• Nenhum resultado encontrado

A constitucionalidade ou inconstitucionalidade do emprego do exército brasileiro nas operações de garantia da lei e da ordem

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A constitucionalidade ou inconstitucionalidade do emprego do exército brasileiro nas operações de garantia da lei e da ordem"

Copied!
25
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE DIREITO

A CONSTITUCIONALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DO EXÉRCITO BRASILEIRO NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA

LEI E DA ORDEM

IGOR VAZ

Rio de Janeiro 2019

(2)

Ficha catalográfica automática - SDC/BFD Gerada com informações fornecidas pelo autor

Bibliotecária responsável: Josiane Braz de Assis - CRB7/5708 M188c MagalhÃes, IGOR VAZ

A CONSTITUCIONALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DO EXÉRCITO BRASILEIRO NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM / IGOR VAZ MagalhÃes ; Cláudio Brandão, orientador. Niterói, 2019.

23 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito)-Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Direito, Niterói, 2019.

1. Garantia da Lei e da Ordem. 2. Exército Brasileiro. 3. Forças Armadas. 4. Constitucionalidade ou

Inconstitucionalidade. 5. Produção intelectual. I. Brandão, Cláudio, orientador. II. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Direito. III. Título.

(3)

-IGOR VAZ

A CONSTITUCIONALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DO EXÉRCITO BRASILEIRO NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA

LEI E DA ORDEM

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Direito daUniversidade Federal Fluminense, comorequisito parcial para conclusão do curso.

Rio de Janeiro 2019

(4)

IGOR VAZ

A CONSTITUCIONALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DO EXÉRCITO BRASILEIRO NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA

ORDEM

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia de Produção da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para conclusão do curso.

Aprovado em __ de Julho de 2019.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Prof. Cláudio Brandão (Orientador)

_____________________________________________ Prof. Nome do Professor (Membro da Banca)

_____________________________________________ Prof. Nome do Professor (Membro da banca)

Rio de Janeiro 2019

(5)

A CONSTITUCIONALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DO EXÉRCITO BRASILEIRO NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA

ORDEM

Igor Vaz1

SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Intervenção Federal; 2.1 Intervenção federal no Rio de Janeiro; 2.2 Diferenças entre Intervenção Federal e Garantia da Lei e da Ordem; 2.3 Necessidade ou não de decretação de Intervenção Federal para início das operações de Garantia da Lei e da Ordem; 3. Possibilidade de emprego das forças armadas; 4. Exército e as operações na Constituição Federal do Brasil; 5. Operação de Garantia da Lei e da Ordem; 5.1 Lei Complementar nº 97; 5.2 Diretrizes para o emprego das Forças Armadas; 6. Publicação MD33-M-10 e Portaria Normativa Nº 186/MD de 31 de janeiro de 2014; 6.1 Características das operações de Garantia da Lei e da Ordem e as principais ações a serem executadas; 6.2 O Exército nas operações de Garantia da Lei e da Ordem; 6.3 Histórico do Exército nas operações de Garantia da Lei e da Ordem; 7.Inconstitucionalidade do emprego das Forças Armadas nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem; 7.1 Emprego das Forças Armadas nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem nos Complexos do Alemão e Complexo da Maré;8. Conclusão; 9. Referências Bibliográficas.

RESUMO: O Presente trabalho visa analisar a constitucionalidade ou inconstitucionalidade do emprego do exército brasileiro nas operações de garantia da lei e da ordem; Intervenção Federal e Garantia da Lei e da Ordem; diretrizes para o emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem; Características das operações de Garantia da Lei e da Ordem; O Exército nas operações de Garantia da Lei e da Ordem com histórico de atuação; inconstitucionalidade do emprego das Forças Armadas nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem e as atuações nos Complexos do Alemão e Complexo da Maré.

Palavras-chave: Exército Brasileiro; Forças Armadas; Intervenção Federal; Constitucionalidade; Garantia da Lei e da Ordem; Emprego das Forças Armadas.

ABSTRACT: The present work aims to analyze the constitutionality or unconstitutionality of the use of the Brazilian army in the operations of guaranteeing law and order; Federal Intervention and Guarantee of Law and Order; guidelines for the employment of the Armed Forces in the Guarantee of Law and Order; Characteristics of Law and Order Assurance operations; The Army in the operations of Guarantee of the Law and Order with history of this action; unconstitutionality of the use of the Armed Forces in the Law and Order Guarantee Operations and the performances in the Complexes of the German and Maré Complex.

Keywords:Brazilian army; Armed forces; Federal Intervention; Constitutionality; Guarantee of law and order; Employment of the Armed Forces.

(6)

1

1. INTRODUÇÃO

O tema aqui discutido está atualmente em voga, pois cada vez mais observamos operações (op) de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) desenvolvidas pelas Forças Armadas (FFAA), pelo Brasil. Há muitas duvidas sobre a constitucionalidade do empego das Forças nessas operações.

Entendamos o emprego das Forças Armadas nas operações de Garantia da Lei e da Ordem, entendendo-nosà aplicabilidade, constitucionalidade e diretrizes para esse emprego.

Na primeira seção, vamos entender o que é Intervenção Federal; sua aplicabilidade no Estado do Rio de Janeiro; sua duração; as funções do Interventor; diferenças entre Intervenção Federal e Garantia da Lei e da Ordem e compreensãoda necessidade (ou não) de decretação de Intervenção Federal para início das operações de Garantia da Lei e da Ordem.

Na segunda seção deste trabalho, vamos analisar as possibilidades do emprego das Forças Armadas nas operações de GLO.

Na terceira seção vamos compreender o Exército nas operações de Garantia da Lei e da Ordem perante a Constituição.

Na quarta seção, abordar-se-á a op de GLO e sua legislação complementar, como a Lei Complementar nº 97 - que dispõe sobre normas gerais de organização, preparo e o emprego das Forças Armadas - e o Decreto nº 3.897 - onde fixam-se as diretrizes para o emprego das Forças Armadas nas operações de Garantia da Lei e da Ordem.

