N´ıvel 3 - Ensino M´
edio
Reservado para a corre¸
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ao
Prova
Probl. 1 Probl. 2 Probl. 3 Probl. 4 Probl. 5 Total
# 3000
Nota
-Instru¸
c˜
oes e Regulamento:
1. Identifique a prova somente no local indicado da capa.
2. Use o verso de cada folha como rascunho.
3. Verifique se sua prova est´a completa. A prova consta de 5 (cinco) problemas.
4. Somente ser˜ao consideradas as solu¸c˜oes escritas no espa¸co reservado para tal. Para escrevˆe-las, utilize caneta azul ou preta.
5. Cada problema vale 10 pontos.
6. O tempo de prova ´e de 4 horas. Nenhum candidato poder´a sair antes de completados 30 minutos de prova.
7. N˜ao ser˜ao concedidas revis˜oes de prova.
8. As solu¸c˜oes e os premiados ser˜ao divulgados oficialmente no s´ıtio www.mat.ufc.br/ocm, at´e o dia 30/11/2015.
Identifica¸
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ao: Prova #3000
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Problema 1. Um inteiro positivo n diz-se invocado se existem n inteiros positivos a1, . . . , an, dois
a dois distintos, tais que
1 a1
+ · · · + 1 an
= 1.
O inteiro positivo 3, por exemplo, ´e invocado, visto que
1 = 1 2+ 1 3+ 1 6. Mostre que todo inteiro n > 2 ´e invocado.
Solu¸c˜ao. Pelo exemplo do enunciado, o n´umero 3 ´e invocado.
Suponha que k ≥ 3 ´e invocado, ou seja, suponha que existem inteiros positivos a1, . . . , ak, dois a dois
distintos, tais que
1 = 1 a1
+ · · · + 1 ak
. (1)
Tem-se que ai ≥ 2 para todo i ∈ {1, . . . , k} pois, caso contr´ario, o lado direito de (1) seria maior que
1. Assim, os k + 1 inteiros positivos 2, 2a1, 2a2, . . . , 2ak s˜ao dois a dois distintos. Al´em disso,
1 2+ 1 2a1 + · · · + 1 2ak = 1 2 + 1 2 1 a1 + · · · + 1 ak = 1 2 + 1 2 = 1.
Mostramos ent˜ao que k = 3 ´e invocado e que se k ≥ 3 ´e invocado, ent˜ao k + 1 tamb´em ´e invocado. Logo, pelo princ´ıpio da indu¸c˜ao finita, todo inteiro n > 2 ´e invocado.
Problema 2. Seja n um inteiro positivo.
(a) Mostre que
n
X
i=1
i(i!) = (n + 1)! − 1.
(b) Mostre que todo inteiro k ∈ {0, 1, . . . , (n + 1)! − 1} pode ser escrito na forma
k =
n
X
i=1
ai(i!),
onde a1, . . . , an s˜ao inteiros tais que 0 ≤ ai ≤ i, i = 1, . . . , n.
Solu¸c˜ao. (Baseada na solu¸c˜ao de George Lucas Diniz Alencar). (a) Temos n X i=1 i(i!) = n X i=1 (i + 1 − 1)(i!) = n X i=1 [(i + 1)! − i!] = n X i=1 (i + 1)! − n X i=1 i! = n+1 X i=2 i! − n X i=1 i! = (n + 1)! − 1.
(b) Para m ∈ {1, . . . , n}, considere o polinˆomio pm definido por
pm(x) = m
X
j=0
xj(m!). Seja f o polinˆomio dado por
f (x) =
n
Y
m=1
pm(x).
Pelo item (a), temos que o grau de f ´e d = (n + 1)! − 1. Sejam b0, b1, . . . , bd inteiros tais que
f (x) = b0+ b1x + · · · + bdxd.
Note que o inteiro k ∈ {0, 1, . . . , (n + 1)! − 1} ´e da forma Pn
i=1ai(i!), com 0 ≤ ai ≤ i, se e somente
se bk > 0. Al´em disso, bk nos d´a o n´umero de maneiras distintas de escrever k na forma
Pn i=1ai(i!), com 0 ≤ ai ≤ i. Como pm = (xm!)m+1− 1 xm!− 1 = x(m+1)!− 1 xm!− 1 , temos que f (x) = n Y m=1 pm(x) = n Y m=1 x(m+1)!− 1 xm!− 1 = x (n+1)!− 1 x − 1 = 1 + x + x 2 + · · · + x(n+1)!−1.
Conclu´ımos portanto que todo inteiro k ∈ {0, 1, . . . , (n + 1)! − 1} pode ser escrito, de uma ´unica maneira, na forma k = n X i=1 ai(i!),
Problema 3. Se P e Q s˜ao pontos do plano, denotamos por |P Q| o comprimento do segmento P Q. Seja ABC um triˆangulo is´osceles de base BC. Se p ´e o comprimento comum das bissetrizes internas dos ˆangulos ∠ABC e ∠ACB, prove que
2
3|BC| < p < √
2|BC|.
