ensino ocorrido em contexto coletivo. Como já descrito, os seis participantes foram alocados, cada qual em um computador, em uma mesma sala; eles realizavam as respectivas atividades, previamente inseridas no computador pela pesquisadora, segundo o próprio ritmo. Assim, tendo por base o modelo de equivalência de estímulos, foi possível aplicar, em contexto coletivo, procedimentos de ensino de verbos em uma segunda língua, no caso a espanhola, produzindo-se efeitos positivos, e em tempo reduzido, na aquisição e aperfeiçoamento dessa língua.

Referências Bibliográficas:

BRASIL. LEI Nº 11.161, de 5 de Agosto de 2005. Dispõe sobre o ensino de Língua Espanhola. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 08 ago. 2005.

Recuperado em 21 de Fevereiro de 2012, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2005/Lei/L11161.htm.

ELIAS, N. C.; GOYOS, C. MestreLibras no Ensino de Sinais: tarefas informatizadas de escolha de acordo com o modelo e equivalência de estímulos. In: MENDES, E. G.;

ALMEIDA, M. A. (org.). Das margens ao centro: perspectivas para as políticas e práticas educacionais no contexto da educação especial inclusiva. Araraquara:

Junqueira & Marin, 2010. p.223-234.

SHIMAMUNE, S.; SMITH, S. The relationship between pronunciation and listening discrimination when Japanese natives are learning English. Journal of applied behavior anlysis, n.28, p.577-587, 1995.

SIDMAN, M.; TAILBY, W. Discriminação condicional vs emparelhamento com o modelo uma expansão do paradigma de teste. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, v.2, n.1, p.115-139, 2006.

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STROMER, R.; MACKAY, H. A.; STODDARD, L. T. Classroom applications of stimulus equivalence technology. Journal of Behavioral Education, n.23, p. 225-256, 1992.

Referências

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