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Vivências em uma unidade de terapia intensiva, um relato de experiência

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

VIVÊNCIAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

DIOGO BONINI DE MIGUEL

ORIENTADORA: PROF.ª Ma. Dda. ENIVA MILADI FERNANDES STUMM ENFERMAGEM

2012

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCVida Rua do Comércio, 3000 – Bairro Universitário

Caixa Postal 560

Fone: (55) 3332-0200 – Fax: (55) 3332-9100 www.unijui.edu.br

CEP 98700-000 Ijuí – RS Brasil

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2 DIOGO BONINI DE MIGUEL

VIVÊNCIAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em Terapia Intensiva, apresentado ao Departamento de Ciências da Vida (DCVida), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Enfermeiro Intensivista.

Orientadora: Profª Ma. Dda. Eniva Miladi Fernandes Stumm

Ijuí-RS 2012

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3 SUMÁRIO RESUMO...04 ABSTRACT...04 INTRODUÇÃO...05 A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA... 06 CONSIDERAÇÕES FINAIS...11 REFERÊNCIAS... 13

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VIVÊNCIAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, UM

RELATO DE EXPERIÊNCIA

1

Diogo Bonini de Miguel² Eniva Miladi Fernandes Stumm³

RESUMO: INTRODUÇAO: unidades de terapia intensiva se constituem em espaços importantes de atuação do enfermeiro. OBJETIVO: refletir e discutir, a partir das vivências realizadas em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto, acerca da dinâmica de funcionamento da mesma, da atuação da equipe de profissionais, com ênfase na de enfermagem e no cuidado ao paciente internado, extensivo aos seus familiares. METODOLOGIA: relato de experiência em uma UTI Adulto, integrou um componente curricular do curso de pós-graduação lato sensu em enfermagem em terapia intensiva, no mês de agosto de 2011, perfazendo um total de 45 horas. RESULTADOS: foi possível conhecer estrutura física, compreender a dinâmica de funcionamento da respectiva unidade, entender a complexidade da atuação do enfermeiro na assistência ao paciente, extensiva aos seus familiares, na atividade gerencial, em especial, no que tange as relações interpessoais. CONCLUSÃO: esse relato pode contribuir no sentido de qualificar a assistência e a gestão em terapia intensiva.

PALAVRAS-CHAVE: UTI; Enfermagem; Gestão; Assistência; Enfermeiro; Paciente.

ABSTRACT: INTRODUCTION: Intensive Care Units constitute important spaces performance of the nurse. OBJECTIVE: reflect and discuss, from the experiences carried out in an Adult Intensive Care Unit, about the dynamics of operating the same, the performance of professional staff, with emphasis on nursing and patient care in hospital, extended family members. METHODOLOGY: experience report in an Adult ICU, the same integrated a curriculum component of the post-graduation course in intensive care nursing, in August 2011, for 45 hours. RESULTS: was possible to know the physical structure, to understand the dynamics of the operation of their unit, understand the complexity of nurses' performance, both in patient care, extended to their families, and in the management activity, especially regarding interpersonal relationships. CONCLUSION: this report may contribute towards qualifying assistance and management in intensive care.

KEYWORDS: ICU; Nursing; Management; Care; Nurse; Patient.

1 Trabalho de Conclusão do Curso de Pós- Graduação em Enfermagem em terapia intensiva da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ).

² Acadêmico pós-graduando em Enfermagem em terapia intensiva da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ).

³ Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS. Docente do curso de pós-graduação em Enfermagem em terapia intensiva da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ).

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5 INTRODUÇÃO

Como pós-graduando do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Enfermagem em Terapia Intensiva, foi oportunizado realizar vivências em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mais especificamente no Componente Curricular Vivências em Unidade de Terapia Intensiva. A partir disso, optou-se por realizar as respectivas vivências em uma UTI Adulto de um hospital porte IV, da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

As UTIs são unidades de alta complexidade, que demandam equipe de saúde especializada e equipamentos tecnológicos avançados, para atendimento de pacientes em estado grave. Têm por objetivo a recuperação dos pacientes, os quais são assistidos por profissionais capacitados e com o uso de tecnologias avançadas (BACKES ET AL, 2011). Nesse sentido, a UTI apresenta-se como um local de cuidados intensivos a indivíduos instáveis, graves, em risco iminente de morte, porém que internam e possuem condições de recuperação.

