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Estudo retrospectivo da ocorrência de dermatofitoses em cães e gatos na região da Grande Florianópolis, SC

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CAROLINE PERTILE NUNES

ESTUDO RETROSPECTIVO DA OCORRÊNCIA DE DERMATOFITOSES EM CÃES E GATOS NA REGIÃO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS, SC

Tubarão 2019

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CAROLINE PERTILE NUNES

ESTUDO RETROSPECTIVO DA OCORRÊNCIA DE DERMATOFITOSES EM CÃES E GATOS NA REGIÃO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS, SC

Defesas de resultados do projeto de pesquisa apresentado no Curso de Medicina Veterinária da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à aprovação da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientador: Prof. Adriano de Souza Neto, Me.

Tubarão 2019

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CAROLINE PERTILE NUNES

ESTUDO RETROSPECTIVO DA OCORRÊNCIA DE DERMATOFITOSES EM CÃES E GATOS NA REGIÃO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS, SC

Defesas de resultados do projeto de pesquisa apresentado no Curso de Medicina Veterinária da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à aprovação da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientador: Prof. Adriano de Souza Neto, Me .

Tubarão 2019

______________________________________________________ Prof. e Orientador Adriano de Souza Neto, Me

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ M.V. Helena Galliccho Domingues

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ M.V. Davi Borges, Esp

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Dedico a conquista dessa vitória primeiramente à Deus; à minha mãe Valdirene Pertile, por sempre estar ao me lado e me apoiar em minhas escolhas. As minhas amigas, Amanda Catharina e Heloisa por me aguentarem neste período de loucura, e ao meu Professor Orientador Adriano de Souza Neto por me encorajar e me auxiliar neste projeto, me orientando da melhor forma possível.

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RESUMO

As dermatofitoses estão entre as zoonoses que mais acometem adultos e crianças e é um dos distúrbios de pele mais presente na clínica de pequenos animais. A doença é causada por dermatófitos, sendo que os principais agentes fúngicos presentes nas infecções em animais de companhia são o Microsporum canis, M. gypseum e o Trichophyton mentagrophytes. O diagnóstico eficaz dessa patologia, assim como o seu tratamento correto são essenciais para que não aumente os casos de transmissão. Este estudo teve como foco a avaliação do perfil epidemiológico de dermatofitoses em cães e gatos na região da Grande Florianópolis, SC. Foram analisados 1034 laudos de cultura fúngica provenientes de um laboratório da região, verificando a espécie animal, sexo, raça, idade e espécie fúngica. A espécie animal prevalente foi a canina (75,14%), seguida pela felina (24,86%). No que diz respeito ao sexo, ambas as espécies apresentaram uma prevalência em fêmeas (53,2% em cães e 54,1% em gatos). Já os machos, a frequência foi de 46,2% em cães e 44,7% em gatos. Os animais sem raça definida foram prevalentes neste estudo (20,6% em cães e 57,2% em gatos). Quanto aos animais de raça definida apresentaram uma prevalência em caninos de: Shih Tzu (13%), Yorkshire Terrier (10,7%), Pug (5,8%), Labrador Retriever (4,1%), Lhasa Apso (4,1%), Buldogue Francês (3,5%), Pinscher (3,1%), Golden Retriever (3,0%), Maltês (3,0%) e Poodle (3,0%). Já em felinos a prevalência de gatos com raça definida foi de: Persa (31,5%), Siamês (5,1%) e Exótico (1,2%). Por fim, em relação a idade, os animais foram divididos em três grupos (<1 ano; 1 a 7 anos; >7 anos). Ambas as espécies apresentaram prevalência no grupo de 1 a 7 anos (53,7% em cães e 43,6% em gatos). O segundo grupo mais frequente em cães foi >7 anos (23%) e em gatos o grupo de <1 ano (20,2%). O dermatófito predominante foi o Microsporum canis, tanto em caninos quanto em felinos (98,97% em cães e 99,61% em gatos), seguido por Microsporum gypseum (0,77%) em cães e Trichophyton mentagrophytes (0,26%). Já em felinos, o segundo dermatófito mais frequente foi o Microsporum gypseum (0,39%). Os resultados obtidos neste estudo são de grande importância para a região, auxíliando na compreensão de como esta zoonose se comporta e contribuindo para um correto diagnóstico, tratamento, controle e prevenção dos animais.

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ABSTRACT

Dermatophytoses are among the zoonoses that most affect adults and children and is one of the most present skin disorders in the small animal clinic. The disease is caused by dermatophytes, and the main fungal agents present in infections in companion animals are Microsporum canis, M. gypseum and Trichophyton mentagrophytes. The effective diagnosis of this pathology as well as its correct treatment are essential so that it does not increase the cases of transmission. This study focused on the evaluation of the epidemiological profile of dermatophytosis in dogs and cats in the region of Grande Florianópolis, SC. We analyzed 1034 reports of fungal culture from a laboratory of the region, verifying the animal species, sex, race, age and fungal species. The prevalent animal species was canine (75.14%), followed by feline (24.86%). Regarding sex, both species had a prevalence in females (53.2% in dogs and 54.1% in cats). For males, the frequency was 46.2% in dogs and 44.7% in cats. Non-breed animals were prevalent in this study (20.6% in dogs and 57.2% in cats). Concerning defined breed animals, the prevalence of canine was Shih Tzu (13%), Yorkshire Terrier (10,7%), Pug (5,8%), Labrador Retriever (4,1%), Lhasa Apso (4,1%), Buldogue Francês (3,5%), Pinscher (3,1%), Golden Retriever (3,0%), Maltês (3,0%) e Poodle (3,0%). In cats, the prevalence of cats with defined breed was: Persa (31.5%), Siamês (5.1%) and Exótico (1.2%). Finally, in relation to age, the animals were divided into three groups (<1 year old; 1 to 7 years old; > 7 years old). Both species presented prevalence in the group from 1 to 7 years old (53.7% in dogs and 43.6% in cats). The second most frequent group in dogs was >7 years old (23%) and in cats the group of <1 year old (20.2%). The predominant dermatophyte was Microsporum canis, both in canines and felines (98.97% in dogs and 99.61% in cats), followed by Microsporum gypseum (0.77%) and Trichophyton mentagrophytes (0.26% ) in dogs. In felines, the second most frequent dermatophyte was Microsporum gypseum (0.39%). The results obtained in this study are of great importance for the region, helping in the understanding of how this zoonosis acts and contributing to a correct diagnosis, treatment, control and prevention in animals.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Tinea corporis causado por M. canis em uma criança ... 15 Figura 2- Eritema e alopecia causada por infecção de Microsporum canis em um gato persa 20 Figura 3 - Nódulo ulcerado com grânulos no pescoço de um gato Persa com pseudomicetoma

dermatofítico causado por M. canis. ... 21 Figura 4 - Lesões alopécicas circulares e de formato irregular (setas), distribuídas de forma

generalizada em um cão com dermatofitose causada por Microsporum canis. ... 22 Figura 5 - A – Lesões alopécicas próximas a orelha, ponte nasal, olho e região perilabial de

um felino com dermatofitose. B – Lesões nos dígitos do mesmo animal. ... 23 Figura 6 - Lesão em quérion (seta), de aspecto piogranulomatoso, localizada na região

torácica de um cão com dermatofitose causada por Microsporum. canis. ... 23 Figura 7 – Avaliação diagnóstica, através da lâmpada de Wood, em um cão com suspeita de

dermatofitose. ... 25 Figura 8 - Microsporum canis: macronídeos e hifa por cultura fúngica. ... 27 Figura 9 - Artrósporos nos pelos visualizados através do exame direto (x100) (tricograma). . 29 Figura 10 - DermLite DL3N ... 30 Figura 11 - Achados dermatoscópicos em gato com dermatofitose (M. canis) com aumento de

10 vezes. Região na margem da orelha: estruturas semelhantes a vírgula (indicada por setas), pelos quebrados e opacos, com espessura homogênea. ... 31

