• Nenhum resultado encontrado

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

DINÂMICA DE FOLHAS EM UMA FLORESTA

DE TRANSIÇÃO AMAZÔNIA - CERRADO

Ândrea Carla Dalmolin, Adilson Amorim Brandão, Francisco de Almeida Lobo

andreacarlad@gmail.com

Anais do I Seminário Internacional

de Ciências do Ambiente e

(2)

INTRODUÇÃO

É crescente a preocupação da sociedade acadêmica e de alguns segmentos da sociedade civil com as alteração nos regimes pluviométrico e de temperatura ocasionados por mudanças no uso e ocupação do solo, haja visto que alterações nestes regimes afetam a dinâmica da vegetação e a distribuição espacial dos diferentes biomas, comprometendo a biodiversidade destas áreas bem como os ciclos biogeoquímicos.

Muitas inferências sobre a influencia destas mudanças sobre os biomas podem ser feitas com base em modelos, contudo para que estes modelos se aproximem o máximo da realidade é indispensável à utilização de dados precisos sobre a dinâmica da vegetação. De acordo com Malhado et al., 2009 um dos maiores empecilhos para o desenvolvimento de simulações para a região amazônica que se aproximem ao máximo da realidade é a dificuldade em se obter informações detalhadas sobre alguns parâmetros como cobertura vegetal, taxa de crescimento, biomassa.

Um grande numero de estudos vem sendo realizados a fim de compreender a dinâmica da Floresta Amazônica diante das alterações climáticas, contudo poucos são os estudos que buscam verificar se a mesma dinâmica verificada para a Floresta Amazônica em si ocorre para as áreas de interface desta com outros biomas. Para áreas de ecótono entre a Floresta Amazônica e o Cerrado alguns estudos vem sendo desenvolvidos pelo grupo de Pós-Graduação em Física Ambiental - PGFA da Universidade Federal de Mato Grosso, a fim de se compreender a dinâmica destas áreas diante das alterações climáticas.

Diante do exposto o presente estudo tem por objetivo contribuir com algumas inferências sobre o Índice de Área Foliar (IAF), tempo de vida de folhas (TVF), mortalidade foliar (MF), biomassa foliar (BF) e taxa de crescimento foliar (CF) para uma área de transição entre a Floresta Amazônica e o Cerrado, localizada ao norte do Estado de Mato Grosso, Brasil.

(3)

METODOLOGIA

ÁREA DE ESTUDOS

Todas as medições foram realizadas em um Sitio Experimental conduzido pelo PGFA, pertencente ao Projeto Large-Scale Biosphere-Atmosphere (LBA) localizado a aproximadamente 60 km do município de Sinop, Mato Grosso, Brasil (11º24’43.4”S; 55º19’25,7”W). Este sítio está inserido em uma área de transição (ecótono) entre a Floresta Amazônica e o Cerrado. Esta é uma área que apresenta uma sazonalidade característica, com uma estação seca (junho a setembro) e uma estação chuvosa (dezembro a fevereiro). A temperatura média anual é de 24ºC com e precipitação média de 2000 mm ano-1. Segundo

Almeida (2005), o solo da área é arenoso, permeável, classificado como neossolo, é ácido, com pH de 4,2 a 2,5 cm de profundidade e pobre em nutrientes com 2,05 % de matéria orgânica. A vegetação da área é constituída por arbustos, lianas e árvores, cuja altura do dossel pode variar entre 28-30 m, sendo encontradas entre as espécies arbóreas como Tovomita schomburkii, Qualea paraensis, e Brosimum

lactescens (Miranda et al., 2005).