Na quinta seção, compreendemos a publicação MD33-M-10, do Ministério da Defesa (MD),que exaure as características das op de GLO(com as principais ações a serem executadas) e o Exército nestas operações (com o histórico de participações e o impacto para as localidades que recepcionam tais atividades).

Na sexta seção, vamos abordar a constitucionalidade do emprego das FFAA nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem e as atuações nos Complexos do Alemão e Maré.

O presente trabalho é um estudo sobre a constitucionalidade das op de GLO que visa abordar a utilização das FFAA neste contexto, iniciando com a definição do preparo e emprego das tropas federais e apontando o desvio de finalidade do emprego indiscriminado das Forças Armadas como força de segurança pública rotineira.

O presente artigo foi baseado na legislação vigente, bem como material doutrinário de renomados autores da área e em acontecimentos recentes.

(7)

2

2. INTERVENÇÃO FEDERAL

De acordo com os autores Gilmar Mendes e Paulo Branco2, caberá à União exercer competência de preservar a integridade política, jurídica e física da federação; a intervenção federal é o mecanismo excepcional, destinado a manter a integridade dos princípios basilares preconizados na Constituição Federal (CRFB/88).

A Constituição Federal de 1988 prevê os casos de intervenção da União nos Estados e no Distrito Federal de forma excepcional e nas seguintes hipóteses: manter a integridade nacional; repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; reorganizar as finanças de unidade da Federação; prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; bem como assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde3.

A Constituição Federal de 1988 prevê, ainda, os casos de intervenção dos Estados em seus Municípios e da União nos Municípios localizados no Território Federal nas seguintes hipóteses: deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

2.1.INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO

A intervenção federal nos Estados está prevista na Carta Magna de 1988, mas nunca tinha sido aplicada até agora. Foi aprovado o Decreto nº 9.288, de 16 de fevereiro de 2018 assinado pelo presidente Michel Temer que determinou a intervenção federal no Estado do

2 MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional – 7ª ED.

Editora Saraiva, 2012.

(8)

3 Rio de Janeiro, com o objetivo de pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública. Deacordo com a CRFB/88, é de atribuição do Presidente da República: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: X decretar e executar a intervenção federal.

De acordo com o decreto nº 9.288, a Intervenção Federal duraria até 31 de dezembro de 2018, estando limitada à área de segurança pública e foi nomeado para o cargo de Interventor o General de Exército Walter Souza Braga Netto.

O Interventor fica subordinado ao Presidente da República e não está sujeito às normas estaduais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da intervenção; poderá requisitar a quaisquer órgãos(civis e militares), a administração pública federal e, se necessário, os recursos financeiros, tecnológicos, estruturais e humanos do Estado do Rio de Janeiro que sejam indispensáveis para o cumprimento do objetivo da intervenção; o Interventor, no âmbito do Estado sob intervenção, exercerá o controle operacional de todos os órgãos estaduais de segurança pública previstos no artigo 144da Constituição Federal4e no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro5.

Puderam ser requisitados, durante o período da intervenção, os bens, serviços e servidores afetos às áreas da Secretaria de Estado de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, para emprego nas ações de segurança pública determinadas pelo Interventor.

Ou seja, a segurança pública do Estado do Rio de Janeiro ficará sob responsabilidade do interventor General de Exército Walter Souza Braga Netto, que passa a ter total poder para gerir este aspecto do Estado, controlando a Polícia Civil, a Polícia Militar, os bombeiros e administração penitenciária.

2.2.DIFERENÇAS ENTRE INTERVENÇÃO FEDERAL E GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

Há diversas diferenças entre intervenção federal e garantida lei e da ordem.

No que tange à intervenção6, para o início das medidas interventoras, deverá haver coação ilícita de algum poder estadual.Toda a segurança pública do local da intervenção sai da esfera estadual e fica sob o comando do interventor, não se tratando apenas do emprego

4 BRASIL. Artigo 144, Capítulo III, Da segurança pública, Constituição da República Federativa do Brasil

de 1988.

5 BRASIL. TÍTULO V - DA SEGURANÇA PÚBLICA, Constituição do Estado do Rio de Janeiro. 6BRASIL. Artigo 36, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

(9)

4 das Forças Armadas, esim da gestão federal de uma área que antes era coordenada pelo poder estadual.Ou seja, o interventor assume a gestão e administração de toda a segurança pública e pode adotar atos que o governador ou o secretário tomariam.

Já nas operações de garantia da lei e da ordem, o início das operações requer um pedido formal feito pelo Governador do Estado, onde deverá reconhecer o esgotamento, ineficiência ou incapacidade de seus órgãos de segurança pública, no qual o Presidente da República deverá decidir e enviar o decreto ao Ministro da DefesaEste emprego das FFAA ocorre de forma excepcional e emergencial. Os governos estaduais continuam responsáveis pela gestão da segurança pública. As atividades das forças da União são coordenadas com os Estados e os atos do governo estadual não ficam suspensos.

2.3 NECESSIDADE OU NÃO DE DECRETAÇÃO DE INTERVENÇÃO FEDERAL PARA INÍCIO DAS OPERACÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

O Estado Brasileiro possui o dever de assegurar a supremacia da ordem jurídica por ele constituída. De acordo com o Autor Fernando Silva, as ações de GLO são respostas às ameaças específicas que violam a ordem jurídica estabelecida legitimamente7.

De acordo com o Procurador de Justiça Militar Luciano Gorrilhas, as Forças Armadas têm a missão constitucional de velar pela segurança pública.Sustenta ainda que não é necessária a decretação de intervenção federal para que as Forças Armadas possam atuar com o menor tempo possível nas operações para a segurança pública local, pois ao interpretar a Constituição, há permissão no que tange a segurança pública, de modo geral, União, Estados, Distrito Federal e Municípios8:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: IV - não intervenção.

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos

7 SILVA, Fernando Carlos Santos da.Constitucional, Aspectos legais do emprego do exército na garantia da lei

e da ordem.

