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AS POLÍTICAS CULTURAIS DA UNIDADE POPULAR A PARTIR DA REVISTA LA QUINTA RUEDA ( ):

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66 AS POLÍTICAS CULTURAIS DA UNIDADE POPULAR A PARTIR DA REVISTA

LA QUINTA RUEDA (1970-1973):

Amanda Beatriz Riedlinger Soares1

Resumo: Salvador Allende venceu as eleições presidenciais do Chile em 1970 sustentado por uma coalizão complexa, que envolvia comunistas, socialistas, radicais e democrata-cristãos, expressos em partidos e movimentos que compunham a Unidade Popular. Seu objetivo principal se concentrava em governar a fim de conquistar o socialismo através dos meios legais. A “via chilena” ao socialismo, caracterizada pelo uso dos meios democráticos, modificou significativamente as questões de ordem política, econômica e cultural. Neste sentido, esta pesquisa pretende investigar a questão cultural chilena no período do governo de Salvador Allende (1970-1973), discutindo as políticas culturais desenvolvidas pela Unidade Popular a partir das publicações da revista La Quinta Rueda. Em outros termos, qual o teor e a intensidade da discussão e do desenvolvimento cultural durante o governo de Salvador Allende.

Palavras-chave: Unidade Popular; política cultural; La Quinta Rueda.

A partir de 1970 o Chile vivenciou uma experiência política inédita com a vitória de Salvador Allende nas eleições presidenciais. Salvador Allende venceu as eleições sustentado por um complexo agrupamento de movimentos e partidos da esquerda e do centro do período, expressos na coalizão denominada Unidade Popular. A Unidade Popular era composta, no contexto de sua formação em 1969, pelo Partido Socialista (PS); Partido Comunista (PC); Partido Radical (PR); Movimento de Ação Popular Unificado (MAPU); Partido de Ação Popular Independente (API) e pelo Partido Social Democrata (PSD). Allende venceu as eleições com um discurso declaradamente socialista, afirmando sua pretensão de governar a fim de conquistar o socialismo, via democracia, no país.

Essa renovação política que o Chile vivenciou acarretou também em mudanças na economia e na cultura, já que nenhum fenômeno ocorre de forma isolada, principalmente no contexto de uma proposta de governo que pretendia modificar todas as estruturas. Colocado desta forma, porém, as questões de caráter cultural podem parecer como simples reflexos dos acontecimentos políticos, o que naturalmente não procede. Para esta análise, esclareço ao leitor que a questão cultural será privilegiada e que de acordo com minha proposta de estudo os outros segmentos que a influenciaram serão tratados secundariamente.

1 Amanda Beatriz Riedlinger Soares é graduanda em História na Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-

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67 De fato, as pretensões e ações da Unidade Popular atingiram diretamente o desenvolvimento cultural no Chile do início da década de 1970. Todavia, naquele contexto a cultura também atuava – e atua – a partir de uma dinâmica própria e que lhe é intrínseca, independente das variáveis externas. Neste sentido, ao definir se houve ou não políticas da Unidade Popular voltadas para as questões do âmbito cultural, o leitor poderá pensar em duas formas de desenvolvimento dessa área no Chile de Allende: (1) o desenvolvimento cultural dependente das políticas de auxílio e incentivo da Unidade Popular e (2) o desenvolvimento cultural independente de condicionantes externos e que, mesmo com pouco ou nenhum auxílio político, emergiu no Chile de então. Com isso, reitero a premissa de que a cultura não se constitui num simples reflexo da ordem política. Mesmo que no Chile não houvesse políticas de caráter cultural, ainda haveria as crenças, os costumes, os hábitos e as produções diversas da população chilena, em outros termos, ainda haveria a cultura.

1. O desenvolvimento cultural no chile segundo el programa basico de gobierno de Salvador Allende (1970):

Nos planos de construção de um novo Chile de caráter socialista, a Unidade Popular apostou no surgimento de uma cultura também nova. Esta nova proposta cultural estaria de acordo com a organização socialista da sociedade, pretendendo desvencilhar-se do imperialismo cultural promovido na América Latina, principalmente pelas produções artístico-culturais norte-americanas. Para alcançar esta cultura que responderia aos anseios socialistas, a Unidade Popular desenvolveu um projeto cultural para o Chile que foi identificado e discutido pela revista La Quinta Rueda. Neste contexto, mostra-se importante destacar as possibilidades que o Estado dispunha para auxiliar na promoção e desenvolvimento da cultura. Segundo Bruner, Barrios e Catalán (1989 apud CHAVARRÍA; SEPÚLVEDA, 2016, p. 164-165):

O Estado desempenha um papel promotor da cultura e se estende por diversos meios, tais como: legislação, resoluções administrativas, intervenções de tipo político, censura ideológica, mobilização de recursos, subsídios, liberação de impostos, facilitação de importação de tecnologias de produção e recepção de bens culturais, reservas de mercado, constituição de corporações públicas de promoção, etc.2

2 “El Estado desempeña un papel promotor de la cultura y lo despliega por diversos médios, tales como:

legislación, resoluciones administrativas, interveciones de tipo político, censura ideológica, movilización de recursos, subsídios, liberación de impuestos, facilitación de importación de tecnologias de producción y recepción de bienes culturales, reservas de mercado, constituición de corporaciones públicas de promoción, etc.”

