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Zero, 2010, ano 28, n.5, set.

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(1)

Especial

Educação

em

debate

o

futuro da

educação

emSanta Catarina. Os candidatosaogoverno do estado mostraram

suas

propostas

paraarede

pública

de ensino e

responderam

a

questões

polêmicas

que interferem na

qualidade

da

educação

comoa

terceirização

da merenda

escolar,

o

pagamento

do

piso

salarialaos

professores

e oque devesermantidooualterado

nos

próximos

quatro

anos nosistema educacional

catainerse. paginas 8e9

Poder econômico

E mais

...

Beiçôes

2010

o financiamento de

campanhas políticas

comdinheiro de empresas

expõe

os

problemas

dademocracia brasileira. As

doações

de empresas

privada

favorecem

casosde

corrupção

e a

eleição

de grupos que

dispõe

de maisrecursos. Outra falha éa

fiscalização

dascontas

dos candidatos. Para acabarcom essa

situação,

diversos

projetos

de lei para instituirofinanciamento

pLlblico

de

campanha

no Brasil. página J5

Cálculos

paraas

eleições proporcionais

são

complexos

econfundem

eleitoresecandidatos. página4

Ala

jovem

de

partidos configura

espaçoe

oportunidade

paraa

politização

dos mais novos e

formação pessoal.

página13

Em

tempos

de

internet,

twittere

facebook,

o espaço

púoíco

darua

aindaé fórufTI

obriqatório

rJ;:W=Jdarvisibilidacle1 r�nriidatos

(2)

2

I

Opinião

Florianópolis,

setembro de2010

Benção

para

loucuras

Sérgio

é

Serginho.

Umalendanoscorredo­

res,nasfestascom seu

absinto,

nassuasaulas

mais na porta que dentro do laboratório de

telejornalismo.

Com

cigarro

na

mão,

ele vi­

nha semprecontaruma

grande história,

com pausas de silêncioentrefalas quemedeixavam curiosa pra saber seele estava para falar ou

ouvir. Eu ouvia.

Sempre

tinhaumamoralmis­ teriosanofim.

Outrodia

fiquei

ouvindouma

história

so­ bre

colonização inglesa,

guerra e

conflitos,

toda

ilustrada,

com números e pausas. Sem saber onde ia

chegar,

ouvitoda história para

nofimentender: ele havia

pesquisado

ahistó­

riadoTaitiparamepreparar parameuTCC-­

apenas havia erradoooceano."Ideias

loucas",

eupensava cá

comigo.

Foram dessas loucuras

que·

fui parar no Haiti. De um

insight,

decidimos

particípar

do

Projeto

Rondon,

efOI

lá,

entre

figurões

do

Ministérioda

Defesa

que

Serginho conseguiu

tota]

apoio

para,meuTCC:aSRtransamazôní­

ca.

"Quero Irpro

Haiti",

faletprôgeneral

como

criança

mimada que

desrespeita

�eu

pai.

Tivemosnossas

incompatibilidades

delou­

cura.

Sergính«

voltou da

Amazôq�a dízendo

seUl

pudor

queeUtinhamau-humorcrônico-­

e

ten,b,o.j?eIa cOllvivência

iQtensal1estes quatro

anos,de

viagens,

projetos

paralelose

diSCiplInas

optativas

com

ele,

sei

dEl.

quaijda4es

.infindáveis

quemuitos

amigos antigos,

alunos

dinossauros

e

colegas

com

certeza

compartilham.

Avontade

de

qttebrar paradigma,s

eragran­

de,

decaricaturararegra, decriticaro

[omalis-.

mo

quadrado.

Atrás

disso,

veioa

djscrimillação

silenciosa,

acobertada

hoje

pot

elogios

rasga­ dosque,

imagino,

fariam

Serginho

rir.

Com

um

cigarrinho

na

mãe,

Ull,l.

copt;!

de

plásUc:ó

comcaféna

outra,

amochila

bege

fiáS

costas,

imagino

ele rindode boca

fecha4ª"

Coroosom

gutura14ãqUeia

risáüa

irônica.

clássica,

sergÚl.ho

não�()S

qUel'

alQl1lni, sefllll.1z. Set"

ginho

quernos

vefvÕàhdo, produZÍlldo

na

rUá}

fora docurso.Ria daburocracia

fil.stitucional,

enosdava

bênção

para

loucuras,

tirando todos

osobstáculosdó

camitího.

Uma

sutileza

mais nobrequeum

título

acadêmicó.

Serginho

não acreditava em

educação

bancária,

coma li­ cença de citar

�aulo

Freire. Deixava·nos

li�es

para passaraaula

discutindo

tudo-- tantoo

conteúdoda

aula,

quantoo

jornalismo atual,

quanto

que'

Maldivas.

ia

desaparecer.

Ladoes­ tudanteutilizar-sebem daaula.

Nãoé

preciso

mitificar

Sergínho após

sua

morte-- ele

era ummito.

Juliana Sakae

EDITORIAL

Quem

vai

decidir

as

eleições

de

2010?

Uma

eleição

marcada poropacas

clivagens polí­

ticas,porum

incompreensível catálogo

de

alianças

partidárias

e umaconsiderável

guinada

aocentro.

Marcada

pelo

continuísmo,

tantona

disputa

presi­

dencialquanto

pelos

governos:emapenas cincoes­ tadosa

oposição

estána

frente,

e emseisháempate

técnico. Uma

eleição

morna.

Conservadores,

moralistas,

feministas,

antena­

dos, formados,

evangélicos,

modernos,

otimistas,

continuístas, yuppies, intelectuais,

presos pro­

visórios, sem-bolsa-família, solteiros,

mudos de

carteirinha, individualistas,

liberais,

conectados,

sem-acesso-a-rede-de-esgoto,

indecisos.

