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Demandas de saúde da população índigena: uma reisão integrativa

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BEATRIZ DA SILVA SCHERETTE

DEMANDAS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO INDÍGENA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

IJUÍ - RS 2011

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BEATRIZ DA SILVA SCHERETTE

DEMANDAS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO INDÍGENA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para a obtenção do título de Enfermeira (o), no Curso de Enfermagem do Departamento Ciências da Vida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

Orientadora Prof(a) Ms: Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz

Ijuí-RS 2011

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RESUMO... 4 ABSTRACT ... 4 1 INTRODUÇÃO ... 5 2 METODOLOGIA ... 6 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 8 4 DISCUSSÃO E ANÁLISE ... 11 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 16 6 BIBLIOGRAFIAS ... 17

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RESUMO

Objetivo: Identificar na literatura brasileira quais são as demandas de saúde da população indígena. Método: Revisão Integrativa onde o levantamento bibliográfico foi realizado via on-line, no banco de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), utilizamos as palavras-chave: saúde da população indígena, utilizamos como critério de seleção: artigos e dissertações nacionais; completos e que abordem este tema, no período de 10 anos, sendo identificados inicialmente 74 artigos, selecionamos os com idioma em português restaram 40 e excluímos os que falavam de crianças sobraram 34 artigos, então solicitamos os artigos com texto completo e restaram sete artigos que compuseram a amostra do estudo.

Resultados e discussão: Nos resultados foram encontrados basicamente que a população indígena esta exposta a vários tipos de parasitas intestinais, e que a população indígena de Rondônia é responsável por 6,6% das notificações existentes no SINAN (Sistema de Informação e Agravos Notificados) fica claro que à uma escassez de estudos sobre o estado nutricional da população indígena, e à uma prevalência de níveis tensionais elevado onde indica hipertensão arterial na população indígena Suruí de Rondônia, e está comprovada que a malária esta 95% livre de transmissão autóctone da doença entre o povo indígena, e que após a implantação da vacina contra hepatite B nas aldeias indígenas Apyterewa e Xingu houve uma redução de portadores do HBV entre menores de dez anos, e que o processo de alcoolização em populações indígenas do alto Rio Negro o beber problema é constituído a partir de categorias que evidenciam um comportamento inadequado caracterizado pelo comportamento violento. Conclusão: O estudo nos mostra uma carência nas publicações sobre a saúde da população indígena, onde as demandas de saúde estão sendo devido aos fatores de risco em que essas pessoas estão expostos ser muito alto e cuidados de enfermagem são poucos.

Palavras-chaves: saúde, população indígena. ABSTRACT

Objective: To identify the Brazilian literature what are the health demands of the indigenous population. Method: Integrative Review where the literature was conducted via online, the database LILACS (Latin American Literature in Health Sciences), use the keywords: health of the indigenous population, used as selection criteria: articles and national papers, complete and to address this issue, within 10 years, initially identified 74 articles, selected with the remaining 40 in Portuguese language and exclude those who spoke of children on 34 items, then ask the full-text articles and left seven items that comprised the study sample.

Results and discussion: The results were basically found that the indigenous population is exposed to various types of intestinal parasites, and that the indigenous population of Rondônia is responsible for 6.6% of the existing notifications SINAN (Information System and Disease Reported) is course to a lack of studies on the nutritional status of the indigenous population, and a high prevalence of blood pressure levels in hypertension indicates where the indigenous population of

Rondônia Suruí, and it is proven that malaria is 95% free of indigenous transmission of the disease among indigenous people, and that after the implementation of

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of HBV carriers among children under ten years, and that the process of alcoholism in indigenous populations of the upper Rio Negro problem drinking is constructed from categories that show inappropriate behavior characterized by violent behavior. Conclusion: The study shows a deficiency in the publications on the health of the indigenous population, where the health demands are due to the risk factors that these people are exposed to be very high and nursing care are few.

Keywords: health, indigenous population.

1 INTRODUÇÃO

Na vida profissional os enfermeiros são constantemente desafiados na busca de conhecimento científico a fim de promoverem a melhoria do cuidado ao paciente bem como sua qualidade de vida, e na saúde da população indígena este quadro se amplia, pois eles têm características e culturas diferentes. As Diretrizes de um Sistema de Saúde Indígena, em conformidade com o processo de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), deliberam que a atenção de saúde aos índios deve viabilizar um enfoque diferenciado se tratando de um povo com diferentes culturas, origens dentre outros.