8 GORRILHAS, Luciano Moreira. Direito Militar, Algumas considerações acerca da participação das Forças

Armadas em operações, no cumprimento da lei e da ordem, notadamente em comunidades cariocas. Publicado em 08/2011 Disponível em:https://jus.com.br/artigos/19665/algumas-consideracoes-acerca-da-

(10)

5 princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.

De acordo com o Ministro Luís Barroso, em seu parecer nª 02/2007:

...60. A Lei, portanto, permite que as Forças Armadas realizem operações de segurança pública sem que haja a necessidade de se decretar intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio. Essa circunstância, de fato, facilita que essa atuação tenha lugar. Foi esse justamente o propósito que guiou edição da Lei Complementar 97/99. O parecer da Comissão de Segurança da Câmara de Deputados sobre o então projeto de lei, relatado pelo deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) em 12 ago. 2004, reflete o entendimento predominante durante o processo legislativo: “o projeto atende a reclamo de toda a sociedade brasileira e de diversos Parlamentares dessa Casa quanto à necessidade de intervenção das Forças Armadas quando os índices de violência e de criminalidade ficarem insustentáveis”9

Com grandes diferenças entre intervenção federal e op GLO à luz da Constituição Federal, entendemos não ser necessária a decretação de intervenção federal para que haja emprego das forças armadas em operações da garantida lei e da ordem.

3. POSSIBILIDADE DE EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS

Há quatro possibilidades de emprego das Forças Armadas de acordo Emerson Garcia, em seu artigo para a Revista jurídica10, onde defende as hipóteses de emprego das forças armadas, como sendo: defesa da soberania brasileira - onde deverá garantir suas fronteiras e reprimir o perigo e inimigo externo; cumprir as obrigações internacionais militares; manter e defender a ordem interna em situações de anormalidade institucional; e defender a ordem interna em situações de normalidade institucional.

Tal hipótese de manter e defender a ordem interna em situações de anormalidade institucional deve seguir a sistemática prevista na CRFB/88, cumuladascom a Lei

9 BARROSO, Luís Roberto Barroso. Segurança Pública: Atuação das Forças Armadas em segurança tem de ser

excepcional, 26 de junho de 2008. Disponível em:

https://www.pge.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MTM1MQ%2C%2C

10 GARCIA, Emerson. As forças armadas e a garantia da lei e da ordem.Rev. Jur., Brasília, v. 10, n. 92,

p.01-20, out./2008 a jan./2009 Disponível em:

(11)

6 Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999 e o Decreto nº 3897, de 24 de agosto de 2001, para que se inicie as atividades dos militares.

Tem-se apenas diretrizes gerais na Constituição Federal, não havendo regulamentação sobre este assunto, o que estabeleceu a tarefa para a Lei Complementar nº 9711, que em sua redação12, dispõe que o emprego ou uso das Forças Armadas é de responsabilidade do Presidente da República- que irá determinar ao Ministro da Defesa a ativação dos órgãos operacionais, observando a subordinação da Lei Complementar. Após a ativação13 do uso das Forças Armadas, que desenvolverão de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado suas atividades, observa-se que as ações podem ser de caráter preventivo e repressivo para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da ordem, que foi incluída pela Lei Complementar nº 11714.

Somente quando esgotarem-se os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Carta Magna, que a utilização das FFAA poderá ocorrer de acordo com o disposto no §2° do artigo15 da Lei Complementar nº 97.No disposto nos §3º e §4° do referido artigo, há o estabelecimento que tal esgotamento dos órgãos de segurança pública deve ser formalmente reconhecido pelo Chefe do Poder Executivo Estadual, sendo enviada solicitação ao Presidente da República, para então serem ativados os órgãos operacionais. No disposto no §5º, determina que caberá à autoridade competente, por ato formal, a transferência do controle operacional dos órgãos de segurança pública necessários ao desenvolvimento das ações para a autoridade encarregada das operações, no qual deverá constituir um centro de coordenação de operações.

A regulamentação das diretrizes para o emprego das Forças Armadas está no Decreto 389715 de 2001, que tem por finalidade orientar as ações das forças armadas e de outros órgãos governamentais federais16para garantia da lei e da ordem. Dispõe, ainda, que tal emprego deverá ser sempre em áreas previamente definidas e com a menor duração possível17. A decisão de emprego das Forças Armadas deverá ser comunicada por meio de documento oficial contendo a descrição da missão ao Ministro da Defesa18.

Para o início das operações nos Estados, deverá primeiramente haver o reconhecimento formal do Govenador do Estado sobre o esgotamento dos instrumentos de

11 BRASIL. Lei Complementar nº 97, de junho de 1999.

12 BRASIL. Artigo 15, Capítulo V – Do emprego, Lei Complementar nº 97, de junho de 1999. 13 BRASIL. Artigo 15, §4, Lei Complementar nº 97, de junho de 1999.

14 BRASIL. Artigo1, § 4, Lei Complementar nº 117, de 2 se setembro de 2004. 15 BRASIL. Decreto nº 3.897, de 24 de agosto de 2001.

16 BRASIL. Artigo 1º, Decreto nº 3.897, de 24 de agosto de 2001. 17 BRASIL. Artigo 5º, Decreto nº 3.897, de 24 de agosto de 2001. 18 BRASIL. Artigo 6º, Decreto nº 3.897, de 24 de Agosto de 2001.

(12)

7 Segurança Pública,formulando um pedido de emprego das FFAA para o Presidente da República, que deverá decidir sobre este emprego e dar continuidadeàs formalidades - como enviar um documento oficial ao Ministro da Defesa, discriminando a missão e os órgãos envolvidos nas operações de garantia da lei e da ordem, onde determinará, também, a ativação dos órgãos operacionais das Forças Armadas e constituição de um centro de coordenação operacional.

Após seguir todas as diretrizes supramencionadas, pode-se dar início da atuação das Forças Armadas em op GLO.

