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NÍVEIS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA E GERENCIAMENTO DE RESULTADO

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¹ Graduando em Ciências Contábeis pela Faculdade de Pará de Minas – FAPAM. Email: rafaellscarvalho@hotmail.com

Rafael da Silva Carvalho¹

RESUMO

O artigo objetiva avaliar qual a probabilidade da empresa que prática gerenciamento de resultado pertencer aos níveis diferenciados de Governança Corporativa, no período de 1996 a 2013. Após uma revisão na literatura dos aspectos conceituais sobre accruals, qua-lidade da informação, gerenciamento de resultados e sua relação com os níveis de Gover-nança Corporativa da BM&FBOVESPA promovem-se uma pesquisa por meio da aplica-ção do modelo desenvolvido por Jones Modificado (1995) visando identificar accruals discricionários nos níveis diferenciados de Governança Corporativa. A pesquisa caracteri-zou-se como estudo descritivo e documental com abordagem quantitativa, utilizando o modelo de escolha qualitativa. Também foram executados análises de regressão logística binominal para avaliar a probabilidade das empresas apresentarem ou não gerenciamento de resultados. Conclui-se que empresas que praticam gerenciamento possuem uma proba-bilidade menor de elas estarem dentre os níveis diferenciados de Governança Corporativa.

Palavras – chave: gerenciamento de resultados, níveis de Governança Corporativa,

accru-als discricionários.

ABSTRAT

The paper aims to assess how likely the company that practical result of management be-long to different levels of Corporate Governance, from 1996 to 2013. After a literature review of the conceptual aspects of accruals, quality of information, consequence man-agement and its relationship with the levels of Corporate Governance of BM & FBOVES-PA promote to a survey by applying the model developed by Jones Modified (1995) to identify discretionary accruals in differentiated levels of Corporate Governance. The re-search was characterized as descriptive and documental study with a quantitative approach using qualitative choice model. Also they were executed binomial logistic regression anal-ysis to assess the likelihood of companies present or not management results. We conclude that companies that practice management have a lower likelihood of them being among the different levels of Corporate Governance.

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1 INTRODUÇÃO

Um dos pontos mais importantes da contabilidade para os diversos usuários da in-formação contábil é o resultado da companhia, onde através dele avalia-se o desempenho da empresa. Segundo Rossetti (2008) são pessoas, grupos ou instituições com interesses legítimos em jogo nas empresas e que afetam ou são afetados pelas diretrizes de negócios e de gestão, pelas ações praticadas e pelos resultados. Dessa forma entende-se que os envol-vidos não são apenas os acionistas (shareholders), mas também fornecedores, instituições financeiras, governo e outros.

Diante desse fato, surgem debates sobre práticas de Governança Corporativa e seus níveis diferenciados (Bovespa Mais, Bovespa Mais Nível 2, Novo Mercado, Nível 1, Nível 2) criadas pela BM&FBOVESPA, com intuito de aumentar a confiabilidade elevando as-sim a valorização das ações, outros ativos e resultados da companhia (ERFURTH e BE-ZERRA, 2013). Martinez e Ramos (2006) definem que a adoção de práticas de Governan-ça Corporativa é apontada como uma condição essencial para o desenvolvimento do mer-cado de capitais.

Mas para Leal (2004) tal verificação pode ser moldada de forma específica, como por exemplo, mediante a análise de característica do conselho de administração, comitês de auditoria e prática de transparência, ou de maneira abrangente por meio de uso de índices amplos de Governança Corporativa.

Fields, Lys e Vicente (2001) defendem que demonstrações financeiras são elabora-das por administradores que apresentam maior conhecimento sobre o desempenho da em-presa e, portanto, tais agentes podem fazer perder o interesse de investidores ou de outras partes relacionadas.

Segundo Martinez (2001) os níveis de Governança Corporativa são meios alternati-vos que podem minimizar a prática de gerenciamento de resultados que é qualificado como escolhas discricionárias pelo gestor da empresa. Portando, o gestor faz escolhas em razão de algum objetivo específico que o levam a informar um resultado distinto daquele oriundo pela realidade das operações.