A Constituição Federal 1988 definiu a saúde como um direito de todos, neste sentido devem ser garantidas políticas econômicas e sociais em um programa único, para a população indígena. O subsistema atenta para a garantia do direito a uma assistência diferenciada para a população indígena.

A União Federal é responsável pelas ações e serviços de saúde voltados aos povos indígenas e estas são executadas pelo Ministério da Saúde (MS), de forma articulada comas praticas dos sistemas tradicionais indígenas de saúde (Decreto presidencial/91).

No Decreto Presidencial/94 MS está estruturado como um órgão responsável pela coordenação e execução das ações de serviço de saúde dos povos indígenas e pela integração ao SUS e articulação com órgão responsável pela política indigenista do País.

Um estudo elaborado pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio) (2000), indica que entre os problemas mais comuns nos grupos indígenas brasileiros estão

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alcoolismo, sobretudo, nas regiões nordeste, centro-oeste, sudeste e sul. Tal fato pode ser explicado, principalmente, porque nestas macrorregiões os grupos indígenas têm tido uma longa história de contato com a sociedade nacional envolvente e um relacionamento mais continuado com a população regional.

Em estudo sobre epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil (COIMBRA JR. e cols., 2000) descreve as condições de saúde nas tribos indígenas no Brasil de hoje, destacando as intensas transformações, tanto nos perfis epidemiológicos, como na estrutura do sistema de atenção.

Ainda para o mesmo autor apesar de as doenças infecciosas continuarem a ocupar um papel central no perfil epidemiológico indígena no país, surgem rapidamente outros agravos importantes, que incluem doenças crônicas não transmissíveis, tais como diabetes mellitus, hipertensão arterial Sistêmica, neoplasias e obesidade.

Os mesmos autores afirmam que tem ocorrido nas etnias indígenas brasileiras, um aumento de casos das chamadas “doenças sociais” como o alcoolismo e a depressão e que essas ocorrências têm aumentado a taxa de mortalidade dos índios brasileiros, três a quatro vezes mais do que a média nacional, dependendo do Estado da Federação.

O alcoolismo tem sido, portanto, considerado uma das principais causas de mortalidade, seja pelo agravo de doenças como cirrose, diabetes, hipertensão arterial, doenças do coração, do aparelho digestivo, depressão e estresse ou como causa de morte por fatores externos como acidentes, brigas, quedas e atropelamentos (COIMBRA JR. e cols., 2003).

Nesta perspectiva é importante saber o que esta sendo escrito na literatura brasileira na temática em questão. Sendo assim questionam-se quais são as demandas em saúde da população indígena?

Para tanto o estudo teve como objetivo geral: Identificar na literatura brasileira quais são as demandas de saúde da população indígena.

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Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a qual possibilita sumarizar as pesquisas já concluídas e obter conclusões a partir de um tema de interesse.

Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. É um método valioso para a enfermagem, pois muitas vezes os profissionais não têm tempo para realizar a leitura de todo o conhecimento científico disponível devido ao volume alto, além da dificuldade para realizar a análise crítica dos estudos. (Armstrong D, Bortz P. 2001).

Ainda para os mesmos autores em uma revisão integrativa inclui-se a análise de pesquisas que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos.

O revisor avalia criticamente os critérios e métodos empregados no desenvolvimento dos vários estudos selecionados para determinar se são válidos metodologicamente. Esse processo resulta em uma redução do número de estudos incluídos na fase final da revisão. Os dados coletados desses estudos são analisados de maneira sistemática. Finalmente os dados são interpretados, sintetizados e as conclusões são formuladas originadas dos vários estudos incluídos na revisão integrativa.

Uma revisão integrativa pode subsidiar a implementação de intervenções eficazes no cuidado aos pacientes, é necessário que as etapas a serem seguidas estejam claramente descritas. Para a elaboração da revisão integrativa, no primeiro momento o revisor determina o objetivo específico, formula os questionamentos a serem respondidos ou hipótese a serem testadas então realiza a busca para identificar e coletar o máximo de pesquisas primárias relevantes dentro dos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos (Ganong LH. 1987).

O processo de elaboração da revisão integrativa encontra-se bem definido na literatura; entretanto, diferentes autores adotam formas distintas de subdivisão de tal processo, com pequenas modificações.

O levantamento bibliográfico foi realizado pela internet pela Bireme, no banco de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde). Para o

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levantamento dos artigos, utilizamos as palavras-chave: saúde da população indígena.

