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XVII CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA E INDUSTRIAL

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Academic year: 2021

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XVII CONGRESSO NACIONAL DE

ENGENHARIA MECÂNICA E INDUSTRIAL

ANÁLISE MICROESTRUTURAL E DE MICRODUREZA DA LIGA Ti-35Nb-2Sn APÓS SOLDAGEM TIG

Isabella Oliveira Gomes da Cunha (1) (isabella.oliveira.net@gmail.com), Alessandra Gois Luciano de Azevedo (1) (alessandragois@gmail.com), Sandro Griza (2) (sandro.griza@gmail.com)

(1)Universidade Federal de Sergipe (UFS); Departamento de Engenharia Mecânica

(2)Universidade Federal de Sergipe (UFS); Departamento de Engenharia de Materiais

RESUMO: As ligas de titânio possuem características que as tornam aplicáveis em diversas áreas. Entretanto,

é preciso maior conhecimento tanto metalúrgico como de comportamento mecânico para que estas ligas possam ser normatizadas e aplicadas industrialmente. No presente estudo foi analisada a liga de titânio do tipo β, de composição Ti-35Nb-2Sn e fabricada por laminação a frio. Os corpos de prova foram submetidos a soldagem TIG por simples deposição e sem metal de adição. As amostras foram divididas em solubilizadas e não solubilizadas. Após a soldagem foi realizada análise metalográfica e ensaio de microdureza Vickers. Os resultados mostraram a formação de alguns poros na zona fundida das amostras, bem como uma microestrutura tipicamente dendrítica para esta região. Notou-se também a formação de estruturas metaestáveis. A transição entre a zona fundida e o metal de base se mostrou mais definida para as amostras não solubilizadas do que para as amostras solubilizadas. A avaliação de microdureza revelou um aumento de dureza da zona fundida quando comparada com a zona afetada pelo calor e o metal de base, com perfil de curva semelhante para os dois tipos de amostra.

PALAVRAS-CHAVE: ligas de titânio do tipo β, caracterização microestrutural, soldagem TIG, microdureza,

ligas de TiNbSn.

MICROSTRUCTURE AND MICROHARDNESS ANALYSIS OF THE Ti-35Nb-2Sn ALLOY AFTER TIG WELDING

ABSTRACT: Titanium alloys have characteristics that make them applicable in several areas. However, both

metallurgical and mechanical behavior are required for these alloys to be standardized and applied industrially. In the present study, titanium alloy of β type, composition Ti-35Nb-2Sn and manufactured by cold rolling was analyzed. The specimens were submitted to TIG welding by simple deposition and without addition metal. The samples were divided into solubilized and non solubilized. After the welding, a metallographic analysis and a Vickers microhardness test were performed. The results showed the formation of some pores in the fusion zone of the samples, as well as a typically dendritic microstructure for this region. The formation of metastable structures was also noted. The transition between the fusion zone and the base metal was more defined for the non-solubilized samples than for the solubilized samples. The microhardness evaluation revealed an increase in hardness of the fusion zone compared to the heat-affected zone and the base metal, with similar curve profile for the two sample types.

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de novos materiais que atendam às necessidades humanas tem grande importância para o avanço tecnológico. No campo da indústria metalúrgica, por exemplo, busca-se o desenvolvimento de ligas que apresentem boas propriedades mecânicas para aplicações estruturais, ou seja, boa ductilidade, alta resistência mecânica e leveza.

As ligas de titânio possuem características interessantes que as tornam aplicáveis em diversas áreas. Nesse contexto, o estudo do uso do nióbio e do estanho em ligas de titânio para aplicações médicas têm sido frequentes devido à alta biocompatibilidade e capacidade de promoverem a redução do módulo de elasticidade (SÁ, 2013). As ligas TiNnSn são ligas do tipo β e com os tratamentos termomecânicos adequados podem ter suas propriedades melhoradas, ampliando o seu potencial para aplicações tanto no setor biomédico como nas indústrias aeroespacial e de energia, entre outras.

