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DIÁRIO DA REPÚBLICA I A SUMÁRIO. Sexta-feira, 30 de Abril de 1999 Número 101/99. Ministério das Finanças

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(1)

DIÁRIO DA REPÚBLICA

I

A

S É R I E

Esta 1.a série do Diário da República é constituída

pelas partes A e B

Sumario101A Sup 0

S U M Á R I O

Ministério das Finanças

Decreto-Lei n.o141/99:

Altera o artigo 6.odo Decreto-Lei n.o321/97, de 26

de Novembro (Unidade de Coordenação da Luta con-tra a Evasão e a Fraude Fiscal e Aduaneira) . . . 2320

Decreto-Lei n.o142/99:

Cria o Fundo de Acidentes de Trabalho previsto no artigo 39.oda Lei n.o100/97, de 13 de Setembro . . . . 2320 Decreto-Lei n.o143/99:

Regulamenta a Lei n.o100/97, de 13 de Setembro, no

que respeita à reparação de danos emergentes de aci-dentes de trabalho . . . 2323

Decreto-Lei n.o144/99:

Actualiza em 2 % as taxas do imposto municipal sobre veículos constantes das tabelasIaIV, a que se refere o n.o1 do artigo 8.odo Regulamento do Imposto

Muni-cipal sobre Veículos, aprovado pelo Decreto-Lei n.o143/78, de 12 de Junho, com as alterações

(2)

MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

Decreto-Lei n.o141/99

de 30 de Abril

O Decreto-Lei n.o 321/97, de 26 de Novembro, veio

desenvolver e definir o estatuto jurídico da Unidade de Coordenação da Luta contra a Evasão e a Fraude Fiscal e Aduaneira criada recentemente no diploma orgânico do Ministério das Finanças.

Não tendo ficado suficientemente clarificada, no texto normativo, a natureza do estatuto remuneratório de todos os órgãos que compõem aquela Unidade de Coor-denação, importa aperfeiçoar o seu conteúdo neste par-ticular, consagrando-se uma nova redacção do articulado que integra os princípios subjacentes ao pensamento legislativo.

Assim:

Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da

Constituição, o Governo decreta, para valer como lei geral da República, o seguinte:

Artigo 1.o

O artigo 6.o do Decreto-Lei n.o 321/97, de 26 de

Novembro, passa a ter a seguinte redacção: «Artigo 6.o

Remunerações

1 — A remuneração dos membros da comissão exe-cutiva será efectuada através de senhas de presença, desde que não tenham vínculo à função pública.

2 — Os membros do secretariado permanente são equiparados a adjuntos dos gabinetes ministeriais para efeitos de vencimento dos correspondentes subsídios de férias e de Natal e do abono mensal para despesas de representação.

3 — As tarefas específicas a que se alude na parte final do n.o 6 do artigo 2.o do Decreto-Lei n.o 321/97,

de 26 de Novembro, são remuneradas em termos a defi-nir por despacho do Ministro das Finanças, ouvido o membro do Governo responsável pela área da Admi-nistração Pública, de acordo com o n.o5 do artigo 25.o

do Decreto-Lei n.o158/96, de 3 de Setembro.»

Artigo 2.o

O presente diploma reporta os seus efeitos à data

de entrada em vigor do Decreto-Lei n.o 321/97, de 26

de Novembro.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 11 de Março de 1999. — António Manuel de Oliveira

Guter-res — João Carlos da Costa Ferreira da Silva.

Promulgado em 15 de Abril de 1999. Publique-se.

O Presidente da República, JORGESAMPAIO.

Referendado em 21 de Abril de 1999.

O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira

Guterres.

Decreto-Lei n.o142/99

de 30 de Abril

A Lei n.o 100/97, de 13 de Setembro, estabelece a

criação de um fundo, dotado de autonomia financeira e administrativa, no âmbito dos acidentes de trabalho. O presente diploma visa a criação do referido fundo, designado por Fundo de Acidentes de Trabalho (FAT), que, na sua essência, substitui o Fundo de Actualização de Pensões de Acidentes de Trabalho (FUNDAP), assu-mindo ainda novas competências que lhe são cometidas pela Lei n.o100/97.

Face ao anterior fundo, o FAT apresenta um leque de garantias mais alargado, contemplando, para além das actualizações de pensões de acidentes de trabalho e dos subsídios de Natal, o pagamento dos prémios de seguro de acidentes de trabalho de empresas que, estando em processo de recuperação, se encontrem impossibilitadas de o fazer, competindo-lhe, ainda, ressegurar e retroceder os riscos recusados de acidentes de trabalho.

Para prevenir que, em caso algum, os pensionistas de acidentes de trabalho deixem de receber as pensões que lhe são devidas, prevê-se que o FAT garantirá o paga-mento das prestações que forem devidas por acidentes de trabalho sempre que, por motivo de incapacidade económica objectivamente caracterizada em processo judicial de falência ou processo equivalente, ou processo de recuperação de empresa, ou por motivo de ausência, desaparecimento ou impossibilidade de identificação, não possam ser pagas pela entidade responsável.

No exercício desta competência o FAT substitui o Fundo de Garantia e Actualização de Pensões, previsto

na base XLV da Lei n.o 2127, de 3 de Agosto de 1965,

destinado a assegurar o pagamento das prestações por incapacidade permanente ou morte em caso de acidente de trabalho, da responsabilidade de entidades insolventes. O FAT, à semelhança do FUNDAP, funcionará junto do Instituto de Seguros de Portugal, a quem competirá a sua gestão técnica e financeira. Será ainda constituída uma comissão de acompanhamento, com a função de analisar e dar parecer sobre os aspectos que, não cons-tituindo actos de gestão corrente, sejam relevantes para o bom desempenho do FAT.

Relativamente ao regime de actualização de pensões, o presente diploma prevê a actualização nos mesmos termos do regime geral da segurança social e ainda um esquema voluntário de actualização de pensões acima do regime geral, assente na possibilidade conferida às empresas de seguros de constituírem fundos autónomos de investimento das provisões matemáticas de acidentes de trabalho.

Foram ouvidos o Instituto de Seguros de Portugal, a Associação Portuguesa de Seguradores, a Associação Nacional dos Deficientes Sinistrados no Trabalho, a Con-federação Geral dos Trabalhadores Portugueses, a União Geral de Trabalhadores, a Confederação da Indústria tuguesa, a Confederação do Comércio e Serviços de Por-tugal e a Confederação de Agricultores de PorPor-tugal.

Assim:

No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido

pela Lei n.o 100/97, de 13 de Setembro, e nos termos

das alíneas a) e c) do n.o1 do artigo 198.oda Constituição,

o Governo decreta, para valer como lei geral da Repú-blica, o seguinte:

CAPÍTULO I

Fundo de Acidentes de Trabalho Artigo 1.o

Criação e competências do Fundo de Acidentes de Trabalho

1 — É criado o Fundo de Acidentes de Trabalho, dotado de autonomia administrativa e financeira,

(3)

adiante designado abreviadamente por FAT, a quem compete:

a) Garantir o pagamento das prestações que forem

devidas por acidentes de trabalho sempre que, por motivo de incapacidade económica objec-tivamente caracterizada em processo judicial de falência ou processo equivalente, ou processo de recuperação de empresa, ou por motivo de ausência, desaparecimento ou impossibilidade de identificação, não possam ser pagas pela enti-dade responsável;

b) Pagar os prémios do seguro de acidentes de

tra-balho das empresas que, no âmbito de um pro-cesso de recuperação, se encontrem impossibi-litadas de o fazer;

c) Reembolsar as empresas de seguros dos

mon-tantes relativos:

i) Às actualizações das pensões devidas por

incapacidade permanente igual ou supe-rior a 30% ou por morte derivadas de acidente de trabalho;

ii) Aos duodécimos adicionais criados pelo

n.o 1 do artigo 2.o do Decreto-Lei

n.o466/85, de 5 de Novembro;

iii) Aos custos adicionais decorrentes das

alterações, em consequência da nova

redacção dada ao artigo 50.o do

Decre-to-Lei n.o360/71, de 21 de Agosto, pelo

artigo 1.o do Decreto-Lei n.o 459/79, de

23 de Novembro, de pensões de acidentes de trabalho, por incapacidade perma-nente igual ou superior a 30 % ou por morte, que tenham sido fixadas anterior-mente a 31 de Outubro de 1979;

d) Ressegurar e retroceder os riscos recusados.

