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Gabriela dos Santos GRANITO COIMBRA: PORÇÃO NORTE DA SUÍTE INTRUSIVA ALUMIADOR NA REGIÃO DE CORUMBÁ (MS) TERRENO RIO APA

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Academic year: 2021

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

FACULDADE DE GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Gabriela dos Santos

GRANITO COIMBRA: PORÇÃO NORTE DA SUÍTE INTRUSIVA ALUMIADOR NA REGIÃO DE CORUMBÁ (MS) – TERRENO RIO APA

_____________________________________________________________________________

Orientador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Co-orientadora

Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa

CUIABÁ 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO REITORIA

Reitora

Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder Vice-Reitor

Prof. Dr. Francisco José Dutra Souto

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO Pró-Reitora

Profª. Drª. Leny Caselli Anzai

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Diretor

Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo

FACULDADE DE GEOCIÊNCIAS Diretor

Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa Vice-Diretor

Prof. Dr. Carlos Humberto da Silva

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS Coordenador

Prof. Dr. Ronaldo Pierosan Vice-Coordenadora

Prof. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N° 77

GRANITO COIMBRA: PORÇÃO NORTE DA SUÍTE INTRUSIVA ALUMIADOR NA REGIÃO DE CORUMBÁ (MS) – TERRENO RIO APA

_____________________________________________________________________________

Gabriela dos Santos

Orientador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Co-orientadora

Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa

CUIABÁ 2016

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geociências do Instituto de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Geociências.

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iv

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GRANITO COIMBRA: PORÇÃO NORTE DA SUÍTE INTRUSIVA ALUMIADOR NA REGIÃO DE CORUMBÁ (MS) – TERRENO RIO APA

_____________________________________________________________________________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz Orientador (UFMT)

___________________________________

Prof. Dr. Jayme Leite Examinador Interno (UFMT)

___________________________________

Prof. Dr. Elton Dantas Examinador Externo (UNB)

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vi

Dedicatória Aos meus pais.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter me guiado durante o desenvolvimento desse trabalho, e por Ele ter me dado motivação para concluir com êxito essa etapa profissional.

Meus sinceros agradecimentos a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), ao Programa de Pós-graduação em Geociências (PPGEC), ao Programa de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ - 479779/2011-2), ao Instituto Nacional e Tecnologia de Geociências da Amazônia (GEOCIAM), ao Grupo de Pesquisa Evolução Crustal e Tectônica – Guaporé, pelo suporte financeiro ao desenvolvimento da pesquisa e a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado.

Ao meu orientador Amarildo Salina Ruiz, por ter contribuído com toda sua experiência no desenvolvimento desse trabalho, por saber sempre o momento de me impulsionar e me fazer sentir vontade de continuar e principalmente por ter confiado muito em mim. Sou muito grata a minha co- orientadora Maria Zélia Aguiar de Sousa por todos ensinamentos valiosos de petrografia e geoquímica e por ser tão querida e dedicada aos seus alunos. À Maria Elisa Fróes Batata pelos conselhos, correções, disponibilidade e ensinamentos.

Aos professores Jayme Leite e Ronaldo Pierosan, obrigada por estarem sempre muito dispostos em me auxiliar em diversas dúvidas, pelas sugestões de artigos e por se interessarem sobre o desenvolvimento da minha pesquisa.

Aos meus colegas e amigos da Pós-Graduação, em especial Jéssica Sisti, Giulia Trivelli, Danielle Silva, Luzia Siqueira, Letícia Redes, Meice Mendes, Gabriel Luiz Zaffari, Ricardo Timm, e Newton Diego (Tchum Tchum) por todas as trocas de informações, experiências e pela parceria durante o mestrado e para toda a vida.

Agradeço muito a toda minha família, que sempre confiou nas minhas escolhas, e que me deu todo suporte para chegar ao final dessa etapa, em especial ao meu pai Adolfo Martins dos Santos e a minha mãe Lourdes Terezinha Giacomini, vocês são minha maior inspiração.

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viii

Sumário

Agradecimentos...vii

Sumário...viii

Resumo...xiii

Abstract...xiv

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...15

I.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA...15

I.2. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO...15

I.3. OBJETIVOS...16

I.4. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA...17

I.4.1. ETAPA PREPARATÓRIA...18

I.4.2. ETAPA DE AQUISIÇÃO DE DADOS...18

I.4.2.1. Etapa de Campo...18

I.4.2.2. Etapa de Laboratório...18

I.4.2.2.1. Análises Petrográficas...18

I.4.2.2.2. Análises Litoquímicas...19

I.4.2.2.3. Análise Geocronológica U-Pb (SHRIMP) em zircão...19

I.4.2.2.4. Análise Isotópica Sm-Nd em rocha total...20

I.4.3. ETAPA DE TRATAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS...20

I.4.4. ETAPA DE FINALIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS...20

CAPÍTULO II – CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL...21

II.1. CRÁTON AMAZÔNICO...21

II.1.1. TERRENO RIO APA...21

II.1.1.1. Terreno Rio Apa na região de Corumbá...22

II.1.1.1.1 Suíte Intrusiva Alumiador...23

II.1.1.2. Grupo Corumbá...25

II.1.1.3. Formação Pantanal...26

CAPÍTULO III – GEOLOGIA E PETROGRAFIA...27

III.1. GEOLOGIA DA PORÇÃO SUL DE CORUMBÁ...27

III.1.1. GRANITO COIMBRA...28

III.1.1.1. Fácies Porfirítica Rosa...29

III.1.1.2. Fácies Granodiorítica a Monzogranítica Cinza...32

III.1.1.3 Fácies Fina Rosa...34

III.1.2. ANFIBOLITO...36

III.1.3. GRUPO CORUMBÁ...37

(9)

ix

III.1.4. FORMAÇÃO PANTANAL...38

III.1.5. ALUVIÕES ATUAIS...38

CAPÍTULO IV – ARTIGO SUBMETIDO AO BRAZILIAN JOURNAL OF GEOLOGY...39

Resumo...39

Abstract...39

IV.1. INTRODUÇÃO...40

IV.2. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL...40

IV.3. GEOLOGIA E PETROGRAFIA...44

IV.4. DEFORMAÇÃO...48

IV.5. CARACTERIZAÇÃO LITOQUÍMICA...50

IV.6. GEOCRONOLOGIA (U-Pb) E GEOLOGIA ISOTÓPICA (Sm-Nd)...55

IV.6.1. Análise U-Pb em zircão (SHRIMP)...57

IV.6.2. Análise isotópica Sm- Nd (rocha total)...57

IV.7. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES...59

Agradecimentos...60

Referências Bibliográficas...60

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES...64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...66

(10)

x

Lista de Ilustrações

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Figura I.1. Mapa de vias de acesso à área de estudo...16

Figura I.2. Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo...17

CAPÍTULO II – CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL Figura II.1. A) Mapa Geológico do Terreno Rio Apa. Extraído e modificado de Cabrera (2015); B) Limites do Cráton Amazônico com localização aproximada do Terreno Rio Apa...24

CAPITULO III – GEOLOGIA E PETROGRAFIA Figura III.1. Mapa geológico e perfil do Granito Coimbra e das coberturas carbonáticas...27

Figura III.2. Fotografias do Granito Coimbra...28

Figura III.3. Fotomicrografias da FPR... 31

Figura III.4. Fotomicrografias da FMGC...34

Figura III.5. Fotomicrografias da FFR... 35

Figura III.6. Fotografia e fotomicrografia do anfibolito...37

Figura III.7. Fotografias dos calcários do Grupo Corumbá...37

CAPÍTULO IV – ARTIGO SUBMETIDO AO BRAZILIAN JOURNAL OF GEOLOGY Figura IV.1. A) Mapa Geológico do Terreno Rio Apa. Extraído e modificado de Cabrera (2015); B) Limites do Cráton Amazônico com localização aproximada do Terreno Rio Apa...43

Figura IV.2. Mapa geológico e perfil do Granito Coimbra e das coberturas carbonáticas...45

Figura IV.3. Fotografias do Granito Coimbra...46

Figura IV.4. Fotomicrografias da FPR...47

Figura IV.5. Fotomicrografias da FMGC e da FFR...48

Figura IV.6. Diagrama de isofrequência para a foliação (S1) no Granito Coimbra, com concentração máxima em 107/8 (hemisfério inferior)...49

Figura IV.7. Fotografias e fotomicrografias dos aspectos deformacionais do Granito Coimbra...49