A UTI é uma unidade que requer do profissional uma diversidade de conhecimentos para atuar, com base na heterogeneidade da atenção, visto que se observam várias situações emergenciais instáveis em seu estado geral (PIROLO, FERRAZ, GOMES, 2011). O posicionamento desses autores é complementado por Schwonke et al (2011), os quais afirmam que a dinâmica de funcionamento da UTI é permeada pela utilização da tecnologia na manipulação de equipamentos necessários para a manutenção da qualidade no atendimento aos pacientes. Por conseqüência, todos os profissionais que prestam cuidado com eficiência devem possuir conhecimento técnico especializado.

Considera-se que a atuação da equipe de profissionais é um fator determinante na busca pelo cuidado integral ao paciente crítico, o qual requer comprometimento de todos e interação entre os diversos saberes por meio da comunicação. A respectiva atuação em equipe contribui para a estruturação do trabalho em saúde, e inclui a participação nos processos de tomada de decisão (PIROLO, FERRAZ, GOMES, 2011).

Mediante os referenciais em que as UTI se apresentam, aliados ao contexto histórico e cultural, evidencia-se que tanto familiares como pacientes trazem consigo sentimentos que podem contribuir para o estresse e que os remetem ao local onde internam por apresentarem alto risco de morte. Proença e Dell Agnolo (2011) colocam que em um estudo realizado com familiares e pacientes admitidos em UTI, o referido

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6 ambiente foi avaliado pelos sujeitos como desconhecido, estigmatizado e relacionado com morte eminente.

Diante do exposto, a atuação da equipe de enfermagem neste contexto torna-se complexa, baseada na autonomia das ações, no empoderamento de conhecimentos e nas relações com equipe, paciente e familiar. Menezes, Priel e Pereira (2011, p. 02) vêm ao encontro dessa reflexão ao afirmarem que “o papel exercido pelo enfermeiro é construído desde sua formação, apoiado nas ações do cuidar e do saber – fazer – ser, conduzindo a enfermagem para o caminho deste cuidar.”

Com base nestas considerações, busca-se com este relato, refletir e discutir, a partir das vivências realizadas em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto, acerca da dinâmica de funcionamento da mesma, da atuação da equipe de profissionais, com ênfase na de enfermagem e no cuidado ao paciente internado, extensivo aos seus familiares.

A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA

As atividades foram desenvolvidas em turno integral, das 07 às 19horas, totalizando 45horas. Considera-se importante, inicialmente, para situar o leitor, caracterizar brevemente o referido hospital e, mais precisamente, a UTI. O mesmo abrange as seguintes Coordenadorias de Saúde: 9ª, 12ª, 15ª, 17ª e 19ª. Compreende um total de 1.282.927 pessoas, equivalente a 12,9% da população do Estado do Rio Grande do Sul, distribuída em 125 municípios. Segundo a Portaria nº. 2.224/GM (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2002) de 05 de dezembro de 2002, que classifica o hospital com base no número de leitos, número de leitos de UTI, tipos de UTI, alta complexidade, urgência e emergência, gestação de alto risco, e salas cirúrgicas, o referido hospital é classificado em Hospital Porte IV.

Ao chegar à UTI, fomos recepcionados por duas enfermeiras que estavam de plantão. Nos sentimos acolhidos, o que contribuiu para o sucesso da atividade. O acolhimento, segundo o Ministério da Saúde (2011), pode ocorrer de várias maneiras, as quais incluem ações de saber ouvir e recepcionar indivíduos, presente constantemente nas relações de cuidado, que envolvem trabalhadores de saúde e usuários. No decorrer da permanência na UTI, se teve oportunidade de acompanhar passagens de plantão entre as enfermeiras. Esta é uma estratégia na coordenação do cuidado de enfermagem, visto que a eficácia no compartilhamento das informações durante os turnos de trabalho

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7 proporciona continuidade da assistência e abrangência dos resultados perante a solução de problemas dos pacientes ( PORTAL, MAGALHÃES, 2008).

Após sermos recepcionados, passou-se a observar a estrutura física, bem como a dinâmica de funcionamento da UTI, aliada à estrutura de pessoal. No que tange a estrutura física, e, mais especificamente, o conceito de recursos físicos, o mesmo envolve as áreas internas e externas de um serviço de saúde. Uma unidade constitui o espaço determinado e especializado para o desenvolvimento de atividades assistenciais, caracterizada por dimensões e instalações diferenciadas (KURCGANT, 2005).

