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O lúdico e sua influência na construção dos conceitos lógicos matemáticos em uma sala de quatro anos na educação infantil

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

MARIA D’AJUDA VASCONCELOS NASCIMENTO

O LÚDICO E SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS LÓGICOS MATEMÁTICOS EM UMA SALA DE QUATRO ANOS NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

SALVADOR 2016

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Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação em Docência na Educação Infantil pela Universidade Federal da Bahia como requisito de conclusão do curso sob a orientação da professora Maria Cristina Ribas Sousa

MARIA D’AJUDA VASCONCELOS NASCIMENTO

Salvador 2016

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MARIA D’AJUDA VASCONCELOS NASCIMENTO

O LÚDICO E SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS LÓGICOS MATEMÁTICOS EM UMA SALA DE QUATRO ANOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação em Docência na Educação Infantil pela Universidade Federal da Bahia como requisito de conclusão do curso.

Aprovada em: ___/_____/______

Banca examinadora:

_____________________________________________________________ Professora: Maria Cristina Ribas Sousa - Orientadora

__________________________________________________________________________________ Professora: Maria Elisa Pacheco de Oliveira

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DIDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao maior educador do mundo: Jesus. Ao seu lado aprendi a enfrentar os desafios sem nunca perder de vista a fé e a esperança.

Aos meus filhos por se constituírem pessoas belas e admiráveis em essência, estímulos que me impulsionaram a buscar vida nova a cada dia. A gratidão revela o reconhecimento de grandes coisas, reconheço os momentos em que necessitei sacrificá-los para ir à busca de novos conhecimentos, porém de uma coisa tenha certeza, vocês são e continuarão sendo a minha fonte de inspiração.

Aos meus pais (in memorian), jamais irei esquecer que vocês foram os primeiros a vibrar e aplaudir as minhas primeiras conquistas, em seus exemplos, encontro forças para continuar lutando em prol dos meus ideais.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus criador de todas as coisas, da minha própria existência, por me dar condições de vida e de finalizar mais uma etapa de formação profissional e pessoal na minha caminhada.

Agradeço aos meus queridos filhos Luís Augusto e Vanessa que sempre com suas preocupações, me incentivaram a ir em frente.

Aos meus familiares que com palavras de incentivo me estimularam e acreditaram nessa caminhada e conquista.

Às colegas e companheiras de caminhada, que souberam perseverar comigo até o fim.

As minhas adoráveis crianças do grupo 04 A que com seus ensinamentos e curiosidades tanto contribuíram para o desenvolvimento da minha pesquisa.

A todos os Coordenadores e professores do curso, especialmente, a Neuza Silva e Regina Gramacho que com sua sabedoria souberam conduzir e resolver, os nossos questionamentos e as nossas necessidades.

À Secretaria Municipal de Salvador por viabilizar esta formação para mim e para os professores da Rede Municipal de Ensino.

A Professora Cristina Ribas minha orientadora, por todas as suas orientações e boa vontade que muito contribuíram para a produção e finalização deste trabalho.

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“Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los, sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem”.

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RESUMO

Esta pesquisa apresenta uma abordagem sobre a influência da ludicidade na construção dos conceitos lógicos matemáticos, desenvolvidos através de jogos e brincadeiras para as crianças de quatro anos da Educação Infantil. As observações serão realizadas mediante atividades de recreação com brincadeiras e jogos.

Estrutura as reflexões aqui trazidas com estudiosos como Constance Kamii (1988), Kshimoto (2009), Piaget (1973), Vygotsky, Smolle e bibliografia complementar que abordam a importância da ludicidade em sala de aula e a interação entre os sujeitos envolvidos nesse processo. A Pesquisa foi realizada no Centro Municipal de Educação Infantil da rede municipal de Salvador. Os sujeitos serão vinte e cinco alunos de 04 anos, sexo masculino e feminino. O trabalho se orienta por uma metodologia de inspiração da etnopesquisa de abordagem qualitativa, que será realizada por meio da observação do cotidiano dos meus alunos e suas vivencias junto a minha atuação docente, no CMEI Álvaro da Franca Rocha, em Salvador-BA como finalidade refletirmos sobre a importância do lúdico através do uso de jogos e brincadeiras em sala de aula de quatro anos. Considerando as informações coletadas comprovou-se que o lúdico é significativo para a criança poder conhecer compreender e construir conhecimentos, que brincando com jogos matemáticos as crianças elaboram raciocínio lógico e melhoram a sua comunicação, desta forma estão se socializando e aprendendo significativamente, construindo conceitos.

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ABSTRACT

This research presents an approach on the influence of playfulness in the construction of mathematical logical concepts, developed through games and activities for children four years of early childhood education. The observations will be carried out by recreational activities with fun and games. Structure reflections here brought with scholars like Constance Kamii (1988), Kshimoto (2009), Piaget (1973), Vygotsky, Smolle and complementary bibliography addressing the importance of playfulness in the classroom and the interaction between the subjects involved in this process. The search was carried out at the Municipal Center for Child Education municipal Salvador. The subjects will be twenty-five students 04 years old, male and female. The work is guided by an inspiration methodology of qualitative approach etnopesquisa to be held by observing the daily lives of my students and their livings with my teaching practice in CMEI Alvaro da Franca Rock in Salvador-BA intended to reflect about the importance of playfulness through the use of games and play in four years classroom. Considering the information collected it was shown that the playfulness is significant for the child to get to know understand and build knowledge that playing with mathematical games children prepare logical thinking and improve their communication in this way are socializing and learning significantly, building concepts.

Keywords: playfulness, logical mathematical concepts, early childhood education

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. ... 10

1 O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE TEÓRICOS IMPORTANTES PARA A EDUCAÇÃO ... 14

1.1 Influências do lúdico no desenvolvimento da criança ... 18

1.2 A contribuição do lúdico na educação infantil ... 22

2 CONCEITUANDO JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ... 25

3 CONCEITOS LÓGICOS MATEMÁTICOS SEGUNDO A TEORIA DE PIAGET ... 34

3.1 A construção dos conceitos matemáticos no dia a dia da educação infantil ... 38

4 CAMINHOS DA PESQUISA ... 45

4.1 Método e tipo de pesquisa ... 45

4.2 Campo de pesquisa ... 46

4.3 Sujeito/Fonte ... 47

4.4 Instrumentos ou dispositivos ... 47

4.5 Procedimentos metodológicos ... 48

4.6 Jogos e brincadeiras desenvolvidos durante a pesquisa: ponto de ônibus, bingo, coelho na toca dos bambolês, classificando objetos, dez coloridos ... 49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 61

6 RFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ... 65

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INTRODUÇÃO

A minha formação acadêmica começou em 1978, quando iniciei o curso de Graduação em Pedagogia Licenciatura Plena, realizado na Faculdade de Educação da Bahia (Olga Mettig). A graduação foi significativa na minha formação, na medida em que me ofereceu subsídios para ampliação de conhecimentos no campo da educação. O meu interesse pelos temas abordados nas diferentes disciplinas do curso levou-me a participar de alguns debates e discussões acerca da profissão docente. Concluída a faculdade alcancei oportunidade de lecionar em escolas da rede privada, atuando em várias séries do segundo grau, lecionando Didática Geral e Sociologia. Logo depois trabalhei como coordenadora do Fundamental II.

