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Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo: resultados do ano de 2017

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Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo: resultados do ano de 2017

Simone Moreira dos Santos1, Carmen Esther Rieth2, Eduarda Lazzarin Leal3, Bruna Fernández da Silva4

Universidade Feevale - Brasil

Resumo

O presente artigo apresenta e avalia os resultados obtidos no Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo (PEBA), da Universidade Feevale que realiza atividades lúdicas e pedagógicas com crianças e adolescentes (de 0 a 14 anos) internados na Unidade de Pediatria do SUS de um hospital da Região do Vale dos Sinos (RS). O Projeto também realiza oficinas com os pais/acompanhantes, a fim de oportunizar a reflexão sobre a importância do brincar para o desenvolvimento infantil. O objetivo deste artigo é apresentar os resultados das avaliações do Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo do ano de 2017. O presente estudo possui uma metodologia quanti-qualitativa, em que se aplicou um questionário de avaliação para 23 pais/acompanhantes dos pacientes pediátricos, contendo cinco questões de escala likert e uma questão aberta. Concluiu-se que os participantes tiveram uma percepção positiva das atividades do PEBA, ressaltando as contribuições do referido projeto para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças, para seu bem-estar, sua recuperação e sua socialização. Entende-se que o PEBA vem alcançando seus objetivos, levando os benefícios do brincar às crianças hospitalizadas e seus cuidadores.

Introdução

A extensão universitária, sob o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, é um processo interdisciplinar que promove um campo de transformação na relação entre Universidade e Sociedade (FORPROEX, 2012). Esta é uma das funções das Instituições de Ensino Superior, uma vez que os programas e projetos sociais proporcionam

1 Mestre em Educação (PUCRS), Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Graduada em Pedagogia (Feevale). Coordenadora e professora do Curso de Pedagogia da Universidade Feevale, líder do Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo (Feevale).

2 Mestre em Saúde Coletiva (ULBRA), Especialista em Psicossomática (Universidade de LEIPZIG – Alemanha). Graduada em Psicologia (Unisinos). Coordenadora do Centro Integrado de Psicologia - CIP da Universidade Feevale. Professora do Curso de Psicologia e Medicina da Universidade Feevale e professora colaboradora no Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo (Feevale).

3 Acadêmica do Curso de Psicologia e Bolsista de Extensão do Projeto Brincando e Aprendendo.

4 Acadêmica do Curso de Psicologia e Acadêmica Voluntária do Projeto de Extensão do Projeto Brincando e Aprendendo.

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aos acadêmicos a oportunidade de ampliar seu conhecimento de sala de aula à prática extensionista, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade.

No Plano Nacional de Educação 2014-2024 (Lei 13.005/2014), a política pública propõe a “curricularização” da extensão para todos cursos de graduação, a partir da obrigatoriedade de que, no mínimo, dez por cento do total de créditos curriculares sejam cumpridos através de programas e projetos de extensão com caráter social. Essa proposta, segundo Imperatore e Pedde (2015, p.8), “é o momento histórico em que a Extensão resgata a sua importância e se coloca no centro das políticas acadêmicas de ensino e pesquisa, pautadas na ética, diversidade cultural e inclusão social”.

Diante desse campo fundamental da extensão, o presente artigo apresenta o Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo (PEBA), da Universidade Feevale. Ele nasceu em 2014 através do curso de Pedagogia com a proposta de realizar atividades lúdicas e pedagógicas na brinquedoteca hospitalar com crianças e adolescentes (de 0 a 14 anos) internados na Unidade de Pediatria do SUS em um hospital da região do Vale dos Sinos (RS). Em 2016, o PEBA tornou-se interdisciplinar com a inserção do curso de Psicologia, o que proporcionou uma nova perspectiva de trabalho, abrangendo os pais\cuidadores em atividades junto às crianças e integrando o grupo “(Re)encontro do Brincar”. Essa prática funcionava como uma roda de conversa entre os adultos com o objetivo de discutir e refletir sobre a importância do brincar para o desenvolvimento infantil. No ano de 2017, esse grupo construiu um novo formato, o de oficina, no qual, além das reflexões acerca do brincar, pais e filhos participam juntos construindo seu próprio brinquedo.