Quanto à estrutura física, a UTI da referida instituição encontra-se adequada com o preconizado na Portaria n° 466/MS/SVS ( ANVISA, 1998) de 04 de julho de 1998, ao afirmar que toda UTI deve ocupar área física própria, dentro do hospital, com ambientes específicos para o desenvolvimento das atividades, com acesso restrito, constituindo-se em uma unidade física exclusiva. Ainda, deve possuir acesso facilitado a elevadores, serviços de emergência, centro cirúrgico, laboratório e radiologia.

Os materiais e equipamentos são indispensáveis para o funcionamento de qualquer organização, pública ou privada, e se constituem em fatores que possibilitam o alcance dos objetivos propostos, aliados a recursos financeiros e a profissionais devidamente habilitados para atuar no referido ambiente. No que tange a previsão de material para uma UTI, a mesma deve ser realizada mediante um levantamento das necessidades da unidade, com posterior identificação da quantidade e da especificidade dos referidos materiais visando suprir as demandas da mesma. Neste contexto, Paschoal e Castilho (2010) colocam que é essencial o controle dos materiais e seus custos, diante da grande variedade na implantação de novas tecnologias e perante a complexidade das instituições de saúde e seus procedimentos.

Considera-se que a qualidade assistencial está relacionada à organização e disponibilidade de materiais em quantidade e qualidade suficientes para prestar um cuidado adequado e seguro ao paciente internado em UTI. Nesse sentido, a carência de materiais, equipamentos e de profissionais em UTI, geram inquietações e levam a equipe a realizar improvisações na dinâmica laboral. Souza et al (2010) contribuem nessa reflexão ao afirmarem que a organização e o processo de trabalho na adaptação e improvisação de materiais e equipamentos levam a sobrecarga física e psíquica, as quais lesam o trabalhador.

No decorrer das vivências em UTI, se observou que existem materiais de uso individual e coletivo, bem como equipamentos disponíveis. No entanto, na condição de

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8 superlotação da unidade por pacientes críticos que requerem equipamentos sofisticados, o número destes não supre a total necessidade, o que gera regulações no processo de trabalho para dar conta da demanda. A ANVISA (2010), na Resolução RDC n° 7, de 24 de fevereiro de 2010, determina nos artigos 50 a 55 que a UTI deve dispor de materiais e equipamentos adaptados à complexidade do serviço, necessários ao atendimento de sua demanda, devendo estar devidamente regularizados junto a esse órgão.

Percebeu-se, por ocasião da permanência na UTI, que a mesma é um ambiente que pode contribuir para o estresse, principalmente no que diz respeito às relações interpessoais, aliada ao processo de trabalho existente. Neste sentido, se observou que criam-se vínculos entre os trabalhadores, que podem interferir tanto positivamente quanto negativamente nas relações interpessoais quanto no processo de trabalho. Borges, Sampaio e Gurgel (2012) pontuam que se faz necessário programar para a efetivação de um trabalho interdisciplinar e intersetorial nas atividades diárias, com vistas a uma integralidade em rede, a partir de relações entre os serviços de saúde, seus saberes e práticas individuais. Ainda nesse ínterim, Cardoso et al (2011) afirmam que a comunicação se constitui em um elemento sócio-histórico de atos diários, formaliza relações mútuas entre indivíduos de mesma cognição, mediante compartilhamento de significados construídos nestas interações.

No que tange a atuação do enfermeiro como coordenador em UTI, Vargas e Ramos (2011) afirmam que a complexidade das situações que exigem tomadas de decisão nas UTI requer um enfermeiro preparado para o enfrentamento de problemas éticos. Para suprir às transformações tecnológicas, sociais e econômicas, o enfermeiro vem somando responsabilidades que o tem afirmado como uma autoridade evidente, necessitando operar com uma linguagem interdisciplinar. O enfermeiro necessita ter uma visão global da unidade que gerencia, conhecimento do perfil dos pacientes, de si e de sua equipe. Carece, igualmente, estar atento às características individuais de cada um, de maneira a adequar o tipo de atividade a ser desenvolvida. Kraemer, Duarte e Kaiser (2011, p. 06) pontuam que “quanto melhor implementada a autonomia profissional e os processos de trabalho da enfermagem, mais oportunidades o enfermeiro terá em atuar com base no conhecimento técnico e científico e em seu julgamento e poder decisório.” Vargas e Ramos ( 2010) contribuem, ao afirmarem que se observa uma contradição entre formação que busca a competência técnica da enfermeira, para atuar frente aos clientes e, por outro lado, a incompetência política da

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9 mesma, baseada na acomodação e desrespeito a autonomia, permitindo-se nas vastas situações.

