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Conferência de Imprensa OE - SE - SIPE - SERAM - SEP. 17 de Fevereiro 15H30. SANA Lisboa Hotel. Comunicado conjunto

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Conferência de Imprensa

OE - SE - SIPE - SERAM - SEP 17 de Fevereiro

15H30

SANA Lisboa Hotel Comunicado conjunto

Senhores jornalistas,

Em primeiro lugar queremos agradecer a vossa presença. Ao convocar esta conferência de imprensa, a Ordem dos Enfermeiros (OE) e os quatro Sindicatos de Enfermagem - Sindicatos dos Enfermeiros (SE), o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE), Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM) e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) visam esclarecer, junto da comunicação social, diversos aspectos relacionados com o exercício da Enfermagem. As cinco organizações desenvolveram, em conjunto, cinco debates regionais onde debateram com os enfermeiros as implicações para o desenvolvimento do exercício profissional decorrente do protelamento, pelo Governo, da aprovação da alteração ao Estatuto da Ordem e, pelo Ministério da Saúde, da revisão da Carreira de Enfermagem. Nos debates que realizámos ao longo dos últimos dias com enfermeiros em Lisboa, Funchal, Coimbra, Porto e Ponta Delgada, ficou visível o clima de insatisfação existente que assenta nos seguintes factores:

■ Após um longo trabalho conjunto entre a Ordem dos Enfermeiros e o Ministério da Saúde, foi possível estabelecer compromissos que conduzem a um Modelo de Desenvolvimento Profissional (MDP) assente em novas formas de certificação de competências, criador de dinâmicas de mais e maior responsabilização dos enfermeiros na prestação de cuidados e das organizações de saúde. Pretende-se, pois, reforçar as condições de reforço da regulação profissional. Esta perspectiva implica a alteração do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, com que a Ministra da Saúde concordou e se comprometeu. Contudo, desde Dezembro que processo se encontra parado na etapa legislativa da responsabilidade do Governo.

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■ A negociação da revisão da Carreira de Enfermagem entre os Sindicatos e o Ministério da Saúde está bloqueada pelos sucessivos adiamentos das negociações por parte do Ministério, não apresentando o mesmo as respectivas propostas com que se comprometeu em 29 de Dezembro. Recorda-se que os Sindicatos recusaram a contraproposta entregue no final de 2008 pelo Ministério, tendo a mesma sido encarada como inaceitável enquanto perspectiva para a necessária expectativa de desenvolvimento das relações laborais que a carreira deve contemplar.

■ Acresce a estes dois factores fundamentais de insatisfação - pelo desrespeito pela profissão que ambos significam -, a instabilidade existente no emprego, nomeadamente no que se refere aos jovens profissionais, quando nos serviços existem efectivas carências para a cobertura das necessidades em cuidados de Enfermagem. Para a OE, SE, SIPE, SERAM e SEP, as apreensões expressas por uma vasta maioria dos colegas que participaram nos debates têm razão de ser.

Questões como a existência de diversos diplomas para regular a carreira - tendo em conta as várias hipóteses de vínculos laborais; a proposta de duas categorias profissionais para a área da prestação de cuidados – Enfermeiro e Enfermeiro Sénior, em que o acesso a esta última é feito através de concurso; a total arbitrariedade e discricionariedade no acesso e exercício de funções na área da gestão que o Ministério pretende atribuir aos Conselhos de Administração; e a «descategorização» associada à não garantia da manutenção do exercício de funções dos actuais Enfermeiros Chefes e Enfermeiros Supervisores estão a ser fortemente contestados por todos os Sindicatos e pela totalidade dos colegas que connosco estiveram nos últimos dias.

Também para a Ordem dos Enfermeiros e para os Sindicatos, não faz sentido debater a Carreira de Enfermagem sem ter em conta os princípios contidos no Modelo de Desenvolvimento Profissional proposto pela Ordem dos Enfermeiros. Este modelo implica a criação de um período de exercício tutelado para os recém-licenciados em Enfermagem (vulgo internato) e a criação de condições que favoreçam a crescente especialização de enfermeiros em diversas áreas de intervenção (ou seja, em diversas especialidades). Tem, por isso, implicações na definição da carreira. Para que as medidas atrás referidas possam ser aplicadas, a alteração do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros - que integra as regras de acesso à profissão e a atribuição dos títulos de enfermeiro e de enfermeiro especialista - terá de ser aprovada pela Assembleia da República.