Figura IV.8. Fotografia e fotomicrografia das faixas cataclásticas no Granito Coimbra...50

Figura IV.9. Diagramas de Harker com a distribuição de elementos maiores e menores expressos em óxidos das rochas do Granito Coimbra...53

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xi

Figura IV.10. Distribuição dos pontos representativos das rochas do Granito Coimbra nos diagramas:

(A) R1/R2 (La Roche 1980); (B) total de álcalis versus sílica (Middlemost 1985); (C) An-Ab-Or normativo (O’Connor 1965, modificado por Barker 1979)...54 Figura IV.11. Resultados químicos de amostras do Granito Coimbra distribuídas nos diagramas: A) AFM (Irvine & Baragar 1971); B) FeOt/(FeOt+MgO) versus SiO2 (Frost et al. 2001); e C) A/NK versus A/CNK (Maniar & Piccoli 1989)...55 Figura IV.12. Resultados químicos de amostras do Granito Coimbra distribuídos nos diagramas: A) Rb versus Y+Nb e B) Rb versus Ta+Yb (Pearce et al. 1984)...56 Figura IV.13. Padrões de distribuição das rochas do Granito Coimbra nos diagramas: A) ETR normalizados pelos valores condríticos de Nakamura (1977); B), C) e D) elementos traço e K2O normalizados pelos granitoides de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984) para a FMGC, FPR e FFR respectivamente...56 Figura IV.14. Imagens de Catodoluminescência de cristais de zircão...57 Figura IV.15. Diagrama concórdia U-Pb (SHRIMP) da amostra LL-05, com a idade concórdia no intercepto superior em 1859.2 ± 4.3 Ma, interpretada como a idade de cristalização do Granito Coimbra...58

(12)

xii

Lista de Tabelas

CAPÍTULO III – GEOLOGIA E PETROGRAFIA

Tabela III.1. Quadro sinóptico com as características petrográficas...29

CAPÍTULO IV – ARTIGO SUBMETIDO AO BRAZILIAN JOURNAL OF GEOLOGY

Tabela IV.1. Dados geocronológicos disponíveis para as rochas graníticas da Suíte Intrusiva Alumiador, obtidas pelos métodos U-Pb (SHRIMP) em zircão, Rb-Sr, Sm-Nd, Ar-Ar e K-Ar...42 Tabela IV.2. Análises químicas dos elementos maiores (% em peso), menores e traços (ppm) do Granito Coimbra...51 Tabela IV.3. Resultados das análises U/Pb (SHRIMP) da amostra LL-05...58 Tabela IV.4. Dados Isotópicos Sm/Nd do Granito Coimbra...58

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Resumo

As rochas estudadas nesse trabalho estão localizadas geograficamente na fronteira Brasil/Bolívia, na região do município de Corumbá (MS) e, geologicamente no Terreno Rio Apa. O mapeamento da porção sul de Corumbá permitiu identificar o Granito Coimbra, anfibolitos alojados sob a forma de diques, além das rochas sedimentares dos Grupos Jacadigo e Corumbá e da Formação Pantanal. Os estudos petrográficos macroscópicos e microscópicos permitiram definir três fácies do Granito Coimbra: Fácies Porfirítica Rosa, Fácies Média a Grossa Cinza e Fácies Fina Rosa. A Fácies Porfirítica Rosa é volumetricamente dominante, e é caracterizada macroscopicamente por rochas leucocráticas, de cor cinza-rosado a rosa, inequigranulares, porfiríticas a porfiroclásticas, com matriz fina a média, classificadas como sienogranitos e monzogranitos. A Fácies Granodiorítica a Monzogranítica Cinza é representada por rochas leucocráticas, cinza a cinza-escuro, equi a inequigranulares, média a grossa, porfirítica, classificadas como granodioritos e tonalitos. A Fácies Fina Rosa é representada por diques aplíticos, leucocráticos, rosa a rosa-avermelhado, equi a inequigranulares finos, classificadas como álcali-granitos. O Granito Coimbra foi submetido a duas fases de deformação, a F1 de caráter dúctil e a F2, rúptil. A fase F1 gerou uma foliação S1 penetrativa, com orientação preferencial N10-20E com mergulhos íngremes de 75-90º para SE. Na fase F1 há zonas de cisalhamento marcadas por milonitos que exibem a mesma atitude da foliação regional. A fase F2 de caráter rúptil se instalou após a deposição das coberturas neoproterozóicas, gerando grandes falhas e juntas. Como produto da F2 observa-se as brechas, faixas cataclásticas, protocataclasitos e cataclasitos. As fraturas apresentam padrões preferenciais W-E, N-S e NW. As rochas do Granito Coimbra apresentam composição intermediária a ácida, geradas em ambiente de arco magmático a partir de um magmatismo cálcio-alcalino, metaluminoso a peraluminoso de natureza magnesiana a ferrosa sendo caracterizadas, geoquimicamente, como tonalitos, granodioritos, granitos e álcali-granitos. Os dados geocronológicos e isotópicos indicam idade de cristalização de 1859±4 Ma (U-Pb SHRIMP) para o Granito Coimbra com εNd (1,86Ga) de -1,35 e idade modelo TDM de 2,27 Ga que aponta para participação de uma fonte crustal na origem do magma, possivelmente envolvendo processos de fusão parcial de crosta continental. O Granito Coimbra é correlacionado a Suíte Intrusiva Alumiador, sendo assim, admite-se que o Arco Magmático Amoguijá se prolongue até as cercanias de Corumbá (MS), ou seja, o Terreno Rio Apa prolonga-se até a região de Corumbá.

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xiv

Abstract

The rocks studied for this paper belongs, geographically speaking, to the frontier between Brazil and Bolivia, located in Corumbá City region (South Mato Grosso State) and, geologically speaking, in Apa River Terrain. The mapping of Corumbá south portion allowed the identification of Coimbra Granite, amphibolites trapped by dyke forms, in addition to sedimentary rocks from Jacadigo and Corumbá Groups and Pantanal Formation. The macroscopic and microscopic petrographic studies allowed the definition of three facies from Coimbra Granite: Pink Porphyritic Facie, which is the one more voluminous and characterized macroscopically by leucocratic rocks, with a gray pink and pink colors, inequigranulars grains, varying from porphyritic to porphyroclast, with a matrix containing thin to medium grains, classified as syenogranite and monzogranite. The Granodiorite and Monzogranite Facies are characterized by leucocratics rocks, with gray to dark gray colors, equigranulars and inequigranulars grains, witch varied from medium to thick ones, porphyritic matrix, classified as granodiorites and tonalites. The Pink Thin Facie is represented by aplite dikes, leucocratic, with pink to red pink colors, thin equigranulars and inequigranulars grains, classified as alkalis granites. The Coimbra Granite passed through to two deformation phases, a F1 ductile phase and a F2 ruptile phase. The F1

phase generated a penetrative S1 foliation with N10-20E orientation and a steep-dip with 75-90º for SE.

In F1 phases there are shear zones represented by mylonites which have the same attitude from the regional foliation. The F2 phase, which has a ruptile characteristic, was settled in after the Neoproterozoic depositions, and generated big faults and joints. As a product from F2 phase are noted gaps, cataclastic bands, protocataclastic and cataclastic. The fractures are represented by W-E, N-S and NW patterns. The rocks from Coimbra Granite have an intermediate acidic composition, generated in an arc-magmatic environment stem from a calcic-alkaline magmatism, metaluminous and peraluminous with a magnesian with ferrous origin characterized, geochemically, as tonalities, granodiorites, granites and alkali-granites. The geochronological and isotopic data shows the crystallizing age of 1859±4 Ma (U-Pb SHRIMP) for Coimbra Granite with εNd (1,86Ga) of -1,35 and a model age for TDM of 2,27 Ga which indicates a participation of a crustal source in the magma origin, perhaps involving partial fusion process of continental crust. The Coimbra Granite is correlated to Alumiador Intrusive Suite, so is hypothesized that Amoguijá Arc Magmatic extends to the Corumbá (MS) region, in other words, Apa River Terrain extends to the Corumbá region.

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15

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

I.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA

A ideia de que o Terreno Rio Apa é parte integrante do Cráton Amazônico foi primeiramente difundida por Almeida (1964), alguns pesquisadores consideraram essa hipótese por algum tempo, e posteriormente o Bloco Rio Apa passou a novamente ser interpretado como um terreno alóctone, separado do Cráton Amazônico pela Faixa Móvel Tucavaca (Cordani et al. 1979, Tassinari &

Macambira 1999, entre outros).

