Especial
Educação
em
debate
o
futuro daeducação
emSanta Catarina. Os candidatosaogoverno do estado mostraramsuas
propostas
paraaredepública
de ensino eresponderam
aquestões
polêmicas
que interferem naqualidade
daeducação
comoaterceirização
da merendaescolar,
opagamento
dopiso
salarialaosprofessores
e oque devesermantidooualteradonos
próximos
quatro
anos nosistema educacionalcatainerse. paginas 8e9
Poder econômico
E mais
...Beiçôes
2010
o financiamento de
campanhas políticas
comdinheiro de empresasexpõe
osproblemas
dademocracia brasileira. Asdoações
de empresasprivada
favorecemcasosde
corrupção
e aeleição
de grupos quedispõe
de maisrecursos. Outra falha éa
fiscalização
dascontasdos candidatos. Para acabarcom essa
situação,
hádiversos
projetos
de lei para instituirofinanciamentopLlblico
decampanha
no Brasil. página J5Cálculos
paraaseleições proporcionais
sãocomplexos
econfundemeleitoresecandidatos. página4
Ala
jovem
departidos configura
espaçoeoportunidade
paraapolitização
dos mais novos eformação pessoal.
página13
Em
tempos
deinternet,
twitterefacebook,
o espaçopúoíco
daruaaindaé fórufTI
obriqatório
rJ;:W=Jdarvisibilidacle1 r�nriidatos2
I
Opinião
Florianópolis,
setembro de2010Benção
para
loucuras
Sérgio
éSerginho.
Umalendanoscorredores,nasfestascom seu
absinto,
nassuasaulasmais na porta que dentro do laboratório de
telejornalismo.
Comcigarro
namão,
ele vinha semprecontaruma
grande história,
com pausas de silêncioentrefalas quemedeixavam curiosa pra saber seele estava para falar ououvir. Eu ouvia.
Sempre
tinhaumamoralmis teriosanofim.Outrodia
fiquei
ouvindoumahistória
so brecolonização inglesa,
guerra econflitos,
todailustrada,
com números e pausas. Sem saber onde iachegar,
ouvitoda história paranofimentender: ele havia
pesquisado
ahistóriadoTaitiparamepreparar parameuTCC-
apenas havia erradoooceano."Ideias
loucas",
eupensava cá
comigo.
Foram dessas loucuras
que·
fui parar no Haiti. De uminsight,
decidimosparticípar
do
Projeto
Rondon,
efOIlá,
entrefigurões
doMinistérioda
Defesa
queSerginho conseguiu
tota]
apoio
para,meuTCC:aSRtransamazôníca.
"Quero Irpro
Haiti",
faletprôgeneral
comocriança
mimada quedesrespeita
�eupai.
Tivemosnossas
incompatibilidades
deloucura.
Sergính«
voltou daAmazôq�a dízendo
seUl
pudor
queeUtinhamau-humorcrônico-e
ten,b,o.j?eIa cOllvivência
iQtensal1estes quatro
anos,de
viagens,
projetos
paralelose
diSCiplInas
optativas
comele,
seidEl.
quaijda4es
.infindáveis
quemuitos
amigos antigos,
alunosdinossauros
ecolegas
comcerteza
compartilham.
Avontade
deqttebrar paradigma,s
eragrande,
decaricaturararegra, decriticaro[omalis-.
mo
quadrado.
Atrásdisso,
veioadjscrimillação
silenciosa,
acobertadahoje
potelogios
rasga dosque,imagino,
fariamSerginho
rir.Com
umcigarrinho
namãe,
Ull,l.copt;!
deplásUc:ó
comcafénaoutra,
amochilabege
fiáScostas,
imagino
ele rindode bocafecha4ª"
Coroosomgutura14ãqUeia
risáüairônica.
clássica,
sergÚl.ho
não�()S
qUel'alQl1lni, sefllll.1z. Set"
ginho
quernosvefvÕàhdo, produZÍlldo
narUá}
fora docurso.Ria daburocraciafil.stitucional,
enosdava
bênção
paraloucuras,
tirando todososobstáculosdó
camitího.
Umasutileza
mais nobrequeumtítulo
acadêmicó.Serginho
não acreditava emeducação
bancária,
coma li cença de citar�aulo
Freire. Deixava·nosli�es
para passaraauladiscutindo
tudo-- tantooconteúdoda
aula,
quantoojornalismo atual,
quanto
que'
Maldivas.ia
desaparecer.
Ladoes tudanteutilizar-sebem daaula.Nãoé
preciso
mitificarSergínho após
suamorte-- ele
já
era ummito.Juliana Sakae
EDITORIAL
Quem
vai
decidir
as
eleições
de
2010?
Uma
eleição
marcada poropacasclivagens polí
ticas,porum
incompreensível catálogo
dealianças
partidárias
e umaconsiderávelguinada
aocentro.Marcada
pelo
continuísmo,
tantonadisputa
presi
dencialquantopelos
governos:emapenas cincoes tadosaoposição
estánafrente,
e emseisháempatetécnico. Uma
eleição
morna.Conservadores,
moralistas,
feministas,
antenados, formados,
evangélicos,
modernos,
otimistas,continuístas, yuppies, intelectuais,
presos provisórios, sem-bolsa-família, solteiros,
mudos decarteirinha, individualistas,
liberais,
conectados,
sem-acesso-a-rede-de-esgoto,
indecisos.Quem
sãoos135 milhões de eleitores da
disputa
mais insossa dahistória dopaís?