Tratando-se de questões que envolvem directamente o Ministério da Saúde e o funcionamento das unidades de saúde, a Ordem dos Enfermeiros decidiu iniciar o processo junto da equipa ministerial, tendo-se realizado várias reuniões para o efeito. Mas entre Junho de 2007 e Setembro de 2008, o processo não registou avanços significativos. Na reunião com a Dr. Ana Jorge de 18 de Setembro, o Ministério assumiu o seu apoio à proposta e a intenção de, até ao final de 2008, a mesma ser aprovada em Conselho de Ministros. Depois de vários adiamentos, fomos informados de que a proposta de Decreto-lei com a alteração estatutária iria a Conselho de Ministros de 12 de Fevereiro, mas tal não aconteceu. Assim sendo, a Ordem dos

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Enfermeiros não pode deixar de manifestar o seu mais veemente descontentamento por, mais uma vez, se ter protelado uma decisão.

O constante adiamento desta aprovação em sede de Conselho de Ministros e, consequentemente, o adiamento do processo ao nível da Assembleia da República, implica um atraso na criação de novas condições para que os títulos profissionais dos enfermeiros sejam atribuídos com base na certificação de competências gerais e especializadas. Contribui-se, assim, para a manutenção de meros processos administrativos, seja para os recém-licenciados, seja para a prática profissional especializada.

Tanto para a Ordem dos Enfermeiros como para os Sindicatos, o Modelo de Desenvolvimento Profissional - sendo um instrumento estruturante para a profissão - e a revisão da Carreira de Enfermagem são elementos inseparáveis para o desenvolvimento da Enfermagem e, consequentemente, para a melhoria na segurança dos cuidados que se oferecem aos cidadãos. Ambos os processos estão a sofrer atrasos intoleráveis que suportam as necessárias reacções por parte dos enfermeiros e das organizações que os representam no âmbito das suas atribuições específicas.

Os quatro Sindicatos convocaram uma greve conjunta para o próximo dia 20 de Fevereiro.

A Ordem fez hoje entrega de uma carta ao Senhor Primeiro-Ministro a solicitar uma audiência urgente, no sentido de serem tomadas as medidas necessárias para que seja rapidamente aprovada a alteração estatutária.

Entendem as organizações aqui presentes que o não desenvolvimento positivo destas duas vertentes será progressivamente factor de crescente instabilidade nos serviços de saúde, com consequências nefastas para a qualidade e segurança dos cuidados. Por essa mesma razão, não abdicam da sua exigência.

Está em causa o quadro regulador do sistema profissional como um factor importante da necessária regulação do Sistema de Saúde, onde um dos pilares essenciais é suportado pelos enfermeiros.

Se juntarmos a estas duas vertentes a questão tão falada na Comunicação Social da falta ou excesso de enfermeiros em Portugal gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para esclarecer o seguinte:

A Ordem dos Enfermeiros não pode deixar de lamentar e repudiar as afirmações proferidas na semana passada pelo Prof. Correia de Campos e pela Dr. Isabel do Carmo relativamente à empregabilidade de enfermeiros e ao número excedentário dos mesmos.

Numa altura em que muitos dos jovens enfermeiros estão a ter dificuldades acrescidas na obtenção de emprego e que o fenómeno do recrutamento por entidades estrangeiras é cada vez mais visível, não nos parecem acertadas nem fundadas em dados verídicos as afirmações proferidas por pessoas que, de algum modo, são nomes de referência da Saúde em Portugal.

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Não se pode confundir duas coisas distintas: o crescente acréscimo de enfermeiros e o número de enfermeiros existentes nos serviços.

Como se pode facilmente constatar nas estatísticas divulgadas no site da Ordem dos Enfermeiros, o número de enfermeiros inscritos passou de 37.623 em 2000 para 56.859 em 2008. Neste período, o número de enfermeiros inscritos tem vindo a aumentar em média cerca de 2.300 por ano. Este facto deve-se essencialmente a aumento da oferta formativa ao nível das Escolas que leccionam licenciaturas em Enfermagem (ver informação em anexo).

Contudo, apesar de o desemprego ter vindo a aumentar e existir um número crescente de enfermeiros inscritos na OE, isso não significa que haja excesso de enfermeiros, pois os mesmos não estão a ser «absorvidos» pelo mercado de trabalho. E não estão a ser admitidos nas instituições de saúde devido à enorme pressão existente para conter custos.

Não entendemos, portanto, como é que um ex-Ministro da Saúde vem afirmar em público que os enfermeiros são uma classe privilegiada em termos de empregabilidade no sector da Saúde.

Os números do próprio Ministério não deixam marcas para dúvidas. No relatório do «Sistema de Classificação de Doentes baseado em Níveis de Dependência em Cuidados de Enfermagem» - dados de 2006 da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) - , revela-se a existência, no total dos hospitais do país, de 10.560.922,6 horas de cuidados de Enfermagem necessários e que estão a ser prestadas apenas 6.939.542,4 horas de cuidados. Isto significa que 3.621.380,2 horas de cuidados NÃO ESTÃO A SER EFECTIVAMENTE PRESTADAS aos doentes que acorrem aos hospitais.

