• Nenhum resultado encontrado

A inconstitucionalidade material do artigo 1.790 do código civil brasileiro de 2002.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A inconstitucionalidade material do artigo 1.790 do código civil brasileiro de 2002."

Copied!
65
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO

CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

NAIANNY KALLINY NÓBREGA GONÇALVES

A INSCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DO ARTIGO 1.790 DO

CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2002

SOUSA - PB

2007

(2)

A INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DO ARTIGO 1.790 DO

CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2002

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Jurídicas e Sociais do CCJS da

Universidade

Federal

de

Campina

Grande, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharela em

Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: Profº. Alexandre da Silva Oliveira.

SOUSA - PB

2007

(3)

A I N C O N S T I T U C I O N A L I D A D E M A T E R I A L D O A R T I G O 1.790 D O C O D I G O CIVIL B R A S I L E I R O DE 2 0 0 2

A p r o v a d a e m : d e de 2 0 0 7 .

C O M I S S A O E X A M I N A D O R A

Prof. A l e x a n d r e Oliveira d a Silva Orientador

M e m b r o d a B a n c a E x a m i n a d o r a

M e m b r o d a B a n c a E x a m i n a d o r a

S o u s a - P B J u n h o / 2 0 0 7

(4)

p r e s e n t e s e m t o d o s o s m o m e n t o s , ao m e u marido q u e s e g u i u c o m i g o n e s s a longa c a m i n h a d a e principalmente a m i n h a filha M a r i a Isabel, a quern d e d i c o inteiramente t o d a a m i n h a vida.

(5)

A g r a d e c o inicialmente a D e u s , por m e dar a o p o r t u n i d a d e de concluir esta importante etapa, q u a n d o muitos n a o p o d e m o u n a o c o n s e g u e m , a o s meus pais q u e m e c o n d i c i o n a r a m a c h e g a r a o final d e s t a c a m i n h a d a , a o s m e u s irmaos p e l o a p o i o e dedicagao, ao m e u m a r i d o p e l o incentivo e a j u d a n a realizagao deste projeto, a m i n h a a m a d a filha Maria Isabel, p e l a sua simples existencia, a qual representa a maior fortaleza d a m i n h a vida, a o professor A l e x a n d r e pela grandiosa colaboracao, a o s meus a m i g o s pela a m i z a d e d e d i c a d a , f i n a l m e n t e a t o d o s q u e c o n t h b u f r a m direta ou indiretamente p a r a e s s a conquista. A t o d o s m e u s e t e r n o s e e s t i m a d o s a g r a d e c i m e n t o s .

(6)

comegar de novo com mais intelig§ncia. 0 passado sd nos serve para mostrar nossas falhas e fornecer indicagdes para o progresso no futuro."

(7)

A p e s q u i s a cientffica destina-se a u m a a b o r d a g e m a respeito d o direito s u c e s s o r i o do c o m p a n h e i r o , d e s t a c a n d o o injusto t r a t a m e n t o d a d o p e l o legislador civil brasileiro ao regulamentar a s relagoes patrimoniais do instituto d a uniao estavel, relativo a dissolucao do v i n c u l o afetivo e m r a z a o d a m o r t e d e urn d o s c o m p a n h e i r o s . M e d i a n t e o e m p r e g o d o s m e t o d o s exegetico-juridico e d o historico-evolutivo b u s c a - s e e n g r a n d e c e r o raciocinio j u r i d i c o a respeito d o t e m a , a t r a v e s d e u m a f u n d a m e n t a c a o teorica e legal q u e justifique a c o n s t a t a c a o d a n e c e s s i d a d e de u m a solugao mais benefica e m e n o s atroz a situacao d o c o n v i v e n t e supersiste no atual sistema jurfdico. C o n s i d e r a n d o q u e , o o r d e n a m e n t o p r o c u r a recepcionar t o d a s as classes de

herdeiros possfveis, t e n d o e m vista, a c o n s a g r a c a o d e d e t e r m i n a d o s principios constitucionais, c o m o a i g u a l d a d e e a d i g n i d a d e h u m a n a , o b s e r v a - s e u m a total d i s c r e p a n c i a ao ser e v i d e n c i a d o q u e o elaborador d a lei conferiu tratamento diferenciado c o n c e r n e n t e a o direito d e h e r a n c a d o c o m p a n h e i r o , f a c e as v a n t a g e n s a t r i b u i d a s ao c o n j u g e , c a r a c t e r i z a n d o a s s i m , urn o b s t a c u l o a j u s t a aplicagao d a lei. £ n e s s e d i a p a s a o q u e s e r a o a b o r d a d a s inicialmente a e v o l u g a o historica d o instituto d a uniao estavel, b e m c o m o s u a distingao c o m a figura d o c o n c u b i n a t o , no quais muitos a i n d a c o n f u n d e m , c o m o t a m b e m a d i f e r e n c i a c a o entre m e a c a o e h e r a n c a , bastante importante p a r a c o m p r e e n s a o do aludido t e m a . O b s e r v a - s e ainda, o p r o g r e s s o d a relacao estavel e s e u s p r e s s u p o s t o s c o m o e l e m e n t o s indispensaveis a o s e u r e c o n h e c i m e n t o c o m o constituidora d e f a m i l i a legftima, sob a p r o t e c a o do E s t a d o . E relevante verificar q u e e m b o r a o legislador t e n h a s e p r e o c u p a d o e m r e g u l a m e n t a r tal instituto, erigindo-o a categoria de e n t i d a d e familiar, n a o o fez perfeitamente, u m a v e z q u e foi o b s c u r o e impreciso nas n o r m a s a e l e relacionadas, c a u s a n d o d i v e r g e n t e s interpretagoes atinentes, cujo d e s a f i o s e f a z no sentido de c o m p l e m e n t a r a o m i s s a o e c o n f u s a o legal. D e s t a c a - s e a atual posigao do c o m p a n h e i r o no direito s u c e s s o r i o d e f o r m a c o m p a r a t i v a c o m a d o conjuge, bem c o m o a possibilidade d e c o n c o r r e n c i a c o m o s d e m a i s herdeiros sucessiveis. Por fim, s e r a o a n a l i s a d o s o s recentes p o s i c i o n a m e n t o s doutrinarios e crfticas d e e s t u d i o s o s q u e s u s t e n t a m a n e c e s s i d a d e d e s e resolver j u r i d i c a m e n t e e s s e impasse, d e f e n d e n d o a inconstitucionalidade d o artigo 1.790 do n o v o D i p l o m a Civil, e v i t a n d o -se assim, interpretagoes e r r o n e a s c o m c o n s e q u e n t e prejufzo a q u e l e q u e , c u r i o s a m e n t e , tern s u a igualdade g a r a n t i d a e m lei.

(8)

L a r e c h e r c h e scientifique est d e s t i n e e a u n e a p p r o c h e c o n c e r n a n t le s u c e s s o r i o d u droit d u c o m p a g n o n s u c c e s s i o n , d e t a c h e r le traitement injuste d o n n e par le legislateur civil bresilien q u a n d regler les rapports patrimoniaux d e Pinstitut de Punion stable, relatif a la dissolution de Pattache a f f e c t u e u s e d a n s raison de la mort d'un d e s c o m p a g n o n s . Par le travail d e Pexegetico m e t h o d e s exegesis-juridiques et d e Phistorique evolutionnaire il a c h e r c h e pour a u g m e n t e r le r a i s o n n e m e n t juridique c o n c e r n a n t le t h e m e , a t r a v e r s u n f u n d a m e n t a c a o t h e o r i q u e et legal f o n d a t i o n qu'il justifie la verification d u b e s o i n d'une solution plus salutaire et m o i n s impitoyable la situation d u c o n v i v e n t e c o e x i s t e n c e supersiste d a n s le s y s t e m e j u r i d i q u e courant. V u q u e , I'ordenamento e s s a i e d e recevoir toutes les c l a s s e s d e s heritiers possibles, s o i g n e d a n s v u e , la c o n s e c r a t i o n certains c o m m e n c e m e n t s constitutionnels, c o m m e Pegalite et la dignite h u m a i n e , q u ' u n e contradiction totale est o b s e r v e e q u a n d etre m a n i f e s t e q u e le f a i s e u r d e la loi a verifie traitement differencie c o n c e r n a n t le droit de Pheritage d u c o m p a g n o n , faites f a c e a u x a v a n t a g e s attribues a I'epoux, e n caracterisant c o m m e ceci, u n obstacle a Papplication j u s t e d e la loi. E d a n s ce ton q u e les you/they seront a p p r o c h e s initialement I n v o l u t i o n historique d e Pinstitut de Punion stable, a u s s i bien q u e s a distinction a v e c I l l u s t r a t i o n d u c o n c u b i n a t o d a n s lequel b e a u c o u p c o n f o n d e n t e n c o r e , aussi b i e n q u e la d i f f e r e n t i a t i o n d e m i et heritage, tout a fait important pour c o m p r e n d r e d u t h e m e m e n t i o n n e . II est e n c o r e o b s e r v e , le progres d u rapport stable et leurs p r e s u p p o s i t i o n s c o m m e e l e m e n t s i n d i s p e n s a b l e s a sa r e c o n n a i s s a n c e c o m m e a c o n s t i t u e d e famille legitime, s o u s la protection de I'Etat. E pertinent verifier q u e bien q u e le legislateur ait si inquiet d a n s regler le tel institut, elever him/it la categorie d'entite d e la famille, il n'a p a s fait parfaitement h i m , u n e fois c'etait o b s c u r et imprecis d a n s les n o r m e s a lui a p p a r e n t e , c a u s e r divergent a p r o p o s d'interpretations d o n t defient si il fait d a n s le s e n s de c o m p l e t e r Pomission et c o n f u s i o n legale. II positions d e h o r s la place d u c o u r a n t du c o m p a g n o n d a n s le b o n s u c e s s o r i o d a n s u n c h e m i n comparatif a v e c celui d e Pepoux, aussi bien q u e la possibility d e la c o m p e t i t i o n a v e c I'autre sucessfveis d e s heritiers. Les p o s i t i o n n e m e n t s doctrinaires r e c e n t s et les critiques d e specialistes qui s o u t i e n n e n t le b e s o i n d e r e s o u d r e cette i m p a s s e j u r i d i q u e m e n t seront a n a l y s e e s finalement, a eux, e n d e f e n d a n t Panti-constitutionnalite d e Particle 1.790 d u n o u v e a u D i p l o m e Civil, etre evite c o m m e c e c i , interpretations e r r o n e e s a v e c degat c o n s e q u e n t a que qui, e t o n n a m m e n t , il a s o n egalite garantie d a n s loi.