Como um dos principais processos de fabricação de produtos e estruturas metálicas é a soldagem, sentiu-se a necessidade de se estudar o comportamento dessas ligas após este processo. Na soldagem a arco, o calor é elemento essencial à execução de uniões soldadas, entretanto, também pode representar problemas devido às transformações metalúrgicas que ocorrem tanto na zona fundida como na zona afetada pelo calor.

1.1. Objetivos

O principal objetivo foi aprofundar os conhecimentos sobre ligas de Ti-35Nb-2Sn deformadas a frio, investigando sua microestrutura e microdureza após o processo de soldagem TIG com a finalidade de agregar conhecimento a esta liga, ampliando as opções de aplicação. Sendo os objetivos específicos descritos a seguir:

 Realizar o processo de soldagem TIG em amostras da liga de TiNbSn (deformadas a frio e deformadas a frio seguida por solubilização);

 Caracterizar microestruturalmente a zona de solda das ligas utilizando-se as técnicas de microscopia óptica (MO);

 Verificar variações de dureza entre os grupos de amostra analisados.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

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As ligas analisadas neste estudo foram produzidas de acordo com estudos prévios (LIMA, 2017; AZEVEDO et al, 2017). As matérias-primas selecionadas foram titânio, nióbio e o estanho, nas formas de chapas, cavacos e grânulos, respectivamente. Após limpeza prévia, o titânio e o nióbio foram cortados em pequenos pedaços e adicionados ao estanho granulado no cadinho para fusão no forno Analógica Instrumental e Controle modelo AN9270, composto de um cadinho de cobre refrigerado com água e eletrodo não consumível de tungstênio submetido a uma atmosfera de argônio (99,99%). Os lingotes foram refundidos 6 vezes para uma boa homogeneização dos elementos químicos na microestrutura (Figura 1 (a)).

Foi realizado o tratamento térmico de homogeneização para eliminação de tensões residuais e redução de heterogeneidades microestruturais. Esse tratamento foi realizado no forno modelo FL-1300 Maitec a 1000 ºC durante 4 horas e resfriamento lento no interior do forno. Foi realizada também a solubilização com a finalidade de produzir a microestrutura constituída de grãos β. Na solubilização, os lingotes foram aquecidos até 900°C e mantidos durante 15 minutos, durante esse tempo as partículas de segunda fase foram dissolvidas na matriz β, por fim ocorreu o resfriamento brusco em gelo para garantir a manutenção da fase β supersaturada.

FIGURA 1. a) Lingote de 280 g produzido no forno de fusão. b) Imagem de uma chapa após a laminação a frio. Fonte: LIMA, p.37 e p.39 (2017).

Foi realizado o tratamento termomecânico. Primeiramente, foram realizados passes de laminação a quente nos lingotes a 850ºC até obter a espessura final de 10 mm. Em seguida, as chapas foram solubilizadas novamente (com os mesmos parâmetros anteriores) e o processo de laminação a frio foi realizado até produzir uma deformação verdadeira de 80% (correspondente a 55% de redução da espessura), com espessura final de 4,5 mm, conforme mostrado na Figura 1 (b) (LIMA, 2017).

2.2. Preparação dos corpos de prova

No desenvolvimento deste estudo, foram utilizados quatro corpos de prova da liga de Ti-35Nb-2Sn, de dimensões 10 mm x 10 mm x 4,5 mm, aproximadamente.

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Todos os quatro corpos de prova foram obtidos pelo mesmo processo de laminação a frio. Entretanto, dois deles passaram posteriormente pelo tratamento de solubilização que ocorreu no forno modelo FL-1300 Maitec a 900°C por duas horas, seguido por resfriamento rápido em gelo (0°C).

