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Primeiro Encontro. Abordagem Teórica e Prática PROCESSO DE CONHECIMENTO TUTELAS PROVISÓRIAS. Profa. Cristiana Mendes

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(1)

20 Encontros

(2)

Primeiro Encontro

PROCESSO DE CONHECIMENTO

TUTELAS PROVISÓRIAS

Abordagem Teórica e Prática

Profa. Cristiana Mendes

(3)

PETIÇÃO INICIAL

(4)

O que vamos aprender no primeiro encontro?

Endereçamento

Identificação das Partes

Adesão ou não ao sistema multiportas

Causa de Pedir (Fatos e Fundamentos)

Pedidos

Valor da Causa

Provas

(5)

A

petição inicial

seguirá o desenvolvimento

procedimental estabelecido no NCPC. De acordo com o atual

artigo 318 do NCPC, se aplica a todas as causas o

procedimento comum, salvo disposição contrária deste

Código ou lei.

Desaparecimento do procedimento comum,

tanto o ordinário, quanto o sumário.

(6)

Meu processo foi distribuído no

rito sumário

.

Como fica com a vigência do novo CPC?

(7)

Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições

se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando

revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.

§ 1o As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,

relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos

especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas

e não sentenciadas até o início da vigência deste Código.

(8)

Primeira regra:

a ação foi proposta na égide do CPC 1973

(12.11.2015) sob o rito comum sumário e ainda não foi

sentenciado o processo ao tempo da entrada em vigor do

NCPC (18.03.2016) - deverá ter seu

prosseguimento

no rito

extinto, não sendo possível a conversão em procedimento

comum. Se aplicado o CPC 1973, a contestação deverá ser

apresentada em audiência de conciliação, sendo facultado ao

réu oferecer pedido contraposto em contestação.

(9)

MANDADO DE CITAÇÃO E INTIMAÇÃO Processo:

Distribuído em: 12.02.2015

Classe/Assunto: Procedimento Sumário – Ação Indenizatória Acidente de Trânsito Autor: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Representante Legal: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Réu: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Oficial: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

(10)

Nome da Parte Ré: Local da Diligência:

Data da Audiência: 26.05.2017 às 14:00. Local da Audiência:

O MM. Juiz de Direito, Dr.(a) XXXXXXXXXXXXXXX MANDA o Oficial de Justiça designado, em cumprimento ao presente, extraído dos autos do processo supracitado dirigir-se ao local indicado, ou onde lhe for apontado e proceder à CITAÇÃO da parte ré para tomar conhecimento e defender-se do presente processo e INTIMAÇÃO para comparecer à Audiência de Conciliação supra mencionada, nos termos do artigo 335, podendo oferecer oportunamente defesa escrita, sob pena de se presumirem aceitos como verdadeiros os fatos articulados pelo(a) autor(a), nos termos e de acordo com as peças fielmente transcritas, que ficam integrando este mandado. Que se cumpra na forma da lei. Eu, _ _ - Estagiário - Matr. o digitei e eu, _ _ , o subscrevo. Local e Data. Resp. pelo Expediente - Matr. Assino por ordem do MM. Juiz de Direito Código de Autenticação: Este código pode ser verificado em: (www.tjrj.jus.br – Serviços – Validação de documentos).

ADVERTÊNCIAS: As partes deverão portar documento de identidade e CPF, se pessoa física, e cópia do ato constitutivo, se pessoa jurídica.

(11)

“.... vem perante Vossa Excelência, mui respeitosamente, requerer se

digne

chamar o feito à ordem

, nos termos do artigo 1046, § único do

NCPC, em razão da necessidade de se conferir

ultratividade

à Lei no

5.869, de 11 de janeiro de 1973, porquanto aplicar-se-ão às ações

propostas e não sentenciadas até o início da vigência deste novo Código,

sendo o presente caso.

Assim sendo, em razão da

malversação do procedimento

, deverá

ser cancelada a Audiência de Conciliação, nos termos do artigo 335 do

NCPC e designada, em seu lugar, a Audiência de Conciliação, prevista

no artigo 277 do CPC 73, prosseguindo-se nesses termos.”

(12)

REQUISITOS ESTRUTURAIS DA PETIÇÃO

INICIAL COMPLETA

(13)

1 Na eventualidade de uma das partes ser

incapaz

,

deverá ser

representada

ou

assistida

pelos pais, tutor ou

curador. Vide art. 71, NCPC.

CC 2002 Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

CC 2002 Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015); III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015); IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

(14)

2 Se o autor for casado, será necessário

a prova da outorga

marital ou uxória

, valendo a mesma situação de

união

estável comprovada nos autos

, exceto no regime da

separação absoluta, em especial, para ações que exija a

correlata comunicação ao cônjuge ou companheiro. A

qualificação agora exige expressamente que o autor

afirme o estado civil das partes. Vide art. 73, §§ 1º e 2º,

do Novo CPC.

(15)

3

Em se tratando de pessoa com

idade igual ou superior a

60 anos

ou

portador de doença grave

, nos moldes da lei,

bem como se o processo for regido pelo ECA, o

advogado, deverá, initio litis,

provar tal condição

, e

requerer, por conseguinte, prioridade de tramitação do

procedimento judicial e independentemente de deferimento

pelo juiz

.

(16)

4

Quando

postular em causa própria

, incumbe ao advogado

declarar,

na petição inicial ou na contestação

, o endereço, seu

número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o

nome da sociedade de advogados da qual participa, para o

recebimento de intimações. Vide art. 106, NCPC.