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LISTA DE TABELAS

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 12 2.1 ETIOLOGIA ... 12 2.2 EPIDEMIOLOGIA ... 14 2.3 PATOGENIA ... 18 2.4 SINAIS CLÍNICOS ... 19 2.5 DIAGNÓSTICO ... 24 2.5.1 Lâmpada de Wood ... 25 2.5.2 Cultura fúngica ... 27 2.5.3 Exame direto ... 28 2.5.4 Dermatoscopia ... 29 2.5.5 Biópsia ... 31 2.5.6 PCR ... 32 2.6 TRATAMENTO ... 32 2.6.1 Tratamento tópico ... 33 2.6.2 Tratamento sistêmico ... 33 2.7 CONTROLE E PREVENÇÃO ... 34 2.7.1 Vacina ... 35 3 MATERIAL E MÉTODOS ... 37 4 RESULTADOS ... 38

4.1 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS ... 38

4.1.1. Objetivo ... 38

4.1.2. Normas Gerais ... 38

4.1.3 Forma de apresentação ... 39

4.1.4 Anúncios publicitários... 40

4.1.5 Comitê de Ética ... 40

4.1.6 Apresentação de originais e suporte físico ... 40

4.1.7 Numeração, citação, ilustrações e posição das tabelas, quadros, figuras e gráficos 43 4.1.8 Termos científicos ... 43

4.1.9 Exemplos de referências... 44

4.1.10 Avaliação ... 46

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5 ARTIGO CIENTÍFICO ... 48 Resumo ... 48 Abstract ... 49 Introdução ... 50 Material e Métodos ... 51 Resultados e Discussão ... 52 Conclusão ... 57 Referências ... 58 6 CONCLUSÃO ... 61 REFERÊNCIAS ... 62

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o mercado pet brasileiro tem aumentado consideravelmente. De acordo com um levantamento feito pela Abinpet (2018), de 2016 a 2017 houve um crescimento de 7,9%, classificando o Brasil como o terceiro país com o maior faturamento em mercado pet do mundo. Isso demonstra que a relação homem-animal vem crescendo juntamente, facilitando o contato e a disseminação de patologias consideradas zoonóticas, como as dermatófitoses (NEVES et al., 2011; NWEZE, 2011).

As dermatofitoses estão entre as zoonoses que mais acometem adultos e crianças, sendo também um dos distúrbios de pele mais presente na clínica de pequenos animais. A doença é causada por dermatófitos, tendo três gêneros: Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton. Os principais presentes nas infecções em animais de companhia são o Microsporum canis, M. gypseum e o Trichophyton mentagrophytes, sendo que dentre estes, o M. gypseum é o único dermatófito que não possui caráter zoofílico (MOLINA DE DIEGO, 2011; MORIELLO et al., 2017).

Em humanos acarreta quadros clínicos conhecido por tineas, acometendo pele (tinea corporis), cabelo e unhas (tinea capitis, tinea barbae) (SEGAL; FRENKEL, 2015 PASQUETTI et al., 2017). Já em animais acarreta quadro clínico de dermatofitose propriamente dita, apresentando alopecia, eritema, crostas, escamas, entre outros sinais clínicos (NEVES et al., 2011; NARDONI et al., 2013; MORIELLO et al., 2017). Algumas características influenciam na ocorrência das dermatofises, como por exemplo, idade (pacientes jovens estão mais propensos a se infectar), raça (há uma predileção em Yorkshire terrier e gatos Persas) (OLIVEIRA et al., 2015; MORIELLO et al., 2017).

Atualmente existem vários métodos de diagnóstico de dermatofitoses, dentre eles a lâmpada de Wood é o meio de diagnóstico point-of-care e a cultura fúngica é descrita como padrão ouro (MOLINA DE DIEGO, 2011; MORIELLO et al., 2017). O diagnóstico eficaz dessa patologia, assim como o seu tratamento correto são essenciais para que não aumente os casos de transmissão dos animais de companhia para seus tutores (MORIELLO et al., 2017).

Com isso, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo retrospectivo de cães e gatos que apresentaram diagnóstico de dermatofitoses, através da cultura fúngica, na região da Grande Florianópolis – SC, durante o período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018. Foram analisadas as características dos pacientes, levando em consideração as variáveis: espécie, idade, sexo e raça, além da espécie do dermatófito presente no laudo, para posteriormente ser determinado um perfil epidemiológico da doença. Os resultados e a discussão serão

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apresentados em forma de artigo, mostrando as tabelas com as frequências de cada variável analisada no estudo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ETIOLOGIA

As dermatofitoses são classificadas em três gêneros: Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton. O gênero Epidermophyton possui apenas duas espécies conhecidas, o E. floccosum e E. sckodaleae, sendo o primeiro o único patogênico para o ser humano. Possui como características microscópica a presença de macronídeos aglomerados ou isolados, com forma de tacos e parede lisa e moderadamente espessa. Suas colônias são visíveis de 7 a 9 dias após a incubação, com coloração amarelo-esverdeada e aspecto aveludado (MOLINA DE DIEGO, 2011).

Em relação ao gênero Microsporum, possui cerca de 20 espécies diferentes, dentre elas 10 são patogênicas ao ser humano. Em sua microscopia apresenta elevados macronídeos isolados, possuindo parede fina, intermediária ou até mesmo grossa, com superfície variando de lisa à áspera. Já o gênero Trichophyton possui aproximadamente 30 espécies, sendo o mais frequente quando se trata de infecção humana. Microscopicamente apresenta macronídeos escassos, com parede fina e lisa, tendo seu formato de charuto, fuso ou cilíndrico. Suas colônias podem aparecer em aspectos variados, podendo apresentar aspecto de pó, algodão à aveluada (MOLINA DE DIEGO, 2011).

Atualmente registra-se cerca de mais de 30 espécies de fungos dermatófitos, sendo que os principais organismos presentes na clínica de pequenos animais, são: Microsporum canis, Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes (MOLINA DE DIEGO, 2011; MORIELLO et al., 2017).

Esses são classificados como fungos queratinofílicos, ou seja, parasitam apenas tecidos queratinizados de homens e animais, como, pelo, unhas e pele, sem desenvolvimento em tecido vivo. São divididos em: antropofílicos (possuem como reservatório os humanos; são afetados por fatores étnicos, sociológicos e ambientais), zoofílicos (podem ser patogênicos ou não para os animais, mas extremamente patogênico aos humanos) e geofílicos (são encontrados no solo com distribuição irregular, de acordo com as características físico-químicas do solo; são patogênicos em seres humanos) (VEASEY et al., 2017). Abaixo há uma tabela da classificação dos principais dermatófitos e seus respectivos hábitats.

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Tabela 1 - Classificação dos principais dermatófitos e seu habitat.

Antropofílicos Zoofílicos Geofílicos

E. floccosum M. canis (gato, cão, cavalo) E. stockdaleae

M. audouinii M. equinum (cavalo) M. amazonicum

M. ferrugineum M. fulvum M. boullardii

T. concentricum M. gypseum M. cookei

T. gourvilii M. galinae (aves de curral) M. gypseum

T. kanei M. nanum (gado, porco) M. nanum

T. megninii M. persicolor (rato de campo) M. praecax

T. mentagrophytes var.

interdigitale T. equinum (cavalo) M. racemosum

M. raubitschekii T. mentagrophytes var.

mentagrophytes(roedores, cão) M. ripariae

T. rubrum T. mentagrophytes var. erinacei

(ouriço) M. vanbreuseghemii

T. schoenleinii T. mentagrophytes var.

quinckeanum (rato) M. ajelloi

T. soudanense T. sarkisoriii (camelo) T. flavescens

T. tonsurans T. simii (aves) T. gloriae

T. violaceum T. verrucosum (bovinos,

ovelha, dromedário) T. longifusum

T. yaoundei T. phaseoliforme

T. terrestre

Fonte: MOLINA DE DIEGO, 2011.

Os dermatófitos, na condição parasitária, possuem hifas e artroconídios, unidade de reprodução assexuada. Em meio de cultivo geralmente crescem em ágar Sabouraud-dextrose. Possuem um pH ácido, de aproximadamente 5,6, dando-o uma atividade bacteriostática e seletiva. São classificados como fungos aeróbios não fermentadores. Sua temperatura ideal para multiplicação é entre 25ºC a 30ºC (CHENGAPPA; POHLMAN, 2017).

