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10-Síntesedetrensdeengrenagens

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Academic year: 2021

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SÍNTESE DE TRENS COMPOSTOS SÍNTESE DE TRENS REVERTIDOS

O Conceito de Síntese

Até agora, as atividades com mecanismos consistiam em analisar algum meca-nismo dado, obtendo determinadas propriedades a partir de sua configuração, utilizando algumas regras e fórmulas. Por exemplo, no caso das engrenagens, a partir do número de dentes e da configuração de engrenamento entre os pares de engrenagens, é possível determinar as razões de velocidade entre os com-ponentes, a razão final do trem inteiro (razão entre a velocidade da engrenagem de saída e a velocidade da engrenagem de entrada), e a velocidade de saída para uma dada velocidade de entrada.

A atividade de síntese é o contrário: a partir de propriedades desejadas, deve-mos arbitrar a respeito da quantidade, das configurações e dos números de den-tes dos componenden-tes para que seu comportamento apresente aquelas proprie-dades.

Em geral, projetar (sintetizar) um trem de engrenagens envolve obter uma de-terminada razão final (dada), respeitando restrições quanto à razão máxima permitida por estágio (dado), e quanto ao número de dentes máximo e/ou mí-nimo permitido no mecanismo (dados). Vale lembrar que cada par de engrena-gens é um estágio e apresenta uma razão parcial. Isso é conseguido a partir da escolha de uma determinada combinação de razões parciais (arbitradas), e da determinação do número de dentes de cada engrenagem (arbitrados).

Assim sendo, em um nível mais abstrato, podemos dizer que o conjunto de re-quisitos combinado com o conjunto de restrições nos dá um espaço de solu-ções, ou seja, em princípio existe um número finito de soluções válidas, e a ati-vidade de síntese consiste numa sequência de passos que nos leva em direção a alguma dessas soluções, e – se houver paciência e método – a TODAS elas.

(2)

Passos para sintetizar um trem composto

De acordo com o que já foi visto, sabemos que a razão final (razão de velocida-des entre a engrenagem de saída e a de entrada) é dada pelo produto de den-tes das motoras dividido pelo produto de denden-tes das movidas:

( 1) 2 4 1 2 2 3 5

( )

n

( )

n F n n

N

N

N

R

r r

r

N

N

N

ω

ω

=

= −

⋅−

⋅−

= ⋅ ⋅

Ou, de maneira mais direta:

1 2 3

...

F

R

= ⋅ ⋅

r r r

Ou seja, a razão final é igual ao produto das razões parciais. Nosso trabalho consistirá, então, em encontrar um número adequado de razões parciais, que combinadas resultarão na razão final, seguindo os seguintes passos:

 Descobrir (inventar, arbitrar ou extrair do enunciado de um problema) qual é a razão final, lembrando que se for um trem de redução ela deverá ser um número menor que um, e vice-versa;

 Considerar a existência ou não das seguintes restrições:

 Quantidade de estágios (pares de engrenagens, razões parciais) do trem. Isso pode ser dado, ou resultar de outras restrições;

 Valor máximo admitido para as razões parciais (geralmente dado);

Impor-tante: por razão máxima se entende a maior DIFERENÇA RELATIVA en-tre as engrenagens, ou seja 1:8 é uma razão “maior” do que 1:5, mesmo considerando que um oitavo é de fato menor do que um quinto.

 Valor máximo e mínimo da quantidade de dentes;

 Determinar o número de estágios, de modo que não haja razão parcial maior do que o valor máximo permitido. Para isso, devemos tomar a razão final e extrair a raiz quadrada, a cúbica, etc. Aquela que fornecer um valor menor que o valor máximo corresponde ao número de estágios do trem: raiz qua-drada, dois estágios; raiz cúbica, três estágios; etc.

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 Fatorar a razão final em n razões parciais, observando o seguinte:

 Cada razão parcial é o resultado da divisão do número de dentes de uma engrenagem pelo número de dentes de outra engrenagem. Isso significa que é a divisão de dois números inteiros, e portanto é um número racio-nal;

 Os valores das razões parciais não devem ser excessivamente diferentes entre si, e se possível devem oscilar em torno de n

F

R . Por exemplo, se queremos uma razão final de 500, é melhor utilizar fatores de 20 e 25 do que 10 e 50, ou pior ainda: 5 e 100.

 Determinar a quantidade de dentes de cada engrenagem, cuidando o seguin-te:

 Optar geralmente por menor quantidade de dentes, por razões de econo-mia de material, desde que se respeite as restrições de número máximo ou mínimo de dentes;

 Caso as razões encontradas violem a restrição do número de dentes, po-de ser necessário usar um número maior po-de estágios.

Vejamos um exemplo:

PROBLEMA: deve-se projetar um trem composto com razão final de 1:220 (re-dução), com razão máxima de 1:9 por estágio, e no máximo 110 dentes por em-grenagem.

SOLUÇÃO:

1. Determinar o número de estágios: a raiz quadrada de 1/220 é 1/14,83, ou se-ja, é “maior” do que 1/9. Já a raiz cúbica é 1/6,03 , estando dentro da restri-ção. Assim sendo, usaremos três estágios.