Ruiz et al. (2005), Lacerda Filho et al. (2006) e Cordani et al. (2010) posicionam o Terreno Rio Apa como a porção sul do Cráton Amazônico, ao considerarem que a Faixa Tucavaca se tratava de um aulacógeno, entre outros argumentos.

As rochas estudadas nesse trabalho estão localizadas geograficamente na fronteira Brasil/Bolívia, na região do município de Corumbá (MS) e, geologicamente entre os limites dos Terrenos Rio Apa e Paraguá. Apesar de haver vários trabalhos nessa região, a maioria são antigos, com poucos detalhes a respeito de individualizações de unidades e dados geocronológicos, e desde Del Arco et al. (1982) são realizadas as correlações com o Complexo Rio Apa.

O embasamento dessa região é representado pelo Granito Coimbra (Santos et al. 2013), foco desse trabalho, e pelo Granito Taquaral (Redes 2015) que se expõem a partir de grandes falhas na forma de janelas estruturais, em meio aos grandes platôs neoproterozoicos da bacia do Jacadigo, e as planícies e baixadas de sedimentos inconsolidados da Bacia do Pantanal.

A importância do estudo do embasamento dessa região se baseia na falta de dados petrológicos, estruturais e geocronológicos que permitam correlacionar o Granito Coimbra com outras unidades geológicas ou eventos magmáticos reconhecidos no sul/sudoeste do Cráton Amazônico. A região de Corumbá situa-se provavelmente no setor limítrofe entre o Terreno Rio Apa e o sudoeste do Cráton Amazônico, conferindo a ela o papel de peça chave no entendimento da aglutinação do Terreno Rio Apa ao Cráton Amazônico.

I.2. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO

A área estudada localiza-se a aproximadamente 35 km do município de Corumbá, na porção noroeste do Estado de Mato Grosso do Sul, nas imediações da BR-454 (não pavimentada) que liga a BR-262 ao distrito Forte Coimbra.

A partir de Cuiabá (MT), percorre-se 210 km pela rodovia BR-364 até Rondonópolis (MT), depois são 478 km até Campo Grande pela BR-163, e por fim 420 km pela BR-262 até a cidade de Corumbá (Fig. I.1).

(16)

16 Figura I.1. Mapa de vias de acesso à área de estudo.

A região cartografada está localizada entre os vértices definidos pelas coordenadas UTM WGS 84 21 S: 427050/7863170, 443850/7863170, 427050/7846580 e 443850/7846580, e abrange parte da Folha Corumbá (SE.21-Y-D), na escala de 1:250.000 (Fig. I.2).

I.3. OBJETIVOS

Esse trabalho tem como objetivo principal a caracterização da porção sul do embasamento da região de Corumbá, representado principalmente pelo Granito Coimbra, a fim de definir a natureza do magmatismo e o ambiente tectônico responsável pela formação desse corpo granítico e também

(17)

17

correlacionar o mesmo com eventos magmáticos semelhantes que ocorreram no sul do Cráton Amazônico.

Figura I.2. Mapa de localização e vias de acesso da área de estudo.

Para atingir o principal objetivo desse trabalho foi utilizada a cartografia geológica sistemática na escala 1:125.000, a descrição petrográfica em micro e macro escala, análise estrutural dúctil e rúptil estudo litoquímico (elementos maiores, traços e terras raras), análise geocronológica em zircão magmático (U/Pb SHRIMP) e isotópica em rocha total (Sm/Nd) do Granito Coimbra.

I.4. MATERIAS E MÉTODOS DE PESQUISA

O desenvolvimento deste trabalho foi possível através da utilização de métodos comuns de mapeamento geológico com coleta de amostras para análises laboratoriais. Sendo assim, foi necessário

(18)

18

seguir um cronograma de atividades dividido nas fases: preparatória; aquisição de dados (campo e laboratório); tratamento e sistematização dos dados e conclusão e divulgação dos resultados.

I.4.1. ETAPA PREPARATÓRIA

A etapa preparatória consistiu primeiramente de levantamento do acervo bibliográfico referente aos trabalhos sobre a região de Corumbá e a porção sul do Cráton Amazônico. Em seguida, com a utilização da imagem de satélite Geocover, foi realizada a confecção do mapa base.

I.4.2. ETAPA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Esta etapa do trabalho foi desenvolvida primeiramente durante o campo, com a coleta de dados e amostras e, posteriormente com o desenvolvimento das análises laboratoriais.

I.4.2.1. Etapa de Campo

A etapa de campo ocorreu no período de 19 a 25 de junho de 2014, onde foram reconhecidas as unidades que compõem a área, bem como a sua distribuição, estruturas, relações de contato e coleta de amostras para estudos laboratoriais. O posicionamento dos pontos foi feito a partir do uso de GPS (Global Position System) da marca Garmim–Legend com sistema de coordenadas UTM (Datum WGS84) e para a coleta de dados estruturais foi utilizado o método Clar com a utilização de bússola geológica da marca Krantz.

I.4.2.2. Etapa de Laboratório

As amostras coletadas em campo foram preparadas para estudos petrográficos, litoquímicos, geocronológicos e isotópicos.

I.4.2.2.1. Análises Petrográficas

Essa etapa consistiu na descrição macroscópica de todas as amostras coletadas em campo, onde se observaram os aspectos composicionais, texturais e estruturais. Para o estudo microscópico foram selecionadas 33 amostras, com base na sua distribuição e representação, que foram encaminhadas para o Laboratório de Laminação do Departamento de Recursos Minerais/ICET da Universidade Federal de Mato Grosso, onde foram confeccionadas as seções delgadas e no Laboratório da Universidade Federal do Pará.

As descrições microscópicas tiveram como objetivo a caracterização faciológica dos litotipos através de contagem modal, como também a análise microestrutural, com a obtenção de fotomicrografias para ilustração deste trabalho. Foi utilizado o microscópio óptico binocular da marca Olympus, modelo BX50, com uma câmera modelo Infinity Capture acoplada, do Laboratório de Microscopia da Faculdade de Geociências da UFMT.

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19 I.4.2.2.2. Análises Litoquímicas

Foram selecionadas 16 amostras do Granito Coimbra para a obtenção dos valores de elementos maiores, menores, traços incluindo terras raras (ETR). Essas amostras foram processadas nos laboratórios do Departamento de Recursos Minerais da Universidade Federal de Mato Grosso (DRM- UFMT), onde foram lavadas, por vezes cortadas para retirar as possíveis capas de alteração, britadas, quarteadas e moidas. Posteriormente, foram enviadas ao Analytical Laboratories (Acmelab), localizado em Vancouver – Canadá, onde foram analisadas através do método ICP (Inductively Couple Plasma) e ICP-MS (Inductively Couple Plasma Mass Spectrometry). Para o tratamento dos dados foram utilizados os softwares Minpet e GCDkit 3.0.

I.4.2.2.3. Análise Geocronológica U-Pb (SHRIMP) em zircão

Foi selecionada para a análise geocronológica U-Pb (SHRIMP) em zircão a amostra LL-05 que corresponde a um sienogranito da Fácies Porfirítica Rosa. A mesma foi processada no Laboratório de Preparação de Amostras do Departamento de Recursos Minerais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde foram realizados os procedimentos de britagem, moagem e peneiramento nas frações 0,063-0,250 mm, com o recolhimento do intervalo de 0,125 mm para a análise. Os outros passos incluem a passagem do ímã sobre a amostra para a remoção dos minerais magnéticos; os minerais pesados contendo zircão foram concentrados com a utilização da bateia e, por fim, foram selecionados 200 cristais de zircão, com o auxílio de uma lupa binocular, enviados para o laboratório do CPGeo- IGc/USP.

Os grãos de zircão foram dispostos em fileiras juntamente com a amostra padrão na resina epóxi, polido e revestido com ouro. As imagens de catodoluminescência (CL) foram obtidas a partir de um microscópio eletrônico de varredura FEI-QUANTA 250 FEG e um detector XMAX CL (Instrumentos Oxford). As análises U-Pb foram realizadas pelo equipamento SHRIMP IIe/MC. Os procedimentos analíticos e calibração do aparelho são descritos em Sato et al. (2014).

O teor de 206Pb/238U é calibrado segundo o padrão Temora 2, com idade de 416.78 Ma (Black et al. 2004) e em relação ao teor de U é utilizado o padrão SL13 (238 ppm). Para pequeno número de dados (10 - 15 análise), o erro esperado para a idade 206Pb/238U Temora é <1,5%.