A relação entre práticas de Governança Corporativa e indícios de gerenciamento de resultados tem atraído atenção para o desenvolvimento de inúmeras pesquisas que buscam demonstrar que a adoção de métodos de governança diminui a tendência de a empresa se envolver em gerenciamento de resultados. Portanto, num ambiente em que há “manipula-ções” de resultados na contabilidade, considerasse que existe uma redução na qualidade da informação.

De acordo com Paulo (2007) o conceito da informação contábil é complexo e de-pende do objetivo de cada usuário, uma vez que poderão ser vários os motivos que levam os gestores a alterar os resultados.

Com base nesse contexto, elaborou-se a seguinte pergunta de pesquisa: Há diferen-ciação de práticas de gerenciamento de resultado entre empresas listadas nos níveis dife-renciados de Governança Corporativa e empresas listadas no mercado tradicional?

Desse modo, a pesquisa tem como objetivo, avaliar qual a probabilidade da empre-sa que prática gerenciamento de resultado, pertencer aos níveis diferenciados de Gover-nança Corporativa.

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da regressão logística binominal, se empresas em níveis diferenciados de governança cor-porativa, apresentam melhores qualidades na informação contábil.

Desta maneira, pode se afirmar que, empresas classificadas nos níveis diferenciados de Governança Corporativa listada pela BM&FBOVESPA praticam menos gerenciamento de resultado.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 GOVERNANÇA CORPORATIVA

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC (2013) a discus-são sobre a criação de regras para proteção dos acionistas teve inicio nos Estados Unidos nos anos 90, após os graves escândalos contábeis da década anterior, envolvendo diferentes e importantes empresas. Também comenta que a concepção conceitual de Governança Corporativa foi com a finalidade de combater o conflito de agencia.

Jensen e Meekling (1976) esse conflito existe, pois tanto os acionistas quanto os gestores tendem a ser maximiza dores das próprias utilidades, o que faz com que os gesto-res não trabalhem com pensamento alinhado com o integesto-resse dos acionistas, gesto-resultando em um conflito de agências, para minimizar esse conflito, incorre-se em custos. Esses custos de agência, segundo os autores é a soma de despesas de monitoramento pelo acionista com a concessão de garantias contratuais pelos gestores.

Os conflitos de agência não são exclusividade de organizações empresárias ou ain-da restritas ao ambiente interno ain-das empresas. Exemplos representativos de conflito de agência são materializados quando da divergência de interesses entre acionistas controla-dores, diretoria executiva, acionistas majoritários e minoritários. No Brasil, onde a propri-edade das empresas concentra-se em acionistas majoritários que comumente acumulam responsabilidades na direção executiva, são mais recorrentes os conflitos de agência entre controladores e acionistas minoritários (SILVA, 2009).

Para Shleifer e Vishny (1997), a Governança Corporativa trata de mecanismos que os financiadores de recursos possuem para garantir o retorno dos investimentos realizados. Gillan e Starks (1998), ela pode ser definida como o sistema de leis regras e fatores que conduzem as operações em uma companhia. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (2008) é o conjunto de práticas que tem por finalidade aperfeiçoar o desempenho de uma empresa ao proteger todas as partes interessadas tais como: investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital.

De acordo com a Organization for Economic Co-operation and Development (Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento, 1999) os princípios de Governança Corporativa devem:

Promover mercados transparentes e eficientes em conformidade com as leis; Proteger e facilitar o exercício dos direitos dos acionistas;

Assegurar tratamento equitativo de todos os acionistas, incluindo acionistas minoritários e estrangeiros;

Proteger o direito de outras partes interessadas;

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Assegurar um acompanhamento e fiscalização eficaz de gestão pelo conse-lho de administração.

A BM&FBOVESPA contribui para a aplicabilidade da Governança Corpo-rativa no Brasil, criando como afirma o IBGC, os segmentos especiais de listagem destina-dos a empresas com padrões diferenciadestina-dos de Governança Corporativa. Foram criadestina-dos os segmentos como Bovespa Mais, Bovespa Mais Nível 2, Novo Mercado, Nível 2 e Nível 1, conforme tabela 1.

