Geometria do Espaço - Tempo no Interior de um
Sistema em Transição de Fases.
José Luis Bernardo Diaz Polan o
Orientador: Patri io Anibal Letelier Sotomayor
UNICAMP
IFGW
Campinas, São Paulo
O esforço dedi o a minha mãe.
A beleza matemáti a nela, para minha amada
Beatriz.
Umeternoagrade imentoaquemtantosesa ri ounestaaventura,minhaamadaesposa
e amiga, Betty. Sem elaestas folhasnão existiriam.
À minhafamília,pelaedu açãoeoapoioquere ebideles: meupaiBernardo,minhamãe
Luisa, meus irmãos Pedro e Sandra, minhas avós Lasteniae Charito e todos meus tios e
primos.
Fundamental foi Patri io, que om sua orientação direta e heia de onhe imento,
on-seguiu que neste momento possa sentir-me em ompleta onformidade om tudo o que
aprendi de meu trabalho... `Gra ias Profe'.
Um espe ial agrade imento para aprofessora Carolapelasua ajudana orreção da tese.
Para todos meus amigos, om os quais ompartilhei momentos muito agradáveis. Em
espe ial, para meus amigos Max e Seba, que em grande parte, são responsáveis diretos
pela minha aventura aqui no Brasil. Para Andres e José, por sua amizade e todas suas
derrotas no futbolin´´. Para os ompanheiros de grupo, Duda, Rafael Pi in, Cristian
Ghezzi, Cristiano,Daniel,Rafael,Max, eSamuel,pelo onhe imento ompartilhado
nes-tes dois últimos anos.
Para meus amigos do IFGW, Walter, Pedro, Enver, Roddy, Ali, Rogério, Julio, Pablo,
Carlos,Ri ardo,R.Sato,F.Sato, Nury,Felipe,Alberto,agaleraesportivadassextasfeiras,
e tantosoutros omo meus ' ompadres' eamigos Sara eCristian, pelasua amizade.
Quero agrade er sin eramente ao CNPQ que me apoiou e onomi amente para que eu
Resumo ix
Abstra t x
Introdução 1
1 Relatividade geral 3
1.1 Equação de Einsteinpara o espaçolivre. . . 3
1.2 Tensor de Energia-Momentum . . . 4
1.2.1 Tensor parao Campode Energia . . . 4
1.2.2 In lusão de forças . . . 6
1.2.3 Equações de amponum espaçonão vazio. . . 8
1.3 Equação de Tolman-Oppenheimer-Volkov . . . 11
2 Gases Reais 16 2.1 Equação de estadopara um sistemade partí ulas idênti as. . . 17
2.2 Poten ial de interaçãode Sutherland. . . 20
2.3 Lei dos estados orrespondentes . . . 22
2.4 Cál ulo dapressão de oexistên ia de fases.. . . 24
2.5 Equação de estadopara um sistemaemtransição de fase gás-líquido . . . . 26
2.5.1 Região do gás . . . 26
2.5.2 Região da interfa e gás- oexistên ia . . . 27
2.5.3 Região de oexistên iagás-líquido . . . 28
2.5.4 Região da interfa e líquido- oexistên ia . . . 29
2.5.5 Região do líquido . . . 29
3.1 Colo ação doproblema e pro edimento . . . 32
3.2 Resumo doPro edimento . . . 33
3.3 Validaçãodo Código.Exemplodo gás ideal. . . 34
3.4 Resoluçãoda equação TOV para um sistemaem transição de fases. . . 38
3.4.1 Distribuição de matériano interior daestrela emtransição de fases 41 3.4.2 Geometria do espaço-tempo no interior da estrela em transição de fases . . . 44
3.5 Análise de um sistemaa pressão onstante . . . 49
3.5.1 Resultados nais . . . 52
4 Con lusão 59
São apresentadas soluções numéri as do sistema de equações diferen iais de T
olman-Oppenheimer-Volkov para um gás de partí ulas em transição de fases, no ontexto da
relatividade geral, en ontrando a estrutura do espaço-tempo asso iada om a transição
de fases. Para isto assumimos que o gás está formado por partí ulas autogravitantes,
idênti as, om simetriaesféri a, e ujo tensorde energia-momentum édotipo uido
per-feito. As interações internas do gás são representadas por uma equação de estado apaz
de des rever uma transição de fase do tipo gás-líquido. Um gás esta ionário deste tipo
poderia representaruma estrela emequilíbrio hidrodinâmi o.
Con luímos que a termodinâmi a não perde sentido no ontexto da relatividade geral,
apresentando laramente que a transição de fases a onte e só numa superfí ie esféri a e
on êntri a nointeriordaestrela, naquala urvatura doespaço-temporeete, mais uma
vez, omesmo omportamentoqueadistribuiçãointernade matérianaestrela,neste aso,
We present numeri al solutions for the dieren ial equations the T
olman-Oppenheimer-Voltov for a gas parti les in phase transition in the general relativity ba kground,
ob-taining the spa e-time stru ture involved inthe phase transition. For this purpouse, we
onsider the gas as formed by identi al self-gravitating parti les with spheri al simetry
and whose momentum- energy tensor is do like perfe t uid type. The internal
intera -tions of the gas are represented by a state equation that has the property of des ribing
gas-liquid phases transition. A sta ionary gas likethis is supposed to represent a star in
hydrodynami equilibrium. We on lude that there is no oni t of using
thermodyna-mi s ingeneralrelativity ontext, showing learythat thephase transtitionhappens only
in a spheri al shell entered in the star geometri al enter, about what the spa e-time
urvature ilustrates, on e more, the samebehaviour expe t by the distributionof matter
Ahistóriadeumapartí ulanonosso universoémuito ativante. Assimtambémépensar
queela traz onsigo asinformaçõesde que pre isamos para entender o que a onte eu no
suposto omeço e talvez que ela poderia nos falar o que a ontererá no futuro remoto.
Os aminhos que ela per orreu no de orrer de sua vida não foram aleatórios, eles foram
estabele idos, a ada instante, pelas restantes partí ulas no universo, movimentando-se
através de geodési as que a onduzem inapelavelmente aoen ontro de outras partí ulas,
omose fosse uma reuniãomar adadesde o omeçodotempo.
Umnúmero su ientementegrandede partí ulas reunidas noespaço, omo nuvens de
gás, interagem gravita ionalmente, atraindo-se ada vez mais, dando origem ao que se
onhe e omo olapso gravita ional. O olapso se vê interrompido quando as pressões
internas equilibram a força gravita ional, fazendo om que o sistema que
hidrodinami- amenteestável,pelo menos poralgum tempo, assim que houvesse nas ido. É aqui onde
vamo-nos deter. A estrela em equilíbrio hidrodinâmi o apresenta regiões, que podem
ser ara terizadas pelas suas diferentes densidades. Assim podemos onsiderar que para
diferençassu ientemente grandes nas densidades das regiões, estas ara terizam regiões
líquidasougasosas,porexemplo,umnú leoeuma oroa. Nestadissertação,modelaremos
umaestrela omose seus onstituintes fossem partí ulas de um gás real,que sofrem uma
transição de fase do tipogás-líquido, distinguindoas regiõesdensas daestrela(o nú leo),
das menos densas(a oroa).
