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Academic year: 2021

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TÍTULO: INTEGRAÇÃO X INCLUSÃO: ANÁLISE HISTÓRICA DOS DISPOSITIVOS NORMATIVOS TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: DIREITO SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): PATRIZIA MASTRODONATO AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): LUIS CARLOS PILEGGI COSTA ORIENTADOR(ES):

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1. RESUMO

Este trabalho consiste no exame das legislações acerca dos direitos das pessoas com deficiência. Por meio de primeiramente abordagem histórica do tema, seguida de valorativas distinções acerca da propositura. Neste contexto, são analisadas: culturas, legislações antigas, efetivação de integração e inclusão na sociedade, a progressão da legislação brasileira quanto à inclusão, e a aplicação e desenvolvimento de políticas públicas. Ao final, são realizadas considerações qualitativas acerca do tema, em harmonia com o levantamento doutrinário e jurisprudencial.

2. INTRODUÇÃO

Durante séculos as pessoas com deficiência, salvo nos casos de povos específicos, como por exemplo, os Tupinambás e Ashantis (África), foram excluídas das sociedades, tratadas como castigo divino e até mesmo como empecilho da reprodução de prole saudável (Lorentz, 2006).

No início do século XX as pessoas com deficiência passaram a ser passíveis de tolerância, merecedoras de assistencialismo, na qual assentaram em situação de manifesta sujeição, gerando até mesmo condições de marginalidade (Andrade, 2009).

Atualmente presencia-se o anseio por uma sociedade inclusiva, na qual entenda a pessoa com deficiência como titular de expectativas e direitos exigíveis. (Lorentz, 2006).

De modo, que no decorrer das décadas, e do esclarecimento e anseio acerca dos direitos das pessoas com deficiência, depara-se com exclusão, integração e inclusão. Este trabalho realizou análise histórica da conquista dos direitos das pessoas com deficiência e das atuais normas reguladoras de tais direitos.

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3. OBJETIVO

Este trabalho apresenta objetivo geral e específico. O objetivo geral tem o intuito de apresentar o histórico de conquistas dos direitos das pessoas com deficiência, a fim de valorizar tais lutas e triunfos. Têm como objetivo específico, analisar os aspectos da integração e inclusão presentes em nosso Ordenamento Jurídico, levantando críticas valorativas acerca de como tais normas afetam as pessoas com Deficiência.

4. METODOLOGIA

O presente trabalho utilizou para angariar os objetivos traçados, do método dedutivo e dialético na abordagem das normas jurídicas pertinentes ao tema e no levantamento doutrinário jurídico e histórico sobre a asserção.

5. DESENVOLVIMENTO

Nos estágios inaugurais da humanidade, o estilo de vida predominante, por causa do sustento, era o nômade. De modo, que não tinham tecnologias, e os arquivos históricos se perdiam, por não habitarem em apenas uma localidade. Diante disto, Maria Aparecida Gurgel apura que: “não se têm indícios de como os primeiros grupos de humanos na Terra se comportavam em relação às pessoas com deficiência. Tudo indica que essas pessoas não sobreviviam ao ambiente hostil da Terra”. Todavia, nas sociedades primitivas existentes até hoje, como por exemplo os Aonas (nativos que habitam ao redor do Lago Rudolf no Quênia) segundo Otto Marques da Silva (2009) o tratamento era diversificado.

Para esta tribo, os cegos mantinham uma ligação direta com os espíritos que moravam nas profundezas do lago e estes indicavam aos cegos os locais onde os peixes poderiam ser encontrados em abundância. Assim, nessa sociedade nativa, as pessoas com deficiência visual eram muito respeitadas e bem tratadas, participando ativamente das pescarias.

Em contrapartida o mesmo autor, aponta os costumes dos índios Chiricoa (habitantes das matas andinas da Colômbia), que de acordo com relatos, abandonavam e sacrificavam as pessoas com dificuldades de locomoção.

