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TOMADA DE DECISÃO MULTICRITÉRIO NA MIGRAÇÃO DE APLICATIVOS PARA AMBIENTES DE NUVEM DO

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Revista Brasileira de Administração Científica (ISSN 2179-684X)

© 2014 Sustenere Publishing Corporation. All rights reserved.

TOMADA DE DECISÃO MULTICRITÉRIO NA MIGRAÇÃO DE APLICATIVOS PARA AMBIENTES DE NUVEM DO

TIPO SOFTWARE AS A SERVICE

RESUMO

Serviços em nuvem podem oferecer boas vantagens econômicas para as empresas. Entretanto, a adoção de tais serviços necessita ser avaliada em relação a fatores qualitativos. Este artigo apresenta uma metodologia para tomada de decisão multicritério, visando a escolha sobre a adoção da utilização de serviços na nuvem, considerando não apenas o maior apelo comercial que é o custo, mas também fatores qualitativos importantes, como segurança, desempenho e qualidade.

PALAVRAS-CHAVES: Tomada de Decisão; Cloud Computing; Migração de

Aplicativos.

MULTICRITERIA DECISION-MAKING IN MIGRATING APLICATIONS TO SOFTWARE AS A SERVICE IN THE

CLOUD

ABSTRACT

Price advantages are strong reasons for an enterprise to dive into the cloud.

However, cloud services need to be evaluated also for qualitative factors. This paper proposes a multi-criteria decision making (MCDM) methodology to evaluate cloud services adoption, assessing not only the major appealing factor, cost, but also important qualitative factors like security, performance and quality.

KEYWORDS: Decision-making; cloud Computing; Aplication Migration.

Revista Brasileira de Administração Científica, Aquidabã, v.5, n.2, Out 2014.

ISSN 2179-684X

SECTION: Articles

TOPIC: Sistemas e Tecnologia da Informação

Anais do Simpósio Brasileiro de Tecnologia da Informação (SBTI 2014)

DOI: 10.6008/SPC2179-684X.2014.002.0007

Maristella Ribas

Universidade Federal do Ceará, Brasil http://lattes.cnpq.br/0130393599892348

mari@techne.com.br

Alberto Sampaio Lima

Universidade Federal do Ceará, Brasil http://lattes.cnpq.br/2149928021922564

albertosampaio@ufc.br

José Neuman de Souza

Universidade Federal do Ceará, Brasil http://lattes.cnpq.br/3614256141054800

neuman.souza@gmail.com

Flávio Rubens de Carvalho Sousa

Universidade Federal do Ceará, Brasil http://lattes.cnpq.br/0771942436828005

flaviosousa@ufc.br

Germano Fenner

Universidade Federal do Ceará, Brasil http://lattes.cnpq.br/7559077218468021

germanofenner@yahoo.com.br

Received: 01/08/2014 Approved: 15/10/2014

Reviewed anonymously in the process of blind peer.

Referencing this:

RIBAS, M.; Lima, A. S.; SOUZA, J. N.; SOUZA, F. R. C.;

FENNER, G.. Tomada de decisão multicritério na migração de aplicativos para ambientes de nuvem do

tipo software as a servisse. Revista Brasileira de Administração Científica, Aquidabã, v.5, n.2, p.83-94,

2014. DOI: http://dx.doi.org/10.6008/SPC2179- 684X.2014.002.0007

(2)

INTRODUÇÃO

A definição mais conhecida da computação em nuvem é a fornecida pelo National Institute of Standard and Technology (NIST), um modelo que permite acesso via rede a um conjunto compartilhado de recursos computacionais configuráveis (ou seja, redes, servidores, armazenamento, aplicações e serviços) que podem ser provisionados e liberados rapidamente com mínimo esforço de gerenciamento ou interação com o provedor de serviço (NIST, 2009). Os serviços em nuvem são classificados basicamente em 3 categorias: IaaS : Infraestrutura como serviço, onde o provedor disponibiliza máquinas virtuais, redes virtuais ou dispositivos de armazenamento e o cliente se responsabiliza pela administração remota dos equipamentos. A Amazon (Amazon, 2014) é um bom exemplo de provedor de serviços em nuvem do tipo IaaS.