(9)

I N T R O D U Q A O 10

C a p i t u l o 1 Nogoes preliminares 13 1.1 D e s e n v o l v i m e n t o Historico - C o n s i d e r a c o e s gerais 13

1.2 Diferengas entre c o n c u b i n a t o e u n i a o estavel 19

1.3 Distincao entre h e r a n c a e m e a c a o 2 4 C a p i t u l o 2 Disciplina j u r i d i c a d a uniao estavel 2 8

2.1 P a n o r a m a d a u n i a o estavel s o b a e g i d e d a C F / 1 9 8 8 2 8 2.2 A relacao d e c o m p a n h e i r i s m o a luz d a s Leis n. 8 9 7 1 / 9 4 e 9 2 7 8 / 9 6 . . 3 2

2.3 Disposigoes sobre a u n i a o estavel n o C o d i g o Civil d e 2 0 0 2 4 0

2.4 A l i m e n t o s entre os c o m p a n h e i r o s 4 4 C a p i t u l o 3 S u c e s s a o d o c o m p a n h e i r o 4 8 3.1 A n a l i s e c o m p a r a t i v a entre a tutela s u c e s s o r i a d o s c o n j u g e s e

c o m p a n h e i r o s n a legislagao brasileira 4 8 3.2 Divergencias a c e r c a d a s l a c u n a s d e i x a d a s pelo C o d i g o Civil de 2 0 0 2

e m f a c e do direito s u c e s s o r i o d o s c o m p a n h e i r o s 5 3 3.3 Inconstitucionalidade d o art. 1.790 d o C o d i g o Civil d e 2 0 0 2 5 8

C O N S I D E R A Q 0 E S F I N A I S 6 5

(10)

I N T R O D U Q A O

A d i s c u s s a o relativa ao direito sucessorio d o c o m p a n h e i r o constitui urn d o s i n u m e r o s q u e s t i o n a m e n t o s s u r g i d o s na esfera do Direito d e Famflia, devido a a b o r d a g e m restritiva d a d a p e l o elaborador d a n o r m a civil vigente. A p e s a r d a e x t e n s a q u a n t i d a d e d e e s t u d o s doutrinarios existentes a respeito do t e m a , a p e s q u i s a realizada nao e s g o t a c o m p l e t a m e n t e o a s s u n t o e m r a z a o de sua a m p l i t u d e e c o m p l e x i d a d e .

E m b o r a a u n i a o estavel t e n h a a l c a n c a d o o status d e e n t i d a d e familiar, e q u i p a r a n d o - s e ao instituto d o c a s a m e n t o , verificar-se-a n a a b o r d a g e m legal q u e a ela e d a d a , u m a limitagao d e direitos c o n c e r n e n t e s a s r e l a c o e s patrimoniais q u e f e r e m principios c o n s a g r a d o s constitucionalmente, c o m o a i g u a l d a d e e a liberdade.

E nesse contexto q u e a p e s q u i s a s e d e s e n v o l v e , a s p i r a n d o fortalecer a s reflexoes j u r i d i c a s q u e se p o s i c i o n a m f a v o r a v e l m e n t e a u m a aplicabilidade m a i s j u s t a e eficaz

d a norma.

T e n d o e m vista tratar-se d e urn a s s u n t o por d e m a i s p o l e m i c o , gerador de c e l e u m a j u r i d i c a e c a u s a d o r d e injusticas no a m b i t o p r a g m a t i c o , motiva o e s t u d i o s o a o seu a p r o f u n d a m e n t o n a b u s c a d e c o m p r e e n d e r o q u e levou o elaborador d a lei a versar s o b r e o t e m a d e m a n e i r a infima e p r e c o n c e i t u o s a atribuindo urn t r a t a m e n t o inferior e d e s v a n t a j o s o p a r a o c o m p a n h e i r o f a c e aos p r i v i l e g e s conferidos ao c o n j u g e sobrevivente.

A p e s q u i s a cientifica d e s e n v o l v e r - s e - a m e d i a n t e a utilizacao dos m e t o d o s exegetico-juridico, p a r a a analise interpretativa d a s p r o p o s i c o e s legais e doutrinarias c o n c e r n e n t e s ao t e m a , b e m c o m o o historico-evolutivo, que objetiva apresentar a e v o l u c a o d o instituto d a u n i a o estavel e d a s u a aplicabilidade legal, a

(11)

fim de tracer u m paralelo entre a s diversas leis q u e disciplinam a materia e m diferentes e p o c a s .

0 capftulo i n i t i a l fara u m a a b o r d a g e m a c e r c a d a e v o l u c a o historica, d i r e c i o n a n d o - s e a o direito classico, n a tentativa de c o m p r e e n d e r a t r a n s m i s s a o d o patrimonio e s u a s c o n s e q u e n c i a s j u r i d i c a s atraves d o s t e m p o s ; b e m c o m o a distincao entre o s institutes d a u n i a o estavel e d o c o n c u b i n a t o , f r e q u e n t e m e n t e c o n f u n d i d o s . Far-se-a, t a m b e m , u m m i n u c i o s o e s t u d o sobre o s direitos d a m e a c a o e d a h e r a n c a , p r o c u r a n d o d e m o n s t r a r a diferenga entre a m b o s , r e s p e i t a n d o - s e as peculiaridades d e c a d a u m , r e f o r c a n d o - s e a ideia d e q u e a m e a c a o n a o se c o n f u n d e c o m a heranca.

N o c a p i t u l o i n t e r m e d i a r y sera enfatizado o instituto d a u n i a o estavel e m toda sua plenitude, e x p o n d o sua e v o l u c a o n o o r d e n a m e n t o jurfdico brasileiro, d e s d e os primeiros d i p l o m a s legais q u e r e g u l a m e n t a r a m o referido instituto, d e s t a c a n d o o s r e g r a m e n t o s p r o p o s t o s pela Constituigao Federal, pelas Leis n ° 8.971/94 e 9.278/96, a t e as disposigoes e l e n c a d a s no atual C o d i g o Civil; ressaltando as principals m u d a n g a s s o t i a i s , e a s transformagoes o c a s i o n a d a s no decorrer d e s s a s n o r m a s legais.

N o s u b s e q u e n t e e ultimo c a p i t u l o proceder-se-a c o m a analise meticulosa d a problematica proposta, atraves d a exposigao d e u m e s t u d o c o m p a r a t i v o d a s u c e s s a o d o c o n j u g e e d o c o m p a n h e i r o , b e m c o m o d a c o n c o r r e n c i a c o m os d e m a i s herdeiros s u c e s s i v e i s . T r a t a r - s e - a d a p o l e m i c a q u a n t o a previsao injusta d o C o d i g o Civil d e 2 0 0 2 , a s s i m c o m o d a s criticas doutrinarias e jurisprudenciais a c e r c a do direito s u c e s s o r i o d o s c o m p a n h e i r o s . Por fim, apresentar-se-a a dificuldade, q u e tern o jurista, n a aplicabilidade d a norma, e m razao d a s u a o b s c u r i d a d e e s e u t r a t a m e n t o p o r m e n o r i z a d o d a d o a o s conviventes, c u l m i n a n d o

(12)
(13)

C A P I T U L O 1 N O Q O E S P R E L I M I N A R E S

1.1 D e s e n v o l v i m e n t o historico - C o n s i d e r a g o e s g e r a i s

E s a b i d o q u e a s d e n o m i n a d a s " u n i o e s livres" (extramatrimoniais) entre h o m e m e m u l h e r s e m p r e existiram e e n c o n t r a r a m - s e p r e s e n t e s n a s mais antigas civilizagoes, no entanto, so p a s s a r a m a a p r e s e n t a r relevante n e g a c a o jurfdica a partir d a instituicao d o c a s a m e n t o s o b f o r m a legal no s e c u l o X V I , c o m isso surgiu a g r a n d e r e p r o v a c a o d a uniao estavel.

N o direito r o m a n o e r a u m a f o r m a d e u n i a o inferior a o c a s a m e n t o , s e m efeitos j u r i d i c o s , por s e r e m tais r e l a c o e s d e s p r o v i d a s d e f o r m a l i d a d e s , c o n t u d o , e r a m licitas e nao r e p r o v a d a s pela s o c i e d a d e por n a o a t e n t a r e m a m o r a l ; p o r e m , os filhos n a s c i d o s d e s s a u n i a o e r a m c o n s i d e r a d o s ilegftimos, p e r m a n e c e n d o v i n c u l a d o s a f a m i l i a materna. Era u m a d a s f o r m a s d o c a s a m e n t o cum manu, c o n h e c i d a c o m o usus, o q u a l c o r r e s p o n d i a a u m c a s a m e n t o d e f a t o , e s t a b e l e c i d o pela c o n v i v e n c i a ininterrupta do h o m e m e d a m u l h e r por m a i s d e u m a n o , n a p o s s e d o e s t a d o d e c a s a d o s .

Historicamente, a Igreja C a t o l i c a t e v e i m p o r t a n t e influencia sobre as d i v e r s a s s o c i e d a d e s , c o m a s u a posigao contraria e intolerante e m r e l a c a o a e s s a u n i a o vista c o m o irregular, n a o a d m i t i n d o q u e o s p r i n c l p i o s n o r t e a d o r e s d a moral e d o s b o n s c o s t u m e s q u e a b r a n g e m a f a m i l i a legitima f o s s e m a b a l a d o s por r e l a c i o n a m e n t o s informais, p a s s a n d o a coibir a b s o l u t a m e n t e e s s a s unioes c o n c u b i n a r i a s ; c o n t u d o , s u a c o n d e n a c a o foi b a s t a n t e notoria c o m o C o n c i l i o d e Trento, q u e tornou obrigatoria a c e l e b r a g a o f o r m a l d o matrimonio, s e n d o os c o n c u b i n o s a p e n a d o s c o m e x c o m u n h a o , s e persistissem e m s e u s r e l a c i o n a m e n t o s .