MÉTODOS

Na área de estudos se encontrava instalada até o ano de 2008 uma torre micrometeorológica provida de sensores de radiação fotossinteticamente ativa (PAR) instalados às alturas de 1, 20 e 40 m sobre o solo. Os dados utilizados para a realização das estimativas do Índice de Área Foliar (IAF) no presente estudo foram coletados pelos sensores a partir das leituras instantâneas (com uma varredura de uma informação por minuto e registro da média dos últimos 30 minutos), no período de janeiro a setembro de 2008. Esses sensores de PAR eram controlados por meio de um “datalogger” modelo CR 10X e seus dados registrados em um módulo de memória

Para a estimativa do IAF foi empregado o método proposto por Monsi & Saeki (1953), que se baseia na extinção (ou decaimento exponencial) da radiação solar pelo dossel, de acordo com a Lei de Lambert-Beer. Sendo utilizado o coeficiente de extinção proposto por Goudriaam (1988)

Em 1 ha. da área experimental, próximo a torre de medidas micrometeorológicas, foram estabelecidos 20 coletores de madeira de 1 m² com uma altura de borda de 0,20 m e fundo em tela de nylon de malha de 2,5 mm, instalados a 0,20 m do solo. Estes se destinaram a coleta do material senescente a fim de se quantificar o aporte de serrapilheira. Mensalmente, procurando-se respeitar o intervalo de 30 dias, foi

(4)

de folhas

(MF

)

(kg biomassa seca m-2 mês-1) foi calculado como a média de biomassa seca dos 20 pontos

amostrais.

A estimativa de biomassa de folhas

(BF

)

(kg m-2) foi calculada como uma razão entre

o índice de área foliar (IAF) obtido in loco, pela área foliar específica (AFE), neste caso adotou-se o valor de 8,16 m² de folhas/ kg de biomassa seca relatado por Figueiras et al, 2002 para uma área de Floresta Amazônica, uma vez que não se dispunha de dados de AFE para a área experimental, por este motivo no presente trabalho nos reportamos como estimativa de biomassa de folhas.

A estimativa do crescimento de folhas

(CF

)

(kg m-2 mês -1) para o período amostrado

foi realizada por meio de um cálculo de balanço de massa de folhas para cada período, ou seja,

t

t

t

MF

BF

BF

CF

(

1

)

/

, onde t é o intervalo de tempo entre as medidas (1 mês).

O tempo de vida das folhas

(TVF

)

foi obtido como uma razão entre a média anual da

biomassa de folhas e a média anual da mortalidade de folhas (TVF =

BF

/

MF

)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o período estudado a média IAF foi de 3,61 m² m² (dp 0,48) (Tabela 1). Foi observada a variação no IAF com a sazonalidade característica do local (Figura 1a), podendo ser encontrada uma diferença de 1,52 m² m² entre o mês com maiores valores de IAF (janeiro, com 4,38 m² m²) e o mês com menores valores de IAF (junho, com 2,86 m² m²). Os valores apresentados neste trabalho estão próximos aos valores mencionados por Sanches et al., 2008 (3,21 a 3,74 m2m-2) utilizando o mesmo método

para estimar o IAF da presente área de estudos para o período de 2001 a 2003. As estimativas de IAF podem apresentar grandes variações entre locais distintos uma vez que estão diretamente ligada à composição florística do local, bem como a resposta desta vegetação as mudanças pluviométricas.

A média de biomassa de folhas considerando os 20 pontos de coleta para o período de estudos foi de 0,443 kg m² ( dp 0,05), (Tabela 1). O padrão da biomassa de folhas (Figura 3b) acompanha o padrão do IAF (3a) sendo observados os menores valores nos meses de junho a agosto de 2008. Estimativas de biomassa de folhas mostram-se de grande relevância uma vez que as folhas são um importante componente de estoque de carbono dentro dos ecossistemas florestais. Os valores de biomassa de folhas observados no presente trabalho são inferiores aos observados por Malhado et al., 2009 ao estudar a dinâmica sazonal do dossel de uma área de Floresta Amazônica no Pará, durante 12 meses, esse autor relata valores de biomassa de folhas de 0,621 kg m-2, segundo este autor estes valores estão próximos aos

relatados em outros estudos realizados em área de Floresta Amazônica. Provavelmente esta diferença esteja relacionada ao período de coleta de dados apresentada no presente trabalho

(5)

Tabela 1. Valores médios anuais do Índice de Área Foliar (IAF), biomassa de folhas (BF), crescimento de folhas (CF), e tempo de vida das folhas (TVF) com seus desvios padrões correspondentes.