Quem

são

os135 milhões de eleitores da

disputa

mais insossa dahistória do

país?

Nãose

pode

maisbaternatecla dofimda dita­

durarelembrandoo

perfil

marcantedo eleitorado deentão para criticará

apatia

do de

hoje.

Ostempos

eramoutros,existiaumamaiorclareza

ideológica

enãoasatuaissaladas

políticas,

conhecidascomo

partidos.

Ocenárioeramuito mais

propício

para

ousar.

Hoje,

oeleitorestá maismaduroecarrega o peso detero

perfil

mais democrático de todos

ZERO NO TEMPO

EmUmBrasil coUorido lidedemo...

craeía

e$brionárht,

o ZERO

(ez

uma

edição

espe.dal

em dezembro de 1989

cobrindo as

primeiras eleições presí­

dencias diretas

depois

..

<le

29 anos de

ditadura.A

edição traça.operfil

deum

pajs

iflquieto,

excitado

pelo direit9

ire'"

cuperado,

mascéticocom as

prõmes­

sas de

campanhas,

trazendo

também

umasóbria

crítica

sobreacomemora­

ção

dos cemImos

de

falsa

Repú.blica.

JORNAL

LABORATÓRIO

ZERO

Ano XXViii

-N° 5

-Setembro de 201 O UniversidadeFederaldeSanta UFSC Fechamento: 21 de

setembro

Curso de Jornalismo -CCE -UFSC -Trindade

Florianópolis

- CEP 88040-900 Tel.: (48)3721-6599/ 3721-9490 Site: www.zerO.ufsc.br E-mail:zero@cce.ufsc.br

os tempos.Sabe quenãosetemmais espaço para aventuras de

generais.

Tem acesso a

informação

maisdoque nunca,como

exemplo

maisrecente,a entrada das classesCeDnomundo virtual-41% dos brasileirosestãoon-line.

Hoje,

o cidadão tem

demandasmaiores,

exige

como nunca

exigiu

antes

e parecetermaisconsciência da

importância

do seuvoto.Está maisinteressadoem seus

próprios

di­

reitosdoquenaescolhadeumcampo

ideológico.

Elequer

saúde,

educação

esegurançaacimade

tudo.Uma

pesquisa

doIBGE,realizadaemagosto,

mostraquea

preocupação

comempregosecustode vidavem

depois.

EmumBrasil que acaba de bater recordeememprego formaleque dobrouosalário médioem20 anos,ocidadãosesentemaisestável e apto a

exigir

seusdireitos de base,Em

2010,

os

gastoscom a saúde dogoverno federal foram de 44 bilhões de reais, oque

significa

R$

0,638

por

diacomcadacidadãoerepresentaapenas1,7%do

PIB brasileiro. Dezoitomilhõesde analfabetosain­

da

perambulam pelo país,

Umgastode57 bilhões

poranoconsequentedaviolência:

manutenção

de

presídios,

assistência às

vítimas,

etc.

CHARGE

Dois terçosdos eleitores vão àsurnas levando em

consideração

aspropostasrelacionadasaomeio

ambiente,

quemesmonãoestandonocentrodoes­

pectrodas

preocupações

do

eleitor,

vem

ganhando

umpeso

insigne. Agora

tanto na corrida porum

espaçona

cabeça

do cidadãoquantonados22mil candidatos

registrados,

acultura

(ou

oincentivoa

ela)

ficoupara trás.

Quem

sabena

próxima?

Não

significa

que estamos falando do eleito­ rado

ideal,

osvotospara

legislativo,

por

exemplo,

continuam coniventesecom

concepções

deesco­ lha

inaceitáveis,

fazendo

explodir

candidaturas

como a de Paulo

Maluf,

mais votado em 2006e

FranciscoEverardo Oliveira

Silva,

conhecidocomo

Tiririca,que está para

quebrar

recordes devotos nesta

eleição,

Obrasileiroestá

preocupado

com

soluções

dire­ tas,

pontuais

eimediatistas. Nestesilêncio

eloquen­

tede

ideologia

abre-se espaço paraum

oportunis­

mo

eleitoral,

criando

candidatos-estereótipos

para

cada

exigência

do eleitor.

Alimenta-se,

assim,um

abismoentreosanseiosdo cidadãoe a

impassibi­

lidadedos eleitos.

Sobre

o

ilustrador

FelipeParuccitem 27anos,é estudante da sétima fase de Design Gráfico da UFSC e ilustrador e

infografistado Diário Catarinense deFlorianópolis. Paraentraremcontatocom oautor,escrevaparao

e-mailfelipson@gmail.com.

Para

publicar

Se você édaquelesquequandolêumanotícialogo

a imagina numa charge, desenhe para ° ZERO e

envie para zero@cce.ufsc,br. Sua charge pode ser

publicada nesseespaçoefazerpartedas

próximas

ediçõesdojornal.

FtEIl��AOi

AI(!x

Sobral,

•...

Bªrb��a

Liho,

B�r�nice

00$

Santos,

Cami.la.

Hapq�o,

claüdi�

.Meb�,

.Glaudiq

Xavier,

Daniela

�idone, 19.1ego

Vieira, Gabrielle Esteva mano Buss, JoséMonteiro

J.unie�

twiza Lessa,Rosielle

Machado,

Tomáí).

M. Petersen,TiagoPereira, KJirnpeL

ED.I�AO

Bárbara.

Lino, Berenice oosSantos,

CamilaRaposo, Claudia.Mebs, Qaniela Bidon¢,

Riego

Vieira,FtOfa Pereira, HermanoBuss, RosielieMachado,

Thiago

...

!omás

M,

Eefersen, Wesl�� KIi�pel

..

F.

A Alex

..

lia

Raposo,

H�rman() Buss,Luizgtessa,LeonardoLima,Wesley 'KHmpel

EDITO

... ...•

�Iex

Sabra.

... •.•...