Realizamos o agrupamento das palavras-chave da seguinte forma: saúde da população indígena and português and not crianças. Os critérios utilizados para a seleção da amostra foram: artigos e dissertações publicados em periódicos nacionais; artigos completos e dissertações que abordem a saúde da população indígena adulta.

O levantamento bibliográfico abrangeu dos anos 2001 a 2011, sendo identificados inicialmente 74 artigos, selecionamos somente os com idioma em português restaram 40 artigos e excluímos os que falavam de crianças sobraram 34 artigos, então solicitamos os artigos com texto completo e restaram sete artigos que compuseram a amostra do estudo.

Os artigos e dissertações encontrados foram numerados conforme a ordem de localização, e os dados foram analisados, segundo os seus conteúdos, pela análise descritiva.

3 RESULTADOS

Após a leitura e análise do conteúdo selecionado, os dados foram sistematizados e apresentados no quadro abaixo (Figura 1), composto pelas variáveis: código, título, periódico, autores, tipo de estudo, objetivos, tema e principais resultados.

Códig o

Título Periódicos Autores Tipo de Estudo Objetivos Principais Resultados A1 Parasitos intestinais na comunidad e indígena Xavante de Pimentel Barbosa, Mato Grosso, Brasil . Dissertação (Mestrado)- Escola Nacional de Saúde Publica Sergio, Rio de Janeiro, 2010. Silva, Gabriella Mendes Vieira da. Pesquisan as fezes conduzida entre xavantesd e Pimentel Barbosa. Colaborar com estudos sobre parasitoses intestinais em populações indígenas. Descrever a frequência das parasitoses intestinais entre os xavantes de PB no ano de 2006. Comparar os Existe uma prevalências para helmintos e protozoários.

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resultados sobre parasitoses intestinais entre xavantes com estudos anteriores realizados nesta etnia. A2 Tuberculos e nas populações indígenas de Rondônia (1997-2006), Amazônia Ocidental û Brasil: uma análise com base no SINAN. Fundação Osvaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Publica Sérgio Arouca. Sidon, LinconlUc hôa Analise retrospecti va descritiva dos casos de tubercuos e notificados junto ao SINAN(19 97-2006). Descrever os aspectos clínicos, epidemiológicos e operacionais da tuberculose disponíveis entre o casos indígenas e não- indígenas notificados no SINAN. Dos casos indígenas parecem ocorrer em sua maioria na zona rural de RO enquanto os não indígenas se concentram mais em áreas urbanas revelando diferentes cenários e necessidade de estratégias que atendam dois contextos. A3 Vigilância alimentar e nutricional para os povos indígenas no Brasil: análise da construção de uma política pública em saúde. Dissertação para obtenção do titulo de Mestre em Ciências, na área de Epidemiologi a em Saúde Publica, 2010. Caldas, Aline Diniz Rodrigues Estudo descritivo qualitativo. Analisar a implementação do SISNAN no âmbito do subsistema de saúde indígena. O resultado de estudos nutricionais apontam para importantes desafios quanto a questão alimentar e nutricional. A4 Epidemiolo gia da hipertensã o arterial e níveis tensionais em adultos indígenas Suruí, Rondônia, Brasil. Fundação Osvaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Publica Sérgio Arouca, 2010. Tavares, Felipe Guimarãe s. Estudo transversa l. Descrever os níveis tensionais e sua relação com condições socioeconômicas e composição corporal entre adultos

indígenas Suruí com idade maior ou igual a 20 anos. Os resultados indicam a emergência de hipertensão entre indivíduos Suruí, o que indica a necessidade de elaboração de estratégias especificas e adaptação de

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politicas publicas de saúde nesse campo às características dos povos indígenas em particular dos Suruí. A5 O modelo hekura para interromper a transmissã o da malária: uma experiência de ações integradas de controle com os indígenas Yanomami na virada do século XX. Ministério da Saúde, Fundação Osvaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Publica Sérgio Arouca. Pithan, Oneron de Abreu. Estudo histórico-descritiva e outro analítico-avaliativa