Oobjetivofundamentalseráestudaroquea onte e omageometriadoespaço-tempo
no interior de um sistema de partí ulas em transição de fases de matéria, por exemplo,
tipogás-líquido.
Para isso, o apítulo1 estará destinado a onhe er as bases da teoriane essária para
dedu-das equaçõesdeNewtonparaahidrodinâmi anoequilíbrio. Assim,suasoluçãomostraria
tanto aestrutura interna daestrelaquanto aestrutura doespaço-tempo nointerior dela.
Dado quea equação TOV pre isa da formaexplí ita de uma equação de estado para
ser resolvida, no apítulo2 revisamos brevemente a teoria dos gases reais, napro ura de
uma equaçãode estadoque modele as fasesgasosa, líquidae de oexistên ia líquido-gás.
No apítulo3, mostramos omo fun ionao ódigo omputa ionaldesenvolvido,
expli- ando osmétodos numéri os empregadospara solu ionar nosso problema. Apresentamos
a solução numéri a do sistema TOV para o aso do gás ideal, a m de testar o
fun io-namentodo ódigo desenvolvido. Finalmente, resolvemos numeri amenteo sistemaTOV
para o aso do gás emtransição de fases.
Relatividade geral
No presente apítulo, faremos uma breve revisão da teoria ne essária para des rever a
estrutura doespaço-temponointeriorde um sistema de partí ulas om simetriaesféri a,
no ontexto da relatividade geral, a m de obter um aminho para desenvolver modelos
estrelares,apresentandoanomen laturausadanestadissertação. Dadoquenossointeresse
éanalisarageometriadoespaço-tempoparao asoparti ularondeosistemadepartí ulas
está emtransição de fase, omeçamos estudando asleis bási asda relatividadegeral.
1.1 Equação de Einstein para o espaço livre
Arelaçãoentreageometriadoespaço-tempoeadistribuiçãodeenergia,desenvolvidapor
Einstein e seus olaboradores, que se resume nas equações de ampo, teve omo ponto
departidaaanálise uidadosa dageometria deum espaço-temponaausên ia dematéria.
Daquelaanálise seobtém a equação de Einstein para oespaço livre de matéria eenergia
omo
R
αβ
= 0
, (1.1)onde
R
αβ
é o tensorde Ri i, eque se dene omoR
αβ
=
(
ξ
αξ
)
|β
−
(
ξ
αβ
)
|ξ
+
(
τ
αξ
) (
ξ
τ β
)
−
(
τ
αβ
) (
ξ
τ ξ
)
= 0
, (1.2)naqual,apare e uma ombinação dos símbolosde Christoele suas derivadas(onde
usa-mos anotação
| β
representando a derivada par ial om respeito à oordenadax
β
(
α
βγ
)
=
1
2
g
αξ
g
ξβ|γ
+ g
ξγ|β
− g
βγ|ξ
,onde apare em o tensor métri o
g
αβ
, suas derivadas e a inversa do tensor métri og
αβ
.
Lembremos que aequação (1.2) éa ondição para que asequações do ampo admitama
métri a de Lorentz omo solução parti ular.
1.2 Tensor de Energia-Momentum
Na seção anteriorforamapresentadas asequações de ampo parao espaçolivre. No aso
de estar empresença de matéria,a seguinte igualdade empíri aé satisfeita:
Tensor que representa
ageometria doespaço
=
Tensor que representa aenergia ontida noespaço. (1.3)
Além disso, aequação do ampo satisfaz dois requerimentoslimites:
1. É equivalenteà equação de Poisson,no limite de amposfra os.
2. Deve ser equivalenteà equação de ampode Einstein para espaçoslivres, nolimite
da densidade tendendo para zero.
A equaçãode ampo édo tipotensorial de segunda ordem.
1.2.1 Tensor para o Campo de Energia
Consideraremos o asode amposde energia. Tais ampospodemser ara terizadospelo
ampo es alar de densidade própria
ρ
0
(x)
e um ampo quadrivetorial de uxou
ν
. A
densidade própria
ρ
0
(x)
émedidaporum observadormovimentando-se juntoaouxo. A quadrivelo idade de uxou
ν
(x)
pode ser interpretada omo se um elemento de matéria
que o upa a posição ara terizada pelo ponto
x
µ
do espaço-tempo tem uma equação de
movimento
x
µ
(s)
,talquedx
µ
ds
= u
µ
(x)
. (1.4)Usando tais ara terísti as, podemos onstruiro tensorde energia-momentum(ou tensor
de matéria) omo
T
µν
= ρ
darelatividaderestrita,
(ct, x, y, z)
,e o tensorusual da métri ade Lorentz, dado pords
2
= c
2
dt − dx
2
+ dy
2
+ dz
2
,de talformaque a omponente
T
00
do tensorde matériaestá dada por
T
00
= ρ
0
u
0
u
0
= ρ
0
dx
0
ds
dx
0
ds
= c
2
ρ
0
dt
ds
2
= γ
2
ρ
0
, (1.6)onde denimos
s
, omo a longitude de ar o da trajetória eγ =
h
1 −
v
2
c
2
i
−
1
2
. Segundoa relatividade restrita, um observador xo observa que a massa da partí ula aumenta
om avelo idade, talque,
m = m
0
γ
, porém, observa que ovolume dapartí ulamaterial se ontrai na direção da velo idade, tal que,V = V
0
γ
−1
. Assim, a densidade medida
pelo observador xo será
ρ = γ
2
ρ
0
. Portanto,T
00
representa si amente a densidade
medida por um observador xo om respeito do uxo, hamada densidade de energia
relativista. As outras omponentes são al uladas damesma forma;se
i
ej
representam as oordenadasespa iais(1,2,3),então,vemosqueas omponentesmistas(espaçoetempo)dotensor de energia-momentum são
