DIREITOS HUMANOS, FEMINISMO E POLÍTICAS PÚBLICAS
DE GÊNERO: APLICABILIDADE DA LEI Nº 11.340/06 EM
CAMPINA GRANDE/PB
(ASFORA, R. V. S.) - Raphaella Viana Silva Asfora/Autora ¹
Escola Superior da Magistratura do Estado da Paraíba,Tribunal de Justiça da Paraíba, e Tribunal Regional Federal da 5ª Região - E-mail:raphaella_asfora@hotmail.com
RESUMO
No Brasil, a investigação científica acerca dos direitos humanos, feminismo e das políticas públicas de gênero é importante o constante estudo e a pesquisa acerca da aplicabilidade prática da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), sendo esta referida lei a maior referência no processo histórico, que envolve as lutas libertárias para a construção de relações jurídicas solidárias, que são essenciais no combate à violência doméstica. A cada ano, os altos índices de ocorrências surpreendem a população do município de Campina Grande/PB e este tema é um assunto onipresente nas manchetes dos principais veículos de comunicação em todo país. A violência doméstica contra a mulher é um tema bastante atual e uma realidade em diversas cidades do Brasil, que ocorre devido à cultura patriarcal e machista incorporada por toda a sociedade que há muitos anos oprime as mulheres, impondo papéis diferenciados para ambos os sexos, prevalecendo a violência em muitos aspectos. Na realidade nacional, regional e local existe uma violência social disfarçada que se reflete fortemente no cotidiano de várias mulheres dentro e fora de suas casas, que faz com sejam discriminadas na vida pública, no trânsito, nos salários inferiores aos dos homens e na maior dificuldade de ingressar no mercado de trabalho.
Palavras-chaves: Direitos Humanos, Feminismo e Políticas Públicas de Gênero, Lei Nº 11.340/06,Campina Grande/PB.
Acerca da violência, muitos pesquisadores dos direitos humanos vem a enumerar seus diversos tipos: a violência física, sexual, moral, psicológica e patrimonial contra as mulheres, que costumam ocorrer freqüentemente dentro e fora de suas casas,
sendo praticadas por seus companheiros, maridos, namorados, amantes ou os ex, tornando muitas delas mais vulneráveis a estas práticas, que sobretudo vem a violar a sua dignidade humana.
A presente pesquisa visa refletir os atuais aspectos acerca dos direitos humanos, feminismo e demais políticas públicas de gênero, que vem a assegurar a aplicabilidade prática Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06) no contexto local, bem como as novas perspectivas para o combate à violência contra a mulher em Campina Grande-PB. Os objetivos deste estudo são definidos por analisar a importância e o cumprimento da Lei Maria da Penha para o combate à violência contra a mulher em Campina Grande-PB, ao investigar as novas maneiras para o combate à violência contra a mulher nesta cidade e ao entender as causas que levam às agressões contra a mulher e a eficácia da Lei Maria da Penha para punir os agressores.
No Brasil a visibilidade da violência contra a mulher como problema social teve como marco a atuação do movimento feminista a partir de meados da Década de 70. Ao longo do tempo, as lutas de combate à violência se ampliaram, sobretudo durante as Décadas de 80, 90 e início dos Anos 2000, principalmente na denúncia de espancamentos e de maus-tratos conjugais. No ano de 2015, é possível investigar quais seriam as perspectivas para o combate à violência contra a mulher na cidade de Campina Grande-PB, sendo que "o fenômeno da violência contra a mulher é inerente ao padrão das organizações desiguais de gênero que, por sua vez, são tão estruturais quanto à divisão da sociedade em classes sociais, ou seja, o gênero, a classe e a raça/etnia são igualmente estruturantes das relações sociais." (Safiotti, 2004, p.13).
Entretanto, as diferenças entre homens e mulheres têm sido sistematicamente convertidas em detrimento do gênero feminino, em virtude da compreensão das causas e consequências da violência contra mulher. Apesar das inúmeras experiências de violência e de maus tratos que levam as mulheres a buscar no
Poder Judiciário e demais entidade que lidam com o combate à violência, é válido notar que a maioria das autoridades ainda não está apta a compreender a dinâmica destes atos violentos e suas devidas causas sob a perspectiva social, política e psicológica das vítimas.
Segundo Bandeira e Almeida (2005, p.25) é preciso entender que "são profissionais que tem dificuldade em lidar com fenômenos dessa natureza por estarem inseridos na mesma estrutura social e cultural de relações e de representações entre os gêneros, origem de variados tipos de violência contra as mulheres". Exatamente esta estrutura, a qual desvaloriza as mulheres e que norteia as concepções e práticas destes profissionais. Apesar dos altíssimos índices da violência contra as mulheres no Brasil, as políticas públicas de prevenção e combate à violência contra a mulher são muitas vezes ineficientes ou inexistentes, visto que existem poucos serviços disponíveis, bem como a falta de profissionais capacitados e sensibilizados para atuarem junto a este grave problema social.