Tem como objetivo de interromper a transmissão da malária, de elevadíssima morbimortalidade entre esses indígenas. Ao analisar a distribuição espacial da malária demonstrou que 95% do território indígena encontra-se livre da transmissão autóctone da doença. A6 Prevalênci a dos marcadore s sorológicos dos vírus das hepatites B e D na área indígena Apyterewa, do grupo Parakanã, Pará. Cad.Saúde Pública, 23(11):2756-2766, 2007. Nunes, Heloisa Marcelian o; Monteiro, Maria Rita de Cassia Costa; Soares, Manoel do Carmo Pereira. Estudo quantitativ o Pesquisar a prevalência de infecção de hepatite B e D nas comunidades indígenas e analisar a resposta imune as vacinas contra Hepatite B iniciada nas aldeias Apyterewa e Xingu. O estudo identificou endemicidade moderada com prevalência de infecção pregressa pelo HBV de 55,7, com 5,4% de portadores do vírus na aldeia Apyterewa e de 49,5% com 1,1% de portadores na Xingu. A7 O processo de alcoolizaçã o em populações indígenas do Alto Rio Negro e as Revista psiquiátrica clinica 34(2); 90-96, 2007. Souza, Maximilian o Loiola Ponte de; Schweicka rdt, Júlio César; Garnelo, Estudo qualitativo e interdiscipl inar. Aborda a temática do uso de álcool em grupos cuturalmente diferenciado. Na população investigada o “beber problema” é construído a partir de categorias que evidenciam um

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limitações do CAGE como instrument o de screening para dependênc ia ao álcool. Luíza. comportamento disruptivo ou inadequado dos indivíduos caracterizado pelo comportamento violento.

Figura 1: Distribuição dos artigos selecionados, segundo Código, Título, Periódico, Autores, Tipo de Estudo, Objetivos e Principais Resultados, 2011.

4 DISCUSSÃO E ANÁLISE

Na enfermagem nacional os enfermeiros precisam vencer diferentes barreiras para a condução e/ou utilização de resultados de pesquisas na prática clínica, principalmente no que se refere à falta de preparo para o processo de investigar, dificuldades para a avaliação crítica dos estudos disponíveis e para a transferência do conhecimento novo para a prática.

Dos artigos encontrados cinco são de profissionais enfermeiros que fizeram mestrado em saúde publica e dois artigos de profissionais médicos. A quantidade e a complexidade das informações na área da saúde e principalmente no que diz respeito à saúde indígena, e o tempo limitado dos profissionais têm determinado a necessidade do desenvolvimento de processos que proporcionem caminhos concisos até os resultados.

No artigo Silva (2010) retrata uma pesquisa sobre as parasitoses intestinais na comunidade Xavante do Mato Grosso, onde segundo a pesquisa, há uma prevalência alta de helmintos e protozoários onde é comum mais de 50% da população ser acometida por estas espécies, de 196 amostras analisadas 40,3% foram positivas para helmintos e 35,7% para protozoários, a prevalência obtida foi elevada, pois sabe-se que as condições de saúde dos Xavantes são ainda pouco conhecidas, embora não tenha sido possível conhecer aspectos sobre as infecções por amebídeos, os diagnósticos feitos em relação a helmintos e protozoários levaram ao tratamento especifico de cada individuo.

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Segundo Amato Neto (1991) à presença de parasitoses nas comunidades indígenas é bem presente, pois os fatores de risco são muito altos devido às más condições de saneamento básico e habitacional dessas comunidades.

No artigo 2 os autores optaram em classificar e analisar os indivíduos de forma agrupada, quanto a sua origem étnica” indígenas e não- indígenas”, e nos resultados descreve os indicadores clínicos, epidemiológicos e operacionais, com ênfase na analise de indicadores. A distinção de casos de tuberculose notificados segundo suas características sócio demográfico e geográficas podendo contribuir não só para a reorganização das estratégias de prevenção e controle de TB ( Tuberculose), mas também para a efetividade destas ações. Os povos indígenas de Rondônia foram responsáveis por 6,6% dos casos notificados no SINAN ( Sistema de Informação e Agravos de Notificação) de 1997-2006.Uma prevalência também aumentada se comparada com a população branca.

Segundo Coimbra Jr. 2000 a tuberculose instalou-se entre os indígenas no início da década de 1970 e, desde então, vem se mantendo altamente endêmica. A tuberculose permanece como prioridade de saúde pública no Brasil e atinge níveis preocupantes em certos segmentos sociais, como é o caso dos povos indígenas da aldeia Suruí em RO.

Em RO ( Rondônia) a alta prevalência de TB ativa a presença de bacilos multirresistentes nos Suruí expõem todas as etnias e populações a um alto risco de infecção, adoecimento e morte. Além disso, foram apontadas falhas nos serviços de diagnostico e tratamento dos casos indígenas notificados, complicando ainda mais a situação.