O Microsporum canis é o dermatófito mais encontrado em pequenos animais. Cerca 90% dos casos de dermatofitoses trata-se de M. canis, seguindo de Trichophyton mentagrophytes e Microsporum gypseum. O primeiro é caracterizado como zoofilico, podendo infectar animais sem causar sinais clínicos, identificando-os como portadores

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assintomáticos, os quais podem disseminar a doença para outros animais e até mesmo humanos. É considerado altamente patogênico para os cães, porém causam menos reações inflamatórias. Em relação ao seu cultivo, o M. canis é evidenciado por colônias brancas aveludadas com o verso apresentando pigmentação alaranjada; de crescimento rápido e numerosos macroconídeios fusiformes, apresentando paredes rugosas e espessas; é caracterizado como ectotrix, ou seja, possui esporos finos nos pelos infectados. Pode ser encontrado em cães, gatos, macacos e cavalos e não faz parte da microbiota normal da pele de cães e gatos (CABAÑES, 2000; MEDEIROS; CREPALDI; TOGNOLI, 2009; MEZZARI; FUENTEFRIA, 2012; MORIELLO et al., 2017).

O Trichophyton mentagrophytes contém cinco variedades (mentagrophytes, interdigitale, quinckeamun, erinacei e nodulare). Trichophyton mentagrophytes var. mentagrophytes possui crescimento rápido, com colônia de aspecto algodoada e seu verso com pigmentação bege-claro a vinho-escuro. Apresentam hifas em raquete, espiral e macroconídeos (em grandes ou pequenos volumes), podendo ser arredondados, unicelulares, isolados ou até mesmo em cachos. É caracterizado como zoofílico (LACAZ et al., 2002; MEZZARI; FUENTEFRIA, 2012).

O Microsporum gypseum trata-se de uma espécie geofílica, podendo infectar animais e humanos quando os mesmos entram em contato com o solo. A sua infecção é menos comum e é encontrado em solos ricos em matéria orgânica, onde se decompõem em fragmentos queratinizados. Sua infecção não é considerada uma zoonose, mesmo que possa ocorrer transmissão de animais para humanos. Cães e gatos geralmente se infectam pelo hábito de cavar e arrancar raízes dos solos contaminados. Em gatos pode ocorrer regressão espontânea dos sinais clínicos em até 4 meses (BIER et al., 2013; NARDONI et al., 2013).

Em relação ao seu cultivo possui colônia pulverulenta de coloração camurça e seu verso com pigmentação pardacento. Apresenta numerosos macroconídeos fusiformes, paredes rugosas e superfície irregular, além de produzir poucos esporos ectotrix (MEZZARI; FUENTEFRIA, 2012; OLIVEIRA, 2014).

2.2 EPIDEMIOLOGIA

As dermatofitoses estão entre as zoonoses mais comuns do mundo, estando classificadas como o segundo distúrbio de pele mais comumente encontrado em adultos e o terceiro mais encontrado em crianças menores de 12 anos. Nos últimos anos essas infecções têm aumentado drasticamente, ganhando uma maior importância em relação a sua incidência,

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principalmente em pacientes em estados imunocomprometidos, como em casos de AIDS, diabetes mellitus e em transplantes de órgãos (NEVES et al., 2011; NWEZE, 2011).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as dermatofitoses acometem aproximadamente 25% da população mundial, sendo que de 30 a 70% dos adultos podem ser portadores assintomáticos, facilitando a disseminação da patologia. Em países em subdesenvolvimento as dermatofitoses são consideradas endêmicas, especialmente em crianças, devido à falta de tratamento ou falta de antifúngicos eficientes (NWEZE, 2011; SEEBACHER; BOUCHARA; MIGNON, 2008).

Apresentam como quadro clínico em humanos as “tineas”, que acometem pele (tinea corporis), cabelo e unhas (tinea capitis, tinea barbae). A tinea capitis é a dermatofitose mais comum entre crianças, tendo como principais agentes causadores o Trichophyton tonsurans e o Microsporum canis. Sua incidência tem aumentado devido o contato de animais portadores assintomáticos e possui como sinais clínicos lesões altamente inflamatórias. Além da tinea capitis, o dermatófito M. canis também é o causador do quadro de tinea corporis (figura 1) (SEGAL; FRENKEL, 2015 PASQUETTI et al., 2017).

Figura 1 - Tinea corporis causado por M. canis em uma criança

Fonte: PASQUETTI et al, 2017.

No Brasil, nas regiões Sul e Sudeste, a incidência de dermatofitoses têm aumentado, tendo como causa primária o dermatófito Trichophyton rubrum, posteriormente o Microsporum canis e o Trichophyton mentagrophytes. Já na região Nordeste a prevalência é de Trichophyton tonsurans, Trichophyton rubrum, seguido por Microsporum canis. Um

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estudo feito por VEASEY (2017) em São Paulo apontou uma predominância do dermatófito Microsporum canis, posteriormente Trichophyton tonsurans, Microsporum gypseum e por fim o Trichophyton mentagrophytes. Além disso, mostrou que a incidência foi maior em homens do que em mulheres, esses apresentando 64% dos casos de dermatofitoses (DE AGUIAR PERES et al., 2010; VEASEY et al., 2017).

De acordo com um estudo retrospectivo realizado em 2017 na cidade de Itajaí em Santa Catarina, os pacientes atendidos com infecção fúngica durante o período de janeiro de 2014 a junho de 2016 apresentaram como agente etiológico uma prevalência de 90,5% para Trichophyton mentragrophytes seguido igualmente (4,7%) pelos dermatófitos Epidermophyton floccosum e Microsporum canis, sendo que o agente T. mentagrophytes é um dos mais presentes na clínica de pequenos animais, estreitando a relação de transmissão homem-animal da dermatofitose (FAJARDO et al., 2017).

Além de ser um dos distúrbios de pele que mais acomete os humanos, as dermatofitoses também são as micoses cutâneas mais presentes na clínica de pequenos animais. Tais eventos estão diretamente relacionados, uma vez que o contato entre os animais de estimação e seus donos têm aumentado nos últimos tempos, levando uma maior disseminação da doença, já que se trata de uma patologia com caráter zoonótico, principalmente em casos em que o animal é considerado portador assintomático, dificultando o seu diagnóstico e tratamento e facilitando a disseminação para os seus tutores (NWEZE, 2011; SANTOS, 2015).

Foi realizado um estudo na Itália, onde relacionou o isolamento de dermatófitos de cães e gatos que coabitavam com tutores que possuíam diagnóstico de tinea corporis (nome dado a dermatofitoses em humanos). O resultado foi que, 36,4% dos cães e 53,6% dos gatos apresentaram Microsporum canis, outros 14,6% dos gatos apresentaram o fungo sem haver sinais clínicos da doença, levando a conclusão de que os cães e gatos são uma importante fonte de transmissão de dermatofitoses para os humanos, inclusive quando não apresentam sinais da doença (CAFARCHIA et al., 2004).

Em relação ao clima, a patologia tem se mostrado mais comum em climas tropicais e temperados, especialmente em regiões que possui condições climáticas quentes e úmidas. No Brasil, na região do Nordeste, foi constatado que há uma maior prevalência nos meses de março, abril e maio, após o isolamento de uma população de cães e gatos. Já na região Sudeste não há uma distribuição sazonal da doença (CHAVES, 2007; NEVES et al., 2011).

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A idade do paciente é mais uma variável que influencia na ocorrência das dermatofitoses. Apesar de ocorrer em qualquer idade, os jovens (inferior a um ano) e pacientes com imunossupressão estão mais propensos a serem acometidos. Além disso, a incidência vai depender também do tempo de exposição do animal ao fungo, como a exposição a ambientes externos, os quais vão ficar mais expostos ao solo e consequentemente às espécies geofílicas (NOBRE; MEIRELES; CORDEIRO, 2007; OLIVEIRA et al., 2015).

A questão sobre raças dos animais ainda é algo que está sendo debatido. Em cães, alguns autores relatam que há uma predileção de dermatofitoses em Yorkshire terrier e em gatos, a raça Persa. Isso pode ser explicado pelo fato de que esses animais apresentarem pelos alongados, o que facilita a proteção e propagação dos fungos, devido as condições ótimas de temperatura e umidade, principalmente em gatos Persas. Traumas na pele dos animais é algo que também contribui para a contaminação dos dermatófitos, além de umidade e presença de ectoparasitas (NEVES et al., 2011; MORIELLO et al., 2017).