(17)

5

Se o autor requerer a

gratuidade de justiça

na inicial, ainda

que não apreciado pelo r. juízo de primeiro grau, terá a parte

o direito subjetivo à apreciação, ou seja, apresentado o pedido,

e não havendo indeferimento expresso, não se pode, em

princípio, estabelecer uma presunção em sentido contrário ao

seu deferimento, mas sim a seu favor. DEFERIMENTO

IMPLÍCITO DA JUSTIÇA GRATUITA

.

Precedentes do

Superior Tribunal de Justiça

(18)

I.

DECLARAÇÃO DE ENQUADRAMENTO DE CONDIÇÃO LEGAL PARA

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO DO PROCEDIMENTO JUDICIAL.

Conforme documentos pessoais do Autor anexados à Inicial, este conta hoje com

anos de idade, fazendo, por isso, jus ao benefício da prioridade na tramitação de

procedimentos judiciais, nos termos da legislação pertinente. Assim, os fundamentos legais

para a prioridade de trâmite processual concedida ao idoso encontram-se no art. 1.048 do

Novo CPC (arts. 1.211-A, 1.211-B e 1.211-C do CPC/73) e no artigo 71 do Estatuto do

Idoso, respectivamente.

Requer, que se digne V. Exa., determinar a anotação na capa dos autos, para todos os

fins de direito.

(19)

1. REQUERIMENTO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.AFIRMAÇÃO DE POBREZA.

PRESUNÇÃO DE NECESSIDADE ECONÔMICA.

Conforme dispõe o artigo 98, do NCPC, a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira,

com insuficiência de recursos para pagar custas, despesas processuais e honorários advocatícios,

tem direito à gratuidade de justiça. No caso, o autor, pessoa natural, apresenta declaração de

pobreza que é suficiente para o exercício desse direito fundamental. Assim, a miserabilidade para

efeitos legais é comprovada por declaração do interessado, sob as penas da lei, de modo que o tema

não deve sofrer acréscimos de outros requisitos, os quais podem acabar por prejudicar ou

inviabilizar o direito dos declarados necessitados.

(20)

Como localizar o réu com a ajuda do NCPC?

(21)

Art. 319.

A petição inicial indicará:

I – o juízo a que é dirigida;

II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência

de união estável, a profissão, o número de inscrição no

Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da

Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a

residência do autor e do réu;

(22)

III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV.– o pedido com as suas especificações;

V.– o valor da causa;

(23)

VI.– as provas com que o autor pretende demonstrar a

verdade dos fatos alegados;

VII.– a opção do autor pela realização ou não de

audiência de conciliação ou de mediação.

§ 1o Caso não disponha das informações previstas no

inciso II, poderá o autor, na petição inicial,

requerer ao

juiz diligências necessárias a sua obtenção

.

(24)

Ferramentas do TJRJ:

• Sistema eletrônico BACENJUD

• Sistema eletrônico RENAJUD

• Sistema eletrônico INFOJUD- Sistema de

Informações ao Judiciário.

•Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte -

e-CAC da RFB. Convênio CNJ e SRF.

•Sistema eletrônico SIEL – Sistema de Informações

Eleitorais

(25)

“DILIGÊNCIAS PARA OBTENÇÃO DE ENDEREÇO DO

RÉU.

OBRIGAÇÃO

DO

CONSULTA

NO

AUTOR.

PEDIDO

DE

SISTEMA

INFOJUD.

INDEFERIMENTO. I - É do autor a incumbência de localizar e

informar os bens do devedor capazes de satisfazer o débito. Não

cabe ao judiciário efetuar buscas quando não comprovado que o

Autor esgotou as possibilidades para a localização dos referidos

bens.”

(26)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO.

DECISÃO QUE INDEFERE O PEDIDO DE

EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO BANCO CENTRAL

PARA QUE INFORME SOBRE A EXISTÊNCIA

DE CONTAS BANCÁRIAS E APLICAÇÕES

FINANCEIRAS EM NOME DO FALECIDO.

(27)

REFORMA QUE SE IMPÕE. PRINCÍPIOS DA

PREPONDERÂNCIA DA DECISÃO DE MÉRITO

(ART. 4º) E DA COOPERAÇÃO (ART. 6º)

PREVISTOS NO CPC-15. DESNECESSIDADE

DE

PRÉVIO

ESGOTAMENTO

DE

DILIGÊNCIAS

PARA

LOCALIZAÇÃO

DE

PESSOAS OU BENS.

1. É dever do magistrado

colaborar com as partes para fins de obtenção de

informações que levemà localizaçãode pessoas ou bens

através da expedição de ofícios, sem necessidade de

(28)

prévio esgotamento de diligências. Em havendo

necessidade de resguardar informações sigilosas,

bastar ordenar que o processo tramite em segredo de

justiça. 2. Em homenagem ao princípio da efetividade

da prestação jurisdicional, o Poder Judiciário deve

atender aos requerimentos da parte que visem a

localização do réu, ainda que não estejam esgotadas

"todas as diligências cabíveis", pela própria

subjetividade na interpretação do que seriam todas

essas diligências. 3. Inegável reconhecer que a

(29)

expedição de tais ofícios pelo juiz contribui

decisivamente para a razoável duração do processo,

pois, emmuitos casos, a parte não consegue obter, por

meios próprios, informações que seriam conseguidas

em poucos dias através de ordem judicial

. 4.

Provimento do recurso. 000431224.2017.8.19.0000

-AGRAVO

DE

INSTRUMENTO

Des(a).

LUCIANO SABÓIA RINALDI DE CARVALHO

-Julgamento: 22/03/2017 - SÉTIMA CÂMARA

CÍVEL.

(30)

§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito

da falta de informações a que se refere o inciso II

possível a citação do réu.

§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não

atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a

obtenção de tais informações tornar impossível ou

excessivamente oneroso o acesso à justiça.

