ÉTICA EMPRESARIAL: SUSTENTABILIDADE E DIREITOS ESPECIAIS
I – DISCIPLINA: ÉTICA EMPRESARIAL: SUSTENTABILIDADE E DIREITOS ESPECIAIS
II – PROFESSORA DOUTORA: VIVIANE COÊLHO DE SÉLLOS KNOERR
III – CARGA HORÁRIA: 45h/a
IV – EMENTA
Ética empresarial como suporte da Sustentabilidade. Direitos Especiais (Criança e Adolescente, Idoso, Mulher, Portadores de necessidades especiais, Consumidor, Meio Ambiente). Código de Ética Empresarial. Políticas Empresariais de Atendimento Social: Incentivos Fiscais. Debate Internacional e o “Dumping” Social. Globalização e Agravamento do Trabalho Infantil. A Proteção do Trabalhador Adolescente (Direitos e Garantias). Responsabilidade Social da Empresa como fator de Inclusão. Empresa Cidadã.
V – JUSTIFICATIVA
A existência desta disciplina na matriz curricular do Programa de Mestrado em Direito das Faculdades Curitiba, que tem por área de concentração Direito Empresarial e Cidadania, faz-se necessária, primeiro, porque a ética, como querem alguns, não é tema apenas para reflexão dos filósofos ou de um seleto e restrito grupo de pensadores, mas, sim, representa um desafio para todos os indivíduos, empresas e empresários. É imprescindível, nos dias atuais, ter uma consciência ética, principalmente nos negócios, nos lucros que as empresas obtém fruto da mão-de-obra de seus empregados, do know how de seus técnicos, da tecnologia empregada. Portanto, o lucro não pode vir a qualquer preço, sob a forma de escravidão, de desigualdades, de valores destorcidos. Por isto o Direito, enquanto ciência, em específico o campo do Direito Empresarial, deve primar para que a dignidade das pessoas envolvidas na produção e geração dos lucros da empresa seja preservada acima de tudo. Também importante que a ética impere entre as companhias (quer públicas ou privadas), uma vez que as transações justas e coerentes produzem a paz social, resultando numa sociedade sustentável. Em segundo lugar, porque a disciplina vem classificada como de caráter obrigatória da Linha de Pesquisa II (Atividade Empresarial e Constituição: Inclusão e Sustentabilidade). A Inclusão deve ser entendida como a inserção social das camadas menos favorecidas da população no processo de desenvolvimento econômico e social do país. É imprescindível, portanto, dotar a população de condições para, de modo cada vez mais independente, manter ou melhorar sua qualidade de vida. Sustentabilidade, por sua vez, é resultado das ações humanas fundadas na ética e tem por base a transversalidade das políticas públicas. Assim, justifica- se a importância da disciplina uma vez que o emprego da ética na atividade empresarial é fator de inclusão social e suporte para a
existência de uma sociedade sustentável, que, aliás, só se justifica caso venha garantir os direitos especiais, tão necessários de serem efetivados no Brasil.
VI- OBJETIVOS
GERAL: Estudar a necessidade de uma consciência ética nos negócios empresariais refletindo na eticidade da família, da sociedade civil e do Estado. ESPECÍFICOS:
1. Propiciar ao mestrando a possibilidade de conhecer, analisar, criticar e vivenciar estudos de casos, buscando soluções por meio dos princípios e
Códigos de ética.
2. Analisar o alcance das Políticas Empresariais de Atendimento Social quando realizadas através de Incentivos Fiscais.
3. Demonstrar como os Direitos Especiais podem e devem ser concretizados quando existe preocupação do empresariado para com o asseguramento da cidadania e de uma sociedade sustentável.