Nãose
pode
maisbaternatecla dofimda ditadurarelembrandoo
perfil
marcantedo eleitorado deentão para criticaráapatia
do dehoje.
Ostemposeramoutros,existiaumamaiorclareza
ideológica
enãoasatuaissaladas
políticas,
conhecidascomopartidos.
Ocenárioeramuito maispropício
paraousar.
Hoje,
oeleitorestá maismaduroecarrega o peso deteroperfil
mais democrático de todosZERO NO TEMPO
EmUmBrasil coUorido lidedemo...
craeía
e$brionárht,
o ZERO(ez
umaedição
espe.dal
em dezembro de 1989cobrindo as
primeiras eleições presí
dencias diretas
depois
..<le
29 anos deditadura.A
edição traça.operfil
deumpajs
iflquieto,
excitadopelo direit9
ire'"cuperado,
mascéticocom asprõmes
sas decampanhas,
trazendotambém
umasóbria
crítica
sobreacomemoração
dos cemImosde
falsaRepú.blica.
JORNAL
LABORATÓRIO
ZERO
Ano XXViii-N° 5
-Setembro de 201 O UniversidadeFederaldeSanta UFSC Fechamento: 21 de
setembro
Curso de Jornalismo -CCE -UFSC -TrindadeFlorianópolis
- CEP 88040-900 Tel.: (48)3721-6599/ 3721-9490 Site: www.zerO.ufsc.br E-mail:zero@cce.ufsc.bros tempos.Sabe quenãosetemmais espaço para aventuras de
generais.
Tem acesso ainformação
maisdoque nunca,como
exemplo
maisrecente,a entrada das classesCeDnomundo virtual-41% dos brasileirosestãoon-line.Hoje,
o cidadão temdemandasmaiores,
exige
como nuncaexigiu
antese parecetermaisconsciência da
importância
do seuvoto.Está maisinteressadoem seuspróprios
direitosdoquenaescolhadeumcampo
ideológico.
Elequersaúde,
educação
esegurançaacimadetudo.Uma
pesquisa
doIBGE,realizadaemagosto,mostraquea
preocupação
comempregosecustode vidavemdepois.
EmumBrasil que acaba de bater recordeememprego formaleque dobrouosalário médioem20 anos,ocidadãosesentemaisestável e apto aexigir
seusdireitos de base,Em2010,
osgastoscom a saúde dogoverno federal foram de 44 bilhões de reais, oque
significa
R$
0,638
pordiacomcadacidadãoerepresentaapenas1,7%do
PIB brasileiro. Dezoitomilhõesde analfabetosain
da
perambulam pelo país,
Umgastode57 bilhõesporanoconsequentedaviolência:
manutenção
depresídios,
assistência àsvítimas,
etc.CHARGE
Dois terçosdos eleitores vão àsurnas levando em
consideração
aspropostasrelacionadasaomeioambiente,
quemesmonãoestandonocentrodoespectrodas
preocupações
doeleitor,
vemganhando
umpesoinsigne. Agora
tanto na corrida porumespaçona
cabeça
do cidadãoquantonados22mil candidatosregistrados,
acultura(ou
oincentivoaela)
ficoupara trás.Quem
sabenapróxima?
Não
significa
que estamos falando do eleito radoideal,
osvotosparalegislativo,
porexemplo,
continuam coniventesecom
concepções
deesco lhainaceitáveis,
fazendoexplodir
candidaturascomo a de Paulo
Maluf,
mais votado em 2006eFranciscoEverardo Oliveira
Silva,
conhecidocomoTiririca,que está para
quebrar
recordes devotos nestaeleição,
Obrasileiroestá
preocupado
comsoluções
dire tas,pontuais
eimediatistas. Nestesilêncioeloquen
tede
ideologia
abre-se espaço paraumoportunis
moeleitoral,
criandocandidatos-estereótipos
paracada
exigência
do eleitor.Alimenta-se,
assim,umabismoentreosanseiosdo cidadãoe a
impassibi
lidadedos eleitos.Sobre
oilustrador
FelipeParuccitem 27anos,é estudante da sétima fase de Design Gráfico da UFSC e ilustrador e
infografistado Diário Catarinense deFlorianópolis. Paraentraremcontatocom oautor,escrevaparao
e-mailfelipson@gmail.com.
Para
publicar
Se você édaquelesquequandolêumanotícialogo
a imagina numa charge, desenhe para ° ZERO e
envie para zero@cce.ufsc,br. Sua charge pode ser
publicada nesseespaçoefazerpartedas
próximas
ediçõesdojornal.
FtEIl��AOi
AI(!xSobral,
•...Bªrb��a
Liho,B�r�nice
00$Santos,
Cami.la.
Hapq�o,
•claüdi�
.Meb�,
.Glaudiq
Xavier,Daniela
�idone, 19.1ego
Vieira, Gabrielle Esteva mano Buss, JoséMonteiroJ.unie�
twiza Lessa,RosielleMachado,
Tomáí).
M. Petersen,TiagoPereira, KJirnpeLED.I�AO
Bárbara.
Lino, Berenice oosSantos,CamilaRaposo, Claudia.Mebs, Qaniela Bidon¢,
Riego
Vieira,FtOfa Pereira, HermanoBuss, RosielieMachado,Thiago
...
!omás
M,
Eefersen, Wesl�� KIi�pel
..
F.
A Alex..
lia
Raposo,
H�rman() Buss,Luizgtessa,LeonardoLima,Wesley 'KHmpelEDITO
... ...•
�Iex
Sabra.
... •.•...�PosQ,
Flora Pereira, Hermano, Buss, unza tessa, RQsielleMachado,
ThiagoVElrney;
WElsJey.