, for

(31)

Não há mais exigência expressa de pedido de citação do réu, uma vez que proposta a ação contra o réu, é absolutamente nítido o desejo do autor de citação da parte contrária

.

(32)

A

A petição deve observar a identificação das partes,

exigindo-se

a qualificação completa do autor e do réu,

inclusive com o respectivo endereço eletrônico, o domicílio e

o endereço da residência

. Na petição inicial, cabe ao Advogado

inserir seu endereço físico e eletrônico, para todas as

finalidades jurídico-legais.

(33)

OBS: Identificação incompleta do (s) réu (s) não gera a inépcia

da inicial ( NCPC art. 330 ). Cabe ao autor pleitear ao Juiz

diligências necessárias à obtenção das informações. Ex:

Número do CPFMF ou CNPJ, tratando-se de pessoa física e

jurídica, respectivamente. Artigo 319, § 1º NCPC.

(34)

“Inicialmente, tendo em vista o novo requisito da petição inicial

colacionado no artigo 319, II, NCPC, observado o preconizado no

parágrafo primeiro do dispositivo, vem requerer se digne V. Exa.,

mui respeitosamente

, ordenar as diligências necessárias à obtenção da

inscrição do CPFMF e endereço eletrônico do réu, respectivamente,

através dos sistemas disponíveis e órgãos públicos e privados,

porquanto ao Poder Judiciário interessa a efetividade do processo e

a célere prestação jurisdicional.”

(35)

Aviso Conjunto TJ/CEDES 22/2015 TJRJ

Primeiras Impressões de Juízes Cíveis acerca do Novo Código de Processo Civil

ENUNCIADOS DOUTRINÁRIOS

Enunciado 22

: A petição inicial será indeferida quando não

atendida decisão que determinar a emenda à inicial, com vistas

à inclusão dos endereços eletrônico e físico do advogado, no

prazo de quinze dias.

(36)

Justificativa:

Levando-se em conta a exigência prevista no art. 287

do CPC de inclusão, na petição inicial, dos endereços eletrônico e

físico do advogado, aplicar-se-ão, por analogia, os artigos 106, I e

§ 1º; 319, II, e 321, parágrafo único, do CPC, a fim de que a

petição inicial seja indeferida no caso de do vício após consumação

do prazo para emenda de 15 dias. A referida exigência constitui

requisito da petição inicial, à semelhança daqueles enumerados nos

incisos do art. 319 do CPC/2.015, devendo, pois, receber o

mesmo tratamento jurídico.

(37)

Enunciado 29

: O juiz pode indeferir pedido de buscas de endereço

que extrapolem as ferramentas disponíveis no sistema

informatizado do TJRJ.

Justificativa: A busca pelo endereço do requerido não poderá eternizar o

processo, bastando o atendimento a formalidades já consideradas pela

jurisprudência do nosso E. TJRJ como suficientes. Assim, o § 1° do art. 319

do CPC é compatível com o Enunciado nº 292 da Súmula do TJRJ ("Para a

citação por edital não se exige a expedição de ofícios, mas apenas a certidão

negativa no endereço declinado na petição inicial e constante nos documentos

existentes nos autos e, ainda, a pesquisa nos sistemas informatizados doTJRJ").

(38)

“Agravo de Instrumento. Ação de Cobrança. Indeferimento do requerimento

de pesquisa aos sistemas informatizados para localização da ré. Aviso nº 55 de

2012. Enunciado nº 160 do TJERJ. Orientação do CNJ através da revisão

disciplinar n.º 0002260-94.2011.2.00.0000. Sendo meio eficaz para garantir

o aperfeiçoamento da lide, o indeferimento de consulta a sistemas

informatizados de fácil acesso ao magistrado (RENAJUD, INFOJUD

EBACENJUD) para tentar localizar a ré vai de encontro à busca da efetividade

e da duração razoável do processo. Provimento do recurso, nos termos do art.

557, §1º-A, do CPC” (0001045-49.2014.8.19.0000 - Agravo de Instrumento

-Des. Benedicto Abicair - Julgamento: 13/01/2014 - Sexta Câmara Cível).

(39)

Sentença julgando extinto o processo, sem julgamento de mérito, com fulcro no artigo 53, § 4º da

Lei 9.099/95, determinando a expedição de certidão de crédito (fl. 172). Recurso inominado

interposto pelo exequente alegando, em síntese, que foi fornecido endereço dos devedores, ainda não

diligenciado. Requer a anulação da sentença, com a baixa dos autos à origem, para prosseguimento da

execução, com expedição de mandado de penhora a ser cumprido no endereço fornecido (fls.

174/182). VOTO. Verifica-se que o recorrente não deu causa à morosidade do feito, tendo fornecido

endereço ainda não diligenciado. A extinção do processo com fundamento no artigo 53, § 4º da Lei

9.099/95, que depende do esgotamento dos meios para localização de bens passíveis de constrição.

Não foi verificada a viabilidade de efetivação de penhora no endereço fornecido na petição de fl. 148.

Antes do esgotamento de todas as medidas possíveis, não há que se falar em extinção do procedimento

de efetivação da sentença, por inexistência de bens passíveis de serem penhorados. Voto para que o

recurso seja conhecido e provido, para anular a sentença de fl. 172, determinando o prosseguimento

da execução até que sejam efetivamente esgotados os meios de satisfação do crédito. Sem condenação

em verbas de sucumbência.

(40)

B

A outra mudança foi

o sistema multiportas

que se torna

obrigatório para

as demandas que admitem autocomposição

.

Compete ao autor, na petição inicial, manifestar-se sobre a

adesão ou não.

(41)

CAPÍTULO V

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e

não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará

audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima

de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20

(vinte) dias de antecedência.