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No mundo antigo, entre as principais sociedades, presenciamos antagonismo no que tange a inserção e aceitação das pessoas com deficiência na população. As professoras Marilu Dicher e Elisaide Trevisam (2016, p. 5) em seu artigo relatam que o respeito às pessoas com deficiência era um dever moral para o povo egípcio. Em contrapartida os Gregos apresentam dois diferentes tipos de tratamento as pessoas com deficiência. Ao mesmo tempo, que contemplavam o deus Hefesto, que de acordo com a descrição de Homero na obra “Ilíada” e em gravuras, era um deus com deficiência em uma das pernas, e a partir de tal deficiência passou a elaborar utensílios em metalurgia para o auxiliar na locomoção (Gugel, 2007), sacrificavam ou abandonavam crianças com deficiência, como é inclusive apontado pelo filósofo Aristóteles em seu livro IV, Capítulo 14 de A Política: “ [...] com respeito a conhecer quais os filhos que devem ser abandonados ou educados, precisam exigir uma lei que proíba nutrir toda criança disforme”.

Os Romanos possuíam leis específicas no que tange direito dos recém-nascidos, de modo que o poder paterno (patria potestas), tinha o direito de exterminar o próprio filho caso o mesmo nascesse disforme. Tal direito, estava descrito na Quarta Tábua da Lei das 12 Tábuas. Também utilizavam as crianças que não foram sacrificadas, entretanto, nasceram com alguma deficiência, para esmolar, prostituir ou trabalhar como remadores (Silva, 2009).

Durante a Idade Média, a população declarava ser “castigo de Deus” as deficiências, além de acreditarem que a pessoa que tinha malformação física, proporcionalmente possuía mente malformada, de modo que eram vistos como feiticeiros, bruxos, ficando as margens da sociedade da época ou eram abatidos.

Todavia, foi neste período em que o primeiro hospital destinado a cuidar de pessoas cegas, fora criado, por Luiz IX (1214-1270), após 300 dos seus soldados ficarem cegos, durante os desfechos das negociações com os inimigos, para o libertarem.

No período do Renascimento, os primeiros hospitais, cujo objetivo era atender pessoas pobres e com deficiência foram surgindo. Também foi neste período que o médico Philippe Pinel (1745-1826) começou a quebrar paradigmas no que tange doenças mentais, passando a defender métodos de

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tratamento mais humanizados a tais pessoas. Porém mesmo com toda a exponencial valorização do humano durante este período, muitas pessoas com deficiência, ainda precisavam esmolar para sobreviver (Maranhão, 2005).

Nos primeiros anos do século XX, diversas conferências para debater os direitos das pessoas com Deficiência começaram a surgir, todavia foram brevemente interrompidos, com o advento das duas grandes guerras mundiais. Durante a Segunda Guerra Mundial o chanceler alemão Adolf Hitler decretou eutanásia das pessoas que ele declarava terem “vida indigna de ser vivida”, sacrificando pessoas com deficiências físicas e mentais, doentes incuráveis e idosos (Marton, 2011).

Com o fim das grandes guerras mundiais, por causa dos combates, o número de pessoas com deficiência havia brutalmente aumentado, então as organizações começaram a buscar mecanismos para se integrar os “mutilados em guerra” nas atividades econômicas. De modo, que a Organização Internacional do Trabalho (OIT), desde o seu surgimento, precisou olhar pelas pessoas com deficiência (Gugel, 2007). O mundo sentia a necessidade de após tantas atitudes brutais no decorrer das grandes guerras, legislar sobre direitos. Diante disto, diversas Declarações Universais foram elaboradas, entre elas a pioneira Declaração Internacional da Pessoa Humana em 1948 e a Declaração do Ano Internacional da Pessoa com Deficiência (1981), na qual a semente do lema “Nada sobre nós, sem nós” foi germinada. Este lema comunica a população que nenhuma política (principalmente quando a matéria é direcionada as pessoas com deficiência) deva ser decidida sem a participação direta das pessoas com deficiência (Sassaki, 2007) e a partir dele, todas as pessoas com deficiência começaram a ter ciência de que poderiam reivindicar, como a Professora Denise Lapolla de Paula Aguiar Andrade (2009, p. 10), frisa:

Durante muito tempo as pessoas portadoras de deficiência estiveram em situação de manifesta sujeição, que chegou a criar, até, condições de marginalidade. O movimento reivindicatório teve início quando começou seu processo de autovalorização e elas passaram a se reconhecer como integrantes de um grupo.