T
0i
= ρ
0
dx
0
ds
dx
i
ds
= cρ
0
dt
ds
v
i
= cγρ
0
v
i
=
1
c
ρv
i
, (1.7)epara o aso de omponentes espaço-espaço temos que
T
ij
= ρ
0
dx
i
ds
dx
j
ds
= ρ
0
γ
2
v
i
v
j
c
2
=
1
c
2
ρv
i
v
j
. (1.8)Daquivemos que otensor de energia-momentumpode ser es rito omo:
T
ij
= ρ
1
1
c
v
x
1
c
v
y
1
c
v
z
1
c
v
x
1
c
2
v
2
x
1
c
2
v
x
v
y
1
c
2
v
x
v
z
1
c
v
y
1
c
2
v
y
v
x
1
c
2
v
y
2
1
c
2
v
y
v
z
1
c
v
z
1
c
2
v
z
v
j
1
c
2
v
z
v
y
1
c
2
v
2
z
. (1.9)Pode-se provar fa ilmente que as leis da hidrodinâmi a são satisfeitas na ausên ia de
forças,e queelas podemser es ritas emformatensorialsimples. Neste aso,elas
podem-seresumir àequação
que expressa a onservação de energia e momentum no uido. Vemos que, se
α = 0
, então, aequação( 1.10), nos onduz àequação da ontinuidadeT
0ν
||ν
= T
0η
|η
=
1
c
∂ρ
∂t
+
−
→
∇ · ρ−
→
v
= 0
, (1.11)e se
α = i 6= 0
, então, a equação( 1.10) nos onduz à onhe ida relação da derivada Euleriana para ouxo de matéria,igual a zero, ouseja,T
iν
||ν
= T
iν
|ν
=
ρ
c
2
∂v
i
∂t
+ −
→
v · ∇v
i
= 0 =⇒
Dv
i
Dt
=
∂v
i
∂t
+ −
→
v · ∇v
i
= 0
. (1.12) 1.2.2 In lusão de forçasAgora queremos fazer as modi ações orrespondentes, para obter o tensor de
energia-momentum para o aso no qual tanto as forças internas, quanto as pressões estejam
presentes nouido. Espe i amente, trataremos om uidos perfeitos, os quais são, por
denição, ara terizados pelo ampo de densidade própria
ρ
0
(x)
, um ampo de quadri-velo idade douidou
a
(x)
e um ampoes alar de pressão
p(x)
. Vamos provarque, agre-gandoumtermoapropriado(S
ab
)aotensordeenergia-momentumpara amposdeenergia
(que agora hamamosde
M
ab
),podemos obtero tensorenergia-momentum para ampos
de forças
T
ab
. Sabemos queM
ab
éda formaM
ab
= ρ
0
(x) u
a
(x)u
b
(x)
, (1.13) assim, para en ontrar um tensor energia-momentum quein lua o efeitodaforça interna,bastaen ontrarumtensorapropriado, ujadivergên iaézero,easequaçõesdemovimento
obtidas dele têm que satisfazer a lei de onservação da energia. Além da anterior, as
relações nolimitede baixas velo idadestêm queser satisfeitas.
Assumimos que estamos no limite de baixas velo idades, ou seja, velo idades pequenas
omparadas om
c
,baixaspressõeseadensidadede energiaelásti apequena, omparada om a densidade de energia dada pela matéria. Com todas estas onsiderações, vemosque a leide onservação daenergia pode ser es rita em termos da densidade própria
ρ
0
, ou seja∂ρ
0
∂t
+
−
→
∇ · (ρ
0
−
→
v ) = 0
. (1.14)uidos,temos que
ρ
0
Dv
a
Dt
= ρ
0
∂v
a
∂t
+ −
→
v · ∇v
a
= f
a
= −
∂x
∂P
a
. (1.15)Notamosque aequação( 1.14) é satisfeita peladivergên ia de
M
0ν
, de fatoM
0b
|b
=
1
c
∂ρ
0
∂t
+
−
→
∇ · (ρ
0
−
→
v )
= 0
. (1.16)mas aequação( 1.15) não é obtidapela divergên ia do tensor
M
ab
,já queM
ab
|b
=
ρ
0
c
2
Dv
a
Dt
=
ρ
0
c
2
∂v
a
∂t
+ −
→
v · ∇v
a
= −
∂x
∂P
a
6= 0
. (1.17)Assim, para ompensar esta situação,denimos otensor
S
ab
, talqueS
ab
|b
=
1
c
2
∂p
∂x
a
=
p
c
2
0 0 0 0
0 1 0 0
0 0 1 0
0 0 0 1
, (1.18)edeste modo, vemos que agora ésatisfeita a relação
M
ib
|b
+ S
ib
|b
= 0
, (1.19)oque nos motivaassumir que
T
µν
= M
µν
+ S
µν
. (1.20)Então, expli itamente vemos que o tensor de energia-momentum no limite de baixas
velo idades será
T
µν
= ρ
0
1
1
c
v
x
1
c
v
y
1
c
v
z
1
c
v
x
0
0
0
1
c
v
y
0
0
0
1
c
v
z
0
0
0
+
p
c
2
0 0 0 0
0 1 0 0
0 0 1 0
0 0 0 1
, (1.21)onde notamos que
T
µν
não é um tensor. Para generalizar (1.21), vemos que os úni os
tensoresdesegunda ordemqueestãoasso iadosaouidosão
g
µν
eu
µ
u
ν
. Assim,podemos es rever o tensorS
µν
omo uma ombinaçãolinear de
g
µν
e
u
µ
u
ν
,de talformaque
S
µν
=
p
c
2
[Au
µ
S
µν
=
p
c
2
A
1
1
c
v
x
1
c
v
y
1
c
v
z
1
c
v
x
1
c
2
v
x
2
1
c
2
v
x
v
y
1
c
2
v
x
v
z
1
c
v
y
1
c
2
v
y
v
x
1
c
2
v
y
2
1
c
2
v
y
v
z
1
c
v
z
1
c
2
v
z
v
j
1
c
2
v
z
v
y
1
c
2
v
z
2
+ B
1
0
0
0
0 −1
0
0
0
0
−1
0
0
0
0
−1
. (1.23)A equação (1.23) se reduz à equação (1.21) no limite de baixas velo idades se
A = 1
eB = −1
, e portanto podemos pensar que o tensor de Energia-Momentum seria daforma dada pelaequação (1.20), om o tensorS
µν
daformaS
µν
=
p
c
2
[u
µ
u
ν
− g
µν
]
. (1.24)Assim, nalmenteoTensordeEnergia-Momentum,parauidosperfeitos,in luindoforças
internase pressões, pode ser es rito omo
T
µν
= ρ
0
u
µ
u
ν
+
p
c
2
[u
µ
u
ν
− g
µν
]
, (1.25)que satisfaz a onservação daenergia nos termos quepro uramos, edizer
T
µν
||ν
= 0
.1.2.3 Equações de ampo num espaço não vazio.
Da igualdade simbóli a (1.3), podemos pensar que a equação do ampo gravita ionalna
presença de matéria éda forma
R
µν
= ζT
µν
, (1.26)na qual rela ionamos o tensor asso iado à geometria om aquele ligado à matéria.