2.3. Soldagem TIG da liga Ti-35Nb-2Sn

Devido ao tamanho reduzido das amostras optou-se por realizar a soldagem por simples deposição, sem material de adição, sendo realizada a abertura de um ponto de solda sobre cada amostra, analisando, desta forma, a influência do ciclo térmico sobre o material. A soldagem foi realizada por uma máquina de solda TIG Castolin Eutectic DPT 350 HD, os parâmetros utilizados foram:

 Eletrodo de tungstênio com 2% tório – 2,4 mm de diâmetro  Gás de proteção: argônio – pressão: 8 bar – vazão: 9 litros/min  Altura do arco: 3 mm (aproximadamente)

O critério utilizado para a escolha destes parâmetros foi a formação de uma poça de fusão com penetração suficiente para análise metalográfica e de variação de microdureza de acordo com as dimensões das amostras. Antes da realização do processo, o soldador se posicionou e mostrou a qual distância o eletrodo ficaria da amostra durante a soldagem e assim foi medida com régua simples.

O tipo de corrente (I) utilizado foi a corrente contínua (polaridade direta). O parâmetro de velocidade de soldagem pode ser considerado zero, pois o soldador manteve a tocha parada. A Tabela 1, a seguir, relaciona estas variáveis e as respectivas amostras.

Tabela 1. Relaciona as amostras e os parâmetros de soldagem relativos a corrente e ao tempo.

Amostra I (Ampéres) Tempo (s)

1 112 A 5 s

2 120 A 6 s

3 124 A 4 s

4 48 A 12

Fonte: Elaborado pelo autor.

2.4. Análise microestrutural e de propriedades mecânicas 2.4.1. Técnica metalográfica – macrografia e microscopia óptica

Para análise metalográfica, as amostras foram cortadas com auxílio da máquina de corte Arotec Arocor 40, com lubrificação e baixas velocidade e pressão, para evitar o superaquecimento e deformação mecânica. Depois, foram embutidas a quente com baquelite na embutidora Arotec Pre 30Mi.

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O lixamento foi realizado com lixas de SiC (carbeto de silício) de grana 220, 320, 400, 600, 800, 1200 e 1500, nesta ordem. Durante o lixamento, as amostras foram umedecidas com água, usando-se movimentos firmes, curtos e com pouca pressão para evitar o abaulamento da superfície. A cada troca de lixa, era feito um giro de 90° na direção do lixamento e só havia troca após todos os riscos da amostra estarem na mesma direção.

O polimento foi realizado através da politriz Arotec Aropol S, utilizando panos com abrasivos de suspensão de alumina de 0,5 µm e lubrificação a álcool, por um tempo de cerca de 15 minutos.

O ácido fluorídrico é o reagente mais utilizado para o ataque de Ti e suas ligas, mas tem a tendência de produzir manchas. A adição de ácido nítrico remove as manchas e abrilhanta a superfície (BAPTÍSTA, 2014). O reagente utilizado para revelação da microestrutura foi o Kroll, de composição de 6 mL de HNO3, 3 mL de HF e 91 mL de H2O, por tempo de 5 a 60 segundos. As imagens com ampliação de até 200x foram analisadas e fotografadas em microscópio óptico Leica DM2500 M. Já as imagens de menor ampliação (6,5x) foram obtidas através do microscópio Zeiss Stemi 2000 Stereo acoplado à câmera ZEISS Axiocam ERc 5s.

2.4.2. Ensaio de Microdureza

Este ensaio foi escolhido para determinar a variação de dureza das diferentes zonas da amostra após soldagem. O ensaio foi realizado nas amostras embutidas, lixadas e polidas através do microdurômetro de dureza Vickers modelo TH710. Neste ensaio foi utilizada a carga de 2,94 N (300 gf) por um tempo de 10 segundos.

Sabe-se que a carga aplicada produz um losango e a microdureza Vickers pode ser calculada pela Equação 1:

𝐻𝑉 = 1,8544 𝑃

𝐷2 (1)

Onde D, em µm, é a média dos comprimentos das diagonais D1 e D2 da impressão e P é a carga aplicada em kgf.