Ora, apesar de o mesmo documento avançar com a falta de 2.112 enfermeiros - face à diferença entre cuidados necessários e prestados - aqui fica uma reflexão. O documento da Direcção Geral da Saúde «Centros de Saúde e Hospitais - Recursos e Produção do SNS 2006 refere que nos hospitais portugueses existiam àquela data 30.077 enfermeiros ao serviço. Se considerarmos que esse número assegura os cuidados prestados, deveriam existir 45.792 enfermeiros para que os 10 milhões de horas de cuidados fossem garantidas, ou seja, cerca de 15 mil enfermeiros a mais só nos hospitais - e não tendo aqui em consideração que muitos destes profissionais estão já a trabalhar a 200%.

Mais: considerando o rácio de enfermeiros por 1000 habitantes e tendo em conta o número de inscritos na OE no final de 2008, o valor é de 5,6. Acontece que o valor médio dos países da OCDE para este mesmo rácio é de 9,71. E portanto, só para atingir a média da OCDE, Portugal deveria ter mais cerca de 40 mil enfermeiros... A título meramente exemplificativo, o Luxemburgo tem um rácio de 16 de enfermeiros por mil habitantes.

Mas o actual rácio de 5,6 pode estar «agravado», ou digamos, «inflacionado» pelo facto de nem todos os profissionais estarem a exercer funções de prestação de cuidados à

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população. Temos enfermeiros na docência, na investigação, na gestão e na assessoria. Isso é facilmente comprovado no relatório de 2007 da Direcção Geral da Saúde sobre «Centros de Saúde e Hospitais - Recursos e Produção do SNS» (dados mais recentes disponíveis pela DGS). Nesse ano, foram contabilizados 38.278 enfermeiros ao serviço no SNS, algo que corresponde a um rácio de 3,8 por 1000 habitantes.

Ainda relativamente às declarações do Prof. Correia de Campos, também não percebemos como é que se pode comparar realidades e intervenções distintas. Não querendo menosprezar o precioso contributo dos psicólogos e outros profissionais de saúde em equipas multidisciplinares, não podemos esquecer que, nos hospitais, nas unidades de Cuidados Continuados e, esperamos, futuramente nos domicílios, no suporte a pessoas com situações de doenças crónicas e em fase terminal, os enfermeiros estão presentes 24 horas sobre 24 horas. Para garantir esta cobertura, com qualidade e segurança, é fundamental que as dotações sejam adequadas. As hipóteses de intervenção dos enfermeiros são, de facto, muitas. A questão é que o Ministério da Saúde tem adoptado uma política de contenção de recursos. No caso concreto da Rede de Cuidados Continuados e Integrados - referida pelo Prof. Correia de Campos - a Ordem dos Enfermeiros sabe que a média dos enfermeiros nas Unidades de Convalescença ronda os 14,8 ou 15,6 em tempo parcial, correspondendo a oito enfermeiros a tempo inteiro, número manifestamente insuficiente para elaborar e assegurar uma escala permanente. Nas unidades de Média e Longa Duração, o tempo verificado corresponde a quatro enfermeiros a tempo inteiro, o que revela uma situação ainda mais dramática. Ora, numa rede que pretende ter como finalidade última garantir e potenciar ao máximo a reabilitação das pessoas e o desenvolvimento das suas potencialidades para poder regressar o mais rápido possível aos seus contextos de vida, em breve teremos situações concretas que irão traduzir as implicações de uma desadequada afectação de recursos humanos de Enfermagem.

Para terminar, gostaríamos de referir que a OE está a aguardar, da parte do Ministério da Saúde, um documento sobre a dotação de recursos. Este é também mais um aspecto que tem estado a sofrer adiamentos desde Junho de 2008. A última data avançada pelo Ministério para a entrega deste documento para apreciação da Ordem foi 15 de Fevereiro…

Por isso, a Ordem e os Sindicatos voltam a reiterar a importância indiscutível de dotações seguras nos serviços de saúde. Um número inadequado de profissionais não pode garantir a segurança e a qualidade dos cuidados prestados à população, conduzindo à insatisfação profissional que em nada favorece aquele objectivo. Simultaneamente, dificulta o gozo de direitos básicos legalmente consagrados.

Porque os enfermeiros têm presente as implicações para os cuidados a que os cidadãos têm direito, continuarão a pugnar para que haja mais e melhores condições para o desenvolvimento das suas competências profissionais e os seus direitos como trabalhadores.

Referências

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