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3º BIMESTRE Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra

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3º BIMESTRE - 2015

Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra

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Texto base: Revoluções Liberais do Séc. XIX

“De modo geral, o liberalismo foi a filosofia política da burguesia. Enquanto os conservadores buscavam fortalecer os alicerces da sociedade tradicional seriamente abalados no período da Revolução e de Napoleão, os liberais desejavam alterar o status-quo e cumprir a promessa do iluminismo e da Revolução Francesa”.

PERRY, Anderson.

O início do século XIX representou a consolidação das profundas transformações que atingiram a Europa no século anterior, considerando não somente aspectos políticos e econômicos, como também, sociais. Mais que isso, o século XIX trouxe consigo uma nova lógica organizacional do mundo ocidental, baseando-se nos valores liberais, viu surgir o nascimento de novas fronteiras, de novos Estados-Nacionais e do próprio nacionalismo – sentimento despertado pela identificação étnico-cultural, pela consolidação de territórios e percepção da unidade política.

Em torno deste turbilhão de forças, interesses, sentimentos e agitações a tentativa de restauração do Ancien Régime viu suas ambições fracassarem frente a propagação dos ideais burgueses, ainda que o processo que definiu seu declínio, significasse uma “última batalha” entre as ordens impostas – contando com a participação não de monarquistas e da classe burguesa, além da própria população - que assumiria em dados momentos, o protagonismo dos diversos embates que definiram o período.

Congresso de Viena e Santa Aliança - Busca pela restauração do Ancien Régime.

Após o fim das Guerras Napoleônicas, os países que compunham as

Coligações contra o controle francês, reuniram-se pelo resgate das antigas ordens

pré Revolução Francesa. Assumindo posturas conservadoras, basearam-se nos princípios da legitimidade (volta ao poder das antigas Casas Reais) e do equilíbrio de forças para promover o restabelecimento do status-quo, considerando valores absolutistas – o chamado Congresso de Viena (1814-1815). Além disso, dentro dessas concepções, era previsto o restabelecimento das fronteiras europeias (pré

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invasões napoleônicas), a indenização aos países vencedores do conflito sobre a França derrotada e a formação de uma aliança política entre as monarquias europeias para combater o avanço liberal eclodido e propagado na Revolução Francesa e no Período Napoleônico.

Para consolidar tal aliança, os países que buscavam restaurar o absolutismo firmaram um acordo que previa o combate ostensivo a propagação dos valores liberais, ao espírito republicano e democrático e afirmavam a consolidação dos valores do Antigo Regime, baseados nas instituições: Monarquia e Igreja (Santa Aliança). Além disso, a previsão de intervenção militar sobre qualquer Estado que se visse “ameaçado” por ideais revolucionários liberais e democráticos.

No entanto, os valores incutidos com a Revolução Francesa e a expansão napoleônica já haviam permeado as mentes da população europeia – dando o cenário das diferenças e inquietações que eclodiriam no início do século XIX. Como “produtos” destas expansões eclodidas no final do século XVIII, surgiram entre os diferentes povos europeus sentimentos ligados ao nacionalismo e ao emancipacionismo, que firmavam-se na identidade étnico-cultural e no direito de insurreição contra povos invasores (autodeterminação), respectivamente.

“Suponha-se que um dia, após uma guerra nuclear, um historiador intergaláctico pouse em um planeta então morto para inquirir sobre as causas da pequena e remota catástrofe registrada pelos sensores de sua galáxia. Ele ou ela, [...] consulta as bibliotecas e os arquivos que foram preservados [...] após alguns estudos, nosso observador conclui que nos últimos dois séculos da história humana do planeta Terra são incompreensíveis sem o entendimento do termo:” nação” e do vocábulo que dele deriva. O termo parece expressar algo importante nos assuntos humanos. Mas o que exatamente?”

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O Nacionalismo, para o historiador Eric Hobsbawn, envolve qualquer corpo suficientemente grande de pessoas que se considerem membros de uma nação. Para elas, quem estava fora da comunidade nacional era considerado inimigo1.