(14)

N o Brasil, a legislacao civil c o d i f i c a d a reflete o p e n s a m e n t o d a b u r g u e s i a agraria cafeeira q u e detinha o p o d e r politico e e c o n o m i c o e m a n i p u l a v a a polftica nacional. A s c l a s s e s m e d i a s u r b a n a s e s t a v a m politicamente v i n c u l a d a s as c l a s s e s d o m i n a n t e s , invejavam s e u s p r i v i l e g e s e cultivavam o s s e u s valores. E patente a influencia do direito c a n o n i c o n a f o r m a c a o d e s s e s v a l o r e s e indiscutfvel a influencia d a religiao e d a m o r a l n a f o r m a c a o d o s v i n c u l o s f a m i l i a r e s e na a d o c a o d a s s o l u g o e s legislativas. A u n i a o d e fato d e p e s s o a s d e sexo diferente, e m b o r a t e n h a sido s e m p r e n u m e r o s a n o Brasil, n a o foi d e v i d a m e n t e r e g u l a m e n t a d a pelo C o d i g o Civil.

No direito brasileiro, d a v a - s e r e f e r e n d a a s disposigoes que tinham c o m o e s c o p o a protegao d a "familia legitima". O C o n c u b i n a t o , a p e s a r de s e m p r e ter se revelado c o m o u m a r e a l i d a d e s o c i a l , t a r d o u a ter s e u s efeitos r e c o n h e c i d o s pelo n o s s o o r d e n a m e n t o j u r i d i c o . Isso se d e v e ao f a t o d a n o s s a legislacao, d e s d e s e u s primeiros d i p l o m a s legais, v e r n o c a s a m e n t o a u n i c a f o r m a p o s s i v e l d e constituigao d a famflia, m o s t r a n d o - s e s e m p r e inflexfvel q u a n t o ao r e c o n h e c i m e n t o de efeitos positivos a d v i n d o s d a s relagoes c o n c u b i n a r i a s , m e s m o a s c o n s t i t u i d a s s e m i m p e d i m e n t o s matrimoniais, d e n o m i n a d a s d e c o n c u b i n a t o s p u r o s . N e s t e contexto, ao m a t r i m o n i o e r a d e s t i n a d a t o d a a r e g u l a m e n t a c a o q u e se p r o d u z i a , estando, portanto, q u a l q u e r outra f o r m a d e a g r u p a m e n t o familiar e x c l u i d a de protegao. Por esta razao, o C o d i g o Civil d e 1916 f a z i a m e n g a o a p e n a s ao c o n c u b i n a t o adulterino, t r a t a n d o - o c o m o e s t r a n h o a o Direito; c o n f o r m e s e identifica n e s s e s dispositivos q u e o b j e t i v a v a m evitar q u a l q u e r f a v o r e c i m e n t o a "concubina", por e x e m p l o , o art. 1.177, q u e proibia a d o a g a o d o c o n j u g e adultero ao s e u c u m p l i c e ; o art. 1.719, inciso III, q u e v e d a v a a n o m e a g a o d e c o n c u b i n a de testador c a s a d o c o m o herdeira o u legataria e m u m t e s t a m e n t o e o art. 183, inciso V I I , q u e proibia o c a s a m e n t o do

(15)

c o n j u g e adultero c o m o s e u co-reu. O unico efeito positivo previsto no C o d i g o Civil de 1916 se refere a possibilidade d e r e c o n h e c i m e n t o d e filhos, q u a n d o ao t e m p o d a c o n c e p g a o , pai e m a e se e n c o n t r a v a m e m r e g i m e d e c o n c u b i n a t o , c o n f o r m e art. 363, inciso I. A s s i m , n a o havia q u a l q u e r possibilidade d e atribuicao d e direitos s u c e s s o r i o s a o s c o n c u b i n o s , pois tais direitos s o m e n t e n a s c e r i a m se existisse relagao matrimonial.

Deste m o d o , h o m e n s e m u l h e r e s q u e viviam u m a r e l a c a o estavel e d u r a d o u r a , sem o v i n c u l o f o r m a l d o m a t r i m o n i o n a o f a z i a m j u s a o s direitos q u e e r a m conferidos as p e s s o a s c a s a d a s , d e n t r e estes, o s direitos sucessorios. C o m o as relagoes de c o n c u b i n a t o n a o e r a m c o n s i d e r a d a s e n t i d a d e s a p t a s a constituir u m a f a m i l i a , o s c o n c u b i n o s e s t a v a m p r i v a d o s d o s efeitos d a s u c e s s a o hereditaria. C o n t u d o , a jurisprudencia j a r e c o n h e c i a direitos obrigacionais na d i s s o l u c a o d a s o c i e d a d e conjugal concubinaria, d e t e r m i n a n d o a divisao entre o s c o m p a n h e i r o s do patrimonio adquirido pelo e s f o r c o c o m u m , i m p e d i n d o a s s i m a o c o r r e n c i a de e n r i q u e c i m e n t o s e m c a u s a por u m d o s c o n c u b i n o s . Essa posigao foi e s t a b e l e c i d a na S u m u l a 3 8 0 do S T F , q u e dizia: "Comprovada a existencia da sociedade de fato entre

os concubinos, 6 cabivel a sua dissolucSo judicial, com a partilha do patrimdnio adquirido pelo esforco comum." L o g o , o u t r o s direitos f o r a m c o n f e r i d o s a

c o m p a n h e i r a , tais c o m o , o d e r e c e b e r indenizacao d o c o m p a n h e i r o morto por a c i d e n t e de trabalho e d e transito, d e s d e q u e n a o f o s s e c a s a d o e a tivesse incluido c o m o beneficiaria.

D i a n t e d e s s e s fatos, a o l o n g o d o s anos, principalmente a partir d a s e g u n d a m e t a d e d o s e c u l o X X , p o d e ser verificada u m a e v o l u c a o doutrinaria, jurisprudencial e legislativa, p a s s a n d o a ser c o n f e r i d o s direitos a q u e l e s q u e viviam s o b o regime de c o n c u b i n a t o . O apice d e tal e v o l u c a o se d e u c o m a Constituigao

(16)

Federal de 1988, q u e e l e v o u o c o n c u b i n a t o puro, a g o r a d e n o m i n a d o de Uniao Estavel, a o p a t a m a r de e n t i d a d e familiar, a s s i m c o m o a f a m i l i a oriunda do c a s a m e n t o . Esta inovagao c o n s t i t u t i o n a l r e p r e s e n t o u a plena p a s s a g e m do c o n c u b i n a t o para o a m b i t o d o Direito d e Familia. S o m e n t e a partir d e s t a nova c o n c e p g a o p u d e r a m ser a t r i b u i d o s a o s c o m p a n h e i r o s os direitos sucessorios, atraves da legislacao infraconstitucional. Diz o art. 2 2 6 , d a Constituigao Federal:

A familia, b a s e da s o c i e d a d e , tern e s p e c i a l protecSo do E s t a d o . (...)

§ 3° P a r a efeito d a protec3o do E s t a d o , e r e c o n h e c i d a a uniao e s t a v e l entre o h o m e m e a mulher c o m o entidade familiar, d e v e n d o a lei facilitar s u a c o n v e r s a o e m c a s a m e n t o .

§ 4° E n t e n d e - s e , t a m b e m , c o m o entidade familiar a c o m u n i d a d e formada por qualquer d o s pais e s e u s d e s c e n d e n t e s .

D e a c o r d o c o m e s t e dispositivo, n o t a - s e q u e a f a m i l i a continua a ser a b a s e d a s o c i e d a d e e gozar de e s p e c i a l protegao d o Estado. C o n t u d o , esta protegao n a o mais s e limita a s f a m i l i a s o r i u n d a s do c a s a m e n t o . A Constituigao inovou, t r a z e n d o u m a c o n c e p g a o plural de f a m i l i a , q u e c o m p r e e n d e n a o a p e n a s a f a m i l i a m a t r i m o n i a l i z a d a , m a s t a m b e m a s u n i o e s e s t a v e i s e a s famflias m o n o p a r e n t a i s . Desta feita, a p o s a p r o m u l g a g a o d a C a r t a M a g n a d e 1988, n a o p o d e m m a i s ser c o n c e b i d a s interpretagoes q u e privilegiem u m a e n t i d a d e familiar e m d e t r i m e n t o d a s d e m a i s , pois a t o d a s e n t i d a d e s familiares e garantida a e s p e c i a l protegao d o Estado. Logo, c a d a instituigao familiar prevista n a Constituigao Federal possui peculiaridades e r e g u l a m e n t a g a o proprias, m a s a lei n a o p o d e d i s p e n s a r t r a t a m e n t o d i s c r i m i n a t o r y e m r e l a c a o a qualquer delas, pois, c a s o contrario, estaria violando o c o m a n d o c o n s t i t u t i o n a l s u p r a t i t a d o .

0 legislador constituinte, trouxe, entao, a o seio d e protegao d o Estado a f a m i l i a n a s t i d a fora do c a s a m e n t o , a p r e s e n t a n d o s u a condigao d e entidade familiar, t e n d o e m vista o c a m i n h o aberto g r a d u a l m e n t e pela jurisprudencia p a r a

(17)

d e c i s o e s h o m o g e n e a s e solldificadas e m m a t e r i a d e protegao a o s efeitos d a uniao livre na legislacao; a b r i n d o a s s i m , m a r g e m p a r a a s leis infraconstitucionais, as q u a i s a l a r g a r a m direitos a o s c o m p a n h e i r o s , tais c o m o , a Lei 8.971/94, q u e d i s p o e a respeito do direito d o s c o m p a n h e i r o s a a l i m e n t o s e a s u c e s s a o e a Lei 9.278/96, r e g u l a n d o o § 3° do art. 2 2 6 d a Constituigao F e d e r a l .