KllmpElllNFOGRAFIA
Henrique Naspolini, RogérioMoreira,Thiago
Verney,WesleyKlimpel PROFESSOR·eOORDENADOFI
Jorge
KanehideIJuirl1 MTb/SP 14.543
MON.ITORIA
Mariana Porto, LuizaFregapani
IMPRESSA(1
Diário CatarinenseCIRCULAÇÃO
NacionalTIRAGEM
5.000exemplares����� �
�
MelhorPeçaGráficaI, Ii, III, IV,VeXISetUniversitário / PUC"RS(1988,89,90,9l, 92e98)
Melhor Jornal-LaboratórionoIPrêmio FocaSindicatodosJornalistasdeSC 2000 3° melhorJornal-Laboratório doBrasilEXPOCOM1994
---- --
-Debates
I
3
Florianópolis,
setembro de2010,
E
um
dever de Iodos querer
participar?
Especialistas
atentam para
a
necessidade do
voto,
mas
divergem
sobre
a
necessidade de
uma
lei que
o
obrigue
Um
projeto
delei quepretende
aca barcomaspunições
paraoeleitorquedeixar devotarnas
eleições
foiapresen tadonoúltimodia6dejulho
enãotemdataparaservotadonocongresso,mas
já
geradiscussões.Casoaprovada,
aleiprevê
queapessoaque não compareceràs urnas não
perderá
mais os direitos deseraprovado
em concursopúblico,
participar
delicitação,
tirar passapor te, entre outras. As únicas punições quedevemsermantidassãoamultade5% a20% do salário-mínimo e apos sibilidadede cancelamento do
registro
eleitoral.Issoimplicaria
em umgrande passoparatornarovoto
facultativo,
pois
sempunição
nãoháobrigação
departicipar.
Aatual
constituição
brasileiramantém o voto
obrigatório
desde oCódigo
Eleitoral de 1932. Dos 232
países
domundo,
apenas24 adotamovotoobrigatório
e,desses,
13sãoda AméricaLatina. Com
exceção
daCostaRica,todosos
países
queadotamovotoobrigatório
têmem suahistória
intervenções
mili tares,golpes
de estado eautoritarismo. Empaíses
como EstadosUnidos,
Alemanha,
Canadá eItália,
porexemplo,
ovotoélivre.Osque defendema
obrigatoriedade
do voto acreditam quepaíses
como oBrasil aindanão estão
preparados
paramigrar
para ovotofacultativo,
pois
a democracia deles aindanão está ama durecidaosuficiente.Paraeles,
oatodevotar seria uma
responsabilidade
que cada cidadão tem com acoletividade,
umafunção pública
que aindaprecisa
ser exercitada e aobrigatoriedade
dovoto estimularia o debate
político
em locais de lazeretrabalho.Já
os que sãofavoráveis ao votoli vreacreditam que os brasileiros estão,sim, aptos a encarar essa
mudança.
Eles lembramquenasúltimas décadas o Brasilpassou porfortes transformações
econômicasque geraramumaso ciedade maisurbanizada,
com acesso aos meios decomunicação
e, portanto, muito maismadura
politicamente.
Votar seriaumdireitoenãoumdever.Para
eles,
se o ato devotarfosse umaescolha,
apenasoscidadãosconscientes iriamàsurnas ecandidatosmaiscapacitadosseriameleitos.
Adiscussãoé
longa
e osargumentoscontrae afavorsão muitos. O pensa
mentodeambasaspartesconvergeem um sóponto: anecessidade de
partici
par.
Alguns
movimentostêmincentivadoovotobrancoenulocomoformade
protesto e preocupam
alguns
especia
listaspois,
segundo
eles,
prejudicam
ademocracia do
país
na me didaquecadavezmaispessoas seisentamdevotar.
Alguns
dessesmovimen tosdefendem aindaquese houvermaisde 50% devotosnulos ebrancosaelei
ção
será canceladae uma novaterá queserfeitacom novoscandidatos,
masisso nãoé verdade. Aeleição
se decideapenascom acontagemdosvotosválidoseisso
exclui brancosenulos.
Muita gente não
sabe,
masvotarbrancoou nulonão tem quase nenhuma
diferença.
Ovotonuloocor requando
o eleitordigita,
depropósito,
um número errado na urnaeletrônica econfirma ovoto.Já
paravotarem
branco,
oeleitorapertaobotão"branco"do
aparelho
econfirma.Parase
eleger
ocandidatoprecisa
ter50% dosvotosmaisum.Antes,osvotos
brancos contavam nessa porcentagem
devotosválidos. Em 1997 houveuma
mudança
naleegislação
que passou adescartarambosnahora dacontagem dosvotos.Na
prática,
écomose oeleitornão tivesseidovotar.
{kff. a'T6G\.A'
�lU)E,",AfiA
CoJ.).ri�l'f'Wl
LA�JJ3A
l'AeA(pr<Rí6í'(_
Será queobrasileiroestá
preparado
paradaressepassonademocracia?Vo
taréumdireitoouuma
responsabilida
dequetemosenquantocidadãos?Ovotofacultativo abririaespaço parafraudes? Paradebateroassunto,oZEROconver sou com
Clycie
Bertoli,
secretáriajudi
ciáriado
TRE/SC,
formadaem direitopela
BFSC,cursouespecialização
emadministração
deeleições
naFrança,
trabalhahá24anosno
TRE/SC
edefendeovoto
obrigatório.