Por motivo do afastamento de uma das colegas fui convidada pela diretora da escola a substituí-la, por um período de quase três anos, como professora de Matemática. Minha trajetória continuou com o fundamental I. Só faltava mesmo para me sentir privilegiada, era ter a oportunidade de trabalhar com a Educação Infantil, pois considero o pilar e o alicerce de toda construção na área de educação. Felicidade a minha, pois, em 2003 prestei concurso para a Prefeitura Municipal de Salvador e fui convocada em Novembro de 2007. Comecei atuando no grupo dois, confesso muito temerosa e assustada, pois meu conhecimento sobre Educação Infantil era muito pouco. Só tive uma alternativa aproveitar ao máximo os cursos e treinamentos oferecidos pela rede municipal e aliado a isso pesquisar em livros, artigos, textos e pesquisas encontradas na internet. Não satisfeita busquei fazer uma pós-graduação na área de Alfabetização e Letramento, que conclui em 2011, que tinha como eixo de pesquisa Jogos Matemático na Educação Infantil.

De 2007 até a presente data já consegui ser presenteada com a experiência de trabalhar com os grupos um, o grupo três e atualmente o grupo quatro. Essas experiências trabalhando em vários grupos, com crianças de diferentes faixas etárias e percebendo a dificuldade que elas

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demonstravam ao construir alguns conceitos voltados para a Matemática, me fez mais determinada em melhorar e ampliar meus conhecimentos sobre Docência na Educação Infantil tendo como foco de estudos e pesquisa como construir através do lúdico os conceitos lógicos matemáticos na Educação Infantil. A intenção de dar continuidade a minha formação educacional levou-me a participar do Processo Seletivo do Programa de Pós Graduação em Docência na Educação Infantil em nível de especialização pela universidade Federal da Bahia- UFBA. Fiz a inscrição e fui convocada o que me deixou muito feliz. O curso é bastante intensivo e estimula a todos cada vez mais a nos aprofundarmos em estudos e pesquisas. Com o transcorrer do curso, onde foram abordados alguns conceitos sobre jogos, brincadeiras e brinquedos no cotidiano da Educação Infantil e com minhas leituras sobre concepções dos grandes autores como Froebel, Kshimoto, Kamii, Piaget, Vygotsky entre outros, a minha inquietação com relação ao tema da minha pesquisa aumentou. Educação Infantil, brinquedos, brincadeiras, jogos, o lúdico tudo isso me incentivava cada vez mais e acelerava dentro de mim o desejo de desenvolver uma pesquisa que buscasse conhecer as diferentes formas de abordagens de como desenvolver a construção dos conceitos matemáticos, utilizando para isso o lúdico para trabalhar com crianças de quatro anos na educação infantil. A linguagem matemática na Educação infantil é uma área do conhecimento considerada como complicada, árdua de difícil aceitação e assimilação. Sendo assim, procurando entender melhor como o processo da construção dos conceitos lógicos matemáticos através da ludicidade, pode contribuir como a minha pratica é que decidi investigar como o uso de atividades lúdicas pode influenciar na construção dos conhecimentos lógicos matemáticos em uma sala de quatro anos de idade na educação infantil? Toda essa motivação e interesse começaram quando durante a minha prática em sala de aula desenvolvi jogos com a turma com a qual trabalho, e os jogos acabavam sempre revelando apenas a parte divertida parecia que outro objetivo que é a construção de conceitos matemáticos durante as brincadeiras realizadas não se manifestava. A referida pesquisa tem como objetivo refletir sobre a influência do lúdico, na

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construção dos conceitos lógicos matemáticos destacando os jogos mais utilizados na sala com crianças de quatro anos da educação infantil.

A ludicidade é um tema que vem se expandindo propiciando ao professor melhor forma de conduzir o brincar. E na Educação Infantil potencializa o que eles já trazem do seu dia a dia com o que eles têm acesso em sua vida, uma interação que contribui para que a criança articule seus conhecimentos.

Segundo Luckesi (2000), É através da ludicidade que a criança organiza sua fala, imaginação e criatividade, e é nessa conexão que a criança aprende de forma prazerosa e tem um crescimento satisfatório. Logo, a criança aprenderá coisas novas perante seu contato com o próximo e com o meio em que vive independente de seus valores e classe social, pois o brincar está inserido em sua vida e ações.

Na educação infantil, as crianças são privilegiadas, pela facilidade de memorização, cabe ao professor criar situações para estimular o início da aprendizagem matemática que deve ter relação com situações conhecidas e vivenciadas pela criança. O lúdico faz parte da vida do ser humano e, de especial forma, da vida da criança, por serem as brincadeiras a essência da infância. Sabe-se que os desafios contidos nos jogos e brincadeiras levam as crianças a fazerem descobertas. Quando a criança brinca, estabelece um canal de comunicação entre o adulto e outras crianças, possibilitando assim o desenvolvimento da sua expressão, imaginação e criatividade. Portanto, possibilitar o acesso das crianças ao mundo lúdico, constitui-se numa forma de valorizar as suas descobertas, contribuindo para uma aprendizagem mais significativa e prazerosa.

O lúdico também favorece a autonomia, a autoconfiança, a curiosidade, a linguagem oral e o pensar crítico, essas atividades transformam o conhecimento prévio que a criança tem, em conhecimento geral, acionando o pensar para construir conceitos que surgem na medida em que brincam, assimilando os papéis sociais e afetivos que a cercam, desenvolvendo atitudes de colaboração, socialização, interação, construindo um espaço em que a criança estará experimentando e aprendendo.

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Para tanto foi escolhido como embasamento de nossa pesquisa, os estudiosos Vygotsky, Jean Piaget e Luckesi por pensarem que a utilização do lúdico aliada a atividades pedagógicas pode transformar o aprender numa ação prazerosa que produz resultados positivos.

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: a introdução, trazendo informações, sequência e toda a estrutura do presente trabalho.

No primeiro capitulo será abordado o lúdico na concepção de

teóricos como Piaget, Vygotsky e Luckesi, a influência do lúdico no desenvolvimento da criança e sua contribuição para a educação infantil. No segundo capitulo será abordado conceitos de jogo, brinquedo e brincadeira.

No terceiro capitulo será abordado os conceitos lógicos matemáticos segundo a teoria de Piaget, e a utilização desses conceitos no cotidiano da criança.

No quarto capítulo, apresentam-se os procedimentos metodológicos citando o público-alvo, os instrumentos utilizados; o processo de coleta e análise dos dados, os jogos desenvolvidos com as crianças durante a fase de observação e analise.