O N o v o C o d i g o Civil, d e Janeiro d e 2 0 0 2 , legitimou m u d a n g a s radicais p e l a s q u a i s a s o c i e d a d e brasileira p a s s o u d e s d e a v i g e n c i a d o antigo C o d i g o , d e 1916. U m d e s s e s t e m a s diz respeito ao a n t i g o " c a s a m e n t o ilegitimo", o u seja, a u n i a o de h o m e m e m u l h e r q u e ja h a v i a m se c a s a d o anteriormente e e r a m tidos c o m o c o n c u b i n o s . N e s s e l o n g o p e r i o d o de 8 6 a n o s , o termo g a n h o u diversas interpretagoes. M a s foi d e p o i s d o N o v o C o d i g o q u e a relacao entre c o m p a n h e i r o s g a n h a status, c o m direitos e d e v e r e s a s s e g u r a d o s ; entretanto, a i n d a deixou n u m e r o s a s l a c u n a s e m r e l a c a o a o direito s u c e s s o r i o d o s m e s m o s , pois o t r a t a m e n t o conferido a u n i a o estavel e e v i d e n t e m e n t e discriminatorio e m relacao a o e s t a b e l e c i d o no t o c a n t e a s relagoes matrimoniais.

O art. 1 7 2 3 d o n o v o d i p l o m a c i v e l , e s t a b e l e c e q u e "e" reconhecida

como entidade familiar a uniao estSvel entre o homem e a mulher, configurada na convivGncia publica, continua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituigao de familia". E s s e conceito n a o traz a e x i g e n c i a d e p r a z o rigido p a r a a

caracterizagao d a u n i a o estavel. H a q u e s e analisar, d i a n t e d o c a s o concrete, se p r e s e n t e s a estabilidade, c o n v i v e n c i a e afetividade d a relagao. Estabelecer e s s e p r a z o rigido implicaria e m possibilidade de r e c o n h e c e r c o m o u n i o e s estaveis relagoes q u e , e m b o r a d u r a d o u r a s n a o tern c o m o f i n a l i d a d e a constituigao de familia.

O C o d i g o Civil d i s p o e a i n d a ser possivel a constituigao d e unioes estaveis e n t r e p e s s o a s c a s a d a s , d e s d e q u e s e p a r a d a s de f a t o o u judicialmente.

(18)

E s t a b e l e c e c l a r a m e n t e , a diferenga entre o r e l a c i o n a m e n t o caracterizador d a uniao estavel e a relacao concubinaria, esta ultima b a s e a d a e m relagoes nao eventuais entre h o m e m e mulher, i m p e d i d o s de casar.

U m a m u d a n g a b a s t a n t e significativa foi o r e c o n h e c i m e n t o d e t o d o s os filhos c o m o herdeiros, sejam eles c o m u n s , adotivos, o u m e s m o os h a v i d o fora do c a s a m e n t o , o q u e f e z a c a b a r c o m o s privilegios e n t r e o s m e s m o s . O u t r a modificagao t a m b e m e x p r e s s i v a foi verificada no artigo 1.790, o qual p a s s a a considerar o c o m p a n h e i r o sobrevivente n a condigao de herdeiro, c o m o sera e x p o s t o adiante.

A t e n d e n c i a atual, facilitada pela e v o l u c a o j u r i d i c a d o instituto do c a s a m e n t o , p r o c u r a a p r o x i m a - l o d a s u n i o e s estaveis. Nas relagoes entre c o n c u b i n o s , s e h o u v e r bens, estes d e v e m s e r liquidados c a s o a uniao livre c h e g u e ao fim, r e c o r r e n d o o s tribunals a teoria d a s o c i e d a d e d e fato. E o s servigos nao r e m u n e r a d o s d a c o n c u b i n a n o interesse c o m u m sao reivindicados c o m b a s e na teoria d o e n r i q u e c i m e n t o s e m c a u s a . S i t u a g o e s q u e se resolvem n o a m b i t o d o direito d a s obrigagoes, o n d e e s t a o a s relagoes c o n c u b i n a r i a s e s p u r i a s e a s u n i o e s livres entre p e s s o a s do m e s m o sexo. Entretanto, a u n i a o d u r a d o u r a e d e s i m p e d i d a e aceita c o m e n t i d a d e familiar e m e r e c e d o r a d a protegao do Estado.

1.2 Diferengas entre c o n c u b i n a t o e u n i a o estavel

H o u v e u m t e m p o e m q u e o c o n c u b i n a t o r e p r e s e n t a v a t o d a e qualquer relagao nao-matrimonializada. N a o importava f o s s e m o s parceiros d e s s a relacao solteiros, inexistindo, portanto, i m p e d i m e n t o s e n t r e a m b o s p a r a o matrimonio; o u u m deles c a s a d o cujo m a t r i m o n i o a i n d a subsistisse valido.

A t u a l m e n t e , e bastante c o m u m , n o d i a - a - d i a d o s tribunals, deparar c o m a g o e s e m q u e a autora p e d e os s e u s direitos d e c o r r e n t e s d a existencia d e relacao

(19)

c o n c u b i n a r i a , ou o r e c o n h e c i m e n t o e a dissolugao d e u m a s o c i e d a d e de fato, o u q u e se p r o c l a m e a partilha do p a t r i m o n i o e m r a z a o d e ter h a v i d o u n i a o estavel. S a o institutos bastante c o m u n s , s o b r e t u d o n a s v a r a s d e f a m i l i a , m a s e s s e n c i a l m e n t e diferentes, nao s e n d o dificil h a v e r c o n f u s a o e n t r e eles. Por isso, a s v e z e s se le "concubinato", q u a n d o o t e m a , e m b o a v e r d a d e , refere-se a u m a "uniao estavel" e a s s i m por diante.

E indispensavel, pois, p r e o c u p a r - s e c o m a a d e q u a d a definicao a c e r c a do e x a t o a l c a n c e t e r m i n o l o g i c o d e s s a s e x p r e s s o e s . C o m efeito, definir o q u e v e n h a a ser "concubinato" e "uniao e s t a v e l " e p o n t o i n i t i a l p a r a q u e se p o s s a d e s e n v o l v e r d e f o r m a util q u a l q u e r r a t i o c i n i o j u r i d i c o a respeito d e s s e s t e m a s . E isso s e d e v e ao f a t o d e q u e a l g u n s conceitos f o r a m s e n d o m o d i f i c a d o s a o l o n g o d o t e m p o , s o b r e t u d o e m f a c e d a d i n a m i c a d a s relagoes s o t i a i s e d a s m u d a n g a s q u e e s s a eficacia foi i m p o n d o n a o r d e m j u r i d i c a .

Se n a o ficar b e m d e t e r m i n a d a a diferenga entre e s s e s institutos, sera c o m p l e x o e n t e n d e r p o r q u e a l g u n s j u l g a d o s d i z e m q u e a c o n c u b i n a tern a l g u n s direitos e outros d i z e m q u e e l a nao tern a q u e l e s m e s m o s direitos. E, n e s s e caso, nao se c u i d a d e m e r a d i v e r g e n t i a j u r i s p r u d e n t i a l . C u i d a - s e d e s o l u g o e s t o m a d a s c o m b a s e e m instituto cujo c o n c e i t o foi s e n d o g r a d a t i v a m e n t e modificado.

D e m o d o g e r a l , tinha-se a ideia d e q u e c o n c u b i n a t o estaria c a r a c t e r i z a d o pela c o n v i v e n t i a entre h o m e m e mulher, d e f o r m a publica, c o n s t a n t e e d u r a d o u r a , c o m o se c a s a d o s f o s s e m . Ha v a r i o s j u l g a d o s q u e se referem ao " c o n c u b i n a t o " d e s s a m a n e i r a , sobretudo, a p o s o n o v o C o d i g o Civil, e s s e conceito p a s s o u a definir a u n i a o e s t a v e l , t a o s o m e n t e . A a d e q u a d a definicao d e c o n c u b i n a t o seria a u n i a o v e l a d a entre h o m e m o u m u l h e r c a s a d o c o m o u t r o i n d i v i d u o de sexo

(20)

oposto, solteiro; c o m o se f o s s e u m lar clandestino, oculto a o s o l h o s d a s o c i e d a d e , logo, as solugoes judiciais s a o e v i d e n t e m e n t e outras, b e m diferentes d a q u e l a s .

0 insigne doutrinador A l v a r o Villaca d e A z e v e d o (1999, p.03) destaca d u a s e s p e c i e s de c o n c u b i n a t o : o puro e o impuro. V e j a - s e :

E n t e n d e m o s q u e d e v e d e c o n s i d e r a r - s e puro o concubinato quando ele s e a p r e s e n t a (...) c o m o u m a uniao duradoura, s e m c a s a m e n t o , entre h o m e m e mulher, constituindo-se a familia de fato, s e m qualquer detrimento d a familia legitima. A s s i m a c o n t e c e q u a n d o s e u n e m , por exemplo, o s solteiros, o s viuvos, o s s e p a r a d o s judicialmente, d e s d e q u e respeitada outra uniao concubinaria. T e n h a - s e , por outro lado, q u e o concubinato s e r a impuro s e for adulterino, incestuoso ou d e s l e a l (relativamente a outra uni§o de fato), c o m o o de um h o m e m c a s a d o ou c o n c u b i n a d o , q u e m a n t e n h a , paralelamente a o s e u lar, outro d e fato

Neste sentido, t a m b e m n o s e n s i n a a autora civilista Maria H e l e n a Diniz (2005, p. 3 7 1 ) , a definicao d e c o n c u b i n a t o q u e s e h a r m o n i z a c o m a que foi ora transcrita, verbis:

O concubinato pode s e r : puro ou impuro. S e r a puro s e s e a p r e s e n t a r c o m o u m a u n i i o duradoura, s e m c a s a m e n t o civil, entre h o m e m e mulher livres e d e s i m p e d i d o s , isto e, nao comprometidos por d e v e r e s matrimoniais ou por outra ligacSo concubinaria. A s s i m , v i v e m e m concubinato puro: solteiros, viuvos e s e p a r a d o s judicialmente ( R T 4 0 9 : 3 5 2 ) . T e r - s e - a concubinato impuro s e um d o s a m a n t e s o u a m b o s e s t S o comprometidos ou impedidos legalmente d e s e c a s a r . A p r e s e n t a - s e c o m o : a) adulterino ( R T J 38:201; R T 4 5 8 : 2 2 4 ) , s e s e fundar no e s t a d o d e cdnjuge d e u m ou de a m b o s o s concubinos, p.ex., s e o h o m e m c a s a d o m a n t e m , ao lado d a familia legitima, outra ilegitima; e b) incestuoso, s e h o u v e r p a r e n t e s c o proximo entre a m a n t e s .

