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RELATÓRIO. Tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro após decorridos 6 meses

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Academic year: 2021

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RELATÓRIO

Tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro

após decorridos 6 meses

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TRAGÉDIA ANUNCIADA !

Após 6 meses decorridos da tragédia na Região Serrana em janeiro/2011, onde morreram mais de 900 pessoas, e restaram milhares de desabrigados, e considerando o Relatório realizado pelo Crea-RJ em janeiro/2011, onde foi feito um diagnóstico preliminar sobre as causas da tragédia com proposição de medidas de curto, médio e longo prazos a serem implantadas na região, a Presidência do CREA-RJ solicitou que o Assessor de Meio Ambiente do CREA-RJ, Engo Civil Sanitarista Adacto Ottoni, fizesse novas inspeções em algumas áreas críticas atingidas pelas fortes chuvas ocorridas a partir do 12 de janeiro de 2011 em alguns municípios mais afetados da Região Serrana. As referidas inspeções ocorreram no dia 03 de agosto de 2011, em várias áreas dos municípios de Bom Jardim, Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, e contaram com a participação do Assessor de Meio Ambiente Adacto Ottoni, e do Agente de Fiscalização do CREA-RJ Marco Antonio Barreto.

As inspeções realizadas nesses municípios revelaram a grande fragilidade que ainda se encontra a região, onde boa parte da população local está voltando a morar nas mesmas áreas de risco (inclusive muitas vezes reconstruindo suas casas), onde pode-se antever uma TRAGÉDIA ANUNCIADA, ou seja, havendo novas chuvas intensas na região, o que já poderá ocorrer a partir de outubro/2011 (que corresponde ao início do período chuvoso local), essas áreas fragilizadas, sem a sua cobertura florestal original e com grandes feridas de deslizamentos de encostas ou solapamento e carreamento das calhas fluviais, poderão muito mais facilmente sucumbir, podendo gerar novos óbitos de vidas humanas na região, seja devido a novos riscos iminentes de deslizamentos de encostas ou de transbordamentos de rios em sua calha maior (onde fica a sua Faixa Marginal de Proteção).

Com relação aos transbordamentos de água dos rios, a hidrologia nos mostra que todo o curso d’água tem o seu regime variável ao longo do ano hidrológico, onde as vazões fluviais variam de um mínimo (no final do período de estiagem) até um máximo (durante o período chuvoso), conforme nos mostra a Figura 1.

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3 Figura 1 – Hidrograma genérico de escoamento de um rio em uma determinada

seção fluvial, ao longo do ano hidrológico (OTTONI, 1996).

Ou seja, na maior parte do ano o rio escoa em sua calha menor (para vazões baixas e médias). No entanto, durante o período de chuvas intensas (que pode ocorrer durante alguns meses do ano), as vazões fluviais podem aumentar significativamente, e o rio passa a escoar também em sua calha maior, como mostrado na Figura 2.

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4 Figura 2 – Caracterização genérica das seções menor e maior de um rio (TUCCI, 1998).

As inspeções realizadas na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro em 03/08/2011 constataram que várias construções destruídas pelas enchentes estavam possivelmente localizadas dentro do leito maior dos rios, o que não deveria acontecer. Além disso, o Código Florestal (Lei no 4771) considera como Área de Preservação Permanente (APP) as Faixas Marginais de Proteção (FMP’s) citadas, bem como os topos de morro e encostas com taludes acima de 45, devendo essas áreas estarem preservadas com sua vegetação nativa. As referidas inspeções do CREA-RJ também constataram que nas áreas de taludes que haviam deslizado, e que, portanto, estão altamente vulneráveis a possíveis novos deslizamentos de encostas, continuam ainda sendo ocupadas por parte da população local. Estes fatos comprovados com as referidas inspeções estão mostrados nas FOTOS a seguir:

FOTO 1 – Calha do rio Grande na Cidade de Bom Jardim, em trecho onde uma ponte

foi carregada pelas enchentes em janeiro/2011;

FOTOS DE 2 A 13 – Ocupações na Faixa Marginal de Proteção do Rio Grande, em

Bom Jardim, em área inundada nas enchentes de janeiro/2011, com pessoas residindo no local;

FOTOS 14 E 15 – Trecho da obra de recuperação da calha de afluente do rio Bengala,

em área que sofreu inundações em janeiro/2011, em Nova Friburgo, na localidade de Córrego Dantas;

FOTO 16 - Ocupação de residência na Faixa Marginal de Proteção (FMP) do rio, em

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FOTOS DE 17 A 28 – Campo Grande, em Teresópolis, área abandonada pelo Poder

Público, com várias ocupações irregulares de baixa renda e a presença de moradores que ainda residem no local, altamente devastado com as chuvas de janeiro/2011. Fotos tiradas 6 (seis) meses após a tragédia e pouca coisa foi feita até agora para a recuperação da área;

FOTO 29 – Detalhe das enormes pedras trazidas pelo rio, em Campo Grande, no

Município de Teresópolis, com as enchentes de janeiro/2011;