IAF (m² m²) BF (kg m-2) MF (kg m² mês-1) CF (kg m² mês-1) TVF (mês) Valores médios 3,613 0,442 0,060 0,049 7,35 Desvio padrão 0,48 0,05 0,03 0,07

A mortalidade de folhas apresentou comportamento oposto ao IAF e a biomassa de folhas, este era um fato esperado uma vez que nos períodos com menores valores de precipitação, devido ao estresse hídrico as plantas perdem uma quantidade maior de folhas como uma forma de contornar o estresse hídrico. Este evento é reforçado pela estimativa do tempo de vida das folhas de 7,35 meses (Tabela 1), este é superior ao encontrado por Smith et al, 1998 (6 meses) e inferior ao relatado por Malhado et al., 2009 (12,5 meses) para área de floresta de terra firme e Floresta Amazônica respectivamente. Segundo Pinto-Junior et al., 2009 as chuvas para a região de estudos concentram-se no período de dezembro a março (período chuvoso), sendo este o período onde observamos menores valores de mortalidade de folhas e maiores valores de IAF.. A transição dos períodos seco-úmido compreenderia os meses de outubro a novembro, observado o tempo de vida das folhas estimado no presente trabalho (7,35 meses) pode ser considerado que as plantas da área de estudos começam a colocar suas folhas em meados de março e estas permaneceriam no dossel das árvores até meados de abril, momento a partir do qual podemos observar maiores valores da taxa de mortalidade das folhas (Figura 3c). Pode ser observado que o pico de mortalidade de folhas ocorre em agosto, este é um dos meses onde se observa pequeno índice pluviométrico para a região, e com observações em campo é possível constatar que este é para a região um dos meses com fortes rajadas de vento, o que acabaria contribuindo para a queda de folhas.

(6)

2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 IAF ( m 2 m -2)

jan mar mai jul set

Biomas s a de f olha s (kg m -2) 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60 Cr esc im en to da s f olha s (kg m -2 mes -1) -0,10 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30

fev abr jun ago

Mor ta lid a d e d e f o lh a s (kg m 2 mes -1) 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20

jan fev mar abr mai jun jul ago set

(a) (b)

(c) (d)

Figura 3: Variação da dinâmica de folhas para uma Floresta de Transição Amazônia- Cerrado no período de janeiro de 2008 a setembro de 2008. (a) Variação média mensal do IAF, (b) variação média

mensal da biomassa de folhas (BF), (c) variação média mensal da mortalidade de folhas (MF) e (d) variação mensal da taxa de crescimento de folhas (CF)

A taxa de crescimento de folhas acompanha a dinâmica do IAF para a área de estudo (Figura 3a e 3d). Segundo Malhado et al., 2009, as medições indiretas de IAF, como as apresentadas neste estudo, bem como a adoção da AFE aqui realizada, apresentam um erro inerente que podem influenciar os cálculos da biomassa foliar e em conseqüência os cálculos da taxa de crescimento, esse tipo de erro pode ser evitado se forem realizadas medidas locais da biomassa foliar, bem como o acompanhamento do desenvolvimento fenológico das espécies que compõem a área de estudos. A determinação do tempo de vida de folhas, juntamente com a determinação de outras variáveis, pode auxiliar na compreensão de fenômenos como fluxo de CO2, evapotranspiração, ciclagem de nutrientes dentro de florestas. Segundo

Jansen, 1975 para que se entenda a dinâmica do carbono dentro de uma floresta é indispensável que se avalie a taxa de crescimento e tempo de vida das folhas, uma vez que a interação entre o crescimento das folhas, seus ciclos de vida e dinâmica temporal da produção de folhas controla a produtividade da planta.

(7)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a área de Floresta de Transição Amazônia- Cerrado em um período de 9 meses foi encontrado um valor médio de Ìndice de Área Foliar (IAF) de 3,613 m² m², valor médio de biomassa de folhas (BF) de 0,442 kg m-2, valores médios de mortalidade de folhas (MF) de 0,060 kg m² mês-1, valor médio

de crescimento de folhas de 0,049 kg m² mês-1 e o tempo médio de vida das folhas de 7,35 meses, ficando

(8)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA, E.D.; Nitrogênio e fósforo no solo de uma floresta de transição Amazônia-Cerrado. 2005 77f. Dissertação – (Mestrado em Física e Meio Ambiente) – Instituto de Ciências Exatas e da Terra – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.