Conversamostambém comValdadeSouzaMendonça,
analistajudiciária
doTRE-SC,
pós-graduada
em direitopela
UFSC,
escreveu olivro"Voto livreeespontâneo:
exercíciode cidadania
política
consciente"edefendeovotolivre.
Bárbara Dias Lino
barbaradiaslino@gmail.com
Contra
o votofacultativo
A favor do
votofacultativo
,
'As
pessoas sempre pensamnovoto como soadeixa devotar,ouvotaembrancoounulo umaobrigação,
mas eu não acho isso. é que nós[justiça
eleitoral]
nosdedicamostan Votar é um direito constitucional assim to para que dê tudo certo, sempreprocurando
comoodireitoà
saúde, educação
esegurança. conscientizar apopulação
e essapessoajoga
A
diferença
é queeu nãovejo
nenhum desses todoessetrabalhonolixo.direitosserem
completamente respeitados,
mas Aconsciêncianãoestá veiculadaaovotoser odiretoaovotoeuvejo.
obrigatório
ounão.Agentequer queaspessoas Nósnãopodemos
nãosercidadãosedeixar entendamquevotaré umdever,
masmaisdo deusar ascoisasquesãocolocadas àdisposição
queisso,
éumdireito.Empaíses
como aFrança,
dasociedade,
como oesgotoe asestradas,
por porexemplo,
avontadedesercidadão étãoforexemplo.
Portanto,fazemosparte
dessa socie- tequeapropaganda
eleitoralnãoévistacomodadeenão
podemos deixar
de contribuir para umincômodo.É algo
queprecisa
serassistidoela.Cadaum
pode
votar para escolher em quem votar.da maneira que
quiser,
"A
consciência
só
Eles tem uma outrarelação
masnão
pode
deixar de comacidadania.participar.
Comosomosse
forma
quando
as
Se nós tirarmos o voto de seressociais,
nãopo-pessoas
têm
o
dever
todoseuacredito quepode
hademosnãosercidadãos. vermais
manipulação:
NonorPor isso é necessária a
de
partícípar.
Eu
sou deste,
porexemplo,
hálugares
participação
de todosde
umaépoca
gue
quealguns partidos
sabem queque fazem parte dessa são redutos deumcandidatoe
sociedade.
não
sepodia
votar
entãoimpedem aquelas
pessoasAspessoasnãosedão _ _
""
devotarem.Entãoimagine
se ocontadequeovotoéca-
entao
não
abro
mao
votonãoforobrigatórionosen-paz de mudar muitas tido
legal.
coisas,o que elasnãoquerem éseincomodar. Aconsciência sóseforma
quando
aspessoasNoBrasil émuitocomumaspessoasreclama- têmodeverde
participar.
Eusoudeumaépoca
rem de seus
representantes,
mas elaspodem
quenãosepodia
votar,então ovotopra mimparticipar
deumpartido
político
etentarmudar nãoéumacoisade queeuposso abrirmão.Seessepanorama.
Hoje
emdiacomainternetvocê aspessoasnãosemobilizaremopoder
vaificarpode
saberoque está acontecendoemtodasas nas mãos de poucos. Com tantoscandidatos,
partesdo
mundo,
então nãotemmaisdesculpa
nãoépossível
quenãohaja
ao menos umquepara não
participar
demaneira consciente.satisfaça
asexpectativas
de cadapessoa."
A
sensação
queeu tenhoquando
umapes-, 'Eu
semprequestionei
oporquê
dovotoser é osoberano,
oautorda historiae odetentorobrigatório.
Constateientãoqueessaidéia dessepoder,
porissodeveiràsurnas eexercersurge doconceitode soberanianacional essedireito de escolherodestino.
em
oposição
à idéia da soberaniapopular.
A Aminha idéiaéqueovotonãoseja
coercísoberania nacional colocao Estadoacimado tivo. Eu
gostaria
queaspessoaspensassem'eucidadão,
nelaocidadão passaa serinstrumen- vouporqueeuqueroparticipar
dessa festa deto do Estado e o voto se torna apenas dever. mocrática.Vou porque é
importante'.
Obriga
Quando
sedefendeumasoberaniapopular,
quedas,
aspessoasacabamvendendo
ovotocomo éoque estánaconstituição,
opoder
emanadoalgo
semimportância.
Fazeralgo
obrigado,
povo eé pormeio dele quesão escolhidos os mesmo que
seja
comero docequevocêmaisrepresentantes.O povoé que éo soberanoe o gosta,se
alguém
tedisse que você éobrigado,
Estadoexisteparaoscidadãos.Paramimnão ele
perde
sabor.faz sentidoovotoserobri- Eu
vejo
queovotolivregatório
porque o cidadão"Na verdade
a
não abriria para fraudespassa a ser mero instru- porque quem nãovaloriza
mento. Aindamais que há
pes
soa
é
obrígada
seuvotoeprecisa
serarras-uma
punição.
apenas
a
partícípar
,tado pra votar facilmente
Outro motivo que me vende voto,masquemvota
faz sercontraovoto obri- mas
não
a
votar.
A
com conscrencia não vaigatório,é
qu�
naverdadeapessoa
pode
votar
em
ter�inh�iro nenh�lm
quepessoae
obrigada
apenasa consiga ISSO, muitopelo
participar,
masnãoavotar.branco.
Isso
pra mtm
contrario, essa pessoa vaiA pessoa
pode
chegar
láe •.,., ser a
primeira
adenunciarvotar em branco. Isso pra
não
faz sentIdo
alguém
que fez umapro-mim não faz sentido. Esse postadesse
tipo.