Todos os segmentos prezam por rígidas regras de governança corporativa. Essas re-gras vão além das obrigações que as companhias têm perante a Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.As.) e têm como objetivo melhorar a avaliação das companhias que deci-dem aderir, voluntariamente, a um desses níveis de listagem.

Segundo Aguiar, Corrar e Baristella (2004), através dessa classificação busca dar maior transparência ao mercado como forma de atrair mais investidores e, em conseqüên-cia disso, aumentar o volume de negoconseqüên-ciações da bolsa brasileira. Já de acordo com Silva (2006), as regras da BM&FBOVESPA para listagem das companhias nos níveis diferenci-ados de Governança Corporativa tiveram como objetivo fornecer um ambiente de negocia-ção de ações que promovesse o interesse dos investidores e a valorizanegocia-ção das companhias.

2.2 QUALIDADE DA INFORMAÇÃO

Bushman e Smith (2003), a informação contábil confiável facilita o monitoramento por parte do acionista, permite aos conselheiros avaliar o desempenho dos executivos e possibilita a criação de um conjunto de incentivos visando ao alinhamento de interesses entre executivos e investidores.

Nessa mesma linha de interpretação, Beaver (1998) fala que a informação financei-ra possui dois papéis informacionais: facilitar a seleção de investimentos e o alinhamento de interesses entre executivos e investidores. Sloan (2001) explica que a contabilidade pro-porciona aos investidores uma fonte de informações primária e independente acerca do desempenho dos executivos.

Lopes e Martins (2005) afirmam que o mecanismo de governança mais elementar é a própria informação contábil. Se o resultado contábil é uma medida do desempenho da administração no manuseio dos recursos confiados ao seu zelo e uso. Costa, Magrinni e Lisboa (2000) fala que a contabilidade só faz sentido num ambiente em que exista assime-tria informacional e contratos incompletos, ou seja, num ambiente em que se faça necessá-rio instaurar mecanismos de Governança Corporativa. Sem a necessidade de governança, não existiria contabilidade.

Dechow e Schrand (2004) definem que a qualidade dos lucros é contextual e tem diferentes significados para os diversos usuários das demonstrações financeiras. Paulo (2007) ainda descreve que o conceito de qualidade de informação contábil é complexo e depende do objetivo de cada usuário, uma vez que poderão ser vários os motivos que le-vam os gestores a alterar os resultados.

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TABELA 1 - Níveis de Governança Corporativa

BOVESPA MAIS BOVESPA MAIS NÍVEL 2 NOVO MERCADO NÍVEL 2 NÍVEL 1

Características das Ações Emitidas

Permite a existência somente de ações ON

Permite a existência de ações ON e PN

Permite a existência somente de ações ON

Permite a existência de ações ON e PN (com direitos

adicio-nais)

Permite a existência de ações ON e PN (conforme legislação) Percentual Mínimo de

Ações em Circulação (free float)

25% de free float até o 7º ano de listagem No mínimo 25% de free float

Distribuições públicas de

ações Não há regra Esforços de dispersão acionária

Vedação a disposições

estatutárias Quórum qualificado e "cláusulas pétreas"

Limitação de voto inferior a 5% do capital, quórum qualificado e

"cláusulas pétreas” Não há regra

Composição do Conselho de Administração

Mínimo de 3 membros (conforme legislação), com mandato unifica-do de até 2 anos

Mínimo de 5 membros, dos quais pelo menos 20% devem ser independentes com mandato unificado de até 2 anos

Mínimo de 3 membros (con-forme legislação), com mandato

unificado de até 2 anos Vedação à acumulação de

cargos Não há regra

Presidente do conselho e diretor presidente ou principal executivo pela mesma pessoa (carência de 3 anos a partir da adesão)

Obrigação do Conselho de

Administração Não há regra

Manifestação sobre qualquer oferta pública de aquisição de ações

da companhia Não há regra

Demonstrações Financeiras Conforme legislação Traduzidas para o inglês Conforme legislação

Reunião pública anual Facultativa Obrigatória

Calendário de eventos

corporativos Obrigatório

Divulgação adicional de

informações Política de negociação de valores mobiliários Política de negociação de valores mobiliários e código de conduta