PaaS : Plataforma como serviço, onde o provedor disponibiliza, além da infraestrutura, plataformas para desenvolvimento ou hospedagem de aplicativos, como por exemplo software de bancos de dados, servidores web, ferramentas para desenvolvimento, etc. A Google AppEngine (Google, 2014) é um bom exemplo de provedor de serviços em nuvem do tipo PaaS. SaaS : Software como serviço, onde o provedor disponibiliza o aplicativo como serviço, controlando desde a infraestrutura de nuvem (servidores, rede, armazenamento, sistemas operacionais) até as funcionalidades do aplicativo. O aplicativo da SalesForce para gestão de relacionamento com o cliente (CRM) é um bom exemplo de provedor de serviços em nuvem do tipo SaaS.

Os serviços do tipo SaaS são os que representam a adoção do modelo em nuvem na sua forma mais abrangente, pois em última análise o usuário de um software no modelo SaaS é também usuário de PaaS e IaaS, indiretamente. O provedor de SaaS disponibiliza o uso do software através da internet e cobra por utilização, sem necessidade de investimento em hardware, software e pessoal especializado de TI para administração do ambiente. Para diversos tipos de negócio, essa transformação de despesas de capital em despesas operacionais é extremamente atraente. Além disso, o custo total do serviço em nuvem é geralmente menor do que o custo do mesmo serviço, disponibilizado no ambiente do cliente (on-premises).

O presente trabalho apresenta uma metodologia para comparar vantagens e desvantagens da adoção de um software no modelo SaaS, em relação ao modelo de hospedagem interna (on- premises). O objetivo consiste em apoiar o cliente na decisão de adotar ou não o modelo SaaS. A metodologia proposta combina os fatores mais relevantes a serem analisados, usando o processo de decisão multicritério AHP (Analytic Hierarchy Process) visando a geração de um fator moderador para comparar a diferença de custos entre as duas soluções.

METODOLOGIA

A metodologia proposta nesta pesquisa, conforme ilustrado na Figura 1, consiste na

combinação do custo e dos principais fatores qualitativos visando a geração de notas a serem

(3)

Revista Brasileira de Administração Científica v.5 - n.2 Anais do SBTI 2014 - Out 2014 P a g e | 85

calculadas para o software como serviço (SaaS) e também para a versão on-premises. Aquela opção que obtiver a nota mais alta (melhor relação custo x benefício) será a opção escolhida.

Para calcular a nota, são realizados os seguintes passos, conforme ilustrado na Figura 2: Estimar o custo do software hospedado internamente (on-premises): C

h ;

Estimar o custo do software como serviço (SaaS): C

s ;

Avaliar os benefícios e riscos do software como serviço (SaaS): B

s

e também do software hospedado internamente (on-premises) B

h

usando AHP (o resultado final é um valor entre 0 e 1 para cada solução); Normalizar os custos obtidos nos passos 1 e 2 para que representem valores entre 0 e 1 ; Calcular a relação custo x benefício de cada solução.

Figura 1: Visão da metodologia proposta.

A estimativa de custos será feita como no trabalho de [Bibi et al., 2012], considerando o custo inicial e o custo anual de manutenção por 5 anos.

Figura 2: Processos de cálculo da metodologia.

Estimar o Custo do Software Hospedado Internamente

O custo do software hospedado internamente C

h

será calculado a partir do somatório dos elementos que o compõem, sendo alguns computados uma vez só (custo inicial) e outros anualmente, conforme descrito no Quadro 1. Dessa forma, pode-se calcular o custo no 1º ano, e o custo total após 5 anos:

C

h1

=∑ +∑ (custo no 1

o

ano de utilização)

C

h

=∑ + 5*∑ (custo após 5 anos de utilização)

(4)

Quadro 1: Elementos de custo do software hospedado internamente.

Elemento Descrição Tipo

ceh

1

Custos para o treinamento inicial necessário para usuários de aplicativos e pessoal de TI Inicial

ceh

2

Custos para customização e integração do software Inicial

ceh

3

Custo de licenciamento para middleware necessário paraexecutar o aplicativo, como o sistema operacional e servidores de banco de dados.