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68 Em dezembro de 1969, no princípio das campanhas eleitorais no Chile, a Unidade Popular organizou a cartilha El Programa Basico de Gobierno da la Unidad Popular:

Candidatura Presidencial de Salvador Allende, composto por 50 páginas e publicado em

1970. O conteúdo do volume apresenta dois eixos: (1) denúncia da Unidade Popular em relação às adversidades que levavam o Chile a um “mau caminho” econômico, social e político, e (2) as propostas apresentadas pela própria UP para reverter este quadro e melhorar os diversos aspectos da vida chilena a partir do estabelecimento de seu governo. O material exibido no livro foi resultado do acordo estabelecido entre os diferentes partidos que compunham a Unidade Popular no que se refere às políticas que, em caso de vitória, seriam adotadas e favorecidas pelo governo Allende. Neste sentido, a cartilha oculta nas entrelinhas tensões e divergências encontradas dentro da própria esquerda chilena do período, sobretudo caracterizadas pela dicotomia revolucionários vs. reformistas, sendo, respectivamente, aqueles que pretendiam atingir o socialismo através de uma revolução e os que pretendiam atingir o socialismo por meio de reformas institucionais graduais.

Grosso modo, os textos resumem as propostas de governo da Unidade Popular, bem como as formas que iriam ser adotadas para conduzir o Chile ao socialismo, tendo a economia como eixo básico de suas transformações. No entanto, o que nos interessa e que se torna elemento central desta fonte consiste no plano de metas da coalizão para auxiliar e promover a cultura chilena do período. Dentre as cinquenta páginas da cartilha, somente cinco dizem respeito às políticas culturais que foram elaboradas e que seriam implementadas pelo governo da UP. Este fato é relevante uma vez que acentua o caráter mais ausente que presente da cultura nas proposições da aliança. De fato, a questão cultural é mencionada, porém isenta da densidade e amplitude que o tema poderia apresentar.

Neste sentido, fica explicita a ausência dos assuntos referentes às questões culturais em um contexto de mudança rumo a um Chile socialista, ao passo que concentrava as atenções nos aspectos políticos e econômicos, como se somente estes temas fossem importantes na construção de uma nova sociedade. Em uma das poucas páginas que se referem à cultura, sob o título Cultura y Educación e com o subtítulo Una cultura nueva para

la sociedad, a Unidade Popular apresenta algumas propostas de políticas culturais que seriam

promovidas a partir do estabelecimento de seu governo e chama a atenção para a construção de uma “nueva cultura” no contexto do “nuevo Chile”:

O processo social que se abre com o triunfo do povo vai conformando uma nova cultura orientada a considerar o trabalho humano como o de mais alto

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69 valor, para expressar a vontade de afirmação e independência nacional e conformar uma visão crítica da realidade. As profundas transformações que serão empreendidas requerem de um povo socialmente consciente e solidário, educado para exercer e defender seu poder político, apto científica e tecnicamente para desenvolver a economia de transição ao socialismo e aberto massivamente à criação e ao gozo das mais variadas manifestações de arte e do intelecto. Se hoje a maioria dos intelectuais e artistas lutam contra as deformações culturais próprias da sociedade capitalista e tratam de levar os frutos de sua criação aos trabalhadores e vinculam-se ao seu destino histórico, na nova sociedade terão um lugar de vanguarda para continuarem com sua ação. Porque a nova cultura não será criada por decreto; ela surgirá da luta pela fraternidade contra o individualismo; pela valorização do trabalho humano contra seu desprezo; pelos valores nacionais contra a colonização cultural; pelo acesso das massas populares à arte, à literatura e os meios de comunicação contra sua comercialização.3

Esta seria, em termos gerais, a nova proposta cultural para o Chile de Salvador Allende. Esta nova proposta dialogava diretamente com o anseio de construção de uma sociedade econômica e politicamente socialista. Desta forma, pode-se observar que mesmo quando as proposições da Unidade Popular se referiam à cultura, de alguma forma ela era vista sob a ótica do político e do econômico. O que aparenta interessar não é o desenvolvimento cultural em si, mas como este desenvolvimento iria impactar e influenciar o processo de construção de uma nova sociedade socialista.

