Aula 11 e 12
Arenas de Poder e
Redes Sociais
Arenas de poder: Theodor Lowi
Lowi: “a política pública faz a política”.
Pressuposto: as reações e expectativas das pessoas afetadas
por medidas políticas tem um efeito antecipativo para o processo de decisão política e de implementação.
Cada tipo de política pública vai encontrar diferentes formas de
apoio e de rejeição e que disputas em torno de sua decisão passam por arenas diferenciadas.
As políticas públicas criam arenas onde os atores defrontam-se
na produção dessas políticas.
Arenas: espaço de conflito e consenso dentro das diversas
áreas de política
Cada arena é caracterizada pela ação e pela estratégia desses
Arenas de Poder (tipos de PPs)
Arena distributiva: espaço com baixo grau de conflito dos processos
políticos. Tipo de política que distribui vantagens e não acarretam custos. Geram impactos mais individuais do que universais, ao
privilegiar certos grupos sociais ou regiões, em detrimento do todo.
Arena redistributiva: espaço polarizado e repleto de conflitos.
Deslocamento de recursos financeiros, direitos ou outros valores entre camadas sociais e grupos da sociedade. Atinge maior número de
pessoas e impõe perdas concretas e ganhos incertos no futuro para outros
Arena regulatória: espaço de ordem e proibições, decretos e portarias.
São mais visíveis ao público, envolvendo burocracia, políticos e grupos de interesse.
Arena estruturadora: espaço de disputa político-institucional.
Determinam as regras do jogo e a estrutura dos processos e conflitos políticos.
Redes Sociais e PPs
O que são redes sociais em Políticas
Públicas?
Redes Sociais em PPs:
Relações informais entre grupos e indivíduos (atores) que
influenciam na ação de PPs, estando presentes na esfera pública e privada
Forma de penetração dos interesses do espaço privado no
espaço público
Ação sobre a estrutura da burocracia das PPs Cria interdependência entre atores
Espaços de troca de recursos entre os atores
Advocacia de Coalizão: atuação em defesa de interesse de
Redes Sociais e Poder
As redes sociais influenciam as dinâmicas internas do processo
de PPs
As redes sociais atuam dentro da estrutura do Estado
Abordagem alternativa ao: neoinstitucionalismo, pluralismo e
elitismo
As redes estão presentes nas estruturas das organizações
estatais, públicas e privadas
Formação de um tecido relacional interno que influencia a
Eduardo Marques: Estudo das Redes
Sociais e PPs no Brasil
Estudar os padrões de organização no interior do Estado e sua
inserção no ambiente político
Identificar a presença das estruturas relacionais na política
Inserir os atores em seus contextos institucionais e relacionais
ou associar as estruturas de poder aos contextos institucionais em suas estruturas relacionais.
Atores e Redes
Pressuposto: Conceitos de campo e capital de Bourdieu
Cada conjunto de atores são dotados de instrumentos de poder
que disputam os resultados do processo político
Formação de coalizões políticas
Relações são marcadas pelas desigualdades de poder
Estrutura de poder: (1) conjunto articulado de atores + (2)
posições relativas de poder + (3) instrumentos para exercê-lo (tendência a inércia)
Instituições, organizações e PPs
Os atores se situam em contextos institucionais (pressuposto
neoinstitucionalista) específicos compostos por regras de funcionamento da política.
Os atores sofrem influência dos elementos contextuais em sua
ação - a natureza relacional do poder sugere que as relações e as posições nas redes constituem estruturas relacionais que constrangem escolhas, dão acesso diferenciado a bens e
instrumentos de poder, tornam certas alianças ou conflitos mais ou menos prováveis e influenciam os resultados da política
Percepção da heterogeneidade interna ao Estado, reafirmação
Redes
As redes sociais estruturam os campos de diversas dimensões
do social.
Existência de vínculos entre indivíduos, entidades e
organizações que estruturam as mais variadas situações sociais influenciando o fluxo de bens, materiais, idéias, informação e poder (sociologia relacional)
2 linhas de análise de rede:
1) Relações no interior das elites: interpenetração no mundo das
empresas e suas conexões com a esfera política. Foco no mundo dos negócios.
2) Influência de grupos (pluralismo); interelações entre interesses
privados, burocracias e classe política. Criação de arenas de representação: conselhos de políticas
Contribuições da análise de redes:
1. Discussão dos efeitos da interdependência na produção de PPs:
a) ligações dos atores + estrutura dos vínculos + padrões gerais b) Incorporação do contexto em que se dá uma determinada política c) interpretação sociológica do comportamento dos atores
2. Incorporar fenômenos e relações informais às analises:
a) Compreensão do padrão difuso e pouco institucionalizado das ações
do Estado.
b) As relações informais produzem permeabilidade, coesão estatal.