4. EXÉRCITO E AS OPERAÇÕES NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL

A Constituição Federal de 198819 diz que as Forças Armadas são constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, estando sob a autoridade do Presidente da República, e destinando-se à defesa da Pátria; garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Ou seja, poderá o Exército atuar nas operações de garantia da lei e da ordem.

De acordo com o Professor de História Washington dos Santos20, o significado de lei é

anorma; regra; princípio constante; prescrição legal; domínio; poder; regra de Direito pela autoridade estatal e tornada obrigatória para manter a ordem e o desenvolvimento. Já para São Tomás de Aquino: “Lei é uma ordenação da razão para o bem comum, promulgada por aquele que tem o cuidado da comunidade” (São Tomás de Aquino).

Ou seja, as leis foram criadas para organizar uma comunidade, para diminuir conflitos de interesses e manter a harmonia entre os cidadãos.

Entende-se que o emprego do Exército nas operações de garantia da lei e da ordem é dentre a defesa da lei, devendo o Estado, utilizando as Forças Armadas como via, proteger os bens jurídicos a ele tutelado, impedindo os danos sociais e realizando a manutenção da ordem pública em situações de ameaças. As operações de GLO somente ocorrem nos casos em que houve o esgotamento das operações tradicionais de segurança pública ou em graves situações de perturbação da ordem.

Tais operações estão reguladas no artigo 142 da Constituição Federal de 1988, na Lei

Complementar 97de 1999, e no Decreto 3897 de 2001, onde concede-se, provisoriamente,

19 BRASIL. Artigo 142, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

20SANTOS, Washington dos. Dicionário Jurídico Brasileiro, 2001. Disponível em:

(13)

8 aos militares, a permissão de atuar com poder de polícia até o restabelecimento da normalidade.

Conclui-se que a Constituição Federal prevê o emprego Exército (e das Forças Armadas, em amplo espectro) nas op de GLO, sendo essas apenas situações excepcionais de riscos ao próprio Estado brasileiro.

5. OPERAÇÃO DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

Operação de garantia da lei e da ordem é uma operação militar determinada exclusivamente pelo Presidente da República e conduzida pelas Forças Armadas, que deverá ser de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, que tem por objetivo a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio em situações de esgotamento das forças tradicionais de segurança pública. É considerada como um tipo de operação de “não guerra”, por não envolver o combate propriamente dito, mas permitindo assim, o uso da força de forma limitada caso necessário.

A Garantia da Lei e da Ordem é regulada pela Constituição Federal e concede aos militares a faculdade de atuar com poder de polícia até o restabelecimento da normalidade.A Lei Complementar Nº 97 dispõe sobre o preparo e o emprego das Forças Armadas; já o decreto Nº 3.897, fixa as diretrizes para o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem.

As Forças Armadas - Marinha, o Exército e a Aeronáutica - poderão ser empregados de forma conjunta ou singular nas operações, sob coordenação do Ministro da Defesa.

5.1.LEI COMPLEMENTAR Nº 97

A Lei Complementar Nº 97 de 1999, dispõe sobre as normas gerais para a organização, preparo e o emprego das Forças Armadas. As Forças Armadas são constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica.

De acordo com a Lei em análise, este emprego será em defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais; da lei e da ordem; e na participação em operações de paz.É de responsabilidade do Presidente da República a decisão sobre tal emprego, no qual determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais.Essa decisão poderá ser tomada pela própria iniciativa do Presidente ou a pedido de qualquer pode constitucional por

(14)

9 intermédio dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados;

A atuação das Forças Armadas nas operações de garantia da lei e da ordem ocorrerá somente depois de esgotados os demais instrumentos, e forem formalmente reconhecidos pelo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como indisponíveis, inexistentes, ou insuficientes, conforme preconiza o art. 144 da CF21.

O emprego das Forças Armadas será desenvolvido de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado; caberá, ainda, à autoridade competente, transferir o controle operacional dos órgãos de segurança pública para a autoridade encarregada das operações, onde deverá constituir um centro de coordenação de operações, onde o controle operacional será conferido à esta autoridade para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por efetivos dos órgãos de segurança pública (OSP)22.

Cabe às Forças Armadas, como atribuições subsidiárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de patrulhamento; revista de pessoas e veículos; embarcações e aeronaves; e prisões em flagrante delito23.

5.2.DIRETRIZES PARA O EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS

O decreto Nº 3.897 de 24 de agosto de 2001, fixa as diretrizes para o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, e dá outras providências.

De acordo com o decreto, é de competência exclusiva do Presidente da República a decisão de emprego das FFAA, por sua própria iniciativa, dos outros poderes constitucionais ou a solicitação de Governador de Estado ou do Distrito Federal.Poderá, o Presidente da República, determinar o emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem24.

Caberá às Forças Armadas, em ações de garantia da lei e da ordem, sempre que se faça necessário, desenvolver as ações de polícia ostensiva, de natureza preventiva ou repressiva,

21 BRASIL. Artigo 144, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 22 BRASIL. Artigo 15, Lei Complementar Nº 97 de 1999.

23 BRASIL. Artigo 16-A, Lei Complementar Nº 97 de 1999. 24 BRASIL. Artigo 2, Decreto Nº 3.897 de 24 de agosto de 2001.

(15)

10 que se incluem na competência constitucional e legal das Polícias Militares - objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio25.

O decreto prevê que esse emprego deverá ser episódico, em área previamente definida e ter a menor duração possível; prevê ainda outras hipóteses dessas ações na presunção de possível perturbação da ordem: particularmente os eventos oficiais ou públicos que contem com a participação de Chefe de Estado ou de Governo estrangeiro; na realização de pleitos eleitorais quando solicitado26.

A Decisão Presidencial desse emprego será comunicada ao Ministro da Defesa por meio de documento oficial com o nome de Aviso do GSI, onde nesse documento indicará a missão, os órgãos envolvidos e outras informações necessárias para esse emprego27.