Concessão de Tag Along 100% para ações ON 100% para ações ON e PN 100% para ações ON 100% para ações ON e PN 80% para ações ON (conforme legislação) Oferta pública de aquisição

de ações no mínimo pelo valor econômico

Obrigatoriedade em caso de cancelamento de registro ou saída do segmento, exceto se houver migração para Novo

Mercado

Obrigatoriedade em caso de cancelamento de registro ou saída

do segmento, exceto se houver migração para Novo Mercado ou

Nível 2

Obrigatoriedade em caso de cancelamento de registro ou saída do

segmento Conforme legislação

Adesão à Câmara de

Arbi-tragem do Mercado Obrigatório Facultativo

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2.3 GERENCIAMENTO DE RESULTADOS

No Brasil e no exterior o tema Gerenciamento de Resultados é amplamente discuti-do e há extensa literatura que investiga as suas conseqüências sobre o mercadiscuti-do de capitais (HEALY e WAHLEN, 1999)

Martinez (2001) declara que, em termos simples, a relação entre acionistas e gesto-res pgesto-resume que o gestor realizará algo pelo acionista, recebendo em contrapgesto-restação uma compensação. Nessa relação, o acionista utiliza como instrumento de controle as auditorias independentes e a governança corporativa com o propósito de atestar a fidedignidade das demonstrações contábeis. Esses meios servem para as partes contratantes verifiquem e mo-nitorarem a execução dos objetivos contratuais. Esses dois instrumentos de monitoração validam e preservam as relações contratuais, constituindo-se como um fator inibidor do gerenciamento de resultados.

Segundo Healy e Wahlen (1999) diz que gerenciamento de resultados ocorre quan-do gestores usam o julgamento em relatórios financeiros e estrutura de transações para alterar o reporte de informações com o objetivo de induzir ao erro as partes interessadas no negócio sobre o desempenho subjacente da companhia ou para influenciar resultados con-tratuais que dependem de números produzidos pela contabilidade.

Para Schipper (1989) é uma ação proposital nas demonstrações contábeis, com o objetivo de obter algum benefício em particular, ou seja, refere-se a uma ação que visa prioritariamente à intenção dos executivos e não a transparência da informação.

Healy e Wahlen (1999) dizem que o gerenciamento acontece quando os gestores u-tilizam de objetivos próprios na elaboração dos relatórios financeiros com a intenção de alterá-los sem despertar a atenção de stakeholders, para o desempenho econômico finan-ceiro da empresa.

O gerenciamento de resultados consiste na prática de escolhas contábeis que o ges-tor realiza para atender seus objetivos pessoais em vez dos objetivos da organização. Em-bora nem todas as escolhas contábeis envolvam o gerenciamento de resultados, as razões que levam os gestores às escolhas contábeis, que visem atingir os seus objetivos, são con-vergentes com a idéia de gerenciamento de resultados (FIELDS; LYS; VICENT, 2001). Entretanto, indícios de gerenciamento de resultados podem ser efeitos de escolhas contá-beis feitas por gestores, as quais podem ser influenciadas por um conjunto de motivações ou por mecanismos de controle e gestão.

Goulart (2007) comenta que empresas com práticas agressivas de gerenciamento de resultados apresentam maior probabilidade de não terem comitês de auditoria nem conse-lho fiscal, além de o conseconse-lho de administração ser dominado por pessoas ligadas a empre-sa, possuírem um presidente que é o fundador da empresa e o fato de existir boas chances de esse ocupar cumulativamente, o cargo de presidente do conselho.

Healy e Wahlen (1999) argumentam que já a partir da definição de gerenciamento de resultados é possível estabelecer algumas discussões, a destacar dois pontos específicos:

Formas de praticar o gerenciamento de resultados: gestores podem exercer o julgamento de várias maneiras para influenciar os resultados contábeis tais como estimati-va de resultados futuros da companhia, diferimento de impostos, estimatiestimati-vas de perdas com crédito de liquidação duvidosa e impairments loss (perda de imparidade) de ativos;

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De acordo com Martinez (2001), gerenciamento de resultado é qualificado como escolhas discricionárias pelo gestor da empresa. Portanto, o gestor faz escolhas em razão de algum objetivo específico que o levam a informar um resultado distinto daquele oriundo pela realidade das operações.