O quinto capítulo apresenta e discorre-se sobre os dados obtidos no decorrer da pesquisa realizada. Por fim, trazem-se as considerações finais acerca da temática abordada, dessa forma, este trabalho apresenta-se como relevante, pois, por meio da concretização do mesmo espera-se que ao responder a pergunta que está me instigando a desenvolver o mesmo: como o uso de atividades lúdicas pode influenciar na construção dos conhecimentos lógicos matemáticos em uma sala de quatro anos de idade na educação infantil, possa provocar outras inquietações, novos estudos e (re) construção de conhecimentos sobre a utilização do lúdico na Educação Infantil no processo educativo de forma coerente, dinâmica e flexível, visando à promoção de um ambiente favorável à qualidade da aprendizagem, bem como, à formação plena dos alunos, enquanto sujeitos críticos e ativos no meio social do qual fazem parte.

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1 O LÚDICO NA CONCEPÇÃO DE TEÓRICOS IMPORTANTES PARA A EDUCAÇÃO.

Piaget e Vygotsky são dois ícones no campo da pedagogia. Ambos compreendem o ensino como interação e construção individual e concordaram que a aprendizagem e o desenvolvimento são autorregulados, e que a criança obtém conhecimento através da participação e não de maneira automática. Jean Piaget (Suíça, 1896-1980) e Lev Vygotsky (Rússia, 1896-1934), são pontos de referência quando o assunto é a ludicidade. Foram contemporâneos, mas não se conheceram. Piaget usava a terminologia jogo e Vygotsky brinquedo para conceituar a ação de brincar.

VYGOTSKY E O LUDICO

VYGOTSKY (1998) atribuiu relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil, mostrando que é no brincar, jogar que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil e motor. A criança por meio da brincadeira constrói seu próprio pensamento.

Assim a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo e a brincadeira são essenciais no desenvolvimento e na educação da criança, uma vez que partindo do pressuposto de que é brincando e jogando que a criança ordena o mundo á sua volta, assimilando experiências, informações e assim, incorporando valores.

Vygotsky fala que o brinquedo ajudará a desenvolver uma diferenciação entre a ação e o significado. A criança, com o seu evoluir, passa a estabelecer relação entre o seu brincar e a ideia que se tem dele, deixando de ser dependente dos estímulos físicos, ou seja, do ambiente concreto que a rodeia.

O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside à base daquilo que, mais tarde, permitirá à

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criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino-aprendizagem.

Vygotsky (1998, p. 137) afirma: “A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações reais”. Essas relações irão permear toda a atividade lúdica da criança. Será também importante indicador do desenvolvimento da mesma, influenciando sua forma de encarar o mundo e suas ações futuras.

Para Vygotsky a criança ao brincar criava uma situação imaginária onde existiam, sempre, regras nas brincadeiras, pelo simples fato de que a partir do momento em que existe uma situação imaginária esta tem regras de comportamento que são representadas na brincadeira.

PIAGET E O LUDICO

Segundo PIAGET (1971), o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico, ela precisa brincar para crescer.

É, pois, por meio do universo lúdico que a criança se satisfaz, realiza seus desejos e explora o mundo ao seu redor, tornando importante proporcionar às crianças atividades que promovam e estimulem seu desenvolvimento global, considerando os aspectos da linguagem, do cognitivo, afetivo, social e motor. Deste modo o lúdico pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento global do ser humano, auxiliando na aprendizagem e facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento.

Para Piaget (1978), ludicidade é manifestação do desenvolvimento da inteligência que está ligada aos estágios do desenvolvimento cognitivos. Cada etapa está relacionada a um tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma maneira para todos os indivíduos.

Para Ferreira (2014), o lúdico é uma maneira eficiente de submeter à criança a atividades que constroem o conhecimento e que contribuem para a

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sua formação de cidadão, tornando-a capaz de responder a desafios e intervir na realidade, uma formação aliada a princípios valorizados pela sociedade.

Para LUCKESI quando a criança brinca, sua brincadeira tem a profundidade de quem se dedica a construir e cuidar do mundo, o mundo que é significativo para si, na idade e nas circunstâncias metafísico-evolutivas que está atravessando. O mesmo poder-se dizer do adolescente e do adulto. A criança estará brincando como criança, o adolescente como adolescente, e o adulto como adulto; cada qual em sua faixa de idade e com sua circunstância evolutivo-metafísica. Cada um realizando a sua poiesis. Assim sendo, o ato de brincar será um ato profundo de cuidar da existência, de forma criativa, alegre e até mesmo hilariante, com as especificidades de cada idade e de cada circunstância de vida. Profundidade, aqui, traz leveza, que é diferente de leviandade. Leveza tem a ver com o contato significativo conosco mesmos, com o nosso ser, com o âmago do nosso destino. O que é profundo é leve, e, pois, diverso do pesaroso.

Luckesi defende a ideia de que “o ato lúdico propicia uma experiência plena para o sujeito”. Mas, o ato de brincar não só é revelador do inconsciente, ele também é catártico, ou seja, ele é liberador. Enquanto a criança brinca, ela, ao mesmo tempo, expressa e libera os conteúdos do inconsciente, procurando a restauração de suas possibilidades de vida saudável, livre dos bloqueios impeditivos. E, por vezes, os bloqueios já estão tão fixados, que eles impedem a criança até mesmo de brincar; fato este que estará nos sinalizando para uma atenção mais cuidadosa para esta criança. Para Luckesi (2000, p.63) “o que caracteriza a ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos”. Nesse sentido, o lúdico difere de toda atividade imposta, uma vez que, ao brincar, a atenção da criança concentra-se na atividade em si e não em seus resultados. A ludicidade é um fenômeno natural, aflora no ser humano o entendimento do mundo real, mediante o uso das primeiras percepções

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sensoriais e imaginárias, haja vista não ser possível conceber a imaginação sem o novo e o surpreendente da emoção, esta, peculiaridade do lúdico. Conforme Winnicott (1995), o lúdico é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa total, criando um clima de entusiasmo.

É este aspecto de envolvimento emocional que torna uma atividade de forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Por meio do lúdico, a criança canaliza suas energias, vence suas dificuldades, modifica sua realidade, propicia condições de liberação da fantasia e a transforma em uma grande fonte de prazer. E isso não está apenas no ato de brincar, está no ato de ler, no apropriar-se da literatura como forma natural de descobrimento e compreensão do mundo, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.

Portanto, o lúdico é uma ponte que auxilia na melhoria dos resultados por parte dos educadores interessados em promover mudanças. O lúdico é uma necessidade humana que proporciona a interação da criança com o ambiente em que vive, sendo considerado como meio de expressão e aprendizado. As atividades lúdicas possibilitam a incorporação de valores, o desenvolvimento cultural, assimilação de novos conhecimentos, o desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade.

Assim, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário e tem a oportunidade de se desenvolver de maneira prazerosa.