§ 4o A audiência não será realizada:

I.- se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na

composição consensual;

II.- quando não se admitir a autocomposição.

(42)

“i- Da possibilidade da resolução consensual do conflito:

O suplicante, desde logo, em se tratando de direitos que

admitem autocomposição, consente na realização de audiência

de conciliação ou mediação, tudo no escopo de garantir a

melhor solução à lide, prestigiando-se os avanços incorporados

pelo novo sistema processual”.

(43)

“i- Da renúncia à fase facultativa procedimental. Da inviabilidade da

resolução consensual do conflito.

O suplicante, desde logo, na forma do artigo 319, inciso VII c/c artigo 334,

II, parágrafo 4º do NCPC, esclarece expressamente a esse r. juízo, que não

pretende participar de audiência de conciliação ou mediação, em razão do

esgotamento das tratativas consensuais realizadas na fase pré-processual,

entendendo que a designação de audiência ou mediação não surtirá a eficácia

necessária, razão pela qual esse sistema multiportas se torna desinteressante no

caso em tela.”

(44)

Enunciado 28

: No silêncio da inicial, entende-se que será designada audiência

de conciliação ou mediação, sendo desnecessário despacho para emenda.

Justificativa: O Código tem como escopo a pacificação do litígio. Daí suas

regras instarem, em interpretação sistemática, ao enfrentamento do mérito.

Aliando esta conclusão ao sistemático intento de conciliar e não havendo sanção

para o caso de não apresentação de requerimento expresso, entende-se que

deverá ser designada audiência. A emenda não se justifica, pois a omissão não

dificulta o enfrentamento do mérito (art. 321 e 334, § 5º do CPC)

(45)

Duas questões práticas:

• O direito do autor de requerer a não realização da

audiência pode ser manifestado – por aditamento à

petição inicial – até a expedição da citação do réu.

O juiz também poderá dispensá-la com base na liberdade das

partes (negócio jurídico processual), conforme permissivo do

art. 190 do Novo CPC.

(46)

FIXAÇÃO DO VALOR DA CAUSA

(47)

Fixação de competência dos

Juizados Especiais Cíveis

(art. 3º, inc. I,

L. 9099,95 c/c art. 3º, L. 10.259, de 2001 c/c

art. 2º, L. 12.153, de 2009).

VIDE

PROJETO DE LEI DO SENADO

nº 50, de 2012.

(48)

No recolhimento das custas

judiciais que tem por base o cálculo

do valor da causa.

(49)

LEI Nº 3350, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1999.

DISPÕE SOBRE AS CUSTAS JUDICIAIS E EMOLUMENTOS DOS SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTROS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Art. 17 – São isentos do pagamento de custas judiciais:

I.- o beneficiário da justiça gratuita, observado o que

dispuser a legislação federal e estadual específica;

II. - o réu declarado pobre, nos feitos criminais;

(50)

III.– as revisões criminais; (Revogado pela Lei Estadual nº

6.369/2012);

IV.– os processos e recursos de habeas-corpus e

habeas-data, observado o que dispuser a legislação

federal e estadual específica;

V.– os feitos referentes a crianças e adolescentes em

situação irregular, observado o que dispuser a legislação

federal e estadual específica;

VI. – o agravo retido;

VII. - os embargos de declaração;

(51)

VIII.– as execuções, quando não distribuídas, e o

cumprimento de sentença;

IX.– a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios,

os Territórios Federais e as respectivas autarquias e

fundações públicas de direito público, exceto quanto aos

valores devidos a peritos, arbitradores e intérpretes;

X.– os maiores de 60 (sessenta) anos que recebam até

10 salários mínimos.

** Art 17 e incisos com nova redação dada pela Lei

7127/2015.

(52)

§ 1º - A isenção prevista neste artigo não dispensa as

pessoas de direito público interno, quando vencidas, de

reembolsarem a parte vencedora das custas e demais

despesas que efetivamente tiverem suportado.

§ 2º - As pessoas de direito público interno deverão

fornecer os meios para a realização das diligências que

requererem.

(53)

Para fins de fixação da multa

por ato atentatório à dignidade da

justiça (art. 77, § 2º, NCPC) e

litigância de má-fé (art. 81, NCPC).

(54)

POSTURAS DO MAGISTRADO DIANTE DA

PETIÇÃO INICIAL

(55)

Emenda ou complementação da petição inicial

no novo Processo Civil

Princípio da primazia da tutela de mérito

(56)

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os

requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e

irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,

determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende

ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou

completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz

indeferirá a petição inicial.

(57)

CAPÍTULO III

DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,

independentemente da citação do réu, julgará liminarmente

improcedente o pedido que contrariar:

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do

SuperiorTribunal de Justiça;

(58)

II.- acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo

SuperiorTribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III.- entendimento firmado em incidente de resolução de demandas

repetitivas ou de assunção de competência;

IV.- enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

(59)

§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o

pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de

prescrição.

§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em

julgado da sentença, nos termos do art. 241.

§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco)

dias.

§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do

processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação,

determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no

prazo de 15 (quinze) dias.

(60)

A petição inicial deve lançar pedido certo e determinado.

(61)

É possível formular pedido

genérico (

ilíquido

) de danos morais

no NCPC ?

(62)

CPC 73

. Art. 286. Todo pedido deve ser certo

ou determinado. (Leia-se “e” ao invés de “ou”).

Previu três hipóteses excepcionais.

STJ 73

. Em razão do artigo 282, II, admitia-se

a formulação de pedido genérico no dano moral.

(63)

Atenção: Ao autor, na sua petição, caberá

atribuir à causa o valor preciso do ressarcimento

pecuniário do dano moral pretendido (NCPC

artigo 292, inciso V).