Dechow (1994) diz que os gestores das empresas geralmente têm poder de decisão para reconhecimento dos accruals. Eles utilizam uma margem de discricionariedade sobre esses accruals para gerenciar os lucros, a fim de sinalizar um melhor desempenho da em-presa.

Segundo o regime de competência o reconhecimento das receitas e das despesas, bem com os relativos acréscimos ou decréscimos de ativos e passivos tornam se a base para a mensuração do desempenho da empresa. Diante do exposto, em observância as re-gras da contabilidade, o lucro líquido do negócio não será igual ao fluxo de caixa líquido do mesmo, salvo em circunstâncias muito especiais. Com isso, diante a literatura interna-cional, a diferença entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido é conhecida como

ac-cruals.

Os accruals seriam todas aquelas contas de resultado que entraram no computo do lucro, mas que não implicaram na movimentação das disponibilidades. Podemos separar los em Discretionary accruals (acumulações discricionárias) e Nondiscretionary accruals (acumulações não-discricionárias), conforme a figura 1.

FIGURA 1: Diagrama ilustrativo dos conceitos

Fonte: Martinez (2001)

Acumulações discricionárias – que são artificiais e teriam como objetivo somente “gerenciar” o resultado contábil.

Acumulações não-discricionárias - que são inerentes a atividade da empresa.

Healy (1985) foi pioneiro em desenvolver um modelo capaz de estimar os accruals discricionários, sendo que neste modelo foram usados os valores das acumulações totais como proxies. Depois de Healy (1985), tivemos DeAngelo (1986), Setorial (1991), Jones (1991), Kang Sivaramakrishnan (1995) e Jones Modificado (1995), Marginal (2000), Jones

Forward Looking (2003), Pae (2005), no desenvolvimento de modelos capazes de achar o accruals discricionários.

O modelo de Jones (1991) foi usado a abordagem de regressões para calcular os

ac-cruals não discricionários e a partir daí encontrar os acac-cruals discricionários, partindo do

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Segundo Dechow (1995), o modelo original de Jones é ajustado para a mudança nos recebíveis, assumindo implicitamente que todas as mudanças em créditos de vendas no período evento resultam de gerenciamento de resultados. Portanto neste trabalho utilizare-mos o modelo de Jones Modificado (1995) para estimar os accruals não discricionários a fim de analisar o gerenciamento de resultado.

3 METODOLOGIA

O esboço dessa pesquisa caracterizou-se como estudo descritivo, em fontes primá-rias, com abordagem documental. Baseada em informações registradas que possuem servir para consulta, estudo e prova. Sua ênfase está nas informações que ainda não receberam tratamento analítico ou não foram ainda organizadas, tais como relatórios de empresas, obras originais de qualquer natureza, entre outros (ABNT, 2000).

A amostra desta pesquisa consiste em observações nas empresas brasileiras de capi-tal aberto com ações negociadas na BM&FBOVESPA, no período de 1996 a 2013, com informações referentes ao Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados. A popula-ção é composta por empresas não financeiras, por apresentarem no processo de mensura-ção de accruals diferentes das demais empresas e também por conterem diferenças na comparação com as demais companhias

Desenvolvimento da pesquisa surgiu originalmente pelo fato de que muitas empre-sas gerenciam seus resultados durante o exercício. Com isso obteve a seguinte problema:

Há diferenciação de práticas de gerenciamento de resultado entre empresas listadas nos níveis diferenciados de Governança Corporativa e empresas listadas no mercado tradicional?

Para responder essa questão precisou-se achar a discricionariedade sobre os

accru-als sendo ele um dos pontos preponderantes, já que muitas das decisões que afetam

resul-tado ficam capturadas neles. Como exemplo, a mudança da forma de depreciação de linear para acelerada ou o percentual da taxa de provisão para devedores duvidosos. Estas deci-sões discricionárias sobre a contabilidade afeta o resultado e conseqüentemente, pode afe-tar a expectativa do mercado.