O espaço destinado pela coalizão às questões de caráter cultural estava diretamente ligado à necessidade de consolidar a consciência política das massas. Assim, a consolidação da cultura popular permitiria o desenvolvimento de outros segmentos da vida chilena. A Unidade Popular parece entender que uma revolução cultural é uma condição necessária para uma revolução socialista. Em um contexto revolucionário, todas as estruturas atuavam juntas para a concretização de um único objetivo político, qual seja, conquistar o socialismo no

3 “El processo social que se abre con el triunfo del pueblo irá conformando una nueva cultura orientada a

considerar el trabajo humano como el más alto valor, a expresar la voluntad de afirmación e independência nacional y a conformar una visión crítica de la realidad. Las profundas transformaciones que se empreenderán requieren de un pueblo socialmente consciente y solidario, educado para ejercer y defender su poder político, apto científica y tecnicamente para desarollar la economia de transición al socialismo y abierto masivamente a la creación y goce de las más variadas manifestaciones del arte y del intelecto. Si ya hoy la majoría de los intelectuales y artistas luchan contra las deformaciones culturales próprias de la sociedad capitalista y tratan de llevar los frutos de su creación a los trabajadores y vincularse a su destino histórico, en la nueva sociedad tendrán un lugar de vanguardia para continuar con su acción. Porque la cultura nueva no se creará por decreto; ella surgirá de la lucha por la fraternidad contra el individualismo; por la valoración del trabajo humano contra su desprecio; por los valores nacionales contra la colonización cultural; por el acceso de las masas populares al arte, la literatura y los medios de comunicación contra su comercialización.” (EL PROGRAMA BASICO DE GOBIERNO DE LA UNIDAD POPULAR. 1970, p. 29-30).

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70 Chile. Referente ao uso da cultura pela UP para promover seu projeto político socialista, afirma a historiadora Carine Dalmás:

A tomada da produção artístico-cultural como meio de comunicação e ferramenta de transformação das consciências em um contexto de intensos conflitos de interesses de classe foi, segundo Carlos Catalán, a particularidade da proposta político-cultural da UP. Dessa forma, a cultura assumiu a função de produzir identidades políticas e socais funcionais para o processo revolucionário de transição ao socialismo, relegando a um segundo plano as dimensões propriamente estéticas ou de entretenimento inerentes aos feitos culturais. Em outras palavras, as realizações artísticas valorizadas pelo governo e pelos partidos da UP expressaram um viés de propaganda pedagógico-cultural a partir do qual fundamentaram sua eficiência revolucionária para um período de transição (DALMÁS, 2017, p.38).

2. Política cultural: lo que hay y lo que falta:4

A partir das proposições da Unidade Popular para promover a cultura, a questão cultural foi ganhando maior destaque e passou a ser mais amplamente discutida no Chile. Neste sentido, a revista La Quinta Rueda passou a ser publicada mensalmente a partir de outubro de 1972 até agosto de 1973 pela editora nacional Quimantú, em pleno curso do governo de Salvador Allende. As publicações cessaram devido ao golpe de Estado promovido pelo general Augusto Pinochet em 11 de setembro de 1973, permitindo que houvesse apenas onze números da revista publicados.

As edições apresentam aproximadamente 25 páginas e abordam temas diversos que se referem à questão cultural do país e da América Latina. Na revista, encontram-se publicações referentes à Nova Canção Chilena, movimento que trouxe uma nova proposta para as produções musicais do período e que atingiu seu apogeu durante os anos Allende; às novas produções literárias, geralmente sendo apresentadas resenhas das obras latino-americanas para que o trabalhador chileno, apesar do pouco tempo disponível para manter contato com as produções culturais, o que dificultava a leitura integral destas obras, tivesse contato com fragmentos e resenhas de importantes títulos literários; ao cinema, a partir de comentários e críticas; ao esporte e ao teatro. Todas estas temáticas são apresentadas dialogando diretamente com as políticas culturais propostas e efetivadas pela UP. Assim, nas onze edições publicadas, a revista comenta o que de fato foi realizado pela aliança para promover a cultura, em outros termos, o que “há e o que falta” quanto às políticas culturais.

4 Política Cultural: Lo que hay y lo que falta é o título de um artigo do vol. 6 da revista La Quinta Rueda

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71 O nome da revista explicita sua relação com a política e sua posição crítica. La Quinta

Rueda expressa uma crítica ao governo devido a pouca atenção dedicada às questões de

caráter cultural. A “quinta rueda” se refere à cultura, como se a cultura fosse a “quinta roda” de um carro segundo a visão dos governantes: algo que sobra, talvez inútil e, portanto, indigno de atenção. O título irônico denuncia a desaprovação da revista em relação aos governos que, pretendendo atingir seus fins políticos, não desenvolviam um amplo projeto cultural ou, quando desenvolviam, não o aplicavam na totalidade.

Estas críticas se mostraram presentes durante todos os volumes da revista, que cobravam do governo auxílio e promoção da cultura nacional. Na primeira edição, em outubro de 1972, sob o título ¿Dónde Esta la Política Cultural? o crítico de arte e membro do Partido Comunista Carlos Maldonado define o que é política cultural e acentua a posição secundária que a cultura ocupa na sociedade chilena. Segundo ele:

Por política cultural se entende, basicamente, um conjunto de medidas que visam incentivar, desenvolver, coordenar e ordenar o processo cultural do país em uma determinada etapa [...] Muito se fala atualmente da cultura, mas é um tema que aparentemente não conseguiu inquietar os governos ou os partidos políticos. Para eles a cultura parece ser como a quinta roda do carro e ao que parece não há consciência que a anterior reflete uma carência na batalha ideológica. De nada serve falar de prioridades, frente às quais os problemas da cultura terão que esperar sua vez. Com esse critério só se semeia sérias dificuldades e desigualdades para o futuro.5