A análise do posicionamento dos autores permite afirmar que o enfermeiro assume um papel importante como integrante da equipe de saúde que atua em terapia intensiva. Atualmente, o enfermeiro, para enfrentar as mudanças, necessita criar novas formas de trabalho, perspectivas, novas idéias e objetivos, em busca de crescimento e de aprimoramento, desenvolvimento de habilidades, tornando-o capaz de desempenhar melhor suas funções, assistenciais e administrativas, com autonomia.

Na referida unidade em que se realizaram as vivências, percebe-se que a enfermagem atua com liderança. Desta forma, a categoria profissional ganha seu espaço no ambiente, nas relações interpessoais, de maneira a qualificar a assistência ao paciente e ampliar sua liderança nesse espaço. Essas reflexões são corroboradas por Pradebon et al (2011) no sentido de que a liderança da unidade de enfermagem se concretiza pela visão integral do ser humano, perpassando ações de intervenção e de recuperação do indivíduo. Santos e Lima (2011, p. 02) complementam, ao afirmarem que “o processo de trabalho do enfermeiro, como prática social integrante do trabalho coletivo em saúde, é composto por duas dimensões complementares: assistir e gerenciar.”

No que se refere à composição da equipe de enfermagem da referida unidade, a mesma é composta por 09 enfermeiros e 23 técnicos de enfermagem. Quanto aos enfermeiros, 3 são pós-graduandos em terapia intensiva, um é especialista em UTI, e o restante possui especialização em outra área. A equipe médica compreende 9 médicos, onde 3 são pós-graduandos em terapia intensiva e 1 é especialista. No que tange as dificuldades da unidade, evidenciou-se que elas estão presentes tanto no dimensionamento de pessoal, quanto na rotatividade de funcionários, nas relações interpessoais, aliado a complexidade das condições dos pacientes. Dentre os componentes ameaçadores ao meio ambiente ocupacional do enfermeiro, está o reduzido número de profissionais de enfermagem na assistência direta ao paciente, agravado pelo achatamento dos salários, o que os obrigam a ter mais de um vínculo empregatício. Panunto e Guirardello (2012) contribuem com essa questão ao afirmarem que uma desproporção entre equipe de enfermagem e pacientes em UTI pode acarretar alto custo e colocar em risco a segurança dos mesmos.

No que se refere à função do enfermeiro, constatou-se que os mesmos realizam prescrições de enfermagem, registros e procedimentos específicos da categoria, os quais integram o gerenciamento, a gestão, organização e controle da unidade. Nesse sentido,

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10 Fernandes et al (2011) pontuam que o gerenciamento vai além da execução de normas e rotinas, coordenação de educação continuada e controle orçamentário, compreende mudança, inovação e tenacidade às oposições do sistema.

Os registros de enfermagem são importantes para a equipe multidisciplinar e para o paciente, representam documentos de comunicação e que contêm o seu histórico. Representam a comunicação escrita dos fatos essenciais ocorridos em um determinado período de tempo. Barbosa et al (2011, p. 02) corroboram ao acrescentarem que “os registros de enfermagem no prontuário do usuário constituem-se em elementos imprescindíveis, tanto na esfera da comunicação em enfermagem como nos aspectos éticos e legais.” Evidenciou-se, na respectiva unidade, que os enfermeiros não realizam a sistematização da assistência de enfermagem, o que considera-se uma lacuna a ser preenchida. Torres et al (2011) afirmam que a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é um importante instrumento gerencial utilizado para o planejamento, execução, controle e avaliação das ações de cuidado direto e indireto aos pacientes. Silva et al (2011) colaboram pontuando que a SAE é uma maneira de desempenhar a profissão com autonomia baseada nos conhecimentos técnico-científicos em que a categoria se desenvolve.