Inicial

ceh

4

Custos com aquisição de hardware Inicial

ceh

5

Custos com aquisição do software Inicial

ceh

6

Custos com manutenção de hardware Anual

ceh

7

Custos com manutenção do software Anual

ceh

8

Salários de pessoal de TI necessário para gerenciar a aplicação e a sua infra-estrutura Anual

ceh

9

Custos com rede (internet) Anual

ceh

10

Custos com energia (kw) Anual

ceh

11

Custos com locação de espaço físico (aluguel) Anual

Estimar o Custo do Software como Serviço

O custo do software SaaS pode variar muito, dependendo do tipo e tamanho da aplicação, e principalmente da complexidade dos processos de negócios da empresa (Yankee, 2004). Assim como o custo do software hospedado C

h

, o custo C

s

será calculado a partir dos elementos de custos que o compõem, conforme descrito na Quadro 2.

Quadro 2: Elementos de custo do software como serviço (SaaS).

Elemento Descrição Tipo

ces

1

Custos para o treinamento inicial necessário para usuários de aplicativos e pessoal de TI Inicial

ces

2

Custos para customização e integração do software Inicial

ces

3

Custo anual da assinatura cobrada pelo provedor de SaaS Anual

ces

4

Salários de pessoal de TI necessário para gerenciar a aplicação e a sua infraestrutura Anual

ces

5

Custos com rede (internet) Anual

Dessa forma, pode-se calcular o custo no 1º ano e o custo total após 5 anos:

C

s1

=∑ (custo no 1

o

ano de utilização)

C

s

=ces

1

+ces

2

+ 5*∑ (custo após 5 anos de utilização)

Avaliar os Riscos e Benefícios

Para a avaliação dos benefícios e dos riscos, foi utilizado o AHP como ferramenta de análise dos fatores qualitativos. A Figura 3 ilustra a hierarquia utilizada. Existem duas alternativas para a classificação: SaaS e on-premise. Foram utilizados os estudos anteriores (Benlian & Hess, 2011; Wu, 2011) na seleção dos critérios de avaliação mais relevantes: Estratégia: refere-se a questões tais como: 1) flexibilidade para mudar de provedor de TI, 2) escalabilidade, 3) possibilidade de implantação mais rápida do software, 4) redução da dependência do fornecedor (lock-in) devido a menores custos iniciais e 5) possibilidade de concentrar esforços nas competências específicas da empresa. Qualidade: refere-se à eficiência e eficácia dos serviços que a aplicação fornecerá para melhorar os processos suportados. Os serviços do fornecedor SaaS podem ter uma qualidade melhor, devido à maior maturidade de seus processos internos.

Desempenho: refere-se à possibilidade de que a alternativa possa não entregar o nível de serviço

(5)

Revista Brasileira de Administração Científica v.5 - n.2 Anais do SBTI 2014 - Out 2014 P a g e | 87

esperado, é um fator importante a ser considerado quando há deficiências na infraestrutura de rede (internet). Riscos de Segurança: refere-se à possibilidade de corrupção ou vazamento de dados, erros de autenticação, entre outras ameaças à segurança. Este é de longe o inibidor mais importante da adoção de SaaS (Lee et al., 2013). Riscos econômicos: refere-se à possibilidade de que o cliente pode ter que pagar mais para atingir o nível esperado de serviço do que o inicialmente previsto - os chamados ‘custos escondidos’ (Benlian & Hess, 2011).

Figura 3: Avaliação de benefícios e riscos.

Denota-se B

h

o valor atribuído pelo método AHP à alternativa on-premise e B

s

o valor atribuído à alternativa SaaS.

Normalizar Custos

Os custos normalizados NC

h

e NC

h1

, NC

s

e NC

s1

serão calculados da seguinte forma:

NC

h

= C

h

/ (C

h

+ C

s

) NC

h1

= C

h1

/ (C

h1

+ C

s1

) NC

s

= C

s

/ (C

h

+ C

s

) NC

s1

= C

s1

/ (C

h1

+ C

s1

)

Calcular a Relação Custo x Benefício: Nota Final da Solução

Nota

s

= B

s

/NC

s

Nota

h

= B

h

/NC

h

Nota

s1 =

B

s

/NC

s1

Nota

h1

=B

h

/NC

h1

Um Exemplo Ilustrativo

Considere uma empresa hipotética que deseja contratar o e-mail corporativo da Microsoft

(Exchange). A empresa pretende comparar as opções: comprar a licença para 100 usuários e

hospedar em seu próprio ambiente de TI, adquirindo todo o hardware e software necessário, incluindo

aplicativos, e assinar o pacote hospedado na nuvem para 100 usuários, oferecido pela própria Microsoft,

(6)

usando o plano 2 [Microsoft, 2014]. Os Quadros 3 e 4 apresentam os custos estimados para as 2 opções, apresentados em Real (R$).