Neste artigo, a posição do governo da Unidade Popular quanto ao desenvolvimento da cultura nacional é questionada. O crítico reconhece o progresso da UP nas políticas voltadas ao âmbito cultural, mas assegura que são fenômenos isolados. Neste sentido, o artigo apresenta uma dupla perspectiva: reconhece, em certa medida, as ações da coalizão no que se refere à cultura e, em contrapartida, como sugere o título, questiona as políticas culturais da Unidade Popular até então propostas e efetivadas. Há otimismo em relação ao que foi realizado até então, todavia, há também inquietações referentes à intensificação e amplitude que este projeto cultural poderia alcançar.

5 “Por política cultural se entiende, básicamente, un conjunto de medidas tendientes a incentivar, desarrollar,

coordenar y ordenar el processo cultural del país en una determinada etapa [...] Mucho se habla actualmente de la cultura, pero es un tema que aparentemente no logró inquietar al gobierno o a los partidos políticos. Para ellos la cultura parece ser como la quinta rueda del coche y al parecer no hay conciencia de que la anterior refleja una carência en la batalla ideológica. De nada sirve hablar de prioridades, frente a las cuáles los problemas de la cultura tendrán que esperar su turno. Con ese criterio sólo se van sembrando serias dificuldades y desniveles para el futuro.” (MALDONADO, Carlos. ¿Dónde Esta la Política Cultural? La Quinta Rueda. Santiago: Quimantú, 1972, nº 1, p. 12).

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72 Dizer que nada foi conseguido em dois anos de governo seria exagerado; tem sido realizado no campo editorial, nos balneários populares, na vitalidade do teatro de amadores, mas são apenas fenômenos isolados que não podem substituir uma política cultural orgânica. E também há, certamente, aspectos negativos e organismos que não funcionaram como deveriam.6

Em novembro de 1972 vem a público o segundo número da revista. No mês que se completava dois anos do estabelecimento do governo de Salvador Allende, La Quinta Rueda trouxe uma discussão mais aprofundada acerca das políticas culturais desenvolvidas, principalmente no artigo Política Cultural: Para Comenzar a Hablar, assinado por Enrique Rivera. Rivera era membro da Unidade Popular e atuava como diretor de cultura da aliança.

No artigo, acentuava-se o caráter limitado do governo quanto às possibilidades de desenvolvimento do setor cultural, frisando a necessidade de envolvimento de toda a sociedade para uma verdadeira revolução cultural, a qual não poderia e nem deveria ser imposta de cima para baixo. A posição de Rivera permite complacência quanto àquilo que o Estado ainda não realizou, ao focar no aspecto não participante da população. Segundo ele:

É perfeitamente explicável que ainda não se tenha elaborado um corpo orgânico de proposições que possa ser entendido como “uma política cultural do governo”. É uma tarefa que está além das possibilidades de ação e responsabilidades específicas do aparato governamental pois envolve o conjunto da sociedade e suas organizações e, particularmente, supõe a contribuição criativa de seus intelectuais e a presença viva das massas. É uma tarefa coletiva, gigantesca e inadiável, que não pode ser realizada por decreto, como bem indica o programa básico da Unidade Popular, não obstante a missão diretiva, orientadora, coordenadora e centralizadora de recursos que está reservada ao governo.7

6 “Decir que nada se ha logrado en dos años de gobierno sería exagerado; está lo realizado en el campo editorial,

los balnearios populares, la vitalidad del teatro de aficionados, pero sólo son fenómenos aislados que no pueden substituir una política cultural orgánica. Y también hay, por cierto, aspectos negativos y organismos que no funcionaron como deberían.” (MALDONADO, Carlos. ¿Dónde Esta la Política Cultural? La Quinta Rueda. Santiago: Quimantú, 1972, nº 1, p. 12).

7 “Es perfectamente explicable que aún no se haya elaborado un cuerpo orgánico de proposiciones que pueda ser

entendido como “una política cultural del gobierno”. Es una tarea que está más allá de las posibilidades de la acción y responsabilidades específicas del aparato gubernamental pues envolucra al conjunto de la sociedad y sus organizaciones y, particularmente, supone el aporte creador de sus intelectuales y la presencia viva de las masas. Es una tarea colectiva, gigantesca e inaplazable, que no puede acometerse por decreto, como bién lo señala el programa básico de la Unidad Popular, no obstante la misión directiva, orientadora, coordinadora y centralizadora de recursos que le está reservada al gobierno.” (RIVERA, Enrique. Política Cultural: Para Comenzar a Hablar. La Quinta Rueda. Santiago: Quimantú, 1972, nº 2, p. 9).

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73 O sexto volume da revista foi publicado em março de 1973, no último ano do governo Allende. Esta edição trouxe um artigo intitulado Política Cultural: Lo Que Hay y Lo Que

Falta, discutindo o que foi realizado nesses anos de gestão da Unidade Popular.