Cabe ressaltar que a Inglaterra, embora tenha participado contrariamente à expansão napoleônica e se tenha feito presente no Congresso de Viena, se contrapôs à Santa Aliança – uma vez que vivenciava o liberalismo e a Revolução Industrial – buscando expandir seu mercado consumidor e sua influência política - apoiando os diversos movimentos de Independências.

A restauração da Casa dos Bourbon na França pós guerras napoleônicas Com a queda de Napoleão Bonaparte e o advento do Congresso de Viena e da Santa Aliança, as antigas monarquias tomaram os governos europeus e, no caso da França, Luís XVIII, irmão de Luís XVI (decapitado na Revolução Francesa), reassumiu o trono da França (havia assumido em 1814 – após a primeira derrota de Napoleão – mas refugiou-se em solo inglês quando da volta de Napoleão no “Governo dos Cem Dias”).

Seu governo foi marcado por uma dura repressão aos opositores, mas manteve alguns resquícios dos movimentos revolucionários: A monarquia francesa manteve-se Constitucional, que assumia eleições para o legislativo – possibilitando a disputa política:

Ultra Realistas - defendiam a restauração do absolutismo e das antigas estruturas econômicas e sociais;

Bonapartistas – Defendiam um governo semelhante ao de Napoleão Bonaparte (liberal, mas que privilegiasse a alta burguesia);

1 In: CAMPOS, Flávio de.. CLARO, Regina. Oficina de História. Vol. Único. 1ª Ed. São

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Liberais Radicais – Defendiam os interesses liberais da Revolução Francesa, mas com viés jacobino, que contava com maior participação popular.

Além disso, Luís XVIII buscou fazer uma política antiliberal (característica dos acordos da Santa Aliança) e para isso, utilizou como instrumento de dominação e de repressão a violência – o chamado: Terror Branco. O governo de Luís XVIII foi conduzido por conflitos entre os restauradores e os liberais – entre os valores do Ancien Régime e da França pós Revolução. Tais disputas passaram a ser representadas em torno de três palavras: Tradição, liberalismo e nacionalismo, também representadas na imagem de Jean Louis Theodore Géricault (1791-1824) em sua obra: A jangada do Medusa (1818-1819), que retratava o abandono do estado francês monárquico frente ao seu povo e a crítica à escravidão – prática resgatada pelo governo.

Fonte: www.pt.wikipedia.org/ wiki/Pintura_do_romantismo

Após a morte de Luís XVIII, assumiu o trono da França seu irmão: Carlos X, que assumiu uma política claramente conservadora, buscando enrijecer o combate aos liberais (com apoio dos ultra realistas), intensificando a censura, o controle do

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Estado, além de aproximar a Igreja do Estado – conferindo a ela o controle sobre a educação (reforçando o apoio político) e de indenizar nobres e clero sobre prejuízos durante o período da Revolução Francesa e governo napoleônico.

Seu governo enfrentou a oposição de liberais pertencentes a alta burguesia, além de nacionalistas e da própria população que permanecia empobrecida e exposta às mazelas sociais, agravadas pela crise econômica vivenciada na França, pela baixa produtividade agrícola e a má distribuição de renda. Ainda, como não havia diálogo entre a política governamental e sua oposição, as tensões começavam a intensificar-se, quando, finalmente, a elite liberal passou a ter maior representatividade junto ao Parlamento – pressionando ainda mais o governo de Carlos X.

As pressões ganharam as ruas de Paris e a população fez nas estreitas ruas da capital francesa barricadas para deter o avanço das tropas leais a Carlos X. No entanto, parte do exército francês havia aderido ao levante, mas foram incapazes de deter o avanço das tropas governamentais, que chegaram a matar cerca de dois mil insurgentes, entre homens e mulheres.

Como medida reacionária, Carlos X dissolveu o Parlamento e buscou reformular as Leis Eleitorais de forma a produzir um Legislativo submisso ao seu governo (aristocratas) e aumentou a censura e repressão às oposições.