Conforme Kishimoto (1994), o lúdico é um instrumento de desenvolvimento da linguagem e do imaginário, como um meio de expressão de qualidades espontâneas ou naturais da criança, um momento para observar a criança que expressa através dele sua natureza psicológica e suas inclinações. Momento, esse, de aprender valores importantes, socialização e a internalização de conceitos de maneira significativa.

O lúdico na sala de aula passa ser um espaço de reelaboração do conhecimento vivencial e constituído com o grupo ou individualmente. Sendo assim, a criança passa a ser a protagonista de sua história social, o sujeito

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da construção de sua identidade, buscando uma autoafirmação social, e dando continuidade nas suas ações e atitudes, possibilitando o despertar para aprender.

O lúdico desempenha um papel vital na aprendizagem, pois através desta prática o sujeito busca conhecimento do próprio corpo, resgata experiências pessoais, valores, conceito busca soluções diante dos problemas e tem a percepção de si mesmo como parte integrante no processo de construção de sua aprendizagem, que resulta numa nova dinâmica de ação, possibilitando uma construção significativa.

O lúdico pode se caracterizar assim, o sentimento, os questionamentos, prática social, mediação professor/aluno, habilidades, autonomia, responsabilidades, senso crítico e aprimoramento de estruturas mentais, como atenção, percepção e raciocínio.

A ideia de Alves (1987) sobre o lúdico está ancorada quando ele diz: O lúdico se baseia na atualidade, ocupa-se do aqui e do agora, não prepara para o futuro inexistente. Sendo o hoje a semente de qual germinará o amanhã, podemos dizer que o lúdico favorece a utopia, a construção do futuro a partir do presente. (p.22).

O lúdico é ferramenta importante nas dificuldades de aprendizagem, pois a criança pode ser trabalhada na individualidade ou em grupo se ela mesma poderá sanar suas dúvidas e corrigir o que é de real dificuldade. Assim, ela passará a se conhecer melhor, criará estratégias para um melhor aprendizado, que será prazeroso e significativo.

1.1 A INFLUÊNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Para que entendamos a relação entre infância, brincadeiras é necessário resgatar o ato de brincar enquanto experiência lúdica. Como instrumento que pode ser utilizado no processo formativo de estudo, o lúdico busca o papel do brincar o acesso á cultura, a incorporação dos valores e apropriação de novos conhecimentos. No entanto compreendemos que a inserção das atividades lúdicas no desenvolvimento da criança é importante

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para que ela possa alcançar seus objetivos no contexto da educação infantil. PIAGET (1962 e 1976) diz que "a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável á prática educativa" (...) Através do lúdico a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário. É na infância que a criança adquire o ato de brincar e buscar experiência com outras crianças. O brincar também envolve atividades físicas, mentais, sociais, comunicativas e emocionais para o desenvolvimento da criança. A brincadeira é um fenômeno da cultura que se configura em um conjunto de práticas. No brincar, casam-se a espontaneidade e a criatividade com a progressiva aceitação das regras sociais e morais. Dessa forma o conhecimento destaca o desenvolvimento e o ato de brincar contribui para um melhor desenvolvimento da criança em todos os aspectos que contribuem para a vida social de todo ser humano, e assim com a brincadeira é que a criança viaja na sua imaginação, se tornando gente grande em alguns momentos.

Diante de todas as contribuições históricas, passamos a observar a educação lúdica como um instrumento metodológico que possibilita o desenvolvimento do ser humano intelectual e físico. Sabemos que quando falamos de criança, o universo de fantasia não pode ser desconsiderado, mesmo e principalmente, quando a questão é conhecer e aprender. No ato de brincar, os gestos, sinais, objetos e os espaços valem e tem um sentido diferente daquele que demonstra ter. A brincadeira contribui com a criança para a melhoria de sua autonomia e criatividade, e favorece para a interiorização de determinados modelos de adultos presentes na sociedade. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) destaca que a brincadeira está colocada como um dos princípios fundamentais, defendida como direito, uma forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Nessa perspectiva, o lúdico tem um papel relevante para o desenvolvimento infantil, pois quando a criança brinca exercita-se cognitiva, social e afetivamente.

O lúdico, portanto, não se restringe apenas em criar espaços ou disponibilizar materiais para a criança brincar. Uma aula pode ser lúdica

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mesmo não tendo esses recursos, envolve, sobretudo, um estado de inteireza, de estar pleno naquilo que se faz com prazer. Reconhecer o lúdico é reconhecer a especificidade da infância, permitindo que as crianças sejam crianças e vivam como crianças, sem perder de vista o compromisso com a construção da identidade, autonomia e a cidadania do indivíduo.

Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento físico e desenvolvimento e, por meio dele vai se socializando com as demais crianças. Existem diversas formas de manifestar a ludicidade, através dos jogos, das brincadeiras, das canções, das danças entre outras.

A atividade lúdica longe de ser uma concepção ingênua de passatempo, diversão superficial, brincadeira, é uma ação inerente à criança e aparece como forma transacional em direção a algum conhecimento, que se reorganiza nas trocas entre o pensamento individual e o coletivo (ALMEIDA, 2003 in QUEIROZ, 2009, p.08).

De acordo com Kshimoto (2010), ao assumir a função lúdica e educativa, o brinquedo educativo merece algumas considerações:

1. Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente;

2. Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão o mundo. (KISHIMOTO, 2010, p.41).

Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e de entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.

A criança, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. A linguagem, segundo Vygotsky (1984), tem importante papel no desenvolvimento cognitivo da

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criança à medida que sistematiza suas experiências e ainda colabora na organização dos processos em andamento.

De acordo com Vygotsky (1984, p.97),a brincadeira cria para as crianças uma "zona de desenvolvimento proximal" que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz.

Por meio das atividades lúdicas, a criança reduz muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaboradas. Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e reproduções do real de acordo com suas afeições, necessidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais para a atividade criadora do homem.

Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o desenvolvimento não é linear, mas evolutivo e, nesse trajeto, a imigração se desenvolve. Uma vez que a criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento, ela dificilmente perde esta capacidade. É com a formação de conceitos que se dá a verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos maiores espaços para a formação de conceitos.

Negrine (1994, p.19) sustenta que as contribuições das atividades lúdicas no

desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade. Essas qualidades são inseparáveis: sendo a afetividade a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança.

Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve

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o pensamento, estabelece contratos sociais, compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. As integrações que o brincar e o jogo oportunizam favorecem a superação do egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia, e introduzem, especialmente no compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o consumo.