No texto, a questão é debatida por José Balmes, reitor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Chile e considerado autoridade no debate cultural, Armando Cassigoli, reitor da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade do Chile, Mario Ferrero, escritor e chefe do departamento de cultura do Ministério da Educação e Volodia Teitelboim, escritor e senador. Referindo-se às realizações da Unidade Popular, afirma Cassigoli:

No sentido amplo do termo, é este o governo que mais tem feito pela cultura nacional, ao liberar mentalmente as grandes massas de trabalhadores. No sentido restringido da palavra, quanto aos planos concretos, é pouco ou nada realizado.8

Segundo José Balmes, a primeira política cultural da UP foi implementada no período das campanhas eleitorais em 1970 a partir das posições políticas assumidas por intelectuais e artistas que apoiavam a coalizão.9 Ao assumirem esta posição política, os intelectuais e artistas passaram a ser incentivados e favorecidos pela aliança a levarem suas produções até as massas, tornando mais próxima a relação entre cultura e população.

O sétimo volume da revista foi publicado em abril de 1973, trazendo um artigo intitulado ...Y La Política, narrando a entrevista de Carlos Caszely ao argentino Rafael Vaquero. Carlos Caszely foi um notável jogador de futebol chileno, conhecido pelo intenso apoio prestado ao governo da Unidade Popular.

Na entrevista, Carlos estabelece as diferenças percebidas entre o mandato anterior, do democrata cristão Eduardo Frei (1964-1970), e a gestão atual de Salvador Allende. Segundo ele, sob o governo Allende:

Se vive uma situação especial. Oitenta por cento da população pratica esportes. Dá-se uma importância fundamental ao professor de educação física, o que antes não ocorria. Através da ação do governo as pessoas se conscientizaram da importância da prática esportiva. A princípio houveram resistências, mas agora todos aceitam como algo positivo. Nos fins de semana se levam aos bairros quadras pré-fabricadas para o desenvolvimento

8 “En el sentido lato del término, es éste el gobierno que más ha hecho por la cultura nacional, al liberar

mentalmente a grandes masas de trabajadores. En el sentido restringido de la palabra, en cuanto a planes concretos, es poco o nadie realizado.” (CASSIGOLI, Armando. Política Cultural: Lo Que Hay y Lo Que Falta.

La Quinta Rueda. Santiago: Quimantú, 1973, nº 6, p. 3).

9 BALMES, José. Política Cultural: Lo Que Hay y Lo Que Falta. La Quinta Rueda. Santiago: Quimantú, 1973,

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74 de varios esportes (futebol, basquete, vôlei, handebol, tênis, etc) e todo mundo joga. Antes, isso não existía. Apenas se os alunos faziam uma hora de ginástica nos colégios e nada mais. A mudança foi radical a partir do comando de Allende. 10

Cabe destacar que a proposta da UP consistia em criar condições para que a criança chilena, além de se desenvolver intelectualmente com um sistema de educação modificado e condizente com os novos princípios socialistas pretendentes para o Chile, pudesse se desenvolver também fisicamente. Após a vitória de Salvador Allende nas eleições presidenciais que ocorreu em setembro de 1970, a UP publicou uma lista com quarenta medidas imediatas do seu governo.11 A medida 29, sob o título “Educação Física” previa a promoção da educação física nas escolas e em grupos populares.12

A criança chilena foi pauta das discussões da UP durante seu governo. Das quarenta medidas abordadas acima, três destacaram as políticas da coalizão que tinham como objetivo melhorar a educação e a alimentação da criança no Chile de Allende: A medida n.13, “A criança nasce para ser feliz”13; n.14, “Melhor alimentação para a criança”14 e n.15, “Leite para todas as crianças do Chile”15. Quanto à educação, a medida n.13 previa que a UP cederia para todas as crianças livros, cadernos e materiais escolares no geral, além da garantia de matrículas gratuitas no ensino básico de formação. O desenvolvimento físico e intelectual da criança, tendo como base as políticas da UP apontadas para este fim, pode ser entendido como o desenvolvimento do “homem novo” do futuro do país, que estaria consciente e apto para transformar e manter a sociedade chilena nos moldes e princípios do socialismo. Assim,

10 “Se vive una situación especial. El ochenta por ciento de la población practica deportes. Se da una importancia

fundamental al profesor de educación física, hecho que antes no ocurría. A través de la acción del gobierno la gente tomó consciencia de la importancia de la práctica deportiva. Al principio hubo resistencias, pero ahora todos lo aceptan como algo positivo. Los fines de semana se llevan a los barrios canchas prefabricadas para el desarrollo de varios deportes (baby-futbol, basquetbol, voleibol, hándbol, tenis, etc) y todo el mundo juega. Antes, eso no existía. Apenas si los alumnos hacían una hora de gimnasia en los colegios y nada más. El cambio fue radical a partir de la asunción del mando por Allende.” (CASZELY, Carlos. ...Y La Política. La Quinta

Rueda. Santiago: Quimantú, 1973, nº 7, p. 5.)