Entre atividades individuais e grupais, o PEBA busca levar um pouco mais de cor e alegria ao ambiente conturbado da hospitalização e do adoecimento. Compõem o PEBA duas professoras, sendo uma pedagoga e uma psicóloga, além de estudantes extensionistas, voluntárias e bolsistas. As atividades ocorrem em três tardes por semana, no hospital, além das reuniões de equipe uma vez por semana.

Com intuito de verificar e analisar as ações desenvolvidas no PEBA, realizam-se avaliações com os responsáveis pela criança. Assim, é possível visualizar os caminhos que podemos continuar ou que podemos aprimorar, bem como divulgar os resultados do trabalho desenvolvido. Com isso, o objetivo deste artigo é apresentar os resultados das avaliações do Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo do ano de 2017.

Metodologia

O presente estudo possui um delineamento exploratório-descritivo e metodologia quanti-qualitativa. Aplicou-se um questionário de avaliação para 23 pais\cuidadores dos pacientes pediátricos. O instrumento utilizado foi um questionário com cinco questões

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objetivas de escala likert (1 a 5 pontos - pts), referentes aos seguintes indicadores de resultados: (1) Melhoria do bem estar durante o período de internação hospitalar; (2) Desenvolvimento da socialização; e, (3) Conhecimento dos pais/cuidadores sobre a importância do brincar. Além disso, o questionário conta com uma questão aberta, que segue: “A partir de sua percepção, fale sobre as contribuições do Projeto Brincando e Aprendendo durante o período de internação de seu (sua) filho (a)”. Os critérios de seleção da amostra foram: a criança ter participado de no mínimo três encontros do PEBA e os pais/cuidadores terem participado, de, pelo menos, uma oficina do “(Re)encontro do Brincar” (pais/cuidadores).

As respostas da questão aberta foram analisadas através da análise temática de Minayo (2014). A partir disso, emergiram cinco categorias a posteriori: (1) desenvolvimento e aprendizagem; (2) novas informações acerca do brincar; (3) bem-estar da criança; (4) recuperação; (5) relações interpessoais. Os sujeitos da pesquisa foram mantidos no anonimato, sendo atribuídos pseudônimos representados pela letra F, referindo-se a familiar (F1, F2, F3, etc.). Os dados foram coletados no período de março a dezembro de 2017.

Resultados

A seguir apresenta-se a tabela com as questões pesquisadas e seus respectivos resultados, seguida do gráfico representativo com as questões de cunho quantitativo.

Dados da avaliação de resultados do ano de 2017 – Projeto Brincando e Aprendendo

Questão Discordo Totalmente Discordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente Sem Condições de Opinar Média (pts) 1) As brincadeiras, jogos e atividades recreativas desenvolvidas no Projeto proporcionam um espaço de aprendizagem e

desenvolvimento para seu (sua) filho (a).

- - - 2 21 - 4,91 2) O projeto me proporcionou novas informações sobre a importância do brincar para o desenvolvimento infantil. - - - 3 19 1 4,86 3) As atividades realizadas proporcionam bem estar físico e mental para seu (sua) filho (a) durante o período de internação.

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Gráfico ilustrativo da avaliação de resultados do ano de 2017 – Projeto Brincando e Aprendendo

A partir do exposto, os resultados serão abordados de acordo com as categorias temáticas elencadas, considerando os resultados da questão aberta e das questões fechadas do questionário, relacionando-os com a literatura da área.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5

Sem Condições de Opinar Concordo Totalmente Concordo Concordo Parcialmente Discordo Discordo Totalmente Questão Discordo Totalmente Discordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente Sem Condições de Opinar Média (pts) 4) As atividades desenvolvidas no Projeto proporcionam um ambiente mais descontraído e podem auxiliar na recuperação de seu (sua) filho (a).