ζ
é uma onstante que temos que determinar. O problema que se apresenta é o fato deque o tensor de Energia-Momentum tem derivada ovariante zero, enquanto o tensor de
Curvatura, não. Porém a igualdade empíri a tem que ser rees rita, tal que, a igualdade
seja entre dois tensores om derivada ovariantenula. Notandoque o tensor
G
µν
= R
µν
−
1
2
g
µν
R
(1.27)
tem derivada ovariante nula( onhe e-se
G
µν
omo tensor de Einstein), então podemos
pensar quea equação de ampoem presença de matéria, será daforma
G
µν
= R
µν
−
1
2
g
µν
efazendo uma ontração dos índi es
µ
eν
naequação (1.28), obtemosa relaçãoes alarR = −ζT
. (1.29)Usando este resultado, vemos quea equação de ampo a
R
µν
= ζ
T
µν
−
1
2
g
µν
T
. (1.30)Para al ular a onstante
ζ
, analisamoso limite de baixas velo idades para as equações de ampo gravita ional. Vemos que o tensor de energia-momentum pode ser es rito nolimitede baixas velo idades
(v ≪ c)
, da seguinteformaT
µν
=
ρ
0
0 0 0
0
0 0 0
0
0 0 0
0
0 0 0
=⇒ T
µ
µ
= T r
ρ
0
0 0 0
0
0 0 0
0
0 0 0
0
0 0 0
= ρ
0
, (1.31)onde,podemosnotarque, naequação(1.31), otensorenergia-momentum sótem
ompo-nentes nulas, ex eto para
T
00
. Assim, analisando para essa omponente, vemos queR
00
= ζ
T
00
−
1
2
g
00
T
=
1
2
ζρ
0
, (1.32)epor outro lado, al ulamos
R
00
da equação(1.2), e obtemosR
00
= R
α
0 α 0
=
(
α
0α
)
|0
−
(
α
00
)
|α
+
(
τ
0α
) (
α
0τ
)
−
(
τ
00
) (
α
ατ
)
. (1.33)Para al ularossímbolosde Christoel,no limitede baixas velo idades, assumimos uma
métri atipo Lorentz, sóque agregamos uma pequena pertubação
ξφ
µν
, independentedo tempo, oque equivalea dizerg
µν
= η
µν
+ ξφ
µν
,ξ ≪ 1
onde,notamosque
η
µν
éamétri adeLorentz. Agora al ulamosossímbolosdeChristoel queapare em na equação (1.33), desprezando todos os termos que sejampotên ias deξ
maioresque 1,ousejaO
1
(ξ
2
)
eO
2
(ξ
3
)
, temos que(
α
0α
)
|0
= 0,
(
α
00
)
|α
=
−1
2
g
αβ
g
00|β
|α
≈
−ξ
2
η
αβ
φ
00|β
|α
=
−ξ
2
∇
2
φ
00
, (1.34) onde∇
2
≡
∂
2
∂
2
x
1
+
∂
2
∂
2
x
2
+
∂
2
∂
2
x
3
.
NotemosqueossímbolosdeChristoelsãofunçõesdasderivadasdamétri a,porém, omo
amétri ade Lorentztem omponentes onstantes, então adasímbolode Christoelserá
propor ional aoparâmetro
ξ
. Assim, ostermos do tensor de urvatura que são produtos de dois símbolos de Christoel, são desprezíveis. É dizer que a equação (1.32), pode seres rita omo
ξ
2
∇
2
φ
00
= −
1
2
ζρ
0
, (1.35)e lembrando que a omponente
g
00
da métri a se rela iona om o poten ial lássi o, tal queϕ =
c
2
2
ξφ
00
, (1.36)então, vemos que a equação parao poten ial lássi oé
∇
2
ϕ = −
c
2
2
ζρ
0
, (1.37)a qual éidênti a à equação de Poisson, só se
ζ =
−8πk
c
2
, (1.38)onde
k
é a onstante de gravitação de Newton. Finalmente a equação de ampo de Einstein, napresença de matériaé dada porR
µν
=
−8πk
c
2
T
µν
−
1
2
g
µν
T
.
(1.39)Estudaremos a estrutura estrelar de um sistema de partí ulas representadas pelo tensor
deenergia-momentoparauidosperfeitos. Istoenvolvea onstruçãodaformadamétri a
ea utilizaçãode todo oaparato matemáti o para, om as leisda relatividade, en ontrar
omo seria a pressão e a densidade dentro da estrela. O resultado mais importante será
en ontrar uma generalização das equações de Newton da hidrodinâmi a em equilíbrio,
onhe ida omoaequaçãode Tolman-Oppenheimer-Volkov(TOV).Assumimosquenosso
sistemaé estáti oe om simetriaesféri a
ρ = ρ(r)
p = p(r)
.Alémdoanterior,suponhamosqueexisteumarelaçãolo al,entreapressãoeadensidade,
ouseja,que exista uma equação de estadoque possa ser es rita naforma
p = p(ρ)
. (1.40)Em analogia ao problema de S hwarzs hild, no to ante ao tratamento de sistemas om
simetriaesféri a, vemos quea longitude fundamentalpode ser es ritada seguinte forma
ds
2
= exp(ν)c
2
dt
2
− [exp(λ)dr
2
+ r
2
(dθ
2
+ sin
2
θdϕ
2
)]
, (1.41) ondeasfunçõesν
eλ
,queapare ememg
00
eg
11
,são sódependentes der
,devidoaofato dequenossosistemaéindependentedotempoe om simetriaesféri a. Consideramosquenosso sistema é um uido perfeito, e deste modo, o tensor energia-momentum está dado
pelaequação (1.25)
T
αβ
= ρ u
α
u
β
+
p
c
2
(u
α
u
β
− g
αβ
)
. (1.42) Desdequeamatériaesteja emrepousoem adapontomaterialdouido, as omponentesdovetor velo idade
u
α
serão
(u
0
, 0, 0, 0)
. Na trajetóriade ada partí ula de matériano
uido,a relaçãoentre otempo-próprioea oordenada temporalestá dada por
ds
2
= g
00
(dx
0
)
2
= g
00
c
2
dt
2
1 = g
00
u
0
2
. (1.43)
Então, temos que
u
0
= g
0α
u
α
= g
00
u
0
=
√
g
00
u
i
= 0
. (1.44) Istopermitees revero tensorT
αβ
daseguinte forma:T
αβ
= ρ
g
00
0 0 0
0
0 0 0
0
0 0 0
0
0 0 0
−
p
c
2
0
g
01
g
02
g
03
g
10
g
11
g
12
g
13
g
20
g
21
g
22
g
23
g
30
g
31
g
32
g
33
, (1.45)T
αβ
=
ρ exp ν
0
0
0
0
c
p
2
exp λ
0
0
0
0
c
p
2
r
2
0
0
0
0
c
p
2
r
2
sin
2
θ
, (1.46)para um uido perfeito. Da denição (1.42), podemos al ularo es alar
T
, de fatoT =
T
α
α
. Então usando as relaçõesu
α
u
α
= 1
eg
α
α
= 4
, vemos que
T = ρ − 3
c
p
2
. (1.47)Agora, utilizamosaequação de ampo(1.39), emsua forma ovariante
R
αβ
=
−8πk
c
2
T
αβ
−
1
2
g
αβ
T