3. RESULTADOS E CONCLUSÕES

Inicialmente, foi calculado a quantidade de energia disponível. De acordo com WAINER et al. (2004), esta fórmula indica a quantidade de energia disponível para a soldagem através do arco elétrico. A Equação 2 é mostrada a seguir, onde I é a corrente em Ampères (A) e U é a intensidade do pico de tensão em Volts (V), assim, a quantidade de energia disponível será dada em Watts (W).

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A Tabela 2 demonstra os valores obtidos. A quantidade de energia influencia diretamente o ciclo térmico e consequentemente, a largura do grão solidificado.

Tabela 2. Relação das amostras e os parâmetros de soldagem relativos a quantidade de energia.

Amostra I (A) U (V) Q (kW)

1 112 A 10,8 V 1,21

2 120 A 11,2 V 1,34

3 124 A 11,2 V 1,39

4 48 A 7 V 0,34

Fonte: Elaborado pelo autor.

A amostra 4 recebeu uma quantidade de energia bastante inferior em comparação com as outras amostras, resultando numa penetração de solda bastante pequena o que dificultou a análise. A partir disso, observou-se a necessidade de aumentar a corrente das amostras seguintes (amostra 1, amostra 2 e amostra 3).

As Figuras 2 e 3 mostram as imagens obtidas durante a análise macrográfica dos corpos de prova.

FIGURA 2. Macrografia da Amostra 1 (solubilizada), Aumento 6,5x. Fonte: Elaborado pelo autor. Durante a realização das etapas para análise metalográfica, mais precisamente durante o lixamento e polimento, foi observado a presença de poros formados na região de transição entre a zona de fundição e a zona afetada pelo calor (ZAC) como mostrado nas Figura 2.

Os poros têm geralmente um formato esférico e suas principais causas são a contaminação da poça de fusão com o ar atmosférico e a poeira e oxidações por umidade excessiva na superfície do metal de base (MARQUES et al., 2009). Outro fator que pode influenciar na formação de poros é a falta de fluidez da poça de fusão. Já na Figura 3, a amostra é do tipo não solubilizada e a presença de poros não foi relevante, mesmo assim observam-se as diferentes regiões de soldagem, destacadas na figura.

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FIGURA 3. Macrografia da Amostra 2 (não solubilizada), Aumento 6,5x. Fonte: Elaborado pelo autor. Para o titânio e suas ligas, a zona fundida pode ser caracterizada por temperaturas superiores à linha solidus do material. Já na (ZAC), os níveis são altamente influenciados pela energia de soldagem e os ciclos térmicos são os responsáveis pela formação microestrutural (GARCIA et al, 2007). A depender do tipo de processo utilizado, a microestrutura pode variar bastante. Por exemplo, no resfriamento lento, é possível obter uma estrutura formada predominantemente por grãos equiaxiais. Porém, com altas taxas de resfriamentos, estruturas mais complexas e metaestáveis como martensita, bainita e estrutura de Widmanstätten são obtidas (DANIELSON et al, 2003).

As Figuras 4 e 5 mostram imagens obtidas na análise micrográfica da zona fundida da Amostra 1 (solubilizada) e da Amostra 2 (não solubilizada).

FIGURA 4. Microestrutura da zona fundida da Amostra 1 (solubilizada). Metalografia ótica. Reagente de Kroll, 100X. Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto às características microestruturais, a zona fundida de todas as amostras apresentou a

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formação de dendritas. Estas são resultado do crescimento de grãos colunares que se ramificam em direções secundárias. Na Figura 5, é possível notar a formação de dendritas que concordam entre si em um ângulo de 0º. De acordo com Wainer et al. (2004), o crescimento dendrítico é favorecido quando o gradiente térmico imposto é diminuído, isto é, apresenta uma região super-resfriada maior.