A Tuberculose permanece como um problema mundial de saúde pública que ocorre, principalmente nos segmentos menos favorecidos da população, constituindo-se em um indicador das disparidades étnico/raciais em saúde. A tuberculose é uma infecção causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a qual mais comumente afeta os pulmões (tuberculose pulmonar), mas também pode atingir o sistema nervoso central (meningite), sistema linfático, sistema circulatório (tuberculose miliar), sistema geniturinário, ossos e articulações (Romero-Sandoval 2007).

No artigo 3 a autora se baseia em modelos de análise de saúde publica sobre qual é a concepção do SISVAM (Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional)

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no subsistema de saúde indígena, refere que os condicionantes que levaram ao reconhecimento dos elevados déficits nutricionais dos povos indígenas como problema de saúde pública pelos gestores governamentais da saúde indígena e a escolha da implantação da vigilância alimentar e nutricional nos DSEI( Distrito Sanitário Especial Indígena) como alternativa mais viável, onde algumas pessoas tinham carência alimentar da capacidade de produção de alimentos, condição sanitária inadequada, doenças infecciosas ou parasitárias e dietas pobres, redução de disponibilidade de alimentos tradicionais.

Segundo Coimbra Jr. 1991 a prevalência de desnutrição na população indígena brasileira é elevada, superior à identificada em comunidade indígena urbana e área rural da região Centro-Oeste, mas inferior às reportadas por grupos indígenas da região amazônica.

A desnutrição abrange condições patológicas decorrentes da falta de energia e proteínas em variadas proporções e são agravadas por infecções repetidas. A prevalência de desnutrição no Brasil é substancialmente maior nos países de terceiro mundo e o seu quadro usualmente é em decorrência da situação socioeconômica das famílias, que não tem condições de oferecer a criança uma alimentação adequada e ou pelo desconhecimento de uma alimentação balanceada. A desnutrição crônica causa o comprometimento do índice estatura/idade, indicando que a pessoa tenha o crescimento comprometido em processo de longa duração o que significa nanismo, já a desnutrição aguda reflete no déficit do índice peso/estatura, mostrando um comprometimento mais recente do crescimento com reflexo mais pronunciado no peso, esses fenômenos normalmente acometem crianças.

No artigo 4 o autor apresenta um artigo discutindo a prevalência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) no Suruí de Rondônia, apesar desse estudo identificar pela primeira vez casos HAS no Suruí apontam para uma possível emergência no grupo, a prevalência desse agravo permanece superior àquelas observadas nos estudos realizados com outras populações indígenas e não indígenas, portando indica a necessidade de elaboração de estratégias especificas e adaptação das politicas publicas de saúde nesse campo, com o objetivo de prevenir e controlar os fatores de risco e o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade e hipertensão arterial.

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Para isso é necessário o planejamento e a implantação de ações que visem orientar os Suruí quanto ao adequado consumo de sal, açúcar, alimento industrializados, gorduras, bem como a realização de atividades físicas, medidas preventivas importantes na prevenção das doenças e agravos não transmissíveis (DANT).

Segundo GIMENO, Suely Godoy Agostinho et al 2007 sugerem a necessidade de implementação de medidas que visem tanto ao controle como à prevenção da obesidade e outros fatores de risco cardiovasculares entre esses indivíduos.

No artigo 5 o autor faz uma analise da distribuição espacial da malária em uma reserva indígena de Rondônia onde demonstrou que mais de 95% do território indígena encontra-se livre de transmissão autóctone da doença, com ocorrência de 83 casos no segundo semestre de 2002, estes casos são restritos a localidades de periferia.

Para Carvalho M.E 1985, a persistência da transmissão de malária na região de São Paulo demonstrou a necessidade de ser adotada abordagem mais abrangente do problema do que a tradicionalmente usada. Serão, portanto, propostos estudos de geografia humana visando analisar, de modo mais profícuo, as condições de instalação e manutenção do foco.

No artigo 6 as autoras revelam populações jovens constituídas de indígenas com idade abaixo de vinte anos, o estudo identificou padrão de endemicidade moderada com prevalência de infecção pregressa pelo HBV

( carga viral da hepatite B). O estudo mostra que nas aldeias Apyterewa e Xingu a transmissão horizontal familiar tem maior importância que a transmissão vertical, e que a transmissão sexual parece ser significante nessas populações as quais apresentam características crescentes de infecções relacionadas à idade e a prevalência de hepatites nesta população é grande.

Para Bensabath, G. 1987 já se tem documentado epidemia de hepatite D com elevada letalidade em tribo indígena do norte da América do Sul, onde havia previamente alta prevalência de portadores do HBsAg.