2. Fatoração da razão final. Se dividirmos 220 por 5, obtemos 44. Se dividirmos 44 por 6, temos 7,3333.... Esses números foram escolhidos pelo seguinte: as razões parciais não devem ser muito diferentes entre si, oscilando ao redor da raiz cúbica de 220, que é 6,03, ou praticamente seis. O fator cinco é um

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divisor óbvio de 220, e a divisão de 44 por 6 (o fator “ideal”) nos dá 7,3333... que é um número racional (multiplicando por três, é igual a 22). Assim, o que precisamos é achar engrenagens que nos dêem:

1

1 1 3

220

= ⋅ ⋅

5 6 22

3. Se nos foi dado um número máximo de dentes, que é 110, temos várias op-ções para as razões parciais. Vamos optar por usar as maiores possíveis, então:

1

22

18

15

220

=

110 108 110

Notem que, por exemplo, ao invés de 22/110 poderia estar 21/105, ou 20/100, desde que a razão fosse 1:5.

Síntese de trem revertido

Somente vamos trabalhar com trens revertidos de dois estágios, e nesse caso não há restrições quanto ao número de dentes ou quanto à razão máxima por estágio. Por outro lado, o número de dentes das engrenagens, e suas relações, estão determinados por duas equações, já que é necessário que as somas do número de dentes das engrenagens de cada par sejam iguais:

2 4 1 2 3 5 F

N

N

R

r r

N

N

=

= ⋅

2 3 4 5

N

+

N

=

N

+

N

O procedimento aqui é um pouco diferente, mas segue a mesma lógica. Veja-mos:

 Fatorar a razão final em dois fatores mais próximos possíveis entre si (e por-tanto próximos à raiz quadrada da razão final), observando que cada fator seja um número racional fácil de ser transformado em uma razão entre o número de dentes de duas engrenagens;

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 Aplicar as razões na primeira equação, encontrando as relações entre os números de dentes das engrenagens de cada par, e depois substituir na e-quação de baixo, descobrindo as relações entre os dentes das engrenagens menores (ou maiores) dos dois pares diferentes. Fica melhor se acompa-nharmos abaixo:

(

)

(

)

2 4 1 2 3 5 2 1 3 4 5 2 3 1 3 5 5 2 3 1 5 2 3 2 5 1

;

;

1

(1

)

(1

)

1

N

N

r

r

N

N

N

r N

N

N r

N

r N

N

N r

N

r

N

r

N

r

N

r

=

=

=

=

+

=

+

+

=

+

+

=

+

 Atribui-se valores numéricos para N3 e N5, e depois volta-se atrás para en-contrar os valores de N4 e N2. Isso pode requerer alguns testes e tentativas, o que pode tornar o número de dentes das engrenagens mais alto.

Vejamos um exemplo:

PROBLEMA: deve-se desenvolver um trem revertido com razão 1:12. SOLUÇÃO:

1. A raiz quadrada de 12 é 3,4641... de modo que os dois fatores devem oscilar em torno desses valores. Se escolhermos, por exemplo, 1/3 e 1/4, isso nos dá, de acordo com as equações acima:

3 5

1, 25

1, 333

N

N

=

2. Percebe-se que teremos de multiplicar por algum múltiplo de quatro, para tornar o numerador um número inteiro, e também por um múltiplo de três, pa-ra tornar o denominador inteiro. Assim, multiplicamos por doze! (gênio!):

(6)

3 5

15

16

N

N

=

3. Isso nos daria o valor das engrenagens ímpares, que são as que ficam no numerador da equação das razões parciais. Se fosse assim, uma resposta seria:

1

5

4

1/ 3 1/ 4

12

=

15 16

=

4. O problema é que esse número de dentes é muito pequeno. Uma engrena-gem com 4 dentes é praticamente um “xis”... Vamos multiplicar a equação do item 2: 3 5

15

60

4

16

64

N

N

=

⋅ =

5. E daí chegaríamos no resultado:

1

20 16

12

=

60 64

Exercício visto em aula (agora dando certo)

PROBLEMA: projete um trem revertido razão 1:12 com as razões parciais 1/3,6 e 1/3,333... (alguns já viram o que foi que deu errado naquela hora...)

(

)

2 1 3 4 5 2 3 1 3 5 5 2 3 2 5 1

;

(1

)

1, 3

1

1, 2777...

N

r N

N

N r

N

r N

N

N r

N

r

N

r

=

=

+

=

+

+

=

=

+

E isso nos deixa algo aparentemente pepinóide para resolver... Vamos tentar multipli-car:

(7)

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1,3

13

117

1, 2777...

12, 777...

115

N

N

=

=

=

Isso aconteceu multiplicando primeiro por dez (pra andar uma casa da vírgula) e de-pois por nove (porque dízimas desse tipo sempre dão certo multiplicando por nove) O passo seguinte mata a charada:

2 1 3 4 5 2

117

32, 5

3, 6

115

34, 5

3, 333...

N

r N

N

N r

=

=

=

=

=

=

Bom, parece que não é tão fácil... Vamos apelar para o recurso de multiplicar tudo por dois, e aí temos:

1

65

69

12

=

234 230

E esse é exatamente o mesmo resultado que encontramos aquela hora. A lição apren-dida é que é melhor que as razões parciais sejam números mais ou menos “bem com-portados”, e não que elas estejam o mais próximo possível da raiz quadrada da razão final (e portanto tenham valor muito próximo uma da outra).

Referências

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