6. PUBLICAÇÃO MD33-M-10 E PORTARIA NORMATIVA Nº 186/MD DE 31 DE JANEIRO DE 2014

A publicação MD33-M-10do Ministério da Defesa teve a finalidade de estabelecer orientações para o planejamento e o emprego das Forças Armadas em operações de garantia da lei e da ordem28.

Tais operações são operações militares determinada pelo Presidente da República e conduzida pelas Forças Armadas que tem por objetivo a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas ou em outras situações em que se presuma ser possível a perturbação da ordem. Os agentes de perturbação da ordem pública são pessoas ou grupos de pessoas cuja atuação momentaneamente comprometa a preservação da ordem pública ou ameace a incolumidade das pessoas e do patrimônio. As ameaças são atos ou tentativas potencialmente capazes de comprometer a preservação da ordem pública ou ameaçar a incolumidade das pessoas e do patrimônio.

O emprego das Forças Armadas nas operações observara os princípios da razoabilidade que consiste na compatibilidade entre meios e fins da medida, onde as ações deverão sercomedidas e moderadas.Observa-se a proporcionalidade, que é a correspondência entre a ação e a reação do oponente, de modo a não haver excesso por parte da tropa

25 BRASIL. Artigo 3, Decreto Nº 3.897 de 24 de agosto de 2001. 26 BRASIL. Artigo 5, Decreto Nº 3.897 de 24 de agosto de 2001. 27 BRASIL. Artigo 6, Decreto Nº 3.897 de 24 de agosto de 2001.

28Ministério da Defesa - MD33-M-10, Garantia da Lei e da Ordem. Disponível em:

(16)

11 empregada na operação, e a legalidade, que remete à necessidade de que as ações devem ser praticadas de acordo com ordenamento jurídico.

6.1 CARACTERÍSTICAS DAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E AS PRINCIPAIS AÇÕES A SEREM EXECUTADAS

Atuação de forma integrada, o planejamento e a execução contemplam a possibilidade de participação das Forças Armadas e órgãos do Poder Executivo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e outros órgãos ou agências relevantes para a operação.

Emprego da inteligência e contra inteligência serão será realizado antes do início das operações, onde se fará presente em todo seu decurso, apoiando e fornecendo dados para o melhor desenvolvimento das atividades. A contra inteligência significa a proteção e o sigilo das informações sobre cada operação/militar/instalações.

Limitação do uso da força e das restrições à população são princípios basilares.O uso da força será progressivo e deverá ser priorizada a utilização de munição não letal e/ou de equipamentos especiais de reduzido poder ofensivo, onde deverá o planejamento e a execução das ações privilegiar a menor intervenção possível na rotina da população.

O confronto com os agentes de perturbação da ordem pública deverá ser evitado, buscando-se sempre a solução pacífica dos conflitos (dissuasão).Quando estes meios se mostrarem inadequados,as tropas poderão e deverão fazer o uso progressivo da força, até alcançar o objetivo momentâneo. As ações dissuasórias deverão ser adotadas para que as ameaças identificadas não se concretizem, evitando, assim, a adoção de medidas repressivas.

Na comunicação social, os instrumentos e meios de relações públicas serão utilizados com o objetivo principal de dar transparência às ações e aos objetivos das operações.

Nas negociações em op de GLO, será empreendida a ação de convencimento dasForça presente, com o objetivo de persuadir a outra parte envolvida, apresentando os benefícios mais relevantes em relação ao ponto de vista defendido, sendo parte crucial das operações.A negociação será conduzida por pessoa corretamente orientada e capacitada para a sua condução.

As ações preventivas abrangerão o preparo da tropa em caráter permanente e as atividades de inteligência, de comunicação social e dissuasão.

(17)

12 As ações repressivas serão desenvolvidas para fazer frente a uma ameaça concretizada, com o intuito de preservar ou restabelecer a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio29.

As principais ações a serem executadas são: assegurar o funcionamento dos serviços essenciais sob a responsabilidade do órgão paralisado; controlar vias de circulação, desocupando, impedindo ou protegendo as instalações de serviços essenciais e garantindo o direito de ir e vir da população; garantir a segurança de autoridades e de comboios; permitir a realização de pleitos eleitorais, protegendo locais de votação; realizar a busca e apreensão de armas, explosivos etc; realizar policiamento ostensivo, estabelecendo patrulhamento a pé e motorizado30.

6.2 O EXÉRCITO NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

O Exército irá contribuir para a garantia da soberania nacional, dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, salvaguardando os interesses nacionais e cooperando com o desenvolvimento nacional e o bem-estar social. Para isto, deverá preparar a Força Terrestre, mantendo-a em permanente estado de prontidão, as ações permanentes de caráter preventivo, privilegiando as estratégias da presença e da dissuasão, bem como no preparo da tropa.

As operações terrestres visam o controle da área previamente delimitada para as operações, respeitando a legislação e os princípios constitucionais. As Forças poderão, também, ser empregadas em ações repressivas31.

6.3 HISTÓRICO DO EXÉRCITO NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

Em novembro de 2010, iniciou-se a operação do Complexo do Alemão, mais conhecida como “Operação Arcanjo”. Essa operação se deu para a colaboração da manutenção da ordem pública do estado do Rio de Janeiro, ondeocorrreu a pacificação da

29 4.2 Características das Operações de Garantia da Lei e da Ordem.Ministério da Defesa - MD33-M-10,

Garantia da Lei e da Ordem.Disponível em:

http://defesa.gov.br/arquivos/2014/mes02/md33_m_10_glo_2ed_2014.pdf

30 4.4.3 Principais Ações. Ministério da Defesa - MD33-M-10, Garantia da Lei e da Ordem. Disponível em:

http://defesa.gov.br/arquivos/2014/mes02/md33_m_10_glo_2ed_2014.pdf

31 5.5 Exército. Ministério da Defesa - MD33-M-10, Garantia da Lei e da Ordem. Disponível em:

(18)

13 comunidade do Complexo do Alemão. Nessa operação, de acordo com o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) ocorreram diversas apreensões, tais como: 42 armas; 2.015 munições de diversos calibres; 79 carregadores; 13 granadas; 250 quilos de entorpecentes; 134 tabletes de drogas; 4.458 sacolés; 25.245 papelotes; 1.913 trouxinhas; 302 automóveis; 131 máquinas caça-níquel; 197 motos; e 102 eletroeletrônicos diversos.Foi apreendido também cento e sessenta mil em reais. Foram realizadas ao todo 733 prisões e/ou detenções32.

