PROCEDIMENTOS PARA DEFINIÇÃO DAS
CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DE VIGAS ALVEOLARES DE AÇO
PARA SISTEMAS DE PISO E DE COBERTURA
Luiza Baptista de Oliveira
Gustavo de Souza Veríssimo
Washington Batista Vieira
José Maria Franco de Carvalho
José Luiz Rangel Paes
Agosto de 2012
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.1 Considerações gerais
Há significativa diferença no desempenho estrutural
requerido da viga alveolar para sua aplicação em coberturas ou em sistemas de piso.
Quando aplicadas em sistemas de cobertura, as vigas
alveolares podem ser
projetadas com maior razão de expansão (alvéolos maiores) e com os alvéolos pouco
espaçados, pois nesses sistemas a sobrecarga é,
geralmente, muito pequena, os vãos são grandes e a deformação é o elemento condicionante do
dimensionamento da viga.
Quando os alvéolos são pouco espaçados, a viga alveolar assume um comportamento análogo ao de uma viga Vierendeel.
Vigas com alvéolos mais espaçados são comumente empregadas em sistema de piso e apresentam menor razão de expansão.
Quanto mais espaçados forem os alvéolos, mais o
comportamento estrutural da viga alveolar irá se assemelhar ao comportamento estrutural de uma viga de alma cheia.
Diferença no desempenho estrutural da viga alveolar aplicada em sistemas de
cobertura ou de piso.
Cobertura:
Menor relação vão /altura
Maior razão de expansão
Alvéolos menos espaçados
Viga Vierendeel
Piso:
Maior relação vão /altura
Menor razão de expansão
Alvéolos mais espaçados
Viga de alma cheia
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.2 Sistemas de piso
1.2.1 Passagem de instalações
O campo de aplicação dasvigas alveolares é bastante amplo, envolvendo
estruturas com grandes vãos e pequenas cargas, ou que demandem aberturas nas vigas para a passagem de dutos, ou ainda como solução para atender a exigências do partido arquitetônico, pela questão
estética ou de
dimensionamento dos vãos.
Uma importante característica das vigas alveolares é a possibilidade da passagem dos dutos de instalações através das aberturas. A passagem das instalações por dentro das aberturas tem duas implicações:
a economia de espaço vertical e a melhor adaptação das edificações à tendência de abrigar uma quantidade cada vez maior de instalações.
-
Economia de espaço vertical;
-
Tendência em aumentar a quantidade de instalações técnicas nas edificações.
Ganhar mais
pavimento ou
reduzir a altura
total do edifício
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.2 Sistemas de piso
1.2.1 Passagem de instalações
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.2 Sistemas de piso
1.2.2 Grandes vãos
Além de permitir apassagem de instalações pelos alvéolos, as vigas alveolares facilitam a
criação de grandes espaços, com vãos que podem chegar a 18 m.
Comparativamente, o fato de a viga alveolar vencer grandes vãos reduz o número de pilares no pavimento, o que além de representar até 30% de economia no peso da estrutura permite que o ambiente seja menos limitado ao posicionamento do sistema estrutural, portanto mais flexível quanto à disposição do layout.
Esta flexibilidade constitui-se numa vantagem arquitetônica muito interessante para
modificações não previstas no uso da edificação.
-
Redução de até 30% no peso da estrutura;
-
Mais flexibilidade para layout.
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.2 Sistemas de piso
1.2.2 Grandes vãos
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.3 Sistemas de cobertura
As vigas alveolares aplicadas em coberturas além de possibilitarem o vencimento de grandes vãos,oferecem aos arquitetos e engenheiros uma gama maior de possibilidades para conceitos criativos e favorecem a concepção de sistemas estruturais que tiram partido da sua estética, tanto para concepção de fachadas quanto para ambientação interna
O uso das vigas alveolares como
elementos de cobertura é vantajoso em relação ao uso da treliça devido ao fato de a primeira ser constituída por menos peças, o que diminui o seu tempo para ser executada e ir para obra já montada, reduzindo gastos com mão de obra.
-
Grandes vãos (até 40 m);
-
Composição de fachadas e ambientação interna;
-
Comparação com treliça.
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.3 Sistemas de cobertura
Eixo reto
A utilização destas vigaspara cobertura permite o vencimento de vãos de aproximadamente 40 m. Esta medida pode variar, dentre outros fatores, de acordo com o formato adotado para a viga, a saber: reto, de inércia variável e curvo.
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.3 Sistemas de cobertura
Eixo curvo
44 m
26 m
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.3 Sistemas de cobertura
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.3 Sistemas de cobertura
Inércia variável
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.3 Sistemas de cobertura
1 Alternativas para Aplicação das Vigas Alveolares
1.4 Outras aplicações
Pontes
Pilares
Requalificação
Existem
ainda outras
aplicações
observadas
2 Procedimentos para definição das características geométricas
2.1 Considerações gerais
Pré-dimensionamento de uma viga alveolar:
- Requisitos geométricos;
- Requisitos estruturais.
