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O PROBLEMA DO ALUNO IMIGRANTE: ESCOLA, CULTURA, INCLUSÃO

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

O PROBLEMA DO ALUNO IMIGRANTE:

ESCOLA, CULTURA, INCLUSÃO

Marinaldo de Almeida Cunha1 - PUCSP Grupo de Trabalho - Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

O presente trabalho é parte inicial de uma pesquisa que tem como objetivo discutir as implicações do processo de escolarização das crianças imigrantes ou filhas de imigrantes no Brasil nos dias de hoje. A reflexão se dá considerando os movimentos migratórios recentes, sobretudo a imigração já consolidada de bolivianos na cidade de São Paulo e o que se espera no caso dos haitianos que ainda vivem um grande fluxo migratório de entrada, que hoje se concentra nas regiões sul e sudeste do Brasil. Para isso foi feito um resgate histórico das grandes imigrações europeias no século XIX e início do século XX, mais precisamente a relação dos filhos desses imigrantes e a escola da época, as quais por falta de políticas brasileiras de acolhimento e integração desses povos eram, em alguns casos, a exemplo de alemães e italianos, agregadas a colônias, as quais funcionavam com o objetivo de fornecer ajuda mútua, assim como objetivavam a manutenção da cultura e da língua materna e a passagem desses valores para as gerações futuras. No decorrer da pesquisa teórica, já percebemos que os imigrantes recentes que têm seus filhos na escola brasileira, como o caso dos bolivianos em São Paulo, convivem com diversas dificuldades no dia a dia escolar, principalmente na relação com os colegas brasileiros e na possível negação da cultura de seus pais e avós em casa. O fator causador desse choque de cultura e de gerações dentro das famílias de imigrantes possivelmente pode ser a falta de uma política de inclusão que olhe para o aluno imigrante na sala de aula, e também na comunidade que sua família escolheu para estabelecer um novo território.

Palavras-chave: Imigração recente e educação. Cultura. Inclusão. Introdução

Como pesquisador na área de Sociologia da Educação, especificamente investigando sobre trajetória escolar e acadêmica dos indivíduos, tive o interesse de estudar um tema que está muito difundido no Brasil e no mundo na atualidade: os movimentos migratórios,

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Mestre em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP. Membro do Grupo de estudo e pesquisa Movimentos Migratórios e Educação da PUCSP. Email: marinaldo.a.cunha@gmail.com.

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sobretudo as implicações culturais que os indivíduos enfrentam desde a saída da sua terra, até depois de estabelecidos em novo local, e a inclusão das crianças imigrantes na escola.

Primeiramente é preciso pensar um pouco sobre a migração. Desde que conta sua história, o homem vive em movimento. O faz em busca de abrigo, de alimento, isto é, em busca de uma melhor condição de vida, na luta pela sua sobrevivência, seja em pequenos grupos ou até grandes populações. Nos dias de hoje caracterizamos este movimento como migração, que se distingue em dois tipos: o movimento de saída, emigração; e o de entrada, imigração.

Grosso modo, pensamos o movimento migratório como uma forma de afugentar-se de determinados riscos que acometem nossa vida e nossa segurança, seja por consequência de fenômenos naturais e tragédias, guerras e perseguições, ou simplesmente a questão econômica, isto é, fatores gerais externos ao homem. Então, no geral, ao falar desse movimento, damos muita importância aos motivos que originaram a deslocação e esquecemos o que vem depois dele, como se os problemas dos indivíduos que se mudam acabassem com a instalação em uma nova localidade. No entanto, o locomover-se pode ser apenas uma etapa inicial do processo total de migração, posto que o migrante enfrentará novos desafios dali em diante.

O ser imigrante e o choque de culturas: duas faces do sujeito

A respeito dos problemas enfrentados pela pessoa que decidiu buscar melhores condições de vida em um novo lugar, alguns pesquisadores como Sayad (2010), se preocuparam com a totalidade do ser que se locomove, o migrante além do processo de migração, um ser que carrega consigo uma história, uma cultura, uma individualidade. Ademais, o que acontece com este indivíduo depois do processo de mudança espacial (entrando num país como imigrante) em conflito, principalmente, com o que ele deixou para trás (sua condição de emigrante no país de origem). A migração, ao contrário do que a lógica nos induz pensar, pode trazer mais perdas do que ganhos para o sujeito.