Para tanto, é preciso identificar quem são os agressores, qual a razão das agressões e quantas mulheres sofrem com a violência doméstica. Muitos deste dados não são contabilizados oficialmente nos boletins de ocorrência dos diversos órgãos do Poder Judiciário no Brasil. De acordo com o CFEMEA/Brasil (Centro Feminista de Estudos e Assessoria sobre a Lei 11.340/06), constam nestes boletins apenas estatísticas sobre os tipos de violência sofrida, e estes ainda deixam margem a dúvidas porque muita vezes as agressões são registradas de forma branda e sem condizer com a realidade, seja por falta de conhecimento ou medo da vítima, ou ainda por falta de melhor caracterização dos crimes específicos contra a mulher.
METODOLOGIA
Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa Documental e Observação Participante. O universo desta pesquisa será o Juizado de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba (Comarca de Campina Grande-PB) e o tipo de pesquisa a ser
adotado é proposto do Gonsalves (2001, p.34) como pesquisa bibliográfica, uma vez que “caracteriza-se pela identificação e análise dos dados escritos em livros, artigos de revistas, entre outros. Sua finalidade é colocar o investigador em contato com o que já se produziu a respeito do seu tema de pesquisa”
De acordo com Bervian e Cervo (2002, p.69), “é normalmente o passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e um auxílio que traz formulação de hipóteses significativas para posteriores pesquisas." Será utilizado o método descritivo (pesquisa bibliográfica, descritiva e estudo de caso) e o método histórico (dados históricos sobre a Lei Maria da Penha/ Lei 11.340/06), além da aplicação de questionários e realização de entrevistas com autoridades do Juizado de Violência Doméstica localizado em Campina Grande-PB, assim como os depoimentos de algumas mulheres vítimas de agressões por seus companheiros (preservando suas identidades) e ao verificar se estas vítimas denunciam ou não seus companheiros, por vários motivos a serem investigados.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Coleta de dados no âmbito do Juizado de Violência Doméstica e Familiar
Contra a Mulher (Tribunal de Justiça da Paraíba/ Comarca de Campina Grande-PB e um estudo sistemático da Cartilha "Lei Maria da Penha - Do Papel Para a Vida", uma iniciativa da Escola Superior de Magistratura do Estado da Paraíba, ao promover as informações mais importantes no combate à violência doméstica contra a mulher.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 preconiza que os homens e as mulheres são iguais perante a Lei. Contudo, na prática a realidade é bem diferente. Até bem pouco tempo atrás os homens cumpriam penas alternativas pelos crimes de violência contra a mulher, através do pagamento de cestas básicas. Por outro lado, as mulheres eram presas e agredidas por reagirem à violência contra elas. Em 2015, os índices de violência doméstica continuam alto, sendo necessária a implementação das
políticas públicas de prevenção e combate à violência contra a mulher, que muitas vezes são precárias, visto que existem poucos serviços disponíveis, além da ausência de profissionais capacitados e sensibilizados para atuarem junto a este grave problema social que existe há muito tempo em diversas civilizações.
CONCLUSÕES
No âmbito dos direitos humanos, feminismo e demais políticas públicas para a aplicação da Lei Maria da Penha/ Lei 11.340/06, para impor mudanças institucionais, principalmente no Poder Judiciário e na esfera das Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher, é preciso criar mecanismos de adaptação de tais instituições à esta Lei, a começar pela plena atuação deste juizado especializado para julgar crimes praticados contra às mulheres. Atualmente, no Brasil, existem poucos juizados especializados neste tipo de crime, onde a problemática da violência contra a mulher demanda ações em várias esferas, que vão desde políticas de segurança, judiciária e de saúde, além das demais iniciativas de assistência social e meios de educação no combate a este crime que ocorre em todo território nacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BANDEIRA, Lourdes; ALMEIDA, Tânia Mara Campos de; MENEZES, Andréa Mesquita de(Orgs.).Violência contra as mulheres: a experiência de capacitação das
DEAMS da Região Centro-Oeste.Rio de Janeiro: AGENDE, 2005.
BERVIAN, Pedro Alcino e CERVO, Amado Luiz. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
CFEMEA. Centro Feminista de Estudos e Assessoria. BRASIL. Lei 11.340/06. Senado Federal, Brasília-DF, 2006.Lei Maria da Penha: do papel para a vida.Comentários à Lei 11.340/06 e sua inclusão no ciclo orçamentário. Brasília,-DF, 2007.
GONSALVES, Elisa Pereira. Conversas sobre iniciação à pesquisa científica. Campinas, SP: Editora Alínea, 2001
SAFIOTTI, Heleieth. e ALMEIDA, Suely Souza. Violência de Gênero: poder e
impotência. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter, 2004.