2 — Relativamente aos duodécimos referidos no número anterior, o FAT só assume as responsabilidades decorrentes de acidentes ocorridos até à data da entrada em vigor do presente diploma.

3 — O FAT não é responsável pela reparação ou subs-tituição de aparelhos quando consequência de acidente, salvo nos casos previstos na alínea a) do n.o1.

Artigo 2.o

Funcionamento, acompanhamento e gestão do FAT

1 — O FAT funciona junto do Instituto de Seguros de Portugal, adiante designado por ISP, a quem compete a sua gestão técnica e financeira.

2 — Por portaria do Ministro das Finanças será cons-tituída uma comissão de acompanhamento, presidida por um representante do Ministério das Finanças, e integrando:

a) Um representante do Ministério do Trabalho

e da Solidariedade;

b) Um representante do Ministério da Justiça; c) Um representante das associações de sinistrados

de acidentes de trabalho;

d) Um representante das associações de empresas

de seguros;

e) Um representante das associações

representa-tivas das entidades empregadoras;

f) Um representante das associações

representa-tivas dos trabalhadores;

g) Duas personalidades de reconhecida

competên-cia na área dos acidentes de trabalho.

3 — A comissão referida no número anterior tem por função analisar e dar parecer sobre os aspectos que, não constituindo actos de gestão corrente, sejam rele-vantes para o bom desempenho do FAT, nomeada-mente:

a) Analisar e dar parecer sobre as contas do FAT; b) Dar parecer sobre o financiamento do FAT; c) Analisar e dar parecer sobre as dúvidas

rela-cionadas com a execução do presente diploma;

d) Analisar e dar parecer sobre as questões que

lhe sejam colocadas pelo ISP enquanto gestor do FAT;

e) Propor medidas legislativas ou regulamentares

que aumentem a eficácia do sistema de garantia e actualização de pensões de acidentes de trabalho.

Artigo 3.o

Financiamento do FAT

1 — Constituem receitas do FAT:

a) Uma percentagem a cobrar pelas empresas de

seguros aos tomadores de seguros sobre os salá-rios considerados, sempre que sejam processa-dos prémios da modalidade «Acidentes de trabalho»;

b) Uma percentagem a suportar pelas empresas

de seguros sobre o valor correspondente ao capi-tal de remição das pensões em pagamento à data de 31 de Dezembro de cada ano;

c) O resultado das aplicações financeiras;

d) Os valores que vierem a ser recuperados nos

termos do disposto nos n.os 4 e 5 do artigo 39.o

da Lei n.o100/97, de 13 de Setembro, e do n.o2

do artigo 13.odo presente diploma;

e) Os valores recebidos decorrentes dos contratos

de resseguro e retrocessão dos riscos recusados;

f) O saldo transitado do FUNDAP à data da sua

extinção;

g) O produto das coimas que, nos termos da lei,

reverterem a seu favor;

h) Outros valores que, nos termos da lei ou por

disposição particular, lhe sejam atribuídos. 2 — As percentagens referidas nas alíneas a) e b) do número anterior serão fixadas anualmente, por portaria do Ministro das Finanças, sob proposta do ISP, ouvida a comissão de acompanhamento do FAT.

Artigo 4.o

Despesas do FAT

Constituem despesas do FAT:

a) Os valores despendidos em consequência das

competências referidas no n.o 1 do artigo 1.o; b) As despesas administrativas decorrentes do seu

funcionamento;

c) Os valores despendidos por força dos contratos

de resseguro e retrocessão dos riscos recusados;

d) Os custos suportados em consequência de

apli-cações financeiras;

e) As despesas havidas com as recuperações a que

se refere a alínea d) do n.o1 do artigo anterior; f) Todas as que por lei lhe vierem a ser

(4)

Artigo 5.o

Insuficiência financeira do FAT

Em caso de comprovada necessidade:

a) O Estado poderá assegurar uma dotação

cor-respondente ao montante dos encargos que excedam as receitas previstas do FAT;

b) O FAT poderá recorrer a empréstimos.

CAPÍTULO II Actualização das pensões

Artigo 6.o

Actualização anual

1 — As pensões de acidentes de trabalho serão anual-mente actualizadas nos termos em que o forem as pen-sões do regime geral da segurança social.

2 — Se os coeficientes de actualização variarem em função do montante da pensão, ao remanescente de pensões parcialmente remidas será aplicado o coefi-ciente da pensão original.

Artigo 7.o

Caucionamento

As entidades patronais que se encontrem na situação referida no n.o1 do artigo 61.odo Decreto-Lei n.o143/99,

de 30 de Abril, devem caucionar, nos termos do mesmo diploma, a responsabilidade decorrente da actualização das pensões, salvo se tal responsabilidade se mostrar transferida para uma empresa de seguros.

Artigo 8.o

Dever de iniciativa

1 — A actualização das pensões será automática e imediata caso a responsabilidade esteja a cargo de empresa de seguros ou do FAT, devendo ser feita a correspondente comunicação ao tribunal do trabalho e competindo ao Ministério Público promover eventuais rectificações.

2 — Se a responsabilidade recair sobre entidades dife-rentes das referidas no número anterior, deverá o Minis-tério Público promover oficiosamente a actualização.

CAPÍTULO III

Actualização voluntária das pensões Artigo 9.o

Investimento autónomo das provisões matemáticas

As empresas de seguros podem constituir fundos autónomos de investimento dos activos representativos das provisões matemáticas de acidentes de trabalho.

Artigo 10.o

Financiamento

As empresas de seguros atribuirão aos fundos pre-vistos no artigo anterior, no mínimo, 75 % dos rendi-mentos financeiros que excedam a taxa técnica.

Artigo 11.o

Actualização das pensões

Do valor atribuído ao fundo autónomo será parcial-mente distribuída uma parte a cada pensionista, na pro-porção da respectiva pensão, sob a forma de uma renda vitalícia a prémio único.

Artigo 12.o

Condições especiais de contribuição

1 — As empresas de seguros que, por força da apli-cação do mecanismo previsto neste capítulo, concedam aos seus pensionistas aumentos de pensão iguais ou

superiores aos referidos no artigo 6.o ficam nesse ano

dispensadas de efectuar a contribuição a que se refere a alínea b) do n.o1 do artigo 3.o

2 — Se os aumentos de pensões forem inferiores aos referidos no artigo 6.o, será a diferença suportada pelo

FAT e a contribuição da empresa de seguros para este fundo reduzida proporcionalmente.

CAPÍTULO IV Disposições diversas

Artigo 13.o

Conflito

1 — Ocorrendo fundado conflito sobre quem recai o dever de indemnizar, caberá ao FAT satisfazer as pres-tações devidas ao sinistrado ou beneficiários legais de pensão, sem prejuízo de vir a ser reembolsado após decisão do tribunal competente.

2 — O reembolso inclui, além dos montantes relativos às prestações em dinheiro e em espécie, as despesas administrativas comprovadamente efectuadas com a reparação, tudo acrescido de juros à taxa legal.

Artigo 14.o

Regulamentação

Compete ao ISP emitir as normas regulamentares necessárias à boa execução do presente diploma.

Artigo 15.o

Extinção do FUNDAP e do FGAP

1 — É extinto o Fundo de Actualização de Pensões de Acidentes de Trabalho (FUNDAP), transitando o respectivo saldo à data da sua extinção para o FAT. 2 — O Fundo de Garantia e Actualização de Pensões (FGAP) será extinto, transitando as respectivas respon-sabilidades e saldos para o FAT, nos termos e condições a definir por portaria dos Ministros das Finanças e do Trabalho e da Solidariedade.

Artigo 16.o

Entrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no 1.o dia do

6.omês após a data da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 11 de Março de 1999. — António Manuel de Oliveira

(5)

Eduardo Vera Cruz Jardim — Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues.

Promulgado em 15 de Abril de 1999. Publique-se.

O Presidente da República, JORGESAMPAIO.