11 As quarenta medidas publicadas pela Unidade Popular podem ser consultadas através do link:

<http://www.abacq.net/imagineria/medidas.htm>. Acesso em: 05 out. 2018.

12 “Educación física: Fomentaremos la educación física y crearemos campos deportivos em las escuelas y todas

las poblaciones. Toda escuela y toda población tendrá su cancha. Organizaremos y fomentaremos el turismo popular”.

13 “El niño nace para ser feliz: Daremos matrícula completamente gratuita, libros, cuadernos y útiles escolares

sin costo, para todos los niños de la enseñanza básica“.

14 “Mejor alimentacion para el niño: Daremos desayuno a todos los alumnos de la enseñanza básica y alrnuerzo a

aquellos cuyos padres no se lo puedan proporcionar”.

15 “Leche para todos los niños de Chile: Aseguraremos medio litro de leche diaria, como ración a todos los niños

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75 investir no pleno desenvolvimento da criança representava para a UP investir no pleno desenvolvimento de uma sociedade socialista.

3. A Editora Nacional Quimantú e os centros de cultura popular (CCP): principais expressões da política cultural do governo da unidade popular:

Quanto à edição e publicação da revista La Quinta Rueda, um aspecto merece ser destacado e discutido. Conforme mencionado, o periódico foi publicado no Chile pela editora Quimantú. Em 1970, a editora Zig-Zag, uma das maiores da América Latina no período, encontrava-se imersa em dívidas que ameaçavam a continuidade de sua gestão e afetavam diretamente suas produções. No dia 4 de novembro, data em que a presidência do Chile é assumida por Salvador Allende, os trabalhadores da editora Zig-Zag se declararam em greve. Diante do quadro de dificuldades econômicas a editora colocou-se à venda, sendo, desta forma, comprada pela Unidade Popular. Assim, a antiga Zig-Zag transformou-se na editora nacional Quimantú e passou a ser uma das principais expressões concretas das políticas culturais do governo de Salvador Allende (CHAVARRÍA; SEPÚLVEDA, 2016, p. 171).

Em um Chile onde 14% da população era composta por analfabetos (em torno de 900.000 pessoas),16 a proposta da Unidade Popular na compra da editora Quimantú mostrava-se urgente e necessária. Segundo a aliança, a editora nacionalizada teria como objetivo principal baratear suas produções para que, desta forma, as publicações alcançassem as classes sociais mais baixas do país. Esta proposta permitiu que as massas tivessem contato direto com títulos até então de acesso exclusivo da elite. Em uma declaração pública, o presidente Salvador Allende destacava as pretensões da Unidade Popular a partir da aquisição da editora:

… o passo que demos significa o início de uma nova etapa na difusão da cultura do nosso país. A nova Editora do Estado contribuirá eficazmente na tarefa de fornecer aos estudantes chilenos seus textos de estudo, de promover a nossa literatura e de permitir que o livro seja um bem que esteja ao alcance de todos os chilenos […] Serão eles (os trabalhadores), de hoje em diante, os principais responsáveis pelo bom funcionamento e eficiência da nova empresa e do cumprimento de seus objetivos. (ALLENDE, 1971 apud CHAVARRÍA; SEPÚLVEDA, 2016, p. 172).17

16 Dado retirado do livro Formas y configuraciones de la gestión cultural en América Latina, CHAVARRÍA, R.;

SEPÚLVEDA, M. 2016, p.171.

17 “... el paso que hemos dado significa el inicio de una nueva etapa en la difusión de la cultura de nuestro país.

La nueva Editorial del Estado contribuirá eficazmente a la tarea de proveer a los estudiantes chilenos de sus textos de estudio, de promover la literatura nuestra y de permitir que el libro sea un bien que esté al alcance de todos los chilenos [...] Serán ellos [los trabajadores], desde hoy en adelante, los principales responsables del buen funcionamiento y eficiencia de la nueva empresa y del cumplimiento de sus objetivos.”

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76 O artigo ¿Dónde esta la politica cultural?, publicado na primeira edição de La Quinta

Rueda, menciona a Quimantú com otimismo quanto àquilo que a editora possibilitou ao

assentamento camponês Carolmo, um lugar abandonado e desprovido de energia elétrica. O artigo narra o exercício de duas mulheres, Adriana Ezpinoza e Cecília Morales, funcionárias da Corporación de la Reforma Agraria (CORA) e encarregadas pelo departamento de Difusão Cultural, que chegam ao assentamento camponês e ali instalam um Centro de Cultura Popular (CCP). Desta forma:

E uma semana depois, pela primeira vez em muito tempo, os assentados de “Carolmo” viram uma promessa cumprida. Vieram os conjuntos “Calícanto” e “Pueblo Calizo”, de Calera. Se distribuíram livros e revistas. E da assembleia surgiu uma ideia: “Por que não ler uma revista, imediatamente, entre todos, e logo comentá-la?” se elegeu uma, La Firme, que possuía um tema camponês. Foi então que uma assentada levantou a mão.

- Companheira, já ouvi falar muito de uns livros e de umas revistas “Quimantú”… O que é Quimantú?