Outro fator que ainda apresenta discussão quanto sua influência nas dermatofitoses é o sexo do animal. Muitos autores trazem essa variável como algo que não tem influência direta. Um estudo retrospectivo realizado por MATTEI (2009) envolvendo cães e gatos com dermatofitoses mostrou que a doença ocorreu 49% em fêmeas e 51% em machos, tanto em caninos como em felinos. Já em outro estudo realizado por OLIVEIRA et al (2015) apresentou uma maior prevalência em fêmeas do que em machos (MATTEI, 2009; OLIVEIRA et al., 2015).

No sul do Brasil alguns estudos já foram publicados caracterizando a prevalência das dermatofitoses em cães e gatos. DA SILVA et al (2011) publicou a prevalência das espécies fúngicas envolvidas nos casos de infecção fúngica em cães e gatos do município de Xanxerê/SC. O agente etiológico mais presente foi o Microsporum canis, seguido por M. gypseym e M. nanum. O mesmo resultado ocorreu em um estudo realizado em Florianópolis, Santa Catarina, em 2017, envolvendo a frequência de dermatófitos isolados de gatos que não apresentavam dermatopatia. Os resultados mostraram que, de 198 animais, apenas seis foi possível realizar o isolamento do agente etiológico, sendo que as culturas foram positivas para os agentes Microsporum canis (66,7%) e Microsporum gypseum (33,3%). A maioria dos animais acometidos eram fêmeas e possuíam contato com outros gatos. Em relação a idade, a maioria apresentou-se entre jovem e adulto (DA SILVA et al., 2011; FRAGA et al., 2017).

Já em um estudo feito em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 2014, seguindo os mesmos objetivos do anterior, foram encontradas 16 amostras positivas para dermatofitoses (16/191) e somente o gênero Microsporum foi isolado. A espécie Microsporum canis foi

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novamente a mais isolada, presente em 11 amostras. A maioria dos gatos positivos tinham acesso à rua e em relação ao sexo o mais acometido desta vez foi o macho (FERREIRO et al., 2014).

O conhecimento sobre a epidemiologia dos dermatófitos locais é de extrema importância para a orientação correta em relação ao diagnóstico e tratamento do paciente, visto que, com estes estudos é possível melhorar a identificação do dermatófito levando benefícios ao micologista no momento do reconhecimento do fungo (MORIELLO et al., 2017).

2.3 PATOGENIA

Os dermatófitos (denominação comum para o grupo de três gêneros de fungos: Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton) possuem uma forma infecciosa denominada de artrósporo, os quais são esporos constituídos pelas desarticulações das hifas de fungos filamentosos. Este grupo é queratinofílico, ou seja, possui sua nutrição a partir da degradação da queratina (BIER et al., 2013; MORIELLO et al., 2017). É por esta razão que os dermatófitos infectam apenas os tecidos superficiais ricos em queratina, sem poder invasor, desempenhando o mecanismo de quebra das ligações S-S das cadeias de polipeptídeos que a queratina, como uma escleroproteína, possui (MEDEIROS; CREPALDI; TOGNOLI, 2009).

A transmissão dos dermatófitos se dá pelo contato direto com animais infectados ou por contato indireto como a exposição a ambientes que contenham esporos ou até mesmo queratinócitos da epidermopoese e através de fômites, como, instrumentos de uso diário (roupas de cama, coleiras, potes de água ou comida, escovas, cortadores, caixas de transportes, etc..), ectoparasitas (DA SILVA et al., 2011).

Supõe-se que a maioria das infecções por Trichophyton spp., são adquiridas através do contato com roedores infectados ou até mesmo ao seu ambiente, como os seus ninhos (NEVES et al., 2011). Já o Microsporum gypseum possui uma menor infecção e quando ocorre é devido ao contato com solos contaminados por este ser um fungo geofílico (MORIELLO et al., 2017).

O desenvolvimento de uma infecção dermatofítica ocorre em três etapas: a primeira constitui na aderência dos artroconídios aos corneócitos. Isso se torna necessário devido aos mecanismos de defesa do hospedeiro, além da contínua exposição da pele a temperatura, luz ultravioleta e a falta de umidade, que podem fazer com que o fungo seja eliminado devido a descamação do epitélio. Esse processo deve ocorrer entre 2 a 6 primeiras

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horas de exposição ao dermatófito, sendo mediado por adesinas específicas de carboidratos que são expressas na superfície dos artroconídios, além das proteases que são secretadas pelos dermatófitos (DE AGUIAR PERES et al., 2010; MORIELLO et al., 2017). A segunda etapa compreende a introdução dos tubos germinativos que emergem dos artroconídios e adentram no estrato córneo, caracterizando-se como etapa de infecção e ocorre dentro de 4 a 6 horas. Por fim, a terceira etapa consiste na invasão do dermatófito através das hifas, no estrato córneo e a sua multiplicação em diversas direções (MORIELLO et al., 2017).

A nutrição dos dermatófitos irá ocorrer após a sua adesão, obtendo nutrientes através de macromoléculas que estão presentes no tecido do hospedeiro. Essas macromoléculas servirão como fonte de carbono, nitrogênio, fósforo e enxofre, e auxiliarão no desenvolvimento e na sobrevivência do fungo (DE AGUIAR PERES et al., 2010). O ciclo de vida do fungo irá se completar em 7 dias a partir da incubação, quando as hifas irão iniciar a formação dos artroconídios e após três semanas o animal terá a típica lesão clínica das dermatofitoses (MORIELLO et al., 2017).

2.4 SINAIS CLÍNICOS

Os sinais clínicos das dermatofitoses ocorrem devido a invasão das estruturas queratinizadas e a inflamação causada pelo fungo. Normalmente são lesões assimétricas, apresentando prurido variável. Quando presente, o prurido ocasiona traumas na pele do animal devido ao ato de se coçar. Outros sinais clínicos presentes são: alopecia, eritema (figura 2), crostas e escamas (NEVES et al., 2011; NARDONI et al., 2013; MORIELLO et al., 2017).

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Figura 2- Eritema e alopecia causada por infecção de Microsporum canis em um gato persa

Fonte: PATEL, 2011.

Em cães, quando ocorre infecções por Microsporum canis, geralmente não há reações inflamatórias, apresentando como sinais clínicos: escamas, manchas alopécicas e quérion ocasionalmente. Já em casos de infecções por Trichophyton mentagrophytes e Microscoporum gypseum há reações inflamatórias com extensas escamas disseminadas e apresentam supuração secundária. Em gatos, nos casos de Microsporum canis normalmente ocorre sinais subclínicos, não inflamatórios. Em filhotes pode ocorrer inflamação e quando debilitados, pode ocorrer sinais generalizados. Além disso, em gatos da raça Persa, pode haver micetomas ocasionais (CHENGAPPA; POHLMAN, 2017).

Um sinal clínico menos comum que pode acometer cães e gatos é o prseudomicetoma dermatofítico, também conhecido como micetoma. Nesse caso, os fungos invadem a derme e dão origem a massas lobuladas compostas por agregados micelianos, entrelaçados e envolvidos por uma matriz homogênea e eosinofílica. Trata-se de nódulos que fistulam, ulceram e drenam os detritos serosos a purulentos e o tratamento de escolha é geralmente a excisão cirúrgica associado a antifúngicos sistêmicos (MORAES et al., 2001; MORIELLO et al., 2017). Na maioria dos casos ocorre quando há infecção por M. canis; cerca de 90% das infecções dermatofíticas em gatos que apresentam esse sinal clínico é devido a este dermatófito, levando a formação de nódulos (figura 3) de consistência firme a friável e com formato irregular. Alguns autores relatam que há uma possível relação

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simbiótica entre dermatófitos zoofílicos e ectoparasitas, como a pulga, na disseminação dessas lesões. A imunossupressão decorrente de processos infecciosos ou da terapia também é apontada como auxílio no desenvolvimento do pseudomicetoma. Apesar de haver discordância em relação a patologia, a predisposição da raça Persa é plenamente reconhecida (MORAES et al., 2001; TOSTES; GIUFFRIDA, 2003 GONÇALVES; FILHO, 2015).