Revolução de 1830 – A burguesia retoma o poder na França

Como consequência das política de governo de Carlos X, eclodiria na França um levante organizado pela alta burguesia que contou com o apoio de nacionalistas e da população parisiense (trabalhadores urbanos, estudantes, pequenos e médios comerciantes, banqueiros e industriais). O governo de Carlos X seria derrubado e um novo seria constituído. No entanto, temendo que a revolução tomasse os caminhos que interessassem à população e o crescimento do movimento jacobino, os líderes da revolução (alta burguesia) buscaram manter uma monarquia

parlamentarista em que a participação política seria limitada pelo voto

censitário.

Assim, buscou-se legitimar o novo governo com a coroação de Luís Felipe

de Orleans, conhecido como “o rei burguês”. Este, pertencente à Casa dos Bourbon

(seu pai era primo de Luís XVI), assumiu o trono francês como Luís Felipe I, aliando-se à alta burguesia e retomando aliando-seus valores. Passou a adotar a bandeira tricolor

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(branca, azul e vermelha) – símbolo revolucionário, além de adotar um programa de reformas políticas que atendiam os pleitos da alta burguesia. Entre elas:

 Monarquia Constitucional;

 Poder Legislativo forte (restauração da Câmara dos Deputados)

 Voto Censitário;  Fim da censura;

 Exclusão política e social da baixa burguesia e da população em geral;

 Fim dos movimentos nascidos no Congresso de Viena e eclosão dos nacionalismos no Ocidente (Polônia, Bélgica, Suíça, Itália e Alemanha);

 Estímulos à industrialização na França;

No entanto, as reformas promovidas por Felipe I atingiam somente a alta burguesia, mas a população em geral (trabalhadores rurais e operários urbanos, além da pequena burguesia) permaneciam alheios às mudanças. As reformas alcançadas não eram suficientes para promover a emancipação política e social das classes mais baixas. Começaria então uma série de levantes das classes mais baixas para obter maior participação.

Revolução de 1848 – A “Primavera dos Povos”.

“Estamos dormindo sobre um vulcão... Os senhores não percebem que a terra treme mais uma vez? Sopra o vento das revoluções, a tempestade está no horizonte”.

TOCQUEVILLE, Alexis. Unindo-se ao descontentamento da população francesa de meados do século XIX, expandiu-se na Europa (e na França) as ideias de dois pensadores prussianos (Karl Marx e Friedrich Engels), transcritas em sua obra “Manifesto do Partido

Comunista”, publicado em 1848. Tal documento, convidava os trabalhadores do

mundo a unir-se contra a exploração imposta pela classe burguesa, em prol da retomada dos meios de produção e pela emancipação social dos trabalhadores do

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mundo. Essas ideias faziam parte do então Socialismo Científico – inaugurado por Marx e Engels. Segundo Marx:

“Um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo. Todas as potencias da velha Europa [estão unidas] em uma Santa Aliança para exorcizá-lo: o papa e o czar, Metternich e Guizot, os radicais franceses e os espiões da polícia alemã”.

Manifesto do Partido Comunista O governo de Felipe I privilegiava a alta burguesia e abandonava a população empobrecida. A situação nos campos piorava e os camponeses migravam para as cidades em busca da sobrevivência. Mas as cidades pouco ofereciam à população que se via cada vez mais pobre, expostas à miséria, fome, desemprego, violências, insalubridade, abandono. Uma grave crise assolava a França desde 1846, afetando, inclusive o abastecimento de alimentos e de produtos industrializados nas cidades – o que favoreceu um longo período de inflação.

O clima era de instabilidade política, econômica e social - a população reivindicava participação política (voto universal), a volta da república, reformas sociais e econômicas e o próprio socialismo.