FIGURA 5. Microestrutura da zona fundida da Amostra 2 (não solubilizada). Metalografia ótica. Reagente de Kroll, 100X. Fonte: Elaborado pelo autor.

Notou-se também que a região da zona fundida revelava sua microestrutura sob ataque do reagente Kroll em menor tempo que as outras regiões da amostra. Podemos concluir que houve mudança na microestrutura dessa região. De acordo com a literatura, uma liga β, a depender da velocidade do resfriamento e de sua composição, pode se decompor em α’, α”, ω, β+β’. Neste caso, para a liga Ti-35Nb-2Sn, o estanho age como inibidor da formação da fase ω. Dessa forma, segundo Sá (2013), a fase β sofre uma reação de separação de fases e a microestrutura passa a ser constituída por β e β’.

Moraes (2013), estudou a caracterização de ligas de composição próxima à deste estudo (Ti-30Nb-xSn, com x variando de 2% a 10% em peso). Na fundição destas ligas foi observado que a adição de nióbio ao Ti provoca aumento das temperaturas líquidus e sólidus, o que resulta em coeficiente de distribuição de soluto, K, maior que a unidade e assim a distribuição final do Nb é observada junto ao interior dos ramos dendríticos. Porém, com relação ao Sn, a adição desse elemento provoca uma diminuição das temperaturas líquidus e sólidus, o que leva à redução da solubilidade durante a transformação líquido/sólido e o coeficiente de distribuição, K, menor que a unidade. Sendo assim, o Sn é segregado para regiões interdendríticas.

Zona Fundida

(9)

Ademais, foi percebido uma formação diferente na região imediatamente acima da zona fundida, na borda superficial da amostra, na Figura 5. Isso pode ser explicado pelo fenômeno de microssegregação, que ocorre através da diferença da composição química entre o centro da dendrita e as regiões enriquecidas de soluto entre os braços da dendrita (WAINER et al.,2004).

As Figuras 6 e 7 comparam a mesma região – a zona de ligação – tanto para uma amostra solubilizada e outra não solubilizada. A zona de ligação é a zona localizada entre a zona fundida e a ZAC possui características microestruturais destas duas regiões. Segundo Garcia et al (2007) e Danielson et al (2003), esta dificuldade na identificação precisa é recorrente.

Nota-se que a zona de ligação da amostra não solubilizada (Figura 7) apresenta uma linha de separação mais definida que amostra previamente solubilizada (Figura 6).

Percebe-se assim que as amostras solubilizadas após a laminação a frio permitiram formação microestrutural mais homogênea após a soldagem TIG do que aquelas que foram apenas laminadas a frio. Segundo Wainer et al. (2004), pode ocorrer a formação de trincas de solidificação, com separação do material ocorrendo na região interdendrítica, a qual está preenchida com baixo ponto de fusão, com as tensões geradas durante o resfriamento pode ocorrer a separação das duas superfícies. Dessa forma, a solubilização seria indicada como forma de homogeneizar a microestrutura antes da soldagem.

.

FIGURA 6. Microestrutura da zona de ligação entre a zona fundida e a ZAC da Amostra 1 (solubilizada). Metalografia ótica. Reagente de Kroll, 100X. Fonte: Elaborado pelo autor.

Zona Fundida ZAC

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FIGURA 7. Microestrutura da zona de ligação entre a zona fundida e a ZAC da Amostra 2 (não solubilizada). Metalografia ótica. Reagente de Kroll, 100X. Fonte: Elaborado pelo autor.

A zona afetada pelo calor (ZAC) das amostras pode ser observada nas Figuras 8 e 9. Pode-se verificar que a ZAC dessas amostras apresenta microestrutura de matriz equiaxial de β.

FIGURA 8. Microestrutura da ZAC da Amostra 1 (solubilizada). Metalografia ótica. Reagente de Kroll, 100X. Fonte: Elaborado pelo autor.