Em abril de 2014, foi autorizada a operação de garantia da lei e da ordem no Complexo da Maré no Estado do Rio de Janeiro.Segundo dados da Chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (ECMFA), as tropas federais realizaram a prisão de 553 adultos e a detenção de 254 menores de idade; 550 apreensões de drogas e 58 de armas; mais 3.884 munições; apreensão de 60 veículos e 89 motos. Nessa operação, houve uma ação conjunta do Exército e da Marinha, que foi significativamente importante tanto para a população do Complexo da Maré, como para segurança pública no Rio de Janeiro. A taxa anual de homicídios na região da Maré caiu de 21,29 para 5,33 mortes por 100 mil habitantes. A operação acabou em junho de 201533.

Em fevereiro de 2017, o Exército participou da Operação Carioca, ocorrida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A atuação foi em patrulhas na Transolímpica; Avenida Brasil; pontos de Deodoro; de Niterói e São Gonçalo; e entre o limite norte do bairro do Caju e o limite sul do bairro do Leblon34.

O Exército também foi empregado em unidades prisionais do Sistema Penitenciário Brasileiro, com a missão específica de vistoriar os locais para detecção e apreensão de armas, aparelhos de telefônicos, drogas e outros materiais ilícitos ou proibidos.

Na Região Metropolitana do Recife, o Exército realizou a Operação Leão do Norte, iniciada em dezembro de 2016 e encerrada em janeiro de 2017. Foram realizados patrulhamento ostensivo de áreas terrestres; revistas de pessoal e veículos; reconhecimentos aéreos; escoltas e controle de pontos estáticos.

32 Ministério da Defesa, Assessoria de Comunicação Social (Ascom). Trabalho do Exército no Complexo do

Alemão é exemplo de devoção à causa pública, diz Amorim. Disponível em:

http://www.defesa.gov.br/noticias/93-trabalho-doexercito-no-complexo-do-alemao-e-exemplo-de-devocao-a-causa-publica-diz-amorim

33 Exército Brasileiro – Comando Logístico. Exército atua na garantia da lei e da ordem em operações pelo

Brasil. Disponível em:http://www.dfpc.eb.mil.br/index.php/ultimas-noticias/386-exercito-atua-na-garantia-da-lei-e-da-ordem-emoperacoes-pelo-brasil

3434CARVALHO, Marco Antônio e DURÃO, Mariana. O Estado de S.PauloExército inicia ação no Rio; em

10 anos, tropa teve de ir às ruas em 1/3 dos dias Disponível em:

http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,exercitoinicia-acao-no-rio-em-10-anos-tropa-teve-de-ir-as-ruas-em-13-dos-dias,70001666018

(19)

14 Já no Rio Grande do Norte, de 20 de janeiro a 4 de fevereiro, o Exército coordenou a Operação Potiguar II.Esta operação se deu em virtude do clima de insegurança instalado após ações de vandalismo contra os meios de transportes coletivos, instalações públicas e ameaças contra a segurança e o bem-estar dos cidadãos. Nessa operação houve a integração das Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea).

No Espírito Santo, o Exército participou da Operação Capixaba, entre os dias 6 de fevereiro e 8 de março. Essa operação foi em razão da paralisação da Polícia Militar do Estado. Nesta operação houve a integração das Forças Armadas (Marinha, Exército e Força Aérea). Foram realizados patrulhamentos, postos de bloqueio, reconhecimentos e outras ações pontuais para a garantia da segurança da população.

7. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

Em alguns momentos, temos casos de inconstitucionalidade do emprego das Forças Armadas nas elencadas operações.

Anteriormente, vimos que as FFAA têm atribuições diferentes dos órgãos responsáveis pela segurança pública de um determinado Estado, ou seja, as Forças Armadas35destinam-se à defesa da Pátria, garantindo os poderes constitucionais e a defender a lei e a ordem; já a segurança pública é exercida para preservação da ordem pública e daincolumidade das pessoas e do património através dos seus órgãos competentes36. Ambas visam a defesa das instituições e dos Estados com missões diferentes.

Citamos as diferenças porque as operações de GLO só podem ser empregadas quando ultrapassadas todas as tentativas de restaurações possíveis, não só afetando a incolumidade das pessoas e do patrimônio, mas também a segurança interna de um Estado, onde não restam alternativas a não ser o emprego das FFAA para restabelecer a paz social.Ou seja, só há atuação das Forças Armadas nas operações de GLO em situações excepcionais e extraordinárias de desrespeito a ordem pública ou ao ordenamento jurídico.

Concluindo assim que qualquer atuação nessas operações fora das circunstâncias acimadescritas ocorrerá o uso indevido das Forças Armadas tornando-as inconstitucionais.

35 BRASIL. Artigo 142, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 36 BRASIL. Artigo 144, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

(20)

15 7.1 EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM NOS COMPLEXOS DO ALEMÃO E COMPLEXO DA MARÉ

A ação no Complexo do Alemão deu-se após diversos ataques a unidades policiais, como UPP e a policiais militares em patrulhamento; ataques a ônibus e a carros e aumento de roubos de veículos, orquestrados pelo crime organizado que estava descontente com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora - UPP nas comunidades cariocas. Tinham por finalidade instituir o clima de insegurança na cidade do Rio de Janeiro, onde não puderam ser contidos pelas forças policiais da cidade em questão.

