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Obtenção da Resistência da Endurance: :treinamento com Cargas em Circuitos

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Academic year: 2021

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OBTENÇÃO D A RESISTÊNCIA E D A "ENDURANCE": TREINAMENTO COM CARGAS E M CIRCUITO

Lamartine Pereira da Costa

No estudo do Princípio da Sobrecarga, foi apresentado, como alterna-tiva da aplicação contínua ou da intervalada, para a obtenção de uma melhor capacidade círculo-respiratória, o treinamento com cargas em cir-cuito.

Trata-se, entretanto, de um dos diversos tipos de trabalhos mistos e, como já foi observado, o valor desses processos é relativo ao nível dos receptores: para adolescentes e iniciantes é grande a eficácia, caindo pro-gressivamente à medida que se eleva a capacidade de assimilação.

A escolha da metodologia em circuito para terceiro elemento em i m -portância, dentro de nossa tentativa de sistematização do grande número de1 formas de trabalho existente, deve-se a sua facilidade de organização, operação e, sobretudo, de controle da aplicação. Efetivamente, o ponto fraco dos métodos mistos reside na dificuldade de mensuração.

Embora o estabelecimento de um processo misto se apóie, as mais das vezes, no bom senso do treinador — que, se tiver sucesso em jogar com o local, meios materiais, anseios psicológicos do atleta etc, obterá razoável rendimento —, é mais seguro optar pela forma mais objetiva de obser-vação.

Por outro lado, é preciso ter em mente o fator mais importante de opção de um processo misto controlado, como se apresenta através da apli-cação, de cargas em circuito, ou seja, a necessidade de se preparar uma equipe ou um atleta a curto prazo. De uma maneira geral, é aconselhável ao treinador escolher, numa primeira instância, a metodologia ora em • discussão: as cargas contínuas ou intervaladas constituem o refinamento

da preparação física.

O treinamento com cargas em circuito foi criado em 1957 (data da primeira comunicação formal) pelos Professores R. E. Morgan e G. T. Adamson, do Departamento de Educação Física da Universidade de Leeds (Inglaterra). Êsses pesquisadores observaram que os métodos clássicos de Educação Física não vinham de encontro ao ambiente psicológico dos alu-. nos da Universidade; ao mesmo tempo, um trabalho desenvolvido no cam-po ou nos bosques dos arredores não era viável durante o ano inteiro, em

razão das condições climáticas desfavoráveis.

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A partir de 1953, Morgan e Adamson empenharam-rse na busca de um método que contornasse essas dificuldades e que atendesse ao Princípio da Sobrecarga, cuja efetividade prática tinha sido colocada em evidência por DeLorme em tratamentos de Teabilitação muscular, desenvolvidos durante a Segunda Guerra Mundial, através do emprègo de exercícios contra--reSistência com halteres.

Após inúmeras experimentações e testes, acabaram por estruturar um processo misto, ao qual deram a denominação de Circuit Training, que oferecia condições de aplicação em massa e que desenvolvia a fôrça e a capacidade círculo-respiratória.

Em resumo, o método então proposto consistia em fazer o aluno percorrer um circuito de 6 a 12 áreas demarcadas em um ginásio, reali-zando um determinado exercício em cada área. Êsses exercícios, à medida do possível, deveriam, no conjunto, influenciar todo o organismo. A so-brecarga era produzida por halteres ou pelo número de repetições nos exercícios em que a carga era o próprio pêso do segmento do corpo em movimento. Durante o percurso do circuito o aluno não interrompia a movimentação, que era, inclusive, cronometrada. Dessa maneira, havia trabalho com carga contínua (ação de percorrer o circuito) e traba'ho com carga intervalada (esforço nos exercícios e contra-esfôrço na passa-gem de um aárea para outra), que provocavam simultaneamente o desen-volvimento da capacidade círculo-respiratória e a qualidade da fôrça;