�PosQ,

Flora Pereira, Hermano, Buss, unza tessa, RQsielle

Machado,

Thiago

VElrney;

WElsJey.

KllmpElllNFOGRAFIA

Henrique Naspolini, Rogério

Moreira,Thiago

Verney,Wesley

Klimpel PROFESSOR·eOORDENADOFI

Jorge

Kanehide

IJuirl1 MTb/SP 14.543

MON.ITORIA

Mariana Porto, Luiza

Fregapani

IMPRESSA(1

Diário Catarinense

CIRCULAÇÃO

Nacional

TIRAGEM

5.000exemplares

����� �

MelhorPeçaGráficaI, Ii, III, IV,VeXISetUniversitário / PUC"RS(1988,89,90,9l, 92e98)

Melhor Jornal-LaboratórionoIPrêmio FocaSindicatodosJornalistasdeSC 2000 3° melhorJornal-Laboratório doBrasilEXPOCOM1994

(3)

---- --

-Debates

I

3

Florianópolis,

setembro de2010

,

E

um

dever de Iodos querer

participar?

Especialistas

atentam para

a

necessidade do

voto,

mas

divergem

sobre

a

necessidade de

uma

lei que

o

obrigue

Um

projeto

delei que

pretende

aca­ barcomas

punições

paraoeleitorque

deixar devotarnas

eleições

foiapresen­ tadonoúltimodia6de

julho

enãotem

dataparaservotadonocongresso,mas

geradiscussões.Caso

aprovada,

alei

prevê

queapessoaque não comparecer

às urnas não

perderá

mais os direitos deser

aprovado

em concurso

público,

participar

de

licitação,

tirar passapor­ te, entre outras. As únicas punições quedevemsermantidassãoamultade

5% a20% do salário-mínimo e apos­ sibilidadede cancelamento do

registro

eleitoral.Isso

implicaria

em umgran­

de passoparatornarovoto

facultativo,

pois

sem

punição

nãohá

obrigação

de

participar.

Aatual

constituição

brasileiraman­

tém o voto

obrigatório

desde o

Código

Eleitoral de 1932. Dos 232

países

do

mundo,

apenas24 adotamovotoobri­

gatório

e,

desses,

13sãoda AméricaLa­

tina. Com

exceção

daCostaRica,todos

os

países

queadotamovoto

obrigatório

têmem suahistória

intervenções

mili­ tares,

golpes

de estado eautoritarismo. Em

países

como Estados

Unidos,

Ale­

manha,

Canadá e

Itália,

por

exemplo,

ovotoélivre.

Osque defendema

obrigatoriedade

do voto acreditam que

países

como o

Brasil aindanão estão

preparados

para

migrar

para ovoto

facultativo,

pois

a democracia deles aindanão está ama­ durecidaosuficiente.Para

eles,

oatode

votar seria uma

responsabilidade

que cada cidadão tem com a

coletividade,

uma

função pública

que ainda

precisa

ser exercitada e a

obrigatoriedade

do

voto estimularia o debate

político

em locais de lazeretrabalho.

os que sãofavoráveis ao votoli­ vreacreditam que os brasileiros estão,

sim, aptos a encarar essa

mudança.

Eles lembramquenasúltimas décadas o Brasilpassou porfortes transforma­

ções

econômicasque geraramumaso­ ciedade mais

urbanizada,

com acesso aos meios de

comunicação

e, portan­

to, muito maismadura

politicamente.

Votar seriaumdireitoenãoumdever.

Para

eles,

se o ato devotarfosse uma

escolha,

apenasoscidadãosconscientes iriamàsurnas ecandidatosmaiscapa­

citadosseriameleitos.

Adiscussãoé

longa

e osargumentos

contrae afavorsão muitos. O pensa­

mentodeambasaspartesconvergeem um sóponto: anecessidade de

partici­

par.

Alguns

movimentostêmincentiva­

doovotobrancoenulocomoformade

protesto e preocupam

alguns

especia­

listas

pois,

segundo

eles,

prejudicam

a

democracia do

país

na me­ didaquecadavezmaispes­

soas seisentamdevotar.

Alguns

dessesmovimen­ tosdefendem aindaquese houvermaisde 50% devo­

tosnulos ebrancosaelei­

ção

será canceladae uma novaterá queserfeitacom novos

candidatos,

masisso nãoé verdade. A

eleição

se decideapenascom aconta­

gemdosvotosválidoseisso

exclui brancosenulos.

Muita gente não

sabe,

masvotarbrancoou nulo

não tem quase nenhuma

diferença.

Ovotonuloocor­ re

quando

o eleitor

digita,

de

propósito,

um número errado na urnaeletrônica econfirma ovoto.

para

votarem

branco,

oeleitorapertaobo­

tão"branco"do

aparelho

econfirma.

Parase

eleger

ocandidato

precisa

ter

50% dosvotosmaisum.Antes,osvotos

brancos contavam nessa porcentagem

devotosválidos. Em 1997 houveuma

mudança

na

leegislação

que passou a

descartarambosnahora dacontagem dosvotos.Na

prática,

écomose oeleitor

não tivesseidovotar.

{kff. a'T6G\.A'

�lU)E,",AfiA

CoJ.).ri�l'f'Wl

LA�JJ3A

l'AeA

(pr<Rí6í'(_

Será queobrasileiroestá

preparado

paradaressepassonademocracia?Vo­

taréumdireitoouuma

responsabilida­

dequetemosenquantocidadãos?Ovoto

facultativo abririaespaço parafraudes? Paradebateroassunto,oZEROconver­ sou com

Clycie

Bertoli,

secretária

judi­

ciáriado

TRE/SC,

formadaem direito

pela

BFSC,cursou

especialização

emad­

ministração

de

eleições

na

França,

tra­

balhahá24anosno

TRE/SC

edefendeo

voto

obrigatório.