O diagrama concórdia foi plotado usando o ISOPLOT 4 (Ludwig 2009). Correções de chumbo comuns costumam usar 204Pb de acordo com Stacey & Kramer (1975), mas o software SQUID 1,06 que processa os dados do SHRIMP tem a opção de usar correções de 207Pb e 208Pb.

Os dados isotópicos U-Pb (SHRIMP) em zircão foram tratados no laboratório do Centro de Pesquisas Geocronológicas do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (CPGeo- IGc/USP).

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20 I.4.2.2.4. Análise Isotópica Sm-Nd em rocha total

A amostra escolhida para a análise Sm-Nd também foi a LL-05, preparada de acordo com os mesmos procedimentos utilizados para análise litoquímica. O procedimento analítico utilizado para a análise Sm-Nd é composto por três etapas: dissolução de amostras; separação química por cromatografia de troca iônica e por fim, depósito nos filamentos dos elementos Sm e Nd para análise por espectrometria de massa TIMS. Foi dissolvida 100 mg de amostra em cadinho de teflon Savillex com HNO3, HF e HCl, após a adição de 100 mg do traçador misto 149Sm-150Nd. Os ETRs são separados primeiramente a partir de técnicas convencionais de troca catiônica em colunas de teflon contendo resina Biorad Dowex AG 50x8. Os elementos Nd e Sm são separados e purificados posteriormente, a partir da solução concentrada de ETRs, utilizando técnicas convencionais de troca iônica em colunas de teflon contendo resina Eichron® Ln-Spec. Os concentrados de Nd e de Sm foram dissolvidos em 1 ml de HNO3** (bidistilado) e as análises isotópicas realizadas no espectrômetro de massa ICP-MS marca Thermo-Finnigan modelo Neptune. Todo o procedimento analítico adotado na aplicação do método Sm-Nd é descrito por Gioia

& Pimentel (2000). Essa metodologia foi inserida no Laboratório Pará-Iso, por Oliveira et al. (2008), no entanto, com algumas modificações.

Os valores 143Nd/144Nd foram normalizados para 146Nd/144Nd = 0.7219 utilizando a lei exponencial de Russell et al. 1978. A constante de decaimento utilizada foi a de 6.54 x 10-12 ano-1 de Lugmair & Marti (1978). A reprodutibilidade dos resultados isotópicos é avaliada por repetidas análises do padrão La Jolla e os padrões de rocha internacionais BHVO-1 e BCR-1. As idades modelo foram calculadas com base no modelo de evolução do manto empobrecido de De Paolo (1981).

I.4.3. ETAPA DE TRATAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS

Esta fase consistiu na integração e interpretação dos dados obtidos nas etapas antecedentes, onde foram confeccionados mapas (localização e vias de acesso, geológico e de afloramentos), ilustrações gráficas, planilhas e textos, com a utilização de softwares padrões para edição de mapas, imagens e textos. Para o tratamento estatístico e interpretativo dos dados estruturais foi utilizado o software OpenStereo0.1.2f (IGc-USP).

I.4.4. ETAPA DE FINALIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS

Esta etapa se refere à redação do texto final da dissertação, submissão do artigo elaborado a partir da sistematização dos dados obtidos, juntamente com a defesa pública perante a banca examinadora.

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CAPÍTULO II CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

II.1.CRÁTON AMAZÔNICO

Com o advento da tectônica de placas, o conhecimento sobre o Cráton Amazônico ganhou uma nova abordagem com os trabalhos de Cordani et al. (1979), Teixeira et al. (1989), Tassinari (1996), Tassinari & Macambira (1999), Santos et al. (2000) entre tantos outros.

A proposta de Tassinari & Macambira (1999) de divisão do Cráton Amazônico em seis províncias geocronológicas, é uma das mais utilizadas atualmente, sendo elas: Província Amazônia Central (2,5 Ga), Província Maroni-Itacaiúnas (2,25-2,0), Província Ventuari-Tapajós (1,95-1,80 Ga), Província Rio Negro-Juruena (1,8-1,55 Ga), Província Rondoniana-San Ignácio (1,55-1,3 Ga) e Província Sunsás (1,3-1,0 Ga).

Nas primeiras referências ao Cráton Amazônico como nos trabalhos de Almeida (1964), Hasui

& Almeida (1970) e Amaral (1974) o Terreno Rio Apa corresponde a parte integrante do mesmo, no entanto, a partir de Cordani et al. (1979) e Litherland et al. (1986) o Terreno Rio Apa é considerado como um segmento crustal alóctone ao Cráton Amazônico, que durante sua acresção ao Cráton gerou a Faixa Tucavaca.

Alguns trabalhos como Brito Neves et al. (1985) seguido por Alvarenga & Trompette (1993) e Trompette et al. (1998) definem que a Faixa Tucavaca na realidade compreende um rift abortado de uma junção tríplice.

As similaridades nos padrões geocronológicos foram observadas por Cordani et al. (2005) que acreditam ser muito sugestivos para uma correlação do embasamento do Rio Apa com as regiões do Cráton Amazônico em Rondônia e Mato Grosso. Posteriormente, Ruiz et al. (2005) defendem que o bloco Rio Apa consiste de um prolongamento do Cráton Amazônico e corresponde ao embasamento das Faixas Paraguai e Araguaia, e das rochas sedimentares do aulacógeno Tucavaca, na Bolívia.

II.1.1. TERRENO RIO APA

A primeira subdivisão da Província Rio Apa se deu a partir do trabalho de Lacerda Filho et al.

(2006) com base em dados geocronológicos, esses autores admitem que a mesma foi formada entre 1,95 e 1,75 Ga, sendo deformada e retrometamorfizada durante as orogenias Rondoniana-San Ignácio (1.3 Ga) e Sunsás/Aguapeí (1.1-1.0 Ga), como indicam idades Ar-Ar de 1.300 e 1.060 Ma, em biotita (Cordani et al. 2005). Os compartimentos geotectônicos definidos por Lacerda Filho et al. (2006) são os seguintes: (i) Remanescente de Crosta Oceânica (2,2 a 1,95 Ga.); (ii) Arco Magmático Rio Apa (1,95 a 1,87 Ga); e (iii) Arco Magmático Amoguijá (1,87-1,75 Ga), além das Intrusivas Básicas (1,78 Ga).

O Terreno Rio Apa foi dividido por Cordani et al. (2010), a partir de idades Sm-Nd em dois domínios: ocidental e oriental, separados por uma sutura preferencialmente N/S. Esses autores, baseados

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em idades K-Ar e Ar-Ar observam que em 1300 Ma houve um evento de aquecimento em todo o Rio Apa, atingindo temperaturas de pelo menos 350-400°C, bloqueando o sistema argônio das micas.

II.1.1.1. Terreno Rio Apa na região de Corumbá

A partir do mapeamento da Folha Corumbá realizado por Del Arco et al. (1982) foi possível tomar conhecimento sobre os diversos trabalhos realizados no embasamento da região de Corumbá, tais como: Fonseca (1880), Evans (1894), Lisboa (1909), Oliveira & Leonardos (1943), Oliveira & Moura (1944) e Dorr II (1945, 1946). Basicamente todos esses trabalhos relatavam a presença de granitos, na maioria das vezes cortados por diques de diorito, mas também são citados xistos e gnaisses.

Essas rochas são remetidas a uma unidade a partir de Almeida (1945), esse autor descreve o Granito Urucum como também gnaisses, micaxistos e anfibolioxistos e engloba-os no Complexo Brasileiro. As rochas básicas, intrusivas no granito, foram chamadas por Almeida (1945) de quartzo- gabro mas não foram incluídas no Complexo Brasileiro.

Os primeiros dados geocronológicos dessas rochas se devem a Hasui & Almeida (1970) que adotaram o método K-Ar em feldspato potássico no granito da reginião de Urucum, com uma idade de 889±44 Ma. Posteriormente Souza (1973) atribuiu uma idade arqueana aos granitos róseos localizados a sul de Corumbá.

Os gnaisses, gnaisses graníticos e granitos que afloram nos arredores de Corumbá, na região do Nabileque e em toda porção sudoeste de Mato Grosso do Sul foram incluídos por Corrêa et al. (1976) no Complexo Basal.

Posteriormente Araújo & Montalvão (1980) propõem o termo Complexo Rio Apa para reunir as rochas do Complexo Basal e da Associação Metamórfica Alto Tererê (Corrêa et al. 1976).