, (1.48)e a equação (1.2), que dene o tensor de Ri i
R
αβ
, para en ontrar as relações entre as funções geométri asλ
eν
e osparâmetros douidoP
eρ
.As omponentes não nulas do tensor
T
αβ
dão origemàs quatro relações seguintes:T
00
−
1
2
g
00
T =
exp ν
2
ρ + 3
p
c
2
T
11
−
1
2
g
11
T =
exp λ
2
ρ −
p
c
2
T
22
−
1
2
g
22
T =
1
2
ρ −
p
c
2
r
2
T
33
−
1
2
g
33
T =
1
2
ρ −
c
p
2
r
2
sin
2
θ
.Analogamente, al ulamosas omponentes não nulas dotensor
R
αβ
,segundo [1℄, que sãoR
00
= exp (ν − λ)
−
1
2
ν
′′
+
1
4
λ
′
ν
′
−
1
4
(ν
′
)
2
−
1
r
ν
′
R
11
=
1
2
ν
′′
−
1
4
λ
′
ν
′
+
1
4
(ν
′
)
2
−
1
r
λ
′
R
22
= exp (−λ)
1 +
1
2
ν
′
r −
1
2
λ
′
r
− 1
R
33
= R
22
sin
2
θ
,onde a linha omo super-índi e denota diferen iação om respeito a
r
. Substituindo as quantidades al uladas anteriormentena equaçãode Campo de Einstein (1.48),obtemososistema de equaçõesdiferen iais quetemos que resolver
exp (−λ)
−
1
2
ν
′′
+
1
4
λ
′
ν
′
−
1
4
(ν
′
)
2
−
1
r
ν
′
= ζ
ρ
2
+
3
2
p
c
2
(1.49)exp (−λ)
1
2
ν
′′
−
1
4
λ
′
ν
′
+
1
4
(ν
′
)
2
−
1
r
λ
′
= ζ
ρ
2
−
1
2
p
c
2
(1.50)exp (−λ)
1
r
2
+
1
2r
(ν
′
− λ
′
)
−
r
1
2
= ζ
ρ
2
−
1
2
p
c
2
, (1.51) ondeζ = −
8πκ
c
2
. Notemos quesótemos trêsequações, já queaequação queenvolveR
33
é laramente propor ionalàquela que envolveR
22
. Es revamos as equações de uma forma mais onveniente. Primeirosomamos (1.49)e (1.50) eobtemosζ
ρ +
p
c
2
= exp (−λ)
ν
′
+ λ
′
r
. (1.52)Notemosquese
ζ
énegativoeadensidadeepressãosão maioresouiguaisazero,impli a queν
′
+ µ
′
é positivoou zero só para o espaço livre de matéria,isto é
ρ = p = 0
. Agora podemos resolver(1.50) e(1.52) paraρ
ep
.Para a ter eira equação, eliminamos
ρ
ep
das equações (1.50) e (1.51), e obtemos o sistema simples de equaçõesdiferen iaisζρ = exp (−λ)
1
r
2
−
λ
′
r
−
r
1
2
(1.53)ζ
p
c
2
=
1
r
2
− exp (−λ)
1
r
2
+
λ
′
r
(1.54)exp (−λ)
r
2
=
1
r
2
−
1
4
(ν
′
)
2
+
1
4
λ
′
ν
′
+
1
2r
(ν
′
+ λ
′
) −
1
2
ν
′′
. (1.55) Em analogia om a soluçãode S hwarzs hild, denimos a funçãom (r)
, talqueexp (−λ) = 1 −
2m (r)
r
, (1.56)e lembremosque
m
é denida omo amassa geométri a(m = κM/c
2
)dentrodaesfera de
raio
r
. Derivando aequação (1.56), obtemos−
2
r
m
′
(r) = −
1
r
2
[r (1 − exp (−λ))]
′
= exp (−λ)
1
r
2
−
1
r
λ
′
−
1
r
2
, (1.57) e omparando (1.57) om a equação (1.53),obtemos aequaçãom
′
(r) =
4π
c
2
κρr
2
. (1.58)
Vemos que de (1.54) podemosresolver para
ν
′
,numa forma onveniente, a saber
ν
′
= 2
m + 4πκpr
3
/c
4
r (r − 2m)
. (1.59) Agora rela ionamosp
′
omν
′
. Diferen iamos (1.54)e usamos (1.55)para eliminar
ν
′′
, e obtemos−
8πκ
c
4
p
′
= −
r
2
3
+ exp (−λ)
1
r
2
λ
′
+
1
r
λ
′
ν
′
−
1
r
ν
′′
+
1
r
2
ν
′
+
2
r
3
=
1
2 r
exp (−λ) [λ
′
+ ν
′
] ν
′
.Comparando om a equação(1.52) obtemosa relação simplesentre
p
′
eν
′
p
′
c
2
=
−1
2
ν
′
ρ +
p
c
2
, (1.60) e nalmentep
′
= −
ρ +
p
c
2
m +
4πκpr
c
4
3
c
2
r (r − 2m)
, (1.61)onstruçãode modelos estrelares. É uma versão relativísti adas equações de Newton da
hidrodinâmi aemequilíbrio.
Em resumo, para denir um modelo estrelar, om simetria esféri a , no ontexto da
relatividadegeral, temos que resolvero seguinte sistemade equações diferen iais;
p = p (ρ)
(1.62)m
′
(r) =
4π
c
2
κρr
2
(1.63)p
′
= −
ρ +
c
p
2
m +
4πκpr
c
4
3
c
2
r (r − 2m)
(1.64)exp (−λ) = 1 −
2m (r)
r
(1.65)ν
′
= −
2p
′
ρc
2
+ p
(1.66)Asprimeirastrêsequaçõesnospermitemresolveroproblemadaestruturainterna,ouseja,
onhe er
m (r)
,p (r)
, eρ (r)
, e para isto pre isamos das ondições ini iais. As últimas duas equações dão onta da geometria, permitindo onhe er as omponentes do tensormétri o,am de onhe er a urvaturadoespaço-tempo. Notemosqueaequação(1.62)é
aequaçãodeestado dosistemade partí ulas, quevaidependerde omosão asinterações
entre os onstituintes do sistema. Em ontinuação, vamos pro urar uma equação de
estado para um sistema dado, que nos permita simular transições de fase de matéria,
tipogás-líquido. No apítuloseguinteapresentamos umbreve resumodateoriados gases
Gases Reais
No apítulo anterior, foi desenvolvida a teoria ne essária para modelar o interior de um
sistema de partí ulas, om simetria esféri a, no mar o da relatividadegeral. Obtivemos
um sistema de equações diferen iais não lineares de primeiro ordem (TOV), que dariam
onta de tais modelos. Não obstante, o sistema de equações pre isa de uma equação de
estadopara ser resolvido. Talequaçãode estadotemqueser apazde modelartransições
de fase de matéria,já que nosso objetivo é estudar omo éa geometria do espaço-tempo
duranteum evento de transição de fase de matéria. Um modelorazoável éassumir queo
sistema se omporta omo se fosseum gás real, om asseguintes restrições:
•
O sistemaestá onstituído porN
partí ulas idênti as om simetriaesféri a.•
Existe um poten ial de interação entre as partí ulas.•
O sistemapode ser onsiderado omo um uidoperfeito.•
O sistemasofre uma transição de fasetipogás-líquido.•
Camposexternos de todotipo são desprezíveis.Com tais restrições usaremos a me âni a estatísti a para en ontrar a equação de estado
idênti as.