Ehoje
comtipo
de coisa é daépoca
doimpério.quando
ovotoeletrônico tudo ficoumaisseguro.começaramos
primeiros
governantes, praar-É preciso
investirum poucomais emdei rebanharaspessoas.Depois
tivemosaépoca
do xarissoclaro paratodos
entraremigualmente
votode cabrestoemqueaspessoasnemsabiam nesseesclarecimento. Aimportância
da escolha por queestavamvotando. Tudoissopassou. deveserensinadanasescolas.Direitoscomo oHoje
euacho queoBrasiljá
estápreparado.
votodamulher demorarammuitoavaler,
enUltrapassamos
muitasetapas,nãotenho dúví- tãoeutenhoesperançade queumdiasefaça
das.Aspropagandas
deveriamser nosentido de valeraconstituiçãoe opoder
possaemanardo dizer queocidadãotemopoder
de escolhaeelepovo."
Clycía
Bertoli é secretáriajudiciária
doTRF/Se
Valda deSouzaMendonça
é analistajudiciária
doTRE/Se
4
INúmeros
Florianópolis,
setembro de2010Proporções
deixam
disputas
confusas
Regras
que valem para cargos do
legislativo
possibilitam
a
eleição
de candidatos
com menos
votos que outros
o sistema eleitoral brasileiro
prevê
quedevemocorrerdois
tipos
dedispu
tas,majoritárias
eproporcionais,
cada uma com suas regras. As cadeiras dosdeputados federais,
umdoscargosdeci didosproporcionalmente,
sãodivididas de acordo com apopulação
de cada estado. E paraconseguir
umavaganoCongresso
Nacionalou nasAssembleiasLegislativas,
ospolíticos
precisam
fa zerparte deumpartido
oucoligação
que obtenhacertonúmero mínimo devotos
(Veja infográfico).
Alémdisso,
as decisões tomadas dentro destesórgãos
refletem os cálculos utilizados antes edepois
daapuração
dos votos. Paraoeleitor,
asconsequências
desuaescolha naseleições
proporcionais
podem
nãoficar evidentes.
Quem
votanoBrasil temapossibi
lidade de escolher entreo votoporlegenda
ounominal,
ouseja,
diretamente nocandidato.De acordocom relatório do TribunalRegional
Eleitoral deSantaCatarina,nas
eleições
de2006, 218.697
votantes catarinenses
elegeram
umpartido
paracomporaCâmaraFederal,
oquecorresponde
a6,09%
do total devotos. Mesmo'
quando
aescolha é nominal,
oeleitorpode ajudar
opartido
aquemseucandidatopertencesemque opolítico
consiga
umavaga.Segundo
oprofessor
Vande SouzaCarreirão,dodepartamento
deSociologia
e Ciência Política da UFSC, existem vários métodos eleitorais no
mundo,
todos comvantagens e
desvantagens.
Existe, porexemplo,
umsistemaproporcional
emqueovotoé apenasno
partido,
quejá
tem
uma
relação pré-estabelecida
dos candidatosque irãoseeleger.
"Oquetemos noBrasil éumalista
aberta,
oque dámaiorflexibilidade devotoepeso à escolha doeleitor",
completa
Carreirão.A
legislação
brasileira atual tambémpermite
quesejam
feitascoligações
partidárias
durante aseleições
proporcionais,antes
proibidas.
Umaalteração
no
Código Eleitoral,
emvigor
desde asdisputas
de2006,
deliberou que a es colha dasalianças
para Câmara Fede ral e AssembleiasLegislativas
cabe àsConvenções Regionais
de cadapartido.
Essa
mudança
trouxe outrasdiscussõesà
questão
dadistribuição
devagas. De acordo com Carreirão, o PC do B tema tática
frequente
de se filiar a umaaliança
forte e apresentar apenas umcandidato,
com oobjetivo
de que ossimpatizantes
dopartido
votemno mes mopolítico.
"Caso acoligação
consiga
cinco vagas,achance deo
político
doPCdoBser umdosmaisvotadosé gran
de, já
queosvotosforamconcentrados",
explica
oprofessor.
.
Outra
polêmica
é auniãodeparti
dos comideologias
diferentes,
ouseja,
das chamadas direitaeesquerda.
Umestudo realizadopor Carreirãoindicao
crescimentodestas
coligações,
denomi nadas "inconsistentes",Nacomparação
entreo
período
de1986/1998
atéo anoa
repartição
éfeita considerandoquais
são as bancadas mais
representativas
naCâmaraFederal.
Todaessa
peculiaridade
do sistemaeleitoral brasileiro fazcomque
alguns
partidos políticos
tenhamforça
apontodesuadecisão
poder
mudaro rumo daaprovação
deumalei.Enquanto
aseleições majoritárias,
em que os maisvotadosconseguemoscargos, facilitam a
compreensão
doeleitor,
asproporcio
nais
podem
sernebulosascom autili-suficientepara
garantir
seiscadeirasna Câmara dosDeputados.
Quem
escolheu oEnéastalveznãoimagine
adimensãodesua
contribuição
para oPartido daReedificação
daOrdem Nacional(Pro
na),
porqueovotoemeleições
proporcionais
pode
tomaralguns
caminhosinesperados.
de2002,estaprática
aumentou27%nas.disputas
paradeputado
federal é 21% paradeputados
estaduais. Osespecia
listas na área indicam duas propostas
principais
pararesolveressesconflitos.Umadelasé quevoltemaser
proibidas
asalianças partidárias
naseleições
proporcionais.