Quadro 3: Elementos de custo do software hospedado internamente.

Elemento Descrição Valor

ceh

1

Custos para o treinamento de pessoal de TI 2500

ceh

2

Custos para customização e integração do software 0

ceh

3

Custo de licenciamento para sistema operacional Windows Server e outros aplicativos de segurança

12000

ceh

4

Custos com aquisição de hardware 105000

ceh

5

Custos com aquisição do software 30150

ceh

6

Custos com manutenção de hardware 250

ceh

7

Custos com manutenção do software 750

ceh

8

Salários de pessoal de TI necessário para gerenciar a aplicação e a sua infraestrutura (fração de tempo utilizado no gerenciamento do Exchange)

6000

ceh

9

Custos com rede (internet) 36000

ceh

10

Custos com energia (kw) 12000

ceh

11

Custos com locação de espaço físico (aluguel) 3000

O dimensionamento de hardware e software foi feito para alta disponibilidade, utilizando-se 3 servidores, segundo práticas de mercado. (Microsoft Exchange Team, 2013 e Microsoft Office TechCenter, 2014). Pode-se notar que o elemento de custos ceh

8

, salários do pessoal de TI, pode ter uma variação muito grande, dependendo da quantidade de aplicativos e servidores que um técnico de TI administra. Se o técnico for contratado exclusivamente para administrar o serviço Exchange, todo o seu salário será considerado como custo desse serviço. No entanto, se ele compartilhar o seu tempo administrando outros serviços de TI (o cenário mais comum), o custo de seu salário será compartilhado entre os diversos serviços que ele administra. No nosso exemplo ilustrativo, foi considerado um salário anual de 60000 (mensal de 5000, incluindo encargos trabalhistas), mas o custo considerado para o serviço Exchange foi apenas 10% desse valor.

Quadro 4: Elementos de custo do software como serviço (SaaS).

Elemento Descrição Valor

ces

1

Custos para o treinamento do pessoal de TI 0

ces

2

Custos para customização e integração do software 0

ces

3

Custo anual da assinatura cobrada pelo provedor de SaaS 22752

ces

4

Salários de pessoal de TI necessário para gerenciar a aplicação e a sua infraestrutura 0

ces

5

Custos com rede (internet) 48000

Os custos para customização e integração do software, no caso do Exchange, foram considerados zerados em ambos os casos (ceh

2

e ces

2

), pois em geral não há adaptação nesse tipo de software. O treinamento de pessoal de TI é desnecessário quando a administração do Exchange for realizada pelo provedor de SaaS, por esse motivo o custo (ces

1

) também é zero.

Com essas estimativas, os custos calculados seguindo a metodologia são:

C

h1

=207.650 (custo no 1

o

ano de utilização) C

h

=439.650 (custo após 5 anos de utilização) C

s1

=70.752 (custo no 1

o

ano de utilização) Cs =353.760 (custo após 5 anos de utilização)

Nota-se que a opção SaaS possui um custo menor tanto inicial quanto após 5 anos. Na

verdade, somente após 12 anos os custos se tornam parecidos, e a partir de 13 anos o custo do

(7)

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software hospedado internamente é ligeiramente mais baixo, conforme se pode observar no Gráfico 1.

Gráfico 1: Comparativo da evolução dos custos.

O passo seguinte é avaliar os benefícios e riscos, para obter o fator ponderador. Foi solicitado a profissionais experientes que atribuíssem valores para a matriz de comparação em pares. Verifica-se a consistência, obtendo-se um valor menor de 0.1, bastante aceitável. A matriz de comparação é mostrada na Tabela 1.

Tabela 1: Comparação de pares entre critérios.

Estratégia Qualidade Desempenho Segurança Riscos Econômicos

Estratégia 1 5/9 5/9 5/6 5/5

Qualidade 9/5 1 8/9 8/9 6/5

Desempenho 5/9 8/9 1 6/5 6/5

Securança 6/5 9/8 5/6 1 5/6

Riscos Econômicos 5/5 5/6 5/6 6/5 1

Usando as comparações de pares mostradas na Tabela 2, é possível se calcular os auto vetores e finalmente, os fatores moderadores segundo o método AHP. O valor calculado para a alternativa hospedagem interna B

h =

0,62 e o da alternativa SaaSB

s

= 0,38. Era esperado que a opção de hospedagem interna tivesse um fator maior, uma vez que os avaliadores classificaram melhor essa opção em três dos cinco critérios qualitativos.