Se onsideramos um sistema de partí ulas idênti as tal que seus onstituintes
interagem via um poten ial de duas partí ulas
U
ik
, podemos al ular aproximadamente aspropriedadestermodinâmi as dosistema. OHamiltonianorelativoao sistemaseráH =
N
X
i=1
−
→
P
2
i
2m
+
X
i,k, i<k
U
ik
(|−
→
r
i
− −
→
r
k
|) ,
(2.1)ondeo poten ialde interação
U
ik
sódepende dadistân ia|−
→
r
i
− −
→
r
k
|
entre as partí ulas. Afunção de partiçãose dene omoZ (T, V, N) =
1
N!h
3N
Z
d
3N
p exp
(
−β
2m
N
X
i=1
−
→
P
2
i
) Z
d
3N
r exp
(
−β
X
i,k, i<k
U
ik
)
,
onde vemos que asintegraisde momento não ausam di uldade e podem ser resolvidas
diretamente, de talformaque
Z (T, V, N) =
1
N!h
3N
2πm
β
3
N
2
Z
d
3N
r exp
(
−β
X
i,k, i<k
U
ik
)
.Expressando a exponen ial da somatória omo um produto de exponen iais, obtemos a
equação
Z (T, V, N) =
1
N!h
3N
2πm
β
3
N
2
Z
d
3N
r
Y
i,k, i<k
exp {−βU
ik
} ,
(2.2)edenindo a integral quefalta al ular omo
Q
N
(V, T ) =
Z
d
3N
r
Y
i,k, i<k
exp {−βU
ik
} ,
(2.3)podemos ver que, se
U
ik
= 0
, entãoQ
N
= V
N
e nosso resultado seria o típi o para
Para al ular
Z
(pelo menos aproximadamente), no aso no qualU
ik
6= 0
, usaremos o omportamento típi o dos poten iais de interação, ou seja, fortemente repulsivo parapequenasdistân iaseatrativoparapartí ulasdistantes,ouseja,
U
ik
= 0
ser
ik
→ ∞
, omo se vê nagura (2.1) Se pensamosnum gás om densidade baixa, isto pode signi arqueFigura2.1: Forma típi ade umpoten ial de interação.
aspartí ulasestãomuitoafastadasumasdas outras,tantoqueogásse omporta omose
fosse ideal. O mesmoéválidopara sistemas om altas temperaturas, postoque para este
aso podemos pensar quea energiapoten ial das partí ulas épequena omparada om a
energia inéti a
kT
e porém ainteração entre aspartí ulas edesprezível, tal omo para o aso dogás ideal. Conseqüentemente tentaremosexpandirZ
emtornodos asoslimites dogás ideal. Assim, sesupomos queβU
ik
≪ 1
, entãoexp {−βU
ik
} ≈ 1
, eaquantidadef
ik
, denida omof
ik
= exp {−βU
ik
} − 1
f
ik
≪ 1,
é um parâmetro apropriado para fazer a expansão, já que
f
ik
→ 0
sehr
ik
i → ∞
ouT → ∞
. Introduzindof
ik
noproduto de exponen iais daequação (2.3)Y
i,k, i<k
(exp {−βU
ik
} − 1) = 1 +
X
i,k, i<k
f
ik
+
X
i,k,l,m
f
ik
f
lm
+ ..,
e restringindonossas onsideraçõesaosprimeirosdois termos,temosquea equação(2.3),
a
Q
N
(V, T ) =
Z
d
3N
r
1 +
X
i,k,i<k
f
ik
+ ..
!
.Substituindo
f
ik
em formaexplí ita,temos que:Q
N
(V, T ) = V
N
+ V
N−2
X
i,k,i<k
Z
d
3
r
i
Z
d
3
r
k
(exp {−βU
ik
} − 1) + ..
, (2.4)onde oprimeirotermo
V
N
éidênti o aoresultadode
Q
N
(V, T )
paraogás ideal. Otermo seguinte representa a orreção dada pela interaçãoU
ik
. Substituindo as oordenadasdo entro de massas
−
→
R =
1
2
(−
→
r
i
+ −
→
r
k
) ,
e oordenadas relativas−
→
r = (−
→
r
i
− −
→
r
k
) ,
na integralde (2.4), temosqueQ
N
(V, T ) = V
N
+ V
N−1
N (N − 1)
2
Z
d
3
r (exp {−βU
ik
} − 1) + ...,
(2.5)vemos que existem
N(N −1)
2
pares de partí ulas omi < k
, que dão todas a mesma ontribuição paraZ
. Então, a m de expressarZ(T, V, N)
emforma simples, denimos aquantidadeA (T ) =
Z
d
3
r (exp {−βU
ik
} − 1) = 4π
∞
Z
0
r
2
dr (exp {−βU (r)} − 1) + ...,
(2.6)e voltando para a equação (2.2), usando os resultados obtidos até agora e onsiderando
que
N ≫ 1
, ou seja,N(N −1)
2
≈
1
2
N
2
, podemos nalmente dizer que, a função de partiçãoées rita da seguinteformaZ (T, V, N) =
1
N!
2πmkT
h
2
3
N
2
V
N
+ V
N
−1
1
2
N
2
A (T ) + ...
.Se ordenamos ostermos, obtemosa relaçãosimples:
Z (T, V, N) =
V
N
N!λ
3N
1 +
1
2V
N
2
A (T ) + ...
(2.7)Finalmentepodemos al ulara pressãodo sistema,lembrandoque
P = −
∂F
∂V
T,N
ondeF = kT ln Z
=⇒ p (T, N, V ) =
N kT
V
− kT
N
2 A
2V
2
1 − N
2 A
2V
2
e onsiderando que
A
é uma orreção pequena, temos que aequação de estadoép ≈
N kT
V
1 −
A
2
N
V
A equação (2.6) pode ser al ulada para um aso espe í o, onde o poten ial de
intera-ção
U(r)
seja onhe ido. Por exemplo, poderíamos usar o poten ial de Lennard-Jones, omumenteusado parasimular ainteraçãoentre dois átomos,equetemaseguinteformaU(r) = U
0
r
0
r
12
− 2
r
0
r
6
.