Zona de transição Zona Fundida Linha de transição ZAC ZAC Matriz β equiaxial

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Na Figura 9 são observados grãos de formato equiaxiais com a presença de precipitados. De acordo com Sá (2013), por comparação, esta seria uma microestrutura composta por matriz de grãos grosseiros da fase β e finos precipitados dispersos.

FIGURA 9. Microestrutura da zona da ZAC da Amostra 2 (não solubilizada). Metalografia ótica. Reagente de Kroll, 100X. Fonte: Elaborado pelo autor.

Além disso, na Figura 9, nota-se a formação de uma microestrutura chamada α”. De acordo com Moraes (2013), a fase martensítica α” (ortorrômbica) poderá ser formada se o teor de Nb for superior a 13%. Além disso, segundo Aleixo (2009), as fases β e α” coexistem em ligas com 30 e 35% em peso de Nb. Essa fase tem a aparência de agulhas semelhante à martensita dos aços, mas difere no fato de reter a mesma estrutura da fase da qual se originou. Estas fases ocorrem em condições de resfriamento rápido a partir do campo β, não permitindo a formação da fase α, devido ao pouco tempo para ocorrência de difusão (BAPTÍSTA, 2014).

O estudo realizado por Azevedo et al (2017) analisou propriedades mecânicas da liga TiNbSn para diferentes composições de Nb (35% e 42%) e Sn (0% e 2,5%) após laminação a frio e envelhecimento. Para a liga de composição Ti-35Nb-2Sn, apenas submetida a laminação a frio, o valor de microdureza obtido foi de 235 HV. Para esta mesma composição, quanto ao envelhecimento, a temperatura escolhida foi de 400ºC e o tempo de pico de envelhecimento foi de 72h com 368 HV.

O presente estudo avaliou as mudanças da microdureza após submeter a liga à soldagem TIG. Os resultados obtidos com o ensaio de microdureza Vickers estão demonstrados em gráficos que relacionam a microdureza e a sua posição a partir da zona fundida, passando pela zona de ligação, ZAC até o metal de base. Nas Figuras 10 e 11 estão os gráficos obtidos, respectivamente, para as amostras 1 e 2. Os dados

ZAC

Zona de transição

ZAC

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utilizados para a construção de cada gráfico podem ser observados nas Tabelas 3 e 4.

FIGURA 10. Gráfico microdureza Vickers pela posição. Amostra 1. Fonte: Elaborado pelo autor.

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Microdureza (HV) Amostra 3 Desvio Padrão (HV) 0,1 312,8 38,8 0,6 293,9 6,2 1,1 286,3 40,8 1,6 218,6 26,0 2,1 208,6 5,1 2,6 199,1 8,6 3,1 198,1 13,9 3,6 216,0 19,4 4,1 207,2 4,5 ZA C M eta l d e B as e Posição (mm) Zo n a Fu n d id a

TABELA 3. Dados do gráfico da Figura 10.

Fonte: Elaborado pelo autor.

TABELA 4. Dados do gráfico da Figura 11.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os dados apresentados como valores de microdureza foram obtidos a partir da média aritmética entre 3 pontos de uma mesma curva isoterma de cada amostra, o valor do desvio padrão dessas medições também está registrado em suas respectivas tabelas.

Os valores de microdureza para a região do metal de base ficaram na faixa de 200 HV, compatível com o valor obtido por Azevedo et al (2017) considerando que as diferentes taxas de deformação podem interferir nestes resultados.

A partir da análise dos gráficos, foi possível perceber que a amostra 2 (não solubilizada)

Microdureza (HV) Amostra 1 Desvio Padrão (HV) 0,3 334,0 21,4 0,8 332,3 45,0 1,3 278,0 50,4 1,8 257,3 29,9 2,3 196,4 20,3 2,8 204,4 11,4 3,3 202,0 10,2 3,8 198,8 10,2 4,3 224,2 20,9 ZA C M eta l d e B as e Posição (mm) Zo n a Fu n d id a

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apresentou um perfil de durezas menor quando comparado com a amostras 1 (solubilizada) no comportamento da curva de microdureza. Isso acontece porque a solubilização proporciona o aumento de dureza do material. Já que durante a solubilização os precipitados do soluto estão ocupando os espaços no interior dos grãos do solvente, isso aumenta a dificuldade na movimentação das discordâncias e consequentemente o aumento de sua dureza.