Conversamostambém comValdadeSouza

Mendonça,

analista

judiciária

do

TRE-SC,

pós-graduada

em direito

pela

UFSC,

escreveu olivro"Voto livree

espontâneo:

exercíciode cidada­

nia

política

consciente"edefendeovoto

livre.

Bárbara Dias Lino

barbaradiaslino@gmail.com

Contra

o voto

facultativo

A favor do

voto

facultativo

,

'As

pessoas sempre pensamnovoto como soadeixa devotar,ouvotaembrancoounulo uma

obrigação,

mas eu não acho isso. é que nós

[justiça

eleitoral]

nosdedicamostan­ Votar é um direito constitucional assim to para que dê tudo certo, sempre

procurando

comoodireitoà

saúde, educação

esegurança. conscientizar a

população

e essapessoa

joga

A

diferença

é queeu não

vejo

nenhum desses todoessetrabalhonolixo.

direitosserem

completamente respeitados,

mas Aconsciêncianãoestá veiculadaaovotoser odiretoaovotoeu

vejo.

obrigatório

ounão.Agentequer queaspessoas Nósnão

podemos

nãosercidadãosedeixar entendamquevotaré um

dever,

masmaisdo deusar ascoisasquesãocolocadas à

disposição

que

isso,

éumdireito.Em

países

como a

França,

da

sociedade,

como oesgotoe as

estradas,

por por

exemplo,

avontadedesercidadão étãofor­

exemplo.

Portanto,fazemos

parte

dessa socie- tequea

propaganda

eleitoralnãoévistacomo

dadeenão

podemos deixar

de contribuir para umincômodo.

É algo

que

precisa

serassistido

ela.Cadaum

pode

votar para escolher em quem votar.

da maneira que

quiser,

"A

consciência

Eles tem uma outra

relação

masnão

pode

deixar de comacidadania.

participar.

Comosomos

se

forma

quando

as

Se nós tirarmos o voto de seres

sociais,

não

po-pessoas

têm

o

dever

todoseuacredito que

pode

ha­

demosnãosercidadãos. vermais

manipulação:

Nonor­

Por isso é necessária a

de

partícípar.

Eu

sou deste,

por

exemplo,

lugares

participação

de todos

de

uma

época

gue

que

alguns partidos

sabem que

que fazem parte dessa são redutos deumcandidatoe

sociedade.

não

se

podia

votar

então

impedem aquelas

pessoas

Aspessoasnãosedão _ _

""

devotarem.Então

imagine

se o

contadequeovotoéca-

entao

não

abro

mao

votonãoforobrigatórionosen-paz de mudar muitas tido

legal.

coisas,o que elasnãoquerem éseincomodar. Aconsciência sóseforma

quando

aspessoas

NoBrasil émuitocomumaspessoasreclama- têmodeverde

participar.

Eusoudeuma

época

rem de seus

representantes,

mas elas

podem

quenãose

podia

votar,então ovotopra mim

participar

deum

partido

político

etentarmudar nãoéumacoisade queeuposso abrirmão.Se

essepanorama.

Hoje

emdiacomainternetvocê aspessoasnãosemobilizaremo

poder

vaificar

pode

saberoque está acontecendoemtodasas nas mãos de poucos. Com tantos

candidatos,

partesdo

mundo,

então nãotemmais

desculpa

nãoé

possível

quenão

haja

ao menos umque

para não

participar

demaneira consciente.

satisfaça

as

expectativas

de cada

pessoa."

A

sensação

queeu tenho

quando

uma

pes-, 'Eu

sempre

questionei

o

porquê

dovotoser é o

soberano,

oautorda historiae odetentor

obrigatório.

Constateientãoqueessaidéia desse

poder,

porissodeveiràsurnas eexercer

surge doconceitode soberanianacional essedireito de escolherodestino.

em

oposição

à idéia da soberania

popular.

A Aminha idéiaéqueovotonão

seja

coercí­

soberania nacional colocao Estadoacimado tivo. Eu

gostaria

queaspessoaspensassem'eu

cidadão,

nelaocidadão passaa serinstrumen- vouporqueeuquero

participar

dessa festa de­

to do Estado e o voto se torna apenas dever. mocrática.Vou porque é

importante'.

Obriga­

Quando

sedefendeumasoberania

popular,

que

das,

aspessoasacabam

vendendo

ovotocomo éoque estána

constituição,

o

poder

emanado

algo

sem

importância.

Fazer

algo

obrigado,

povo eé pormeio dele quesão escolhidos os mesmo que

seja

comero docequevocêmais

representantes.O povoé que éo soberanoe o gosta,se

alguém

tedisse que você é

obrigado,

Estadoexisteparaoscidadãos.Paramimnão ele

perde

sabor.

faz sentidoovotoserobri- Eu

vejo

queovotolivre

gatório

porque o cidadão

"Na verdade

a

não abriria para fraudes

passa a ser mero instru- porque quem nãovaloriza

mento. Aindamais que há

pes

soa

é

obrígada

seuvotoe

precisa

ser

arras-uma

punição.

apenas

a

partícípar

,

tado pra votar facilmente

Outro motivo que me vende voto,masquemvota

faz sercontraovoto obri- mas

não

a

votar.

A

com conscrencia não vai

gatório,é

qu�

naverdadea

pessoa

pode

votar

em

ter

�inh�iro nenh�lm

que

pessoae

obrigada

apenasa consiga ISSO, muito

pelo

participar,

masnãoavotar.

branco.

Isso

pra mtm

contrario, essa pessoa vai

A pessoa

pode

chegar

láe •

.,., ser a

primeira

adenunciar

votar em branco. Isso pra

não

faz sentIdo

alguém

que fez uma

pro-mim não faz sentido. Esse postadesse

tipo.