Tabela 2: Comparação de pares entre alternativas.

Interno SaaS

Estratégia 5 9

Qualidade 5 7

Desempenho 9 5

Segurança 9 3

Riscos Econômicos 9 1

Finalmente, procede-se para a normalização dos custos e o cálculo da relação benefício x custo final:

NC

h

= 439.650 / (439.650 + 379.920) = 0,5541 NC

h1

= 207.650 / (207.650 + 75.984) = 0,7458 NC

s

= 379.920/ (439.650 + 379.920) = 0,4458 NC

s1

= 75.984 / (207.650 + 75.984) = 0,2541 Nota

s

= B

s

/NC

s

= 0,38/0,4649 = 0,8522

Nota

h

= B

h

/NC

h

= 0,62/0,5350 = 1,1188

(8)

Nota

s1 =

B

s

/NC

s1 =

0,38/0,2702= 1,4952 Nota

h1

= B

h

/NC

h1 =

0,62/0,7297 = 0,8312

Tabela 3: Resultado final da análise.

Hospedagem interna SaaS

Ano 1 0,8312 1,4952

Após 5 anos 1,1188 0,8522

Dessa forma, obtém-se o resultado final para a análise, como apresentado na Tabela 7. Ou seja, se for considerado o 1º ano, a opção SaaS é muito mais interessante, pois recebeu uma nota mais alta. No entanto, ao longo de 5 anos, a opção da hospedagem interna torna-se mais interessante, pois os custos iniciais são amortizados. Nota-se que a apesar da comparação de custos ser sempre favorável à opção SaaS, a avaliação qualitativa favorável à opção de hospedagem interna reduz um pouco essa vantagem de custos. Essas conclusões são válidas somente para esse exemplo, no cenário brasileiro, onde temos altos custos de internet, salários medianos e uma forte percepção dos riscos econômicos e de segurança. O fator qualitativo de 0.38 para a opção SaaS faz com que essa opção deixe de ser atraente quando a vantagem do preço do SaaS for inferior a 61%, o que é o caso após 5 anos.

Estratégia de Validação

A partir da utilização da proposta apresentada é possível se acreditar nas saídas fornecidas pela metodologia – existe utilidade? - Houve melhoria de desempenho no processo de tomada de decisão? Responder a estas perguntas e validar uma metodologia como a apresentada consiste em um esforço de vários anos. Foi realizada uma avaliação preliminar em uma empresa brasileira de TI, onde através de uma abordagem expressa, buscou-se identificar se a metodologia parecia razoável em sua apresentação para pessoas que estão bem informadas sobre o sistema real. No estudo inicial, foi aplicado um questionário de validade de aparência com onze gestores de empresas nos setores: industrial, bancário (finanças) e TI. O questionário incluiu cinco perguntas, aonde cada uma conduzia a uma hipótese a ser testada. Uma vez que a população de gestores é muito maior do que onze, utilizou-se inferência estatística para testar as hipóteses. A metodologia completa foi apresentada aos gestores e utilizada antes da avaliação.

Foi realizado um teste estatístico binomial com um nível de significância de 5% para produzir os resultados mostrados na Tabela 4.

Tabela 4: Hipóteses para testar a validade de aparência da metodologia.

Hipótese % Que

Concordam

Existe evidência estatística significativa para se aceitar a hipótese?

Preferência: O gerente prefere a metodologia

proposta ao processo atual. 91 sim

Utilidade: O gerente considera a metodologia útil. 100 sim Efetividade: Ao modelar um cenário de negócio, o

gerente identificou elementos de qualidade e valor na metodologia.

82 sim

(9)

Revista Brasileira de Administração Científica v.5 - n.2 Anais do SBTI 2014 - Out 2014 P a g e | 91 Confiabilidade: O gerente considera que a

metodologia melhora o processo decisório. 82 sim

Confiança: O gerente considera que a metodologia

melhora o processo decisório em termos de confiança. 91 sim

A validade de aparência da metodologia parece ter sido estabelecida em todas as dimensões analisadas. Gestores consideraram a metodologia ‘útil’ e ‘preferível’ à sua forma atual de tomada de decisão. Foram obtidas análises adicionais através de conversas mantidas com os gestores.