A outraadaptaria
aleiatuai,
e seriafeitaumadivisão dasvagasdentroda
coligação,
paraqueopartido
maisvotado tenhadireitoamais queos
outros.
zaçãodetantoscálculos.Umcandidato
commaisvotosdoqueoutro nãotem
umavaga
garantida,
é necessário queo
partido
aoqual
pertençaconsiga
cativarumnúmeromínimo de votantes.
Às
vezes asituação
écontrária,
e umpolítico
conseguevotossuficientes
parase
eleger
etambémasseguraravaga deoutros.Orecordeaconteceunas
eleições
de2002,quando
ocandidatoadeputa
dofederalpor SãoPauloEnéas Carneiro
(Prona)
alcançou
1.573.642
votos,oDaniela Bidone
danibidone@gmail.com
Os
cálculos do
Voto
Proporcional
AltairGuidi(PPS)eSérgio JoséGoudinho (PSB)eramcandidatosaAssembleia
Legislativa
de SantaCatarinaem2006.Guidi foi eleitocom 18.177 votos,enquanto
Goudínho,
que obteve10milvotosamais,nãoconseguiuumavaga.A
explicação
paraissoestánosistemaeleitoralbrasileiro,emhádisputas
majoritáriaseproporcionais.Oscargos de
presídente, governador,
senadoreprefeito
sãodecididos de formamajoritária,
ouseja,quemconseguiromaiornúmerodevotosé eleito.Jáos
deputados
federais,estaduaisevereadoresconcorremde formaproporcional,
oque éocasodeGuidieGoudinho.Estemétodo inclui cálculos para
distribuição
das vagas considerandoonúmerototal devotosde cada
partido
oucoligação.
Primeiropasso:
quantas
cadeiras paracadaestadoNocasodosdeputadosfederais,antesdaseleiçõesocorre adisposiçãodas bancadasnaCâmara Federal de acordocom apopulaçãocos Estados Para isso. é
feitaumadivisãodonúmerodehabitantes do Brasilestipuladopelo
Instituto BrasileirodeGeografa eEstatística(IBGE)no anoanteriorpelototalde cadeirasnaCâmara.
Alegislaçãodeterminaque nenhumEstadopodeter
menosde oitodeputadosou
mais de70,para assim evitar queadisparidadede residen tesnasregiõesbrasileirasse
ret itanoCongressoNacional.
Benefícios
Oresultado das
eleições
se reflete nas decisões dentro do
Congresso
Nacional e das Assembleias Legislativas.
Os partidos com maior
representação
conseguem uma
sériede
benefícios,
principalmente
por meiodopoder
Executivo.Tantoopresidente
como osgovernadores
precisam
doapoio
dosparlamentares
para queseuspro
jetos sejam
aprovados.Amesadire
tora,por
exemplo,
que decide
quais
pautas serão dis
cutídas.é
formada porrepresentantesdos
partidos
commaior bancada.
O
privilégio
continua na distri
buição
dos cargos das comissões e nadefinição
dotempo que cada
partido
poderá
utilizar para pro
paganda
eleitoral nos meios de comunicação.
Além do horário elei toralgratuito,
ospartidos
também têm uma cota depublicidade
fora doperíodo
de disputas.Outra rega
liaestá na distri
buição
do fundopartidário
-r�cur
sos administra dos
pelo
TribunalSuperior
Eleitoral(TSE)
edestinados àmanutenção
dospartidos políticos.
A maior parte da verba é doOrça
mentodaUniãoeoresultado,chamado de qao cientepopulaCional.édividida pelapopulaçãodosEstadose
doDistritoFederal,oque delne arepresentaçãoparlamentarde cadaum.
ff
fff
K
513
K
número de cadeiras doestadoriaCâmara numero devagasnaCâmara
Federal dosDeputados
+
Sóparadeputados federais+
---�---.
,DeputadosfederaiseEstaduais
+
Segundo
passo:omínimode.
votos para entrarnas casas
QUOFIClenTe
ELeiTORaL
federais,ocálculo é
com oalgarismoque
representaaquantidade
de cadeiras queo
EstadopOdeassumirno CongressoNacional.Já
paraosparlamentares estaduais,adivisãoé
pela quantiatotal de vagas da Assembleia
Legislativa
Ametodologiadas
eleições proporcionais
começaa serutilizada depoisdaapuraçãodos votos. Comtodosos
brancosenulosdes
cartados,é faitáumadi
visãodosvotosválidos
pelonúmerode vagas
aseremocupadas.Na
disputadosdeputados
iguala
fff
ff
o resultado seráoquocienteeleitoral,quena
práticaéonúmeromínímódevotosqueum
partidooucoligaçãoprecisa atingirpara ocupar
pelamenos umlugarnoparlamento.
Terceiro passo:a
dança
das cadeirasSão contadososvotosválidos de cadaaliança partidária,eeste
resultado édivididopeloquocienteeleitoral. O número Que deriva desteproblemageralmenteédecimal,mas aparteinteirarepresenta
ascadeirasjá garantidaspelopartidooucoligação.Porexemplo,seo
cálculoresultarem5,36,ascinco vagasjáestãoreservadas
números de vagasgarantidas
,
,
Osnúmeros decimaisaofmdas contas mostram queoCongresso
NacionalouAssembleiaLegislativaterãolugaressobrando. Para reSolver isto é feitaaúltimaproporção,emQuesão diVididososvotos
válidosdospartidosoucoligaçõespelonúmero de vagasjá
obtidasmaisum,Apóstodososcálculos paraacertodadistribuiçãodevagas,os
mais votadosdospartidosoucoligações
A.