Diante d e s s a s diferencas, m o d e r n a m e n t e n a o s e utiliza m a i s a s e x p r e s s o e s c o n c u b i n a t o puro e impuro, visto q u e o primeiro p a s s o u a d e n o m i n a r uniao estavel e o s e g u n d o a p e n a s c o n c u b i n a t o . Portanto, a doutrina p a s s o u a preferir o s t e r m o s c o n c u b i n o s e c o m p a n h e i r o s . A distincao, b a s i c a m e n t e , reside no f a t o de ser o c o n c u b i n o o a m a n t e , m a n t i d o c l a n d e s t i n a m e n t e pelo individuo c a s a d o , o u a i n d a a q u e l e q u e m a n t e m r e l a c i o n a m e n t o incestuoso; c o m p a n h e i r o , a o contrario, e o parceiro c o m quern o individuo solteiro o u c a s a d o , m a s s e p a r a d o d e fato, cultiva u m a relacao estavel, s e m i m p e d i m e n t o s legais.

(21)

A j u r i s p r u d e n c i a tern a c o m p a n h a d o e s s a diferenciagao entre os tipos d e c o n c u b i n a t o e a s distingoes e n t r e o s t e r m o s " c o n c u b i n a " e " c o m p a n h e i r a " . 0 Ministro Salvio d e Figueiredo Teixeira, c o n s o l i d a n d o o e n t e n d i m e n t o jurisprudencial e m m e m o r a v e l v o t o a respeito d o t e m a , c o n f o r m e R T J 8 2 / 9 3 4 , t r o u x e os s e g u i n t e s e n s i n a m e n t o s : c o n c u b i n a , n o dizer d a j u r i s p r u d e n c i a e a a m a n t e , a m u l h e r d o s e n c o n t r o s v e l a d o s , f r e q u e n t a d a pelo h o m e m c a s a d o , q u e c o n v i v e ao m e s m o t e m p o c o m s u a e s p o s a legftima, seria a q u e l a que reparte, c o m a e s p o s a legitima, a s a t e n c o e s e assistencia material d o marido, c o n h e c i d a c o m o a m u l h e r d o lar clandestino, oculto a o s olhos d a sociedade, c o m o pratica d e bigamia, e q u e o h o m e m f r e q u e n t a s i m u l t a n e a m e n t e a o lar l e g i t i m e E m contrapartida, a c o m p a n h e i r a e a mulher q u e se u n e a o h o m e m j a s e p a r a d o , solteiro, viuvo, divorciado, e q u e a a p r e s e n t a a s o c i e d a d e c o m o se l e g i t i m a m e n t e c a s a d o s f o s s e m ; e x i s t e m nesta relacao a s exigencias de e x c l u s i v i d a d e , fidelidade, vida e m c o m u m sob o m e s m o teto e durabilidade.

E preferivel, entao, e a partir d e s s e s preceitos doutrinarios e jurisprudenciais, identificar b e m a u n i a o e s t a v e l e o c o n c u b i n a t o . Logo, haver-se-a

de c h a m a r uniao estavel a relacao licita e publica entre h o m e m e mulher, solteiros, s e p a r a d o s judicialmente, d i v o r c i a d o s o u viuvos, que v i v e m c o m o se c a s a d o s f o s s e m . O c o n c u b i n a t o seria, portanto, r e p r e s e n t a d o por relagoes de carater clandestino, passageiras, n a o d u r a d o u r a s , e s p u r i a s o u a i n d a c o m o a relagao d u r a d o u r a fora do c a s a m e n t o o u d a u n i a o estavel c o m a intengao de d e s l e a l d a d e ou infidelidade. Seriam a q u e l a s unioes q u e , e m ultima a n a l i s e , significaria relagoes furtivas ou c o m o e c o m u m e n t e c o n h e c i d a m a n c e b i a , q u e a s o c i e d a d e tanto repudia;

(22)

o u s a o c o m p r o m e t i d o s , o u s a o i m p e d i d o s d e casar. A doutrina majoritaria classifica a uniao concubinaria e m tres d i f e r e n t e s tipos, q u a i s s e j a m :

Adulterino - a q u e l e r e p r e s e n t a d o pela u n i a o de u m h o m e m e u m a mulher,

o n d e , e m b o r a u m o u a m b o s s e j a m c a s a d o s , m a n t e m p a r a l e l a m e n t e a o lar m a t r i m o n i a l , outro r e l a c i o n a m e n t o d e fato, s e m denotar, q u a n t o a e s t e ultimo, p e r a n t e a s o c i e d a d e , d e s i g n i o s de constituigao d e familia.

Incestuoso - q u e r e p r e s e n t a a uniao entre o s p a r e n t e s proximos, c o m o por

e x e m p l o , o r e l a c i o n a m e n t o entre pai e filha.

Desleal - q u e seria a q u e l a uniao r e p r e s e n t a d a por u m c o n c u b i n o que f o r m e

c o m u m a outra p e s s o a , u m lar convivencial e m c o n c u b i n a t o .

A diferenciagao entre o s m e n c i o n a d o s institutos, c o m o s e ve, revela-se f u n d a m e n t a l para q u e se p o s s a decidir s o b r e a e v e n t u a l existencia de direitos d e c o r r e n t e s de u m a e o u t r a situagao, pois o r e l a c i o n a m e n t o erigido s o b r e a infragao ao d e v e r d e fidelidade c o n j u g a l n a o surte efeitos; e s s a u n i a o n a o se constitui por falta d e Name licito; n a o tern eficacia c o m o e n t i d a d e familiar. O s c o n c u b i n o s adulterinos q u e f o r m e m p a t r i m o n i o e s p e c i f i c o e m r a z a o d a relagao, p o d e m ter e s s e a c e r v o dividido p e l a s regras d o direito d a s obrigagoes, c o m o s o c i e d a d e de fato, nao pelo direito d e f a m i l i a . C o n f o r m e o Projeto d e Lei n° 6 . 9 6 0 / 2 0 0 2 , e m s e u artigo 1.727, aplica-se a o c o n c u b i n a t o , m e d i a n t e c o m p r o v a g a o d a existencia de s o c i e d a d e d e fato, a s m e s m a s regras d o contrato d e s o c i e d a d e . N o entanto, n o q u e se refere a u n i a o estavel a n o s s a legislacao ja e s t a b e l e c e direitos s u c e s s o r i o s a o s c o m p a n h e i r o s , a p e s a r d e a i n d a ser inferior a o s direitos c o n c e d i d o s ao c o n j u g e .

A e v o l u c a o doutrinaria d o instituto d a u n i a o estavel c u l m i n o u c o m o s e u r e c o n h e c i m e n t o , c o m o instituto juridico, n a Constituigao d e 1988, e m s e u art. 2 2 6 , § 3°, e c o m a s u a posterior definicao legal no art. 1°, d a Lei n°. 9.278/96. O N o v o

(23)

C o d i g o Civil d e 2 0 0 2 destina a e s s e tipo de e n t i d a d e familiar e s e u s efeitos u m Tftulo proprio no Direito d e Familia (Titulo III). 0 artigo 1.723 c u i d o u de conceituar e s s a relacao familiar, c o m o s e n d o a u n i a o c o n t i n u a e d u r a d o u r a entre u m h o m e m e u m a mulher, v i v e n d o o u n a o s o b m e s m a habitagao, s e m v i n c u l o matrimonial, e s t a b e l e c i d a c o m o objetivo d e instituir f a m i l i a , d e s d e que t e n h a c o n d i c a o de ser t r a n s f o r m a d a e m c a s a m e n t o , por n a o h a v e r i m p e d i m e n t o legal p a r a s u a convolacao.

Outra distingao d e relevante i m p o r t a n c i a e a verificada do ponto de vista do direito f o r m a l , p r o c e s s u a l , pois, a c o m p e t e n c i a p a r a decidir litigios entre p e s s o a s q u e v i v e m e m u n i a o estavel e d a V a r a d e Familia, e n q u a n t o , d o

c o n c u b i n a t o e de q u a l q u e r J u i z o civil.

A r e n o m a d a a u t o r a Maria H e l e n a Diniz (2005, p. 361), d e s t a c a a l g u n s e l e m e n t o s e s s e n c i a i s p a r a a c o n f i g u r a c a o d a u n i a o estavel, s a o eles:

1. Diversidade d e sexo - o b s e r v a d o q u e entre p e s s o a s d e m e s m o sexo h a v e r a a p e n a s u m a s o c i e d a d e d e fato, e x i g i n d o - s e a l e m disso, u m a c o n v i v e n c i a d u r a d o u r a , q u e n a o a p r e s e n t a p r a z o d e t e r m i n a d o , m a s q u e p o s s a configurar u m e s t a d o c o n v i v e n c i a l , c o m a p a r e n c i a d e c a s a m e n t o ;

2. A u s e n c i a de m a t r i m o n i o civil valido e d e i m p e d i m e n t o matrimonial entre os c o n v i v e n t e s - s o m e n t e p o d e r a ser r e c o n h e c i d a u n i a o estavel s e d e c o r r e n t e de relagoes entre p e s s o a s solteiras, s e p a r a d a s d e fato, d i v o r c i a d a s ou viuvas, e d e s d e q u e elas n a o a p r e s e n t e m n e n h u m i m p e d i m e n t o legal para o c a s a m e n t o ;

3. N o t o r i e d a d e de afeicoes r e c i p r o c a s - a c o n v i v e n c i a m o r o uxoria d e v e ser notoria, o s c o m p a n h e i r o s d e v e m tratar-se socialmente, c o m o m a r i d o e mulher, c o m o intuito d e constituir f a m i l i a ;

(24)

4. H o n o r a b i l i d a d e - d e v e haver u m a u n i a o b a s e a d a e m m u t u o respeito;

5. Fidelidade o u lealdade - entre o s c o n v i v e n t e s tern de h a v e r a intencao d a vida e m c o m u m , h a v e n d o os m e s m o s d e v e r e s d o m a t r i m o n i o ;

6. C o a b i t a c a o - b a s e a d a na identidade d e habitacao.

1.3 Distincao entre h e r a n c a e m e a c a o

A n t e s d e iniciar o e s t u d o d a s u c e s s a o , f a z - s e importante o b s e r v a r as diferenciacoes entre o instituto d a m e a c a o e d a h e r a n c a , o s quais s a o c o m u m e n t e c o n f u n d i d o s .