A partir deste processo de autovalorização e reivindicação, começamos a observar mudanças normativas na República Federativa do Brasil.

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As primeiras mudanças normativas nesta matéria começaram a surgir no Brasil, por meio da Constituição de 1934, na qual trouxe uma pequena semente de integração social, que ficou oculta durante as Constituições posteriores. A semente começou a brotar com a emenda nº12 da Constituição Federal de 1967, referente a ação que requeria rampas de acesso aos metrôs.

Contudo, somente com o advento da Constituição de 1988, a conhecida “Constituição Cidadã” presenciamos grandes mudanças no que tange a matéria dos direitos das pessoas com deficiência. A professora Denise Lapolla de Paula Aguiar Andrade bem ressalta acerca do tempo para se progredir e a cidadania a se alcançar (2009, p. 25):

Cidadania não é algo pensado, premeditado, é contínua construção, tendo para alicerces os fatos colhidos no passado, e como cimento a atuação e a perseverança de muitos no progredir constante e incansável. Aperfeiçoar a cidadania é processo volátil no tempo e espaço e requer cuidado e seriedade de todos.

De modo que no ano seguinte presenciamos a elaboração da Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência (CORDE), a qual trouxe dispositivos que disciplinam a integração da pessoa com deficiência.

Na área da educação especial, entende-se integração como um processo que implica na reciprocidade, na qual espera-se que somente as pessoas com deficiência sejam capazes de adaptar-se as diferenças, vencendo os obstáculos físicos e atitudinais.

Durante a década dos anos 90 presencia-se no Brasil ampla preocupação jurídica social, sendo o período no qual, mais legisladores dissertaram nos dispositivos normativos, acerca da integração. No ano de 1994, com o estabelecimento da Declaração de Salamanca, depara-se com as primeiras concepções normativas de educação inclusiva, seguida no ano de 2001 pela resolução do MEC CNE/CEB 2, na qual traz as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, as quais representam as primeiras linhas na matéria educacional em inclusão (Gil, 2015).

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Dez anos depois da Declaração de Salamanca, o Ministro Luiz Fux do Superior Tribunal de Justiça, preocupado com assegurar e promover o princípio da Dignidade da Pessoa Humana, essencial ao Estado Democrático de Direito, e a todas as esferas da sociedade, apresentou a seguinte sentença:

Consectário de um país que ostenta uma Carta Constitucional cujo preâmbulo promete a disseminação das desigualdades e a proteção à dignidade humana, promessas alçadas ao mesmo patamar da defesa da Federação e da República, é o de que não se pode admitir sejam os direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência, relegados a um plano diverso daquele que o coloca na eminência das mais belas garantias constitucionais. (REesp 567873/MG, Recurso Especial 2003/0151040-1, Relator(a) Ministro LUIZ FUX, Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA, Data do Julgamento 10/02/2004. Data da Publicação/Fonte DJ 25.02.2004 p. 120 RSTJ vol. 182 p. 134)

O grande marco internacional acerca dos direitos das pessoas com deficiência, surgiu em dezembro de 2006, com o advento da Convenção Internacional das Pessoas com Deficiência, a qual se integralizou ao ordenamento jurídico brasileiro de maneira histórica, no ano de 2008, pois foi o primeiro tratado internacional de Direitos Humanos aprovado sob normativa da emenda Constitucional 45/2004, adentrando em nosso Ordenamento como matéria constitucional (Dicher, 2016).

A partir deste importante marco histórico, diversas legislações infraconstitucionais começaram a versar sobre inclusão.

Entende-se como inclusão o fato de que a pessoa com deficiência pode buscar seu desenvolvimento e exercer cidadania, tendo como pressuposto a modificação da sociedade para atende-la (Sassaki, 2007). É um processo amplo, que requer micros e macros transformações nos ambientes e na concepção das pessoas, tendo em seu caminho a aceitação e valorização das diferenças individuais, por meio de compreensão e cooperação (Dias, 2017).

