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EXPANSÃO URBANA DE TUTÓIA MA: 2000 a Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional PPDSR/UEMA FAPEMA

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EXPANSÃO URBANA DE TUTÓIA – MA: 2000 a 2010

Maxuel Rodrigues PINTO Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional PPDSR/UEMA – FAPEMA rodrigues-geo@hotmail.com

1. INTRODUÇÃO

A cidade é produto da reprodução social (CASTELLS, 2000). A cidade é tratada como um espaço em constante transformação. Existe sempre uma articulação entre a produção e reprodução, uma interferindo na outra, que ocasiona uma constante expansão do espaço pelos movimentos do cotidiano que acontece na cidade.

A cidade passa a ser um lugar de convergência das relações sociais, por ser o local de trabalho, moradia, de estudo, lazer e serviços (CORRÊA, 2005). Sendo assim, o espaço se expande em uma complexidade que se ajusta com o passar do tempo, pela dinâmica do cotidiano das pessoas e dos elementos físicos que nascem das demandas sociais.

A cidade é vista de maneira diferente pelos diversos atores sociais que estão envolvidos em sua produção/apropriação, como pondera Carlos (2009). De acordo com a autora, existe o ponto de vista do capitalista, produtor de mercadorias e o ponto de vista do morador, consumidor.

Segundo Clark (1985) a expansão das cidades, na literatura da Geografia Urbana, verifica-se a existência de dois momentos de sua evolução: a revolução agrícola e a revolução industrial. Na primeira fase, está associada ao surgimento das primeiras vilas e cidades, ocorrendo por volta do quinto milênio a.C no Oriente Próximo e Médio, nessa fase, o gênero da vida nômade e predatório é substituído por um sistema de

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agricultura, proporcionando o estabelecimento de assentamentos habitacionais, os homens se libertaram do campo e iniciaram atividades literárias, artísticas e científicas. Outra vertente apontada pelo autor é a revolução industrial, marcado pelo complexo conjunto de transformações econômicas e sociais, de forma inter-relacionada pelo avanço na fonte de energia e pelas mudanças na natureza e escala das indústrias, todo esse processo revolucionou as cidades e originou diversas outras.

O conceito de expansão urbana é complexo, vem sendo estudado na academia por autores que levam o termo apenas no sentido de transformação física, e outros, no sentido do desenvolvimento social, pela dinâmica. No Brasil, Villaça (2001) baseado na Escola de Chicago, explica os mecanismos das mudanças espaciais da cidade e a compreensão e interação existente entre as estruturas físicas e os processos.

Sua explicação definiu cidade como uma estrutura dotada de movimentos, estando sempre se modificando, chamando de estrutura, um todo constituído de elementos que se relacionam entre si, os elementos da estrutura urbana são divididos em territoriais, que servem de referência para localização do espaço, e por físicos, que são as estruturas, o sistema de transporte, de saneamento, o imobiliário e ainda outros elementos da estrutura urbana são evidenciados no espaço, considerados não territoriais, que se articulam tendo como referência os territórios, essas estruturas são a econômica, política, ideológica e social. (VILLAÇA, 2001).

Para entender a expansão urbana é necessário tratar como acontece a transformação do espaço e quais elementos existentes entre as duas estruturas, física e a não física, levam o espaço a se modificar. A expansão do espaço urbano é heterogênea, dinâmica e de uma complexidade que aos poucos se transforma dependendo da intensidade e dos efeitos das relações.

Villaça (2001) considera o termo intra-urbano para explicar a organização do espaço urbano e compreender quais os processos sócio-espaciais mais significativos merecem alvos de estudos para o entendimento nas mudanças espaciais. Para ele dois fatores são importantes para entender o desenvolvimento da cidade: os fatores

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estruturais, divisão e especialização de trabalho, que contribuem para o aumento do número e tamanho da cidade; e os fatores conjunturais, em decorrência das demandas sociais que passam a pressionar maiores e melhores espaços, esses dois fatores são fundamentais para entender a expansão da cidade.

Com isso, a cidade de Tutóia modifica sua estrutura a partir das relações dos elementos estruturais e conjunturais. São considerados elementos estruturais da cidade, o comércio, os bairros, as ruas, a população, os prédios, o transporte e outros que não são elementos físicos; e os conjunturais, as esferas econômicas, política, social e ideológica. Esses elementos são reforçados por uma dinâmica espacial que integra no espaço, com isso alteram outros elementos que se tornam importantes formando uma superestrutura. Villaça (2001, p. 36) diz que “o simples registro de transformações espaciais não é suficiente para caracterizar a estruturação ou reestruturação urbana. É preciso mostrar como mudanças em um elemento da estrutura provocam mudanças em outros elementos”.