Se explicaram em breves e simples palavras o significado e a projeção da mudança que houve na velha Editora Zig-Zag.

- “E o que significa “Quimantú”?

É uma palavra mapuche. Significa “sol do saber”.

- Ah…, entendo. É porque agora todos temos mais conhecimento… E atrás, um menino de treze anos lançou um grito.

- Então vamos colocar “Quimantú” no nosso centro cultural!... Aplausos e aprovação imediatos. E logo começou a leitura.18

A partir deste evento, o Centro de Cultura Popular do assentamento de Carolmo recebeu o nome de Quimantú, em homenagem a editora que possibilitou um contato mais próximo daquela população com as produções culturais. Diante disso, pode-se confirmar um aspecto: a ideia de democratizar as produções culturais a partir da nova editora estatal mostrava-se frutífera.

De fato, sob o governo da Unidade Popular, houve significativos avanços nas discussões e nas políticas que se referiam à promoção da cultura no Chile. Neste sentido, além

18 “Y una semana después, por primera vez en mucho tiempo, los asentados de “Carolmo” vieron una promesa

cumplida. Vinieron los conjuntos “Calícanto” y “Pueblo Calizo”, de la Calera. Se repartieron libros y revistas. Y de la asamblea surgió una idea: “¿Por qué no leer una revista, al tiro, entre todos, y luego comentarla?” se eligió una, La Firme, que contenía un tema campesino. Fue entonces cuando una asentada levantó la mano. - Compañera, yo he oído hablar mucho de unos libros y de unas revistas “Quimantú”, ¿qué es “Quimantú”? Se explicaron en breves y sencillas palabras el significado y proyección del cambio habido en la vieja Editora Zig-Zag.

- ¿Y lo qué significa “Quimantú”?

Es una palabra mapuche. Significa “sol del saber”.

- ¡Ah! ..., ya entiendo. Es pa’ que ahora todos tengan más saber... Y de atrás, un niño de trece años lanzó un grito.

- ¡Entonces pongámosle “Quimantú” a nuestro centro cultural!...

Aplausos y aprobación inmediatos. Y luego comenzó la lectura.” (MALDONADO, Carlos. ¿Dónde esta la politica cultural?. La Quinta Rueda. Santiago: Quimantú, 1972, nº 1, p. 14).

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77 do surgimento da Editora Nacional Quimantú, diversos Centros de Cultura Popular (CCP) foram instituídos com o auxílio da UP. Estes centros tinham como objetivo máximo levar cultura às organizações camponesas e operárias revolucionárias. Assim, os centros passaram a incluir, além dos debates políticos, expressões de diversas formas da arte, divulgando a Nova Canção Chilena, o teatro, a literatura, com destaque para as produções latino-americanas e, sobretudo, andinas.

Carlos Maldonado, no artigo ¿Dónde esta la politica cultural?, publicado na primeira edição da revista La Quinta Rueda, define quais os trabalhos que os Centros de Cultura Popular pretendiam e deveriam realizar. Segundo ele, era trabalho do CCP eliminar o analfabetismo entre os companheiros que estariam sob seu campo de ação; controlar que as crianças estejam e mantenham-se matriculadas nas escolas; lutar por uma nova moral baseada nos valores coletivos; organizar conversas sobre temas da cultura em geral; organizar uma biblioteca e mantê-la atualizada; incentivar a valorização do folclore a partir da organização de conjuntos teatrais, grupos musicais, etc; organizar concursos literários e artísticos entre diferentes Centros de Cultura Popular; criar murais que contassem a história do CCP, as realizações da Unidade Popular e os problemas políticos, sociais e culturais; por último, deveria ser trabalho do CCP incentivar o desenvolvimento físico da população, sendo necessária a criação de vários centros esportivos.19

No processo de incentivar e melhorar a relação entre massa e cultura, um aspecto deve ser levantado. Para uma verdadeira revolução cultural, pretendida pela Unidade Popular, as massas deveriam passar da posição de simples receptoras culturais para desempenharem o papel de produtoras de cultura. Este aspecto é observado em todas as edições da revista La

Quinta Rueda, que ao se referir às políticas culturais do governo chama a atenção para a

necessidade de transformar as massas em agentes ativas no processo de construção de uma nova cultura.

Benjamín Subercaseaux, ao discorrer sobre a questão cultural, afirma que a cultura, ao passar para o campo institucional, é marcada por dois paradigmas que lhe são intrínsecos: (1) o paradigma de democratização cultural e (2) o paradigma de democracia cultural. O autor entende como democratização cultural as formas adotadas pelo governo para propiciar o acesso da população à cultura, em outros termos, o governo facilitaria o contato da massa para com as produções artísticas, mantendo a posição passiva da população que apenas receberia o que foi produzido por outros. Em contrapartida, democracia cultural está vinculado a um

19 MALDONADO, Carlos. ¿Dónde esta la politica cultural?. La Quinta Rueda. Santiago: Quimantú, 1972, nº 1,

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78 processo mais complexo. Este paradigma parte da premissa de que não existe somente uma cultura, mas sim uma pluralidade de culturas que devem ser favorecidas pelo Estado. Desta forma, o Estado não deveria incentivar somente o contato das massas com as produções culturais, mas sim adotar medidas que possibilitariam tornar a população a fonte emissora da própria cultura (SUBERCASEAUX, 2011, p. 100 apud CHAVARRÍA; SEPÚLVEDA, 2016, p. 165).