DISCUSSÃO TEÓRICA

O processo decisório multicritério AHP foi desenvolvido por Thomas I. Saaty em 1970, Sua estratégia consiste em decompor o problema decisório em uma hierarquia de critérios e alternativas, utilizando comparações em pares para expressar a importância relativa de um critério em relação ao outro. Dessa forma, torna-se possível construir uma matriz de comparações de pares e calcular o auto vetor, para finalmente se calcular uma nota para cada alternativa, sendo a alternativa com mais alta nota a selecionada pelo método. Usando as comparações em pares, o método AHP consegue combinar critérios qualitativos e quantitativos. O método AHP é largamente utilizado para diversas aplicações, inclusive na comparação de serviços de nuvem (Garg et al., 2013). O artigo de (Yuen, 2012) apresenta uma versão modificada do AHP, utilizada para selecionar uma oferta de SaaS de uma lista de fornecedores de software equivalente. Neste trabalho, o AHP foi utilizado para construir o fator moderador qualitativo de comparação entre as opções de software nos modelos SaaS e on-premise.

A literatura sobre adoção do modelo SaaS vem crescendo juntamente com a popularidade dos serviços em nuvem. Muitos fornecedores de software no modelo tradicional buscam o modelo SaaS para ampliar sua gama de clientes. No entanto, existem diferenças significativas entre os dois modelos. Segundo (Gagnon et al., 2011), ‘o modelo SaaS precisa superar diversos obstáculos para se mostrar um modelo de negócio de sucesso. Licenciar aplicativos na nuvem traz riscos incalculáveis’. Foi realizada uma pesquisa sistemática buscando o termo ‘SaaS’, e

‘evaluate or revaluating’ nas bases bibliográficas IEEE Explore, ACM Digital Library e Science Direct (Elsevier) em trabalhos publicados a partir de 2011. Foram identificados 228 trabalhos, dos quais foram selecionados 32 que pareciam os mais relevantes para aprofundamento da pesquisa.

A maioria dos artigos avaliavam SaaS do ponto estritamente técnico, o que se diferencia desta

proposta, que segue a linha de pesquisa BDIM (Sauvé et al., 2006). Poucos trabalhos na literatura

seguem essa mesma linha. A metodologia proposta por Sripanidkulchai e Sujichantararat (2012) é

útil para a comparação de infraestrutura como serviço (IaaS) versus a opção de on-premises, e

apresenta alguns exemplos onde o custo do IaaS não é tão competitivo, principalmente em

mercados emergentes onde o salário dos profissionais de TI é menor.

(10)

A pesquisa realizada por Benlian e Hess (2011) revelou que as vantagens relacionadas a custos representam a maior oportunidade, enquanto segurança, desempenho e riscos econômicos representam os fatores de risco dominantes na análise de adoção do modelo SaaS, de acordo com a visão dos executivos entrevistados na pesquisa. O estudo realizado por (Lee et al., 2013) apresenta os resultados de um levantamento na Coréia, a fim de avaliar a adoção de SaaS e seus benefícios relacionados ao negócio, através de quatro medidas - aprendizado e crescimento, processos internos do negócio, satisfação de clientes e desempenho financeiro, seguindo o modelo BSC (Kaplan & Norton, 1996). Os resultados indicaram que estes quatro elementos-chave para o sucesso de SaaS estão inter-relacionados, confirmando assim a principal premissa do BSC.

O trabalho de Zardari e Bahsoon (2011) propõe um processo com base na Engenharia de Requisitos Orientada a Metas (GORE) visando o fornecimento de uma abordagem sistemática para avaliar um provedor de nuvem. Em Marston et al., (2011), os autores identificaram os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças (SWOT) para a indústria de computação em nuvem, bem como as várias questões que afetam as diferentes partes interessadas. Os estudos de Wu procuram desenvolver um modelo exploratório que examina os fatores importantes que afetam a adoção do SaaS, integrando o Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM) e outras considerações adicionais, tais como esforço de marketing, segurança e confiança (Wu, 2011) A segurança é o principal fator de risco que afeta a adoção de SaaS para a maioria dos autores (Benlian & Hess, 2011; Wu, 2011; Wu, 2011; Wu et al., 2011; Bayrak, 2013), ao passo que a redução de custos é o principal benefício esperado (Benlian & Hess, 2011; Wu, 2011; Gupta et al., 2013; Bayrak, 2013).