Os granitos, granodioritos, quartzo sienitos, gnaisses graníticos, gnaisses, xistos e diques de quartzo diorito e quartzo gabro expostos na Folha SE-21-Y-D que ocorre à sul de Corumbá foram correlacionados por Del Arco et al. (1982) com o Complexo Rio Apa. Esses autores reportam dados geocronológicos pelo método K-Ar em biotita que gerou uma idade de 1730±22 Ma interpretada como a época de resfriamento regional e estabilização tectônica do Complexo Rio Apa em Corumbá, posicionando no entanto, de forma duvidosa, essas rochas no pré-cambriano superior devido as grandes oscilações radiométricas.

Na Folha Corumbá, Godoi & Martins (1999) adotam a designação de Complexo Rio Apa, de Araújo & Montalvão (1980), no entanto separando a Associação Metamórfica do Alto Tererê, pois esta apresenta características estruturais e metamórficas distintas das apresentadas por aquele complexo.

A presença predominante dos metagranitos cisalhados na Folha Corumbá foi relatada por Godoi et al. (2001) que atribuem essas rochas ao Complexo Rio Apa, posicionando esta unidade no arqueano e relacionando o mesmo ao Complexo Xingu (Silva et al. 1974).

Nesse trabalho as rochas infracrustais da região de Corumbá são admitidas como extremo norte do Terreno Rio Apa (Fig. II.1), atuando como janelas do embasamento em meio aos sedimentos

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quaternários da Formação Pantanal. A partir de Redes et al. (2013, 2015) e Santos et al. (2013) essas rochas voltam a ser tratadas com mais detalhes, descritas individualmente e correlacionadas a Suíte Intrusiva Alumiador, devido às similaridades estruturais, litoquímicas e geocronológicas com os corpos que compõem essa unidade.

II.1.1.1.1 Suíte Intrusiva Alumiador

O termo Suíte Intrusiva Alumiador foi dado primeiramente por Araújo et al. (1982) para se referir aos granitos que compõem a Serra do Alumiador. Godoi & Martins (1999) inserem essas rochas dentro da Supersuíte Amoguijá, sob a denominação de Suíte Intrusiva Alumiador (plutônicas) e Suíte Vulcânica Ácida Serra da Bocaina (vulcânicas). Lacerda Filho et al. (2006), dentro da divisão geotectônica que fez para o Terreno Rio Apa, considera a cogeneticidade das rochas vulcânicas e plutônicas e substitui o termo Supersuíte por Suíte Amoguijá, subdividindo-a em Granito Alumiador e Vulcânicas Serra da Bocaina, ambas unidades compondo o Arco Magmático Amoguijá. Segundo Lacerda Filho et al. (2006) o Arco Magmático Amoguijá compreende rochas plutônicas, subvulcânicas e vulcânicas félsicas de afinidade cálcio-alcalina, pouco deformadas por tectônica rúptil a rúptil-dúctil, pertencentes a um arco de margem continental, do tipo andino, com pouca reciclagem crustal.

A denominação de Grupo Amonguijá foi sugerida por Manzano et al. (2012) para se referir a um conjunto plutono-vulcânico de natureza predominantemente ácida, que engloba o magmatismo da Suíte Plutônica Alumiador e da Suíte Vulcânica Serra da Bocaina. Esses autores não consideram as individualizações dos corpos graníticos para aquela região e voltam a utilizar a separação em fácies.

Neste trabalho será adotado o termo Suíte Intrusiva Alumiador (Araújo et al. 1982) para se referir ao diversos corpos graníticos que ocorrem no Bloco Ocidental do Terreno Rio Apa e o termo Supersuíte Amoguijá (Godoi & Martins 1999), será usado quando se tratar da Suíte Intrusiva Alumiador juntamente com a Formação Serra da Bocaina (Brittes et al. 2013).

Os granitos Carandá e Cerro Porã foram individualizados respectivamente por Brittes et al.

(2011) e Plens et al. (2011) o primeiro ocorre a noroeste do Granito Alumiador, e o segundo compõe a Serra da Esperança e são relacionados pelos autores com o Arco Magmático Amoguijá.

Outro corpo que constitui a Suíte Intrusiva Alumiador foi descrito por Souza et al. (2012, 2013) denominado de Granito São Francisco, constituindo a Serra homônima, fracamente foliado de composição monzogranítica, apresentando contato intrusivo com a Formação Serra da Bocaina e tectônico recoberto pelos sedimentos da Formação Pantanal.

As rochas vulcânicas cogenéticas a Suíte Intrusiva Alumiador foram denominadas por Brittes et al. (2013) como Formação Serra da Bocaina, que compreende andesitos e riolitos, divididos em quatro fáceis piroclásticas e uma efusiva, que segundo os autores refletem um evento magmático extrusivo, de natureza explosiva, relacionado à evolução do Arco Magmático Amoguijá, devido a a sua natureza cálcio-alcalina e sua idade de cristalização Pb-Pb em zircão de 1879±4 Ma.

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Figura II.1. A) Mapa Geológico do Terreno Rio Apa. Extraído e modificado de Cabrera (2015); B) Limites do Cráton Amazônico com localização aproximada do Terreno Rio Apa.

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O Batólito Cerro Porã foi definido por Plens et al. (2013) como granitoides do tipo A2 da série alcalina potássica saturada em sílica, com dados geocronológicos U-Pb (SHRIMP) em zircão que renderam uma idade de cristalização de 1749±45 Ma, constituindo provavelmente um dos últimos eventos tardi a pós-orogênicos relacionados ao Arco Magmático Amoguijá.

O Granito Aquidabã é descrito por Nogueira (2015) como composto por dacitos e riolitos, riolitos alcalinos e granitos, subdivididos em três fácies petrográficas, com os dados geoquímicos sugerindo um magmatismo de composição compatível com a de granitoides tipo A gerados em ambiente de arco magmático, em período pós-tectônico.

Os primeiros corpos individualizados na região de Corumbá se devem aos trabalhos de Redes et al. (2013) e Santos et al. (2013), que descrevem respectivamente os Granitos Taquaral e Coimbra.

Outra proposta de divisão para o Terreno Rio Apa é dada por Faleiros et al. (2016) compreendendo os terrenos ocidental e oriental separados pela zona de cisalhamento Aldeia Tomázia, e o terreno sudeste separado do terreno oriental pela zona de cisalhamento Serra do Perdido. Esses autores reconhecem para a Suíte Intrusiva Alumiador os granitos Alumiador, Córrego do Cervo (Pavan et al. 2014) e Santa Otília (Faleiros et al. 2014; Pavan et al. 2014), todos dentro do terreno oriental, o Granito Cerro Porã considerado por Plens et al. (2013) como parte da Suíte Intrusiva Alumiador é posicionado por esses autores dentro da Suíte Intrusiva Baía da Garças, no terreno oriental, devido as semelhanças na idade de cristalização.

A Formação Serra da Bocaina não é considerada por Faleiros et al. (2016) como uma vulcânica equivalente à Suíte Intrusiva Alumiador, por ser pelo menos 40 Ma mais velha que o Granito Alumiador.

A partir de diversos trabalhos recentes sobre o Terreno Rio Apa, Cabrera (2015) elaborou um mapa geológico atualizado sobre essa região. Esse autor faz considerações importantes sobre algumas unidades do Terreno Rio Apa, apontando algumas mudanças. Uma delas é a restrição da denominação Granito Alumiador para se referir somente ao batólito exposto nas serras do Alumiador e São Paulo, e o uso do termo Suíte Intrusiva Alumiador para agrupar os granitoides formados entre 1,75 e 1.85 Ga que compartilham aspectos petrogenéticos importantes.

II.1.1.2. Grupo Corumbá

A denominação desse grupo deriva de Corumbá Limestone, nome atribuído por Evans (1894) para se referir aos calcários aflorantes nos arredores da cidade homônima.

Esse grupo é dividido por Almeida (1984) da base para o topo, nas formações Cerradinho, Bocaina e Tamengo, proposta seguida por Lacerda Filho et al. (2006) e adotada neste trabalho.

Segundo Godoi et al. (1999) as formações Cerradinho, Bocaina e Tamengo são composta respectivamente por: 1) folhelhos, siltitos arenitos, arcóseos, calcários, margas e dolomitos; 2) calcário dolomítico e calcítico, por vezes silicificados com níveis oolíticos, intraclastos e raras estruturas

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estromatolíticas; 3) calcários calcíticos, por vezes brechados, com níveis oolíticos, e abundante conteúdo fossilífero, apresentando intercalações de arenitos, siltitos e folhelhos.