1.2 A CONTRIBUIÇÃO DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O lúdico ao longo do tempo tem sido muito explorado, a cada dia descobertas estão inteiramente envolvidas no cotidiano da criança, é parte integrante do mundo infantil da vida de todo ser humano. Os jogos e brinquedos fazem parte da infância das crianças, onde a realidade e o faz de conta intercalam-se. O olhar sobre o lúdico não deve ser visto apenas como diversão, mas, sim, de grande importância no processo de ensino-aprendizagem na fase da infância. Pode-se dizer que a atividade lúdica funciona como um elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais, portanto a partir do brincar, desenvolve-se a facilidade para a aprendizagem, o desenvolvimento social, cultural e pessoal e contribui para uma vida saudável, física e mental. Ao brincar a criança também adquire a capacidade da simbolização, permitindo que ela possa vencer realidades angustiantes e domar medos instintivos. A brincadeira, o jogo, e o brinquedo, as atividades lúdicas devem se fazer presentes como recurso didático no processo educacional, principalmente na Educação Infantil, e as séries iniciais. Compreender esse universo lúdico torna-se indispensável para o bom desenvolvimento do trabalho pedagógico efetivado pelo professor, que é um mediador destas ações. O jogo educativo é essencial, pois possibilita a criança uma aprendizagem através das vivências, por meio das quais podem experimentar sensações e explorar as possibilidades de movimento do seu corpo e do espaço, adquirindo um saber globalizado a partir de situações concretas. A ludicidade é um grande laboratório para o desenvolvimento integral da criança, que merece atenção

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dos pais e dos educadores, pois é através das brincadeiras que a criança descobre a si mesmo e o outro, além de ser um elemento significativo e indispensável para que a criança possa aprender com prazer, funcionando como exercícios úteis e necessários á vida. O jogo simbólico, é importante, é na infância que se inicia o fantasiar, fazendo um paralelo do mundo real com o imaginário.

Têm-se até hoje a opinião de que a imaginação da criança é mais rica do que a do adulto. A infância é considerada a idade de maior desenvolvimento da fantasia e segundo essa opinião, á medida que a criança vai crescendo, diminuem a sua imaginação e a força de sua fantasia, Goethe dizia que as crianças podem fazer tudo de tudo, e essa falta de pretensões e exigências da fantasia infantil, que já não está livre na pessoa adulta, foi interpretada frequentemente como liberdade ou riqueza da imaginação infantil (...). Tudo isso junto serviu de base para afirmar que a fantasia funciona na infância com maior riqueza e variedade do que na idade madura. A imaginação da criança (...) não é mais rica, é mais pobre do que a do adulto; durante o desenvolvimento da criança, a imaginação também evolui e só alcança a sua maturidade quando homem é adulto. (VYGOTSKY apud ELKONIN, 1998, p.124). O jogo é crucial para o desenvolvimento cognitivo, pois é o processo de criar situações imaginárias, leva ao desenvolvimento do pensamento abstrato. Isso acontece porque novos relacionamentos são criados no jogo entre significados e objetos e ações. A escola deve compreender que ela mesma, por um determinado tempo da história pedagógica, foi um dos instrumentos da imobilização da vida, e que esse tempo já terminou. A evolução do próprio conceito de aprendizagem sugere que educar passe a ser facilitar a criatividade e, deve-se abandonar de vez, a ideia de que apreender significa a mesma coisa que acumular conhecimentos sobre fatos, dados e informações isoladas numa autêntica sobrecarga da memória. De acordo com o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998, p.23),

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam

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contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

Entende-se que educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o educando consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo. É seduzir os seres humanos para o prazer de conhecer. É resgatar o verdadeiro sentido da palavra "escola", local de alegria, prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento.

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2. CONCEITUANDO JOGO, BRINQUEDO, BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Inúmeros autores consideram a ação lúdica como metacomunicação: a possibilidade da criança compreender o pensamento do outro. No jogo simbólico, ao referendar o pedaço de madeira utilizado como telefone, ao substituir o significado do pedaço de madeira pelo do telefone, ao efetuar um raciocínio analógico, o brincar implica uma relação cognitiva e representa a potencialidade para interferir no desenvolvimento infantil.

Se o brincar é instrumento importante para desenvolver a criança, é também instrumento para a construção do conhecimento infantil. Pelo brincar diz Vygotsky, a criança reorganiza suas experiências. Oferecer oportunidades para a criança brincar é criar espaço para a reconstrução do conhecimento.

O brincar permite, ainda, aprender lidar com as emoções. Pelo brincar, a criança equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua individualidade, sua marca pessoal, sua personalidade. Os jogos que envolvem números, quantidades e significados estimulam as crianças a usar a memória e o raciocínio logico, em que elas simulam as situações em momentos do cotidiano que acontecem em casa, nas ruas, nas lojas e nos locais de passeio. No processo de desenvolvimento da criança, há uma realidade externa, que faz com que a mesma normalmente crie suas próprias soluções, construindo o conhecimento de formas variadas, se adaptando ao ambiente em que vive e esta adaptação só se dá, se houver uma troca recíproca de experiências. O jogo é um processo que auxilia a evolução da criança, utiliza a análise, a observação, a atenção, a imaginação, o vocabulário, a linguagem e outras capacidades próprias do ser humano. E os jogos são uma maneira de fazer que as crianças compreendam e a utilizem regras que serão empregadas no processo de ensino-aprendizagem ao longo da caminhada escolar.

Entre os teóricos que discutem o jogo temos a contribuição de Kishimoto, Piaget, Vygotsky entre outros. Kishimoto (1998) considera uma

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tarefa difícil definir a palavra jogo, em virtude da variedade de fenômenos considerados como jogo. Neste sentido a autora afirma:

(...) a variedade de jogos conhecidos como faz-de-conta, simbólicos, motores, sensório-motores, intelectuais ou cognitivos, de exterior, de interior, individuais ou coletivos, metafóricos, verbais, de palavras, políticos, de adultos, de animais, de salão e inúmeros outros mostra a multiplicidade de fenômenos incluídos na categoria jogo. (KISHIMOTO, 1998 p. 1)

De acordo com as considerações acima, o jogo enquanto fenômeno social assume a imagem e o significado, conforme os valores e costumes atribuídos por cada sociedade. Dependendo da cultura de cada sociedade o jogo pode ser visto sobre diferentes aspectos e para que se possa compreender o jogo, é necessário conhecer os elementos que a caracterizam. A existência de regras, por exemplo, é uma característica marcante em todos os jogos.

Para Piaget (1989, p.5), “Os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para manter seu equilíbrio com o mundo, a criança necessita brincar, criar, jogar e inventar”.

Na concepção Piagetiana quando a criança brinca, assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui. Nesse sentido, ao manifestar a conduta lúdica, a criança demonstra o nível de seus estágios cognitivos e constrói conhecimentos. O educador deve compreender que brincar é a ludicidade do prazer e que, enquanto brinca, a criança aprende.