E

hoje

com

tipo

de coisa é da

época

do

império.quando

ovotoeletrônico tudo ficoumaisseguro.

começaramos

primeiros

governantes, praar-

É preciso

investirum poucomais emdei­ rebanharaspessoas.

Depois

tivemosa

época

do xarissoclaro para

todos

entrarem

igualmente

votode cabrestoemqueaspessoasnemsabiam nesseesclarecimento. A

importância

da escolha por queestavamvotando. Tudoissopassou. deveserensinadanasescolas.Direitoscomo o

Hoje

euacho queoBrasil

está

preparado.

votodamulher demorarammuitoa

valer,

en­

Ultrapassamos

muitasetapas,nãotenho dúví- tãoeutenhoesperançade queumdiase

faça

das.As

propagandas

deveriamser nosentido de valeraconstituiçãoe o

poder

possaemanardo dizer queocidadãotemo

poder

de escolhaeele

povo."

Clycía

Bertoli é secretária

judiciária

do

TRF/Se

Valda deSouza

Mendonça

é analista

judiciária

do

TRE/Se

(4)

4

INúmeros

Florianópolis,

setembro de2010

Proporções

deixam

disputas

confusas

Regras

que valem para cargos do

legislativo

possibilitam

a

eleição

de candidatos

com menos

votos que outros

o sistema eleitoral brasileiro

prevê

quedevemocorrerdois

tipos

de

dispu­

tas,

majoritárias

e

proporcionais,

cada uma com suas regras. As cadeiras dos

deputados federais,

umdoscargosdeci­ didos

proporcionalmente,

sãodivididas de acordo com a

população

de cada estado. E para

conseguir

umavagano

Congresso

Nacionalou nasAssembleias

Legislativas,

os

políticos

precisam

fa­ zerparte deum

partido

ou

coligação

que obtenhacertonúmero mínimo de

votos

(Veja infográfico).

Além

disso,

as decisões tomadas dentro destes

órgãos

refletem os cálculos utilizados antes e

depois

da

apuração

dos votos. Parao

eleitor,

as

consequências

desuaescolha nas

eleições

proporcionais

podem

não

ficar evidentes.

Quem

votanoBrasil tema

possibi­

lidade de escolher entreo votoporle­

genda

ou

nominal,

ou

seja,

diretamente nocandidato.De acordocom relatório do Tribunal

Regional

Eleitoral deSanta

Catarina,nas

eleições

de

2006, 218.697

votantes catarinenses

elegeram

um

partido

paracomporaCâmara

Federal,

oque

corresponde

a

6,09%

do total de

votos. Mesmo'

quando

aescolha é no­

minal,

oeleitor

pode ajudar

o

partido

aquemseucandidatopertencesemque o

político

consiga

umavaga.

Segundo

o

professor

Vande SouzaCarreirão,do

departamento

de

Sociologia

e Ciência Política da UFSC, existem vários mé­

todos eleitorais no

mundo,

todos com

vantagens e

desvantagens.

Existe, por

exemplo,

umsistema

proporcional

em

queovotoé apenasno

partido,

que

tem

uma

relação pré-estabelecida

dos candidatosque irãose

eleger.

"Oquete­

mos noBrasil éumalista

aberta,

oque dámaiorflexibilidade devotoepeso à escolha do

eleitor",

completa

Carreirão.

A

legislação

brasileira atual também

permite

que

sejam

feitas

coligações

partidárias

durante as

eleições

propor­

cionais,antes

proibidas.

Uma

alteração

no

Código Eleitoral,

em

vigor

desde as

disputas

de

2006,

deliberou que a es­ colha das

alianças

para Câmara Fede­ ral e Assembleias

Legislativas

cabe às

Convenções Regionais

de cada

partido.

Essa

mudança

trouxe outrasdiscussões

à

questão

da

distribuição

devagas. De acordo com Carreirão, o PC do B tem

a tática

frequente

de se filiar a uma

aliança

forte e apresentar apenas um

candidato,

com o

objetivo

de que os

simpatizantes

do

partido

votemno mes­ mo

político.

"Caso a

coligação

consiga

cinco vagas,achance deo

político

do

PCdoBser umdosmaisvotadosé gran­

de, já

queosvotosforam

concentrados",

explica

o

professor.

.

Outra

polêmica

é auniãode

parti­

dos com

ideologias

diferentes,

ou

seja,

das chamadas direitae

esquerda.

Um

estudo realizadopor Carreirãoindicao

crescimentodestas

coligações,

denomi­ nadas "inconsistentes",Na

comparação

entreo

período

de

1986/1998

atéo ano

a

repartição

éfeita considerando

quais

são as bancadas mais

representativas

naCâmaraFederal.

Todaessa

peculiaridade

do sistema

eleitoral brasileiro fazcomque

alguns

partidos políticos

tenham

força

apon­

todesuadecisão

poder

mudaro rumo da

aprovação

deumalei.

Enquanto

as

eleições majoritárias,

em que os mais

votadosconseguemoscargos, facilitam a

compreensão

do

eleitor,

as

proporcio­

nais

podem

sernebulosascom a

utili-suficientepara

garantir

seiscadeirasna Câmara dos

Deputados.

Quem

escolheu oEnéastalveznão

imagine

adimensão

desua

contribuição

para oPartido da

Reedificação

daOrdem Nacional

(Pro­

na),

porqueovotoem

eleições

propor­

cionais

pode

tomar

alguns

caminhos

inesperados.

de2002,esta

prática

aumentou27%nas.

disputas

para

deputado

federal é 21% para

deputados

estaduais. Os

especia­

listas na área indicam duas propostas

principais

pararesolveressesconflitos.

Umadelasé quevoltemaser

proibidas

as

alianças partidárias

nas

eleições

pro­

porcionais.