Em sua obra La doble ausencia (2011), Sayad nos mostra uma outra forma de encararmos o migrante, isto é, o desafio de enxergar o emigrante, aquele que sai de seu local de origem, abrindo mão da sua cultura para se inserir numa outra totalmente diferente, geralmente com a intenção de conseguir trabalho, a fim de oferecer uma melhor condição de vida a seus familiares que permanecem na terra natal. Ele justifica que não se pode explicar uma coisa separada da outra, ou seja, o pesquisador não pode cometer o erro de fazer uma

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sociologia da imigração sem levar em consideração nos estudos a emigração ao mesmo tempo. Segundo o autor, estes dois conceitos são duas faces de uma mesma moeda, duas partes indissociáveis de uma realidade que pertence ao indivíduo, pois se por um lado ele é imigrante porque chegou a uma nova terra, ele também é emigrante, por ter deixado o lugar que o abrigara anteriormente.

Assim, a dupla ausência, que está presente desde o título da obra do sociólogo franco-argelino, é a chave do seu estudo, pois o perfil do migrante estudado por ele é marcado pela perda ou certa anulação da cultura nativa do indivíduo, ao mesmo tempo em que existe uma dificuldade de assimilação de uma nova cultura. Portanto, o migrante acaba não se identificando em nenhuma das duas culturas as quais está ligado. A sensação de não pertencimento a nenhuma das culturas configura essa dupla ausência, pois o indivíduo não sente mais parte de sua terra natal, como também não está totalmente integrado à nova cultura.

Um grande desafio principalmente para as crianças em idade escolar, quando imigram acompanhando seus pais, no caso de imigração familiar. Esta criança que vai com sua família para um novo país também precisa abrir mão de muitos de seus antecedentes culturais em prol de uma nova socialização no novo país, ou seja, isto implica dizer que, mais que seus pais, ela precisa incorporar os costumes e as regras sociais para que seja integrada rapidamente a um novo e diferente modelo de vida e sistema de ensino e, na maioria das vezes, aprender um novo idioma simultaneamente, se este for diferente de sua língua materna, a qual ainda é falada em casa.

Imersão cultural: imigrações passadas e imigração recente

Existem várias maneiras de as crianças enfrentarem um momento de adaptação a um novo território no processo de imigração. Neste trabalho será enfatizado duas formas diferentes de integração numa nova cultura, com a imigração em novo território: primeiro, o caso das grandes imigrações europeias dos séculos XIX e XX, e depois, as imigrações recentes no Brasil.

O caso das colônias europeias dos séculos XIX e XX

Primeiramente vejamos os casos mais simples de inserção em um novo território, começando pela formação de colônias.

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Em alguns casos, como migração de grande massa populacional, especialmente para povoamento de uma nova terra, as crianças que vêm com suas famílias não sofrem tanto impacto em sua educação, pois nestes casos são estabelecidas colônias pelos imigrantes de uma determinada origem. Assim, a educação continua sendo baseada nos costumes de seu povo, logo não perdendo a herança cultural passada das gerações mais antigas para as mais novas. Como exemplo disso, temos algumas colônias alemãs e italianas que foram formadas na Região Sul do Brasil, quando esses povos aqui chegaram, e que procuraram preservar sua cultura e língua por gerações.

Wiederkehr (2013) trouxe em seu trabalho o exemplo da comunidade teuto-brasileira que fundou no século XIX a colônia de Blumenau em Santa Catarina, com a finalidade de resguardar a herança alemã trazida com seu povo para o sul do Brasil. Em suas palavras:

a cidade de Blumenau, situada no Vale do Itajaí, Santa Catarina, se formou com as políticas imigratórias do século XIX, sendo que os imigrantes alemães e seus descendentes, ou teuto-brasileiros, que são os descendentes de alemães nascidos no Brasil, constituíram a comunidade blumenauense, marcada pela língua alemã e manifestações culturais próprias, assegurando a educação formal diferenciada para seus filhos por meio da criação da escola alemã.

Este aspecto é enfocado por Fouquet (1974), o qual relata que, durante o período de colonização brasileira, foi incentivada pelo Governo Imperial do Brasil a criação de escolas pelos próprios imigrantes, o que ocorreu devido ao fato de o Brasil ter um extenso território e de o governo necessitar colonizar as terras. Neste sentido, a colonização trouxe várias consequências sociais, entre elas, a criação de uma escola que acolhesse os filhos dos imigrantes (WIEDERKEHR, 2013, p. 2).