2 OBJETIVOS

A abordagem da estruturação do espaço urbano enquanto resultado de processo de processos espaciais permite compreender melhor um espaço em constante transição e transformação, seja pelos condicionantes econômicos, espaciais, históricos ou ideológicos. O presente trabalho se propôs analisar a expansão urbana da cidade de Tutóia – MA, tendo como período de análise 2000 a 2010, enfocando as redefinições a partir da elaboração do Plano Diretor em 2006 e as implicações ambientais decorrente dessa expansão urbana.

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No primeiro momento, foi feito o exame e análise de diversas fontes bibliográficas. O método adotado para nortear a pesquisa foi o Materialismo Histórico e Dialético, na medida em que se procurou trabalhar as contradições sociais existentes no espaço estudado para melhor interpretação dos fenômenos. Na realização desse trabalho, buscou-se analisar a dinâmica da expansão urbana da cidade de Tutóia – MA (2000 a 2010). Os procedimentos metodológicos adotados para a pesquisa são caracterizados, num primeiro momento, pelo levantamento de dados estatísticos produzidos pelo IBGE, IMESC e revisão de literatura para a construção teórica do objeto de estudo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Aspectos geográficos

O município de Tutóia está localizado na Mesorregião Norte Maranhense e na Região de Planejamento dos Lençóis Maranhenses, próximo ao Delta do Rio Parnaíba, conforme o mapa (Figura 01). O município está sob as coordenadas 2º45’44’’ Lat. Sul e 42º16’28’’ Long. Oeste, possuindo uma área total de 1.651,6 km2. Em consonância com os dados do IBGE (2010), possui uma população total de 52.788 hab., sendo que a população urbana corresponde a 18.680 hab., e a população rural representa 34.108 hab. Seus limites são: ao Norte Oceano Atlântico, a Sul com Santana do Maranhão, a Leste com Água Doce do Maranhão e a Oeste com Paulino Neves.

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O primórdio da ocupação territorial do município de Tutóia remonta o período colonial, sendo que nessa época ainda não tinha denominação de município.

Devido à pacificação dos Teremembés no Baixo Parnaíba, foi fundada em 1722 a missão de Nossa Senhora da Conceição, na localidade de Tutóia e assim foi viabilizada a comunicação terrestre entre o Maranhão e o Ceará. (FERREIRA, 2008, p.100). Conforme o autor, a articulação territorial ainda era inexpressiva, visto que no início do século XIX, mais precisamente em 1815, na Capitania do Maranhão existiam apenas seis “estradas”.

Duas partiam de São Luís, sendo que uma se direcionava para Belém via oeste (Estrada Real) e a outra, “à beira-mar”, seguia para Pernambuco (leste), passando pelo Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, a qual desde 1813 servia aos “correios mensais” (marítimos); duas articulavam Itapecuru-Mirim, sendo que uma ia para Tutóia e daí para o Piauí (Estrada da Boiada) e a outra (Estrada do Galho) descia para Caxias... (FERREIRA, 2008, p. 36).

A transferência da vila de Tutóia Velha para o litoral foi comandada pelo então coronel Paulino Neves. Depois da construção da salina e de alojamentos para os trabalhadores, mandou construir uma casa de comércio para abastecer os trabalhadores

Figura 01: Mapa de localização do município de Tutóia Fonte: OLIVEIRA, 2013

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da salina. Em 16 de abril de 1901, pela Lei nº 297, o povoado Porto de Salina foi elevado à categoria de vila com denominação de Tutóia, com isso todas as repartições públicas de Tutóia Velha (recebendo a denominação de Vila Viçosa da Tutóia) foram transferidas para a nova Tutóia.

A urbanização sem um devido planejamento e a falta de uma infraestrutura adequada gera transtornos para a população urbana, tendo como consequências, vários problemas, seja de ordem ambiental, seja de ordem social.

Em Tutóia, o processo de urbanização se evidencia com ocupações irregulares, sobretudo em áreas de mangues e em campos de dunas móveis, pois a mesma não dispõe de espaço físico horizontal que atenda a demanda populacional. Na área central, verifica-se um crescimento verticalizado, tendo uma forte expansão da especulação imobiliária.

A discussão acima, associada à elaboração do Plano Diretor, onde a gestão municipal por meio desse, incorpora áreas que antes eram povoados, como áreas de Zona de Expansão Urbana. Em relação ao Plano Diretor, Villaça elucida:

Nossa sociedade está encharcada da ideia generalizada de que o Plano Diretor (na concepção ampla) é um poderoso instrumento para a solução de nossos problemas urbanos, na verdade indispensável, e que, em grande parte, se tais problemas persistem é porque nossas cidades não tem conseguido ter e aplicar esse miraculoso Plano Diretor. É impressionante como um instrumento que praticamente nunca existiu na prática, possa ter adquirido tamanho prestígio por parte da elite do país (VILLAÇA, 2005, p.11).

