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Journal of Biotechnology and Biodiversity

journal homepage: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/JBB/index

Classificação climática para o estado de Minas Gerais segundo as

zonas de vida de Holdridge

Heitor Renan Ferreira a*, Andressa Tresa, Alexandre França Tettoa, Ronaldo Viana Soaresa, William Thomaz Wendlinga, Antonio Carlos Batistaa

a Universidade Federal do Paraná, Brasil * Autor correspondente (bmheitorf@gmail.com)

I N F O A B S T R A C T

Keyworks

climate biotemperature rainfall

Climate classification for Minas Gerais state according to the Holdridge life zones.

The climate exerts a notable influence on the processes of the planet, whether in the daily life of people, in the distribution of plant and animal species or in agroforestry activities. Numerous classifications were proposed to determine the climate of a region. In 1947, Holdridge proposed the life zones classification using biotemperature, rainfall, altitude and latitude data. Thus, the aim of this work was to classify the state of Minas Gerais according to the Holdridge life zones, as well as compare it with Köppen’s climate classification and the distribution of vegetation in the state. For this, a historical series of 25 years mete-orological records data were used, in addition to the classification of Köppen and the vegetation classes of the state. Nine life zones were found and the most representative were premontane tropical moist forest (45.1%), subtropical moist forest (19.1%) and premontane tropical dry forest (10.8%). When comparing the Köppen’s climate classification and Holdridge life zones, it was found that the classifications that obtained the highest value relation to premontane tropical moist forest were Cwa (58.2%) and Cwb (50.3%). In comparison with the vegetation classes it was verified that premontane tropical moist forest had a greater relation with savanna (67.3%) and savanna/seasonal forest (72.3%). Based on the results obtained, it was observed that Holdridge life zones showed a good relation in the comparisons with Kö-ppen and the vegetation map and is therefore suitable for classification of the state of Minas Gerais.

R E S U M O

Palavras-chaves

clima biotemperatura precipitação

O clima exerce notória influência nos processos do planeta, seja no cotidiano das pessoas, na distribuição de espécies vegetais e animais ou nas atividades agroflorestais. Inúmeras classificações foram propostas objetivando determinar o clima de uma região. Em 1947, Holdridge propôs uma classificação utilizando como variáveis a biotemperatura, a precipitação e a altitude, nomeando as suas classes como zonas de vida. Assim, o presente trabalho teve como objetivo classificar o estado de Minas Gerais de acordo com as zonas de vida de Holdridge, bem como comparar com a classificação proposta por Köppen e com a distribuição da vegetação no estado. Para isso utilizou-se uma base de dados meteorológicos, de 25 anos de registros, além da classificação de Köppen e das classes vegetacionais do estado. Foram encontradas nove zonas de vida, sendo as mais representativas: floresta úmida tropical premontana (45,1%), floresta úmida subtropical basal (19,1%) e floresta seca tropical premontana (10,8%). Ao comparar a classificação de Köppen e Holdridge, verificou-se que as classificações que obtiveram o maior valor de relação com a floresta úmida tropical premontana foram as do tipo Cwa (58,2%) e Cwb (50,3%). Na comparação com as classes vegetacionais foi verificado que a zona de vida floresta úmida tropical premontana teve maior relação com savana (67,3%) e savana/floresta estacional (72,3%). Com base nos resultados obtidos observou-se que a classificação de Holdridge apresentou boa relação nas comparações com Köppen e o mapa de vegetação, sendo assim adequado para classificação climática do estado de Minas Gerais.

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INTRODUÇÃO

O clima, desde o início da evolução terrestre, in-fluencia diretamente e indiretamente no desenvol-vimento dos reinos vegetal e animal. Devido à no-tória importância do clima para os processos vitais na terra, foram propostas diversas classificações objetivando, por meio de dados de variáveis (tem-peratura, precipitação e biotemperatura), determi-nar os diferentes tipos de clima presentes no pla-neta. Porém, devido a heterogeneidade do sistema climático da Terra, a construção de um modelo fí-sico-matemático, que considere todos os fatores que influenciam o clima, é um desafio para a ciên-cia (Vianello e Alves, 1991).