Referendado em 21 de Abril de 1999.

O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira

Guterres.

Decreto-Lei n.o143/99

de 30 de Abril

Durante um período superior a 30 anos a Lei n.o2127,

de 3 de Agosto de 1965, constituiu a base jurídica da reparação dos acidentes de trabalho e doenças profis-sionais a que se encontram sujeitos os trabalhadores por conta de outrem.

A revisão desta lei, motivada pelo objectivo de asse-gurar aos sinistrados condições adequadas de reparação dos danos decorrentes dos acidentes de trabalho e doen-ças profissionais e pela necessidade de adaptação do regime jurídico à evolução da realidade sócio-laboral e ao desenvolvimento de legislação complementar no âmbito das relações de trabalho, da jurisprudência e das convenções internacionais sobre a matéria, foi

con-cretizada com a publicação da Lei n.o 100/97, de 13

de Setembro.

Prosseguindo os mesmos objectivos, o presente decre-to-lei visa regulamentar a referida lei, em matéria de reparação aos trabalhadores e seus familiares dos danos emergentes de acidentes de trabalho, sendo objecto de regulamentação autónoma os preceitos relativos a doen-ças profissionais, trabalhadores independentes, serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho, garantia e actualização de pensões e reabilitação.

No fundamental, prossegue-se, na regulamentação desta lei, a filosofia que lhe esteve subjacente de melho-ria do sistema de protecção e de prestações conferidas aos sinistrados em acidentes de trabalho, procurando simultaneamente garantir o equilíbrio e estabilidade do sector segurador para o qual as entidades empregadoras são obrigadas a transferir a responsabilidade pela repa-ração destes danos.

No sentido de melhorar o nível das prestações garan-tidas aos sinistrados, a presente regulamentação desen-volve importantes alterações relativamente ao regime anterior, designadamente:

A revisão da base de cálculo das indemnizações e pensões, que deixam de ser calculadas com base no conceito de retribuição base, passando a ser calculadas com base na retribuição efec-tivamente auferida pelo sinistrado;

O alargamento do conceito de acidente de trabalho, nomeadamente a cobertura generalizada do risco in itinere, que passa a incluir expressamente as deslocações entre o local de trabalho e o de refeição, assim como os acidentes ocorridos quando o trajecto normal de deslocação do tra-balhador relevante para a qualificação do aci-dente como de trabalho tenha sofrido desvios determinados por necessidades atendíveis do trabalhador;

O alargamento do conceito de familiar a cargo para efeitos de acréscimo do valor da pensão anual e vitalícia paga por incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho;

A remição de pensões de valor reduzido, sem pre-juízo de fixação de um regime transitório que permitirá a progressiva adaptação das empresas de seguros, que assim não se confrontarão com um pedido generalizado de remição, com a ine-rente instabilidade que lhe estaria associada. A consideração da prestação da assistência psíquica, quando reconhecida como necessária pelo médico assis-tente, como direito a reparação, e a cobertura pela enti-dade responsável pelo acidente que determinou a sua utilização das despesas de reparação ou substituição de aparelhos de prótese, ortótese e ortopedia usados por força de acidente de trabalho e deteriorados em con-sequência do uso ou desgastes normais revelam, tam-bém, o nível superior das prestações previstas neste diploma.

Por outro lado, para maior protecção do trabalhador, os recibos de retribuição passam a identificar a empresa de seguros para a qual o risco se encontra transferido à data da sua emissão.

Por último, justificável por razões de celeridade do processo por acidente de trabalho, sempre que durante a fase conciliatória do processo judicial a tentativa de conciliação for adiada por motivo imputável à empresa de seguros ou a outra entidade responsável, estas terão de se fazer representar nas tentativas de conciliação seguintes por mandatário judicial.

Foram ouvidos o Instituto de Seguros de Portugal, a Associação Portuguesa de Seguradores, a Associação Nacional dos Deficientes Sinistrados no Trabalho, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, a União Geral de Trabalhadores, o Sindicato dos balhadores de Seguros do Norte, o Sindicato dos Tra-balhadores de Seguros do Sul e Regiões Autónomas, a Confederação da Indústria Portuguesa, a Confede-ração do Comércio e Serviços de Portugal e a Con-federação de Agricultores de Portugal.

Assim:

No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido

pela Lei n.o 100/97, de 13 de Setembro, e nos termos

das alíneas a) e c) do n.o 1 do artigo 198.o da

Cons-tituição, o Governo decreta, para valer como lei geral da República, o seguinte:

CAPÍTULO I Dos acidentes de trabalho

SECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 1.o

Objecto

1 — O presente decreto-lei regulamenta a Lei n.o100/97,

de 13 de Setembro, no que respeita à reparação dos danos emergentes dos acidentes de trabalho.

2 — São objecto de regulamentação autónoma os pre-ceitos da mesma lei referentes a:

a) Doenças profissionais (artigo 1.o, n.o2); b) Trabalhadores independentes (artigo 3.o); c) Serviços de segurança, higiene e saúde no

(6)

d) Garantia e actualização de pensões (artigo 39.o); e) Reabilitação (artigo 40.o).

Artigo 2.o

Terminologia

Para efeitos do disposto no presente diploma, enten-de-se por:

a) «Lei»: Lei n.o100/97, de 13 de Setembro; b) «Lesão»: lesão, perturbação funcional ou doença,

consequente a acidente de trabalho;

c) «Sinistrado»: trabalhador que sofreu um

aci-dente de trabalho;

d) «Responsável» ou «entidade responsável»:

enti-dade à qual é imputável a responsabilienti-dade pelo acidente ou pela sua reparação;

e) «Hospital» ou «estabelecimento hospitalar»:

hospital, casa de saúde, casa de repouso ou de convalescença;

f) «Cura clínica»: situação em que as lesões

desa-pareceram totalmente ou se apresentam como insusceptíveis de modificação com terapêutica adequada;

g) «Tribunal competente»: tribunal do trabalho

territorialmente competente;

h) «Pessoa colectiva»: pessoa colectiva, sociedade

ou mera associação de facto;

i) «ISP»: o Instituto de Seguros de Portugal.

Artigo 3.o

Nulidade dos actos contrários à lei

Para efeitos do disposto do n.o 1 do artigo 34.o da

lei, presumem-se realizados com o fim de impedir a satisfação dos créditos provenientes do direito à repa-ração prevista na lei todos os actos do devedor, pra-ticados após a data do acidente ou do diagnóstico ine-quívoco da doença resultante de acidente de trabalho, que envolvam diminuição da garantia patrimonial desses créditos.

Artigo 4.o

Exploração lucrativa

Não se consideram lucrativas, para efeito do disposto na lei e neste regulamento, as actividades cuja produção se destine exclusivamente ao consumo ou utilização do agregado familiar da entidade empregadora.

Artigo 5.o

Contagem de prazos

Os prazos fixados no presente diploma contam-se nos termos previstos no Código de Processo Civil.

SECÇÃO II

Conceito e reparação do acidente de trabalho

Artigo 6.o

Conceito de acidente de trabalho

1 — É acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho, produzindo, directa ou indirectamente, lesão corporal, perturbação funcio-nal ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.

2 — Na alínea a) do n.o 2 do artigo 6.o da lei estão

compreendidos os acidentes que se verifiquem no tra-jecto normalmente utilizado e durante o período de tempo ininterrupto habitualmente gasto pelo traba-lhador:

a) Entre a sua residência habitual ou ocasional,

desde a porta de acesso para as áreas comuns do edifício ou para a via pública, até às ins-talações que constituem o seu local de trabalho;

b) Entre qualquer dos locais referidos na alínea

precedente e os mencionados nas alíneas a) e

b) do n.o4;

c) Entre o local de trabalho e o local da refeição; d) Entre o local onde por determinação da

enti-dade empregadora presta qualquer serviço rela-cionado com o seu trabalho e as instalações que constituem o seu local de trabalho habitual. 3 — Não deixa de se considerar acidente de trabalho o que ocorrer quando o trajecto normal tenha sofrido interrupções ou desvios determinados pela satisfação de necessidades atendíveis do trabalhador, bem como por motivo de força maior ou por caso fortuito.

4 — Estão compreendidos no artigo 6.oda lei os

aci-dentes que se verifiquem nas seguintes circunstâncias:

a) No local do pagamento da retribuição, enquanto

o trabalhador aí permanecer para tal efeito;

b) No local onde ao trabalhador deva ser prestada

qualquer forma de assistência ou tratamento por virtude de anterior acidente e enquanto aí per-manecer para esses fins.

Artigo 7.o

Prova da origem da lesão

1 — A lesão constatada no local e no tempo de

tra-balho ou nas circunstâncias previstas no n.o 2 do

artigo 6.o da lei presume-se, até prova em contrário,

consequência de acidente de trabalho.

2 — Se a lesão não tiver manifestação imediatamente a seguir ao acidente, compete ao sinistrado ou aos bene-ficiários legais provar que foi consequência dele.

Artigo 8.o

Descaracterização do acidente

1 — Para efeitos do disposto no artigo 7.oda lei,

sidera-se existir causa justificativa da violação das con-dições de segurança se o acidente de trabalho resultar de incumprimento de norma legal ou estabelecida pela entidade empregadora da qual o trabalhador, face ao seu grau de instrução ou de acesso à informação, difi-cilmente teria conhecimento ou, tendo-o, lhe fosse mani-festamente difícil entendê-la.

2 — Entende-se por negligência grosseira o compor-tamento temerário em alto e relevante grau, que não se consubstancie em acto ou omissão resultante da habi-tualidade ao perigo do trabalho executado, da confiança na experiência profissional ou dos usos e costumes da profissão.

Artigo 9.o

Natureza da incapacidade

1 — Os acidentes de trabalho podem determinar inca-pacidades temporárias ou permanentes para o trabalho. 2 — As incapacidades temporárias podem ser parciais ou absolutas.

(7)

3 — As incapacidades permanentes podem ser par-ciais, absolutas para o trabalho habitual e absolutas para todo e qualquer trabalho.

Artigo 10.o

Determinação das incapacidades

A determinação das incapacidades é efectuada de acordo com a Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, elabo-rada e actualizada por uma comissão permanente, cuja composição, competência e modo de funcionamento são fixados em diploma próprio.

Artigo 11.o

Responsabilidade

São responsáveis pela reparação e demais encargos previstos na lei as pessoas singulares ou colectivas de direito privado e de direito público não abrangidas por legislação especial, relativamente aos trabalhadores ao seu serviço referidos no artigo 2.oda lei.

SECÇÃO III

Âmbito pessoal

Artigo 12.o

Trabalhadores abrangidos

1 — O regime previsto no presente diploma abrange os trabalhadores por conta de outrem de qualquer acti-vidade, seja ou não explorada com fins lucrativos.

2 — Para efeitos do n.o 2 do artigo 2.o da lei, para

além da situação dos praticantes, aprendizes e estagiá-rios, consideram-se situações de formação prática as que tenham por finalidade a preparação ou promoção pro-fissional do trabalhador, necessária para o desempenho de funções inerentes à actividade da entidade empre-gadora.

3 — Quando a lei ou esta regulamentação não impu-serem entendimento diferente, presumir-se-á que os tra-balhadores estão na dependência económica da pessoa em proveito da qual prestam serviços.

Artigo 13.o

Trabalhadores no estrangeiro

Na ausência de opção expressa do trabalhador sinis-trado em acidente de trabalho no estrangeiro ao serviço de empresa portuguesa, aplica-se a lei portuguesa, salvo se a do local onde ocorreu o acidente for concretamente mais favorável.

CAPÍTULO II

Participação do acidente de trabalho Artigo 14.o

Sinistrados e beneficiários

1 — Ocorrido um acidente, o sinistrado ou os bene-ficiários legais de pensões devem participá-lo verbal-mente ou por escrito, nas quarenta e oito horas seguin-tes, à entidade empregadora ou à pessoa que a repre-sente na direcção do trabalho, salvo se estas o

presen-ciaram ou dele vieram a ter conhecimento no mesmo período.

2 — Se o estado do sinistrado ou outra circunstância, devidamente comprovada, não permitir o cumprimento do disposto no número anterior, o prazo ali fixado con-tar-se-á a partir da cessação do impedimento.

3 — Se a lesão se revelar ou for reconhecida em data posterior à do acidente, o prazo contar-se-á a partir da data da revelação ou do reconhecimento.

4 — Quando o sinistrado não participar o acidente tempestivamente e por tal motivo tiver sido impossível à entidade empregadora ou a quem a represente na direcção do trabalho prestar-lhe a assistência necessária, as incapacidades judicialmente reconhecidas como con-sequência daquela falta não conferem direito às pres-tações estabelecidas na lei, na medida em que dela tenham resultado.

Artigo 15.o

Entidades empregadoras com a responsabilidade transferida

As entidades empregadoras que tenham transferido a sua responsabilidade devem participar à empresa de seguros a ocorrência do acidente, nos termos estabe-lecidos na apólice.

Artigo 16.o

Entidades empregadoras sem responsabilidade transferida

1 — As entidades empregadoras cuja responsabili-dade não esteja garantida na forma legal devem par-ticipar o acidente ao tribunal competente, por escrito, independentemente de qualquer apreciação das condi-ções legais da reparação.

2 — O prazo para a participação é de oito dias con-tados a partir da data do acidente ou do seu conhe-cimento.

3 — Nos casos de morte, o acidente deverá ser par-ticipado de imediato ao tribunal competente, por tele-cópia ou outra via com o mesmo efeito de registo escrito de mensagens, sem prejuízo do disposto nos números anteriores.

4 — Sempre que as entidades empregadoras estejam impossibilitadas de dar cumprimento às obrigações impostas nos números anteriores, cumpri-las-ão os res-ponsáveis pela direcção do trabalho.

Artigo 17.o

Trabalho a bordo

1 — Sem prejuízo de outras notificações previstas em legislação especial, sendo o sinistrado inscrito marítimo, a participação deve ser feita ao órgão local do sistema de autoridade marítima do porto do território nacional onde o acidente ocorreu.

2 — Se, porém, o acidente sucedeu a bordo de navio português, no alto mar ou no estrangeiro, a participação será feita ao órgão local do sistema de autoridade marí-tima do primeiro porto nacional escalado após o acidente.

3 — As participações previstas nos números anterio-res serão efectuadas no prazo de dois dias a contar da data do acidente ou da chegada do navio e remetidas imediatamente ao tribunal competente pelo órgão local do sistema de autoridade marítima, se a responsabi-lidade não estiver transferida para empresa de seguros ou se do acidente tiver resultado a morte, e à empresa de seguros nos restantes casos.

(8)

Artigo 18.o

Empresas de seguros

1 — As empresas de seguros participam ao tribunal competente, por escrito, no prazo de oito dias a contar da cura clínica, os acidentes de que tenha resultado incapacidade permanente e, imediatamente e por tele-cópia ou outra via com o mesmo efeito de registo escrito de mensagens, aqueles de que tenha resultado a morte. 2 — A participação por telecópia ou outra via com o mesmo efeito de registo de mensagens não dispensa a participação formal, que deve ser feita no prazo de oito dias contados do falecimento.

3 — As empresas de seguros participam ainda ao tri-bunal competente, por escrito, no prazo de oito dias a contar da sua verificação, todos os casos de incapa-cidades temporárias que ultrapassem 12 meses.

Artigo 19.o

Faculdade de participação a tribunal

A participação do acidente ao tribunal competente pode ser feita:

a) Pelo sinistrado, directamente ou por interposta

pessoa;

b) Pelos familiares do sinistrado;

c) Por qualquer entidade com direito a receber

o valor de prestações;

d) Pela autoridade que tenha tomado

conheci-mento do acidente, sendo o sinistrado um incapaz;

e) Pelo director do estabelecimento hospitalar,

assistencial ou prisional onde o sinistrado esteja internado, tendo o acidente ocorrido ao serviço de outra entidade.

Artigo 20.o

Comunicação obrigatória em caso de morte

1 — Os directores de estabelecimentos hospitalares, assistenciais ou prisionais devem comunicar de imediato ao tribunal competente, por telecópia ou outra via com o mesmo efeito de registo de mensagens, o falecimento, em consequência de acidente, de algum trabalhador ali internado.

2 — Igual obrigação tem qualquer outra pessoa ou entidade a cujo cuidado o sinistrado estiver.

Artigo 21.o

Disposições comuns

As participações dos acidentes aos tribunais são feitas em duplicado e acompanhadas dos boletins dos exames médicos a que o sinistrado foi submetido.

Artigo 22.o

Estatísticas de acidentes

Sem prejuízo do regime do Decreto-Lei n.o 362/93,

de 15 de Outubro, o ISP pode estabelecer estatísticas específicas destinadas ao controlo e supervisão dos riscos profissionais.

CAPÍTULO III

Reparação do acidente de trabalho

SECÇÃO I

Prestações em espécie

Artigo 23.o

Modalidades das prestações

1 — As prestações em espécie previstas na alínea a) do artigo 10.oda lei têm por modalidades:

a) Assistência médica e cirúrgica, geral ou

espe-cializada, incluindo todos os necessários ele-mentos de diagnóstico e de tratamento;

b) Assistência farmacêutica; c) Enfermagem;

d) Hospitalização e tratamentos termais; e) Hospedagem;

f) Transportes para observação, tratamento ou

comparência a actos judiciais;

g) Fornecimento de aparelhos de prótese, ortótese

e ortopedia, sua renovação e reparação;

h) Reabilitação funcional.

2 — A assistência a que se refere a alínea a) do número anterior inclui a assistência psíquica, quando reconhecida como necessária pelo médico assistente.

Artigo 24.o

Primeiros socorros

1 — As entidades empregadoras ou quem as repre-sente na direcção ou fiscalização do trabalho devem, logo que tenham conhecimento do acidente, assegurar os imediatos e indispensáveis socorros médicos e far-macêuticos ao sinistrado, bem como o transporte mais adequado para tais efeitos.

2 — O transporte e socorros referidos no número anterior são prestados independentemente de qualquer apreciação das condições legais da reparação.

Artigo 25.o

Lugar de prestação da assistência clínica

1 — A assistência clínica deve ser prestada na loca-lidade onde o sinistrado residir ou na sua própria habi-tação, se tal for indispensável.

2 — Essa assistência pode, no entanto, ser prestada em qualquer outro local por determinação do médico assistente ou mediante acordo entre o sinistrado e a entidade responsável.

Artigo 26.o

Médico assistente

1 — A entidade responsável tem o direito de designar o médico assistente do sinistrado.

2 — O sinistrado poderá, no entanto, recorrer a qual-quer médico nos seguintes casos:

a) Se a entidade empregadora ou quem a

repre-sente não se encontrar no local do acidente e houver urgência nos socorros;

b) Se a entidade responsável não nomear médico

assistente ou enquanto o não fizer;

c) Se a entidade responsável renunciar ao direito

(9)

d) Se lhe for dada alta sem estar curado, devendo,

neste caso, requerer exame pelo perito do tribunal.

3 — Enquanto não houver médico assistente desig-nado, será como tal considerado, para todos os efeitos legais, o médico que tratar o sinistrado.

Artigo 27.o

Dever de assistência clínica

Nenhum médico pode negar-se a prestar assistência clínica a sinistrados do trabalho, quando solicitada pelas entidades responsáveis ou pelos próprios sinistrados, nos casos em que lhes é permitida a escolha do médico assistente.

Artigo 28.o

Substituição legal do médico assistente

1 — Durante o internamento em hospital, o médico assistente será substituído nas suas funções pelos mé-dicos do mesmo hospital, embora com o direito de acompanhar o tratamento do sinistrado, conforme os respectivos regulamentos internos ou, na falta ou insu-ficiência destes, segundo as determinações do director clínico.

2 — Para efeitos do disposto no número anterior, o «direito de acompanhar o tratamento do sinistrado» contempla, nomeadamente, a faculdade de o médico assistente ter acesso a toda a documentação clínica res-peitante ao sinistrado em poder do estabelecimento hospitalar.

Artigo 29.o

Escolha do médico operador

O sinistrado pode escolher o médico que o deva ope-rar nos casos de cirurgia de alto risco e naqueles em que, como consequência da operação, possa correr perigo a sua vida.

Artigo 30.o

Contestação das resoluções do médico assistente

O sinistrado ou a entidade responsável têm o direito de não se conformar com as resoluções do médico assis-tente ou de quem legalmente o substituir.

Artigo 31.o

Solução de divergências

1 — Quaisquer divergências sobre as matérias regu-ladas nos artigos 28.o, 29.o e 30.o do presente diploma

podem ser resolvidas por simples conferência de médi-cos, da iniciativa do sinistrado, da entidade responsável ou do médico assistente, bem como do substituto legal deste.

2 — Se as divergências não forem resolvidas nos ter-mos do número anterior, sê-lo-ão:

a) Havendo internamento hospitalar, pelo

respec-tivo director clínico ou pelo médico que o deva substituir, se ele for o médico assistente;

b) Não havendo internamento hospitalar, pelo

perito médico do tribunal do trabalho da área onde o sinistrado se encontrar, por determina-ção do Ministério Público, a solicitadetermina-ção de qual-quer dos interessados.

3 — As resoluções dos médicos referidos nas alíneas do número anterior devem ficar a constar de documento escrito e delas podem os interessados reclamar, me-diante requerimento fundamentado, para o juiz do mencionado tribunal do trabalho, que decidirá defi-nitivamente.

4 — Nos casos previstos na alínea b) do n.o 2 e no

n.o3, se vier a ter lugar processo emergente de acidente

de trabalho, é o processado apenso a este. Artigo 32.o

Boletins de exame e alta

1 — No começo do tratamento do sinistrado o médico assistente emite um boletim de exame, em que descre-verá as doenças ou lesões que lhe encontrar e a sin-tomatologia apresentada com descrição pormenorizada das lesões referidas pelo mesmo como resultantes do acidente.

2 — Quando terminar o tratamento do sinistrado, quer por este se encontrar curado ou em condições de trabalhar, quer por qualquer outro motivo, o médico assistente emitirá um boletim de alta, em que declare a causa da cessação do tratamento e o grau de inca-pacidade permanente ou temporária, bem como as razões justificativas das suas conclusões.

3 — Os boletins a que se referem os números ante-riores são emitidos em triplicado o de exame e em dupli-cado o da alta.

4 — No prazo de 30 dias após a realização dos actos é entregue um exemplar do boletim ao sinistrado e reme-tido ao tribunal, se for caso disso, bem como enviado o terceiro exemplar do boletim de exame à entidade responsável.

5 — Tratando-se, porém, de sinistrados a cargo de empresas de seguros ou de alguma das entidades

men-cionadas no artigo 59.o, a remessa do boletim a juízo

apenas será efectuada quando haja de se proceder a exame médico, quando o tribunal o requisite ou tenha de acompanhar a participação do acidente.

Artigo 33.o

Requisição pelo tribunal

As entidades responsáveis, os estabelecimentos hos-pitalares, os serviços competentes da segurança social e os médicos são obrigados a fornecer aos tribunais do trabalho todos os esclarecimentos e documentos que lhes sejam requisitados relativos a observações e tra-tamentos feitos a sinistrados ou por qualquer outro modo relacionados com o acidente.

Artigo 34.o

Hospitalização

1 — As entidades responsáveis devem assinar termo de responsabilidade para garantia do pagamento das despesas com o internamento e os tratamentos previstos na alínea a) do artigo 10.oda lei.

2 — Se aquelas entidades se recusarem a assinar o termo de responsabilidade, não poderão, com esse fun-damento, ser negados o tratamento ou o internamento dos sinistrados, sempre que a gravidade do seu estado os imponha imediatamente.

3 — Nos casos previstos no número anterior os esta-belecimentos hospitalares devem juntar ao respectivo processo a nota das despesas efectuadas para efeito de pagamento.

(10)

4 — O estabelecimento hospitalar que, injustificada-mente, deixar de cumprir as obrigações do tratamento

ou do internamento urgentes referidos no n.o 2 será

responsável pelo agravamento das lesões do sinistrado, reconhecido judicialmente como consequência de tais factos.

Artigo 35.o

Transportes e estada

1 — Os transportes que os sinistrados por direito devem utilizar são os colectivos, salvo não os havendo ou se outros forem mais indicados pela urgência do tratamento, por determinação do médico assistente ou por outras razões ponderosas atendíveis.

2 — As categorias e classes da estada devem ajustar-se às prescrições dos médicos assistentes ou dos clínicos que em tribunal derem parecer.

3 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, as entidades responsáveis só são obrigadas a despender o menor custo das prestações ali indicadas que obede-çam às condições de comodidade impostas pela natureza da lesão.

4 — Para os efeitos do disposto no artigo 15.oda lei,

devem as entidades responsáveis assumir previamente, perante os fornecedores de transporte e estada, a res-ponsabilidade pelo pagamento das despesas ou adiantar a sua importância.

Artigo 36.o

Aparelhos de prótese, ortótese e ortopedia

1 — Os aparelhos de prótese, ortótese e ortopedia devem ser, em cada caso, os considerados adequados ao fim a que se destinam pelo médico assistente.

2 — O direito aos aparelhos de prótese, ortótese e ortopedia abrange os destinados à correcção ou com-pensação visual, auditiva ou outra, bem como a prótese dentária.

3 — Quando houver divergências sobre a natureza, qualidade ou adequação de aparelhos de prótese, ortó-tese e ortopedia ou sobre a obrigatoriedade ou neces-sidade da sua renovação ou reparação, deve solicitar-se o parecer de serviços competentes em matérias de rea-bilitação profissional.

Artigo 37.o

Opção do sinistrado

1 — Os sinistrados podem optar pela importância cor-respondente ao valor dos aparelhos de prótese, ortótese e ortopedia indicados pelo médico assistente ou pelo tribunal, quando pretendam adquirir aparelhos de custo superior.

2 — No caso previsto no número anterior a entidade responsável depositará a referida importância à ordem do juiz, no prazo que este fixar, para ser paga à entidade fornecedora depois de verificada a aplicação do apa-relho.

Artigo 38.o

Renovação de aparelhagem

1 — Sempre que um acidente de trabalho inutilize ou danifique o aparelho de prótese, ortótese ou orto-pedia de que o sinistrado já era portador:

a) Ficam a cargo da entidade responsável por

aquele acidente as despesas necessárias à reno-vação ou reparação do mencionado aparelho;

b) Há lugar, se for caso disso, a pagamento de

indemnização correspondente à incapacidade daí resultante.

2 — Tratando-se de renovação, o respectivo encargo não será superior ao custo de novo aparelho igual ao inutilizado, salvo se existir outro aparelho mais ade-quado.

3 — As despesas de reparação ou substituição de apa-relhos de prótese, ortótese e ortopedia usados por força de acidente de trabalho e deteriorados em consequência de uso ou desgaste normais ficam a cargo da entidade responsável pelo acidente que determinou a respectiva utilização.

Artigo 39.o

Notificação judicial e execução

1 — Se a entidade responsável, injustificadamente, recusar ou protelar o fornecimento, renovação ou repa-ração dos aparelhos de prótese, ortótese e ortopedia

ou não efectuar o depósito referido no n.o 2 do

ar-tigo 37.o, o juiz mandará notificar aquela entidade para,

no prazo de 10 dias, depositar à sua ordem a importância que for devida.

2 — Caso o responsável não cumpra o disposto no número anterior, será executado para o pagamento do valor de depósito, seguindo-se os termos da execução baseada em sentença de condenação em quantia certa. 3 — Pelo produto da execução pagará o tribunal as despesas da prótese, ortótese ou ortopedia à entidade que forneceu ou reparou os respectivos aparelhos, depois de verificada a sua correcta aplicação.

Artigo 40.o

Perda do direito a renovação ou reparação

Os sinistrados perdem o direito à renovação ou repa-ração dos aparelhos de prótese, ortótese e ortopedia que se deteriorem ou inutilizem devido a negligência grosseira da sua parte.

SECÇÃO II

Prestações em dinheiro

Artigo 41.o

Avaliação da incapacidade

1 — O grau de incapacidade resultante do acidente é expresso em coeficientes determinados em função do disposto na tabela nacional de incapacidades em vigor à data do acidente.

2 — Sempre que haja lugar à aplicação do disposto na alínea b) do n.o1 do artigo 17.oe no n.o1 do artigo 19.o

da lei, o juiz pode requisitar o parecer prévio de peritos especializados, designadamente do Ministério do Tra-balho e da Solidariedade.

Artigo 42.o

Conversão da incapacidade temporária em permanente

1 — A incapacidade temporária converte-se em per-manente decorridos 18 meses consecutivos, devendo o perito médico do tribunal reavaliar o respectivo grau de incapacidade.

2 — Verificando-se que ao sinistrado está a ser pres-tado o tratamento clínico necessário, pode o Ministério Público prorrogar até ao máximo de 30 meses, a reque-rimento da entidade responsável, o prazo fixado no número anterior.

(11)

Artigo 43.o

Modo de fixação das pensões por incapacidade e indemnizações

1 — As pensões respeitantes a incapacidade perma-nente são fixadas em montante anual.

2 — As indemnizações por incapacidades temporárias são pagas em relação a todos os dias, incluindo os de descanso e feriados.

3 — Nas incapacidades temporárias superiores a 15 dias é paga a parte proporcional correspondente aos sub-sídios de férias e de Natal, determinada em função da percentagem da prestação prevista nas alíneas e) e f) do n.o1 do artigo 17.oda lei.

Artigo 44.o

Trabalho a tempo parcial

O cálculo das prestações para trabalhadores a tempo parcial tem como base a retribuição que aufeririam se trabalhassem a tempo inteiro.

Artigo 45.o

Familiar a cargo

1 — Para efeitos do disposto na alínea a) do n.o 1

do artigo 17.o da lei, considera-se familiar a cargo do

sinistrado, desde que com ele viva em comunhão de mesa e habitação:

a) Os descendentes solteiros;

b) Os descendentes casados, bem como os

sepa-rados de pessoas e bens, divorciados e viúvos, com rendimentos mensais inferiores ao dobro da pensão social ou ao valor desta, respec-tivamente;

c) Os ascendentes com rendimentos mensais

infe-riores ao valor da pensão social ou ao dobro deste valor, tratando-se de casal.

2 — São equiparados a descendentes do sinistrado, para efeitos do disposto no número anterior:

a) Os enteados; b) Os tutelados;

c) Os adoptados restritamente;

d) Os menores que, mediante confiança judicial

ou administrativa, se encontrem a seu cargo com vista a futura adopção;

e) Os menores que lhe estejam confiados por

deci-são dos tribunais ou de entidades ou serviços legalmente competentes para o efeito.

3 — São equiparados a ascendentes do sinistrado, para efeitos do disposto no n.o1:

a) Os padrastos e madrastas; b) Os adoptantes restritivamente;

c) Os afins compreendidos na linha recta

ascen-dente.

4 — A pedido da entidade responsável, os beneficiá-rios deverão fazer prova anual da manutenção dos requi-sitos que lhes conferem o direito à pensão, sob pena de o respectivo pagamento ser suspenso 60 dias após a data do pedido, sendo admitidos os tipos de prova que vierem a ser regulamentados por norma do ISP, cujos custos, caso existam, serão suportados pela enti-dade responsável.

Artigo 46.o

Suspensão ou redução das pensões

As pensões por incapacidade permanente não podem ser suspensas ou reduzidas, mesmo que o sinistrado venha a auferir retribuição superior à que tinha antes do acidente, salvo em consequência da revisão prevista

no artigo 25.oda lei, e são cumulativas com quaisquer

outras.

Artigo 47.o

Modo de fixação da pensão provisória

1 — Sem prejuízo do disposto no Código de Processo do Trabalho, a pensão provisória a que se refere o n.o5

do artigo 17.oda lei, por incapacidade permanente igual

ou superior a 30 %, é atribuída pela entidade responsável e calculada nos termos do n.o 1 do artigo 17.o da lei,

com base na desvalorização definida pelo médico assis-tente e na retribuição garantida.

2 — A pensão provisória a que se refere o n.o 5 do

artigo 17.oda lei, por incapacidade permanente inferior

a 30 %, é atribuída pela entidade responsável e calculada

nos termos da alínea f) do n.o1 do mesmo artigo, com

base na desvalorização definida pelo médico assistente e na retribuição garantida.

3 — Os montantes pagos nos termos dos números anteriores serão considerados aquando da fixação final dos respectivos direitos.

Artigo 48.o

Prestação suplementar à pensão

1 — Sempre que a prestação suplementar prevista no artigo 19.o da lei se suspender nas condições previstas

no n.o2 do mesmo artigo, a entidade responsável deverá

suportar os encargos inerentes à eventual resolução do contrato de trabalho estabelecido com a pessoa que presta assistência.

2 — Sempre que o médico assistente entender que o sinistrado não pode dispensar a assistência de uma terceira pessoa, ser-lhe-á atribuída, a partir do dia seguinte ao da alta, uma prestação suplementar pro-visória equivalente ao montante da remuneração mínima garantida para os trabalhadores do serviço doméstico.

3 — Os montantes pagos nos termos do número ante-rior serão considerados aquando da fixação final dos respectivos direitos.

Artigo 49.o

Pensões por morte

1 — As pensões por morte são fixadas em montante anual.

2 — Para efeitos do disposto no artigo 20.o da lei,

são consideradas uniões de facto as que preencham os requisitos do artigo 2020.odo Código Civil.

3 — A pedido da entidade responsável, o beneficiário referido no número anterior deverá fazer prova anual da manutenção dos requisitos que lhe conferem o direito à pensão, nos termos e com os efeitos previstos no n.o4

do artigo 45.o

4 — Consideram-se sensivelmente afectados na sua capacidade de trabalho, para os fins previstos no artigo 20.o da lei, os beneficiários legais do sinistrado

que sofram de doença física ou mental que lhes reduza definitivamente a sua capacidade geral de ganho em mais de 75 %.

(12)

5 — Tem-se por definitiva a incapacidade de ganho mencionada no número anterior quando seja de pre-sumir que a doença não terá evolução favorável nos três anos subsequentes à data do seu reconhecimento. 6 — Surgindo dúvidas sobre a incapacidade referida nos números antecedentes, será esta fixada pelo tribunal. 7 — As pensões por morte começam a vencer-se no dia seguinte ao do falecimento do sinistrado, inclusive as referentes aos nascituros, e são cumulativas com quaisquer outras.

Artigo 50.o

Reparação por despesas de funeral

1 — As despesas de funeral são pagas a quem provar tê-las suportado.

2 — O prazo para requerer o subsídio por despesas de funeral é de um ano a partir da realização da res-pectiva despesa.

Artigo 51.o

Pagamento das prestações

1 — As pensões anuais são pagas, adiantada e

men-salmente, até ao 3.o dia de cada mês, correspondendo

cada prestação a1/

14da pensão anual.

2 — Os subsídios de férias e de Natal, no valor de

1/

14cada da pensão anual, são, respectivamente, pagos

nos meses de Maio e de Novembro.

3 — As indemnizações por incapacidades temporárias são pagas quinzenalmente.

4 — Os interessados podem, por acordo, estipular que o pagamento seja efectuado de forma diferente da indi-cada nos números anteriores.

Artigo 52.o

Dedução do acréscimo de despesas

Quando a pedido do sinistrado ou dos beneficiários legais tiver sido acordado, para o pagamento das pres-tações, lugar diferente do da residência daqueles, a enti-dade responsável poderá deduzir no montante das mes-mas prestações o acréscimo das despesas daí resultantes.

Artigo 53.o

Requisito formal

O acordo sobre a escolha do lugar ou forma do paga-mento só é válido se revestir a forma escrita.

CAPÍTULO IV

Ocupação de trabalhadores sinistrados Artigo 54.o

Ocupação obrigatória

1 — As entidades empregadoras que empreguem pelo menos 10 trabalhadores são obrigadas a ocupar, em fun-ções e condifun-ções de trabalho compatíveis com o res-pectivo estado, os sinistrados de acidentes ao seu serviço, ainda que a título de contrato a termo e mesmo para além desse termo, quando afectados de incapacidade temporária de coeficiente não superior a 50 %.

2 — Cessa a obrigação prevista no número anterior quando o sinistrado não se apresentar à entidade empre-gadora dentro de 10 dias após a fixação da incapacidade, no caso de a ausência não ser devidamente justificada.

3 — A entidade empregadora que não cumprir o dis-posto no n.o1, e sem prejuízo de outras prestações que

por lei forem devidas, pagará ao sinistrado a retribuição que lhe competiria nos termos da segunda parte do n.o1

do artigo 30.o da lei, salvo se o contrato tiver sido

rescindido.

Artigo 55.o

Parecer técnico

Quando houver necessidade de esclarecer quaisquer dúvidas sobre as incapacidades referidas no artigo 54.o

deste diploma ou sobre o emprego dos incapacitados em funções compatíveis com o seu estado, poderá ser solicitado o parecer de peritos especializados, designa-damente do Ministério do Trabalho e da Solidariedade.

CAPÍTULO V Remição de pensões

Artigo 56.o

Condições de remição

1 — São obrigatoriamente remidas as pensões anuais:

a) Devidas a sinistrados e a beneficiários legais de

pensões vitalícias que não sejam superiores a seis vezes a remuneração mínima mensal garan-tida mais elevada à data da fixação da pensão;

b) Devidas a sinistrados, independentemente do

valor da pensão anual, por incapacidade per-manente e parcial inferior a 30 %.

2 — Podem ser parcialmente remidas, a requerimento dos pensionistas ou das entidades responsáveis e com autorização do tribunal competente, as pensões anuais vitalícias correspondentes a incapacidade igual ou supe-rior a 30 % ou as pensões anuais vitalícias de bene-ficiários em caso de morte, desde que cumulativamente respeitem os seguintes limites:

a) A pensão sobrante não pode ser inferior a seis

vezes a remuneração mínima mensal garantida mais elevada;

b) O capital de remição não pode ser superior ao

que resultaria de uma pensão calculada com base numa incapacidade de 30 %.

Artigo 57.o

Cálculo do capital

Serão fixadas por portaria do Ministro das Finanças as bases técnicas aplicáveis ao cálculo do capital de remi-ção das pensões, bem como as tabelas práticas de cálculo dos capitais de remição.

Artigo 58.o

Direitos não afectados pela remição

A remição não prejudica:

a) O direito às prestações em espécie;

b) O direito de o sinistrado requerer a revisão da

sua pensão;

c) Os direitos atribuídos aos beneficiários legais

do sinistrado, se este vier a falecer em conse-quência do acidente;

d) A actualização da pensão remanescente no caso

de remição parcial ou resultante de revisão de pensão, nos termos da lei.

(13)

CAPÍTULO VI Cobertura dos riscos

SECÇÃO I

Transferência de responsabilidades

Artigo 59.o

Dispensa de transferência de responsabilidade

As obrigações impostas pelo artigo 37.o da lei não

abrangem a administração central, local e as demais entidades na medida em que os respectivos funcionários sejam abrangidos pelo regime de acidentes em serviço ou outro regime legal com o mesmo âmbito.

Artigo 60.o

Riscos recusados

1 — O ISP estabelecerá por norma regulamentar as disposições relativas à colocação dos riscos recusados pelas empresas de seguros.

2 — O fundo a que se refere o artigo 39.oda lei pode

ressegurar e retroceder os riscos recusados.

3 — Relativamente aos riscos recusados, o ISP pode requerer das entidades competentes certificados de con-formidade com as regras de segurança em vigor.

SECÇÃO II

Caucionamento de pensões

Artigo 61.o

Obrigação do caucionamento

1 — As entidades empregadoras são obrigadas a cau-cionar o pagamento das pensões de acidentes de tra-balho em que tenham sido condenadas, ou a que se tenham obrigado por acordo homologado, quando não haja ou seja insuficiente o seguro, salvo se celebrarem junto de uma empresa de seguros um contrato específico de seguro de pensões.

2 — A caução pode ser feita por depósito de nume-rário, títulos da dívida pública, por afectação ou hipoteca de imóveis ou garantia bancária.

3 — Os caucionamentos são feitos à ordem do juiz do tribunal do trabalho respectivo, ou a seu favor, nos prazos que ele designar.

4 — Os títulos da dívida pública são avaliados, para efeitos de caucionamento, pela última cotação na bolsa e os imóveis e empréstimos hipotecários pelo valor matricial corrigido dos respectivos prédios, competindo ao Ministério Público apreciar e dar parecer sobre a idoneidade dos caucionamentos.

5 — Serão obrigatoriamente seguros contra incêndio os imóveis sujeitos a este risco.

6 — Sempre que se verifique que os caucionamentos são insuficientes, deverão eles ser reforçados, observan-do-se analogamente as disposições anteriores.

Artigo 62.o

Intervenção do ISP

1 — Compete ao ISP determinar o valor dos caucio-namentos das pensões, quando não exista ou seja insu-ficiente o seguro das responsabilidades das entidades empregadoras.

2 — Compete igualmente ao ISP dar parecer sobre a transferência de responsabilidade das pensões de aci-dentes de trabalho para as empresas de seguros.

3 — Os valores de caucionamento das pensões são calculados de acordo com as tabelas práticas a que se refere o artigo 57.o, acrescidas de 10 %.

CAPÍTULO VII Disposições complementares

Artigo 63.o

Formulários obrigatórios

1 — As participações, os boletins de exame e alta e os outros formulários referidos neste diploma, que pode-rão ser impressos por meios informáticos, obedecem aos modelos aprovados oficialmente, devendo ser rigo-rosa e integralmente preenchidos e assinados, de forma indelével e facilmente legível.

2 — O não cumprimento do disposto no número ante-rior equivale à falta de tais documentos, podendo ainda o tribunal ordenar a sua substituição.

Artigo 64.o

Isenções

1 — Estão isentos de emolumentos, custas e taxas todos os documentos necessários ao cumprimento da lei e seus regulamentos, independentemente da respec-tiva natureza e da repartição por onde forem passados ou hajam de transitar para sua legalização.

2 — As isenções compreendidas no número anterior não abrangem a constituição de mandatário judicial.

Artigo 65.o

Representantes das responsáveis

1 — As empresas de seguros são obrigadas a manter, nas localidades das sedes dos tribunais do trabalho, um representante que possa receber as citações, notifica-ções, avisos e correspondência dos mesmos tribunais. 2 — Para os efeitos referidos no número anterior, não podem exercer a representação os cônjuges ou quem se encontre em situação de união de facto com os magis-trados ou funcionários daqueles tribunais, nem os seus parentes ou afins, em qualquer grau da linha recta ou até ao 2.ograu da linha colateral.

3 — Sempre que, durante a fase conciliatória do pro-cesso, a tentativa de conciliação for adiada por motivo imputável à empresa de seguros ou a outra entidade responsável, estas terão de se fazer representar, nas ten-tativas de conciliação seguintes, por mandatário judicial.

Artigo 66.o

Afixação e informação obrigatórias

1 — Todas as empresas que tenham normalmente ao seu serviço mais de cinco trabalhadores devem afixar, nos respectivos estabelecimentos e em lugar bem visível, as disposições da lei e dos seus regulamentos referentes às obrigações dos sinistrados e dos responsáveis.

2 — Os recibos de retribuição devem, obrigatoria-mente, identificar a empresa de seguros para a qual o risco se encontra transferido à data da sua emissão.

(14)

CAPÍTULO VIII

Disposições contra-ordenacionais Artigo 67.o

Contra-ordenações e coimas

1 — Constitui contra-ordenação, punível com coima de 100 000$ a 750 000$ ou 5 000 000$, consoante se trate de pessoa singular ou colectiva, a prática dos seguintes actos:

a) Incumprimento da obrigação fixada nos

arti-gos 24.o deste diploma e 7.o, n.o 3, da lei; b) Violação do disposto nos artigos 36.o e 37.o,

n.o 1, da lei, incluindo as omissões ou

insufi-ciências nas declarações quanto ao pessoal e às retribuições para não cumprir, com exactidão, o disposto nesta última disposição;

c) Fazer tratar ou internar um sinistrado sem

declarar esta situação, para efeitos de se eximir ao pagamento das respectivas despesas;

d) A prática dos actos referidos no artigo 3.odeste

diploma.

2 — Constitui contra-ordenação, punível com coima de 50 000$ a 300 000$ ou 1 200 000$, consoante se trate de pessoa singular ou colectiva, a infracção ao disposto nos artigos 13.o, 15.o e 30.o da lei, bem como nos

arti-gos 16.o a 18.o, 19.o, alíneas d) e e), 20.o, 27.o, 33.o,

34.o, n.os1 e 2, 35.o, n.o4, 54.o, 65.oe 66.odeste diploma.

Artigo 68.o

Cumulação de responsabilidades

A responsabilidade contra-ordenacional não preju-dica eventual responsabilidade civil ou criminal.

Artigo 69.o

Processamento e aplicação das coimas

O processamento das contra-ordenações previstas neste diploma bem como a aplicação das correspon-dentes coimas competem ao Instituto de Desenvolvi-mento e Inspecção das Condições de Trabalho, salvo se o agente da infracção for uma entidade sujeita à supervisão do ISP, caso em que aquelas competências lhe são cometidas.

Artigo 70.o

Produto das coimas

O produto das coimas reverte em 60 % para os cofres do Estado e em 40 % para o fundo a que se refere o artigo 39.oda lei.

CAPÍTULO IX

Disposições transitórias e finais Artigo 71.o

Entrada em vigor

1 — O presente decreto-lei entra em vigor no 1.odia

do 6.omês seguinte à data da sua publicação.

2 — Dentro do prazo de 60 dias após a publicação do presente diploma no Diário da República o ISP pro-cederá à publicação das apólices uniformes previstas na lei e nesta regulamentação.

Artigo 72.o

Disposições subsistentes

A entrada em vigor deste decreto-lei não toma inoperantes:

a) As disposições legais actualmente aplicáveis às

matérias contidas nos preceitos citados no n.o2

do artigo 1.o deste diploma, enquanto não for

efectuada a sua prevista regulamentação autó-noma;

b) Os modelos de declarações, participações e

mapas em vigor.

Artigo 73.o

Remissão legislativa

Sempre que as disposições legais remetam para pre-ceitos revogados pelo novo regime jurídico de reparação dos danos emergentes de acidentes de trabalho, enten-de-se que a remissão é feita para as correspondentes disposições deste novo regime.

Artigo 74.o

Regime transitório de remição das pensões

As remições das pensões, previstas na alínea d) do

n.o 1 do artigo 17.o e no artigo 33.o da lei, serão

concretizadas gradualmente, nos termos do quadro seguinte:

Períodos Pensão anual (contos) Até 31 de Dezembro de 1999 . . . « 80 Até 31 de Dezembro de 2000 . . . « 120 Até 31 de Dezembro de 2001 . . . « 160 Até 31 de Dezembro de 2002 . . . « 400 Até 31 de Dezembro de 2003 . . . « 600 Até 31 de Dezembro de 2004 . . . › 600

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 11 de Março de 1999. — António Manuel de Oliveira

Guter-res — João Carlos da Costa Ferreira da Silva — José Eduardo Vera Cruz Jardim — Maria de Belém Roseira Martins Coelho Henriques de Pina — Eduardo Luís Bar-reto Ferro Rodrigues.

Promulgado em 15 de Abril de 1999. Publique-se.

O Presidente da República, JORGESAMPAIO.

Referendado em 21 de Abril de 1999.

O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira

Guterres.

Decreto-Lei n.o144/99

de 30 de Abril

As taxas do imposto municipal sobre veículos têm vindo a ser actualizadas em função da inflação, através de alteração contida na Lei do Orçamento do Estado, competindo à Direcção-Geral dos Impostos, em con-formidade com essa actualização, publicar no Diário da

República as respectivas tabelas.

Neste sentido, a Lei do Orçamento do Estado para 1999 contém uma autorização ao Governo para proceder à actualização das taxas do imposto municipal sobre

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