3. Novos horizontes para o estudo do Estado:
a) Existência de constrangimentos nos contextos que cercam os atores. b) Vínculo e posições nas redes tornam mais ou menos prováveis
alianças e coalizões estratégicas e dão acesso diferenciado a informações e recursos
c) Ajuda a superar a interpretação da ação como efêmeras e a ênfase
O tecido relacional do Estado
Brasil:
a) O campo político está centrado na figura dos órgãos estatais, dada a
fragilidade das organizações da sociedade civil.
b) As organizações estatais tendem a ser pouco institucionalizadas e
apresenta baixo insulamento (isolamento, prevalência da racionalidade) e intensos processos de migração entre órgãos e o setor privado.
c) A unidade básica das relações são os indivíduos e não as organizações. d) A importância das relações pessoais e a baixa institucionalização de
procedimentos no funcionamento das administração pública
e) Grande parte dos vínculos são estabelecidos pelas redes de
relacionamento.
f) Os vínculos e as redes tendem a ser mais resilientes e duráveis. g) O tecido do Estado é produzido e transformado pelas redes entre
pessoas e organizações que estruturam internamente as organizações estatais e as inserem em seus ambientes mais amplos.
h) Os contatos institucionais são canalizados por contatos pessoais e
Tecido do Estado
O tecido do Estado é composto por uma superposição de redes
de relações temáticas que circunscrevem as comunidades ligadas a cada uma de suas ações.
Incluem diversos atores envolvidos com uma dada política:
técnicos do Estado, burocracias (em um sentido mais geral), demandantes da política, contratantes da política e políticos e gestores que ocupam cargos eletivos e de livre indicação.
Formado por redes sociais que:
a) Canalizam informações, apoios, alianças e a formação de
projetos e visões e percepções.
b) Induzem visões de mundo (e da política), influenciam a
formação de preferências, constrangem escolhas, estratégias e alianças e alteram resultados políticos.
Continuidade e Ruptura
As redes fornecem elementos de estabilidade nos campos ou
comunidades de políticas, ajudando a manter as capacidades administrativas e a memória técnica.
A construção de redes densas em setores de política é um dos
elementos constitutivos dos processos de produção de burocracias capazes de implementar políticas.
As redes estruturam o interior do Estado, mas a sua maior ou
menor mobilização ou influência é produto de decisões de governo.
Embora as redes sejam fortemente inerciais, as escolhas
As transformações no tecido do Estado:
As redes de políticas estão em constante transformação, pelo
lançamento e pela quebra de vínculos
As mudanças de governo momentos concentrados de
transformação.
Dinâmica geracional: transformações pela inclusão e exclusão
de novos membros e pela criação ou desmontagem de grupos de indivíduos e entidades no seu interior.
O poder e o tecido do Estado
Os detentores do poder institucional (políticos) precisam de
pontos de apoio no interior da comunidade para implementar PPs
A gestão do Estado:controle de 2 grandes tipos de poder
a) Poder institucional: ocupação dos cargos institucionais. Uma
parcela significativa da capacidade de operacionalização das políticas está nas mãos das agências estatais, das burocracias e dos técnicos do Estado.
b) Poder posicional: ocupação de determinadas posições nas redes
do campo de políticas, ele se encontra inscrito nas redes sociais que compõem os campos de política.
Os chefes do executivo trocam cargos institucionais (poder
institucional) por posições com os membros das burocracias (poder posicional)
As redes na interface entre público e privado:
Redes: importante papel na ligação entre ele e grupos externos,
vinculados tanto a interesses organizados como a atores individuais isolados.
As redes explicam uma parte significativa das relações entre
público e privado no Brasil = permeabilidade
Permeabilidade do Estado: apóia-se predominantemente em
vínculos não intencionais, construídos ao longo das trajetórias dos indivíduos e das organizações e marcado por intensa
dependência da trajetória
Algumas formas de permeabilidade pode lesar o Estado em prol
Considerações Finais
As redes influenciam estratégias, conflitos e alianças e tornam
certos resultados mais prováveis do que outros
As redes operam dentro do tecido do Estado (contexto de
relações)
Os atores individuais são relevantes por: a) Criam relações pessoais entre nós
b) As relações pessoais estão presentes na construção
institucional e tendem a criar coesão.
Essa coesão não é homogênea e leva à constituição de grupos
que disputam o controle sobre as políticas de forma mais ou menos polarizada, dependendo da configuração do tecido do Estado.