Figura 3 - Nódulo ulcerado com grânulos no pescoço de um gato Persa com pseudomicetoma dermatofítico causado por M. canis.

Fonte: BOND et al, 2001.

A alopecia circular (figura 4), pode estar presente tanto em cães como em gatos, porém nos cães geralmente é mal interpretada. Sinais clínicos como, foliculite, lesões granulomatosas, dermatite miliar em gatos, derformidade da unha, podem ocorrer. A foliculite facial e furunculose podem ser confundidas com uma doença autoimune (CHAH et al., 2012; RHODES, 2014).

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Figura 4 - Lesões alopécicas circulares e de formato irregular (setas), distribuídas de forma generalizada em um cão com dermatofitose causada por Microsporum canis.

Fonte: CHAVES, 2007.

Em particular, nos felinos os pelos aparecem desgastados e tonsurados, apresentam hiperqueratose folicular, resultando em comedões (XAVIER et al., 2008; MEDEIROS; CREPALDI; TOGNOLI, 2009). As infecções nos felinos geralmente são inaparentes, podendo haver presença de minúsculas lesões, o que dificulta a detecção das mesmas, sendo investigados normalmente quando há quadros de dermatofitoses nos tutores ou em outros animais presentes no mesmo local. Estudos demonstram que é mais comum as lesões ocorrerem na face, orelhas e focinhos dos gatos, progredindo para os membros, patas e outras áreas do corpo (figura 5) (NOBRE; MEIRELES; CORDEIRO, 2007; MORIELLO et al., 2017).

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Figura 5 - A – Lesões alopécicas próximas a orelha, ponte nasal, olho e região perilabial de um felino com dermatofitose. B – Lesões nos dígitos do mesmo animal.

Fonte: RÊGO, 2017.

Outro sinal clínico, que pode estar presente é a dermatofitose nodular, mais conhecida como quérion (figura 6), como já foi citado. Possui uma característica de múltiplos eritemas alopécicos, nódulos exsudativos, sendo que é comumente causada pelo dermatófito Microsporum canis (CORNEGLIANI; PERSICO; COLOMBO, 2009).

Figura 6 - Lesão em quérion (seta), de aspecto piogranulomatoso, localizada na região torácica de um cão com dermatofitose causada por Microsporum. canis.

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Em geral, as dermatofitoses ocasionam desde infecções agudas autolimitantes a quadros crônicos. O quadro clínico do animal irá variar de acordo com o seu estado imunitário e da cepa do dermatófito infectante (MORAES et al., 2001; NEVES et al., 2011).

2.5 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico das dermatofitoses é imprescindível para se realizar o correto tratamento, além de ser necessário para que possa haver uma limitação da transmissão para outros animais e humanos. Para tanto, é necessária atenção na realização do diagnóstico, pois há dois fatores que geram complicações: o primeiro, é a dificuldade da detecção de lesões nos animais, devido a difícil visualização de pelos infectados. Já a segunda, trata-se de falsos positivos, já que ao entrar em contato com fômites, o animal pode contaminar sua pelagem sem necessariamente ter sinais clínicos evidentes (portadores assintomáticos) (MORIELLO et al., 2017).

Durante a consulta veterinária, é importante que o profissional esteja atento as informações passadas pelo proprietário. O local onde o animal vive; se possui acesso à rua e a outros animais; há quanto tempo as lesões estão presentes e qual a sua evolução; se as pessoas com quem o animal convive também apresentam lesões parecidas. Todas essas informações auxiliarão no correto diagnóstico do paciente. Outro ponto importante, como dito anteriormente, é a identificação das lesões, que por muitas vezes podem não ser visualizadas devido aos pelos do animal. Deve-se estar atento as áreas de focinho, lábio, periocular, margens da orelha, dígitos, área axilar e cauda (MORIELLO, 2014).

A qualidade da amostragem para a realização de testes também é fundamental estabelecer o correto diagnóstico. O material coletado deve possuir uma quantidade suficiente para ser possível a identificação do fungo. Quando houver coleta de lesões descamativas, a mesma deve ser depositada diretamente no meio de cultura para não haver perda de material. Já em casos de lesões purulentas, é necessário analisar o material exsudativo através de semeadura e visualização microscópica (MOLINA DE DIEGO, 2011).

Antes de iniciar o tratamento para a infecção, deve-se realizar o diagnóstico da dermatofitose, pois além da questão econômica (fármacos possuem um preço elevado), há também a questão dos efeitos colaterais indesejáveis no animal (BIN et al., 2010). Atualmente há vários métodos de diagnóstico de dermatofitose, os quais serão descritos a seguir.

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2.5.1 Lâmpada de Wood

A lâmpada de Wood foi inventada pelo físico Robert W. Wood em 1903 e é considerado um meio de diagnóstico point-of-care, ou seja, é realizado no momento em que o animal está sendo atendido, antes mesmo de coletar amostras para exames posteriores (figura 7). Esse método deve ser realizado em uma sala escura, utilizando a lâmpada que deve ser aquecida por pelo menos 10 minutos antes de seu uso (MOLINA DE DIEGO, 2011; MORIELLO et al., 2017).

A lâmpada emite uma luz ultravioleta com comprimento de onda de 320 a 365 nm, através de um filtro de óxido de níquel. Ao entrar em contato a pele emite uma coloração azul, já as áreas infectadas por dermatófitos que produzem substâncias fosforescentes irá emitir uma fluorescência de cor verde azulada ou verde amarelada (MOLINA DE DIEGO, 2011; MORIELLO et al., 2017).

Figura 7 – Avaliação diagnóstica, através da lâmpada de Wood, em um cão com suspeita de dermatofitose.

Fonte: CHAVES, 2007.

Os dermatófitos da espécie Microsporum canis são os mais comuns a apresentar a fluorescência, que geralmente é na coloração verde-amarela (figura 8). Outros dermatófitos, como, M. distortum, M. audouinii e T. schoenleinii também podem apresentar a fluorescência, porém é menos comum, já para os fungos T. tonsuran, T. violaceum e outras espécies de Trichophyton a fluorescência é negativa. Para ocorrer a fluorescência é necessário que o

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fungo secrete uma substância denominada pteridina, e ela é só produzida por fungos que invadiram pelos em crescimento ativo (figura 9) (CHAVES, 2007; MOLINA DE DIEGO, 2011).

Figura 8 - Fluorescência positiva pela lâmpada de Wood, dos pelos infectados por M. Canis em felinos.

Fonte: RÊGO, 2017.

Figura 9 - Fluorescência vista sob a lâmpada de Wood, na pelagem de gato.

Fonte: PATEL, 2011.

Muitos autores relatam frequentes resultados falsos-positivos e falsos-negativos. Alguns pontos podem ser levantados que justificam esses resultados: a qualidade do equipamento, contenção adequada do animal e principalmente as condições adequadas na hora de realizar o exame. Um exemplo seria a questão da presença de crostas no animal, que acaba por impedir que a luz atinja o pelo infectado, resultando em um diagnóstico negativo para dermatofitoses. Outro ponto é a proximidade da luz com a pele. Deve-se manter uma

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distância de no máximo 10 cm, para que possa ser possível a visualização do pelo, além de diminuir a fluorescência falso-positiva de pelos e escamas (MORIELLO, 2014).

Em um estudo feito por Moriello (2014), 200 amostras de pelos de gatos, pertencentes a um abrigo, foram coletados com uma escova de dente e passaram por uma análise pela lâmpada de Wood. Todas as amostras obtiveram resultado positivo para fluorescência, mesmo os animais não apresentando lesões. Deste modo, a lâmpada de Wood é imprescindível como método de triagem, mas não como diagnóstico definitivo, sendo necessário o uso de outros testes para a confirmação de dermatofitoses (MORIELLO, 2014; RÊGO, 2017).