A outra

adaptaria

aleiatu­

ai,

e seriafeitaumadivisão dasvagas

dentroda

coligação,

paraqueo

partido

maisvotado tenhadireitoamais queos

outros.

zaçãodetantoscálculos.Umcandidato

commaisvotosdoqueoutro nãotem

umavaga

garantida,

é necessário que

o

partido

ao

qual

pertença

consiga

ca­

tivarumnúmeromínimo de votantes.

Às

vezes a

situação

é

contrária,

e um

político

conseguevotos

suficientes

para

se

eleger

etambémasseguraravaga de

outros.Orecordeaconteceunas

eleições

de2002,

quando

ocandidatoa

deputa­

dofederalpor SãoPauloEnéas Carnei­

ro

(Prona)

alcançou

1.573.642

votos,o

Daniela Bidone

danibidone@gmail.com

Os

cálculos do

Voto

Proporcional

AltairGuidi(PPS)eSérgio JoséGoudinho (PSB)eramcandidatosaAssembleia

Legislativa

de SantaCatarinaem

2006.Guidi foi eleitocom 18.177 votos,enquanto

Goudínho,

que obteve10milvotosamais,nãoconseguiuuma

vaga.A

explicação

paraissoestánosistemaeleitoralbrasileiro,emhá

disputas

majoritáriaseproporcionais.Oscar­

gos de

presídente, governador,

senadore

prefeito

sãodecididos de forma

majoritária,

ouseja,quemconseguiromaior

númerodevotosé eleito.os

deputados

federais,estaduaisevereadoresconcorremde forma

proporcional,

oque é

ocasodeGuidieGoudinho.Estemétodo inclui cálculos para

distribuição

das vagas considerandoonúmerototal de

votosde cada

partido

ou

coligação.

Primeiropasso:

quantas

cadeiras paracadaestado

Nocasodosdeputadosfederais,antesdaseleiçõesocorre adisposiçãodas bancadasnaCâmara Federal de acordocom apopulaçãocos Estados Para isso. é

feitaumadivisãodonúmerodehabitantes do Brasilestipuladopelo

Instituto BrasileirodeGeografa eEstatística(IBGE)no anoanteriorpelototalde cadeirasnaCâmara.

Alegislaçãodeterminaque nenhumEstadopodeter

menosde oitodeputadosou

mais de70,para assim evitar queadisparidadede residen­ tesnasregiõesbrasileirasse

ret itanoCongressoNacional.

Benefícios

Oresultado das

eleições

se reflete nas decisões den­

tro do

Congresso

Nacional e das Assembleias Le­

gislativas.

Os par­

tidos com maior

representação

conseguem uma

sériede

benefícios,

principalmente

por meiodo

poder

Executivo.Tantoo

presidente

como os

governadores

precisam

do

apoio

dos

parlamentares

para queseuspro­

jetos sejam

apro­

vados.Amesadire­

tora,por

exemplo,

que decide

quais

pautas serão dis­

cutídas.é

formada porrepresentantes

dos

partidos

com

maior bancada.

O

privilégio

con­

tinua na distri­

buição

dos cargos das comissões e na

definição

do

tempo que cada

partido

poderá

utilizar para pro­

paganda

eleitoral nos meios de co­

municação.

Além do horário elei­ toral

gratuito,

os

partidos

também têm uma cota de

publicidade

fora do

período

de dis­

putas.Outra rega­

liaestá na distri­

buição

do fundo

partidário

-r�cur­

sos administra­ dos

pelo

Tribunal

Superior

Eleitoral

(TSE)

edestinados à

manutenção

dos

partidos políticos.

A maior parte da verba é do

Orça­

mentodaUniãoe

oresultado,chamado de qao­ cientepopulaCional.édividida pelapopulaçãodosEstadose

doDistritoFederal,oque delne arepresentaçãoparlamentarde cadaum.

ff

fff

K

513

K

número de cadeiras do

estadoriaCâmara numero devagasnaCâmara

Federal dosDeputados

+

paradeputados federais

+

---�---.

,DeputadosfederaiseEstaduais

+

Segundo

passo:omínimode

.

votos para entrarnas casas

QUOFIClenTe

ELeiTORaL

federais,ocálculo é

com oalgarismoque

representaaquantidade

de cadeiras queo

EstadopOdeassumirno CongressoNacional.Já

paraosparlamentares estaduais,adivisãoé

pela quantiatotal de vagas da Assembleia

Legislativa

Ametodologiadas

eleições proporcionais

começaa serutilizada depoisdaapuraçãodos votos. Comtodosos

brancosenulosdes­

cartados,é faitáumadi­

visãodosvotosválidos

pelonúmerode vagas

aseremocupadas.Na

disputadosdeputados

iguala

fff

ff

o resultado seráoquocienteeleitoral,quena

práticaéonúmeromínímódevotosqueum

partidooucoligaçãoprecisa atingirpara ocupar

pelamenos umlugarnoparlamento.

Terceiro passo:a

dança

das cadeiras

São contadososvotosválidos de cadaaliança partidária,eeste

resultado édivididopeloquocienteeleitoral. O número Que deriva desteproblemageralmenteédecimal,mas aparteinteirarepresenta

ascadeirasjá garantidaspelopartidooucoligação.Porexemplo,seo

cálculoresultarem5,36,ascinco vagasestãoreservadas

números de vagasgarantidas

,

,

Osnúmeros decimaisaofmdas contas mostram queoCongresso

NacionalouAssembleiaLegislativaterãolugaressobrando. Para reSolver isto é feitaaúltimaproporção,emQuesão diVididososvotos

válidosdospartidosoucoligaçõespelonúmero de vagas

obtidasmaisum,Apóstodososcálculos paraacertodadistribuiçãodevagas,os

mais votadosdospartidosoucoligações

A.