Pré-dimensionamento de uma viga alveolar depende de uma série de requisitos geométricos e
estruturais, mas principalmente dos requisitos geométricos, pois dele
depende toda a análise estrutural feita posteriormente.
Neste trabalho foram
sistematizados procedimentos
para a definição dos parâmetros geométricos que determinam a configuração final de uma viga alveolar, tendo em vista uma série de critérios estabelecidos a partir da investigação
teórico-experimental.
Para a obtenção da configuração geométrica da viga inicialmente define-se sua tipologia, se castelada ou celular.
Procedimentos para a definição dos parâmetros geométricos que determinam o traçado de
corte e a configuração final da viga alveolar.
Viga castelada
Viga celular
Piso
Cobertura
Essa definição prévia da tipologia da viga é
necessária porque para a viga castelada as
dimensões dos alvéolos e dos montantes são
interdependentes, ou seja, se modificada a altura do alvéolo, o comprimento do
montante também será alterado.
Já no caso das vigas celulares, a dimensão do alvéolo (diâmetro) não tem relação direta com a largura do montante, de modo que elas
apresentam maior flexibilidade quanto ao seu traçado.
2.2 Viga castelada
a) Vão de projeto (L
v)
Lv não está relacionado das condições de apoio: - Viga/viga- Viga/ mesa do pilar - Viga/ alma do pilar Os parâmetros
geométricos da viga são estabelecidos em função do vão de projeto (Lv).
b) Razão de expansão (k)
k = 1,5
Para os três padrões da tipologia casteladaabordados neste trabalho adotou-se a razão de expansão de 1,5 por ser o valor que conduz ao
maior ganho de
resistência para o perfil alveolar.
Cobertura
Piso
2.2 Viga castelada
c) Altura do perfil original (d)
Para determinar a altura do perfil original, pode-se partir de relações vão/altura (L/d), conhecidas como, por exemplo:
Relação L/20 utilizada para o
pré-dimensionamento de viga de aço
de alma cheia.
Relação L/25 utilizada para o
pré-dimensionamento de viga treliçada
de banzos paralelos.
Para a viga castelada que apresenta razão de expansão de 1,5 pode-se chegar a altura
do perfil original a partir do seguinte raciocínio:
2.2 Viga castelada
d
,
d
d
L
g g v5
1
e
20
30
5
1
20
20
5
1
v v vL
,
L
d
d
,
L
d
,
d
d
L
g g v
25
e
1
5
5
37
5
1
25
25
5
1
,
L
,
L
d
d
,
L
v v v
Piso
Cobertura
Caso o valor obtido de d não coincida com uma das alturas dos perfis laminados disponíveis
no mercado, adota-se a altura mais próxima do catálogo.
2.2 Viga castelada
d) Altura do perfil alveolar (d
g)
A altura do perfil alveolar será, portanto, a altura do perfil original multiplicada pela razão de expansão. Assim, por exemplo, supondoCom base na altura do perfil original (d), de acordo com o padrão de castelação
escolhido, definem-se os parâmetros
geométricos da viga, tais como o passo (p), a largura do alvéolo (a0) e a largura do montante (bw).
mm
615
5
1
410
,
d
ge) Parâmetros geométricos
Litzka
Peiner
Anglo-Saxão
p
1
,
7322
d
1 d
,
5
1
,
08
d
b
w0
,
5774
d
0 d
,
5
0
,
25
d
a
01
,
155
d
d
0
,
83
d
b
b
w/
2
b
w/
2
0
,
29
d
2.2 Viga castelada
Tem- se, facilmente , as relações entre parâmetros
estabelecidas para cada padrão
Relações entre parâmetros de cada padrão:
2.2 Viga castelada
f) Largura mínima do montante de extremidade (b
we min)
Deve-se resguardar uma largura mínima para o
montante de extremidade, de modo que seja possível executar a ligação da viga com o restante da estrutura e garantir, pelo menos, a
mesma largura dos montantes intermediários, para não suceder que o montante extremo fique menos
resistente exatamente numa
região em que a solicitação por força cortante é crítica.
1. As dimensões de uma cantoneira de ligação.
w web
b
102
mm
(perfis
W530
à
W610)
W460)
à
W150
(perfis
mm
76
min 2. A largura mínima do montante de extremidade dever ser pelo menos igual à largura domontante (bw).