Em 1848 a população insatisfeita, composta por estudantes, trabalhadores e pela pequena burguesia voltaram a ocupar as ruas de Paris e, novamente, utilizaram das táticas de barricadas para rebelarem-se contra o governo. A resposta foi a mesma aplicada anteriormente: As forças do governo atiraram contra os manifestante matando cerca de 500 pessoas – mas, os tiros não foram suficientes para calar a população, e contanto com a adesão da Guarda Nacional, que fora escalada para combater os revoltosos, o movimento revolucionário ganhou força, pressionando a renúncia de Felipe I.

A partir da renúncia de Felipe I foi proclamada na França a Segunda República (a 1ª República havia sido proclamada em 1792). Foi instalado um Governo Provisório composto por republicanos, liberais e socialistas moderados que, em geral, detinham uma maioria da burguesia liberal.

A partir disso, foi convocada uma Assembleia Constituinte – que admitiu entre outras medidas, a universalização do voto (homens). No entanto: “os “votos das barricadas” não foram suficientes para superar os da alta burguesia, da velha aristocrática, das outras cidades francesas, dos setores católicos, de camponeses e

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grupos apreensivos com a radicalidade popular”.2 A população da capital insatisfeita,

buscou tomar a Constituinte e empreender um novo governo provisório, que foi duramente combatido duramente pelas forças governamentais.

Este processo de reivindicações, de lutas, movimentações populares em busca de maior participação política e social contra governos de cunho restritivo representou o que denominamos de “Primavera dos Povos”.

Muito embora as Revoluções de 1830 e de 1848 tenham provocado as quedas de governos elitistas, não foram capazes de alcançar por completo os interesses das classes mais baixas. Mas, seus efeitos ultrapassaram os limites da França, pois serviram como estimulo para uma série de movimentos pela Europa para combater os planos restauradores do Congresso de Viena: Bélgica, Polônia, Suíça, Alemanha e Itália passaram a lutar por suas emancipações e por suas unificações.

Sufocada as manifestações, Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte, torna-se o presidente francês – com 73% dos votos. Para sua campanha, baseou-se em promover:

- Direitos à classe trabalhadora;

- Evocação da Grandeza nacional (nacionalismo); - Ordem social.

Seu governo foi marcado por atender às classes burguesas e conservadoras, mas, em 1851 Luís Napoleão aplica um Golpe de Estado, dissolvendo a Câmara dos Deputados, proclamando-se Imperador Napoleão III (1852-1870). Sob seu governo centralizado, buscou:

- intensificar o crescimento econômico francês; - desenvolveu a indústria;

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- ajudou a expandir o território francês com políticas imperialistas (Imperialismo);

- proibiu greves;

- instituiu jornadas de 12 horas diárias aos operários fabris;

- instituiu a censura e a perseguição a líderes de movimentos operários; - buscou oferecer obras de infraestrutura com portos, ferrovia e estradas; - modernizou a capital francesa – tornando a cidade mais atrativa e servindo de modelo ao progresso vivenciado, mas também impedindo a formação de novas movimentações populares com uso de barricadas (longas e largas avenidas).

No entanto, o governo de Napoleão III trouxe grandes dívidas públicas devido às políticas externas (Conflitos com outras países europeus, expansão sobre a África e Ásia, conflitos com o México e Guerra Franco-Prussiana (1870-1871)). Este último marcaria a derrocada do governo de Napoleão III – que provocaria sua prisão por tropas inimigas (Prússia) na cidade de Sedan, sua deposição e seu exílio.

BIBLIOGRAFIA

ANDERSON, Perry. História da Concisa da Civilização Ocidental – Uma história concisa. 2ª Ed.. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

CAMPOS, Flávio. CLARO, Regina. Oficina de História. Volume Único. 1ª Ed.. São Paulo: Leya, 2012.

COTRIN, Gilberto. História Global: Brasil e geral. Volume Único – 10ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012.

VICENTINO, Cláudio. História Geral – ed. Atual e ampliada. São Paulo: Scipione, 2002. _____________. História para o ensino médio: história Geral e do Brasil. E. Atual. São

Referências

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