II.1.1.3. Formação Pantanal

A Formação Pantanal foi definida primeiramente por Oliveira & Leonardos (1943) e segundo Almeida (1959) foi originada sob a influência da orogenia Andina, em ambiente fluvial e/ou flúvio- lacustre.

Essa formação é dividida por Figueiredo & Olivatti (1974) e Corrêa et al. (1976) em três unidades da base para o topo denominadas Qp1 – sedimentos da planície aluvial antiga, representados por areias e cascalhos; Qp2 – argilas das zonas alagáveis do pantanal e Qp3 – sedimentos areno-argilosos restritos às calhas das principais drenagens que ocorrem dentro da planície.

Segundo Assine (2005) essa formação tem sido modelada pela neotectônica, ocorrendo mudanças de níveis de base, gradientes topográficos e condicionando o curso do rio Paraguai na borda oeste da bacia, considerando que as estruturas NE associadas ao Lineamento Transbrasiliano indicam atividade tectônica sinsedimentar.

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CAPÍTULO III GEOLOGIA E PETROGRAFIA

III.1. GEOLOGIA DA PORÇÃO SUL DE CORUMBÁ

O mapeamento da porção sul de Corumbá permitiu identificar o Granito Coimbra, anfibolitos, como também as coberturas neoproterozoicas representada pelo Grupo Corumbá e os sedimentos quaternários da Formação Pantanal.

As rochas sedimentares são aqui descritas sucintamente por se tratar de parte do mapeamento, no entanto o foco desse trabalho são as rochas que constituem o embasamento dessa região. A Figura III.1 ilustra a distribuição das unidades mapeadas, e o empilhamento estratigráfico.

Figura III.1. Mapa geológico e perfil do Granito Coimbra e das coberturas carbonáticas.

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28 III.1.1. GRANITO COIMBRA

O Granito Coimbra aflora como janelas estruturais, na forma de discretos morrotes arredondados, escarpas, lajedos e leitos de estrada. No geral é um corpo com foliação N10-20E, com zonas miloníticas paralelas à foliação, cortado por juntas, veios de quartzo deformados, faixas cataclásticas e anfibolitos alojados na forma de diques, estes últimos com direção N20W. Apresenta contato discordante e tectônico com os calcários do Grupo Corumbá estando, em parte, recoberto pelos sedimentos da Formação Pantanal.

Os estudos petrográficos macroscópicos e microscópicos permitiram definir três fácies do Granito Coimbra: Fácies Porfirítica Rosa - FPR (Fig. III.2 A e B), Fácies Média a Grossa Cinza - FMGC (Fig. III.2 C) e Fácies Fina Rosa - FFR (Fig. III.2 D).

A FFR corta a FPR na forma de veios aplíticos, não foi encontrada essa mesma relação da FFR com a FMGC. A FFR foi observada em um ponto do mapa e as outras duas fácies se distribuem por todo a extensão do mapeamento, a FMGC ocorre na porção central. Apesar de não ter sido encontrado uma relação direta entre a FPR e a FMGC essas duas fácies afloram no mesmo morro.

Figura III.2. Fotografias do Granito Coimbra ilustrando: A e B) relações inequigranulares da FPR onde o feldspato alcalino e o plagioclásio ocorrem rotacionados, o quartzo eibe-se muito estirado e a foliação é marcada pelos níveis de biotita; C) agulhas de anfibólio orientadas e alternadas com plagioclásio da FMGC e D) relações equigranulares da FFR.

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Mesmo apresentando foliação, as rochas do Granito Coimbra mantém os aspectos texturais ígneos, no entanto em algumas porções as feições miloníticas se destacam, obliterando o registro magmático. A tabela III.1. apresenta o resumo da petrografia.

Tabela III.1. Quadro sinóptico com as características petrográficas.

Litologia Textura Granulação Cor Mineralogia

Essencial

Mineralogia Acessória

Mineralogia Metamórfica e de

alteração

Sienogranitos/

monzogranitos da Fácies Porfirítica

Rosa

inequigranular

fina a grossa

cinza-rosado a rosa

feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e

biotita

opacos, titanita, zircão, apatita e

alanita

minerais do grupo do epídoto (epídoto e

clinozoisita), actinolita, clorita, sericita, muscovita, argilominerais, silimanita, fluorita e

calcita.

Granodioritos/

tonalitos da Fácies Média à Grossa

Cinza

equigranular a

inequigranular média a grossa cinza a cinza- escuro

plagioclásio, quartzo, feldspato alcalino, anfibólio (horblenda) e

biotita

opacos, titanita, zircão, apatita e

alanita

minerais do grupo do epídoto (epídoto e

clinozoisita), actinolita, clorita, muscovita, sericita, argilominerais e

calcita.

Álcali feldspato granito da Fácies

Fina Rosa

equigranular a

inequigranular fina

rosa a rosa- avermelhado

feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e

biotita

opacos

minerais do grupo do epídoto (epídoto e clinozoisita), clorita, sericita e muscovita.

Anfibolito equigranular muito fina a fina cinza-esverdeado a preto

anfibólio (hornblenda),

plagioclásio

titanita, opacos

minerais do grupo do epídoto (epídoto e

clinozoizita), argilominerais e

clorita.

III.1.1.1. Fácies Porfirítica Rosa

A Fácies Porfirítica Rosa é volumetricamente dominante, e é caracterizada macroscopicamente por rochas leucocráticas, de cor cinza-rosado a rosa, inequigranulares, porfiríticas a porfiroclásticas, com matriz fina a média, composta essencialmente por feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e biotita, sendo classificadas como sienogranitos e monzogranitos. Os fenocristais são representados por feldspatos e quartzo variando de 1 até 4 cm, ocorrem também como porfiroclastos rotacionados e estirados.

Opticamente, as rochas dessa fácies são inequigranulares, hipidiomórficas, constituída essencialmente por feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e biotita. A paragênese acessória está representada por opacos, titanita, zircão, apatita e alanita; a paragênese metamórfica e de alteração está representada pela actinolita, por minerais do grupo do epídoto (epídoto e clinozoisita), actinolita, clorita, sericita, muscovita, argilominerais, silimanita, fluorita e calcita. Os principais processos de alteração reconhecidos são saussuritização, sericitização, argilização e cloritização.

O feldspato alcalino, representado pela microclina e pelo ortoclásio, ocorre como grãos anédricos a subédricos tabulares, com dimensões de 0,8 a 5,5 mm, como fenocristais, compondo a matriz ou como porfiroclastos. Apresenta geminações combinadas em grade (albita+periclina), por vezes, associadas a Carlsbad, e comumente corresponde ao hospedeiro de intercrescimento lamelar de plagioclásio sódico e granular de quartzo com formas irregulares, caracterizando texturas, respectivamente pertítica e micro-gráfica (Fig. III.3 A e B). O crescimento de quartzo vermicular no

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plagioclásio com feldspato alcalino adjacente corresponde a textura mirmequítica. Como seus produtos de alteração tem-se sericita, argilominerais e muscovita.

O quartzo exibe-se como grãos anédricos a subédricos prismáticos, com dimensões de 0,1 a 4 mm, comumente intercrescido com feldspato alcalino, compondo a textura micro-gráfica ou granofírica.

Na maioria das vezes ocorre estirado, em ribbons, com extinção ondulante proeminente, com formação de subgrãos e recristalizado. Preenche também interstícios ao redor dos cristais de plagioclásio e agregados maiores de quartzo poligonizado com aspecto sigmoidal. Exibe-se por vezes recristalizado nas fraturas do feldspato alcalino e plagioclásio.

O plagioclásio, representado pela albita, apresenta-se anédrico a subédrico, prismático a tabular, com dimensões de 0,5 a 4,5 mm, por vezes zonado, com geminações polissintéticas albita (Fig. III.3 C) e periclina e simples do tipo Carlsbad, que podem estar associadas. Encontra-se também como fase hóspede de pertitas, em lamelas e grãos e parcialmente substituído por muscovita. Quando em rochas milonitizadas, é representado por porfiroclastos e grãos menores recristalizados compondo a matriz.

Ocorre também estirados, com maclas deformadas e quebradas, discretamente rotacionados, com quartzo recristalizado em seu entorno. Seus processos de alteração compreendem sericitização, argilização e saussuritização onde ocorre sua transformação em plagioclásio ainda mais sódico juntamente com a sericita e minerais do grupo do epídoto (epídoto e clinozoisita). A argilização deixa esse mineral com um aspecto turvo (Fig. III.3 D).