(64)

Cuidado!

Existem hipóteses em que o dano moral

genérico é admitido no NCPC. Sustentam tal

tese os processualistas

Alexandre Freitas

Câmara

e

Felippe Borring

,

respectivamente.

(65)

a) Esse ato praticado pelo réu que causa dano

moral comporta duas espécies:

a.1)

ato findo ou que cessou seus efeitos.

Trata-se de um ato já consumado. Ex:

aparelho celular comprado com data de

entrega dois dias depois pela loja. Demora

(66)

excessiva de dois meses na entrega do

produto.

a.2)

ato não findo e que ainda produz

efeitos jurídico-legais

. Ex: compra de

foi

aparelho celular que

entregue, dois meses

avençada pela loja.

ainda não

depois da data

(67)

Segundo Luiz Dellore, Mestre e Doutor em

Direito Processual pela USP, a jurisprudência

formada à luz do CPC 1973 estimulava que o

pedido de dano moral fosse formulado de forma

irresponsável, dando origem a um fenômeno

muitas vezes denominado “

indústria do dano

moral

”. Isso porque:

(68)

(i) cabia pedido de dano moral de forma

genérica (ou seja, sem especificar o valor que se

pretendia receber); (ii) se o pedido fosse

genérico, ainda assim haveria interesse recursal

(portanto, se a parte não indicou o valor que

queria, e o juiz fixou em R$ 1 mil, cabia

(69)

recurso para majorar o valor); (iii) no caso de

parcial procedência (fixação em valor abaixo

do pleiteado), não haveria sucumbência do

autor (logo, se o autor pediu R$ 50 mil de

dano moral e a sentença condenou em R$ 5

mil, apenas o réu arcaria com a sucumbência).

(70)

STJ define valor de indenizações

por danos morais

* O STJ apenas altera os valores de indenizações fixados nas instâncias

locais quando se trata de quantia tanto irrisória quanto exagerada. Não

há um critério legal, objetivo e tarifado para a fixação do dano moral.

(71)

1- Eliminar a

subjetividade

na quantificação do dano moral;

II- Eliminar a chamada “

jurisprudência lotérica

”.

III- Pesquisar a jurisprudência sobre o tema.

IV- Atentar para a fixação de honorários sucumbenciais sobre

o proveito econômico não reconhecido. Atenção:

o NCPC

estabelece a fixação dos honorários sucumbenciais com base no

valor pleiteado, no caso de improcedência (art. 85, § 6º) e

impossibilidade de compensação (art. 85, § 14).

Modificando

(72)

sensivelmente o panorama dos honorários,

o NCPC deixou claro

que, no caso de improcedência, a sucumbência deve ser fixada

considerando o valor da causa ou o proveito econômico. Sendo

assim, se o pedido de dano moral for de R$ 100 mil, e for julgado

improcedente, deverá haverá a condenação sucumbencial em, no

mínimo, R$ 10 mil.

IV- O NCPC exige

mais cautela e prudência do Advogado

que deverá observar os patamares estabelecidos pelos

Tribunais em certas situações.

(73)
(74)

Questão Polêmica

Valemo-nos do seguinte exemplo

:

o autor pleiteia R$ 100 mil de danos morais,

e a indenização, procedente, é fixada em R$ 10 mil. No sistema do

CPC73, haveria apenas sucumbência do réu, que arcaria com os

honorários do autor. No sistema do CPC15, a sucumbência será

reciproca, de modo que o réu pagará honorários ao advogado do autor

(em 10%) e o autor pagará honorários ao advogado do réu (em 10% da

diferença entre o que foi pleiteado pelo autor e que foi concedido pelo

juiz, conforme Enunciado 14 da ENFAM.

(75)

ENFAM ENUNCIADO 14 Em caso de sucumbência

recíproca, deverá ser considerada proveito econômico do réu,

para fins do art. 85, § 2º, do CPC/2015, a diferença entre o

que foi pleiteado pelo autor e o que foi concedido, inclusive

no que se refere às condenações por danos morais.

(76)

Em síntese, o autor receberia R$ 10 mil a

título de danos morais, ao passo que pagaria R$

9 mil de honorários ao advogado do réu – e,

sustenta-se, doutrinariamente, que os honorários

poderiam ser retirados do montante relativo ao

pagamento da indenização.

(77)

Enunciado 24

: A petição inicial deverá indicar o valor

pretendido a título de indenização por dano moral, sob pena

de indeferimento por inépcia.

Justificativa: Considerando-se que o valor da causa é requisito

da petição inicial, na forma do art. 319, V, do CPC, bem

como que o novo regramento processual, em seu art. 292, V,

exige a indicação do valor pretendido pela parte a título de

(78)

indenização por dano moral,

a sua ausência acarretará

o indeferimento da exordial no caso de não

suprimento do vício no prazo de 15 dias.

O

enunciado faz-se necessário para desconstruir entendimento

arraigado na prática forense no sentido de que o valor

pretendido de indenização por lesão extrapatrimonial

constitui pedido genérico, a dispensar apontamento de valor

líquido.

(79)

Fundamentação. A parte deverá na exordial identificar os

fundamentos determinantes ou demonstrar a existência de

distinção no caso em julgamento ou a superação do

entendimento, sempre que invocar jurisprudência, precedente

ou enunciado de súmula.

(80)

Assim sendo,

afigura-se incontroversa a superação da

Súmula 115 do STJ, em razão dos dispositivos 932, parágrafo único,

76,

§

2º, 104, § 2º e 1029, § 3º, todos do NCPC, que consagram o

Princípio da Primazia da Tutela de Mérito, em razão da mudança de

regra, estando a jurisprudência em confronto com o espírito cooperativo

do novo sistema, assegurando-se, por força do artigo 5º, inciso XXXV

da CRFB, o acesso aos resultados efetivos do processo.”