O f a l e c i m e n t o d e u m a p e s s o a d e t e r m i n a a a b e r t u r a d a s u c e s s a o , c o n f o r m e e s t a b e l e c e o princfpio d e Saisine, o n d e o p a t r i m o n i o d o d e cujus sera incorporado a o s q u e a ele sobrevier. Estes s a o d e s i g n a d o s s u c e s s o r e s , p e s s o a s legitimadas por lei o u m e d i a n t e d i s p o s i c a o d e ultima v o n t a d e , a r e c e b e r e m a h e r a n c a d e i x a d a pelo falecido.

A h e r a n c a constitui u m c o n j u n t o d e bens, direitos e obrigacoes, c a p a z e s de s e r e m a v a l i a d o s e c o n o m i c a m e n t e e q u e s a o transferidos aos s u c e s s o r e s , a titulo universal, ate q u e seja d e t e r m i n a d a a partilha, o n d e c a d a p e s s o a recebera s e u q u i n h a o hereditario.

Ressalta-se t a m b e m , q u e a l e m d a h e r a n c a o direito s u c e s s o r i o b u s c a proteger a m e a c a o d o c o n j u g e sobrevivente.

0 s u b s t a n t i v o m e a c a o , a b o r d a d o s o b r e t u d o no Direito d e Familia, consiste no direito q u e o s c o n j u g e s tern s o b r e a m e t a d e d o s b e n s q u e integram o patrimonio do casal, e q u e fora a d q u i r i d o por a m b o s d u r a n t e a coexistencia, c a r a c t e r i z a n d o o esforco c o m u m ; p a t r i m o n i o e s t e , q u e por o c a s i a o d a d i s s o l u c a o d a

(25)

s o c i e d a d e conjugal (divorcio, s e p a r a c a o judicial, morte o u a n u l a c a o ) d e v e r a ser m e a d o , o u seja partido a o meio.

L o g o , a m e a c a o n a o f a z parte, d o s b e n s q u e s e r a o objeto d e s u c e s s a o , pois s a o de p r o p r i e d a d e d o c o n j u g e sobrevivente, d e f o r m a q u e s o m e n t e serao objeto d a s u c e s s a o o s b e n s q u e f a z i a m parte d a m e a c a o q u e pertencia ao d e cujus.

A m e a c a o e a v a l i a d a c o n f o r m e o r e g i m e d e b e n s q u e regula o c a s a m e n t o ; n a c o m u n h a o universal, por e x e m p l o , t o d o o patrimonio e dividido ao meio, no regime d e c o m u n h a o parcial, recebera o c o n j u g e s o b r e v i v e n t e a m e t a d e d o s a q u e s t o s , ou seja, o s b e n s adquiridos na c o n s t a n c i a d o c a s a m e n t o ; d a m e s m a f o r m a se p r o c e d e no regime d e participacao final n o s aquestos. Destarte, a o se e x a m i n a r u m a h e r a n c a no f a l e c i m e n t o d e p e s s o a c a s a d a , h a q u e se separar o patrimonio c o m u m , o qual p e r t e n c e a o c o n j u g e sobrevivente, q u e representa a m e a c a o ; e x c l u i d a esta, o patrimonio restante d e i x a d o pelo falecido constitui a h e r a n c a , q u e e a t r i b u i d a a o s s u c e s s o r e s legitimos o u t e s t a m e n t a r i o s ; n a o h a v e n d o d e s c e n d e n t e s e a s c e n d e n t e s , e s s e direito c a b e a o c o n j u g e sobrevivo.

E m e s t u d o meticuloso a d o u t r i n a d o r a Maria H e l e n a Diniz (2005, p.40), e s t a b e l e c e c l a r a m e n t e a distingao entre a m b o s o s institutos o r a a b o r d a d o s :

E mister n§o confundir o direito a h e r a n c a , q u e s e r e c o n h e c e ao consorte sobrevivente, c o m s u a m e a c a o . A m e a c a o e um efeito d a c o m u n h § o , enquanto o direito s u c e s s 6 r i o independe do regime matrimonial de b e n s . A m e a c a o constitui a parte d a universalidade d o s b e n s do c a s a l de que e titular o consorte por direito proprio, d e m o d o q u e tal m e a c 3 o do conjuge sobrevivente e intangivel; s e n d o o consorte herdeiro n e c e s s a r i o . O d e cujus nSo pode dispor de s u a m e a c a o s e m q u a i s q u e r restricoes, pois, c o m isso privaria o superstite.

Na c o n s t a n c i a d a uniao estavel t a m b e m existe o r e c o n h e c i m e n t o do direito a u m d o s c o n c u b i n o s a m e t a d e d o s b e n s adquiridos durante a convivencia

"more uxoria", d e s d e q u e t e n h a a c o m p a n h e i r a o u c o m p a n h e i r o concorrido

UFCG - CAMPUS DE SOVSA.

(26)

f i n a n c e i r a m e n t e p a r a a aquisigao d o s bens, verdadeira s o c i e d a d e de fato, nao a p e n a s d e o r d e m afetiva e sentimental, m a s t a m b e m d e o r d e m e c o n o m i c a .

Portanto, d e s e n v o l v e n d o a c o m p a n h e i r a intensa atividade d o m e s t i c a , acrescida a atividade r e m u n e r a d a fora d o lar, portanto contribuindo f u n d a m e n t a l m e n t e p a r a a existencia d a s o c i e d a d e concubinaria, tern e l a direito a

m e a c a o do p a t r i m o n i o c o m u m , visto q u e , o direito d a c o n c u b i n a a d v e m de sua participagao igualitaria o u m e s m o proporcional d e esforgos n a f o r m a c a o do patrimonio.

Desta f o r m a , p r o v a d o q u e a c o n c u b i n a contribuiu c o m o capital o u t r a b a l h o para aquisigao d o s bens, n a s c e o direito a exigir a m e a c a o d o s b e n s h a v i d o s d u r a n t e a u n i a o c o n c u b i n a r i a , u m a v e z q u e o direito d a c o m p a n h e i r a a participagao nos b e n s d o c o m p a n h e i r o esta n a d e p e n d e n c i a direta de prova da contribuigao efetiva p a r a o a u m e n t o do patrimonio.

(27)

C A P i T U L O 2 D I S C I P L I N A J U R I D I C A D A U N I A O E S T A V E L

2.1 P a n o r a m a d a u n i a o estavel s o b a e g i d e d a C F / 8 8

A n t e r i o r m e n t e a Constituigao Federal de 1988, n a o havia legislacao c o n f e r i n d o j u r i d i c i d a d e ou legalidade a s relagoes c o n c u b i n a r i a s , no entanto, nao p o d e n d o d e s p r e z a r o u ignorar e s s a realidade, c a d a v e z m a i s p r e s e n t e e m n o s s a s o c i e d a d e , a j u r i s p r u d e n c i a c o n c e d e u a l g u n s direitos a o s c o n c u b i n o s .

Logo, entre a s d e c a d a s d e 1 9 6 0 e 1970, o S u p r e m o T r i b u n a l Federal, r e c o n h e c e u atraves d e s u m u l a o s direitos a c o n c u b i n a . A s u m u l a N° 3 8 0 do S T F d e c l a r a q u e "comprovada a existencia da sociedade de fato entre os concubinos, 6

cabivel a sua dissolugao judicial, com partilha do patrimdnio adquirido pelo esforgo comum." T o d a v i a , a s o c i e d a d e de f a t o e r a diferente do c o n c u b i n a t o , e deveria ser

c o m p r o v a d a p e l a c o m p a n h e i r a ; o f a t o d e c o n v i v e r e m j u n t o s , n a o era p a r a o S T F suficiente p a r a ratificar a s o c i e d a d e d e fato, p a r a ter direitos sucessorios, a c o m p a n h e i r a necessitava e v i d e n c i a r o esforco c o n j u g a d o para a f o r m a c a o d o patrimonio c o m u m .

C o m isso, c o m e g a r a m a existir tres situagdes distintas, quais sejam, a d a c o m p a n h e i r a q u e contribuiu efetiva e c o m p r o v a d a m e n t e para a f o r m a c a o do patrimonio c o m u m , q u e tinha direito a m e a g a o por ser s o c i a d e f a t o d o c o n c u b i n o ; a d a c o n c u b i n a que, s e m ter participado d a f o r m a c a o d o patrimonio, p r e s t o u servigos d o m e s t i c o s a o c o n c u b i n o , m e r e c e n d o , n e s t e c a s o retribuigao, e m virtude d e contrato bilateral, o n e r o s o e c o n s e n s u a l d e prestagao d e servigos d o m e s t i c o s , m e s m o que n a o f o r m a l i z a d o ; e por ultimo, a c o n c u b i n a q u e n a o participou d a f o r m a c a o d o patrimonio c o m u m , n e m , c o m p r o v a d a m e n t e , p r e s t o u servigos d o m e s t i c o s e q u e nao

(28)

tern direito a m e a c a o , n e m tao p o u c o a retribuigao d e servigos, s a o o s e n s i n a m e n t o s d o d o u t o autor W a l d ( 2 0 0 4 ) .

A Constituigao d e 1988 implicou e m relevantes t r a n s f o r m a g o e s no direito brasileiro, c o m c o n s e q u e n c i a s s o b r e a legislacao, a doutrina juridica e o s i s t e m a judiciario. N o a m b i t o d o Direito d e Famflia, o s dispositivos constitucionais a p r e s e n t a m u m a e x p r e s s a ruptura c o m o m o d e l o tradicional de famflia ate entao p r e s e n t e e m n o s s o o r d e n a m e n t o jun'dico. A n o s s a C a r t a Maior passa, entao, a considerar c o m o e n t i d a d e familiar, a o l a d o do c a s a m e n t o , a figura d a uniao estavel entre h o m e m e mulher, e l e n c a d a e m s e u art. 2 2 6 , § 3°

N o s s a Carta M a g n a , e m s e u texto legal, instituiu a protegao especial da familia pelo Estado, b a s e a d o no principio d a d e f e s a d a d i g n i d a d e h u m a n a e n a garantia d e realizagao d o s potenciais d a p e s s o a ; aferindo a uniao estavel o carater de entidade familiar, logo p a s s o u a existir u m a pluralidade d e m o d e l o s de f a m i l i a s r e c o n h e c i d o s por lei, e s t e n d e n d o - s e a e s s a s relagoes de igualdade, c o n s e n s u a l i d a d e e protegao d o Estado.