O método utilizado na mensuração dos accruals discricionários para a identificação de gerenciamento de resultados é o modelo proposto de Jones Modificado (DECHOW; SLOAN; SWEENEY, 1995). A equação 1 detalha a formação dos accruals totais:

Equação 1

Em que:

: são os accruals não discricionários da empresa i no período t : é a variação da receita líquida na empresa i entres os períodos t-1 e t

: é a variação do contas a receber da empresa i entre os períodos t-1 e t : corresponde ao imobilizado da empresa i no período t

: corresponde ao ativo total da empresa no período t-1

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O ponto inicial para a mensuração dos accruals discricionários é a mensuração dos

accruals totais, conforme demonstrado na equação 1. Após esta etapa, os accruals não

discricionários são estimados. O modelo modificado de Jones é formulado a fim de elimi-nar tendências previstas do modelo de Jones para mensurar os accruals discricionários com erro, quando a discricionariedade sobre as receitas é exercida. De acordo com a equação 2, o modelo modificado dos accruals não discricionários são estimados como:

Equação 2

Em que:

: são os accruals não discricionários da empresa i no período t : é a variação da receita líquida na empresa i entres os períodos t-1 e t

: é a variação do contas a receber da empresa i entre os períodos t-1 e t : corresponde ao imobilizado da empresa i no período t

: corresponde ao ativo total da empresa no período t-1

A última etapa consiste em calcular os accruals discricionários, que estes são os re-sultados da diferença entre os accruals totais e accruals não discricionários, conforme de-monstrado na equação 3.

Equação 3

Em que:

: são os accruals discricionários da empresa i no período t : são os accruals totais da empresa i no período t

: são os accruals não discricionários da empresa i no período t

Quanto aos procedimentos sistemáticos para a descrição dos fenômenos, a pesquisa se desenvolveu num ambiente que preconizou a abordagem quantitativa. Desse modo utili-zou se o modelo de escolha qualitativa que é formado por decisões tomadas por simples resposta, ou seja, sim ou não, encontrando probabilidade de algo acontecer. Então a classi-ficação da empresa estar ou não dentro dos níveis de Governança Corporativa foi criada uma variável binária que recebeu 1 para as empresas classificadas em diferentes níveis e 0 para empresas não listadas nos níveis da BM&FBOVESPA.

Após a identificação de níveis diferenciados, foi rodada a regressão logística sendo essa variável binária como dependente e o gerenciamento de resultado como variável inde-pendente

4 ANÁLISE DE RESULTADO

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período confronta-se com as despesas necessárias para a efetivação daquela receita. Em contrapartida, no regime de caixa registram-se, exclusivamente, as entradas e saídas de caixa (MARTINEZ, 2001).

Fuji e Carvalho (2005) afirmam que os accruals são considerados “como a diferen-ça entre o lucro líquido (obtido conforme o regime de competência) e o fluxo de caixa lí-quido (obtido pelo regime de caixa)”. Ou seja, os accruals seriam todas aquelas contas de resultado que entraram no cálculo do lucro ou prejuízo acumulado, mas que não implicam em movimentação financeira.

Implementando o modelo de Jones Modificado, primeiro passo é analisar a quali-dade da informação contábil medida por meio de gerenciamento de resultados conforme o modelo de Jones Modificado.

Tabela 2 – Análise de accruals

Variáveis Resultado Ativos Totais -2409.105*** (-7.94) Receita .0050976 (0.20) Imobilizados -.1996342*** (-7.91) _cons .0030583 (0.24) Numero de Observações 4052 R-saquared 0.0286

Fonte: Dados da pesquisa. A tabela acima apresenta a regressão do modelo de Jones Modificado. : são

accruals totais da empresa i no período t; : é a variação da receita líquida na empresa i entres os anos t - 1 e t; : é a variação do constas a receber da empresa i entre os anos t-1 e t; : Correspon-de ao imobilizado da empresa i no ano t; : Corresponde ao ativo total da empresa no período t-1;

: é o termo de erro da empresa i no período t equivalente aos accruals discricionários. Estatística t são

apresentados entre parênteses abaixo dos coeficientes e o níveis de significância a 1%; 5% e 10% são repre-sentados por ***; **; * respectivamente.