Atualmente, verificamos os primeiros meses de vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência, o qual altera a capacidade civil das pessoas com deficiência, pois até a vigência da nova Lei, pessoas com deficiência eram classificadas como plenamente incapazes para atos da vida civil. Com a inovação, as pessoas com deficiência passaram a ser consideradas

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relativamente capazes, de modo que a definição de curatela se dará como medida protetiva excepcional, sendo proporcional as necessidades da pessoa e por tempo suficiente (Assumpção, 2015), esta mudança tem como objetivo respeitar e potencializar o princípio da Igualdade e da Dignidade da Pessoa Humana, nos atos civis.

6. RESULTADOS

Com o desenvolvimento deste trabalho foi verificado incompatibilidade de Políticas Públicas com a legislação, pois o desenvolvimento de normas inclusivas teve processo extremamente moroso, e ainda hoje presencia-se ausência de participação de pessoas com deficiência em todos os atos da sociedade, e principalmente inércia do Estado, instituições e sociedade no que tange elaboração de políticas públicas, com intuito de conscientizar a população sobre o tema, e verificar se as leis vigentes estão em harmonia com as necessidades das pessoas com deficiência, de modo que não decidam nada sobre elas, sem elas.

Verificou-se também que durante o período de vigência de normas integrativas, houve acentuado crescimento de exclusão, pois a integração tem como primícias a mudança de concepções do indivíduo, ansiando para que aceite as diferenças sem que o meio se adapte, enquanto na seara da inclusão, presencia-se a necessidade de que todos se capacitem para lidar com as diferenças, de modo que viver em comunidade, passe a ser justo e harmônico (Dias, 2017).

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a análise da doutrina jurídica e histórica pertinente ao tema, os Tratados Internacionais e as normas internas presentes no Ordenamento Jurídico Brasileiro acompanhadas de estudo social, verificou-se que por longas décadas pessoas com deficiência cravaram lutas contra normas excludentes e para a garantia de seu direito à vida.

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Averiguou-se também que passados os tempos sombrios regados de sangue, as pessoas com deficiência foram consideradas merecedoras de misericórdia, como pessoas que precisariam ser toleradas no meio da sociedade. Recentemente com a internalização da Declaração Universal da Pessoa com Deficiência passaram a ser consideradas e vistas como cidadãs (Lorentz, 2006), de forma que mais legislações inclusivas, passaram a ser elaboradas e promulgadas.

Este trabalho conclui constatando a urgente necessidade de elaboração de Políticas Públicas, com intuito de discutir a substituição de atos legislativos arcaicos que ainda constem políticas de Integração, modernizando as normas, para levar a inclusão para todas as esferas sociais, a fim de garantir e potencializar os Direito a Igualdade, Dignidade e acesso à Educação, que devem ser inerentes a toda pessoa humana.

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8. FONTES CONSULTADAS

Aguiar, D. L. (10). Portadores de Deficiência: Sujeitos de Direitos. Ministério Público do Trabalho , 55.

Assumpção, L. F. (2015). O Estatuto da Pessoa com Deficiência sob a Perspectiva de Notários e Registradores . Notarial do Brasil, 5.

Dias, M. C. (2017). Educação Inclusiva: Como Garantir o Direito de participar e Aprender . Instituto Rodrigo Mendes - DIVERSA , 5.

Dicher, M. (2016). A Jornada Histórica da Pessoa com Deficiência: Inclusão como Exercício do Direito à Dignidade da Pessoa Humana. Publica Direito, 5.

Gil, M. (2015). A Legislação Federal Brasileira e a Educação de Alunos com Deficiência. Instituto Rodrigo Mendes - DIVERSA, 8.

Gugel, M. A. (2007). Pessoas com Deficiência e o Direito do Trabalho. Florianópolis : Obra Jurídica.

Lorentz, L. N. (2006). A Norma da Igualdade e o Trabalho das Pessoas Portadoras de Deficiência. São Paulo: LTr.

Maranhão, R. d. (2005). O Portador de Deficiência e o Direito do Trabalho . São Paulo : LTR.

Marton, F. (2011). O Extermínio dos Diferentes: pessoas com deficiência e doentes terminais eram alvo do 3º Reich. SuperInteressante , 32. Sassaki, R. K. (2007). Nada Sobre Nós Sem Nós: Da Integração a Inclusão.

Revista Nacional de Reabilitação , 8-16.

Referências

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