(81)

Direito à produção probatória. Deve ser indicada na

petição inicial quais as espécies probatórias que o sujeito

pretende realizar.

(82)

O documento consistente em reprodução em

mídia

eletrônica ou fonográfica

deverá constar na petição inicial,

mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se

previamente as partes (art. 434, § único, NCPC). Em sendo

impossível sua juntada, por se tratar de autos eletrônicos,

poderá requerer o acautelamento no cartório ( art. 11,§ 5º, lei

11.419, de 2006 ), através, por exemplo, de CD-ROM ou pen

drive.

(83)

Material Complementar

(84)

CASO PRÁTICO-PROFISSIONAL:

Reparação dos danos morais nos casos de inscrição

indevida do nome do devedor. Outras negativações do

Consumidor. Da figura do credit scoring. Negativa de

crédito. Dano moral.

(85)

Súmula 323, do STJ: A inscrição do nome do devedor

pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até

o prazo máximo de cinco anos, independentemente da

prescrição da execução.

Súmula 359, do STJ: Cabe ao órgão mantenedor do

cadastro de proteção ao crédito a notificação do devedor

antes de proceder à inscrição.

Sumula 385, do STJ: “Da anotação irregular em cadastro

de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano

moral,

quando

preexistente

legítima

inscrição,

ressalvado o direito ao cancelamento”.

(86)

Lei 8078, de 1990.

SEÇÃO VI

Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no

art. 86, terá acesso às informações existentes em

cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo

arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas

fontes.

(87)

§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem

ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil

compreensão, não podendo conter informações negativas

referentes a período superior a cinco anos.

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados

pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito

ao consumidor, quando não solicitada por ele.

§

O

consumidor,

sempre

que

encontrar

inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua

(88)

imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de

cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais

destinatários das informações incorretas.

§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a

consumidores, os serviços de proteção ao crédito e

congêneres

público.

são considerados entidades de caráter

§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de

débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos

(89)

respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer

informações que possam impedir ou dificultar novo

acesso ao crédito junto aos fornecedores.

§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste

artigo devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis,

inclusive para a pessoa com deficiência, mediante

solicitação do consumidor. (Incluído pela Lei nº 13.146,

de 2015).

(90)

O CDC, em seu art. 43, ao regular os arquivos de consumo,

deixou expresso:

a) direito de acesso do consumidor às

informações existentes sobre ele nesses cadastros e bancos de

dados, além das respectivas fontes; b) dever de clareza dos

arquivos; c) direito de retificação de informações incorretas;

d) fixação de uma vida útil para essas informações (cinco

anos).

(91)

STJ Informativo 551

RECURSO ESPECIAL Nº 1.419.697 - RS

RELATOR: MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO. j. 12.11.2014

(...) “O objeto central dos dois recursos especiais representativos de controvérsia situa-se na

avaliação da licitude do chamado credit scoring como sistema de avaliação do risco de concessão de crédito. Essa análise será desenvolvida nos seguintes tópicos: a) conceito de credit scoring; b) avaliação do risco de crédito nos contratos em geral; c) regulamentação dos arquivos de consumo pelo CDC; d) a Lei do Cadastro Positivo (Lei n. 12.414⁄2011); e) licitude do sistema credit scoring; f) limites: privacidade e transparência; g) dano moral. 1)

Conceito de credit scoring. O chamado credit scoring, ou simplesmente credscore, é um sistema de pontuação do risco de concessão de crédito a determinado consumidor. Trata-se de um método desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis de decisão, com atribuição de uma nota ao consumidor avaliado

91

(92)

conforme a natureza da operação a ser realizada. Aproveitando-se da facilidade contemporânea de acesso aos bancos de dados disponíveis no mercado via internet, algumas empresas desenvolveram fórmulas matemáticas para avaliação do risco de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis de decisão, atribuindo uma nota ao consumidor. (...) Consideram-se informações acerca do adimplemento das obrigações (histórico de crédito), assim como dados pessoais do consumidor avaliado (idade, sexo, estado civil, profissão, renda, número de dependentes, endereço). Por exemplo, no presente processo (Recurso Especial n. 1.419.697⁄RS), foi realizada a análise do risco de crédito da parte autora, ora recorrida (fl. 21). Esclareceu-se, inicialmente, a metodologia de cálculo do SCPC Score Crédito, dizendo-se o seguinte: O SCPC Score Crédito agrupa os consumidores em faixas de risco, tendo como parâmetro o comportamento médio esperado em termos de inadimplência baseado no histórico de informações de mercado compartilhadas em nossas bases. A pontuação do Score varia de 0 a 1.000 e indica menor risco para a concessão de crédito a medida que se aproxima de 1.000. Em seguida, atribuiu-se ao consumidor uma pontuação de 553, prestando-se, ainda, informações de que não constaria nenhum registro de débito, protesto, cheque ou ação civil para o documento avaliado. A polêmica central

do presente processo, devolvida ao conhecimento desta Corte, situa-se exatamente na