FOTOS de 30 a 32 – Detalhes mostrando a destruição devido às enchentes e trombas

d’água em Vieira, no Município de Teresópolis, e as pessoas continuam ocupando as áreas afetadas, localizadas na Faixa Marginal de Proteção do rio;

FOTOS 33 e 34 – Detalhes das ocupações na Faixa Marginal de Proteção (FMP) do rio,

com pessoas morando, em Ponte do Imbuí, no Município de Teresópolis, em local que foi devastado pelas enchentes de janeiro/2011;

FOTO 35 - Detalhes das ocupações na Faixa Marginal de Proteção (FMP) do rio, com

pessoas morando, em Cascata do Imbuí, no Município de Teresópolis, em local que foi devastado pelas enchentes de janeiro/2011;

FOTO 36 – Detalhe da construção de um muro que um morador fez para tentar

proteger a sua casa contra a inundação do rio local, na localidade de Cascata do Imbuí, no Município de Teresópolis, casa essa localizada na FMP do rio;

FOTO 37 – Detalhe de casa localizada na FMP do rio, com gente morando e risco de

desabamento, em Cascata do Imbuí, no Município de Teresópolis;

FOTOS 38 e 39 – Detalhes de ocupações com pessoas morando na área afetada pela

tromba d’água no Vale do Cuiabá, em Itaipava, no Município de Petrópolis;

FOTO 40 – Detalhe de casa reconstruída (obra recente) no local por onde passou a

tromba d’água em janeiro/2011, no bairro Granja Espineli, em Nova Friburgo;

FOTO 41 – Detalhe da ocupação em área onde houve deslizamento de encosta, com

pessoas morando, no bairro Granja Espineli, em Nova Friburgo;

FOTO 42 – Detalhe da ocupação em área onde houve deslizamento de encosta, com

pessoas morando, no morro acima da Praça do Suspiro, em Nova Friburgo;

FOTOS de 43 a 59 – Detalhes da ocupação atual em áreas onde houve deslizamentos

de encosta em morros próximo ao Centro de Nova Friburgo;

FOTOS 60 e 61 - Detalhes da ocupação atual em áreas onde houve deslizamentos de

encosta em morros no bairro de Campo do Coelho, em Nova Friburgo.

Desta forma, é extremamente urgente que se tomem medidas imediatas para os próximos 2 (dois) meses (que é quando começa o período chuvoso, ou seja, em meados de outubro/2011). É importante apontar que parte da população continua morando nos locais afetados, que, a princípio, estariam muito mais vulneráveis a novas enchentes ou deslizamentos de encostas (devido às “feridas” locais que foram deixadas com as fortes chuvas ocorridas em janeiro/2011, seja de assoreamento dos rios, seja de grandes

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6 movimentos de terra com carreamento de parte da vegetação existente anteriormente), com graves riscos à vida dessa população.

Como é impossível resolver todos os problemas apontados a curto prazo, que ainda persistem na região, estamos sugerindo algumas providências urgentes a serem tomadas, visando preservar a vida e a saúde desta população que ainda continua morando nesses locais críticos apontados e constatados pelas fotos em anexo:

1a Providência: Que seja providenciado urgentemente, até meados de

outubro/2011, a implantação de sirenes (ou dispositivo similar) nas principais regiões afetadas pela tragédia de janeiro/2011 que sofrem ocupação humana;

2a Providência: Que seja providenciado urgentemente com o INPE (e outros

órgãos que realizam o monitoramento das condições meteorológicas e climatológicas) a implantação de um sistema de aviso prévio a todas as Prefeituras que foram afetadas pela tragédia de janeiro/2011, no sentido de que, com pelo menos com algumas horas de antecedência, se possa dar o aviso sobre a chegada de algum evento extremo, com a geração de chuvas intensas e de enchentes em rios, para que a população possa ser alertada pelas citadas sirenes e ser evacuada a tempo dessas áreas críticas de riscos de deslizamentos de encostas e/ou de manchas de inundação;

3a Providência: Que seja planejado para os próximos 2 (dois) meses a criação

de abrigos nas áreas de risco citadas, localizados em áreas adequadas, para transferir a população das regiões de risco (durante os eventos extremos citados) para essas áreas seguras e com infra-estrutura para receber provisoriamente a população que seria retirada de suas casas durante aquela chuva intensa que possivelmente pode vir a ocorrer. Após a ocorrência do evento crítico, as pessoas poderiam retornar às suas casas, sem o risco de sofrerem problemas à sua saúde ou perdas de vida com um possível deslizamento de encosta ou inundação.

Alertamos que, se estas providências propostas (ou outras similares) não forem executadas nos próximos 2 (dois) meses, haverá uma TRAGÉDIA ANUNCIADA, com o grande risco da ocorrência de novas mortes nesta região afetada. Boa parte da população não tem para onde ir e voltou para as suas casas nessas regiões degradadas pelas enchentes de janeiro/2011 (as fotos em anexo mostram isso), e estarão sofrendo altos riscos à sua saúde e vida com as próximas chuvas intensas que poderão chegar a partir de meados de outubro/2011. Cabe ao Poder Público (Prefeituras, Estado e União)

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7 se antecipar à tragédia e implantar as medidas preventivas citadas para proteger a saúde e a vida dessas famílias.