2.2 Viga castelada
g) Comprimento útil para distribuição
dos alvéolos (L
d)
2
2
wemin w v db
b
L
L
h) Número de alvéolos (n)
p
L
n
INT
d O próximo passo é calcular o número de alvéolos, n, em função dos valores de Ld e do passo (p), sendo n arredondado para o número inteiro inferior mais próximo.Tendo sido definida a largura mínima do montante de
extremidade (bwe min), deve-se calcular o comprimento útil no qual serão distribuídos os alvéolos.
2.2 Viga castelada
i) Distribuição dos alvéolos em L
d2.2 Viga castelada
j) Largura final do montante de extremidade (b
we)
2
2
w min we v web
b
p
n
L
b
Devido ao arredondamento do número de alvéolos, e àdistribuição destes ao longo do vão Ld, a largura final do
montante de extremidade pode não ser igual a bwe min. Desta forma deve-se calcular a largura final do montante de extremidade (bwe).
k) Comprimento da viga para corte (Lc)
Na maior parte dos casos é necessário aparar, nas duas metades, as sobreposições ocasionadas pelo deslocamento da metade superior. Com este
procedimento obtém-se o comprimento do perfil original a ser utilizado, Lc.
Após a distribuição dos alvéolos em Ld é possível definir o traçado do corte no perfil original para obtenção da viga alveolar.
Virtualmente, mantem-se a metade inferior da viga e desloca-se a metade superior até provocar o encaixe entre as metades.
2.2 Viga castelada
Em função do deslocamento dado é possível prever por meio das características geométricas da viga, o comprimento final do perfil original a partir do qual a viga alveolar será montada.
Considerando o deslocamento proposto tem-se:
2
cL
p
/
L
v
A relação Lc/Lv fornece o valor em porcentagem, de quanto o perfil originalprecisará ser maior do que o vão de projeto para a
obtenção da configuração final da viga.
O acréscimo de
comprimento de Lc foi de no máximo 3% de L v
Nos casos em que o bwe apresenta a medida igual ao montante bw, não há área a ser aparada e, portanto, não há área a ser preenchida com chapa de aço. Para finalização da fabricação os espaços resultantes nas
extremidades da viga são preenchidos com chapas de aço conforme
representado:
l) Configuração final da viga
k) Comprimento da viga para corte (Lc) - continuação
2 Procedimentos para definição das características geométricas
%
L
/
2.3 Viga celular
b) Razão de expansão (k)
Sistemas de Piso
k
1,3
1,4
D
0/d
0,8
0,9
1,0
1,1
0,9
1,0
1,1
p/D
01,2 a 1,6
1,2 a 1,7
1,2 a 1,4
1,2 a 1,6
Sistemas de Cobertura
k
1,4
1,5
1,6
D
0/d
1,0
1,1
1,2
1,3
1,1
1,2
1,3
1,3
p/D
01,1 a 1,3
1,1 a 1,3
1,1 a 1,3
2.3 Viga celular
c) Altura do perfil original (d)
26
3
1
1
20
vL
,
L
d
28
4
1
1
20
vL
,
L
d
30
5
1
1
20
vL
,
L
d
32
6
1
1
20
vL
,
L
d
Para k = 1,3
Para k = 1,4
Para k = 1,5
Para k = 1,6
2.3 Viga celular
d) Altura do perfil alveolar (d
g)
mm
644
4
1
460
,
d
ge)
Propriedades
geométricas
Com base na altura do perfil original (d)
definem-se os
parâmetros geométricos da viga, tais como o passo (p), o diâmetro do alvéolo (D0) e a largura do montante (bw). No caso das vigas celulares os critérios considerados para a definição dos parâmetros geométricos são diferentes para os sistemas de piso e de cobertura.
A altura do perfil alveolar será, portanto, a altura do perfil original
multiplicada pela razão de expansão. Assim, por exemplo, supondo d =
2.3 Viga celular
Em ambas as aplicações devem ser observados os limites geométricos para a medida dos montantes.
mm
50
12
0D
b
wmin25
1
0,
D
b
wmáx
Limites geométricos
e) Propriedades geométricas - continuação
f) Largura mínima do montante de extremidade (b
we min)
2
0 minD
p
b
we
O passo menos a metade do diametro A largura mínima do montante de extremidade deve atender à seguinte relação:2.3 Viga celular
Os itens seguintes para determinar as características geométricas das vigas
celulares são definidos de forma semelhante ao proposto para a tipologia castelada.
Exemplo de aplicação
Viga castelada aplicada em sistema de piso.
2.4 Exemplos de aplicação
2.4.1 Viga castelada
a) Vão de projeto (L
v)
L
v= 12 m
b) Razão de expansão (k )
k = 1,5
c) Altura do perfil original (d )
mm
400
30
L
vd
Valor mais próximo disponível no catálogo de perfis laminados Gerdau Açominas.