2.5.2 Cultura fúngica

A cultura fúngica, é descrita por muitos autores como o padrão ouro para diagnóstico de dermatofitoses e é considerada a técnica mais sensível entre as disponíveis (figura 8). Porém, este método, apesar de confirmar o diagnóstico clínico da infecção fúngica, é detectado apenas a presença ou não de esporos dos fungos. Mesmo sendo considerado padrão ouro, não deve ser utilizado como único meio de diagnóstico, pois como em qualquer outro método também apresenta falsos-positivos e falsos-negativos. Isso pode ocorrer devido a erros pré-analítico, analítico ou pós-analítico (BOND, 2010; MORIELLO et al., 2017).

Figura 8 - Microsporum canis: macronídeos e hifa por cultura fúngica.

C

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A coleta da amostra pode ser realizada da seguinte forma: deve ser feita a assepsia do local onde será coletado e realizar a escarificação das lesões utilizando uma lâmina de bisturi. Outros métodos também são feitos utilizando fita adesiva, arrancamento de pelo e fricção com uma escova de dente, que deve estar previamente esterilizada. O primeiro trata-se de uma fita adesiva de 4 cm de comprimento que deve ser pressionada na lesão e em seguida em uma placa de cultura. Já o segundo método é o ato de arrancar pelos onde há lesões sugestivas de dermatofitoses (CHAVES, 2007; MORIELLO et al., 2017). O último método é conhecido também como escova de Mackenzie, o qual é coletado a amostra e inserido a escova diretamente na placa que será feita a cultura fúngica. Estudos revelam que o mesmo se mostrou mais eficaz quando comparado ao método de arrancar pelos, já que os artrósporos estão mais propensos a ficarem presos nas cerdas, além disso é menos traumático para o animal e minimiza falsos-negativos no acompanhamento do tratamento (MORIELLO, 2014).

Em relação ao meio de cultivo, o ágar Sabouraud permite a multiplicação de dermatófitos e de algumas leveduras, inibindo o crescimento de bactérias e fungos saprófitas. As colônias iniciam seu crescimento de uma a quatro semanas, sendo que o meio deve ser incubado em temperatura de 25 a 28ºC, tendo uma avaliação diária do crescimento fúngico. Outro meio utilizado é o DTM (Dermatophyte Teste Medium), disponível para a área médica veterinária quanto humana. Neste meio ocorre uma mudança de coloração quando há o crescimento fúngico, devido ao dermatófito utilizar o substrato proteíco presente, alterando o pH para alcalino (CHAVES, 2007).

Outro meio que pode ser utilizado é o ágar de uréia, o qual auxilia a identificação de espécies uréases-negativas pertencentes ao gênero Trichophyton. Já o ágar BCP é utilizado para diferenciar alguns dermatófitos, como, T. rubrum, T. mentagrophytes, T. soudaneses, T. megninii, M. persicolor e o M. equinum, através da liberação de íons de amônia da caseína e a catabolização por glicose. O ágar Cicloheximida é comumente utilizado para a identificação de T. rubrum, através da pigmentação avermelhada dos isolados presentes. Há também o meio de isolamento de extrato de levedura (BCP – roxo de Bromcresol), o qual cultiva todos os dermatófitos, porém é mais utilizado quando requer um rápido crescimento para a visualização de microcolônias de T. verrucosum (VISHNU et al., 2015).

2.5.3 Exame direto

O exame direto é uma técnica de diagnóstico utilizada comumente no momento do atendimento. Este método avalia a presença de hifas e artrósporos utilizando a microscopia

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(figura 11). Normalmente é realizada em casos de diagnóstico positivo através da lâmpada de Wood. Ainda que seja um passo essencial para o diagnóstico da infecção fúngica, este método não possibilita a identificação do agente envolvido. O exame é realizado com pelos que estão quebradiços, sendo arrancados na direção do seu crescimento, ou, raspando a periferia de lesões anulares que possuem borda inflamatória. Posteriormente é posto em uma lâmina de vidro com óleo mineral, solução de hidróxido de potássio 10 ou 20% ou parafina líquida e coberto por uma lamínula. Sua análise é feita em um microscópio (BOND, 2010; PATEL, 2011; COURTELLEMONT et al., 2017; MORIELLO et al., 2017; VERRIER; MONOD, 2017).

Este método necessita de profissional treinado e possui a vantagem de apresentar baixo custo. A ausência de hifas ou esporos não exclui o diagnóstico de dermatifose, necessitando neste caso o uso de outro método de diagnóstico.

Figura 9 - Artrósporos nos pelos visualizados através do exame direto (x100) (tricograma).

Fonte: RÊGO, 2017.

2.5.4 Dermatoscopia

A dermatoscopia é uma técnica não invasiva que permite a visualização ampliada da pele e é realizada com uma câmera iluminada, observando características morfológicas que são muitas vezes imperceptíveis a olho nu (figura 12). Em gatos é relatada como um potencial teste point-of-care. Os pelos de gatos, quando infectados por Microsporum canis e

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Trichophyton tonsurans, possuem uma característica semelhantes a vírgulas (ligeiramente curvados), que não são encontrados em gatos saudáveis, além de pelos opacos, quebrados e com uma espessura homogênea (figura 13) (SCARAMPELLA et al., 2015; SCARAMPELLA; ZANNA; PEANO, 2017).

Figura 10 - DermLite DL3N

Fonte: DONG et al, 2016.

Trata-se de outro método de diagnóstico inicial de dermatofitoses e permite a visualização de múltiplas lesões em pouco tempo, além de não provocar desconforto ao animal. Em um estudo feito por DONG et al (2016), foram analisados 67 gatos através da dermatoscopia e da cultura fúngica; 36 gatos foram positivos para dermatofitoses através da cultura, sendo que destes, 21 obtiveram resultado positivo na dermatoscopia. Isto mostra que este método é útil como um auxílio para identificar amostras de pelos infectados para a realização da cultura fúngica ( SCARAMPELLA et al., 2015; DONG et al., 2016).

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Figura 11 - Achados dermatoscópicos em gato com dermatofitose (M. canis) com aumento de 10 vezes. Região na margem da orelha: estruturas semelhantes a vírgula (indicada por setas), pelos quebrados e opacos, com espessura homogênea.

Fonte: SCARAMPELLA et al, 2015.

2.5.5 Biópsia

A biópsia na dermatofitose é raramente utilizada, já que a maioria dos casos são diagnosticados e resolvidos antes de ser necessário o uso do exame histológico. Este método avalia a presença do fungo, mas não indica a sua espécie. Normalmente é utilizado quando há presença de lesões incomuns ou mais graves devido a infecção. Deve ser recolhido amostras de tecidos onde há lesões e enviar ao laboratório, onde é utilizado colorações de ácido periódico de Schiff (PAS) e metenamina prata de Grocott-Gomori (GMS) além da coloração hematoxilina e eosina (H&E) ( PATEL, 2011; MORIELLO et al., 2017).

Normalmente as características encontradas no histopatológico são: padrões nodulares, piogranulomatoso, visualização de folículos pilosos infectados ou uma dermatite perivascular superficial. Já os pseudomicetoma é caracterizado por paniculite granulomatosa com a presença de elementos fúngicos (BOND, 2010).

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2.5.6 PCR

O método de reação em cadeia de polimerase é pouco utilizado na medicina veterinária para o diagnóstico de dermatofitose, apesar de identificar se há ou não a presença de dermatófitos e também a sua espécie. É comumente utilizado quando a cultura fúngica apresenta resultado negativo. O resultado por PCR pode ser obtido em apenas um dia, um dos pontos positivos do teste. Os métodos utilizados variam de acordo com o método de extração de DNA e primers (MORIELLO et al., 2017; MORIELLO; LEUTENEGGER, 2018).

O PCR quando apresenta resultado positivo, pode demonstrar uma infecção ativa como também uma infecção não ativa, já que o mesmo detecta um organismo fúngico já morto. Este método apesar de se mostrar eficiente ainda possui um custo elevado, sendo preferível realizar outros meios de diagnóstico (MORIELLO et al., 2017).