P o r e m , o texto constitucional a c e r c a d a u n i a o estavel resultou e m varias d i v e r g e n c i a s jurisprudenciais c o m relagao a o s s e u s efeitos. Para a l g u n s juristas, c o m o o doutrinador Carlos A l b e r t o Bittar ( 2 0 0 3 ) , e inaceitavel a e q u i p a r a g a o d a u n i a o estavel ao c a s a m e n t o , t e n d o e m vista q u e o m a t r i m o n i o e o centro do conceito j u r i d i c o de familia; a p e s a r d a s m u d a n g a s n o s c o s t u m e s sociais, o c a s a m e n t o c o n t i n u a s e n d o f u n d a m e n t a l para a preservagao d e u m a e n t i d a d e solida, b a s e a d o e m n o r m a s d e c u n h o moral e religioso, e m q u e diferentes virtudes se e n c o n t r a m , c o m o a s o l i d a r i e d a d e familiar, o respeito m u t u o e assistencial; p r e d o m i n a n d o neste contexto, a f i g u r a d o conjunto, d a c o n s i d e r a g a o r e c i p r o c a d o s s e u s m e m b r o s , e o p e n s a m e n t o d e f e n d i d o pelo autor.

(29)

Destarte, p a r a o u t r o s juristas e doutrinadores, c o m o o autor G u s t a v o T e p e d i n o ( 2 0 0 4 ) , o n a s c i m e n t o d a Constituigao d e 1988, veio por fim a q u a l q u e r tipo de discriminagao e p r i v i l e g e s , e m s e t r a t a n d o de e n t i d a d e s familiares; tanto o c a s a m e n t o , c o m o a u n i a o e s t a v e l , e q u i p a r a m - s e e m e r e c e m o m e s m o t r a t a m e n t o j u r i d i c o e social. O instituto d a uniao estavel e u m resultado d a evolugao d a s o c i e d a d e , e q u a n d o o dispositivo c o n s t i t u t i o n a l c o n s a g r o u o principio d a d i g n i d a d e d a p e s s o a h u m a n a , i m p e d i u a i m p o s i g a o d e q u a l q u e r estrutura i n s t i t u t i o n a l a tutela de s e u s direitos, proibindo assim, q u e s e p r e t e n d a dar t r a t a m e n t o desigual as e n t i d a d e s familiares previstas e m s e u texto; d e v e - s e , portanto, recusar interpretagoes q u e privilegiem u m a e s p e c i e d e e n t i d a d e familiar e m d e t r i m e n t o de outra.

C o m u n g a - s e d o m e s m o p e n s a m e n t o d o ilustre autor G u s t a v o T e p e d i n o , pois a o a n a l i s a r m o s o texto c o n s t i t u t i o n a l , a t r a v e s de s e u art. 2 2 6 , § 3°, p e r c e b e m o s q u e a f a m i l i a c o n t i n u a a ser a b a s e d a s o c i e d a d e e a g o z a r de especial protegao d o Estado; c o n t u d o , esta protegao n a o m a i s se limita a s f a m i l i a s o r i u n d a s d o c a s a m e n t o . A Constituigao i n o v o u , t r a z e n d o u m a c o n c e p g a o plural d e f a m i l i a , q u e c o m p r e e n d e n a o a p e n a s a m a t r i m o n i a l i z a d a , m a s t a m b e m as u n i o e s estaveis e as f a m i l i a s m o n o p a r e n t a i s . Desta feita, a p o s a p r o m u l g a g a o d a Constituigao Federal d e 1988, nao p o d e m m a i s ser idealizadas interpretagoes q u e privilegiem u m a e n t i d a d e familiar e m d e t r i m e n t o d a s d e m a i s , pois a t o d a s e garantida a especial protegao d o Estado.

A s s i m reza o artigo 2 2 6 , caput.e § 3°, d a Constituigao Federal d e 1988, ipsis litteris:

Art. 2 2 6 . A familia, b a s e d a s o c i e d a d e , tern e s p e c i a l protecSo do E s t a d o . (...)

(30)

§ 3° P a r a efeito d a protecao do E s t a d o , e r e c o n h e c i d a a uniao estavel entre o h o m e m e a mulher c o m o entidade familiar, d e v e n d o a lei facilitar s u a c o n v e r s 2 o e m c a s a m e n t o .

A s s i m s e n d o , e m r a z a o d a S u p r e m a c i a d a Constituicao, e imperioso q u e as n o r m a s r e g u l a m e n t a d o r a s d o instituto d a U n i a o Estavel, sejam a q u e l a s previstas na legislacao especial o u a s previstas no C o d i g o Civil, a d e q u e m - s e a o s princfpios constitucionais, c o m o o s d a D i g n i d a d e d a P e s s o a H u m a n a , d a Igualdade e d a P r o t e c a o d a Famflia.

De fato, c a d a e n t i d a d e familiar prevista n a Constituicao Federal possui peculiaridades e r e g u l a m e n t a c a o proprias, m a s a lei n a o p o d e dispensar t r a t a m e n t o d i s c r i m i n a t o r y e m relacao a q u a l q u e r delas, pois, c a s o contrario, estaria violando o c o m a n d o c o n s t i t u t i o n a l s u p r a c i t a d o .

T o d a v i a , e m q u e p e s e as g r a n d e s m u d a n c a s p r o m o v i d a s pela Carta C o n s t i t u t i o n a l no conceito d e f a m i l i a , o C o d i g o Civil d e 2 0 0 2 nao a b s o r v e u estas modificacoes, m a n t e n d o a m e s m a ideologia c o n t i d a n o C o d i g o Civil d e 1916. O Princfpio d a D i g n i d a d e d a P e s s o a H u m a n a , f u n d a m e n t o d a R e p u b l i c a federativa do Brasil, que justifica a p r o t e c a o d e t o d a s a s e n t i d a d e s familiares, nao foi c o n s a g r a d o p e l o n o v o C o d i g o Civil. Foi m a n t i d a a m e s m a disciplina matrimonialista, o c a s a m e n t o c o n t i n u o u s e n d o tratado c o m o o u n i c o m e i o legitimo p a r a a constituicao d a f a m i l i a .

Isto justifica o silencio d o C o d i g o Civil d e 2 0 0 2 a c e r c a d a s f a m i l i a s m o n o p a r e n t a i s , e a disciplina discriminatoria d i s p e n s a d a a s u n i o e s estaveis, principalmente, n o q u e se refere a o s direitos s u c e s s o r i o s , os quais, o atual Codigo Civil b e n e f i t i a claramente o s c o n j u g e s , t r a t a n d o d e f o r m a inferiorizada a relacao de c o m p a n h e i r i s m o , c o m o s e r a o b s e r v a d o e m c a p i t u l o posterior.

(31)

E m p e r f o d o s r e m o t o s , o instituto d o c o n c u b i n a t o , d e n o m i n a c a o q u e t a m b e m incluia a uniao e s t a v e l , e r a visto c o m o toda e q u a l q u e r relacao d e s p r o v i d a d e c a s a m e n t o , m e s m o q u e e s s e s parceiros f o s s e m solteiros, s e p a r a d o s o u divorciados. Essa relacao era, a s s i m , d e s p r o t e g i d a , a luz d a s normas constitucionais, pois a s constituicoes anteriores nao r e c o n h e c i a m a uniao estavel c o m o e n t i d a d e familiar, a s s i m c o m o p e l o C o d i g o Civil d e 1916. E m a m b o s o s c a s o s , o Estado p r o c u r a v a proteger, atraves d a s leis, o c a s a m e n t o ; e n a s e s c a s s a s v e z e s e m q u e e s s e j a r e v o g a d o C o d i g o s e referia a o c o n c u b i n a t o era a p e n a s para exprobra-lo, c o n d e n a - l o .

A s o c i e d a d e p a s s a v a a ver, d e m a n e i r a hipocrita e c o m o l h o s de r e c r i m i n a c a o e r e p u d i o a s p e s s o a s q u e c o m p a r t i l h a v a m tal relacao. P o r e m , a q u e s t a o m a i s p r e o c u p a n t e , e r a a relacionada c o m a d i s s o l u c a o d o v i n c u l o de convivencia, no qual a mulher, principalmente, d e p a r a v a - s e c o m inteira d e s p r o t e c a o legal, devido a inexistencia d e a m p a r o j u r i d i c o ; o q u e c a u s a v a no c o n c u b i n o , u m v e r d a d e i r o e n r i q u e c i m e n t o s e m justa c a u s a .

A m u l h e r n a o tinha direito a alimento, n e m a partilha d o s bens, t a m p o u c o a s u c e s s a o e m f a l e c e n d o o varao n o c u r s o do c o n c u b i n a t o , muito m e n o s a usufruto de a l g u m a parte d o s b e n s d e i x a d o s "mortis c a u s a " do c o n c u b i n o , s e q u e r tinha ela direito real d e h a b i t a c a o do i m b v e l d e residencia d a extinta parceria concubinaria.

T o d a v i a , c o m o o direito e resultado d o fato social, o crescimento da relagao concubinaria n o seio d a s o c i e d a d e , f e z nascer a n e c e s s i d a d e d e legalizar e s s e instituto, de m a n e i r a a garantir direitos p a r a os c o m p a n h e i r o s , d e s d e que isentos d e i m p e d i m e n t o s legais. L o g o , a n o s s a C a r t a M a g n a c u i d o u d e regularizar a u n i a o estavel c o m o e n t i d a d e familiar, i m p e d i n d o q u a l q u e r d i s c r i m i n a c a o ou

(32)

desprestfglo e m relacao a o c a s a m e n t o ; pois, a Constituicao f a z - s e para o p o v o e, e m f a v o r d o s a n s e i o s d o proprio povo, d e v e n d o a d e q u a r - s e a s m u d a n c a s d a s c o n d u t a s h u m a n a s .