Trazendo estas proposições teóricas de Subercaseaux para o contexto chileno do início da década de 1970, pode-se afirmar que a pretensão da Unidade Popular consistia em tomar medidas que pretendiam favorecer a democracia cultural. Além de incentivar o contato das massas com as produções culturais, até então exclusividade da elite, a proposta cultural da UP incentivava as produções culturais das próprias massas, transformando os camponeses e operários em agentes ativos no processo de renovação cultural do país. Neste sentido, assinala Carine Dalmás:

Em perspectiva semelhante, Carlos Maldonado (crítico de arte e membro do PC) definiu a cultura como lugar de formação das consciências para mobilizar e envolver a população na construção do socialismo e ressaltou a necessidade de democratizá-la. Isto subtendia, além de expandir a cultura às diversas camadas sociais, romper com seu caráter de elite transformando-a em uma cultura popular que tivesse como protagonistas de sua criação os operários, as pessoas nas ruas, as populações das periferias, enfim, todos aqueles excluídos de uma formação intelectual, artística e técnica. Os especialistas em cultura – os intelectuais e artistas – deixariam de ser protagonistas na nova cultura e passariam a atuar na elaboração de estratégias para o desenvolvimento e a realização da potencialidade criativa das massas. (DALMÁS, 2017, p. 37). Na proposta de transformação da sociedade chilena rumo ao socialismo as massas ganharam destaque e participação não somente no campo político, mas também no cultural. Desta forma, a transformação das massas em agentes ativos e conscientes no processo político, implicaria também em sua transformação em agentes ativos, conscientes e sobretudo produtores da nova cultura.

Sob o governo da Unidade Popular, a questão cultural foi colocada em pauta. Porém, conforme indica a própria revista La Quinta Rueda, a discussão e as políticas de fato efetivadas mostraram-se insuficientes se comparadas às demandas da nova sociedade chilena, que exigia um novo homem, uma nova cultura e o estabelecimento de uma nova relação entre ambos. Ao focar na revolução política socialista pelas vias democráticas, o Chile de Allende relegou a cultura à “quinta roda” do carro. De fato, a Unidade Popular percebia a importância e a necessidade de uma revolução cultural no contexto de uma revolução política, mas questões de outras ordens (políticas e econômicas) se mostravam mais urgentes,

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79 principalmente no período final do governo Allende, marcado por rupturas e boicotes da oposição no parlamento e na sociedade civil, o que intensificou a crise que o país vivenciou no período.

Fonte principal:

LA QUINTA RUEDA. Santiago: Ed. Nacional Quimantú, 1972-1973.

Fonte auxiliar:

PROGRAMA BASICO DE GOBIERNO DE LA UNIDAD POPULAR: Candidatura presidencial de Salvador Allende. Santiago: Unidad Popular, 1970.

Referências

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AGGIO, Alberto. Uma nova cultura política. Brasília : Fundação Astrojildo Pereira, 2008.

ALEGRÍA, Fernando. Salvador Allende. Paz pelo socialismo. São Paulo : brasiliense, 1983.

CHAVARRÍA, R.; SEPÚLVEDA, M. Gestión cultural durante el gobierno de la Unidad Popular: uma aproximación necesaria. In: Formas y configuraciones de la gestión cultural en América Latina. LOZANO, U. B.; OROZCO, J. L. M.; CANAL, C. Y. 1. ed. Bogotá, 2016, p. 157-179.

CRUZ, H. F.; PEIXOTO, M. R. C. Na oficina do historiador: conversar sobre história e imprensa. Projeto História, São Paulo, n. 35, p. 253-270, 2007. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/2221. Acesso em: 31 de jan. 2018.

DALMÁS, Carine. Imagens de uma revolução alegre: Murais e cartazes da propaganda da experiência chilena (1970-1973). 1. ed. São Paulo: Alameda, 2017.

LUCA, Tânia Regina de. Fontes impressas: história dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005, p. 111-153.

SCHMIEDECKE, Natálio Ayo. As diferentes faces da Nova Canção Chilena: folclore e política nos discos Inti-Illimani e Canto al programa (1970). São Paulo, 2012. p.1-15.

SCHMIEDECKE, Natálio Ayo. O movimento da Nova Canção Chilena no debate sobre a “questão cultural” travado na revista La Quinta Rueda (1972-1973). Rio de Janeiro, 2014. p. 1-13.

SCHMIEDECKE, Natálio Ayo. Nuestra mejor contribuición la hacemos cantando: a Nova Canção Chilena e a “questão cultural” no Chile da Unidade Popular. Franca, 2017. Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual Paulista.

WINN, Peter. A revolução chilena. Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Editora UNESP, 2010.

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