,

IVI Ido or iguala

OUOFIClenTe

- n assumemoscargos,

ELeiTORaL

númeroparaasvagasremanescentes

(5)

Florianópolis.

setembro de2010

Censurai

5

Censura

ao

humor derrotada

no

Supremo

Dispositivo

da Lei Eleitoral foi

fonte

de

polêmicas

por limitar liberdade de

expressão

Asemissorasde televisãoe rádio

podem

respirar

aliviadas. Aindaque

seja

umaordem

provisória,

oministroCarlos

Ayres

Britto,

vice-presidente

do

Superior

Tribunal

Federal,

invalidouo

dispositivo

da lei eleitoral que

proibia

os

quadros

eprogramas de humoraretrataremos candidatos. A

decisão,

tomada no dia 27de agosto,é resultado do

pedido

de

revisão da lei

pela

Associação

Brasilei­ rade Emissoras deRádio eTV

(Abert).

O grupohavia entradocom uma

Ação

Direta de

Inconstitucionalidade, justífi­

candoqueo

dispositivo

feriaodireito à liberdade de

expressão.

Alguns

dias antes, Dilmas e Serras

marcavam presença na passeata "Hu­ mor sem

Censu-ra", na Praia de

Copacabana.

A

novidade é que elesnão trocavam

farpas

e usavam a

mesma camiseta

de

campanha,

es­

tampando

a ima­ gemdeum

palha­

çocom umarolha

na boca. A cena

tinha outrarazão: o valor das multas

àqueles

que ferissem a

lei;

a

infração

poderia chegar

aaté

R$106

miledobrar em casode reincidência.

Para nãocorrerem orisco,asemis­ sorastiveram quedriblaraleiemodifi­ car a

programação

de

humor,

semqueo

assunto

"eleições"

morresse.No progra­ maCusteo

Que

Custar,da

Band,

Marco

Luque

alertavaque amatériada

repór­

terMônicaIozzi seria"sem

piadinha".

A maisnova

integrante

do programaha­

via

entrevistado,

emSão

Paulo,

oscinco

candidatos à

presidência

com maiores

percentuais

de voto. As brincadeiras com os

presidenciáveis

continuaram e

até

alguns

efeitos sonoros embalavam as respostas dos entrevistados.Mas

"Só

se

proíbe

o

que

está

incomodando.

Ninguém proíbe

a

Mulher Mela0 de

nãoseviu maisos efeitos

gráficos,

clássicos do

CQC.

Gravatanopesco­

çodeum, verme­ lhidãonorostode

outro,não mais. Foram esses elementos que

despertaram

oin­

teressede DéboraMotanoprograma. A estudante deensino médioconsideraas

entrevistascom

políticos

umdos blocos

mais atrativos doCQC."Gostocomoeles lidamcom os

políticos.

Falamoquetem

queserditoe oquetodo brasileiro que seinteressa

pelo

assuntotemvontade de

dizer".As

eleições

de outubromarcam o

primeiro

anode Déboracom umtítulo deeleitor.

É

principalmente

através do

programa de entretenimento que ela

se informa sobre

política.

"Deixar os candidatosnasaia

justa

éummodo de

avaliá-los,

comperguntas

pertinentes

e

inteligentes,

que não usem ahu­

milhação.

Consideroummodo dever a

segunda

face deum

candidato,

nãosóaque passa nohorário

político".

Seatualmenteobrasileiro

encontra uma diversidade de

programas

humorísticos,

o

pionei-ro atratarsobre

política

foioCasseta

e

Planeta,

no ar

pela

Rede Globo desde1998.O programa apos­

ta na

imitação

de candida­ tos,

prática

que até

hoje

é referência paraos

telespec­

tadores. "Eugostava quan-do o Bussundaimitava o Lula.

Depois

da morte do

humorista,

mais nenhum

personagem

mechamou a

atenção",confessa Débora.

Em abril deste ano, quem

sintonizava o

pro-grama Casseta e

Planeta

as-rebolar

a

bunda diante

das

câmeras"

deixava até mesmo a

penteada

Dilma e ocontidoSerra

engraçadinhos.

Junto

com

eles,

uma

porção

depessoas com

máscarasenarizde

palhaço

carregava faixase

seguia

oslíderes dacaminhada. Otrecho

percorrido

foi apenasrepresen­

tativo; um

quilômetro,

do

Copacabana

PalaceatéoLeme. Masa

manifestação

foi de peso. Humoristas

conhecidos,

como Carlos de La Pena,

Sérgio

Ma­

landro,

Fábio PorchateDanilo

Gentili,

uniam-se a cerca de 400 pessoas que

gritavam

em coro a marchinha "hu­ mor sem censura, abaixo aditadura".

Apasseata aconteceuemum

domingo,

22 deagosto,

consequência

da mobili­

zação

puxada

pelo

grupo Comédia em

Pé. A

intenção

dos

organizadores

foiade realizarumabaixo assinado

pedindo

a

revisãodo mesmo

dispositivo

apontado

pela

Abert,

que vedava "usartrucagem, montagemououtrorecursodeáudioou vídeoque,de

qualquer

forma,

degradem

ouridicularizem

candidato,

partido

po­ líticoou

coligação,

bemcomo

produzir

ouveicular programacom esseefeito".

A

manifestação

repercutiu

oqueos

humoristas não faziam desde o dia 6 de

julho:

adicionar efeitos nas grava­

ções

com os candidatos às

eleições

ou imitá-los nos programas de humor. A

datamareou oinício de trêsmeses em

queessesprogramasteriam que

adaptar

oformatoe a

abordagem

sobreo tema

eleitoral.

Cowboy

fora da lei

AleiN°

9.504,

que estabeleceas nor­ mas para as

eleições,

foi reformulada em1997edesde

aquela época

já proibia

o usodetrucagensemontagenscom os candidatos.Ano

passado,

ainclusão de doisincisosno

artigo

45dalei

reforçou

oqueseentendia poressesdoisconcei­

tos.Masofriona

espinha

dasemissoras

vez eram

Xingo

Gomes,

José

Careca,

Magrina

da SilvaeDilmandonaRousse­

ff.Naabertura do

Big

Brother

Brasilia,

a música

questionava

o

telespectador.