O clima é o produto da ação combinatória de fa-tores meteorológicos de um determinado momento (Walter, 1986), não podendo ser compreendido iso-ladamente sem estar relacionado a outras variáveis. Assim, Holdridge propôs em 1947 uma classifica-ção que procurasse realizar divisões harmônicas da biosfera (Sawyer Júnior e Lindsey, 1964), base-ando-se na organização dos dados climáticos e na compreensão das variações do clima no mundo (Ayoade, 2010).

Dentre outras utilidades, as classificações climá-ticas caracterizam determinada região para inúme-ros objetivos, como para a obtenção do sucesso no zoneamento agrícola e florestal, com vistas à uma melhor produtividade qualitativa e quantitativa.

A classificação de Holdridge se norteia na pre-missa que a heterogeneidade vegetativa reflete os efeitos dos fatores climáticos sobre esta (Tuhkanen, 1980) e utiliza a biotemperatura média anual, a pre-cipitação anual e a taxa de evapotranspiração anual para realização de associações juntamente com as formações vegetais (Hincapié e Caicedo, 2013).

Soares et al. (2015) consideram a classificação de Holdridge como um engenhoso sistema de clas-sificação que se baseia em parâmetros que afetam sensivelmente a vegetação, e que ao se comparar com a classificação de Köppen, a classificação de Holdridge se sobressai por uma característica mais ecológica relacionada à biotemperatura, enquanto Köppen apresenta uma caracterização mais geográ-fica.

O estado de Minas Gerais é uma potência flores-tal no Brasil e apresenta a maior área plantada de eucalipto, correspondendo no ano de 2016 a 1.390.032 hectares (24,5%) de um total de 5.673.783 hectares existentes no país (Indústria Brasileira de Árvores, 2017). Além disso apresenta a produção de diversos cultivos agrícolas, o que evidencia o interesse na classificação de seu terri-tório para as áreas existentes e futuramente explo-radas e/ou modificadas.

Assim, este trabalho teve como objetivo classifi-car os municípios do estado de Minas Gerais de acordo com o sistema de zonas de vida proposto por Holdridge, sendo posteriormente comparado com o mapa de vegetação e da classificação climática de Köppen para o respectivo estado.

MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo

A área de estudo compreende o estado de Minas Gerais, localizado entre os paralelos 14º 13' 58" e 22º 55' 20" de latitude sul e os meridianos de 39º 51' 23" e 51º 02' 44" de longitude oeste de Greenwich, pertencente à região sudeste do Brasil (IBGE, 2011), apresentando uma área de 586.520,73 km² (IBGE, 2017). Possui uma precipi-tação média anual de 1.394,04 mm (Alvares et al., 2013) e, de acordo com Reboita et al. (2015), existe um gradiente de temperatura sul-noroeste, onde no sul a média de temperatura mínima anual apresenta 14 ºC, a média 21 ºC e a máxima 27 ºC, enquanto que no noroeste do estado os valores são de 19, 25 e 31 ºC, respectivamente.

O estado é composto por 853 municípios e, de acordo com Alvares et al. (2013), apresenta 6 tipos climáticos na classificação de Köppen, sendo eles: Aw (clima tropical com inverno seco), As (clima tropical com verão seco), Cwa (clima úmido sub-tropical com inverno seco e verão quente), Cwb (clima úmido subtropical com inverno seco e verão temperado), Cfa (clima úmido subtropical com rão quente) e Cfb (clima úmido subtropical com ve-rão temperado).

Obtenção dos dados

Para elaboração do trabalho foi utilizada a base de dados disponibilizada por Alvares et al. (2013), que inclui dados de altitude média (Figura 1A), classificação de Köppen (Figura 1B) e dados de precipitação anual (Figura 1C) para cada município de Minas Gerais. O shape de vegetação utilizado foi disponibilizado pelo IBGE e para diminuir as classes de vegetação, simplificando as compara-ções, seguiu-se o reagrupamento proposto por Tres (2016), o qual originou o mapa de vegetação da fi-gura 1D.

Os dados de altitude média dos municípios fo-ram obtidos por meio de um Modelo de Elevação Digital (MDE). Os dados meteorológicos foram ob-tidos através das seguintes fontes: o Instituto Naci-onal de Meteorologia (INMET), o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e a

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Organização das Nações Unidas para a Alimenta-ção e Agricultura (FAO/ONU). Esta base de dados foi composta por 25 anos de registros, coletada

en-tre os anos de 1950 e 1990, de 2.950 estações me-teorológicas para os dados de precipitação e 2.400 estações para os dados referentes a temperatura (Alvares et al., 2013).