,
IVI Ido or iguala
OUOFIClenTe
- n assumemoscargos,
ELeiTORaL
númeroparaasvagasremanescentes
Florianópolis.
setembro de2010Censurai
5
Censura
ao
humor derrotada
no
Supremo
Dispositivo
da Lei Eleitoral foi
fonte
de
polêmicas
por limitar liberdade de
expressão
Asemissorasde televisãoe rádio
já
podem
respirar
aliviadas. Aindaqueseja
umaordemprovisória,
oministroCarlosAyres
Britto,vice-presidente
doSuperior
TribunalFederal,
invalidouodispositivo
da lei eleitoral queproibia
osquadros
eprogramas de humoraretrataremos candidatos. Adecisão,
tomada no dia 27de agosto,é resultado dopedido
derevisão da lei
pela
Associação
Brasilei rade Emissoras deRádio eTV(Abert).
O grupohavia entradocom umaAção
Direta de
Inconstitucionalidade, justífi
candoqueo
dispositivo
feriaodireito à liberdade deexpressão.
Alguns
dias antes, Dilmas e Serrasmarcavam presença na passeata "Hu mor sem
Censu-ra", na Praia de
Copacabana.
Anovidade é que elesnão trocavam
farpas
e usavam amesma camiseta
de
campanha,
estampando
a ima gemdeumpalha
çocom umarolha
na boca. A cena
tinha outrarazão: o valor das multas
àqueles
que ferissem alei;
ainfração
poderia chegar
aatéR$106
miledobrar em casode reincidência.Para nãocorrerem orisco,asemis sorastiveram quedriblaraleiemodifi car a
programação
dehumor,
semqueoassunto
"eleições"
morresse.No progra maCusteoQue
Custar,daBand,
MarcoLuque
alertavaque amatériadarepór
terMônicaIozzi seria"sem
piadinha".
A maisnovaintegrante
do programahavia
entrevistado,
emSãoPaulo,
oscincocandidatos à
presidência
com maiorespercentuais
de voto. As brincadeiras com ospresidenciáveis
continuaram eaté
alguns
efeitos sonoros embalavam as respostas dos entrevistados.Mas"Só
se
proíbe
oque
está
incomodando.
Ninguém proíbe
a
Mulher Mela0 de
nãoseviu maisos efeitos
gráficos,
clássicos doCQC.
Gravatanopesco
çodeum, verme lhidãonorostode
outro,não mais. Foram esses elementos que
despertaram
ointeressede DéboraMotanoprograma. A estudante deensino médioconsideraas
entrevistascom
políticos
umdos blocosmais atrativos doCQC."Gostocomoeles lidamcom os
políticos.
Falamoquetemqueserditoe oquetodo brasileiro que seinteressa
pelo
assuntotemvontade dedizer".As
eleições
de outubromarcam oprimeiro
anode Déboracom umtítulo deeleitor.É
principalmente
através doprograma de entretenimento que ela
se informa sobre
política.
"Deixar os candidatosnasaiajusta
éummodo deavaliá-los,
comperguntaspertinentes
einteligentes,
que não usem ahumilhação.
Consideroummodo dever asegunda
face deumcandidato,
nãosóaque passa nohoráriopolítico".
Seatualmenteobrasileiro
encontra uma diversidade de
programas
humorísticos,
opionei-ro atratarsobre
política
foioCassetae
Planeta,
no arpela
Rede Globo desde1998.O programa aposta na
imitação
de candida tos,prática
que atéhoje
é referência paraostelespec
tadores. "Eugostava quan-do o Bussundaimitava o Lula.Depois
da morte dohumorista,
mais nenhumpersonagem
mechamou aatenção",confessa Débora.
Em abril deste ano, quem
sintonizava o
pro-grama Casseta e
Planeta
as-rebolar
a
bunda diante
das
câmeras"
deixava até mesmo a
penteada
Dilma e ocontidoSerraengraçadinhos.
Juntocom
eles,
umaporção
depessoas commáscarasenarizde
palhaço
carregava faixaseseguia
oslíderes dacaminhada. Otrechopercorrido
foi apenasrepresentativo; um
quilômetro,
doCopacabana
PalaceatéoLeme. Masamanifestação
foi de peso. Humoristasconhecidos,
como Carlos de La Pena,Sérgio
Malandro,
Fábio PorchateDaniloGentili,
uniam-se a cerca de 400 pessoas que
gritavam
em coro a marchinha "hu mor sem censura, abaixo aditadura".Apasseata aconteceuemum
domingo,
22 deagosto,
consequência
da mobilização
puxada
pelo
grupo Comédia emPé. A
intenção
dosorganizadores
foiade realizarumabaixo assinadopedindo
arevisãodo mesmo
dispositivo
apontado
pela
Abert,
que vedava "usartrucagem, montagemououtrorecursodeáudioou vídeoque,dequalquer
forma,
degradem
ouridicularizemcandidato,
partido
po líticooucoligação,
bemcomoproduzir
ouveicular programacom esseefeito".A
manifestação
repercutiu
oqueoshumoristas não faziam desde o dia 6 de
julho:
adicionar efeitos nas gravações
com os candidatos àseleições
ou imitá-los nos programas de humor. Adatamareou oinício de trêsmeses em
queessesprogramasteriam que
adaptar
oformatoe aabordagem
sobreo temaeleitoral.
Cowboy
fora da leiAleiN°
9.504,
que estabeleceas nor mas para aseleições,
foi reformulada em1997edesdeaquela época
já proibia
o usodetrucagensemontagenscom os candidatos.Anopassado,
ainclusão de doisincisosnoartigo
45daleireforçou
oqueseentendia poressesdoisconceitos.Masofriona
espinha
dasemissorasvez eram
Xingo
Gomes,José
Careca,Magrina
da SilvaeDilmandonaRousseff.Naabertura do
Big
BrotherBrasilia,
a músicaquestionava
otelespectador.