No artigo 7 nos mostra que na população investigada o “ beber problema” é construído a partir de categorias que evidenciam um comportamento disruptivo ou inadequado dos indivíduos, caracterizado pelo comportamento violento, no campo de estudo dos problemas de consumo de álcool os autores identificam a

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necessidade de aprofundamento de pesquisa que permitam viabilizar a articulação interdisciplinar entre conceitos tão diversos como dependência.

Para COIMBRA Jr. 2003 a situação descrita “alcoolismo” demonstra a necessidade de intervenções específicas, pois a questão do alcoolismo e da violência podem ter significado e interpretações muito diferentes para cada grupo étnico, em relação ao mesmo fenômeno.

Para Kaplan et al., 1997 a ampla aceitação de que a dependência ao álcool se constitui em uma doença está relacionada ao sucesso dos grupos Alcoólicos Anônimos que explicitamente a adotam. Dentre as evidências que apontam para uma etiologia biológica para a dependência ao álcool, pode-se enumerar: risco de três a quatro vezes maior de desenvolver o quadro, caso o indivíduo tenha um parente em primeiro grau portador desta condição.

Oliveira (2001), utilizando um enfoque antropológico, aborda a questão do “alcoolismo” entre os Kaingang onde relata que o uso de bebidas alcoólicas

fermentadas é um costume antigo, associado tanto ao contexto religioso quanto ao profano, sendo regulamentado por diversas normas sociais. Defende que a introdução, de alambiques para a preparação de bebidas destiladas na época da conquista de seu território, está associada ao surgimento dos problemas relacionados ao uso de álcool nessa etnia. Para ela, o “alcoolismo” tem, por um lado, suas raízes na cultura tradicional e, por outro, na incorporação e transformação de costumes a partir da conquista, com a introdução da cachaça.

Segundo III Conferencia Nacional de Saúde Indígena 2001 a saúdeindígena é um tema central na luta dos povos indígenas pela conquista de seus direitos, dada à precária situação, em termos de acessos aos serviços, a que eles estão submetidos no Brasil. Para melhor compreensão acerca da realidade brasileira, é necessário resgatar alguns princípios sobre saúde e o entendimento do processo saúde e doença, levando-se em conta as especificidades culturais de cada uma das etnias presentes no País.

Por isso a necessidade de entender que o processo saúde e doença é parte integrante de contextos socioculturais e, portanto, deve ser abordado, no âmbito das políticas de saúde, de forma a contemplar a participação social, a intersetorialidade, a integralidade das ações e, sobretudo, a diversidade cultural, em se tratando das populações indígenas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A melhora do estado de saúde dos povos indígenas não ocorre pela simples transferência para eles de conhecimentos e tecnologias da biomedicina, considerando-os como receptores passivos, despossuídos de saberes e práticas ligadas ao processo saúde-doença.

As demandas de saúde da população indígena são muitas e cabe aos profissionais de saúde fazer educação em saúde. As principais demandas apontadas pelos artigos selecionados forma alta prevalência entre os indígenas do Mato Grosso de helmintos e protozoários, alta prevalência de tuberculose. Apontam para importantes desafios quanto a questão alimentar e nutricional, indicam a emergência de hipertensão arterial entre indivíduos Suruí, o que indica a necessidade de elaboração de estratégias especificas e adaptação de politicas publicas de saúde nesse campo às características dos povos indígenas em particular dos Suruí.

Ao analisar a distribuição espacial da malária demonstrou que 95% do território indígena encontram-se livre da transmissão autóctone da doença, identificou endemicidade moderada com prevalência de infecção pregressa pelo HBV de 55,7, com 5,4% de portadores do vírus na aldeia Apyterewa e de 49,5% com 1,1% de portadores na Xingu. Para os indígenas do alto Rio Negro o “beber problema” é construído a partir de categorias que evidenciam um comportamento disruptivo ou inadequado dos indivíduos caracterizado pelo comportamento violento.

Sendo assim a fraca cobertura sanitária das comunidades indígenas, a deterioração crescente de suas condições de vida, a ausência de um sistema de busca ativa dos casos de doenças, os problemas de acessibilidade (geográfica, econômica, linguística e cultural) aos centros de saúde, a falta de supervisão dos doentes em regime ambulatorial e o abandono frequente pelos doentes do tratamento favorecem a manutenção de endemia, mortalidades, morbidades entre as populações indígenas no Brasil.

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