Solu¸c˜ao. Seja D a interse¸c˜ao do lado AC com a bissetriz relativa ao v´ertice B. Chamemos |AB| de b, |AD| de y, |DC| de x e |BC| de a. Denote por α o ˆangulo B ˆAC. Pelo teorema da bissetriz interna, temos x/a = y/b. Temos tamb´em x + y = b. Resolvendo o sistema encontramos
y = b
2
a + b e x = ab
a + b. (2)
Aplicando a lei dos cossenos ao triˆangulo ADB, obtemos
p2 = b2+ y2− 2by cos α = (b − y)2+ 2by(1 − cos α) = x2+ 2by(1 − cos α). (3)
Aplicando a lei dos cossenos ao triˆangulo ABC encontramos a2 = 2b2(1 − cos α). Assim,
1 − cos α = a
2
2b2. (4)
Substituindo (4) e (2) em (3) e dividindo ambos os lados por a2, obtemos
p2 a2 = b a + b 2 + b a + b . (5) Como 0 < b a + b < 1, temos que 0 < b a + b 2 < 1, e portanto, 0 < b a + b 2 + b a + b < 2. Substituindo em (5), obtemos p2 a2 < 2, e portanto, p < √2a.
Pela desigualdade triangular, temos a < 2b, o que implica a + b < 3b. Portanto, b a + b > b 3b = 1 3 (6) e b a + b 2 > b 2 9b2 = 1 9. (7) Substituindo (6) e (7) em (5), obtemos p2 a2 > 1 9 + 1 3 = 4 9, e portanto, 2 3a < p.
Problema 4. Se X ´e um conjunto finito, denotamos por |X| a quantidade de elementos de X. Seja n um inteiro positivo e seja A um conjunto formado por n n´umeros reais positivos. Dado um subconjunto B de A, denotamos por s(B) a soma dos elementos de B (se B = ∅, ent˜ao s(B) = 0) e denotamos por FA o conjunto
FA= {s(B); B ⊂ A}.
Determine, em fun¸c˜ao de n, o menor valor poss´ıvel e o maior valor poss´ıvel para |FA|.
Sulu¸c˜ao. Vamos mostrar que o menor valor poss´ıvel para |FA| ´e n+12 + 1 e que o maior valor
poss´ıvel para |FA| ´e 2n.
Tem-se que |FA| n˜ao pode ser maior que a quantidade de subconjuntos do conjunto A. Assim,
|FA| ≤ 2n. Um exemplo onde a igualdade ocorre ´e A = {2k; k = 0, 1, . . . , n − 1}. De fato, se
existissem dois subconjuntos C e D de A tais que C 6= D e s(C) = s(D), ent˜ao existiria um inteiro n˜ao-negativo que poderia ser representado de duas maneiras distintas na base 2, o que n˜ao pode ocorrer.
Afirma¸c˜ao: Se |A| = n, ent˜ao existe uma fam´ılia LA = {Aj; j = 1, . . . , n+12 + 1} de
subcon-juntos de A tais que o conjunto {s(Aj); j = 1, . . . , n+12 + 1} possui n+12 + 1 elementos.
Mostraremos a afirma¸c˜ao por indu¸c˜ao. Escreva A = {a1, . . . , an}, com a1 < · · · < an. Se n = 1,
tome LA = {∅, {a1}}. Suponha ent˜ao que n ≥ 2. Considere o conjunto B = {a1, . . . , an−1}. Pela
hip´otese de indu¸c˜ao temos que existe uma fam´ılia LB = {Bj; j = 1, . . . , n2 + 1} de subconjuntos
de B tais que o conjunto {s(Bj); j = 1, . . . , n2 + 1} possui n2 + 1 elementos.
Para i = 1, . . . , n − 1, considere o subconjunto Ei de A dado por Ei = A \ {ai}. Note que, como
an > ai, para i = 1, . . . , n − 1, e s(B) = a1+ · · · + an−1, temos que s(Ei) > s(Bj), quaisquer que
sejam i ∈ {1, . . . , n − 1} e j ∈ {1, . . . , n2 + 1}. Note tamb´em que s(A) > s(Ei), i = 1, . . . , n − 1.
Assim, a fam´ılia LA de subconjuntos de A dada por
LA = LB∪ {A} ∪ {Ei; i = 1, . . . , n − 1}
´
e tal que {s(G); G ∈ LA} possui n2 +1+n = n+12 +1 elementos. Isto conclui a prova da afirma¸c˜ao.
Segue-se da afirma¸c˜ao que se |A| = n, ent˜ao |FA| ≥ n+12 + 1. Um exemplo onde a igualdade
ocorre ´e A0 = {1, . . . , n}. De fato, como 1 + · · · + n = n+12 , se C ⊂ A, ent˜ao s(C) ∈ {0, . . . , n+12 }.
Assim, |FA0| ≤
n+1
2 + 1. Este fato juntamente com a afirma¸c˜ao nos d´a que |FA0| =
n+1 2 + 1.
Problema 5. Considere o conjunto
B = {a2 + 3b2; a, b ∈ Z}.
Mostre que se n ∈ B e p ´e um fator primo de n tal que p ∈ B, ent˜ao n p ∈ B. Solu¸c˜ao. Suponha que n e p s˜ao elementos de B. Sejam a, b, x, y ∈ Z tais que
n = a2+ 3b2 e p = x2 + 3y2. Temos
y2n − b2p = (y2a2+ 3y2b2) − (b2x2+ 3b2y2) = y2a2− b2x2.
Portanto,
p|(ya − bx)(ya + bx). Trocando b por −b se necess´ario, podemos assumir que
p|(ya − bx).
Temos tamb´em
x2n − 3b2p = (a2x2+ 3b2x2) − (3b2x2+ 9b2y2) = a2x2 − 9b2y2. Portanto,
p|(ax − 3by)(ax + 3by). Trocando a por −a se necess´ario, podemos assumir que
p|(ax + 3by). Sejam c = ax + 3by p e d = ya − bx p . Uma conta simples nos d´a
c2+ 3d2 = x 2+ 3y2 p a2+ 3b2 p = n p. Portanto, n p ∈ B.