Para todas amostras, observa-se que a zona fundida teve um aumento no valor da dureza quando comparado ao metal de base. Este aumento da dureza na zona fundida, provavelmente, é devido as fases precipitadas formadas em decorrência da soldagem. Para ligas β, foi observado na literatura a decomposição de fases em α’, α”, ω, β+β’. No processo TIG autógeno (sem metal de adição), a zona fundida do material apresenta um estado bruto de fusão. Este estado pode ser melhorado com a utilização de metal de adição compatível ao material do metal de base visando a menor variação de dureza entre as zonas de soldagem.

No presente estudo, a análise das fases se limitou a análise de microestrutura em microscópio ótico. Entretanto análises tais como DRX ou outras podem ser utilizadas em estudos futuros para identificar adequadamente as fases formadas em cada zona.

REFERÊNCIAS

ALEIXO, G. T. Obtenção, Caracterização Microestrutural e Mecânica de Ligas Ti-Nb-Sn Aplicadas como Biomateriais. Tese de Doutorado em Engenharia Mecânica - Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 176 p., 2009.

AZEVEDO, T. F.; LIMA, T. N.; BLAS, J. G.; PEREIRA, L. C.; GRIZA, S. The mechanical behavior of TiNbSn alloys according to alloying contents, cold rolling and aging. Journal of the Mechanical Behavior of Biomedical Materials, v. 75 pp. 33 – 40, 2017

BAPTÍSTA, A. L. B. O uso do ensaio metalográfico para avaliação da qualidade de ligas de titânio utilizadas em tubos para exploração de petróleo em grandes pronfundidades. 35º Congresso Brasileiro de Microscopia e Análise de Materiais de Engenharia, Metais, Cerâmicos e Polímeros. Pinhais - Paraná, 2014.

DANIELSON, P.; WILSON, R.; ALMAN, D. Microstructure of titanium welds. Advanced Material & Processes. p. 39-42, Fev. 2003.

GARCIA, J. A. O.; LIMA, G. L.; PEREIRA, W. D. B.; GUIMARÃES, V. A.; NETO, C. M.; PARANHOS, R. P. R. Desenvolvimento da Tecnologia de Soldagem do Titânio pelo Processo TIG Orbital no Segmento Aeroespacial Brasileiro - Parte 2: Caracterização das Juntas Soldadas. Soldagem Insp. São Paulo, Vol. 12, No. 2, p.107-114, Abr/Jun 2007.

LIMA, T. N. Estudo do comportamento de propagação de trincas por fadiga de ligas TiNbSn em função do teor de elementos de liga, deformação a frio e envelhecimento. Dissertação de Mestrado em Ciência

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e Engenharia de Materiais - Universidade Federal de Sergipe, 96 p., 2017.

MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J.; BRACARENSE; A. Q. Soldagem: fundamentos e tecnologia. 3. ed. atualizada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 362 p.,2009.

MORAES, P. E. L., Microestrutura e Comportamento Mecânico de Ligas Ti-Nb-Sn Conformadas por Fundição por Centrifugação. Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica - Universidade Estadual de Campinas, 81 p., 2013.

SÁ, D. H. G. S., Caracterização Metalúrgica e Mecânica de Ligas de Ti-Nb-Sn Laminadas a Quente para uso Biomédico. Tese de Doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais - Universidade Federal de Sergipe, 103 p., 2013.

WAINER, E. (Coord.); BRANDI, S. D.; MELLO, F. D. H. Soldagem: processos e metalurgia. São Paulo: Edgard Blücher, 494 p.,2004.

Referências

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