Fontes: (A), (B) e (C): Alvares et al. (2013), adaptado pelos autores (2019) e (D): IBGE (2006) adaptado pelos autores (2019) Nota: Fl.: Floresta; Ombr.: Ombrófila

Figura 1 - A) Mapa de altitudes médias dos municípios de Minas Gerais; B) Mapa da classificação de Köppen; C) Mapa de precipitação média anual; e D) Mapa de vegetação.

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Classificação de Holdridge

Para a realização da classificação de Holdridge foram utilizados os cálculos da biotemperatura e os valores de precipitação anual.

Para determinação da biotemperatura, que por definição é o intervalo de temperatura no qual ocorre o efetivo crescimento das plantas, foi consi-derado o intervalo que compreende as temperaturas de 0 a 30 ºC, conforme descrito por Soares et al. (2015). Seguindo a classificação de Holdridge (1967), todas as temperaturas médias mensais infe-riores a 0 ºC devem ser descartadas e as supeinfe-riores a 24 ºC devem ser corrigidas, para eliminar as tem-peraturas maiores que 30 °C ocorridas durante o mês, mediante a seguinte equação:

𝑇

𝑏𝑖𝑜

= 𝑇 − [

3𝑙

100

(𝑇 − 24)²]

Onde: 𝑇𝑏𝑖𝑜 = biotemperatura do mês, em °C; 𝑇 = temperatura média do mês, em °C; 𝑙 = latitude do lugar, em graus decimais. Após determinação das biotemperaturas men-sais, foi estimada a biotemperatura média anual de cada município mediante a soma de todas as bio-temperaturas mensais com valores acima de 0 °C, dividindo-as por 12 (número de meses do ano).

Com a obtenção da biotemperatura média anual e precipitação, foi realizado a determinação das zo-nas de vida do sistema de Holdridge (Figura 2).

Fonte: Holdridge (2000), adaptado por Soares et al. (2015)

Figura 2 - Diagrama para determinação das zonas de vida de Holdridge.

As linhas horizontais representam a biotempera-tura média anual, enquanto as linhas diagonais re-presentam a precipitação anual e a evapotranspira-ção potencial. Realizando o cruzamento das linhas da biotemperatura média anual e da precipitação média anual, foi obtida a zona de vida de cada mu-nicípio, sendo estas delimitadas por hexágonos. As

áreas de transição estão delimitadas através dos tri-ângulos equiláteros. O passo subsequente para a classificação foi a correção da biotemperatura para o nível do mar (usando gradiente adiabático médio de 0,6 °C/100 m) para posterior determinação da região latitudinal e do piso altitudinal, completando assim a classificação proposta por Holdridge (1967) (Figura 3).

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Fonte: Soares et al. (2015)

Figura 3 - Diagrama de pisos altitudinais de Holdridge.

Processamento e análise dos dados

O processamento dos dados se deu por meio de um programa de computação desenvolvido no

sof-tware FoxPro e, após a classificação climática de

cada município do estado de Minas Gerais, as in-formações foram processadas em software de geo-processamento.

Ao fim, foram realizadas comparações das zonas de vida de Holdridge para o estado com a classifi-cação de Köppen, elaborada por Alvares et al. (2013), e com o mapa de vegetação do IBGE (2006) reagrupado conforme proposto por Tres (2016). A comparação entre a classificação de Holdridge e Köppen foi realizada mediante a área ocupada por cada município e sua classificação, enquanto a comparação entre a classificação de Holdridge e o mapa de vegetação do IBGE, foi realizada por meio da utilização da ferramenta de análise espacial “Zo-nal Histogram”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A biotemperatura média anual máxima e mínima no estado de Minas Gerais foi de 14,2 a 23,5 °C (Figura 4). Foi observado que há uma influência

di-reta da altitude média do município na biotempera-tura deste, sendo que no geral aqueles com maiores altitudes apresentaram menor valor de biotempera-tura, destacando Itamonte (1.592 m de altitude), Marmelópolis (1.570 m de altitude) e Alagoa (1.505 m de altitude), que possuem respectiva-mente as biotemperaturas mais baixas de 14,2, 14,4 e 14,7 °C e estão localizados na região sul de minas, na Bacia do Rio Grande.