A biotita se exibe anédrica a subédrica, com dimensões de 0,2 a 3 mm, ocorrendo como palhetas, por vezes, deformadas em kink-band e mica fish, com pleocroísmo variando de castanho a marrom- avermelhado (Fig. III.3 E). Exibe inclusões de cristais de apatita e zircão, este último ocasionando halos pleocróicos e ocorre substituída algumas vezes por carbonato, epídoto e muscovita.

Os opacos apresentam-se anédricos a subédricos, cúbicos e hexagonais associados a biotita e clorita. Por vezes, representam a substituição da biotita e da titanita, gerando juntamento com essa última a textura coronítica.

A titanita ocorre anédrica a subédrica, com formato losangular, associada ao plagioclásio, biotita e opacos, com substituição, por vezes, para opacos e calcita. O zircão ocorre granular a subédrico, formando pequenos prismas inclusos no plagioclásio e associado a biotita. A apatita ocorre granular e acicular, associada a biotita e clorita.

A única fase primária do grupo do epídoto está representada pela alanita, que ocorre como grãos subédricos bem desenvolvidos com cor castanho-avermelhada.

O anfibólio é representado pela actinolita, não é tão disseminado, ocorrendo apenas em algumas amostras da FPR. Apresenta-se anédrico granular, com pleocroísmo de verde-escuro a verde- azulado, associado com a biotita e opacos (Fig. III.3 F).

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Figura III.3. Fotomicrografia da FPR ilustrando: A) intercrescimento pertítico e mirmequítico; B) cristal tabular de feldspato alcalino com pertita em drops C) prismas bem desenvolvidos de plagioclásio e substituição parcial para muscovita; D) plagioclásio intensamente sericitizado, argilizado e alterado para calcita; E) palhetas bem desenvolvidas de biotita com inclusões de apatita e substituição para muscovita e F) biotita associada com actinolita e opacos. Polarizadores cruzados em A, B, C e D e paralelos em E e F.

Os minerais do grupo do epídoto ocorrem principalmente a partir da saussuritização do plagioclásio, estando representados pelo epídoto sensu strictu e pela clinozoisita. São anédricos a subédricos e granulares a prismáticos. O epídoto apresenta um pleocroísmo em tons de amarelo pálido, e ocorre geralmente associado a biotita, clorita e titanita.

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A clorita é formada a partir da alteração da biotita, com pleocroísmo castanho a verde-oliva, exibindo-se como palhetas deformadas em kink, alcançando dimensões de até 0,9 mm, e associadas à titanita.

A muscovita é formada a partir da alteração dos feldspatos e biotita, ocorrendo como pequenos prismas, algumas vezes fibrorradiadas, com dimensões de até 0,3 mm. Apresenta-se ainda em níveis lepidoblásticos estirados, marcando a orientação da rocha.

A fluorita e a silimanita ocorrem de forma incipiente somente na FPR, são euédricas, a primeira aparece cúbica e a segunda como retângulos estreitos, quase aciculares. A formação desses minerais está associada as zonas de cisalhamento.

A calcita ocorre escassamente, sendo resultado da substituição da biotita, plagioclásio e titanita.

A sericita e os argilominerais ocorrem em minúsculas agulhas provenientes da alteração dos feldspatos.

III.1.1.2. Fácies Granodiorítica a Monzogranítica Cinza

A Fácies Granodiorítica a Monzogranítica Cinza é representada por rochas leucocráticas, cinza a cinza-escuro, equi a inequigranulares, média a grossa, porfirítica, compostas essencialmente por plagioclásio, quartzo, feldspato alcalino, anfibólio e biotita classificadas como granodioritos e tonalitos.

A deformação foi mais intensa nessas rochas, onde a foliação é expressiva, bem como a milonitização, Os porfiroclastos de plagioclásio e quartzo encontram-se rotacionados e estirados, imersos em uma matriz quartzo-feldspática, e em algumas porções existe maior concentração de epídoto, devido à alteração, que chega a formar níveis orientados.

Opticamente essa fácies é inequigranular, xenomórfica a hipidiomórfica, constituída essencialmente por plagioclásio, quartzo, feldspato alcalino, horblenda e biotita. A paragênese acessória está representada por opacos, titanita, zircão, apatita e alanita; a paragênese metamórfica e de alteração está representada por minerais do grupo do epídoto (epídoto e clinozoisita), actinolita, clorita, muscovita, sericita, argilominerais e calcita. Os principais processos de alteração são saussuritização, sericitização, argilização e cloritização. Apresenta xistosidade acentuada, gerada principalmente por níveis lepidoblásticos e nematoblásticos, formados pela orientação de biotita, clorita e anfibólio, intercalados com porções granoblásticas.

O plagioclásio, representado pela andesina, se apresenta anédrico a subédrico tabular, com dimensões de 0,3 até 4 mm com macla polissintética (albita e periclina), como também a Carlsbad.

Apresenta intercrescimento lamelar e vermicular de quartzo, tendo feldspato alcalino adjacente, caracterizando textura mirmequítica. A saussuritização, sericitização e argilização marcam significativamente os grãos desse mineral, tendo como produtos de alteração minerais do grupo do epídoto (epídoto e clinozoizita), sericita e argilominerais. Por vezes ocorre uma concentração muito intensa do epídoto, onde todo o plagioclásio é consumido. Nas porções milonitizadas ocorre geralmente rotacionado, com evidências de deformação e registros dos aspectos dúcteis e rúpteis da mesma, onde

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as maclas encontram-se dobradas e truncadas, gerando kink-bands, como também a fragmentação tipo dominó, onde os espaços são preenchidos por quartzo.

O quartzo exibe-se de diversas formas, anédrico a subédrico, em agregados, com contatos serrilhados, retos e curvos, formando mosaicos, por vezes esses aglomerados policristalinos apresentam formato sigmoidal. Ocorre geralmente em ribbons, com extinção ondulante expressiva, assim como as lamelas de deformação, formação de subgrãos e por fim a recristalização. Quando recristalizado, o quartzo aparece como agregados submilimétricos no entorno de grãos primários desse mineral, como também nos interstícios entre outros minerais.

O feldspato alcalino, representado pela microclina apresenta-se anédrico a subédrico tabular, com dimensões de 0,7 até 4mm com a macla polissintética em grade (albita + periclina). Pode ocorrer recristalizado, fragmentado, e também com intercrescimento cuneiforme de quartzo, caracterizando textura micro-gráfica.

Os máficos essenciais são representados pelo anfibólio e pela biotita. O anfibólio, reconhecido como hornblenda, ocorre subédrico, formando losangos e prismas alongados, com dimensões de 0,5 a 2 mm, e pleocroísmo amarelo a verde-azulado. Esse mineral ocorre frequentemente formando níveis orientados e estirados caracterizando textura nematobástica (Fig. III.4 A). A hornblenda aparece algumas vezes como um mineral pisciforme, caracterizando a hornblenda fish. Também se observa raramente a actinolita, produto de reequilíbrio metamórfico de grau baixo da hornblenda, que apresenta pleocroismo de verde-escuro a verde-azulado.

A biotita apresenta-se anédrica a subédrica, prismática, com pleocroísmo amarelo a marrom- avermelhado, ocorrendo estirada, com dimensões de 0,5 mm a 1 mm, formando níveis lepidoblásticos, e, na maioria das vezes, parcial a totalmente cloritizada (Fig. III.4 B).

Os opacos ocorrem geralmente associados à biotita e anfibólio, ou inclusos nesses minerais, são anédricos e geralmente muito quebrados, por vezes secundários, resultado da alteração da biotita e também podem apresentar uma borda de reação da titanita.

A titanita é anédrica a subédrica, prismática a losangular de até 0,6 mm formando, por vezes, agregados granulares ou prismas curtos. Apresenta geminação algumas vezes e ocorre associada aos opacos e ao anfibólio e também como produto de alteração da biotita.

O zircão apresenta-se granular a subédrico, representado por prismas curtos e bipirâmides quebradas, ocorrendo incluso na biotita e nos feldspatos e por vezes associado aos opacos.

A apatita ocorre em grãos arredondados e um pouco alongados, inclusa nos feldspatos e anfibólio. A alanita exibe-se em agregados de grãos arredondados, de cor acastanhada, associada com os anfibólios e opacos (Fig. III.4 C).