Para Piaget (1975) no jogo prepondera assimilação, ou seja, a criança assimila no jogo, o que percebe da realidade as estruturas que já construiu e neste sentido o jogo não é determinado nas modificações das estruturas. De acordo com os teóricos o jogo é de suma importância para a aprendizagem da criança, é nesse processo de assimilação que a criança vai interagindo com os colegas e assim buscando conhecimento de construção de acordo com sua realidade se sentindo a vontade no espaço escolar. Na concepção

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piagetiana os jogos não são apenas uma forma de entretenimento para gastar energias, mais sim meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento social, afetivo, cognitivo e moral da criança. Este teórico propõe estruturar os jogos segundo três formas básicas de assimilação: o jogo de exercício, o simbólico e o de regras, investigando o desenvolvimento da criança nos vários tipos de jogos e sua evolução no decorrer dos estágios de desenvolvimento cognitivo.

Os jogos de exercício correspondem, segundo Piaget (1978), às primeiras manifestações lúdicas da criança.

Os jogos simbólicos surgem durante o segundo ano de vida com o aparecimento da representação e da linguagem. Nos jogos simbólicos, ou jogos do tipo “faz-de-conta”, ocorre à representação, pela criança, do objeto ausente, já que se estabelece uma comparação entre um elemento real e o elemento imaginado. Desta forma, o jogo ajuda a criança a assimilar o mundo da maneira como pode ou deseja, criando situações. Assim, a criança se torna capaz de produzir linguagens, buscar explicações e respostas, ainda que provisórias, às várias questões que já começam a perturbá-la.

Outro jogo é o de regras, o qual começa a partir dos quatro anos e predomina de sete aos onze anos de idade. Para Piaget (1978), a regra pressupõe a interação de dois indivíduos e sua função é regular e integrar o grupo social. No jogo de regras, a criança abandona o seu egocentrismo e seu interesse passa a ser social, havendo necessidade de controle mútuo e de regulamentação.

De acordo com Vygotsky (1994) uma das características que define o jogo é o fato de que nele, uma situação imaginária é criada pela criança, ou seja, o principal atributo do jogo é criar uma relação entre o pensamento imaginário e situações reais. Segundo Vygotsky no começo da atividade lúdica, a percepção infantil é dominada pelo objeto real, que determina seu comportamento; assim, o bebê não consegue separar o campo do significado do campo perceptual. Mais tarde, o significado predomina no

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jogo, as ações no brinquedo serão subordinadas ao significado que a criança atribui aos objetos.

Nesse sentido, Vygotsky considera que:

No brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independente daquilo que vê. (VYGOTSKY, 1994, p.127)

Segundo Vygotsky ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais ainda não está apta ou não sente como agradáveis na realidade. Vygotsky se aprofundou nas investigações no campo da psicologia, sobre educação de deficiente. Foi um pensador pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual que ocorre em função das interações sociais e nas condições de vida do individuo.

Kshimoto relata sobre o pensamento segundo Vygotsky:

[...] Vygotsky chama atenção para o fato de que, para a criança com menos de 3 anos, o brinquedo é coisa muito séria, pois ela não separa a situação imaginária da real. Já na idade escolar, o brincar torna-se uma forma de atividade mais limitada que preenche um papel específico em seu desenvolvimento, tendo um significado diferente do que tem para uma criança em idade pré - escolar. (1997. P.62.)

Vejamos o que Vygotsky 1984, afirma quanto a importância do brinquedo: Com o brinquedo a criança constrói suas relações com os objetos, relações de posse, de utilização, de abandono, de perda, de desestruturação que constituem na mesma proporção, os esquemas que ela produzirá com outros objetos na sua visa futura. Cercar a criança de objetos, tanto no quadro familiar quanto no quadro das coletividades infantis (creches e pré-escolas), é inscrever o objeto, de um modo essencial, no processo de socialização e é também, dirigir em grande parte a socialização para uma relação com o objeto. (Vygotsky 1984, p.64). Com isso a cada dia pode se desenvolver várias maneiras de se trabalhar o lúdico, tanto com materiais pedagógicos, músicas e arte em geral, fazendo com que a criança tenha experiências e possa se destacar de uma forma alegre e ao mesmo tempo educativa. Resgatando assim a liberdade, a autonomia e estimulando

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também a criatividade das crianças, se defrontando com um conjunto de normas e valores aceitos em determinado meio social.

Afinal, o que difere o jogo do brinquedo?

Para Friedmann (1996) o jogo é uma brincadeira que envolve regras e o brinquedo refere-se ao objeto de brincar, enquanto a brincadeira refere-se basicamente à ação de brincar, sendo caracterizada pelo comportamento espontâneo que resulta em uma atividade não estruturada.

Para Brougère (1998) o jogo pode ser visto como um objeto que têm regras e que possui uma função específica. O brinquedo é um objeto que apresenta um expressivo valor simbólico, supõe uma relação íntima com a infância, cuja função é a brincadeira. No que diz respeito ao brinquedo a sua função é a atividade lúdica que sempre envolve ações e significados, isso implica na interpretação que a criança faz do brinquedo Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los.

Segundo Kshimoto (1994), o jogo, vincula-se ao sonho, á imaginação, ao pensamento e ao símbolo. É uma proposta para a educação de criança (e educadores de crianças) com base no jogo e nas linguagens artísticas. A concepção de Kshimoto sobre o homem com ser símbolo, que se constrói coletivamente e cuja capacidade de pensar esta ligada á capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a realidade é fundamental para propor uma nova “pedagogia da criança.” Kshimoto vê o jogar como gênero da “metáfora” humana. Ou, talvez, aquilo que nos torna realmente humanos. Para Kshimoto:

O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com cognições, afetivas, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la. (1997. p.36).

Kshimoto neste texto mostra que a brincadeira/jogo é instrumento de grande importância para aprendizagem no desenvolvimento infantil, pois se a criança aprende de maneira espontânea, o brinquedo passa a ter

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significado crucial na formação e na aprendizagem. Segundo Kshimoto (2003), o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente a função educativa, o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. O brincar e jogar são dotados de natureza livre típica de uns processos educativos. Como reunir dentro da mesma situação o brincar e o educar. Essa é a especificidade do brinquedo educativo.

Durante determinado período de nossa história, os jogos lúdicos na matemática assumiram um papel relevante no que concernem as atividades cotidianas das crianças. Os jogos lúdicos não eram entendidos como parte de um trabalho escolar e nem valorizado como prática educativa. Hoje, com a nova perspectiva em relação aos jogos, educadores e pesquisadores, da educação, incentivam a prática do jogo como forma de aperfeiçoar o desenvolvimento infantil, deixando de serem consideradas atividades secundárias e passando a ser pedagogicamente aceitos como parte dos conteúdos escolares. Até porque o brinquedo possibilita o desenvolvimento total da criança, já que ela se envolve afetivamente no seu convívio social. A brincadeira faz parte do mundo da criança. É nesse momento que ela experimenta, organiza-se, regula-se, constrói normas para si e para o grupo. Desse modo, o brincar é uma das formas de linguagem que a criança usa para entender e interagir consegue mesmo e com os outros e o próprio mundo.