Após diversos trabalhos de inteligência, foram identificados focos das organizações criminosas, como sendo dos Complexos do Alemão e da Penha. Tais comunidades tinham difícil acesso das forças policiais. A estrutura geográfica da localidade dificultava o acesso das forças de segurança em diversas áreas e o armamento pesado em possedosmeliantes da região, tornava necessário o emprego de diversos militares com maior capacidade bélica.

Diante de diversos acontecimentos e constatada o esgotamento dos órgãos de segurança pública, o Governador do Rio de Janeiro fez o pedido formal para o emprego das Forças Armadas nas op de GLO.

Respaldado pela Constituição Federal, houve a autorização do emprego e a operação foi denominada como Operação Arcanjo, onde o Exército Brasileiro foi autorizado a coordenar e desenvolver as op de GLO nos Complexos do Alemão e da Penha.

Como visto anteriormente, esse emprego deverá ser sempre em áreas previamente definidas e com a menor duração possível37. Os parâmetros foram cumpridos: a área foi bem definida (se restringindo apenas ao Complexo do Alemão e da Penha) e durou dezenove meses ao todo, o tempo necessário para pacificar a área.Houve a instalação de uma UPP na região, após cumprida a missão de restabelecimento da lei e da ordem e, finalmente, a operação teve fim.

Concluímos que o emprego das Forças Armadas nas op GLO nos Complexos do Alemão e da Penha se deu pelos inúmeros ataques criminosos e a dificuldade de acesso à comunidade, gerando assim a insuficiência dos meios de segurançapública para conter a criminalidade e comprometendo gravemente a paz e a ordem.Ou seja, houve o esgotamento das foças policiais para o restabelecimento da ordem, fazendo com que a atuação das FFAA fossem necessárias para o restabelecimento da paz e da ordem de forma excepcional.

A operação de Garantia da Lei e da Ordem, no Complexo da Maré, foi denominada como Operação São Francisco.

(21)

16 As operações nos Complexos da Maré teve início próximo a Copa do Mundo de Futebol, pois havia muita preocupação com a segurança do evento esportivo no Rio de Janeiro. O complexo de favelas da maré está no entorno das vias mais importantes do estado como linha vermelha e amarela e também a Avenida Brasil, vias essas que são os caminhos de chegada e saída do Estado.

Cabe ressaltar, que o início da operação São Francisco foi questionado justamente pela aproximação do evento esportivo e não estar à época o Estado acometido de grave comprometimento da ordem pública, um dos requisitos para a convocação das FFAA. Aparentou-se ser tal emprego uma manobra governamental para aumentar a sensação de segurança do Estado para atrair mais turistas para o evento do que propriamente estar o governo pensando na segurança da população carioca.No que tange ao aspecto formal desta solicitação, não houve erro ou vício, pois aconteceu o reconhecimento do chefe do executivo estadual da sua incapacidade em gerenciar uma ofensiva do Estado no complexo, devido ao seu tamanho e à escassez de meios materiais, como viaturas blindadas por exemplo.

Porém, cabe salientar que a investida na comunidade foi feita pelas próprias forças policiais do Estado do Rio de Janeiro, contando somente com o apoio de algumas viaturas blindadas da Marinha, onde esse processo ocorreu sem resistência pelos criminosos instalados na área38.

Fica demostrado que não havia grave comprometimento da lei e da ordem, da segurança interna do Estado, do país ou de suas instituições democráticas, e tão pouco os órgãos de segurança pública se tornaram insuficientes, indisponíveis ou inexistentes para que justificassem o emprego das Forças Armadas na ocupação do Complexo como op de GLO. Não houve ainda o esgotamento dos órgãos de segurança pública, pois a ocupação do local foi feita pela própria polícia do Estado do Rio de Janeiro, contando apenas com o apoio das FFAA, não se fazendo presente a necessidade do emprego das Forças Armadas na segurança, a fim de restabelecer a paz e a ordem.O que não existia era apresença do Estado em todos os níveis para suprir as demandas da população daquela localidade com o oferecimento de serviços públicos, e deixando a população local a mercê da atuação do crime.

Como visto anteriormente, esse emprego deverá ser sempre em áreas previamente definidas e com a menor duração possível (BRASIL. Artigo 5º, Decreto nº 3.897, de 24 de agosto de 2001.), o que de fato ocorreu, com a área bem definida, se restringindo apenas à algumas localidades do Complexo da Maré, sendo a atuação das forças armadas fora desses limites previamente estabelecidos, proibida. Como não houve o esgotamento dos órgãos de

38 KAWAGUTI, Luis. Por que a ocupação da Maré ocorre só agora?Da BBC Brasil em São Paulo.

(22)

17 segurança pública estaduais, não se justificou o início da operação e tão pouco a duração demais de um ano.

Após essa primeira incursão das forças de segurança estaduais no complexo de favelas, o Comando Militar do Leste, que assumiu temporariamente o controle das forças de segurança estudais, passou a empregar maciçamente as Forças Armadas no patrulhamento ostensivo, revistas, prisões em flagrante, enquanto os policiais realizariam, além dessas atribuições, os encargos de vasculhamento, prisões e cumprimento de mandados judiciais.

Assim podemos afirmar que na operação São Francisco, os requisitos formais foram atendidos pois houve a requisição do governo estadual para a implementação da GLO no Complexo da Maré; o reconhecimento formal da insuficiência de meios para atuar na área determinada; e foi passado o controle operacional da operação para o comando das Forças Armadas. Porém, no que diz respeito a parte material, essa requisição restou confusa e imprecisa, pois se tal decisão fora tomada visando garantir o evento esportivo ou realmente atender às necessidade da população daquela área que sofria com o poder paralelo dos criminosos, fica nebuloso.Não se fazia presente,à época da operação, um grave comprometimento da ordem pública estadual, diferentemente do ocupação do Complexo do Alemão e da Penha, onde as ações das tropas se justificaram pela série de atentados às bases policiais, carros e ônibus civis, além de constante medo da população com a incapacidade do estado de garantir a segurança e bem-estar social.Restou descaracterizada tal materialidade de insuficiência ou incapacidade das forças de segurança estaduais uma vez que a ocupação das comunidades fora feito pelas próprias forças tidas como “insuficientes”, e contando apenas com apoios de viaturas das FFAA (principalmente as blindadas), demonstrando assim, na verdade, a capacidade das forças de segurança estaduais em controlar a área ocupada.