Os minerais do grupo do epídoto são representados por epídoto sensu strictu e por clinozoizita e são produtos da saussuritização do plagioclásio. São anédricos a subédricos, em grãos, prismas curtos e alongados, com pleocroismo em tons de amarelo-claro, e pode ocorrer associado ao anfibólio. A

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epidotização do plagioclásio chega a ser tão intensa que se desenvolvem níveis orientados de epídoto e clinozoizita, alternando com plagioclásio reliquiar, feldspato alcalino e quartzo.

A clorita ocorre como grãos anédricos, estirados e quebrados, formada a partir da alteração da biotita, com pleocroísmo em tons de verde.

A muscovita apresenta-se subédrica, formando agulhas e palhetas, com dimensões de até 0,7 mm, sendo produto de alteração dos feldspatos e biotita, ocorrendo sempre associada aos níveis máficos.

A sericita e os argilominerais ocorrem como pequenas agulhas originadas a partir da alteração dos feldspatos. A calcita ocorre de maneira escassa e é formada a partir da alteração do plagioclásio.

Figura III.4. Fotomicrografias da FMGC ilustrando: A) hornblendas orientadas definindo textura nematoblástica;

B) bolsão de biotita com substituição para clorita; C) hornblendas orientadas com alanitas associadas.

III.1.1.3 Fácies Fina Rosa

A Fácies Fina Rosa é representada por diques aplíticos de até 9 cm de largura, leucocráticos, rosa a rosa-avermelhado, equi a inequigranulares finos, sendo classificadas como álcali-granitos. Essa fácies apresenta uma foliação incipiente e não se encontra milonitizada.

Opticamente, as rochas dessa fácies são inequigranulares, xenomórficas a hipidiomórficas, constituída essencialmente por feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e biotita. A paragênese acessória está representada por opacos e a de alteração está representada por minerais do grupo do epídoto (epídoto

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e clinozoisita), clorita, sericita e muscovita. Essas rochas são levemente foliadas e apresentam predomínio de textura micro-gráfica. Os principais processos de alteração reconhecidos são saussuritização, sericitização e cloritização.

O feldspato alcalino, representado pela microclina, ocorre como grãos anédricos a subédricos retangulares, com dimensões de 0,3 a 1,5 mm. Apresenta geminações combinadas em grade (albita+periclina) (Fig. III.5 A e B), e comumente corresponde ao hospedeiro de intercrescimento granular de plagioclásio sódico e quartzo com formas irregulares, caracterizando texturas, respectivamente pertítica e micro-gráfica (Fig. III.5 C).

O quartzo exibe-se como grãos anédricos a subédricos prismáticos, com dimensões de 0,1 a 1 mm, comumente intercrescido com feldspato alcalino, compondo a textura micro-gráfica ou granofírica.

O plagioclásio, representado pela albita, apresenta-se anédrico a subédrico, em prismas curtos e retangulares com dimensões de 0,2 a 1,5 mm, com geminações polissintética e encontra-se também como fase hóspede de pertitas e mesopertitas em grãos.

Figura III.5. Fotomicrografias da FFR ilustrando: A e B) feldspato alcalino intersticial, com poucos cristais de biotita levemente orientados; C) textura micro-gráfica. Polarizadores cruzados em A, B e C.

O único máfico essencial é representado pela biotita que se exibe anédrica a subédrica, com dimensões de 0,2 a 0,6 mm, ocorrendo como palhetas, por vezes, deformadas em kink-band e mica fish, com pleocroísmo variando de amarelo-claro a marrom-claro.

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Os opacos apresentam-se anédricos a subédricos, retangulares, constituindo fase primária como também a substituição da biotita.

Os minerais do grupo do epídoto ocorrem anédricos, granulares com pleocroísmo em tons de amarelo-claro.

A clorita é formada a partir da alteração da biotita, com pleocroísmo verde-claro a verde-escuro.

A muscovita ocorre subédrica na forma de prismas, associada a biotita e opacos. A sericita ocorre como agulhas submilimétricas formadas a partir da alteração dos feldspatos.

III.1.2. ANFIBOLITO

O anfibolito ocorre como diques, alojado no Granito Coimbra (Fig. III.6 A), com orientação N20W. São rochas foliadas, melanocráticas, cinza-esverdeada a preta, equigranulares, de granulação fina, compostas essencialmente por anfibólio e plagioclásio.

Opticamente essas rochas são em geral equigranulares, muito finas a finas, com foliação do tipo xistosidade, imposta pelos níveis nematoblásticos e lepidoblásticos formados pela orientação do anfibólio e clorita, respectivamente.

São constituídas por anfibólio e plagioclásio, titanita, opacos e clorita. Os processos de alteração, como a saussuritização e argilização, marcam significativamente os grãos de plagioclásio, com a formação de minerais do grupo do epídoto (epídoto e clinozoizita) e argilominerais. O processo de cloritização também é observado de forma abrangente nessas rochas.

O anfibólio, representado pela hornblenda, é anédrico a subédrico prismático, com pleocroísmo amarelo a verde, com dimensões de 0,2 até 0,6 mm, encontrando-se parcial a totalmente cloritizado (Fig.

III.6 B). Esse mineral ocorre comumente estirado e levemente rotacionado, cuja orientação dos prismas confere à rocha textura nematoblástica.

O plagioclásio, definido como oligoclásio, apresenta-se subédrico na forma de prismas alongados e curtos, com dimensões de 0,2 a 0,5 mm, e com macla polissintética da albita, por vezes, associada a Carlsbad. Comumente encontram-se estirados e por vezes rotacionados, apresentando como processos de alteração a saussuritização, com formação de minerais do grupo do epídoto (epídoto e clinozoizita) e também sericita.

A titanita ocorre anédrica, por vezes, subédrica prismática, estirada e levemente rotacionada com dimensões de 0,3 a 0,5 mm e parcialmente substituída por minerais opacos.

Os minerais opacos ocorrem anédricos a subédricos tabulares e retangulares, com dimensões de até 0,8 mm, por vezes estirados, fraturados, e também com formas esqueletais.

Os minerais do grupo do epídoto são representados pelo epídoto sensu strictu e pela clinozoisita.

Ocorrem anédricos a subédricos com hábito prismático bem desenvolvido, portando fraturas e por vezes macla, com pleocroísmo incolor a amarelo-claro, com dimensões de até 0,4 mm.

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A clorita ocorre como alteração do anfibólio, com pleocroísmo verde-claro a verde-escuro, constituindo uma fase comum, por vezes formando níveis que cortam toda a rocha.

Figura III.6. Fotografia do anfibolito ilustrando: A) dique de anfibolito cortando o granito; B) fotomicrografia ilustrando orientação do anfibólio e dos plagioclásios e bolsão de clorita no centro da imagem.

III.1.3. GRUPO CORUMBÁ

O Grupo Corumbá aflora na região mapeada como morrotes e lajedos, composto por calcário calcítico cinza-claro a cinza-escuro, fino, com aspecto maciço, portando laminações plano-paralelas (Fig. III.7 A) com direção N50E e mergulhos da ordem de 16º para SE.

As rochas são bem silicificadas, por vezes ocorrem extremamente fraturadas, apresentando dobras convolutas, oólitos e vênulas de quartzo (Fig. III.7 B).

Figura III.7. Fotografias dos calcários do Grupo Corumbá ilustrando: A) estratificação plano paralela; B) vênulas de quartzo.

Estas rochas apresentam contato discordante e tectônico com o Granito Coimbra e são recobertas pela Formação Pantanal.

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Como o foco do trabalho são as rochas do embasamento, não foi feito a individualização das unidades que compõem o Grupo Corumbá, no entanto, segundo Godoi et al. (2001), nessa região essas rochas são mapeadas como Formação Bocaina, unidade intermediária do Grupo Corumbá.

III.1.4. FORMAÇÃO PANTANAL

A Formação Pantanal é composta por sedimentos quaternários, semiconsolidados a inconsolidados, arenosos a síltico-argilosos, cinza a bege, ocorrendo nas áreas baixas e arrasadas que se encontram periodicamente inundáveis. Na área estudada essa formação recobre discordantemente, de forma parcial, as rochas do Granito Coimbra e da Formação Bocaina.

III.1.5. ALUVIÕES ATUAIS

As Aluviões Atuais correspondem à unidade mais jovem da área mapeada, sendo representadas por sedimentos inconsolidados como cascalhos, areias, siltes e argilas que se acumulam nas calhas e margens do rio Paraguai, como também em drenagens secundárias.

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