Com relação à biotemperatura, 77.977,02 km² da área do estado (13,3%) apresentou um valor supe-rior a 22,0 °C, sendo que 62.620,93 km² desta área (80,3%) está presente em altitudes de até 600 m, demonstrando a relação da baixa altitude com as maiores biotemperaturas no estado. Estas regiões são representadas pelo: Triângulo Mineiro ao oeste, divisa com os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo; noroeste de Minas, divisa com Goiás, Distrito Federal e Bahia; norte de Minas, di-visa com a Bahia; Jequitinhonha/Mucuri e Rio Doce ao leste, divisas com os estados da Bahia e Espírito Santo ao leste.

Houve duas classificações para a região latitudi-nal em que Minas Gerais está inserida, sendo elas tropical e subtropical (Figura 5), presentes respec-tivamente em 71,7 e 28,3% dos municípios.

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Figura 4 - Mapa de biotemperaturas médias anuais.

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Eloi (2001), ao aplicar metodologia proposta por Holdridge mediante utilização de uma tabela com classes de latitude, observou que Minas Gerais está presente em sua totalidade na região latitudinal sub-tropical, diferenciando da classificação realizada por este trabalho, uma vez que a base de dados me-teorológicos e o período analisado foram divergen-tes entre os trabalhos.

Quanto ao piso altitudinal, foram encontradas três classificações para o estado de Minas Gerais, sendo basal (19,0% dos municípios), premontana (69,2%) e montana baixa (11,8%) (Figura 6).

O piso basal está presente em sua maioria na ba-cia hidrográfica Paraíba do Sul, localizada ao su-deste de Minas Gerais, nas divisas com os estados de Rio de Janeiro e Espírito Santo, compreendendo a região da Mata. O piso altitudinal montano baixo está inserido em sua maioria na bacia do Rio Grande e a serra da Mantiqueira compõe parte de sua área, nas divisas com Rio de Janeiro e São Paulo. O piso premontano, que ocupa 69,2% do es-tado, esteve presente em parte de todas as regiões de Minas Gerais.

Para o estado de Minas Gerais foram obtidas nove zonas de vida conforme apresentado na figura 7.

A zona de vida mais representativa para o estado

de Minas Gerais foi a floresta úmida tropical pre-montana, que está presente em 394 municípios, to-talizando uma área de 264.282,77 km², o que repre-senta 45,1% da área do estado. Na sequência fica-ram: floresta úmida subtropical basal (19,1%), flo-resta seca tropical premontana (10,8%), floflo-resta úmida subtropical montana baixa (10,6%) e floresta úmida tropical montana baixa (2,6%), totalizando uma área total de 253.157,15 km² (43,1%).

As zonas de transição que compreenderam a classificação floresta úmida/seca tropical premon-tana, floresta seca/úmida tropical premonpremon-tana, flo-resta úmida/seca subtropical basal e floflo-resta úmida/muito úmida subtropical montana baixa ocu-param 6,1, 5,0, 0,6 e 0,02% da área de extensão do estado, respectivamente, totalizando 11,8% (69.080,81 km²).

Na espacialização das classificações de cada mu-nicípio, observou-se que na divisa com o estado da Bahia, compreendendo as regiões norte de Minas e Jequitinhonha/Mucuri, ao norte e nordeste do es-tado, houve a presença da zona de vida classificada como floresta seca tropical premontana, que ao ser comparada com o mapa de precipitação média anual, demonstra a relação entre a classificação de Holdridge e o déficit pluviométrico da região.

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Figura 7 - Mapa de zonas de vida de Holdridge.

Parte da região sul do estado, onde está locali-zada a serra da Mantiqueira, teve sua classificação como floresta úmida subtropical montana baixa que, ao ser relacionada com o mapa de biotempera-tura e de altitudes médias, apresentou valores mai-ores que 14 e menmai-ores ou iguais a 16 °C e as maio-res altitudes do estado. A flomaio-resta úmida subtropical basal está contida em sua maioria na região da Mata.

A zona de vida floresta úmida tropical premon-tana, que englobou 45,1% do estado, esteve pre-sente nas áreas onde a precipitação média anual foi superior a 1.000 mm e uma altitude média máxima de 1.200 m.