Outros estudos sobre avaliação e adoção de serviços de nuvem estão relacionados a esquemas de preços (Rohitratana & Altmann, 2012), aspectos da segurança na nuvem (Boampong & Wahsheh, 2012) e seleção de provedores de nuvem com base em requisitos de segurança e de privacidade (Mouratidisa et al., 2013). A análise dos custos on-premise em relação às soluções de SaaS foi amplamente estudada em Bibi et al., (2012). Neste estudo, ao contrário desta proposta, os autores não incluem os benefícios e os riscos para a obtenção de uma pontuação final. Até onde se tem conhecimento, não existe estudo que forneça uma comparação de soluções SaaS versus on-premises considerando custo e atributos qualitativos, incluindo a segurança, a qual consiste em uma grande preocupação para os gestores.

CONCLUSÕES

Este trabalho apresentou uma metodologia para avaliar a adoção de SaaS relativa à

solução equivalente de hospedagem interna, contribuindo para a melhoria do processo de tomada

de decisão. Foi proposta uma metodologia para a captura de fatores quantitativos e qualitativos,

com sua combinação de forma organizada, produzindo uma classificação final das duas opções

(11)

Revista Brasileira de Administração Científica v.5 - n.2 Anais do SBTI 2014 - Out 2014 P a g e | 93

avaliadas. A avaliação da saída pode ajudar fornecedores de software em suas estratégias de preços no sentido de criar uma oferta de SaaS realmente atraente para os clientes finais.

A utilização de técnicas de tomada de decisão multicritério como ferramenta de apoio tem sido uma tendência, adotada pelos gestores de tecnologia da informação. Esse fato reforça a contribuição da presente pesquisa, que consiste na proposta da metodologia apresentada para dar suporte às decisões sobre a migração de aplicativos para a plataforma em nuvem do tipo SaaS.

Os estudos preliminares apresentados indicaram que as ameaças de segurança, desempenho e riscos econômicos desempenham um papel importante na pontuação total das soluções. As vantagens de custo precisam ser altas o suficiente para superar esses obstáculos, ou a opção SaaS provavelmente não será adotada. A metodologia apresentada nesta pesquisa se mostrou útil no cálculo da viabilidade da adoção ou não de uma plataforma SaaS quando se tem definidas todas as variáveis em um determinado cenário e tempo. Como fator restritivo, foi identificado que ainda se faz necessário que a abordagem apresentada nesta pesquisa possibilite a simulação de vários cenários, visando a utilização durante a fase de planejamento de uma possível migração.

Apesar da validação da aparência da metodologia junto aos gestores ser um passo adiante, não é suficiente para garantir a precisão e confiabilidade da mesma. Para uma validação completa, necessita-se de várias repetições e um número maior de estudos sobre sua utilização, em longos períodos de tempo. Considera-se ainda que a metodologia pode ser melhorada, tendo em vista que é um trabalho inicial que abordou a tomada de decisão multicritério na migração de aplicativos para a nuvem.

Em trabalhos futuros, pretende-se avaliar a utilização das redes de petri (petri nets - PN) na extensão do modelo apresentado, pelo fato das mesmas permitirem uma melhor análise do sistema que está sendo construído, permitirem a inclusão de funções para inserir dados calculados, permitirem a execução de simulações de execução dos sistemas, além de uma análise do fluxo de execução dos mesmos, sendo adequadas para situações onde existam mais de um caminho possível a ser percorrido no fluxo de execução.

Pretende-se ainda avaliar soluções de SaaS em outros cenários, bem como estender o modelo de custos para deixá-lo mais genérico e fácil de ser utilizado com serviços de TI em geral (incluindo os de nuvem, como PaaS e IaaS). Nessa extensão, pretende-se avaliar a utilização de elementos estocásticos.

REFERÊNCIAS

BAYRAK, T.. A decision framework for SME Information Technology (IT) managers: Factors for evaluating

whether to outsource internal applications to Application Service. Technology in Society, v.35, n.1, p.14-21,

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Referências

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