A ajustagem de carga para cada aluno, em relação aos exercícios do circuito, era feita através de um teste. Após algumas sessões de apren-dizagem, verificava-se o número máximo de repetições suportável em cada exercício; nos de carga leve registrava-se o número de repetições durante um minuto, e nos de rnédia intensidade meio minuto. Paia essa situação particular do teste, observava-se um intervalo arbitrário de pa-dronização de um minuto entre cada exercício. Os dados numéricos eram lançados numa ficha (quadro n.° 1) de fcima a acompanhar o progresso da assimilação. Neste registro colocava-se também a dosagem específica do aluno que correspondia à metade do obtido no teste. Também se esta-beleciam objetivos em tempo para serem atingidos pelo aluno. Êsses obje-tivos ficavam a critério do treinador, de forma a não serem demasiada-mente ambiciosos ou de fácil alcance. De um modo geral, comprovava-se uma reduço de um terço do tempo inicial para indivíduos destreinados e daí para menos nos de boa condição física; além disso, após êsse progresso inicial, o aluno atingia um "plateau", que indicava a necessidade de se aplicar a sobrecarga através de reajustes no número de repetições dos exercícios ou na quilagem dos halteres; noves objetivos em tempo eram impostos, em razão desse reajuste, e assim criando condições infinitas de sobrecarga..

No referente a organização do trabalho obedecia-se aos seguintes itens:

1) o tempo total imposto como objetivo representava a execução de três circuitos, sem solução de continuidade;

2) realizava-se um aquecimento, antes da primeira volta no circuito, por meio de exercícios calistênicos ou de simples corrida;

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3) os exercícios não deviam apresentar um grau de dificuldade ele-vado para não originar intermitência;

4) os exercícios não deviam ter o caráter de destreza: havia, portanto, . impedimento de atividades em pares e todo o tipo de atividade lúdica;

5) a seleção dos exercícios e sua ordenação deveriam ser de forma tal que sempre atingiriam grupos musculares diferentes;

> _ . *

6) o treinador deveria vigiar permanentemente a execução do cir-cuito não permitindo um trabalho superficial.

De uma maneira geral, o "Circuit Training" de Morgan e Adamson (referência 1961) continua válido até hoje dentro de sua estrutura ori-ginal. Algumas necessidades particulares — sobretudo quanto aos reclamos do preparo de atletas — forçaram, outrossim, o aperfeiçoamento em al-guns aspectos. Êsse desenvolvimento é sintetizado em seus pontos prin-cipais nos itens que se stguem e de acordo com uma triagem de informes provenientes de trabalhos de Vystejn (1964), Pansch Grundmann e Hofmann (1965), Rahn (1966), Jonath (1966 e 1967), Jordan (1967) e Ottot (1967):

a) A partir de DeLorme sabia-se que os exercícios mais , eficazes para o desenvolvimento da fórça eram aqueles que permitiam um máxi-mo de dez repetições (anotação usual: "10 MR", onde MR significa "ma-ximum repetitions"). Quando êsse limite era ultrapassado o ganho era da resistência muscula* localizada e após trinta repetições o estímulo principal deslocava-se para o sistema círculo-respiratório. Assim sendo, é viável montarmos dois tipos de circuito, visando, respectivamente, à resistência muscular ou à potência (fôrça + velocidade): circuito leve e circuito pesado.'

b) Alguns treinadores procuraram, naturalmente, ajustar as caracte-rísticas de suas modalidades ao tipo de circuito aplicado através de dois ou três exercícios dentro dos fundamentos específicos. A figura 1 nos dá um exemplo dêsse tipo de ajustagom para o Basquetebol de acordo com Reis Carvalho (1966). Atualmente, h á uma tendência a incidir o esforço sôbre a parte do corpo mais atuante na especialidade, tendo em vista a não elevar o grau de dificuldade, fato que vinha sendo evidenciado prin-; cipalmente nos exercícios com bolas. O melhor rendimento é obtido, sem dúvida, com exercícios com halteres ou a corpo livre, e êstes, por sua vez e de acordo com o desporto visado, se orientarão em três alternativas:

músculos do ombro, do peito e dos braços; — músculos do tronco;

— músculos glúteos e das f pernas.

c) Além da intensidade da carga aplicada (repetições dos exercícios e pesos dos halteres) é preciso ponderar para a duração. Esta " a priori" não deve ser inferior a dez minutos, nem ultrapassar trinta minutos, para a correta assimilação. Em geral, os circuitos leves são mais duradouros do que os pesados e, assim, alguns autores preferem a denominação: circuito longo e circuito rápido.