Eloi (2001) verificou que o estado possui 10 zo-nas de vida e em sua totalidade florestas, mas tam-bém constatou que há algumas zonas muito secas, contrariando o que foi obtido no presente trabalho, visto que a série histórica utilizada foi diferente. Além disso, todas as zonas de vida foram classifi-cadas com a região latitudinal subtropical devido a metodologia aplicada pelo mesmo.

Para o estado do Paraná, Milano et al. (1987) ve-rificaram a ocorrência de sete zonas de vida, sendo

que a floresta úmida temperada obteve a maior ocu-pação no estado. Nogueira et al. (1987) encontra-ram no estado de Santa Catarina quatro zonas de vida, obtendo também a classificação de floresta úmida temperada com maior representatividade no estado.

Carvalho et al. (2008), ao realizar a classificação climática de Thornthwaite para Minas Gerais, en-contraram 8 classes, variando da classificação D (semiárido) no nordeste do estado, divisa com a Ba-hia, até a classificação A (super úmido) ao extremo sul do estado, divisa com São Paulo, corroborando com o presente trabalho acerca da característica umidade em questão e sua espacialização. A distri-buição ainda englobou as classificações de úmido (B4, B3, B2 e B1), subúmido (C2) e subúmido seco (C1).

Relação entre as classificações de Holdridge e Köppen

A tabela 1 apresenta a comparação entre a clas-sificação proposta por Holdridge e a clasclas-sificação de Köppen.

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Tabela 1 - Zonas de vida de Holdridge em comparação a classificação de Köppen.

Zonas de vida de Holdridge Classificação de Köppen (%)

Aw Cwa Cwb As Cfb Cfa

Floresta úmida tropical premontana 36,9 58,2 50,3 - - -

Floresta úmida subtropical basal 18,0 30,7 12,5 - 14,7 -

Floresta seca/úmida tropical premontana 17,9 0,4 - 16,6 - -

Floresta seca tropical premontana 3,6 8,2 1,9 78,8 - 41,5

Floresta úmida/seca subtropical basal 3,2 - - - - -

Floresta úmida subtropical montana baixa - - 29,3 - 39,7 -

Floresta úmida/seca tropical premontano 20,4 2,5 1,1 4,6 - 58,5

Floresta úmida tropical montana baixa - - 4,8 - 45,6 -

Floresta úmida/muito úmida subtropical montana baixa - - 0,1 - - -

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Alvares et al. (2013), IBGE (2017), adaptado pelos autores (2019)

Com relação à comparação entre a classificação de Köppen e Holdridge, verificou-se que as classi-ficações que obtiveram o maior valor de relação com a floresta úmida tropical premontana foram as do tipo Cwa (58,2%), Cwb (50,3%) e Aw (36,9%). Observou-se que o tipo climático Cwb, por se tratar de um clima úmido subtropical com inverno seco e verão temperado, também esteve presente com maior representatividade na floresta úmida subtro-pical montana baixa (29,3%).

A classificação As obteve um índice de 78,8% de relação com a classificação floresta seca tropical premontana, evidenciando que a região nordeste do estado de Minas Gerais, onde ambas classificações estão mais concentradas, apresenta um clima mais seco. Além disso, a classificação As não esteve re-lacionada diretamente junto as classificações exclu-sivas de florestas úmidas.

A classificação Cfb esteve presente em uma área de 12.731,57 km² (2,2% do estado), enquanto a classificação Cfa esteve presente em uma área de 4.504,44 km² (0,8%), apresentando assim baixa re-presentatividade em Minas Gerais. Por se tratar de uma classificação de clima úmido subtropical com verão temperado, a classificação Cfb esteve pre-sente exclusivamente em zonas úmidas, enquanto a classificação Cfa, caracterizada por clima úmido subtropical com verão quente, apresentou-se nas classificações envolvendo florestas secas.

Relação entre a classificação de Holdridge e a vegetação

A tabela 2 apresenta a disposição das classes de vegetação no estado de Minas Gerais e a tabela 3 a comparação entre as classes de vegetação com a classificação das zonas de vida de Holdridge.

Tabela 2 - Representatividade das classes de vegetação no estado de Minas Gerais.