“O RCNEI (BRASIL, 1998, p. 58) destaca a importância de se valorizar atividades lúdicas na educação infantil, visto que “as crianças podem incorporar em suas brincadeiras conhecimentos que foram construindo”. Ainda se observa no RCNEI a valorização do brinquedo, entendidos como componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares da aprendizagem. Sua presença desponta como um dos indicadores importantes para a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de educação infantil. (Brasil, 1998, p.67. v. 1)”. Assim podemos entender que enquanto a criança brinca, vai garantindo a integração social além de exercitar seu equilíbrio emocional e atividade intelectual. É na brincadeira também que se selam as parcerias, porém o aprendizado não deve estar presente só na escola, mas também

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como parte do dia-a-dia da criança, na medida em que a criança progride em seu desenvolvimento e amadurecimento é necessário que ela manifeste o que é próprio da cada etapa de sua vida. Para as crianças, o jogo está relacionado a brincadeiras e utilizar o jogo como instrumento do ato educativo é oferecer à criança uma aprendizagem significativa.

Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana e entra no mundo da imaginação e brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessitam de aprendizagem.

Assim incluir o jogo lúdico na linguagem matemática no planejamento é uma maneira de trazer mais ludicidade e prazer para a prática docente, garantindo às crianças a atividade de sua criatividade com alegria e colaborar para o ato educativo significante para a criança. Com o objetivo de atender necessidades das crianças, a utilização de jogos infantis é uma forma apropriada para a aprendizagem dos conteúdos escolares; trata-se, portanto, não de ensinar menos ou de forma mais fácil, mas que a criança construa seu conhecimento matemático de maneira a desenvolver e utilizar todo o seu potencial criativo e crítico, tendo desafio constante tornando-se assim mais prazeroso na maneira de aprender. O lúdico na matemática vai além do que uma simples brincadeira infantil, pois tem regras, objetivos a serem alcançados, na qual se torna uma ferramenta pedagógica essencial para desenvolver habilidades e competências de raciocínio lógico matemático. Esta é uma metodologia que deve estar presente no ensino lúdico da matemática, principalmente por possibilitar à criança a alegria de vencer obstáculos criados por sua própria curiosidade, vivenciando o que significa aprender matemática de maneira significativa. De acordo com o referencial curricular nacional para a educação infantil RCNEI:

“Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. propicia a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações (mec, 1998, p.47).”

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Torna-se um grande desafio para os professores na qual tem o papel de agente orientador nesse processo, responsável por garantir a criança o acesso ao conhecimento matemático e o lúdico com o objetivo de tornar o ensino da matemática mais prazeroso, aumentando assim a motivação e o interesse compreendendo e conhecendo a criança que se encontra nesse período escolar, pois tratando de jogos, estes não são vistos apenas como forma de entretenimento, mas uma atividade que poderá auxiliar no desenvolvimento de várias habilidades, conforme ressalta Kshimoto (2009b, p. 37):

“A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos.”

Assim, para que isso ocorra, faz-se imprescindível o lúdico no ensino aprendizagem da matemática, pois as ferramentas aplicadas servirão de auxilio, tanto para o educador no ato de ensinar, como para o aluno no ato de aprender, utilizando esse recurso como um facilitador, colaborando para trabalhar os bloqueios das crianças apresentadas em relação às dificuldades encontradas na matemática e detectando as dificuldades, tendo assim em vista que os jogos mostram-se eficazes contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil no aspecto cognitivo, afetivo, emocional. É preponderante afirmar que o ensino lúdico é um fator essencial no processo de ensino aprendizagem.

Quanto aos jogos de regras a serem selecionados com o objetivo de explorar noções matemáticas, podemos classifica-los em dois tipos: jogos de sorte e jogos de estratégias.

Na Educação Infantil podemos propor jogos de sorte, jogos de estratégia e outros que contemplam os dois critérios, a sorte e uma estratégia vencedora. A ideia que sobressa nessa classificação é a possibilidade de exploração os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos. Ao mesmo tempo em que devem ser desafiadores, os jogos precisam estar de acordo com as possibilidades de resolução de problemas de cada criança.

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O brinquedo é o objeto manipulado no desenvolvimento da atividade lúdica, portanto pode ser utilizado como tal também nos jogos. O brincar significativo aliado ao aprender a aprender preciso estar mais presente no cotidiano educacional da criança. O brincar promove a construção do conhecimento o brinquedo apresenta uma função social, uma vez que permite o processo de apreensão, análise, síntese, expressão e comunicação da criança sobre si mesma e o mundo que a rodeia.

Segundo os PCNs da Educação Infantil (2007), as brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos tradicionais, didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.

O jogo pressupõe uma regra, o brinquedo é o objeto manipulável e a brincadeira nada mais é que o ato de brincar como brinquedo ou mesmo com o jogo. Percebe-se, pois, que jogo, brinquedo e brincadeira têm conceitos distintos, todavia estão imbricados; ao passo que o lúdico abarca todos eles. (MIRANDA 2001, p.30)

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3. CONCEITOS LÓGICOS MATEMÁTICOS SEGUNDO A TEORIA DE PIAGET.

A grande contribuição de Piaget foi estudar o raciocínio lógico-matemático, que é fundamental, mas não pode ser ensinado, dependendo de uma estrutura de conhecimento da criança.

As descobertas de Piaget tiveram grande impacto na pedagogia, mas, de certa forma demostraram que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condições de absorver. Por outro, mesmo tendo essas condições, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos cognitivos.

Isso porque, para o cientista suíço, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz – um mecanismo que outros pensadores antes dele já haviam intuído, mas que ele submeteu a comprovação na prática. Vem de Piaget a ideia de que o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtiva. Educar, para Piaget é “provocar a atividade” – isto é, estimular a procura do conhecimento.

Com Piaget, ficou claro que as crianças não raciocinam como os adultos e apenas gradualmente se inserem nas regras, valores e símbolos da maturidade psicológica. Essa inserção se dá mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação.

O primeiro consiste em incorporar objetos do mundo inferior a esquemas mentais preexistentes. Por exemplo: a criança tem a ideia mental de uma ave como um animal voador, com penas e asas, ao observar um avestruz vai tentar assimila-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido. Já a acomodação se refere às modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo. Assim depois de aprender que um avestruz não voa, a criança vai adaptar o seu conceito “geral” de ave para incluir as que não voam.

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O conhecimento não pode ser uma cópia, visto que é sempre uma relação entre objeto e sujeito.

A construção do pensamento lógico-matemático é desenvolvida pela percepção das diferenças contidas nos objetos que estão na realidade externa. Para Kamii (1999, p.14) “a diferença é uma relação criada mentalmente pelo indivíduo quando relaciona dois ou mais objetos”. Essa percepção também é estabelecida quando a criança faz suas arrumações intuitivas, porém, não ocorre a construção do conceito.