Estepoten ialapare eemdiversosmodelosdadinâmi amole ularepossuiummínimoem
r = r
0
noqualassume ovalorU(r
0
) = −U
0
. Eleé fortementerepulsivoparadistân ias pequenas(r ≪ 1)
e atrativo a grandes distân ias. O problema que apare e é o fato de queasintegraisaserem al uladassão ompli adas. Porém,usaremosumavariantedestepoten ialparasimpli araintegral(2.6),o hamadopoten ialde Sutherlanddado omo:
U(r) =
(
+∞
r < r
0
−U
0
r0
r
6
r ≥ r
0
)
.Na guraseguinte omparamos ospoten iaisde Lennard-Jones ede Sutherland. Usando
Figura 2.2: Comparação entre o poten ial de interação de Lennard-Jones e o poten ial de
Sutherland.
o poten ial de Sutherland e aequação (2.6), podemos al ular
A (T )
, talqueA (T ) = 4π
r0
Z
0
r
2
(−1) dr + 4π
∞
Z
r0
r
2
exp
βU
0
r
0
r
6
− 1
dr,
(2.9)e se
βU
0
≪ 1
, então, valequeexp
βU
0
r
0
r
6
≈ 1 + βU
0
r
0
r
6
+ ..
. (2.10)A (T ) ≈ −
4π
3
r
3
+ 4πβU
0
r
6
0
∞
Z
r0
1
r
4
dr,
(2.11)eresolvendo a integral, hegamosnaequação
A (T ) ≈ −
4π
3
r
3
0
(1 − βU
0
) ,
(2.12)que usaremos para determinar a forma nal da equação de estado. De fato,
substi-tuindo(2.12) naequação (2.8), obtemos
p =
N kT
V
1 + 2πr
0
3
N
3V
(1 − βU
0
)
,
eassim,nalmente,sees revemosapressãoemtermosdovolumeespe í o
v =
V
N
,vemos quea equação de estado pode ser es rita omoP =
N kT
v
1 + 2πr
3
0
N
3v
1 −
kT
U
0
.
(2.13)Aequação(2.13)podeseres ritadeumaformamais onhe ida,sereordenamosostermos,
e usamos o fato de que o volume
4πr
3
0
3
dos átomos é pequeno omparado om o volume espe í ov
. Vemos então quep −
2πr
3
0
U
0
3v
2
=
kT
v
1 +
2πr
3
0
3v
≈
kT
v
1 −
2πr
3
0
3v
−1
,
éexatamente igual àequação de estadode vander Waals.
p −
v
a
2
(v − b) ≈ kT
(2.14)paraos valores de
a
eb
dadospelas seguintes relações:a =
2π
3
r
3
0
U
0
b =
2π
3
r
3
0
(2.15)Tais parâmetros são ara terísti os de ada sistema. O parâmetro
a
depende da pro-fundidadeU
0
do poten ial e mede a intensidade da força de atração entre partí ulas. O parâmetrob
é hamadode ovolume.Foiobservado que um sistema de partí ulas que se omporta omo um gás real pode ser
modeladopelaequação de estado de van der Waals. Es revendo esta equação emtermos
da densidade, obtemosa equação
P =
kT ρ
1 − bρ
− aρ
2
. (2.16)
Denimos o ponto ríti o
(ρ
c
, P
c
, T
c
)
, omoo estado onde sesatisfaz o fato de que,tanto a primeira,quanto asegunda derivada da pressãosão nulas, ou seja∂P
∂ρ
(ρ
c
, T
c
) = 0
∂
2
P
∂ρ
2
(ρ
c
, T
c
) = 0
, (2.17) o que nos permite,si amente, ara terizaro limite de temperaturas para as quais podea onte er uma transição de fase. Isto equivalea dizer que não existem transiçõesde fase
para temperaturas superiores à ríti a. Oponto ríti o é al ulado fa ilmente, e resulta
ser talque
P
c
=
a
27b
2
ρ
c
=
1
3b
T
c
=
8a
27kb
, (2.18)ver [2℄. Se usamos estas quantidades naprópria equação de estado, a m de eliminar as
onstantes
a
,b
ek
,obtemos afamosa lei dos estados orrespondentes para gases reais,P
r
=
8T
r
ρ
r
3 − ρ
r
− 3ρ
r
2
, (2.19)a qualé independente dos parâmetros ara terísti osde ada gás. Nesta equação,
apare- em as hamadas oordenadas reduzidas,
P
r
,T
r
,ρ
r
, que são denidas pelas relaçõesP
r
=
P
P
c
ρ
r
=
ρ
ρ
c
T
r
=
T
T
c
.
(2.20)A equação (2.19) será usada para modelar nosso sistema nas fases de gás e de líquido.
Na regiãode oexistên iagás-líquido,faremosalgumasmodi açõesqueserãoexpli adas
mais adiante. O interessante de usar esta equação dos estados orrespondentes é o fato
de que ela éválida para todo sistema que tenha um omportamentodo tipode gás real,
Se xamos uma temperatura um pou o menor à ríti a (
T
r
< 1
), então o grá o da isoterma terá que manifestar uma transição de fase do tipo gás-líquido, tal omo émostrado no exemplo da gura (2.3). O problema que se apresenta é o fato de que tal
0
0,5
1
1,5
2
Densidade reduzida
ρ
r
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Pressão reduzida
P
r
Equação de estado de Van Der Waals
T
r
= 0.9
Figura 2.3: Grá o típi o de uma isortema de van der Waals, para sistemas em transição de
fase. Neste exemplo aisoterma é
T
r
= 0
, 9
equação de estado não é válida na região de transição de fase. De fato ela apresenta
in onsistên iasfísi asnotórias. Porexemplo,nagura(2.3)vemosqueexisteumaregião,
na qual
∂P
∂ρ
< 0
, e portanto temos que reestruturar a equação de estado na região de oexistên ia gás-líquido. Não obstante, só pre isamos lembrar que, segundo osexperi-mentos sobre transiçõesde fasesde matéria,ela a onte e para uma determinadapressão
onstante. Então,temos que onhe erovalordapressãopara aquala onte e atransição
de fase. Na seção seguinte usaremos a onstrução de Maxwell para al ular tal pressão
Para en ontrar o valor da pressão
P
0
, na qual a onte e a transição de fases, usamos a onstrução de Maxwell, que é ilustradana gura (2.4). Consideramos uma transição deFigura2.4: Pressãode oexistên iade fases.
