Conselho da União Europeia Bruxelas, 5 de maio de 2015 (OR. en) 8485/15 AGRI 242 AGRIORG 26 AGRILEG 100 AGRIFIN 37 AGRISTR 30 NOTA
de: Comité Especial da Agricultura
para: Conselho
n.º doc. ant.: 7524/2/15 REV 2
Assunto: Projeto de conclusões do Conselho sobre a simplificação da PAC
No anexo da presente nota figura um projeto de conclusões do Conselho sobre a simplificação da PAC, em relação ao qual a Presidência registou uma ampla aceitação no Comité Especial da Agricultura de 4 de maio de 2015. Convida-se, por conseguinte, o Conselho a adotar as presentes conclusões na sua reunião de 11 de maio.
Projeto de conclusões do Conselho
sobre a simplificação da Política Agrícola Comum
O CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA,
1. RECORDANDO as iniciativas de simplificação tomadas anteriormente pelo Conselho, o contributo para a simplificação resultante do "exame de saúde" da Política Agrícola Comum efetuado em 2008, bem como as conclusões do Conselho de 13 de outubro de 2014 sobre a fiabilidade dos resultados dos controlos das despesas agrícolas realizados pelos Estados--Membros (doc. 13616/14) e de 15 de dezembro de 2014 sobre a taxa de erro das despesas agrícolas (doc. 16798/14);
2. SAUDANDO a prioridade dada pela Comissão a um profundo exercício de simplificação e o facto de esta já ter proposto ou ir propor brevemente a simplificação de determinados atos da Comissão;
3. RECORDANDO os compromissos assumidos pela Comissão no sentido de rever as
disposições sobre a ecologização após o primeiro ano de aplicação, bem como o ponto 67 das conclusões do Conselho Europeu de fevereiro de 2013 (doc. EUCO 37/13);
4. FRISANDO que a simplificação da PAC constitui um objetivo partilhado pelas instituições europeias, as administrações nacionais, as partes interessadas, os agricultores e outros
beneficiários; e OBSERVANDO que a responsabilidade de alcançar esse objetivo é de todos; 5. INSTANDO a Comissão a prosseguir e aprofundar o debate sobre os projetos de atos da
Comissão relativos à simplificação antes da sua adoção, visto que a antecipação é a maneira mais eficaz de evitar encargos administrativos;
6. SALIENTANDO que a aplicação da PAC exige que sejam tidos mais em conta os princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, e que deve ser dada especial atenção:
• a que a legislação da UE seja redigida de forma mais compreensível e seja mais fácil de aplicar na prática, aumentando assim a transparência e a segurança jurídica;
• a que sejam devidamente tomadas em consideração as realidades específicas a nível nacional e regional;
7. FRISA que a simplificação da PAC deve respeitar os seguintes princípios:
• preservar os objetivos orientadores e os elementos principais da PAC reformada, e salvaguardar a estabilidade jurídica dos agricultores, para que a simplificação não resulte na desregulação ou na limitação do acesso ao apoio da PAC;
• salvaguardar a boa gestão financeira dos fundos da UE;
• destacar as áreas em que os responsáveis pela aplicação da PAC e os seus beneficiários tirem o máximo proveito em termos de redução dos encargos administrativos
decorrentes, por exemplo, dos requisitos em matéria de informação, de controlo e de comunicação;
• aumentar a clareza da legislação e a sua coerência, sobretudo, quando se justificar, entre o primeiro e o segundo pilar, assim como entre os atos de base e os atos e as orientações da Comissão;
8. ESTÁ CIENTE, como se refere nas conclusões do Conselho de 15 de dezembro de 2014, de que o ano de 2015, sendo o primeiro ano de aplicação integral da PAC, será um ano difícil quer para os agricultores quer para as administrações nacionais, sobretudo no que toca à aplicação dos novos regimes de pagamentos diretos e das novas medidas de desenvolvimento rural. Por conseguinte, deve aplicar-se uma flexibilidade, consentânea com o quadro jurídico, no que diz respeito ao primeiro ano de aplicação da PAC; e CONVIDA a Comissão a
concentrar-se no aconselhamento e nas medidas preventivas;
9. Tomando nota da síntese detalhada das sugestões de simplificação das delegações preparada pela Presidência (ver doc. 8483/15) e estando ciente de que algumas questões são relevantes para mais do que um domínio de ação, APONTA, em especial, as seguintes questões de caráter horizontal com um grande potencial de simplificação:
• As orientações formuladas pela Comissão Europeia e os atos da Comissão deverão representar uma verdadeira ajuda à aplicação da legislação da PAC e não podem, em caso algum, criar obrigações suplementares, indo além do âmbito das disposições legais aprovadas pelos colegisladores. Além disso, é necessária que a interpretação das disposições legais que a Comissão fornece adicionalmente aos Estados-Membros seja mais transparente, em especial no âmbito da política de desenvolvimento rural;