A forma de educação para os filhos de imigrantes citada acima por Wiederkehr, demonstra que a inserção em um novo território se torna menos traumática para as crianças pelo fato de que há homogeneidade cultural, onde todos os alunos são de uma mesma origem. Nesse tipo de educação, são passados para as gerações seguintes todos os traços de sua cultura nativa, inclusive e principalmente a língua materna.

Esse tipo de educação para os imigrantes e filhos de imigrantes configurava mais um sentimento de preservação da cultura materna do que inclusão na nova terra, posto que o objetivo principal e primeiro era a manutenção da cultura original da família, e a escola alemã era a instituição mais importante para essa empreitada. Como diz a autora no seguinte trecho:

a concepção educativa dessa época era a de alfabetizar o aluno, primeiramente na língua materna, ou seja, o alemão, para, posteriormente, introduzir o ensino do português. Durante as entrevistas com ex-alunos, constatamos que a nacionalidade do imigrante era preservada por meio da frequência em instituições como a escola alemã (WIEDERKEHR, 2013, p. 7).

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Ou seja, a manutenção e disseminação da cultura materna atenuava os efeitos de choque cultural no processo de imigração, principalmente das crianças, pois parte da educação que elas tinham na escola condizia com o que elas encontravam em casa com seus familiares. Os costumes da família eram uma continuação da educação recebida na escola, pois se tratava da transmissão da mesma cultura.

Da mesma forma acontecia com os imigrantes italianos, como mostrou Pagani (2012) em sua dissertação. Com as seguintes palavras ele introduz em resumo o que teria sido uma solução para os problemas de inserção dos imigrantes no território brasileiro entre os séculos XIX e XX:

o fenômeno da imigração italiana no Brasil abrange aspectos sociais e culturais relevantes para as comunidades italianas, sejam elas instaladas nas colônias ou fazendas, ou ainda, nos centros urbanos. Ao chegar num país quase que totalmente desconhecido, os imigrantes encontravam dificuldades na inserção em uma sociedade e um ambiente natural tão diferente. Para suprir as dificuldades encontradas, os imigrantes eram levados a manter, entre eles, uma relação de ajuda mútua e solidariedade que chegou a proporcionar a fundação de associações que tinham como objetivo resolver os problemas mais urgentes e que, na maioria dos casos, não tinham solução ou respaldo nas autoridades brasileiras locais, nacionais ou nos próprios empregadores (PAGANI, 2012, p. 50).

O trecho citado acima se refere às comunidades italianas de ajuda mútua, que tinham como finalidade auxiliar os imigrantes italianos desde problemas do cotidiano, até problemas diplomáticos. Dentre as ações dessas comunidades italianas, estava a criação de escolas étnicas, que tinham como função principal a manutenção da cultura italiana entre os seus descendentes no Brasil. Essas escolas seguiam o mesmo modelo das escolas na Itália, e também eram subsidiadas pelo governo italiano:

as escolas italianas governative e subsidiadas pelo governo italiano, quer fossem situadas na cidade do Rio de Janeiro ou no estado, e que se limitavam ao ensino das primeiras letras dispunham de um programa de ensino parecido com aquele das escolas elementari na Itália. Portanto, ao falar de escolas italianas no Brasil, devemos entender como as escolas elementari surgiram na Itália e como foram definidos os seus programas (PAGANI, 2012, p. 79).

Embora toda a formatação dessa escola fosse nos moldes italianos, elas se diferenciavam do seu modelo materno pelo fato de terem a obrigação de incluir programa de educação brasileiro. Portanto, podemos entender como uma escola mista. Que integrava a cultura materna com a cultura brasileira.

Em sumo, essas escolas, seja a alemã ou a italiana, tinham como principal objetivo a manutenção da cultura nativa dos imigrantes no Brasil. Esta forma de educação buscava

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preservar as raízes culturais do seu povo enquanto se integravam num novo território. Portanto, a inclusão das crianças ocorreu com grande naturalidade com a integração família/comunidade/escola.

O caso das imigrações recentes: a falta de inclusão

Nos dias atuais, quando vivemos uma grande imigração no Brasil, como podemos encarar a educação para esses novos imigrantes no sistema de ensino regular, a exemplo de bolivianos e haitianos, posto que não existe ainda formação de uma grande colônia como os povos europeus o fizeram nos séculos passados?