"Se a gente

pudesse

trancar a

galera

que vaise

candidatar,

será quesobraria

alguém

pravocêvoltar?".No

fim,

quem

sobrou foramas

gravações.

Emmaio,os humoristas substituíram a sacadapor

encenações de outros personagens. Os

blocos sobre as

eleições

continuaram aocupar espaço no programa, mas os

personagens não faziam referência às característicasdos candidatosreais.

A

adaptação

realizada

pela

turma

do Casseta ePlaneta também ocorreu noprogramaPânicona

lV,

da Rede TV.

A artista Sabrina Sato, que costumava

entrevistar os

políticos

no

Congresso,

suspendeu

asvisitas; o mesmo aconte­

ceu com osoutros

quadros

doprograma relacionadosà

política.

Censura,

sim

Orides

Mezzaroba,

professor

deDirei­

todaUFSC,entendeo

dispositivo

da lei

como umamedida voltadaparao con­

troleentreos

partidos.

"Elaserve para

evitar queoscandidatos

desmereçam

a

qualidade

unsdos outros,duranteoho­ rário

político

gratuito."

Entretanto,Me­ zzaroba concorda quealeigeradúvidas

e,sedestinadaaosprogramastelevisivos ede

rádio,

fereaconstituição."A lei

9504

deveser

aplicada

aoprocessoeleitorale

não paraocontrole da

sociedade,

como

aconteciano

passado.

Isso é

profunda­

mente antidemocrático." A

opinião

é

compartilhada pelo

hu-morista Kim

Archetti,

que

considera a

proibi-ção

aohumorumaforma de censura. Um dos finalistas do programa

CQC

e

prati­

cantedo

Stand-up

Comedy,

Archetti acreditaqueé

papel

do humorcriticar e provo­ car areflexão. "Sóse

proíbe

o que está incomodando.

Ninguém

proíbe

a Mulher Melão de rebolara bunda

diantedascâmeras". Censura também é a

palavra

usada

pela

hu­ morista

Agnes Zuliani,

do grupo

Terça

Insana,para

definiro

período

semhu­ mor na

política.

"Mais uma vez o

poder

procura se

proteger."

Ela concorda

que a atividade é capaz

de promover a reflexão do eleitor brasileiro e

levantar

questões

pouco

divulgadas

pela mídia,

masacreditaque o hu­ mornãotemo

poder

de mudar a

ideologia

das

pessoas. "Não

podemos

acreditarque o humor

transformeasociedade.

..

É

daraeleuma

importância

queelenão Stand

-up

Comedy

atéatelevisão.Muitodisso devemos também ao

youtube

e outras

redessociais",

explica

Archetti. tem."

Nos EUA

Quando

oassunto é humor napo­

lítica,

o casoda comedianteTina

Fey

é

o maiscomentado dos Estados Unidos. Ela

ganhou destaque após

imitar a candidata Sarah

Palin,

queconcorriaà

vice-presidência

do

país,

no programa'

Saturday Night

Live, da NBC. O hu­

morístico é conhecido

pelas

sátirasaos

políticos

norte-americanos,

especialmente

durante

as

eleições.

Os candi­

datos que são alvos dasironias

frequente­

mentesãotambémos convidados do progra­ ma.

Seguindo

a mesma

linha,

oprogramaThe

Daily

Show, apresentado pelo

comediante

John

Stewart,nãose

prende

só à

política;

jornalistas

e a indústria decomunica­

ção

como um todosãoalvo do humor

ácido deStewart."O programaétemido

pelos políticos,

masporquetrazumhu­ morembasadoede

grande qualidade",

comenta

Agnes.

Aqui

no

Brasil,

oshumoristas

justifi­

cam a

mobilização

tardia

pela

mu­

dança

do cenário televisivo. Há 13

anos,

quando

aleieleitoralentrou

em

vigor,

haviapoucas

inserções de humor na

programação

das emisso-ras. "Existe urn 'boom' no humor brasileiro com a

chegada

de estilos como o sistiaa um

Big

Bro­ ther fora de

época.

Os en­ clausu­ rados da

Democracia para

quem?

Itamar

Aguiar,

professor

de Socíolo­

gia

eCiências PolíticasdaUFSC,alerta

que o debate sobre'a democracia na mídia não deve ficar restrito aos hu­

moristas. "Será que a

reivindicação

da Abertéa mesmada

sociedade,

dosartis­

tas edos

próprios

humoristas?".

Aguiar

acreditaqueodebateestávinculado às

mudanças

sociaise

figura

na

agenda

pública

brasileira,

através de conferên­

cias nacionaise

regionais

queincluem a

participação

da sociedade civil para uma

comunicação

mais democrática.

É a

população

que

questionaria,

inclu­

sive,aformacomqueosprogramasde humorlidamcom osassuntos

políticos.

"Até queponto esses programas fazem

jus

àdiversidade cultural do

país?".

Há maisdevinteanosatuandocomo

atriz,

Agnes

conhecea

dependência

dos

programas humorísticos. "A mídiatra­

balha de acordocom seusinteressesco­

merciaise osprogramasde humorestão

sujeitos

a isso. Ouseremos

ingênuos

o suficiente para acreditar na

indepen­

dência deles?".

Agora,

poucosdias

após

a

anulação

do

dispositivo

que

proibia

o humorna

política,

ficao

desejo

depro­

gramas que

sigam

as

palavras

de Henfil.

"Quando

eu

faço

um

desenho,

eu não tenhoa

intenção

queaspessoas riam.A

intenção

é de

abrir,

edetiraro escuro dascoisas".

ClaudiaMebs

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