Conclui-se que só existe a garantia da lei e da ordem em situações excepcionais e extraordinárias de desrespeito ao ordenamento jurídico e à ordem pública.Fora desse contexto, ocorrerá o desvio funcional das Forças Armadas. Na operação São Francisco, com a ausência do grave comprometimento da ordem pública para início da operação, a atividade tangenciou ainconstitucionalidade pelo desvio de finalidade de utilização da tropa.

(23)

18 Ao longo deste trabalho é possível perceber a importância dessas operações de garantia da lei e da ordem para a efetiva segurança do país, bem como a manutenção dos pilares democráticos sociais.

Analisamos a constitucionalidade ou inconstitucionalidade destas operações, e concluímos de acordo com as legislações vigentes e doutrina sobre o emprego e diretrizes das Forças Armadas, que são constitucionais; analisamos, ainda, a definição, características e principais ações a serem executadas em operações desta natureza. Para a aferição da constitucionalidade, buscamos a Constituição Federal de 1988; Lei Complementar n 97/1999 - que versa sobre o preparo e o emprego das Forças Armadas; Decreto nº 3897 de 2001 - que versa sobre as diretrizes para o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem; e a publicação MD33-M-10 e Portaria Normativa Nº 186/MD de 31 de janeiro de 2014, que versa sobre a garantia da lei e da ordem.

Vimos ainda acercadas definições de intervenção federal e sua diferença em relação às op GLO e concluímos não ser necessária a decretação de intervenção federal para o início das operações de GLO. Analisamos o Decreto nº 9.288 e a intervenção no Estado do Rio de Janeiro, duração, as funções e poderes do interventor.

Analisamos o papel do Exército em tais operações e suas participações, analisando o motivo de tal emprego e seus benefícios com as operações.

Assim, concluímos com a constitucionalidade dessas operações com o emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem no país, e pudemos entender sobre a necessidade e possibilidades desse emprego, entendendo quando, como e até onde podem ir. Cada vez mais essas operações têm se mostrado necessárias, pois com a falência dos Estados no que tange à segurança pública, tem-se contribuído para a segurança de diversos locais, como segurança nos pontos de votação,por exemplo. Para manifestar sua constitucionalidade, as operações não devem ser conduzidas e justificadas de qualquer forma, devendo seguir todos os requisitos e ritos legais para que a atuação das FFAA em território nacional não seja banalizada e não seja confundida com uma Intervenção Federal.

(24)

19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROSO, Luís Roberto Barroso. Segurança Pública: Atuação das Forças Armadas em

segurança tem de ser excepcional, 26 de junho de 2008. Disponível em:

https://www.pge.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MTM1MQ%2C%2C

CARVALHO, Marco Antônio e DURÃO, Mariana. O Estado de S. Paulo Exército inicia ação no Rio; em 10 anos, tropa teve de ir às ruas em 1/3 dos dias Disponível em: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,Exército-inicia-acao-no-rio-em-10-anos-tropa-teve-de-ir-as-ruas-em-13-dos-dias,70001666018

GARCIA, Emerson. As forças armadas e a garantia da lei e da ordem.Rev. Jur., Brasília, v. 10, n. 92, p.01-20, out./2008 a jan./2009 Disponível em: https://revistajuridica.presidencia.gov.br/index.php/saj/article/view/207/196

GORRILHAS, Luciano Moreira. Direito Militar, Algumas considerações acerca da participação das Forças Armadas em operações, no cumprimento da lei e da ordem, notadamente em comunidades cariocas. Publicado em 08/2011 Disponível em: https://jus.com.br/artigos/19665/algumas-consideracoes-acerca-da-participacao-das-forcas- armadas-em-operacoes-no-cumprimento-da-lei-e-da-ordem-notadamente-em-comunidades-cariocas.

MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional – 7ª ED. Editora Saraiva 2012. Disponível em: https://morumbidireito.files.wordpress.com/2016/04/curso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdf

SANTOS, Washington dos. Dicionário Jurídico Brasileiro, 2001. Disponível em: http://www.ceap.br/artigos/ART12082010105651.pdf

SILVA, Fernando Carlos Santos Da. Constitucional, Aspectos legais do emprego do exército na garantia da lei e da ordem. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1179

BRASIL. Exército Brasileiro – Comando Logístico. Exército atua na garantia da lei e da

ordem em operações pelo Brasil. Disponível em:

http://www.dfpc.eb.mil.br/index.php/ultimas-noticias/386-Exército-atua-na-garantia-da-lei-e-da-ordem-em-operacoes-pelo-brasil

BRASIL. Ministério da Defesa, Assessoria de Comunicação Social (Ascom). Trabalho do Exército no Complexo do Alemão é exemplo de devoção à causa pública, diz Amorim. Disponível em: http://www.defesa.gov.br/noticias/93-trabalho-do-Exército-no-complexo-do-alemao-e-exemplo-de-devocao-a-causa-publica-diz-amorim

(25)

Referências

Documentos relacionados

Sabendo que é através da história que estes alunos poderão aprender sobre os mais variados aspectos da vida cotidiana, parece-nos conveniente analisar a atuação do

employee training, realist implementation schedules, customer orientation and data minding are other important critical factors (Eid, 2007). In the BES case a culture of

Muitos desses fungos podem ser encontrados nos grãos de café durante todo o ciclo produtivo, porém sob algumas condições especificas podem causar perda de

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no

Este estudo tem o intuito de apresentar resultados de um inquérito epidemiológico sobre o traumatismo dento- alveolar em crianças e adolescentes de uma Organização Não

A democratização do acesso às tecnologias digitais permitiu uma significativa expansão na educação no Brasil, acontecimento decisivo no percurso de uma nação em

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior