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Academic year: 2021

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CATEGORIA: EM ANDAMENTO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: Psicologia SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO(ÕES): CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ - FEPI INSTITUIÇÃO(ÕES):

AUTOR(ES): JÉSSICA TAYNARA ALMEIDA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): SIMONE RODRIGUES ALVES DE MELO ORIENTADOR(ES):

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1 1. RESUMO

O número de mulheres encarceradas está cada vez mais crescente no pais, bem como o número de mulheres que ganham seus bebês dentro desse ambiente carcerário. De acordo com o INFOPEN 2014 e INFOPEN 2016, o aumento da população feminina encarcerada no período de 2000 a 2014 foi de 567,4%, levando o Brasil ao quinto lugar no ranking mundial de mulheres carcerárias, com 42.355

mulheres, sendo que 74% possui pelo menos um filho.

Quando esses bebês nascem dentro da prisão são separados de sua mãe logo após o período de lactação, e entregue a familiares ou lares de adoção, gerando alterações no vínculo mãe-bebê (Ramires & Schneider, 2010), bem como no comportamento da mãe (Aragão, 2004). A presente pesquisa tem como objetivo analisar quais as alterações comportamentais na mãe carcerária, devido a separação do bebê. Esta é uma pesquisa empírica de Iniciação Cientifica, que utiliza de coleta de dados por pesquisa semiestruturada, análise do discurso e estudo bibliográfico.

2. INTRODUÇÃO

Quando nasce uma criança é gerado uma mudança no ambiente em que esta é inserida, principalmente na mulher, que agora passa a desenvolver a função materna (Aragão, 2004). Conforme Oliveira (2000) é nos primeiros meses de convivência entre mãe e filho que se desenvolve a percepção sobre a maternidade e surge a

necessidade da vincularidade.

Com isso, fica claro a importância da relação mãe-bebê, relação esta que pode se constituir em ambientes diversos - inclusive a prisão - que interferem reciprocamente

no comportamento e desenvolvimento do indivíduo (Skinner, 1982).

Muito se tem pensado nesse reflexo do ambiente no bebê, mas nesta pesquisa o foco será a mãe, nos efeitos da maternidade no comportamento feminino, em um lugar

comumente considerado hostil, como o carcerário.

Dentro deste ambiente, esta percepção e vínculo ficam fragilizados (Ramires & Schneider, 2010), uma vez que após um período com o filho, normalmente o de lactação, os bebês são separados de suas mães, para que possam crescer em

liberdade, com familiares, abrigo de menores ou lares de adoção.

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2 já que além dela não ter mais o contato diário com a criança, ela perde o papel de cuidadora além de voltar para o ambiente carcerário anterior, ou seja, ela perde alguns direitos diferenciados das outras detentas, que lhes eram garantidos pela Lei de Execução Penal (LEP) art. 82, § 2.º, como maior atenção médica e número reduzido

de colegas de cela ou celas individuais, em alguns presídios.

Assim esta pesquisa tende a questionar como ficam as alterações comportamentais da mãe encarcerada após a separação do bebê.

3. OBJETIVO

O objetivo geral é verificar as alterações no comportamento das mulheres encarceradas após terem sofrido a separação do filho. E os objetivos específicos são: verificar mudanças comportamentais; realizar levantamento de emoções associadas ao evento de separação do filho; verificar se há presença de preocupações em relação ao filho após a separação; verificar em que estas mudanças afetam o ambiente carcerário e possivelmente na reinserção destas mulheres na sociedade.

4. METODOLOGIA

A metodologia será pesquisa empírica, semiestruturada (Queiroz, 1988). Esta pesquisa terá delineamento quantitativo e qualitativo, através de estudo

transversal e descritivo (Flick, 2009; Ruiz, 2013).

O método a ser utilizado para a interpretação dos resultados, será a análise do

discurso (Bardin, 2010) feito pelas carcerárias.

A pesquisa será realizada com mulheres encarceradas de idades variadas, que lhes foram imputadas a separação dos filhos, na penitenciária feminina de Tremembé II. 5. DESENVOLVIMENTO

5.1 Breve contexto histórico das prisões femininas no Brasil

A primeira prisão para mulheres no Brasil, surgiu em 1942, a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, em Bangu. Os crimes eram em sua grande maioria, pequenos furtos, vadiagem e brigas. Existiam, ainda, aqueles delitos que eram considerados fruto de perturbações mentais como o infanticídio, aborto e bruxarias. O presidio era administrado por freiras que garantiam a higiene, a disciplina e a

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3 educação das apenadas. Eram similares ás casas de conventos e as mulheres encaminhadas a esses lugares eram tratadas como pecadoras, que não precisavam de castigo, mas sim de uma reeducação, por meio de oração e trabalhos domésticos. Deste modo, elas eram treinadas rigorosamente a voltarem para o ambiente da qual lhes era imputado culturalmente e moralmente na época: os lares, assumindo a função exclusiva de donas de casa e de procriação. Se fossem solteiras, idosas ou sem vocação para o casamento, seriam indicadas para a vida religiosa. Contudo, este modelo de regime não supriu às expectativas do Estado e, em 1955, a administração torna-se exclusiva da direção da Penitenciária Central, sob a alegação de que as freiras não conseguiram controlar a indisciplina violenta e não dispunham de conhecimentos das questões penitenciárias e administrativas necessárias para controlar as mulheres. (Soares & Ilgenfritz, 2002).

5.2 A maternidade e o cárcere

A LEP prevê, em seu art. 83, §2°, que os estabelecimentos penais femininos devem contar com berçário em sua estrutura para que as mulheres possam amamentar e conviver com seus filhos pequenos até, no mínimo, os seis meses de idade. Porém segundo dados estatísticos do INFOPEN 2014 apenas 32% das unidades

femininas possui berçário ou centro de referência materno-infantil.

O respaldo legal conta também com a Resolução nº 3, de 15 de julho de 2009, do Conselho de Política Criminal e Penitenciária no qual é instituído o prazo mínimo de um ano e seis meses de permanência da criança com a mãe. E após, deve-se iniciar o processo de separação gradualmente. Além disso, no art. 6º da referida Resolução, é dito que o tempo de permanência pode ser estendido até os sete anos da criança. No entanto, o inciso XLV do art. 5° da Constituição Federal, institui o princípio da pessoalidade, dizendo que a pena “não pode passar da pessoa do condenado”. Frente a essa crescente realidade da maternidade no cárcere há diversos paradoxos no que tange as leis, bem como seu cumprimento efetivo em todos os sistemas prisionais femininos no Brasil.

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4 5.3 A angústia de separação e o impacto existente

Sob a ótica da psicanálise, Winnicott (1982), em seu livro sobre preocupação materna primária, afirma que desde a gestação até as primeiras semanas após o parto, a mulher desenvolve um estado de funcionamento psíquico especial, caracterizado por uma sensibilidade aumentada, o qual possibilita que a mulher atenda às necessidades do bebê, ao identificar-se com ele, a partir de suas próprias experiências . Dentro dessa visão, a mãe e seu filho possuem uma relação recíproca e complementar, podendo-se pensar que a mãe não existe sem o bebê e o bebê não

existe sem a mãe. Winnicott refere-se a este estado como se fosse uma “quase

doença” da mãe. No entanto este é um período normal e necessário, para que esta

atenda às necessidades do bebê e se identifique com ele.

Devido ao estado de vulnerabilidade e identificação exacerbado com relação ao bebê, pode-se pensar no impacto psicológico gerado pela separação destes.

6. RESULTADOS PRELIMINARES

Os resultados obtidos até o presente momento, foram a aceitação e interesse por

parte da FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais, instituição

que concedeu uma bolsa de Iniciação Cientifica, e por parte do presidio, que já aprovou a pesquisa empírica (previamente submetida na Plataforma Brasil, com autorização do Sr. Secretário Dr. Lourival Gomes da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo). E enquanto faz-se os trâmites legais burocráticos para a ida a campo de pesquisa, tem-se feito a busca por arcabouço e respaldo teórico para a concretização factual da mesma.

7. FONTES CONULTADAS:

Aragão, R. O. (2004). O bebê, o corpo e a linguagem. São Paulo: Casa do psicólogo.

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5 BRASIL. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Lei de Execução Penal (LEP) art. 82, § 2.º. Acesso em 19 de fevereiro, de:

https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execucao-penal-lei-7210-84#par-2--art-82.

Flick, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed. Ministério da Justiça (2016). Levantamento Nacional de informações

penitenciárias. INFOPEN-BRASIL - junho de 2016. Acesso em 19 de fevereiro,

2018, de:

http://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no-brasil/relatorio_2016_junho.pdf

Ministério da Justiça (2014). Levantamento Nacional de informações

penitenciárias. INFOPEN-MULHERES - junho de 2014. Acesso em 19 de fevereiro,

2018, de:

http://www.justica.gov.br/news/estudo-traca-perfil-da-populacao-penitenciaria-feminina-no-brasil/relatorio-infopen-mulheres.pdf

Palácio do Planalto. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Lei de Execução Penal.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210compilado.htm> .

Acesso em: agosto de 2018

Ramires, V. R. R. & Schneider, S. M. (2010). Revisitando alguns conceitos da teoria do apego: comportamento versus representação. Psicologia: Teoria e

Pesquisa, 26(1), pp. 25-36.

Ruiz, J. A. (2013). Metodologia Científica. São Paulo: Atlas.

Soares, B. M., & Ilgenfritz, I. (2002). Prisioneiras: vida e violência atrás das grades. Rio de Janeiro: Garamond.

SKINNER, B.F. Sobre o behaviorismo. Trad. Maria da Penha Villalobos. São Paulo, Cultrix / Ed. Universidade de São Paulo, 1982.

Queiroz, M. I. P. Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”. In: VON SIMSON, O. M. (org. e intr.). Experimentos com histórias de vida (Itália-Brasil). São Paulo: Vértice, Editora Revista dos Tribunais, Enciclopédia Aberta de Ciências Sociais, v.5, 1988. p. 68-80.

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6 Winnicott DW. Preocupação materna primária. In: Winnicott DW. Textos

selecionados: da pediatria à psicanálise. Rio de Janeiro: Francisco Alves; 1982. p. 491-498.

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