"Se a gentepudesse
trancar agalera
que vaise
candidatar,
será quesobrariaalguém
pravocêvoltar?".Nofim,
quemsobrou foramas
gravações.
Emmaio,os humoristas substituíram a sacadaporencenações de outros personagens. Os
blocos sobre as
eleições
continuaram aocupar espaço no programa, mas ospersonagens não faziam referência às característicasdos candidatosreais.
A
adaptação
realizadapela
turmado Casseta ePlaneta também ocorreu noprogramaPânicona
lV,
da Rede TV.A artista Sabrina Sato, que costumava
entrevistar os
políticos
noCongresso,
suspendeu
asvisitas; o mesmo aconteceu com osoutros
quadros
doprograma relacionadosàpolítica.
Censura,
simOrides
Mezzaroba,
professor
deDireitodaUFSC,entendeo
dispositivo
da leicomo umamedida voltadaparao con
troleentreos
partidos.
"Elaserve paraevitar queoscandidatos
desmereçam
aqualidade
unsdos outros,duranteoho ráriopolítico
gratuito."
Entretanto,Me zzaroba concorda quealeigeradúvidase,sedestinadaaosprogramastelevisivos ede
rádio,
fereaconstituição."A lei9504
deveseraplicada
aoprocessoeleitoralenão paraocontrole da
sociedade,
comoaconteciano
passado.
Isso éprofunda
mente antidemocrático." A
opinião
écompartilhada pelo
hu-morista Kim
Archetti,
queconsidera a
proibi-ção
aohumorumaforma de censura. Um dos finalistas do programaCQC
eprati
cantedo
Stand-up
Comedy,
Archetti acreditaqueé
papel
do humorcriticar e provo car areflexão. "Sóseproíbe
o que está incomodando.Ninguém
proíbe
a Mulher Melão de rebolara bundadiantedascâmeras". Censura também é a
palavra
usadapela
hu moristaAgnes Zuliani,
do grupoTerça
Insana,paradefiniro
período
semhu mor napolítica.
"Mais uma vez opoder
procura seproteger."
Ela concordaque a atividade é capaz
de promover a reflexão do eleitor brasileiro e
levantar
questões
poucodivulgadas
pela mídia,
masacreditaque o hu mornãotemo
poder
de mudar aideologia
daspessoas. "Não
podemos
acreditarque o humor
transformeasociedade.
..
É
daraeleumaimportância
queelenão Stand-up
Comedy
atéatelevisão.Muitodisso devemos também aoyoutube
e outrasredessociais",
explica
Archetti. tem."Nos EUA
Quando
oassunto é humor napolítica,
o casoda comedianteTinaFey
éo maiscomentado dos Estados Unidos. Ela
ganhou destaque após
imitar a candidata SarahPalin,
queconcorriaàvice-presidência
dopaís,
no programa'Saturday Night
Live, da NBC. O humorístico é conhecido
pelas
sátirasaospolíticos
norte-americanos,especialmente
duranteas
eleições.
Os candidatos que são alvos dasironias
frequente
mentesãotambémos convidados do progra ma.
Seguindo
a mesmalinha,
oprogramaTheDaily
Show, apresentado pelo
comedianteJohn
Stewart,nãoseprende
só àpolítica;
jornalistas
e a indústria decomunicação
como um todosãoalvo do humorácido deStewart."O programaétemido
pelos políticos,
masporquetrazumhu morembasadoedegrande qualidade",
comenta
Agnes.
Aqui
noBrasil,
oshumoristasjustifi
cam amobilização
tardiapela
mudança
do cenário televisivo. Há 13anos,
quando
aleieleitoralentrouem
vigor,
haviapoucasinserções de humor na
programação
das emisso-ras. "Existe urn 'boom' no humor brasileiro com achegada
de estilos como o sistiaa umBig
Bro ther fora deépoca.
Os en clausu rados daDemocracia para
quem?
ItamarAguiar,
professor
de Socíologia
eCiências PolíticasdaUFSC,alertaque o debate sobre'a democracia na mídia não deve ficar restrito aos hu
moristas. "Será que a
reivindicação
da Abertéa mesmadasociedade,
dosartistas edos
próprios
humoristas?".Aguiar
acreditaqueodebateestávinculado àsmudanças
sociaisejá
figura
naagenda
pública
brasileira,
através de conferências nacionaise
regionais
queincluem aparticipação
da sociedade civil para umacomunicação
mais democrática.É a
população
quequestionaria,
inclusive,aformacomqueosprogramasde humorlidamcom osassuntos
políticos.
"Até queponto esses programas fazem
jus
àdiversidade cultural dopaís?".
Há maisdevinteanosatuandocomo
atriz,
Agnes
conheceadependência
dosprogramas humorísticos. "A mídiatra
balha de acordocom seusinteressesco
merciaise osprogramasde humorestão
sujeitos
a isso. Ouseremosingênuos
o suficiente para acreditar naindepen
dência deles?".Agora,
poucosdiasapós
aanulação
dodispositivo
queproibia
o humornapolítica,
ficaodesejo
deprogramas que
sigam
aspalavras
de Henfil."Quando
eufaço
umdesenho,
eu não tenhoaintenção
queaspessoas riam.Aintenção
é deabrir,
edetiraro escuro dascoisas".ClaudiaMebs