(93)

verificação da licitude desse método de avaliação do risco de crédito. 2) Avaliação do risco

de crédito nos contratos em geral. (...) Nos contratos de consumo, realizados em uma sociedade marcada pela massificação e pelo anonimato, os métodos tradicionais de avaliação do crédito passaram a se mostrar inadequados. Recorde-se que, antes da disseminação da internet como sistema de comunicação, previamente à celebração de um contrato de compra e venda de um eletrodoméstico em uma loja, era preenchida uma ficha cadastral com pedido de concessão de crédito, com a indicação das informações comerciais do interessado para avaliação de seu risco de crédito diretamente pelo lojista. Essa ficha cadastral era arquivada pela própria empresa, formando o seu cadastro de clientes. No comércio, passou a ser sentida a necessidade de um maior dinamismo na troca dessas informações arquivadas nos cadastros de cada lojista. (...) 3) Regulamentação dos arquivos de consumo pelo CDC. Os cadastros de

devedores e os bancos de dados de proteção ao crédito, como modalidades de arquivos de consumo, receberam uma atenção especial do legislador do CDC, tendo sido devidamente regulamentados pelo art. 43 da Lei 8078⁄90 (CDC). Ressalte-se que o CDC não restringiu sua

regulamentação aos cadastros ou bancos de dados de informações negativas (arquivos negativos), embora tenham-se tornado os mais comuns no mercado até poucos anos atrás

(94)

brasileiro de proteção do consumidor inseriu-se na preocupação mundial com a proteção da privacidade do consumidor ensejada pelo desenvolvimento da informática, embora, no início da década de noventa, a internet ainda fosse incipiente no Brasil. (...) Cadastro Positivo: comentários à Lei 12.414⁄2011. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 59): Apesar

dessas diferenças estruturais, é possível identificar parâmetros de consenso na definição de alguns direitos e limites no tratamento de dados pessoais. Ambos os modelos estabelecem o direito de acesso às informações pessoais, a possibilidade de se exigir retificação dos dados inexatos, a ideia de que os dados devem ser colhidos e utilizados para finalidades legítimas e previamente identificadas, a exigência de que os dados devem ser verdadeiros, atualizados, objetivos, relevantes, não excessivos. Acrescentem-se, ainda, o princípio de que o tratamento de dados devem observar limites temporais, bem como o princípio da segurança, vale dizer, devem ser adotadas medidas de segurança para impedir o acesso não autorizado aos dados. Sem opção explícita por qualquer modelo, os parâmetros indicados foram absorvidos pelo legislador brasileiro, ao menos no que concerne ao tratamento de informações pelos bancos de dados de proteção ao crédito, cuja regulamentação se dá a partir de diálogo entre o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078⁄90) e a Lei 12.414⁄2011. Esse é o contexto em que deve ser situada a regulamentação procedida, em

(95)

1990, pelo CDC e, em 2011, pela Lei n. 12.414⁄2011, denominada de lei do cadastro positivo. Ressalte-se que o CDC, em seu art. 43, bem como a lei do cadastro positivo não proíbem os arquivos de consumo (cadastros e bancos de dados), estabelecendo apenas normas para o seu controle. Aliás, os bancos de dados e os cadastros negativos receberam pleno reconhecimento pela jurisprudência do STJ, desde o seu início, merecendo lembrança a referência feita pelo Ministro Ruy Rosado de Aguiar Júnior no julgamento do Recurso Especial n. 22.337⁄RS. (...) Naturalmente, conferindo-se efetividade ao CDC, consolidou-se a jurisprudência do STJ no sentido da necessidade do controle, inclusive com a edição de várias súmulas acerca do tema, relembrando-se exemplificativamente alguns enunciados sumulares: Súmula 323⁄STJ: A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução. Súmula 359⁄STJ: Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição. Súmula

385⁄STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. Nos últimos anos, esses cadastros de registros de informações negativas passaram

a ser questionados pelo mercado de consumo, pois, sinalizando apenas o mau pagador, não

(96)

valorizam o bom consumidor, que cumpre corretamente as suas obrigações. Assim, após vários anos de discussão, foi editada a Lei n. 12.414⁄2011, conhecida por lei do cadastro positivo. 4) A Lei do Cadastro Positivo (Lei n. 12.414⁄2011) A Lei n. 12.414⁄2011 foi antecedida da Medida Provisória nº 518, de 30⁄12⁄2010, sendo denominada de lei do cadastro positivo por estatuir normas voltadas à disciplina e consulta a bancos de dados com informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas jurídicas, para a formação de histórico de crédito. (...) 3. Importa destacar, que a criação do histórico de crédito será particularmente benéfica para os bons pagadores de baixa renda, que em geral são percebidos pelo mercado como de alto risco, e, por isso, pagam as mais altas taxas de juros. 4. Ao disciplinar a formação do histórico de crédito, esta medida provisória estabeleceu regras claras sobre as garantias e os direitos dos cidadãos em relação às suas informações pessoais, de modo a permitir a adequada proteção da privacidade do cidadão e possibilitar o tratamento de dados pessoais sob um patamar de licitude e boa-fé. Os dados

pessoais merecem uma tutela importante pelo ordenamento jurídico, pois eles representam a própria pessoa e o seu tratamento influencia diretamente a sua vida, modelando e vinculando a sua privacidade e também as suas oportunidades, escolhas e possibilidades.