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Fig, i — Exemplo de circuito para desportos de Ginásio — Basquetebol, 1 2 1 ^ 3 -s 7 9

(Mzixi)

10

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3

12

d) As exigências de organização para a aplicação de cargas em cir-cuito em grupamentos de atletas deram origem ao chamado ci7cir-cuito de

dosagem fixa. Neste caso, os pesos dos halteres não são alterados para

cada atleta. A ajustagem da sobrecarga é feita no número de repetições. Isto permite que um maior número de praticantes utilize o mesmo cir-cuito dentro do tempo disponível. Alguns treinadores procuraram aplicar os princípios fisiológicos do "Interval Training" para' o controle de carga dos circuitos de dosagem fixa; a incompatibilidade do procedimento resi-de no fato resi-de que o intervalo resi-de 60-90 segundos se refere ao esforço resi-de 60 segundos, enquanto a duração mínima do circuito é de dez minutos. O controle de carga cabível nesse tipo de circuito — e somente nêle, tendo em vista que os outros são estabelecidos através de testes — é o normal para qualquer tipo de exercício, isto é, a pulsometria; desta for-ma, no final da terceira volta o atleta não deverá ultrapassar 200 bati-mentos por minuto (180 para os destreinados, iniciantes e adolescentes).

e) Outro tipo de exigência enfrentado foi o da aplicação em massa, neste sentido, Rasch, Otott, Wilson, Brown e Norton (1965), sob os aus-pícips do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, realizaram ava-liações comparativas entre os processos usuais de treinamento (exercí-cios calistênicos pesados, trabalhos com troncos etc.) e um circuito

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adap-tado a uma pista de atletismo. Constatou-se que 13 horas e 30 minutos de aplicação de trabalhos em circuito eqüivaliam a 31 horas do método de rotina. O esquema do circuito de campo utilizado nessas experiências pode ser apreciado na figura 2, sendo oportuno relevar que os tipos de exercícios devem ser apropriados para o local, assim como o controle de pulso torna-se importante em face do aumento das distâncias entre as áreas de aplicação (180/200 batimentos por minuto acusam o término da capacidade de assimilação).

f) Os circuitos de campo estão sendo utilizados também para fina-lidades essencialmente atléticas (futebol, râguibi, atletismo etc.) e, em alguns casos, não são utilizados halteres para facilidade de organização. Um esquema dêsse tipo é o chamado "Indian Circuit Training", aplicado pela primeira vez na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, com bastante sucesso; os exercícios preconizados por essa variação trabalha principalmente os braços, as pernas, os músculos abdominais, as espáduas e esforços cardiopulmonares através de corridas e saltos sucessivos.

Fig. 2 — Exemplo de circuito de campo montado no interior de uma

pista de atletismo.

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Nome: Data 10/6/68 10/8/68 * Exercício M D M . D M D M D A (1 min.) 30 . 15 33 !7 B (1/2 min.) 24 12 28 14 C (máx.) 5 ' 3 7 4 D (1 min.) 24 12 32 16 E (1/2 min.) 14 7 20 10 F (máx.) 9 5 12 6 G (1 min.) 20 10 24 12 Tempo Inicial 18'21" 17'32" Tempo Objetivo 16'00" 15'30"

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B I B L I O G R A F I A

J O N A T H , U . (1966) — "Was ist Circuit — Training", Bundeswehe und Sport, pág. 16.

J O N A T H , U . (1967 — "Circuit Training", Stadium, n? 5, pág. 13, Buenos Aires. J O R D A N . P. (1967 — "Indian Circuit Training", Stadium, n? 4, pág. 22, Buenos

Aires.

M O R G A N , R. E . e A D A M S O N , G . T . (1961) — "Circuit Training", G . B e l l and Sons L t d . , Londres.

O T T O T , E . (1967) — "Circuit (Power) Training", Sport, 35-E, pág. 14, Bruxelas. P A N S C H , C ; G R U N D M A N N , G . e H O F M A N N , H . (1965) — "Wenn Kreistraíning,

dann richtig", Kõrpererziehung, vol. 15, pág. 68.

R A H N , S. (1966) — "Kreisbetrieb", Kõrpererziehung", vol. 16, pág. 445.

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R E I S C A R V A L H O , A. A . (1966) — "Os Princípios do Circuit Training e do I n terval Training aplicados ao Treinamento do Basquetebol", Revista de E d u -cação Física, n? 96, Rio de Janeiro.

V Y S T E J N , V . (1964) — "Vyuziti kruhoveho treninku pro ledni hokej", K o p a n a

Referências

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