Por meio da análise dos resultados da Tabela 2, é possível identificar que a variá-veis Ativos Totais e Imobilizados apresentaram um coeficiente negativo, devido ao nível do imobilizado está relacionada ao decréscimo dos resultados em função da apropriação às despesas de depreciação, com isso possui probabilidade menor de ocorrer gerenciamento.

Após a identificação das variáveis usadas nas regressões logísticas para avaliar a qualidade da informação e o gerenciamento de resultados. É descrito na Tabela 2, a descri-tiva do trabalho demonstrando as principais variáveis deste estudo.

Tabela 3 – Estatística descritiva com a Governança Corporativa e o gerenciamento de resultado

Variáveis Observação Média Desvio

Padrão Mínimo Maximo

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Gerenciamento de Resultados 3469 .2030779 .4243518 .0000325 4.037378 Fonte: Dados da pesquisa

Uma vez estimado os acrruals discricionários, próximo passo é achar a possibilida-de das empresas praticarem gerenciamento possibilida-de resultados.

Tabela 4 – Regressão do gerenciamento de resultados

Variável Resultado Gerenciamento de Resultados -.3328578*** (-2.99) [0.7169] Numero de Observações 2133 Lr chi2(1) 10.33 Pseud r2 0.0036

Fonte: Dados da pesquisa. Esta tabela apresenta o resultado da regressão entre Níveis de Governança e Ge-renciamento de Resultado. Estatística Z são apresentados entre parênteses abaixo dos coeficientes, o odds ratio (antilogaritmo), é apresentado entre [ ] e os níveis de significância à 1%; 5% e 10% são representados por ***; **; * respectivamente.

A partir do resultado da regressão, observa-se que empresas listadas na BM&FBOVESPA entre os níveis diferentes de Governança Corporativa, a variável logísti-ca estimado diminui em média 0.33, o que sugere uma relação negativa, tendo chances de 0.7169 de o evento ocorrer. Podendo afirmar que, empresas que praticam gerenciamento de resultado têm uma probabilidade menor de estar nos níveis diferenciados de Governan-ça Corporativa do que àquelas empresas que não praticam gerenciamento de resultado. Ou seja, isso comprova que empresas que estão nos níveis diferenciados de Governança Cor-porativa, possuem uma melhor qualidade na informação contábil, corroborando com os diversos trabalhos sobre qualidade da informação, inclusive o trabalho de ERFURTH e BEZERRA (2013).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do estudo foi verificar se há gerenciamento de resultados nas empresas correlacionadas a BM&FBOVESPA nos diferenciados níveis de Governança Corporativa. Buscando avaliar a qualidade da informação diante aos seus resultados.

Para se chegar aos resultados encontrados, optou-se por uma pesquisa descritiva, com fontes primárias e abordagem documental com todas as empresas constantes nos ní-veis de Governança Corporativa da BM&FBOVESPA, entre os anos de 1996 a 2013, exce-to empresas não financeiras, por apresentarem no processo de mensuração de accruals diferentes das demais empresas.

Utilizou-se o modelo desenvolvido por Jones Modificado (1995) para achar os

acr-ruals discricionários, além disso, empregou se o modelo de escolha qualitativa sendo

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diferenciados. Também usou se a regressão logística sendo essa variável binária como de-pendente e o gerenciamento de resultados como indede-pendente. Então o resultado encontra-do foi uma média entre os anos de 1996 a 2013, danencontra-do um valor menor que 1% de signifi-cância, com uma margem menor que 5% de erro.

Contudo, pôde afirmar que empresas classificadas nos diferenciados níveis de Go-vernança Corporativa, apresentam menor probabilidade de práticas de gerenciamento de resultados.

Recomenda-se, para futuros estudos, a ampliação da amostra de empresas que não estejam listadas nos segmentos diferenciados de Governança Corporativa, a fim de consta-tar se existe diferença entre as empresas listadas nos segmentos diferenciados de Gover-nança Corporativa e as empresas que não fazem parte desses segmentos. Tal estudo seria importante para o entendimento da influência da Governança Corporativa no gerenciamen-to de resultados, fazendo-se importante para o fortalecimengerenciamen-to do mercado de capitais brasi-leiro.

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Referências

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