Diante do amplo processo em que o enfermeiro está inserido, especificamente em uma UTI, emerge sua responsabilidade no cuidado ao paciente, bem como na relação com familiares deste, elementos indispensáveis para uma assistência integral e humanizada. Nogueira et al (2012) afirmam que diante da complexidade de uma UTI, é indispensável que o enfermeiro conheça o perfil dos pacientes para favorecer a própria gestão da equipe, de maneira a qualificar a assistência. Neste contexto, cabe ao enfermeiro discernir sobre o que oferecer ao paciente para o compartilhamento do conhecimento, e ter presente o cuidado como uma troca (MORAIS ET AL, 2011). O ideal é que a assistência ocorra com a mínima ou nenhuma falha passível de comprometer a qualidade no oferecimento de bens e serviços e a segurança do paciente, obtendo sua satisfação suprema. (VARGAS, RAMOS, 2011).

A excelência no cuidado perpassa a avaliação de questões objetivas e subjetivas referentes ao paciente. Em relação à subjetividade, a avaliação da dor no paciente emerge como importante e de difícil mensuração. Magalhães et al (2011, p. 04) pontuam que “o grande desafio do combate à dor inicia na deficiência de sua percepção.” Ressaltam ainda que a maioria dos profissionais de enfermagem possuem deficiência na quantificação, identificação e tratamento da dor.

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11 Outro fator a ser considerado diz respeito à atenção aos familiares dos pacientes internados em uma UTI, os quais permanecem agonizados pela distância do paciente e dificuldade em entender o que se passa com o familiar internado. Neste sentido se faz importante a atuação de toda a equipe de saúde no sentido de minimizar o sofrimento destes familiares. O enfermeiro, de maneira especial, pode prestar informações sobre a situação em que se encontra o paciente, riscos e estado geral. O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, em seu artigo 17, prevê a responsabilidade e o dever de prestar adequadas informações ao paciente, família e coletividade a respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências quanto à assistência de enfermagem, possíveis riscos e conseqüências que possam ocorrer (RESOLUÇÃO COFEN 311/ 2007).

Santos et al (2011) colocam que a família deve participar ativamente no tratamento do paciente, sendo necessário lhe ofertar suporte para que possa enfrentar o problema, suas aflições, medos e responsabilidades. Silva, Campos e Pereira (2011) vão além, ao se reportarem à necessidade da enfermagem perceber e compreender a família do paciente em UTI como extensão do cuidado ao mesmo.

Em síntese, a oportunidade oferecida pelo curso foi positiva, no sentido de nos inserir em uma UTI, aliada a possibilidade de refletir e tecer considerações com base no diálogo com vários autores da área, de maneira a qualificar a atuação enquanto profissional de enfermagem e integrante de uma equipe de saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pós-graduando, o fato de ser oportunizado atuar em uma UTI, avalia-se como positivo, no sentido de contribuir tanto na formação profissional, quanto pessoal e acadêmica.

Vivenciar o cotidiano em uma UTI nos remete às funções gerenciais e assistências do enfermeiro, em especial, referentes as suas atribuições enquanto líder de uma equipe, aliado a busca permanente de atualização e ampliação de conhecimentos específicos, indispensáveis à sua atuação. Nesse sentido, destaca-se a qualidade da assistência ao paciente em UTI, o qual se encontra fragilizado, porém, com condições de recuperação e que necessita de uma equipe competente para tal, devidamente preparada e ciente da extensão desse cuidar aos familiares dos mesmos.

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12 Nesse ínterim, se destaca a importância e necessidade do uso da sistematização da assistência de enfermagem, avaliada como uma lacuna a ser preenchida, tanto em termos assistenciais quanto gerencias do enfermeiro, evidenciado no decorrer da vivencia realizada em terapia intensiva. Destaca-se ainda a necessidade de uma visão holística do enfermeiro referente à sua responsabilidade no cuidado de sua equipe.

Em síntese, realizar essa vivencia aliada aos posicionamentos dos autores, pode ser um instrumento importante a ser utilizado por enfermeiros que atuam e ou pretendem atuar em terapia intensiva, por pesquisadores, gestores e estudantes. Ela pode contribuir no sentido de instigar reflexões, discussões, ações e mais pesquisas que envolvam essa temática, inclusive com outras abordagens metodológicas, com o objetivo primordial de qualificar a atuação do enfermeiro em terapia intensiva e a assistência ao paciente. Considera-se também que esse relato pode ser usado por enfermeiros docentes no sentido de refletir e qualificar a formação de futuros enfermeiro.

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13 REFERÊNCIAS

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ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Resolução -RDC Nº 7, de 24 de fevereiro de 2010. Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. Nº 37 – DOU de 25/02/10 – seção 1 – p. 48.

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