A sua utilização, portanto, deve ter como fundamento a autodeterminação de cada pessoa em

(97)

suas próprias informações, permitindo que o cidadão possa escolher livremente a sua entrada no cadastro, bem como o seu cancelamento. 5) Licitude do sistema credit scoring e seus limites. A

avaliação da licitude do sistema credit scoring deve partir da premissa de que não se trata de um cadastro ou banco de dados de consumidores, mas de uma metodologia de cálculo do risco de crédito, utilizando-se de modelos estatísticos e dos dados existentes no mercado acessíveis via internet. Constitui, em síntese, uma fórmula matemática ou uma ferramenta estatística para avaliação do risco de concessão do crédito. A Lei n. 12.414⁄2011 faz menção

expressa aos sistemas de análise do risco de crédito em pelo menos dois momentos: Art. 5º - São direitos do consumidor cadastrado: (...) IV - conhecer os principais elementos e critérios considerados para a análise do risco de crédito, resguardado o segredo empresarial”. Art. 7º - As informações disponibilizadas nos bancos de dados somente poderão ser utilizadas para: I – realização de análise de risco de crédito do cadastrado. Assim, essa nova prática comercial é lícita, mas deve respeito aos princípios basilares do sistema jurídico brasileiro de proteção do consumidor, desenvolvido no sentido da tutela da privacidade e da exigência da máxima transparência nas relações negociais, partindo do Código Civil, passando pelo CDC e chegando-se a Lei n. 12.414⁄2011. 6) Privacidade: No aspecto relativo à privacidade, devem ser respeitados

(98)

os direitos fundamentais previstos no art. 5º, X, da Constituição Federal (“X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material e moral decorrente de sua violação”), com especial destaque para os direitos de personalidade regulamentados pelo Código Civil de 2002 (artigos 11 a 21(...) No Brasil, a proteção da honra e da privacidade constituem tanto direitos fundamentais contemplados no art. 5º, X, da Constituição Federal, como direitos da personalidade, regulados pelos artigos 11 a 21 do Código Civil. 7) Transparência e boa-fé na prestação de informações: O Código de Defesa do

Consumidor, em seu art. 4º, ao traçar os princípios reitores da política nacional das relações de consumo, faz expressa referência à transparência (“caput”) e à boa-fé (inciso III), que são complementares entre si. O princípio da transparência busca estabelecer, na lição de Cláudia Lima Marques, “uma relação contratual mais sincera e menos danosa entre consumidor e fornecedor”. E complementa: “Transparência significa informação clara e correta sobre o produto

a ser vendido, sobre o contrato a ser firmado, significa lealdade a respeito das relações entre fornecedor e consumidor, mesmo na fase pré-contratual, isto é, na fase negocial dos contratos de consumo” (MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999, p.286). Lembra Cláudia Lima Marques que

98

(99)

transparência “não deixa de ser um reflexo da boa-fé exigida aos agentes contratuais (op. cit., p. 343). O princípio da boa-fé objetiva, devidamente positivado tanto no CDC (art. 4º, III, e art. 51, IV), como no Código Civil de 2002 (artigos 113, 187 e 422), constitui um modelo de conduta social ou um padrão ético de comportamento, que impõe, concretamente, a todo o cidadão que, na sua vida de relação, atue com honestidade, lealdade e probidade. Não deve ser confundido com a boa-fé subjetiva (guten Glauben), que é o estado de consciência ou a crença do sujeito de estar agindo em conformidade com as normas do ordenamento jurídico (v. g. posse de boa-fé, adquirente de boa-fé, cônjuge de boa-fé no casamento nulo). (...) A

partir do CDC, esse obstáculo foi superado, pois a boa-fé foi consagrada como um dos princípios fundamentais das relações de consumo (art. 4º, III) e como cláusula geral para controle das cláusulas abusivas (art. 51, IV). (...) Caracterizado abuso de direito pela utilização de informações sensíveis, excessivas, incorretas ou desatualizadas, a responsabilidade civil pelos danos materiais e morais causados ao consumidor consultado será objetiva e solidária do fornecedor do serviço de “credit scoring”, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do consulente (art. 2º da lei do cadastro positivo), nos termos do art. 16 da Lei n. 12.414⁄2011, verbis: Art. 16. O banco de dados, a fonte e o consulente são responsáveis objetiva e solidariamente pelos danos materiais e morais

99

(100)

que causarem ao cadastrado. Enfim, devem ser respeitados os limites traçados pela legislação brasileira, especialmente pelo CDC e pela Lei n. 12.414⁄2011, no sentido da proteção da privacidade do consumidor consultado e da máxima transparência na avaliação do risco de crédito, sob pena de caracterização de abuso de direito com eventual ocorrência de danos morais. 9) Dano moral A última questão a ser enfrentada diz com o reconhecimento da ocorrência de dano moral nos casos de excesso na utilização do sistema. Não há dúvida que o desrespeito à regulamentação legal do sistema “credit scoring”, por constituir abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a ocorrência de danos morais. A simples circunstância, porém, de se atribuir uma nota insatisfatória a uma pessoa não acarreta, por si só, um dano moral, devendo-se apenas oportunizar ao consumidor informações claras acerca dos dados utilizados nesse cálculo estatístico. Entretanto, se a nota atribuída ao risco de crédito decorrer da consideração de informações excessivas ou sensíveis, violando sua honra e privacidade, haverá dano moral “in re ipsa”. No mais, para a caracterização de um dano extrapatrimonial, há necessidade de comprovação de uma efetiva recusa de crédito, com base em uma nota de crédito baixa por ter sido fundada em dados incorretos ou desatualizados.

(101)

Teses sugeridas: 1) O sistema “credit scoring” é um método desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito, a partir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis, com atribuição de uma pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de crédito). 2) Essa prática comercial é lícita, estando autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art. 7º, I, da Lei n. 12.414⁄2011 (lei do cadastro positivo). 3) Na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n. 12.414⁄2011. 4) Apesar de desnecessário o consentimento do consumidor consultado, devem ser a ele fornecidos esclarecimentos, caso solicitados, acerca das fontes dos dados considerados (histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas. 5) O desrespeito aos limites legais na utilização do

(102)

sistema “credit scoring”, configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilidade objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de dados, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei n. 12.414⁄2011) pela ocorrência de danos morais nas hipóteses de utilização de informações excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei n. 12.414⁄2011), bem como nos casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo uso de dados incorretos ou desatualizados.

Referências

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