- - - 1 22 - 4,96 5) O Projeto proporcionou vivências e trocas de experiências e contribuiu para socialização da criança e seus pais/cuidadores. - - - 2 21 - 4,91

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1. Desenvolvimento e aprendizagem

O lúdico é considerado fator crucial para o desenvolvimento integral da criança, na medida em que, é pelo brincar que ela vai se desenvolvendo gradualmente, conhecendo a si mesma, aos outros e ao mundo no qual está inserida. Ele viabiliza uma série de avanços em diferentes esferas: cognitiva, motora, social e afetiva. É através do brincar que a criança inventa, descobre, experimenta, desenvolve a criatividade, autonomia, linguagem, o pensamento e a atenção. (DIAS, 2013). Esses benefícios oportunizados pelo brincar que envolvem a aprendizagem da criança, parecem ter sido percebidos pelos pais\acompanhantes nas atividades do PEBA durante a internação hospitalar. Isso foi verificado a partir da questão objetiva número um, na qual a maioria dos pais\cuidadores (N = 21) concorda totalmente que as brincadeiras, jogos e atividades recreativas desenvolvidas no Projeto proporcionam um espaço de aprendizagem para seu (sua) filho (a), com média de 4,91 pontos.

Essa afirmativa corrobora com as respostas da questão aberta, na qual oito pais\cuidadores referiram sua experiência no PEBA como uma oportunidade de desenvolver a criatividade e aprender através da brincadeira, conforme o exemplo: “acho que é bom, porque atiça a curiosidade das crianças para descobrir coisas novas, e a criatividade” (F 18). A participação no PEBA contribuiu também como um estímulo para a criança se experimentar e criar naquele espaço, o que ficou evidente no relato do familiar 22: “ele [filho] fica mais curioso, vontade de explorar, contar histórias”.

Sabe-se que episódios de doença na infância podem ocasionar grandes prejuízos no processo de desenvolvimento típico na infância, devido ao seu efeito potencialmente estressor (BORTOLOTE, BRÊTAS, 2008). Diante disso, parece imprescindível promover um espaço de estímulo ao desenvolvimento saudável e aprendizagem da criança, nesse difícil período que é a internação.

2. Novas informações acerca do brincar

As ações do PEBA são todas pensadas em torno da importância do brincar. Esse tema está presente na questão objetiva dois, na qual a maioria dos pais\cuidadores (N = 19) concorda totalmente que o projeto lhes proporcionou novas informações sobre a importância do brincar para o desenvolvimento infantil. Esse atributo obteve média de 4,86 pontos, considerando uma escala de 1 a 5.

Esse resultado diz respeito às aquisições/construções dos adultos a partir de sua participação na oficina “(Re)encontro do Brincar”. Nessa roda de conversa, cuidadores e

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crianças, pensavam sobre o lugar do brincar em suas vidas e na importância desse momento. Também eram propostas atividades como construir o jogo das “5 Marias”, “Bilboquê”, e outras brincadeiras, através de materiais reutilizáveis e de fácil acesso, muitas vezes presentes na infância dos pais/cuidadores.

A criação própria do brinquedo utilizando diferentes materiais, como a sucata, é considerada um meio de expressão que amplia o conhecimento e a possibilidade de ação da criança em seu meio, favorecendo seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, psicomotor e social (VADARES; CARVALHO, 2005). Além disso, oficinas desse gênero, são importantes na medida em que possibilitam aos pais vivenciar situações lúdicas, potencialmente geradoras de reflexão e que podem se traduzir em mudanças de comportamentos e de atitudes (OLIVEIRA et al, 2011).

O PEBA utiliza o formato de oficina para esse momento de reflexão, aquisição de novas informações e contato com o brincar. Devido a isso, podemos identificar essa temática na fala de pais\acompanhantes ao responderem à questão aberta: “[...] lembra as brincadeiras que podem ser feitas em casa com os filhos” (F 16); “aprendi coisas que posso levar para outras crianças, meus filhos” (F 18). Nota-se que foi destacada a experiência de aprender novas brincadeiras, ou até relembrar brincadeiras antigas de sua própria infância, despertando o desejo de dar continuidade às atividades em casa com as crianças.