O desafio enfrentado pelas crianças, e mesmo pelos adultos, é a sua inclusão por meio da imersão na cultura brasileira em detrimento da sua, posto que não existe uma grande comunidade que vise a preservação da cultura materna, ou mesmo escolas direcionadas neste sentido, como vimos anteriormente nos casos das escolas étnicas alemã e italiana.

Por já estar consolidada há mais tempo que os haitianos, vejamos o caso da imigração dos bolivianos, particularmente em São Paulo, por meio do estudo realizado por Magalhães e Schilling (2012), que investigaram sobre o direito humano à educação para estes imigrantes.

Antes de adentrarmos no que se refere à educação do povo boliviano, é interessante observar as primeiras dificuldades que eles enfrentam quando chegam a São Paulo. A situação é traumática desde o início, segundo as autoras:

trata-se de migração de pessoas que encontram trabalho em oficinas têxteis na cidade – estimadas entre 10 a 12 mil, concentradas, principalmente, na região central. São homens, mulheres, jovens, crianças, idosos, trabalhando em condições penosas. O relatório de uma CPI, em 2005, mostrou que, entre os problemas enfrentados, estão: dificuldade de acesso aos serviços públicos, condições de trabalho insalubres e intolerância da população residente em relação a hábitos, costumes e idiomas diferentes (MAGALHÃES; SCHILLING, 2012, p. 45).

Ou seja, além de estarem passando por um processo difícil que é a imigração, os bolivianos em São Paulo sofrem com a perda de seus costumes, por não ter condição de manter uma colônia boliviana institucionalizada no Brasil e que vise a preservação da cultura nativa, eles têm que se sujeitar a péssimas condições de vida e de trabalho, assim como sofrer por intolerância étnica.

Nas escolas regulares, as crianças têm que se esforçar para aprender uma nova língua enquanto tentam acompanhar os conteúdos programáticos. Ao mesmo tempo são inibidos ao usarem sua língua materna na sala de aula. Além disso, elas sofrem discriminação por parte

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dos colegas brasileiros, como nos relata Oliveira (2012). No decorrer de sua pesquisa ela verificou por meio da observação do comportamento das crianças nos diversos espaços da escola e diferentes momentos de horário escolar, atitudes de intolerância étnica por parte de alunos brasileiros, “principalmente as alunas relatam que são alvos frequentes de atitudes hostis por parte dos alunos brasileiros que agridem verbalmente chamando-as de ‘bolivianas sujas’ e ouvem também que deveriam voltar para seu país de origem” (OLIVEIRA, 2012, p. 9).

As atitudes de discriminação dos alunos brasileiros sobre os alunos bolivianos pode demonstrar uma reação frente a uma possível ameaça que os estrangeiros representam a essas crianças, pois em geral o desempenho dos alunos imigrantes na escola é bom, o que os tornam ganhando a admiração dos professores e demais agentes da escola. Na mesma pesquisa, Oliveira (2012) aponta o seguinte:

observamos também, por outro lado, através das falas de professores e gestores da escola que o desempenho escolar dos alunos e alunas bolivianos é bastante satisfatório em sua maioria. São frequentemente classificados como “bons alunos”, “muito educados”, “disciplinados” e, portanto, valorizados pelos agentes escolares (OLIVEIRA, 2012, p. 9).

Esse bom comportamento que resulta em bom desempenho, em alguns casos, pode ser resultado de dois fatores: O isolamento dentre o grupo de alunos da escola, e o medo de ser tratado como diferente e inferior.

Sobre essa questão, em sua dissertação, com a pesquisa mais aprofundada sobre os alunos imigrantes bolivianos ou filhos de bolivianos, Oliveira (2013) enfatiza a notável preocupação das crianças de se sentirem brasileiros:

essa é uma questão que merece destaque, pois surge por várias vezes nas falas dos alunos chamados de bolivianos por seus colegas e professores, e que insistem em dizer que são brasileiros, afirmando que são apenas “filhos de bolivianos”. Essa necessidade de não se identificar com o grupo de origem é muito comum. Em todas as vezes que, ao interagir com esses alunos e essa questão aparecia, a reação dos alunos e alunas bolivianas era a mesma: a expressão facial mudava, passava a ser tensa e fechada demonstrando preocupação e tensão, passavam então a desviar o olhar como se apenas a pergunta “você nasceu na Bolívia?” tivesse o poder de feri-los profundamente. Em nenhuma das 25 interações desse tipo a reação foi diferente (OLIVEIRA, 2013, p. 49).