Lembramos, também, que o Crea-RJ realizou um Relatório Preliminar a partir de inspeções realizadas (nos dias 13 e 14 de janeiro/2011) em algumas áreas afetadas pela referida tragédia na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, onde sugeriu aos diferentes órgãos do Poder Público responsáveis pela recuperação daquelas áreas afetadas uma série de atuações de curto, médio e longo prazos, onde várias dessas recomendações não foram implantadas. É fundamental que as autoridades responsáveis tenham a visão não só das atuações emergenciais imediatamente após os eventos extremos, mas também das medidas e obras corretivas definitivas para proteger de fato as populações humanas desses eventos e permitir o uso e ocupação ordenada do solo, visando atingir o mais possível o desenvolvimento sustentável do ser humano em harmonia com a natureza.

Referências Bibliográficas

OTTONI, A. B. Tecnologia do Manejo Hídrico em Bacias Hidrográficas Visando sua

Valorização Sanitária e Ambiental. Tese de Doutorado, Escola Nacional de Saúde Pública, ENSP/ FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ, 1996.

TUCCI, Carlos E. M., PORTO, Rubem, La Laina e BARROS, Mário T. de, Drenagem Urbana. Editora da UFRGS, Porto Alegre, 1998.

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FOTO 1 – Calha do rio Grande na Cidade de Bom Jardim, em trecho onde uma ponte foi carregada pelas enchentes em janeiro/2011.

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FOTO 13

FOTOS DE 2 A 13 – Ocupações na Faixa Marginal de Proteção do Rio Grande, em Bom Jardim, em área inundada nas enchentes de janeiro/2011, com pessoas residindo no local.

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FOTOS 14 E 15 – Trecho da obra de recuperação da calha de afluente do rio Bengala, em área que sofreu inundações em janeiro/2011, em Nova Friburgo, na localidade de Córrego Dantas.

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FOTO 16- Ocupação de residência na Faixa Marginal de Proteção (FMP) do rio, em área inundada nas enchentes de janeiro/2011, com moradores vivendo no local.

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FOTOS DE 17 A 28 – Campo Grande, em Teresópolis, área abandonada pelo Poder Público, com várias ocupações irregulares de baixa renda e a presença de moradores que ainda residem no local, altamente devastado com as chuvas de janeiro/2011. Fotos tiradas 6 (seis) meses após a tragédia e pouca coisa foi feita até agora para a recuperação da área.

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FOTO 29 – Detalhe das enormes pedras trazidas pelo rio, em Campo Grande, no Município de Teresópolis, com as enchentes de janeiro/2011.

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FOTO 32

FOTOS de 30 a 32 – Detalhes mostrando a destruição devido às enchentes e trombas d’água em Vieira, no Município de Teresópolis, e as pessoas continuam ocupando as áreas afetadas, localizadas na Faixa Marginal de Proteção do rio.

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FOTO 33

FOTO 34

FOTOS 33 e 34 – Detalhes das ocupações na Faixa Marginal de Proteção (FMP) do rio, com pessoas morando, em Ponte do Imbuí, no Município de Teresópolis, em local que foi devastado pelas enchentes de janeiro/2011.

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FOTO 35 - Detalhes das ocupações na Faixa Marginal de Proteção (FMP) do rio, com pessoas morando, em Cascata do Imbuí, no Município de Teresópolis, em local que foi devastado pelas enchentes de janeiro/2011.

FOTO 36 – Detalhe da construção de um muro que um morador fez para tentar proteger a sua casa contra a inundação do rio local, na localidade de Cascata do Imbuí, no Município de Teresópolis, casa essa localizada na FMP do rio.

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FOTO 37 – Detalhe de casa localizada na FMP do rio, com gente morando e risco de desabamento, em Cascata do Imbuí, no Município de Teresópolis.

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FOTOS 38 e 39 – Detalhes de ocupações com pessoas morando na área afetada pela tromba d’água no Vale do Cuiabá, em Itaipava, no Município de Petrópolis.

FOTO 40 – Detalhe de casa reconstruída (obra recente) no local por onde passou a tromba d’água em janeiro/2011, no bairro Granja Espineli, em Nova Friburgo.

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FOTO 41 – Detalhe da ocupação em área onde houve deslizamento de encosta, com pessoas morando, no bairro Granja Espineli, em Nova Friburgo.

FOTO 42 – Detalhe da ocupação em área onde houve deslizamento de encosta, com pessoas morando, no morro acima da Praça do Suspiro, em Nova Friburgo.

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FOTO 43

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FOTOS de 43 a 59 – Detalhes da ocupação atual em áreas onde houve deslizamentos de encosta em morros próximo ao Centro de Nova Friburgo.

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FOTOS 60 e 61 - Detalhes da ocupação atual em áreas onde houve deslizamentos de encosta em morros no bairro de Campo do Coelho, em Nova Friburgo.

Referências

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