3. Bem-estar da criança

Segundo Oliveira (2007), quando a criança doente brinca, diminui sua tensão e passa a vivenciar a experiência de sentir um corpo ativo e prazeroso, o que repercute em todo o seu bem-estar. Isso significa que o brincar pode ser uma estratégia capaz de facilitar a adaptação da criança ao hospital e a adesão ao tratamento, diminuindo sentimentos como o medo, a ansiedade e irritabilidade (ABREU, 2017).

Com isso, fica evidente as contribuições do brincar para o sentimento de bem-estar da criança no período de hospitalização. A fim de identificar essa contribuição, na questão objetiva três, verificou-se que todos os pais\acompanhantes entrevistados (N = 23) concordam totalmente que as atividades realizadas proporcionam bem-estar físico e mental para seu (sua) filho (a) durante o período de internação, atingindo a pontuação máxima de 5,0.

Essa percepção aparece também nas respostas de 16 pais\acompanhantes a partir da questão aberta. O brincar parece ter contribuído para a redução da ociosidade na internação, além proporcionar um alívio físico da dor, conforme o relato: “as atividades do projeto ajudam a distrair e até esquecer a dor” (F 1). As atividades também trouxeram a sensação de conforto mediante a hospitalização, ressignificando o lugar do hospital: “motiva a criança a se sentir mais ‘em casa’, como um ‘hospital casa’ ” (F 22). Além disso, o sentimento

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de bem-estar observado nas crianças através do brincar, representa aos pais um sinal de que seu filho (a) está superando bem o processo de hospitalização: “[...] o sentimento de bem-estar, de ver que eles se sentem mais tranquilos pelo que estão passando. Eu gostei muito. Muito bom!” (F 14).

A hospitalização infantil representa um momento difícil para a família, que enfrenta situações de angústia, medo e constante superação (SOARES, 2014). Portanto, a relação do brincar e do bem-estar da criança é um fator atenuante do processo estressor de internação.

4. Recuperação

Segundo Winnicott (1971\1975), a brincadeira é universal e é a própria saúde, na medida em que facilita o crescimento da criança e suas relações. Pensando no brincar dentro do ambiente hospitalar, sabemos que seu uso é um importante recurso terapêutico que contribui para a recuperação da criança (LEITE et al, 2013; SOUZA et al, 2017).

Nessa perspectiva, a brinquedoteca hospitalar tem como um de seus principais objetivos auxiliar na recuperação da criança hospitalizada (COSTA, 2014). A obrigatoriedade de sua instalação deu-se a partir da Lei nº 11.104 de 21 de março de 2005, destacando que as unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação devem dispor desse espaço destinado a estimular as crianças e seus acompanhantes a brincar.

O brincar, portanto, é um fator de saúde e pode influenciar positivamente na recuperação da criança internada. Esse fator foi confirmado pelos pais\cuidadores ao responderem a questão objetiva quatro, na qual a maioria deles (N = 22) concorda totalmente que as atividades desenvolvidas no Projeto proporcionam um ambiente mais descontraído e podem auxiliar na recuperação de seu (sua) filho (a). A média nesse atributo ficou com 4,96 pontos.

O potencial do brincar como auxílio na recuperação, foi mencionado por cinco familiares no relato da questão aberta, sendo observado assim, como uma das contribuições do PEBA, conforme fala que segue: “o Projeto contribuiu tanto para a recuperação do João [nome fictício] quanto para o aprendizado dele” (F 20). Além da recuperação, notaram que as brincadeiras servem de incentivo a sair do leito de internação e estimulam suas habilidades motoras, como pode ser visto nas falas dos familiares: “legal, porque assim ele não fica só no quarto, na cama [...]” (F 13); “ajudou bastante a desenvolver… a habilidade motora, interesse pelo brincar, querer caminhar” (F 10).