C o n s e c u t i v a m e n t e , d e p o i s disso, a l g u m a s leis a v u l s a s f o r a m , g r a d a t i v a m e n t e , editadas, conferindo certos direitos a o s c o n c u b i n a r i o s ; todavia, c o m o objetivo inocultavel d e c o n t e m p l a r a c o n c u b i n a , j a , p o r e m , s o b a otica de " c o m p a n h e i r a " , c o n o t a c a o s e m a n t i c a inovada q u e e s t a b e l e c e u distincao inafastavel p a r a a aplicagao do direito.

Em b r e v e analise d o historico j u r i d i c o d a u n i a o estavel, o b s e r v a - s e que h o u v e u m a a n t e c i p a c a o d a s leis previdenciarias e fiscais, a s q u a i s p a s s a r a m a conferir direitos a c o m p a n h e i r a c o m o d e p e n d e n t e e c o n o m i c a d o varao, d e s d e que r e s s a l v a d o o t e m p o m i n i m o d e c o n v i v e n c i a d e cinco a n o s . L o g o a p o s , a Lei n° 6 . 0 1 5 / 7 3 c o n c e d e u direito a m u l h e r d e a d o t a r o p a t r o n i m i c o d o c o m p a n h e i r o ; e m s e g u i d a a Lei n° 8 . 0 6 9 / 9 0 a p r o v o u a a d o c a o por c o n c u b i n o s . E, por fim, a Lei n° 8 . 0 0 9 / 9 0 t r a n s f o r m o u o i m o v e l r e s i d e n t i a l d a e n t i d a d e familiar c o m o b e m d e famflia, p r o t e g e n d o - o contra a p e n h o r a b i l i d a d e por d f v i d a s d e q u a l q u e r tipo, e x c e t o as previstas no proprio texto.

Entretanto, foi a Constituicao Federal de 1 9 8 8 q u e c o n s a g r o u o respeito a relacao n a o - m a t r i m o n i a l i z a d a entre o h o m e m e a mulher, e r e c o n h e c e u a uniao estavel c o m o e n t i d a d e familiar, distiguindo-a definitivamente d o c o n c u b i n a t o . A c r e s c i d o d e s t e c o n t e x t o d u a s leis i n f r a c o n s t i t u t i o n a i s p a s s a r a m a regular a n o r m a c o n s t i t u t i o n a l , quais sejam, a Lei n° 8.971/94 e a Lei n° 9.278/96.

N o a n o d e I994, c o m o corolario d e s t a p o l e m i c a s o b r e a relacao de c o m p a n h e i r i s m o , foi s a n t i o n a d a a Lei 8.971/94 q u e r e g u l o u o direito d o s c o m p a n h e i r o s a a l i m e n t o s e a s u c e s s a o . A s s i m , a partir d e s t a s n o r m a s ,

(33)

e s p e c i f i c a m e n t e dirigidas a s unioes d e h o m e m e mulher, fora d o c a s a m e n t o , f o r a m c o n s t i t u i d o s e r e c o n h e c i d o s o s n o v o s p a r a m e t r o s j u r i d i c o s d e s t a s relagoes.

O art. 1°, d e s s a lei, c o n c e d i a a c o m p a n h e i r a o u c o m p a n h e i r o , a p o s a c o n v i v e n c i a de c i n c o a n o s o u a existencia de prole, o direito a alimentos, s e m e l h a n t e ao estabelecido pela Lei n° 5.478/68, d e s d e q u e nao h o u v e s s e a constituicao de u m a n o v a u n i a o estavel, b e m c o m o a d e u m v i n c u l o m a t r i m o n i a l . Deste m o d o , p a r a efeito de alimentos, o c o m p a n h e i r o q u e se e n q u a d r a r nas condigoes q u e a Lei e s t a b e l e c e , estara nivelado a o c o n j u g e . O u seja, t e r a o direitos e obrigacoes, relativamente a alimentos, c o m o se c a s a d o s f o s s e m , v e j a m o s :

A c o m p a n h e i r a c o m p r o v a d a d e um h o m e m solteiro, s e p a r a d o judicialmente, divorciado ou viuvo, q u e c o m e l e viva ha m a i s d e cinco a n o s , ou d e l e tenha prole, podera v a l e r - s e do disposto n a L e i 5 . 4 7 8 , de 2 5 d e julho de 1968, enquanto n§o constituir nova uniao e d e s d e q u e prove a n e c e s s i d a d e . Paragrafo unico - Igual direito e n a s m e s m a s c o n d i c o e s e reconhecido a o companheiro de mulher solteira, s e p a r a d a judicialmente, divorciada ou viuva.

O s sujeitos referidos pela Lei 8.971/94, s a o o s solteiros, os s e p a r a d o s judicialmente, os d i v o r c i a d o s e os viuvos. Estao, portanto, e x c l u i d a s d o s b e n e f i c i o s d e s s a n o r m a as p e s s o a s c a s a d a s m a s s e p a r a d a s d e f a t o q u e constituam n o v a relacao afetiva estavel e d u r a d o u r a . A l e m disso, o art. 1° o r a citado, d e s t a c a a exigencia d e q u e o s c o m p a n h e i r o s c o m p r o v e m q u e a u n i a o d u r o u por, no m i n i m o , c i n c o a n o s , p o d e n d o e s t e p r a z o ser reduzido q u a n d o h o u v e r prole.

A o s e u turno, o art. 2°, d a lei s o b c o m e n t o , t r a t a v a d o direito sucessorio d o s conviventes. Este direito a h e r a n c a , q u e n a o p o d e ser c o n f u n d i d o c o m a m e a c a o , ja era e s t a b e l e c i d o e m b e n e f i c i o d o c o n j u g e sobrevivente, c o n f o r m e previsto no art. 1.603 do C o d i g o Civil d e 1916, q u e d i s p o e sobre a o r d e m d a s u c e s s a o . Devido ao s e u significado juridico, e s t a e a f o r m a d e equiparagao mais importante entre a relacao c o n c u b i n a r i a e o c a s a m e n t o . P o r e m , s o m e n t e se

(34)

c o n c e d i a direito ao c o m p a n h e i r o ( a ) sobrevivente s o b r e a totalidade d a heranca do falecido, q u a n d o este n a o deixasse d e s c e n d e n t e s o u a s c e n d e n t e s . V e j a m o s o teor d o artigo 1.063, d o Codigo Civil de 1916:

A s u c e s s S o legitima d e f e r e - s e na ordem seguinte: I - a o s d e s c e n d e n t e s ;

II - a o s a s c e n d e n t e s ;

III - a o cfinjuge sobrevivente; IV - a o s colaterais;

V - a o s Municipios, a o Distrito F e d e r a l ou a Uniao.

A Lei n. 8.971/94 foi p r o m u l g a d a v i s a n d o dispor a situacao d o s c o m p a n h e i r o s e m relacao a o direito sucessorio. D i s p o s , c l a r a m e n t e , e m s e u artigo 2°, s o b q u e c o n d i c o e s o s c o m p a n h e i r o s participarao d a s u c e s s a o , in verbis:

O c o m p a n h e i r o sobrevivente tera direito enquanto n§o constituir nova uni§o, a o usufruto d e quarta parte d o s b e n s do d e cujus, s e houver filhos d e s t e ou c o m u n s ; a o usufruto d a m e t a d e d o s b e n s do d e cujos, s e nSo h o u v e r filhos, e m b o r a s o b r e v i v a m a s c e n d e n t e s ; e, na falta d e d e s c e n d e n t e s e d e a s c e n d e n t e s , o c o m p a n h e i r o sobrevivente tera direito a totalidade d a h e r a n c a .

A p o s a analise d o art. 1.603 do C o d i g o Civil d e 1916, o b s e r v a - s e que o art. 2°, III d a Lei 8.971/94 alterou a o r d e m d e v o c a c a o hereditaria anteriormente prevista, a b r a n g e n d o o c o m p a n h e i r o n a m e s m a posigao e m q u e se d e p a r a v a o conjuge, o u seja, a p o s o s d e s c e n d e n t e s e a s c e n d e n t e s , p o r e m anteriores a o s colaterais e a o s M u n i c i p i o s , Distrito Federal e/ou Uniao.

Entretanto, diante d e s s e preceito, surgiram v a r i a s controversias, pois muitos d o u t r i n a d o r e s n a o se m o s t r a r a m f a v o r a v e i s a inclusao d o c o m p a n h e i r o na m e s m a o r d e m de v o c a c a o hereditaria e m q u e s e e n c o n t r a v a o c o n j u g e ; d e f e n d i a m c o n t u d o , a s u p r e m a c i a d o c a s a m e n t o f r e n t e a u n i a o estavel, n a o s e n d o a s s i m possivel conferir direitos iguais a c o m p a n h e i r o s e c o n j u g e s .

C o m r e l a c a o a o s b e n s adquiridos n a c o n s t a n c i a d a uniao, estes se p r e s u m e m resultantes do esforco c o m u m , o u seja, s a o f r u t o s d o trabalho e d a

Referências

Documentos relacionados

Comparando os resultados obtidos no pré-teste, realizado para verificar o conhecimento prévio dos alunos referente à leitura e escrita, e no pós-teste, constatou-se indicativo de que

De acordo com Diegues (1998), essa destinação foi o primeiro exemplo da preservação de grandes áreas naturais de interesse público. A contradição entre a facilidade

Os processos de precipitação química e de troca iônica conjugados, portanto, podem ser usados para separação seletiva e purificação de íons uranila de seus resíduos,

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Direito da PUC-Rio.. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo

The enamel around conventional glass cement ionomer (Ketac Molar Easy Mix) showed statistically lower ∆H values than resin-modified glass ionomer cement (Vitremer) for

ao fallar em cemiterio nào podemos deixar de diser algumas palavras sobre essa questão, que tem tomado vulto, e sobre a qual se tem feito juisos tào errados: não se

As passagens harmoniosas entre as regiões de cada imagem, aliadas às óbvias diferenças circunstanciais e temporais entre as fotos da São Petersburgo atual e da

Waist Circumference Percentiles and Cut-Off Values for Obesity in a Large Sample of Students from 6 To 10 Years Old Of The São Paulo State, Brazil.. José