Em um estudo feito por MORIELLO et al (2018), foram analisados 52 gatos provenientes de abrigos que possuíam lesões de pele. Foi realizado o teste de PCR e cultura fúngica na amostragem, sendo que obtiveram um resultado satisfatório em relação ao PCR. Dos 52 gatos, 49 apresentaram resultado positivo para dermatofitose em ambos testes. O PCR identificou 45 de 46 gatos infectados por Microsporum canis e dois de quatro gatos positivos para Trichophyton spp. Além disso, identificou adequadamente dois gatos que não estavam infectados. Com isso, pode-se concluir que o teste por PCR é extremamente confiável para o diagnóstico da doença (MORIELLO; LEUTENEGGER, 2018).

2.6 TRATAMENTO

Os animais com diagnóstico de dermatofitoses devem receber tratamento tanto tópico quanto sistêmico, para reduzir a infecção e a contaminação ambiental. O tratamento deve ser realizado mesmo que haja remissão dos sinais clínicos, e até que se obtenha três culturas negativas consecutivas com duas semanas de intervalo, sendo continuado por 2 a 4 semanas após os resultados negativos. Caso o tratamento for interrompido o animal irá apresentar remissão dos sinais clínicos e uma possível resistência aos antifúngicos (BOND, 2010; PATEL, 2011).

Um animal só pode ser considerado curado, quando apresentar culturas negativas ao longo de vários meses, com isso faz-se necessário o acompanhamento do paciente ao longo do tratamento (HNILICA, 2006).

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2.6.1 Tratamento tópico

A terapia tópica em animais com dermatofitoses é imprescindível, pois é o único meio de matar os esporos presentes no pelo. Para o tratamento tópico ter sucesso, em animais com pelos longos é necessário realizar uma tosa antes da aplicação do medicamento, isso irá facilitar também a retirada de esporos, reduzindo a contaminação ambiental. Atualmente estão disponíveis soluções antifúngicas contendo miconazol, clotrimazol e enilconazol, em forma de shampoos, spray, loções e cremes, que devem ser aplicadas por até duas semanas mesmo após a cultura negativa, juntamente a aplicação de shampoo a base de clorexidine 3% (MATTEI, 2009; MORIELLO et al., 2017).

O uso de cal de enxofre também apresenta uma eficácia no tratamento, sendo aplicada semanalmente sob a forma de enxágue. Em estudo feito com gatos positivos para dermatofitose, a cal de enxofre e o enilcolazol foram eleitos como primeira opção de escolha na terapia tópica. Outro ponto que deve ser levado em consideração é a escovação do pelo do animal antes do uso de antifúngicos tópicos, já que auxilia na visualização das lesões (MORIELLO, 2014).

2.6.2 Tratamento sistêmico

O tratamento sistêmico tem como objetivo cessar a infecção fúngica e sua proliferação. Em todos os casos de dermatofitose, devem ser utilizados a terapia sistêmica. Os antifúngicos mais utilizados na medicina veterinária são: itraconazol, cetoconazol, terbinafina e griseofulvina ( PATEL, 2011; MORIELLO et al., 2017).

O cetoconazol é o primeiro composto azólico disponível em forma oral, sendo utilizado frequentemente na medicina veterinária. Apesar de sua eficiência não ser alta é um dos antifúngicos mais baratos. Sua dosagem varia de 5 a 10 mg/kg, sendo administrado uma vez ao dia, em gatos. Em cães a dose é maior, 5-20 mg/kg, a cada 12 horas. Alguns efeitos adversos são: anorexia, aumento de enzimas hepáticas e supressão dos níveis basais de cortisol (MADDISON; PAGE; CHURCH, 2010; PATEL, 2011).

O itraconazol apesar de ser o medicamento mais caro, é geralmente o mais seguro e mostra-se mais eficiente em relação ao cetoconazol, sem ser necessário a associação de outros fármacos na terapia sistêmica de dermatofitose. Nota-se uma certa demora no início da melhora clínica após o uso do itraconazol, portanto em casos graves é preciso utilizar a anfotericina B simultaneamente. Sua biodisponibilidade depende do pH gástrico, sendo mais

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eficiente em meio ácido, por isso é recomendado que seja administrado após as refeições. A dose recomendada para cães é de 5-10 mg/kg, a cada 24 horas e para gatos 10 mg/kg, a cada 24 horas, tendo como possíveis efeitos adversos dermatite ulcerativa local, vômito e elevação de enzimas hepáticas (BOND, 2010; MADDISON; PAGE; CHURCH, 2010; MORIELLO et al., 2017).

A griseofulvina é um medicamento considerado fungistático, e é utilizado para o tratamento de dermatofitoses causadas por Microscoporum e Trichophyton, inibindo a síntese de ácidos nucleicos e a mitose celular. Atualmente este medicamento está sendo substituído pelo itraconazol, por ter mais tolerância especialmente em relação aos felinos e também por ser mais eficiente contra Microsporum canis. Não pode ser utilizada em animais gestantes, já que possui caráter teratogênico e deve ser manuseada com o uso de luvas. Sua dosagem varia de acordo com o tamanho da molécula do medicamento: formulação em micropartículas, 20-50 mg/kg/dia, fracionadas a cada 12 horas, formulação em ultramicropartículas, 5-20 mg/kg/dia, fracionadas a cada 12 horas, estas dosagens servem tanto para cães quanto para gatos. Seus efeitos adversos variam de vômito, diarreia, anorexia a supressão da medula óssea, principalmente em gatos filhotes (BOND, 2010; MADDISON; PAGE; CHURCH, 2010; PATEL, 2011).

Já a terbinafina é um medicamento antifúngico sintético que pertence à classe das alilaminas. Seu mecanismo de ação é a inibição da enzima esqualeno epoxidase, sendo que a maioria das vezes é utilizada simultaneamente ao itraconazol em casos de infecções graves. Possui uma alta eficácia, principalmente em felinos. Sua dosagem varia de acordo com o grau da infecção fúngica, sendo que, em casos de infecções profundas: 5-10 mg/kg, a cada 24 horas, combinadas com intraconazol; já em casos de dermatofitoses leves: 30-40 mg/kg, a cada 24 horas. Os efeitos adversos mais comuns são relacionados ao trato grastrointestinal, sendo a hepatoxicidade raramente pode ocorrer (MADDISON; PAGE; CHURCH, 2010; MORIELLO et al., 2017).

2.7 CONTROLE E PREVENÇÃO

O confinamento do animal portador de dermatofitoses é essencial para minimizar a disseminação da doença, tanto para outros animais presentes no local quanto para humanos, principalmente crianças. Em gatis e canis é muito importante que cada animal tenha sua gaiola para evitar contaminações (MORIELLO, 2014).

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Realizar a descontaminação do ambiente em que o animal vive, é essencial no tratamento das dermatofitoses, já que os esporos dos fungos conseguem sobreviver por muito tempo no local. Além disso, esse manejo diminui o risco de transmissão dos dermatófitos para outros animais além de minimizar o contágio dos fômites presentes no local. Antes de realizar a desinfecção, deve-se confinar o animal infectado em um cômodo que possa ser facilmente descontaminado (HNILICA, 2006; PATEL, 2011; MORIELLO et al., 2017).

Tapetes, carpetes e camas que o animal utiliza, devem ser frequentemente limpos e aspirados com a ajuda de aspirador de pó. Em casos de tecidos que podem ir a máquina de lavar, é importante usar o ciclo de lavagem mais longo possível, já que a agitação da máquina auxilia na remoção de esporos e se for preciso, esse processo pode ser repetido (MORIELLO, 2014). Instrumentos que entraram em contato com os animais portadores de dermatofitoses devem ser igualmente desinfetados, incluindo também comedouros, bebedouros, escovas, tolhas de banho, brinquedos, entre outros (MORIELLO et al., 2017).

Atualmente há vários agentes desinfetantes disponíveis no mercado para a descontaminação do ambiente, como, hipoclorito de sódio, amônia quartenária, peróxido de hidrogênio, porém o mais utilizado é o hipoclorito de sódio, em uma diluição de 1:10 a 1:100. Este agente deve ser utilizado em todos os itens mencionados anteriormente. Os banhos com medicamentos tópicos, também são essenciais na diminuição da transmissão da dermatofitoses, e na contaminação do local e é essencial que nenhum animal novo seja introduzido até que o tratamento esteja concluído (HNILICA, 2006; MORIELLO et al., 2017).