Classe de vegetação % km²

Savana 41,5 243.646,01

Floresta estacional semidecidual 30,2 176.944,50

Savana/floresta estacional 11,8 69.379,89

Floresta estacional decidual 7,3 42.667,77

Savana estépica/floresta estacional 2,4 13.864,52

Floresta estacional/floresta ombrófila mista 1,6 9.539,02

Floresta ombrófila densa 1,3 7.662,73

Floresta ombrófila densa/floresta ombrófila mista 1,2 7.032,52

Massa d'agua continental 1,0 5.929,66

Refúgios vegetacionais 0,8 4.869,77

Floresta ombrófila aberta 0,6 3.236,96

Floresta ombrófila mista 0,2 1.016,92

Savana estépica 0,1 730,46

TOTAL 100,0 586.520,73

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Tabela 3 - Classes de vegetação em comparação a classificação de Holdridge.

Zonas de vida de Holdridge CLASSES DE VEGETAÇÃO (%) FES SA SA/ FE FOD FOD/ FOM FOM FE/ FOM FED RV SA Es./ FE FOA SA-Es.

Floresta úmida

tropi-cal premontana 43,6 67,3 72,3 - - - 8,4 1,5 71,5 - - -

Floresta úmida

sub-tropical basal 19,3 - - 25,4 12,8 - 44,8 - 1,2 - 1,3 -

Floresta seca/úmida

tropical premontana 13,7 11,7 0,3 5,6 - - - 17,9 - 7,2 39,4 - Floresta seca tropical

premontana 6,4 4,2 16,4 14,6 - - - 77,9 - 92,8 29,7 100,0

Floresta úmida/seca

subtropical basal 2,0 - - 4,5 - - - -

Floresta úmida sub-tropical montana baixa

3,7 2,6 - 24,1 84,1 97,2 18,9 - 0,9 - - -

Floresta úmida/seca

tropical premontana 8,5 13,4 11,0 23,4 - - - 2,7 26,4 - 29,6 - Floresta úmida

tropi-cal montana baixa 2,8 0,8 - - - - 27,9 - - - - -

Floresta úmida/muito úmida subtropical montana baixa

- - - 2,4 3,1 2,8 - - - -

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Alvares et al. (2013), IBGE (2006 e 2012), Tres (2016), adaptado pelos autores (2019)

NOTA: FES: Floresta Estacional Semidecidual; SA: Savana; FE: Floresta Estacional; FOD: Floresta Ombrófila Densa; FOM: Floresta Ombrófila Mista; FED: Floresta Estacional Decidual; ES: Estépica; FOA: Floresta Ombrófila Aberta; RV: Refúgio Vegetacional

As classes de vegetação floresta estacional semi-decidual (43,6%), Savana (67,3%), savana/floresta estacional (72,3%) e refúgios vegetacionais (71,5%) obtiveram maior representatividade junto à zona de vida floresta úmida tropical premontana, visto que a mesma foi responsável por maior abran-gência da área do estado de Minas Gerais.

A área de transição entre a savana estépica e a floresta estacional apresentou uma relação de 92,8% com a zona de vida floresta seca tropical pre-montana, enquanto a floresta estacional decidual apresentou 77,9% de relação. Ainda na referida zona de vida, a vegetação tipo savana-estépica es-teve presente em 100%, porém apresentou uma re-presentatividade de 0,1% da área do estado. Com esses resultados observou-se uma relação entre uma floresta seca com uma vegetação menos exigente de recursos hídricos, sendo mais adaptada a altas temperaturas.

A floresta ombrófila mista esteve presente em 97,2% da zona de vida floresta úmida subtropical montana baixa, seguido pela transição entre a flo-resta ombrófila densa e a floflo-resta ombrófila mista,

que também estiveram presentes em 84,1% dos ca-sos na respectiva zona de vida.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, foi possível concluir que o estado de Minas Gerais possui nove zonas de vida de acordo com a classificação das zo-nas de vida de Holdridge, apresentando quatro des-tas como zonas de transição. Observou-se ainda que houve boa correlação entre a classificação de Köp-pen e a de Holdridge, visto que algumas classifica-ções obtiveram uma alta porcentagem de relação entre elas. No que se refere à comparação entre as classes de vegetação e a classificação de Holdridge, também foi observado relação entre algumas clas-ses vegetacionais e as classificações de zonas de vida, evidenciando a adaptação da vegetação a um determinado clima. Por fim, devido à correspon-dência tanto com a classificação de Köppen quanto ao mapa vegetacional, se conclui que o sistema de classificação em zonas de vida de Holdridge se mostrou eficiente para o estado de Minas Gerais.

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Referências

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