5. Relações interpessoais

O brincar como instrumento para interação social no contexto hospitalar, apareceu como um dos resultados da pesquisa, na qual a maioria dos pais/cuidadores (N = 21)

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concorda totalmente com a questão objetiva de número cinco: o projeto proporcionou vivências e trocas de experiências e contribuiu para socialização da criança e seus pais/cuidadores. Essa questão obteve média de 4,91 pontos de uma escala de 1 a 5. No que diz respeito à relação entre as crianças no período de permanência no hospital, Mitre e Gomes (2004), afirmam que, na visão de profissionais da saúde, o brincar funciona como espaço de socialização e interação, permitindo que a criança saia do isolamento proveniente da internação.

Como parte dos resultados da questão aberta, sete familiares trouxeram essa temática em suas respostas. Com isso, podemos notar que as brincadeiras desenvolvidas pelo PEBA favoreceram a interação e amizade entre as crianças, conforme exemplo: É bom que ele conheça mais crianças, ele gosta de interagir (F 13). De acordo com a Lei n. 11.104/05, que foi complementada pela Portaria n. 2.261/05, artigo 3º, entende a brinquedoteca como uma forma de contribuir para a construção e/ou fortalecimento das relações de vínculo e afeto entre as crianças e seu meio social.

Além disso, a relação com os familiares também acontece, fortalecendo os vínculos, conforme relato do Familiar 21: “me aproximou bem mais com ela, me fez interagir bem mais com ela, dar mais atenção”. A construção de novas experiências, assim como a interação, esteve presente nos resultados da questão aberta: “[...] e eu como mãe aprendi a ser criança com ele nesse meio tempo, participando das brincadeiras” (F 20).

Dessa forma, o brincar deve estar presente no contexto familiar, pois além da importância psíquica, social, cognitiva que o brincar proporciona, ele também serve como fortalecedor de vínculos afetivos entre pais e filhos. (PINTO E GONZALEZ, 2015). Esse vínculo é fortalecido, portanto, através da participação conjunta em uma atividade, quando ambos podem contribuir e respeitar-se (OLIVEIRA et al, 2011). Em vista disso, as atividades do Projeto caminham em direção à socialização através do brincar em conjunto, unindo familiares e crianças nas brincadeiras.

Considerações Finais

Este estudo teve como objetivo apresentar os resultados das avaliações do Projeto de Extensão Brincando e Aprendendo do ano de 2017. A partir da análise do questionário de avaliação, verificou-se que, tanto nas respostas quantitativas quanto nas qualitativas, os participantes tiveram uma percepção positiva das atividades do PEBA.

As experiências do brincar durante a internação hospitalar e a participação em oficinas, demonstraram contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças, para seu bem-estar, sua recuperação e sua socialização. Além de proporcionar aos familiares um

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espaço para aprender novas brincadeiras e refletir sobre a importância de brincar com seus filhos em busca de um fortalecimento de vínculos.

Outros estudos obtiveram resultados semelhantes acerca da importância do brincar durante a hospitalização (HOSTERT, 2014; LIMA et al, 2015), confirmando a necessidade de instituir e desenvolver este tipo de proposta de trabalho em brinquedotecas hospitalares com profissionais qualificados, já que apenas a obrigatoriedade do espaço físico não garante o direito de brincar.

Entende-se que o PEBA vem alcançando seus objetivos, levando os benefícios do brincar às crianças hospitalizadas e seus pais/cuidadores. Devido aos bons resultados obtidos pelo Projeto, a Universidade decidiu manter a proposta extensionista para mais quatro anos a partir de 2018. Ele segue com sua proposta interdisciplinar e agrega a partir de agora o curso de Medicina. Pretende-se, com isso, promover um olhar para o desenvolvimento integral da criança hospitalizada, utilizando-se de várias áreas do conhecimento. Os resultados também motivaram a formulação de novas pesquisas e processos de avaliações, ampliando mais uma vez a prática extensionista.

Podemos inferir que a Universidade, por meio da extensão, contribui para a manutenção e o funcionamento efetivo de brinquedotecas em diferentes instituições, podendo ser de cunho hospitalar, escolar, comunitária, entre outras. Sugere-se que iniciativas como esta sejam ampliadas por instituições, de iniciativa privada ou pública, alcançando uma maior parcela da população, em busca da garantia dos direitos da criança e do adolescente.

Referências

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