A lâmpada de Wood é uma ótima alternativa para o controle de esporos no ambiente. Normalmente é utilizada em gatis e canis que foram expostos a contaminação fúngica. Já a cultura fúngica é mais utilizada quando há suspeita de uma nova contaminação ambiental ou caso suspeitar-se de uma falha na descontaminação. Neste caso deve ser coletado amostras para a cultura após a limpeza do local, lembrando que pode apresentar um resultado positivo mesmo não havendo contaminação, já que há a presença de dermatofitoses humanas, como por exemplo, o dermatófito Trichophyton rubrum (MORIELLO, 2014).

2.7.1 Vacina

Atualmente há disponível 18 relatórios publicados em relação a segurança e imunologia do uso de vacinas vivas e inativadas para a prevenção de dermatóofitoses em cães e gatos. Em um estudo, cães receberam a vacina viva contra T. verrucosum ou M. canis, em

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duas doses e após 36 dias foram expostos aos agentes diretamente. Cerca de 28 destes animais não desenvolveram a doença em relação ao dermatófito M. canis, já os vacinados contra T. verrucosum apresentaram evidentemente a patologia (MORIELLO et al., 2017).

Em um segundo estudo envolvendo gatos filhotes, foi utilizado a vacina inativada contra M. canis. Neste, foi observado o desenvolvimento de anticorpos IgG e IgM contra o dermatófito, porém não conferiu proteção contra a infecção quando foram expostas ao agente posteriormente. Já em um estudo realizado na Polônia revelou que houve proteção contra a infecção em gatos com mais de 1 mês de idade. Estes animais (cerca de 27 gatos) receberam uma dose de 3 mL de uma vacina inativada para M. canis, duas vezes com um intervalo de 15 dias. Todos os animais obtiveram uma remissão clínica no dia 15, apresentaram cultura negativa no dia 28 e assim permaneceram. Já o segundo grupo que não recebeu a vacinação apresentou lesões e cultura positiva para dermatofitose (MORIELLO et al., 2017).

Em alguns países como a Noruega, já se utiliza vacinas com cepas vivas e atenuadas para T. verrucosum em rebanhos bovinos e as mesmas apresentam um resultado positivo. Sendo assim, o maior desafio para os imunologistas atualmente é a produção de uma vacina eficaz para animais de companhia (BOND, 2010).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi submetido ao CEUA (Comissão de Ética no Uso de Animais) cujo número do protocolo 18.039.5.05.IV. O estudo retrospectivo foi realizado no Laboratório Vet Análises, em Florianópolis/SC, onde foram avaliados os exames de cultura fúngica de cães e gatos, coletados de um sistema próprio do laboratório, realizados no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2018. Todos os exames contendo as informações epidemiológicas necessárias foram utilizados sem exclusão.

Verificaram-se os seguintes dados cadastrais nos laudos: espécie animal (canina e felina), raça (todas as raças registradas no laudo), sexo (macho e fêmea), idade classificados em filhote (0 à 1 ano de idade), adultos (de 1 ano à 7 anos de idade) e idoso (acima de 7 anos) e espécie fúngica do dermatófito identificado no exame.

Os dados populacionais sobre espécie fúngica, espécie animal, raça, sexo, idade tiveram suas frequências distribuídas em cada variável. Para isso, foi utilizado o software Excel 2016 do pacote Office 2016 da plataforma Windows 10, tendo como análise estatística utilizada a forma de prevalência.

(39)

4 RESULTADOS

Os resultados serão apresentados em forma de artigo científico formatado de acordo com as normas da revista Medvep.

4.1 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS

MEDVEP – Revista Científica de Medicina Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação

4.1.1. Objetivo

A MEDVEP – Revista Científica de Medicina Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação têm sua publicação trimestral, com trabalhos de pesquisa, casos clínicos e revisões de literatura, destinados aos Médicos Veterinários e profissionais de áreas afins, além de atualizações e informações diversas.

4.1.2. Normas Gerais

Os trabalhos enviados para publicação devem ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação simultânea em outro periódico. À MEDVEP reservam-se todos os direitos autorais dos trabalhos publicados, inclusive de tradução, permitindo, entretanto, a sua posterior reprodução como transcrição e com devida citação de fonte, sendo que nenhum dos autores será remunerado.

A MEDVEP receberá para publicação trabalhos redigidos em português, sendo os textos de inteira responsabilidade dos autores. A redação deve ser clara e precisa, evitando-se trechos obscuros, incoerências e ambigüidades.

A MEDVEP reserva-se o direito de submeter todos os trabalhos originais à apreciação da Comissão de Publicação Científica. Os conceitos emitidos nos trabalhos publicados serão de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da Comissão Científica e do Conselho Editorial.

As datas de recebimento, reformulação (se houver) e de aceitação do trabalho constarão, obrigatoriamente, no final do mesmo, quando da sua publicação.

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4.1.3 Forma de apresentação

Elementos constituintes obrigatórios e ordem de apresentação:

Trabalho de pesquisa: Título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, palavras-chave, introdução, revisão da literatura, proposição, material e métodos, resultados e discussão, conclusões ou considerações finais, abstract, keywords e referências.

Relato de casos clínicos: Título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, descritores, introdução e revisão da literatura, proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão, conclusões ou considerações finais, abstract, keywords e referências.

Revisão da literatura: Título em português, título em inglês, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, palavras-chave, introdução e proposição, revisão da literatura, discussão, conclusão ou considerações finais, abstract, keywords e referências.

Matéria da capa: A pauta e os elementos constituintes obrigatórios ficam a critério do corpo editorial, dos consultores indicados e do(s) autor(es) responsável(eis) pela produção da matéria.

Editorial: Opinião comentada do editor, corpo editorial ou autor convidado, em que se discutem o conteúdo da revista e possíveis alterações na missão e/ou forma da publicação.

Conversando com o leitor: Título em português, nome(s) e titulação do(s) autor(es), comentários sobre assuntos de relevância, com citação no corpo do texto da(s) fonte(s) da informação apresentada.

Entrevista: Pergunta: questões pertinentes sobre um determinado assunto da área médica, formulada de maneira sucinta. Resposta: restrita à questão formulada, com nome(s) do(s) entrevistado(s) e titulação.

Lançamentos e tecnologia: Notícia de lançamento de material ou equipamento de Medicina Veterinária; usar o mínimo possível de propaganda nos artigos, reservar um espaço para propaganda.

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4.1.4 Anúncios publicitários

Devem estar em conformidade com as especificações contratadas com o setor comercial. A revista MEDVEP exime-se de qualquer responsabilidade pelos serviços e/ou produtos anunciados, cujas condições de fornecimento e veiculação publicitária estão sujeitas ao Código de Defesa do Consumidor e ao CONAR (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária).

4.1.5 Comitê de Ética

Todos os trabalhos que envolvam estudos com seres vivos, deverão estar de acordo com os Princípios Éticos para Uso de Animais de Laboratório, do SBCAL/COBEA, http://www.cobea.org.br, e terem sido aprovados pela Comissão de Ética da Instituição. Enviar cópia da aprovação do CEP (Comitê de Ética em Pesquisa).

OBS.: Trabalhos que não atendam este item não serão publicados.

4.1.6 Apresentação de originais e suporte físico

Os originais destinados à MEDVEP deverão ser redigidos de acordo com o Estilo Vancouver.

Os originais deverão ser redigidos na ortografia oficial e digitados na fonte Arial tamanho 12 em folhas de papel tamanho A4, com espaço duplo e margem de 2cm de cada um dos lados, tinta preta, páginas numeradas no canto superior direito, não sendo impostas regras para o tamanho do artigo ou o número de figuras; porém, se por demais extenso, o conselho editorial pode pedir para que seja reduzido. Encaminhar também cópia do trabalho gravada em CD Rom, sempre acompanhada de 1 cópia em papel, sem nenhuma identificação dos autores. Em folha à parte deve constar o título do trabalho, nome completo dos autores, suas titulações mais importantes, endereço principal para correspondência, telefone e e-mail. (De todos os autores.)

Os elementos que fazem parte do texto devem ser apresentados como se segue: Primeira página:

a) Título e subtítulo (português/inglês): deve ser conciso contendo somente as informações necessárias para a identificação do conteúdo.

Referências

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