Piaget (2005, p.56) preocupava-se com a construção psicológica real das operações matemáticas nas crianças. Ele acreditava que o desenvolvimento da inteligência matemática na criança pode ocorrer, primeiramente, quando ela aprende conceitos matemáticos sem perceber que se trata de matemática, resolvendo-os em função de sua inteligência geral, onde “todo aluno normal é capaz de um bom raciocínio matemático desde que se apele para a sua atividade e se consiga assim remover as inibições afetivas que lhe conferem com bastante frequência um sentimento de inferioridade nas aulas que versam sobre essa matéria” (PIAGET, 2005, p.57).

Na construção do raciocínio lógico-matemático o educador precisa encorajar a criança a pensar, proporcionando quantificações, comparações, seriações, entre outros conceitos. Assim, a criança adquire autonomia e é levada a agir de acordo com suas convicções, para escolher a resposta adequada ao problema proposto. Essa autonomia leva ao desenvolvimento natural do pensamento lógico matemático.

O foco central da construção do conhecimento lógico matemático é o raciocínio produzido pela criança na busca e na descoberta da solução adequada.

Muitas vezes nos interrogamos como a criança constrói o conhecimento lógico-matemático. Que conhecimento utiliza na elaboração do conceito matemático? Sabemos que a criança resolve situações matemáticas por meio da linguagem oral, desenvolvendo ações práticas que foram criadas no meio social e no convívio familiar. Quando entra para a

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escola, ela desenvolve outros processos, que envolvem o espaço e o relacionamento com outras crianças. Diversas atividades desenvolvidas em sala fazem a criança vivenciar princípios básicos de matemática.

Atualmente o PCN (1998) mostrou a necessidade de adequar o ensino da matemática a realidade do educando, fazendo com que ela desempenhe o papel de formadora das capacidades intelectuais, da estruturação e agilidade do raciocínio e da elaboração do pensamento lógico. A utilização do material concreto é produto e produtor da construção do pensamento lógico-matemático. É produto da atividade da criança, sem constituir-se a essência dessa atividade.

É produtor na elaboração das situações que proporcionam a construção desse conhecimento.

Piaget (1970; 1975) distingue três tipos de conhecimento: o conhecimento físico, em que a criança tem a percepção externa dos objetos e o adquire pela observação. Para que haja a construção desse conhecimento é necessário haver ação sobre o objeto. O segundo é o conhecimento social, em que estão implícitas as convenções criadas pelas pessoas. É cultural e arbitrário, sendo adquirido pela transmissão social. O terceiro é o conhecimento lógico-matemático, em que a criança estabelece relações mentais sobre objetos, coisas e pessoas. Ocorre a coordenação das ações sobre o objeto, produzindo a manipulação simbólica e o raciocínio dedutivo.

Piaget (1970; 1975) distinguiu dois tipos de abstração: a abstração empírica, que focaliza uma determinada propriedade do objeto, esquecendo-se do restante e a abstração reflexiva, que significa “a construção de relações entre os objetos” (KAMII, 1999, p.17), realizada pela mente. Para construir o raciocínio lógico matemático, a criança utiliza a abstração reflexiva. O número, de acordo com Piaget (apud KAMII, 1999), é uma síntese das relações de ordem e de inclusão hierárquica, que a criança elabora entre os objetos, pela abstração reflexiva. Essa construção é feita de dentro para fora, na interação da criança com o ambiente. Essas abstrações são indissociáveis, ou seja, uma não acontece sem a outra.

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No conceito de inclusão hierárquica, a criança inclui, mentalmente, o um em dois, o dois em três, o três em quatro e, continua sucessivamente na realização da quantificação dos objetos como um grupo. No conceito de ordem, a criança estabelece uma organização entre os objetos, não sendo necessário colocá-los numa ordem espacial. Com base nas pesquisas de Piaget, Kamii (1997, 2002) pode concluir que as crianças constroem os conceitos numéricos pela reinvenção da aritmética, criando relações, estabelecidas mentalmente, entre os objetos. “Quando a criança coloca todos os tipos de conteúdos em relação, seu pensamento adquire mobilidade, proporcionando o desenvolvimento da estrutura lógico-matemática de número” (KAMII, 1999, p.23). Quando o pensamento se torna móvel, adquire a capacidade de se tornar reversível. Consequentemente, a base fundamental para sua construção do raciocínio lógico-matemático, é a própria criança. O educador precisa focalizar o pensamento desenvolvido pela criança, quando emite uma resposta a um problema dado, as tensões geradas e as reações emocionalmente associadas à auto regulação da aprendizagem ocorrida em sala de aula.

O jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, e apesar de nele predominar a fantasia, a atividade psicomotora exercida acaba por prender a criança à realidade. Na sua imaginação ela pode modificar sua vontade, usando o "faz de conta", mas quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real. Na pré-escola, o raciocínio lógico ainda não é suficiente para que ela dê explicações coerentes a respeito de certas coisas. Pelo jogo simbólico, a criança exercita não só sua capacidade de pensar, ou seja, representar simbolicamente suas ações, mas também, suas habilidades motoras. Didaticamente devemos explorar com muita ênfase as imitações sem modelo, as dramatizações, os desenhos e pinturas, o faz de conta, a linguagem, e muito mais, permitir que realizem os jogos simbólicos, sozinhas e com outras crianças, tão importantes para seu desenvolvimento cognitivo e para o equilíbrio emocional. (Piaget- 1978)

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3.1 A CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS MATEMÁTICOS NO DIA A DIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

A forma como os conceitos lógicos matemáticos são trabalhados com as crianças é muito importante para a construção do conhecimento, sendo que os educadores podem trazer explicações, exemplos, atividades de raciocínio lógico representam um método positivo para iniciar a construção desses conceitos na Educação Infantil.

Smolle 2000, p. 62, afirma:

Na escola infantil o trabalho com a matemática permanece subjacente, escondido sob uma concepção de treinar

as crianças a darem respostas corretas, ao invés de fazê-las compreender a natureza das ações matemáticas (SMOLE, 2000, p.62).

O processo de aprendizagem vai se construindo conforme a adaptação da criança ao meio em que vive e assim quando aprende algo, significa que esta conseguiu ter mudanças de comportamento no meio ao qual está inserida e essas mudanças em geral ocorrem a partir da aprendizagem, de acordo com Piaget (2007) é o ser vivo que se adapta ao meio que está inserido. Na pré-escola esse processo não é favorecido apenas em atividades em grupos, pois a criança precisa também de forma pessoal ir adquirindo o conhecimento e são nesse momento que o professor deverá utilizar diversas atividades para que a criança possa estar observando-as e refazendo-as, pois esta ação tem uma grande importância para sua aprendizagem. Balestra (2007, p.40) diz que “[...] o objeto deve ser desafiador, provocar a ação do sujeito. Deve, portanto, ser significante para o sujeito, ou a criança.”.

Piaget (2007) dividiu o desenvolvimento infantil em quatro estágios, o primeiro é o estágio da inteligência sensório-motora que vai do nascimento da criança até os dois anos de idade, onde seu comportamento é via reflexo e suas ações influenciam o seu desenvolvimento, o segundo é o estágio da

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