fase gás-líquido, então na região de oexistên ia entre o líquido e o vapor se estabele e
uma pressão de equilíbrio
P
0
entre as fases. Tal pressão de equilíbrio, pode ser al u-lada segundo Maxwell, usando o fato de que as áreas es uras na gura (2.4) têm queser iguais. Esta ondição apare e naturalmente se onsideramos dois estados, um deles
puramentegasosos(de entropia
S
1
)eooutropuramentelíquidos(deentropiaS
2
). Então, a variaçãode energia interna dosistemaentre osdois estados édada pelaprimeiraleidatermodinâmi a
∆U = T (S
2
− S
1
) −
ρ3
Z
ρ1
P (ρ) dρ,
onde
P (ρ)
representa uma isoterma de van der Waals. Outro aminho para al ular a variaçãode energiaé usar o alor latentede transição de fases,que para este aso é:∆U = ∆Q − P
0
(ρ
3
− ρ
1
) ,
Assim, a ondição desejada para al ular
P
0
éρ3
Z
ρ1
P (ρ) dρ = P
0
(ρ
3
− ρ
1
) ,
(2.21)e vemos que as densidades que limitam a região de oexistên ia gás-líquido são
ρ
1
eρ
3
, tal omoéindi adonagura(2.4). Ou seja,asáreaslimitadaspelos pontosABCeCDE,nagura (2.4) têm queser iguais. Esta ondição nos propor ionaumaequação omtrês
in ógnitas, a saber
ρ
1
,ρ
3
,P
0
. As outras duas equações são dadas pelo fato de que os pontos(ρ
1
, P
0
)
e(ρ
3
, P
0
)
perten em à isoterma. Expli itamente o sistema de equações pararesolver está dado por8T
r
3 ln
3 − ρ
3
3 − ρ
1
+ ρ
3
3
− ρ
3
1
− ρ
3
+ ρ
1
= P
0
(ρ
3
− ρ
1
)
(2.22)P
0
=
8T
r
ρ
1
3 − ρ
1
− 3ρ
1
2
(2.23)P
0
=
8T
r
ρ
3
3 − ρ
3
− 3ρ
3
2
(2.24)O sistema será resolvido para uma temperatura
T
r
xa, usando o método de Newton-Raphson para sistemas de equações não lineares. Todos os resultados numéri os sãomostrados no apítulo 3. Uma vez onhe ida a região de oexistên ia, podemos armar
que a equação de estado válida na região de oexistên ia gás-líquido será da forma
P =
P
0
= constante
. Assim, em geral podemos armarque a equação de estado que modela umatransiçãodefasedotipogás-líquidoé ara terizadaporumafunção ontínuadivididaemtrês partes:
1. vander Waalspara
ρ < ρ
1
regiãodo gás;2.
P = P
0
paraρ
1
< ρ < ρ
3
região de oexistên iagás-líquido; 3. vander Waalsparaρ > ρ
3
regiãodo líquido.Notemosquetalfunção temderivadades ontínuaem
ρ = ρ
1
eρ = ρ
3
. Na seçãoseguinte, tentaremosresolvertalproblema,jáquepelaprópriadenição dotensor de urvatura,asomponentes damétri a são de lasse
C
2
, ou seja,a equaçãode estado tambémtem que
ser de lasse
C
2
de fase gás-líquido
Em ontinuação, redeniremos a equação de estado, a m de que ela seja de lasse
C
2
.
Para onseguir tal propósito, usaremos três equações de estado do tipo virial que nos
permitamsuavizaras interfa es dogás edo líquido.
Para simpli ar a notação, no momento de falar das quantidades reduzidas (
ρ
r
, P
r
, T
r
), eliminamosos sub-índi esr
.A região de oexistên ia gás-líquido será hamada simplesmente omo região de
oexis-tên ia.
Além doanterior, naseção seguinte usamos aseguintenomen latura:
P
(V )
=
equaçãode estado de van der Waals (na formareduzida).
P
(GC)
=
equação de estado tipo virial (na forma reduzida), válida nas proximidades de
ρ
1
, que suavizará o a oplamento entre as região do gás (G) om aquela de oexistên ia (C).P
(C)
=
equação de estado na regiãode oexistên ia.
P
(LC)
=
equação de estado tipo virial (na forma reduzida), válida nas proximidades de
ρ
3
,que suavizará oa oplamentoentre asregiãode oexistên iae aregiãodo líquido(L).2.5.1 Região do gás
A regiãode densidades baixas ( oroa)émodeladaporum sistemaque se omporta omo
um gás real. Ela é ara terizada pela equação de estado de Van Der Waals, e pode ser
es rita na formareduzida, segundo (2.19), omo
P
(V )
=
8T ρ
3 − ρ
− 3ρ
2
,
válida na região
ρ < ρ
1
, não obstante, no momento de a oplar esta equação de estado de Van Der Waals om a equação de estado válida na região de oexistên ia (P
(C)
(ρ) ≃
P
0
), tenhamos observado que a derivada da pressão emρ = ρ
1
não é ontínua. Porém, deniremos umpolinmiopara onseguir uma oplamentosuave entre asregiõesde gás ede oexistên ia,que hamaremos
P
(GC)
. Ointervalodedomíniode
P
(GC)
seráavizinhança
de
ρ
1
,queserádaformaρ
1
−χ < ρ < ρ
1
+ χ
,ondeχ
assumeumvalorpequeno,equeserá introduzidono ódigo omo valorde entrada. Assim, para um valordado deχ
,podemosP
(V )
=
8T ρ
3 − ρ
− 3ρ
2
ρ < ρ
1
− χ,
(2.25)assim,nosso interesseestá em resolverTOV e analisaro quea onte e quando
χ → 0
.2.5.2 Região da interfa e gás- oexistên ia
Noitemanterior,denimosopolinmio
P
(GC)
(ρ)
,válidonointervalo
ρ
1
−χ < ρ < ρ
1
+ χ
, que hamaremos regiãode interfa e gás- oexistên ia. Talpolinmiosatisfaz as seguintesondições
P
(GC)
(ρ
1
− χ) = P
(V )
(ρ
1
− χ)
(2.26)dP
(GC)
dρ
(ρ
1
− χ) =
dP
(V )
dρ
(ρ
1
− χ)
(2.27)d
2
P
(GC)
dρ
2
(ρ
1
− χ) =
d
2
P
(V )
dρ
2
(ρ
1
− χ) ,
(2.28) as quais são as ondições de a oplamento e suavidade da urva de Van Der Waals e opolinmio
P
(GC)
, no estado para o qual
ρ = ρ
1
− χ
. Analogamente existem mais três ondiçõesde a oplamentoesuavidade nooutroextremodointervalo(ρ = ρ
1
+ χ
),entre o polinmioP
(GC)
e o polinmio válido na região de oexistên ia
P
(C)
(ρ)
. Expli itamente as ondições sãoP
(GC)
(ρ
1
+ χ) = P
(C)
(ρ
1
+ χ)
(2.29)dP
(GC)
dρ
(ρ
1
+ χ) =
dP
(C)
dρ
(ρ
1
+ χ)
(2.30)d
2
P
(GC)
dρ
2
(ρ
1
+ χ) =
d
2
P
(C)
dρ
2
(ρ
1
+ χ) ,
(2.31) onde,temos que notarqueP
(C)
(ρ)
foi denida omo uma função onstantee igual a
P
0
, embora para resolver o sistema de equações TOV, faremos uma aproximaçãoapropri-ada, para assegurar a onvergên ia do ódigo. Deniremos
P
(C)
(ρ)
omo uma reta de
de lividadeextremamente pequena, mas não nula. Esta aproximação será expli ada em
detalhena seção seguinte. Agora nos interessa dar a formaexplí ita de
P
(GC)
(ρ)
.
Nota-mos que são seis as ondições que denem
P
(GC)
(ρ)
, porém basta denir
P
(GC)
(ρ)
de
grau in o, já que seus seis oe ientes serão determinadosde maneiraúni a, resolvendo