• A necessidade de assegurar a eficácia económica dos requisitos de comunicação, prestando especial atenção à apresentação de "relatórios de conteúdo zero"; 10. REALÇA as seguintes prioridades a curto e médio prazo:
• no que respeita aos pagamentos diretos: as medidas de ecologização, em especial a aplicação das regras relativa aos "prados permanentes", a exigência de um período de diversificação das culturas, as definições dos tipos de superfície de interesse ecológico (SIE), como também a exigência de uma eventual SIE na camada SIE, e os requisitos aplicáveis a práticas equivalentes, se houver margem para simplificação dando aos Estados-Membros maior flexibilidade de aplicação, respeitando melhor as condições naturais e permitindo controlos mais seletivos; os agricultores ativos no que toca à aplicação prática da definição; a análise das modalidades de aplicação dos direitos de
pagamento; os jovens agricultores quanto, nomeadamente, à necessidade de dar aos
Estados-Membros maior flexibilidade para determinar a elegibilidade das pessoas coletivas para participar no regime; a necessidade de haver maior flexibilidade dentro do regime aplicável aos pequenos agricultores e de apoio associado voluntário; • no que respeita à organização comum dos mercados, tendo em conta o trabalho do
grupo de trabalho OCM: evitar requisitos de comunicação desnecessários; simplificar as normas de comercialização a fim de eliminar encargos desnecessários,
reconhecendo a simplificação significativa já realizada no âmbito da reforma no setor das frutas e dos produtos hortícolas em 2008; racionalizar os requisitos aplicáveis aos
programas operacionais e às organizações de produtores do setor das frutas e dos
produtos hortícolas para evitar encargos desnecessários (revendo as disposições sobre o enquadramento ambiental, a simplificação dos relatórios anuais, a monitorização e avaliação dos programas operacionais, as estratégias nacionais, etc.); dar aos Estados--membros maior flexibilidade para a aplicação da PAC e eliminar regras e
procedimentos desnecessários no que toca às medidas de rede de segurança, como o armazenamento privado e a intervenção pública, e ainda modernizar o sistema de
mecanismos comerciais; avaliar a viabilidade jurídica de tornar facultativa para os
• no que respeita ao desenvolvimento rural: deverá tornar-se mais simples a programação e aprovação dos programas de desenvolvimento rural e menos onerosa a sua
monitorização e avaliação. Durante o processo de aprovação dos programas, não devem ser impostas condições não previstas na legislação aplicável. Deve ser feito um esforço para harmonizar as disposições do FEADER relativas à programação e à apresentação de relatórios com as que existem para outros Fundos EEI. Os auxílios estatais deverão, na medida do possível, ser aprovados juntamente com o programa, visando uma
abordagem de balcão único;
• no que respeita às disposições horizontais: aos controlos deverá aplicar-se uma
abordagem mais proporcional e baseada nos riscos, tendo a intensidade desses controlos em conta os riscos e montantes envolvidos, a relação custo-eficácia e os diferentes objetivos e resultados visados; evitar a realização de controlos múltiplos da
ecologização, bem como de outros regimes e medidas de apoio; aplicar reduções e
sanções administrativas proporcionais em caso de incumprimento da ecologização, sobretudo quando se trate de infrações menores. O cálculo destas infrações deverá ser simplificado; o sistema de controlo e sanções para a condicionalidade deverá
igualmente ser revisto quanto à proporcionalidade; deverá ser explorada a possibilidade de autorizar pagamentos, incluindo antecipados, após a conclusão dos controlos administrativos; o método de cálculo das taxas de erro deverá ser harmonizado; 11. Dada a necessidade de simplificar o mais rapidamente possível e em concordância com os
princípios acima referidos, RECOMENDA que, a curto prazo, se atente nas medidas de maior urgência, como sejam a revisão dos atos delegados e de execução (e os atos da Comissão adotados antes da entrada em vigor do Tratado de Lisboa), o aperfeiçoamento das notas de orientação, a prestação de assistência técnica e a facilitação da cooperação e do intercâmbio de boas práticas entre as administrações, advertindo que, a longo prazo e com base na experiência adquirida durante os primeiros anos de aplicação integral da PAC, deve também ser feito um esforço de simplificação em relação aos atos de base;
12. DECIDE proceder ao acompanhamento regular a fim de assegurar que o processo de simplificação seja devidamente seguido e, em particular:
• CONVIDA a Comissão a apresentar iniciativas de simplificação no outono de 2015, tendo em conta as presentes conclusões do Conselho, e a estudar a possibilidade de apresentar, no momento oportuno, novas iniciativas nesse sentido; e
• COMPROMETE-SE a avaliar, em 2016, com base no contributo da Comissão, os progressos alcançados no que toca à simplificação da PAC.