Em Tutóia, com bases em dados do Atlas do Desenvolvimento Humano/PNUD (2000); IMESC (2009); Censo Demográfico/IBGE (2010) verifica-se um crescimento demográfico na área urbana (conforme Tabela 01), com migrações vindas do interior do município ou de outros municípios vizinhos, ora vindas de outros estados, sobretudo, dos Estados do Piauí, Ceará. Mesmo com incremento populacional, o município de Tutóia ainda conta com uma população rural superior à população urbana.

Censos Total Urbana Rural Taxa de

urbanização

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20001 37.728 11.589 26.139 30,72%

20072 46.280 13.564 32.716 29,30%

20103 52.788 18.680 34.108 35,40%

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil1; IMESC2; Censo IBGE3

Portando, a elevação da população urbana, elemento responsável pelo processo de urbanização ainda em curso e de forma acentuada em Tutóia é decorrente da transferência de parte da população do interior do município, de outras cidades maranhenses e de outros estados, para a cidade.

Como forma de ordenar o espaço das cidades, dispõe-se de uma importante ferramenta de gestão do território, o Plano Diretor. No contexto de planejamento urbano no Brasil, o Plano Diretor representa o principal instrumento de gestão urbana, utilizado para projetar o futuro das cidades, que por ausência de planejamentos, geraram impactos ambientais decorrentes da expansão urbana. Como foi discutido acima, sobre a elaboração do Plano Diretor em 2006, sob a luz da Lei Nº 117/2006, onde a gestão municipal incorporou áreas consideradas rurais como Zona de Expansão Urbana, essas áreas são: Paxicá, Taboal, Comum e Alto Alegre (Figuras 02 e 03), ampliando o perímetro urbano de Tutóia.

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Figura 02: Zona de Expansão Urbana – Paxicá/Taboal. Plano Diretor, 2006.

Fonte: GoogleEarth, 2010 (Adaptado).

Figura 03: Zona de Expansão Urbana – Comum/Alto Alegre. Plano Diretor, 2006. Fonte: GoogleEarth, 2010 (Adaptado).

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A formação urbana inicial de Tutóia se deu na antiga vila de Tutóia Velha, e consequentemente veio sua transferência para o Porto de Salinas pela Lei nº 27 de 16 de abril de 1901, pelo então coronel Paulino Neves. Ao alongo desses anos, o espaço urbano de Tutóia foi construído historicamente, tendo sua atual conformação geográfica como fruto dessa dinâmica socioeconômica e espacial.

Ao longo desses dez anos, a cidade de Tutóia tem crescido de forma desordenada, devido a uma grande quantidade de migrantes vindos do interior do município, de outras cidades do estado e de outros estados, sobretudo, do Piauí e Ceará, atraídos pelas atividades pesqueiras e comerciais.

Tendo em vista, as áreas passíveis de ocupação começaram a comportar uma população cada vez maior, propiciando a expansão da macha urbana em ocupações em áreas impróprias. Com isso, a expansão urbana em Tutóia, apresenta uma série de problemas socioambientais inerentes ao processo desordenado de urbanização, devido a falta de planejamento urbano, merece destaque os problemas de ocupações irregulares em áreas de mangues, campo de dunas e em paleodunas.

As grandes contribuições de um trabalho como este, estão em conhecer e registrar como um processo de expansão urbana sem planejamento infere e impacta um ambiente e uma sociedade. Este trabalho não se esgota aqui sobre as investigações referentes à expansão urbana de Tutóia, onde é necessário debater e registrar com mais afinco a respeito dessa problemática no espaço urbano tutoiense.

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BIBLIOGRAFIA

CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Cidade. São Paulo: Contexto, 2009. CASTELLS, Manuel. A questão urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. CLARK, David. Introdução à Geografia Urbana. São Paulo: Difel, 1985. CORREA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. Rio de Janeiro: Ática, 2005.

FERREIRA, Antonio José de A. Políticas territoriais e a reorganização do espaço

maranhense. São Paulo. Tese (Doutorado em Geografia Humana). DG/FFLCH/USP,

2008.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010.

INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS E CARTOGRÁFICOS. Produto Interno Bruto do Estado do Maranhão: série 2002 a 2007. v. 1. São Luís: IMESC, 2009.

PNUD/Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Atlas do

Desenvolvimento Humano no Brasil, Brasília: PNUD, 2000.

VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel/FAPESP: Lincoln Institute, 2001.

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