VII - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Tendo a presente disciplina a carga horária de 45 horas-aula, seu conteúdo programático é o que segue, distribuído em oito encontros:
1. Ética, Moral e Deontologia
1.1 O ponto de vista dos filósofos (Aristóteles, O utilitarismo, Kant, Habermas) 1.2 A necessidade da ética
1.3 Ética e cultura
1.4 Ética e responsabilidade 2. Ética e Empresa
2.1 A institucionalização da ética empresarial 2.2 Ética e gestão de recursos humanos 2.3 Ética, Marketing e Concorrência 2.4 Ética e Ordem Econômica
3. Direito Empresarial e Direitos Especiais
3.1 Criança e Adolescente (Erradicação do “Trabalho Infantil” e Proteção ao Trabalho do Adolescente)
3.2 Idoso (desvalorização e preconceitos) 3.3 Mulher (discriminações)
3.4 Portadores de necessidades especiais (cotas nas empresas) 4. Ética Empresarial: Inclusão e Sustentabilidade
4.1 Responsabilidade Social da Empresa como fator de Inclusão 4.2 Ética como suporte da Sustentabilidade
4.3 A inclusão social do Consumidor: direitos e deveres
4.5 A preservação do Meio Ambiente: fim ético de uma sociedade sustentável. 5. Código de Ética: um meio de ação
5.1 História dos Códigos de Ética 5.2 Conteúdo dos Códigos
5.3 Vantagens e desvantagens 5.4 Regras e Princípios
5.5 Os destinatários
6. Políticas Empresariais de Atendimento Social
6.1 Responsabilidade Social x Função Social da Empresa 6.2 Incentivos Fiscais
6.3 Programas de Cidadania
7. Ética, Debate Internacional e o “Dumping” Social. A Globalização sob suspeita 7.1 Globalização e Agravamento das formas de Trabalho Escravo
.7.2 O estado do bem-estar social em crise 8. Empresa Cidadã
8.1 O gerente cidadão e os desafios da mundialização 8.2 Ética nas empresas brasileira para um “Brasil cidadão”
8.3 O novo desafio: ética e internacionalização dos negócios (CHINA, EUA, JAPÃO e EUROPA).
VIII – METODOLOGIA
Análise crítica comparativa dos temas, operacionalizada segundo técnicas de pesquisas e leituras extraclasse; discussões em dinâmicas de grupo; seminários; estudos de caso. Também fica aberta a apresentação de temas discutidos nos seminários do Mestrado aos alunos da graduação do curso de direito e de outros cursos do UNICURITIBA.
IX – AVALIAÇÃO
A avaliação de cada aluno levará em consideração (a) preparação para as aulas; (b) participação em sala de aula; (c) diligência na elaboração e (d) apresentação de trabalhos; (e) auto-avaliação. A avaliação da disciplina (utilidade do conteúdo programático no curso) e do desempenho do Professor (bibliografia e técnicas utilizadas; assiduidade e comunicação) será feita pelo mestrando, por meio de questionário escrito ou oral.
X - BIBLIOGRAFIA
1. AGUILAR, Francis J. A ética nas empresas: maximizando resultados através de uma conduta ética nos negócios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
2. ALONSO GARCÍA, Enrique; PIÑAS MAÑAS, José Luis; UTRERA CARO, Sebastián F. (Coord..) Desarrollo sostenible y protección del medio ambiente. Madrid: Civitas, 2002.
3. ARAÚJO, José Francelino de. (Coord.) Direito Empresarial. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1998.
4. ARAÚJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional das pessoas portadoras de deficiência. 3. ed. Brasília: CORDE, 2003.
5. ARISTÓTELES. Metafísica: livro I e livro II: Ética a Nicômaco: Poética. V. 2. Série “Os Pensadores”, São Paulo: Abril Cultural, 1979.
6. AZEVEDO, Luiz Carlos de. Estudo histórico sobre a condição jurídica da mulher no direito luso-brasileiro desde os anos mil até o terceiro milênio. São Paulo: Revista dos Tribunais: Unifeo, 2001.
7. BARRAL, Welber. Dumping e comércio internacional: a regulamentação antidumping após a rodada Uruguai. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
8. BECK, Ulrich. O que é globalização? Equívocos do globalismo: respostas à globalização. Trad. André Carone. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
9. BENITEZ, Gisela Maria Bester. Princípio da dignidade da pessoa humana e ações afirmativas em prol da inclusão das pessoas com deficiências no mercado de trabalho. Revista da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Curitiba, n. 6, p. 67-118, 2004.
10. CABRAL, Karina Melissa. Direito da Mulher – De acordo com o novo Código Civil. Leme/SP: Editora de Direito, 2004.
11. CHESNAIS, François. A Mundialização do Capital. Trad. Silvana Finzi Foá. São Paulo: Xamã, 1996.
12. COLARES, Marcos. Aprendizado, trabalho e dignidade: discutindo perspectivas legítimas de ocupação produtiva para a adolescência no Brasil. Fortaleza: Perfil, 2003.
13. COSTANZA SARDEGNA, Paula. Trabajo de mujeres: perspectiva de género, contrato de trabajo, normativa, nacional e internacional, jurisprudencia. Buenos Aires: La Ley, 2003.
14. CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. O direito à diferença: as ações afirmativas como mecanismo de inclusão social de mulheres, negros, homossexuais e portadores de deficiência. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
15. DIEGO FARRELL, Martín. Ética en las relaciones internas e internacionales. Barcelona, Espanha: Gedisa, 2003.
16. DOWBOR, Ladislau; IANNI, Octavio; RESENDE, Paulo-Edgar A. Desafios da Globalização. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
17. ETCHEGOYEN, Alain. La valse des éthiques. Paris: Éditions François Bourin, 1991.
18. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco; RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito Ambiental e Patrimonio Genético. Belo Horizonte: Del Rey, 1996.
19. GAO, Bin. Le manager face aux défis de la mondialisation. Paris: Vuibert (Collection École nationale d’assurances), 2002.
20. HABERMAS, Jurgen. La logica de las ciencias socials. 3 ed. Madrid: Tecnos, 1996.
21. IANNI, Octavio. A era do globalismo. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.
22. _______________. A sociedade global. 8ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
23. KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 24. KRUGMAN, Paul. Internacionalismo pop. Trad. Ivo Korytowski. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
25. KÜNG, Hans. Uma ética global para a política e a economia mundiais. Petrópolis/RJ: Vozes, 1999.
26. LA BRUSLERIE, Hubert de (Coord..). Ethique, déontologie et gestion de l’Entreprise. Paris: Ed. Economica, 1992.
27. MACHADO, Leda Maria Vieira. A incorporação de gênero nas políticas públicas: perspectivas e desafios. São Paulo: Annablume, 1999.
28. MAGNOLI, Demétrio. Globalização: estado nacional e espaço mundial. São Paulo: Moderna, 1997.
29. MANIER, Bénédicte. Le travail des enfants dans le monde. Paris: Éditions La Découverte, 1999.
30. MARCELO KIPER, CLAUDIO. Derechos de las minorías ante la discriminación. Buenos Aires: Hammurabi, 1998.
31. MARTIN, Hans-Peter; SCHUMANN, Harald. A armadilha da globalização: o assalto à democracia e ao bem-estar social. Trad. Waldtraut U.E.Rose e Clara C. Saciewicz. 6.ed. São Paulo: Globo, 1999.
32. MEDINA, Yves. La déontologie: Ce qui va changer dans l’entreprise. Paris: Éditions d’Organisation, 2003.
33. MERCIER, Samuel. L’éthique dans les enterprises. Paris: Éditions La Découverte, 2004.
34. MOUSSE J., Éthique des affaires: liberté, responsabilité. Paris: Dunod, 2001. 35. NASH, Laura L. Ética nas empresas. São Paulo: Makron Books, 2001.
36. OHMAE, Kenichi. O fim do estado-nação. Trad. Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
37. OLIVEIRA, Flávia Arlanch Martins de (Org.). Globalização, regionalização e nacionalismo. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
38. ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. São Paulo: Brasiliense, 2000.
39. PEARCE, Jenny (Apres.) Desarrollo, organizaciones no gubernamentales y sociedad civil. Barcelona: Intermón Oxfam, 2002.
40. PORTER, Michael E. A vantagem competitiva das nações. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
41. SALMON, Anne. Éthique et ordre économique – Une enterprise de seduction. Paris: CNRS Editions, 2002.
42. SANTOS, Caio Franco. Contrato de Emprego do Adolescente Aprendiz. Curitiba: Juruá, 2003.
43. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 6ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
44. SEIDEL, Fred (Coord.). Guide pratique et théorique de l’éthique des affaires et de l’entreprise. Paris: Editions Eska, 1995.
45. VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. São Paulo, Brasiliense, 1996.
46. VEIGA, Pedro da Motta (Org.). O Brasil e os desafios da globalização. Rio de Janeiro: Relume-Dumará; São Paulo: SOBEET, 2000.
47. VERONESE, Josiane Rose Petry. Interesses Difusos e Direitos da Criança e do Adolescente. Belo Horizonte: Del Rey, 1997.
48. VIANA, Márcio Túlio; RENAULT, Luiz Otávio Linhares (Coord.). Discriminação: estudos. São Paulo: LTr, 2000. 49. YIP, George S. Globalização: como enfrentar os desafios da
competitividade mundial. Trad. de Rosana Antonioli. São Paulo: Editora SENAC, São Paulo, 1996.
50. ZINGANO, Marco Antônio. Razão e história em Kant. São Paulo: Brasiliense, 1989.