A constatação de Oliveira, pelo trecho citado acima, mostra claramente que as crianças descendentes de bolivianos, vivem na negação de sua própria cultura para se sentirem incluídas em ambiente escolar brasileiro.

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Ou seja, o choque com uma cultura diferente da cultura de sua família, e o fato de não encontrar apoio e incentivo no sentido de preservação das suas raízes, causa no encontro com o outro, um impacto cultural imensurável no imigrante, sobretudo nas crianças que estão em processo de escolarização e precisam se sentir incluídas num novo território, lidando com costumes diferentes do seu povo, dentre eles uma nova língua.

Em relação ao caso dos haitianos, a presença de suas crianças nas escolas brasileiras ainda não faz parte de bibliografia acadêmica, ainda não se tem estudos que tratem do assunto, que não seja da área do direito ou da economia.

Penso que por se tratar de um processo recente e que ainda não houve muita imigração familiar, apenas imigração para o trabalho, ainda não apareceu um número considerável de filhos de imigrantes haitianos nas escolas brasileiras. Este movimento de estabelecimento no Brasil se encontra em etapa inicial, no qual se tem registro que a maioria dos que aqui chegaram estão em idade adulta. E que futuramente, após se estabelecerem de vez no país, seus filhos venham.

Algumas entidades, como a igreja e até mesmo o Estado, oferecem oportunidades de ensino da língua portuguesa para os que se interessam ou já estão inseridos no mercado de trabalho em cidades brasileiras, como São Paulo capital e Curitiba, no Paraná.

Considerações Finais

Pode-se adiantar, na etapa inicial desta pesquisa, que para os filhos de imigrantes que buscam a inclusão no novo país, o maior dos desafios se encontra em casa. Neste sentido se põe a interrogação: como as crianças podem lidar com uma cultura em casa e outra diferente na escola? Esse desafio é lançado e enfrentado todos os dias pelas crianças imigrantes cuja “inclusão” encontrada por eles hoje no contexto brasileiro se dá pela imposição da cultura nacional em detrimento da cultura de seus pais, de seus avós, posto que no ensino público regular brasileiro elas ainda não encontram o contexto étnico que ajudaria preservar suas origens ao mesmo tempo em que agregam a cultura brasileira.

O que sentimos falta até o momento é de uma política pública de inclusão que seja direcionada ao multiculturalismo, no qual as crianças de diversas nacionalidades possam, juntamente com nossas crianças brasileiras, incorporar uma cultura global, aprendendo a lidar com as diferenças e a respeitar os costumes de quaisquer povos, na convivência ou não com a diversidade.

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REFERÊNCIAS

MAGALHÃES, Giovanna Modé; SCHILLING, Flávia. Imigrantes da Bolívia na escola em São Paulo: fronteiras do direito à educação. Pro-Posições, Campinas, v. 23, n. 1 (67), p. 43-63, jan/abr. 2012.

OLIVEIRA, Lis Régia Pontedeiro. Estudantes bolivianos em São Paulo: Desafios no processo de escolarização. In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 18., 2012. Águas de Lindóia: Anais... São Paulo: ABEP, 2012. p. 63-73.

______. Encontros e confrontos na escola: um estudo sobre as relações sociais entre alunos brasileiros e bolivianos em São Paulo. 2013. 107 f. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013.

PAGANI, Carlo. A imigração italiana no Rio de Janeiro e em Petrópolis e a educação para os filhos dos imigrantes (1875-1920). 2012. 211 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Petrópolis, Petrópolis, 2012.

SAYAD, Abdelmalek. La doble ausência: De las ilusiones del emigrado a los padecimentos del inmigrado. 1. ed. Barcelona: Anthropos, 2010.

WIEDERKEHR, Alessandra Helena. Prática Pedagógica e o processo de escolarização da escola alemã como elemento constituinte das relações sociais dos teuto-brasileiros. In: Congresso Brasileiro de História da Educação, 7., 2013. Circuitos e fronteiras da História da Educação no Brasil. Cuiabá: Anais... Cuiabá: SBHE – UFMT, 2013. p. 28-38.

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