FIGUEIRA, A.M.; SOUSA, C.A.; MAIA, A.; ROCHA, H.; FREITAS, H.; GOULDEN, M., M;, M.; MILLER, S.D., Litterfall and leaf area index before and after selective logging in Tapajo´ s National Forest. In: II International Scientific LBA Conference, 7–10 of July, 2002, Manaus, AM, Brazil.

GOUDRIAAN, J. 1988. The bare bones of leaf-angle distribution in radiation models for canopy photosynthesis and energy exchange. Agricultural and Forest Meteorology. 43: 155-169 p.

JANZEN, D.H.. Ecology of Plants in the Tropics. Edward Arnold, London, 1975

MALHADO, A.C.M.; COSTA, M.H.; LIMA, F.Z.; PORTILHO, K.C.; FIGUEIREDO, D.; Seasonal leaf dynamics in an Amazonian tropical forest.Forest Ecology and Management 258 p. 1161–1165, 2009

MALHI, Y.,TIMMONS, R. J., BETTS, R.A., KILLEN, T.J., LI, W., NOBRE, C.A., Climate change, deforestation, and the fate of the Amazon. Science 319, p.169– 172, 2008.

MIRANDA, E.J.; VOURLITIS, J.L; FILHO, N.P.; PRIANTE, P.C.; CAMPELO JUNIOR, J.H.; SULI, G.S.; FRITZEN, C.L.; LOBO, F. de A.; SHIRAIWA, S. Seazonal variation in the leaf gas exchange of tropical forest trees in the rain forest-savanna transition of the southern Amazon Basin. Journal of Tropical Ecology. 21, p.451-460, 2005

MONSI, M.; Saeki, T. Über den Lichtfakor in den Pflanzengesellschaften, seine Bedeutung für die Stoffproduckion. Japanese Journal of Botany. 1953. 14:22-52 p.

PINTO-JUNIOR, O.B.; SANCHES, L.; DALMOLIN, A.C.; NOGUEIRA, J. S. Efluxo de CO2 do solo em floresta de

transição Amazônia Cerrado e em área de pastagem. Acta Amaz. [online], vol.39, n.4, pp. 813-821, 2009 ISSN 0044-5967

SANCHES, L.; ANDRADE, N.L.R.; NOGUEIRA, J.S.; BIUDES, M.S.; VOURLITIS, G.L.; Índice de área foliar em Floresta de Transição Amazônia Cerrado em diferentes métodos de estimativa. Ciência e Natura, UFSM, 30(1): 57 – 69, 2008.

SENNA, M.C.A., COSTA, M.H., PIRES, G.F.; Vegetation–atmosphere–soil nutrient feedbacks in the Amazon for different deforestation scenarios. Journal of Geophysical Research 114, 2009.

SMITH, K.; GHOLZ, H.L.; OLIVEIRA, F.; Litterfall and nitrogen-use efficiency of plantations and primary forest in the eastern Brazilian Amazon. Forest Ecology and Management 109, p.209–220, 1998.

Referências

Documentos relacionados

a) A Vortal lança uma oportunidade de negócio através de um espaço colaborativo e convida as empresas a participar no concurso. A Vortal, utilizando os serviços dos

El hombre del Tercer Cine, ya sea desde un cine-guerrilla o un cine-acto, con la infinidad de categorías que contienen (cine-carta, cine-poema, cine-ensayo,

Outra surpresa fica por conta do registro sonoro: se num primeiro momento o som da narração do filme sobre pôquer, que se sobrepõe aos outros ruídos da trilha, sugere o ponto de

Mestrado em Administração e Gestão Pública, começo por fazer uma breve apresentação histórica do surgimento de estruturas da Administração Central com competências em matéria

1.1 identifies the three required static analyses: a value analysis that computes abstract instruction semantics; a cache analysis that computes abstract cache states; and a

The Anti-de Sitter/Conformal field theory (AdS/CFT) correspondence is a relation between a conformal field theory (CFT) in a d dimensional flat spacetime and a gravity theory in d +

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

No Estado do Pará as seguintes potencialidades são observadas a partir do processo de descentralização da gestão florestal: i desenvolvimento da política florestal estadual; ii