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III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Engenharia Florestal

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Academic year: 2021

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ERVAS INFESTANTES EM VIVEIRO FLORESTAL DE ESPÉCIES NATIVAS – ESTUDO DE CASO

Gleidy Dayane de Matos1*, Taciana Frigotto1, Eleandro José Brun2, Flávia Gizele König Brun3

1. Acadêmicas do curso de Engenharia Florestal, Universidade Tecnológica Federal de Paraná- Campus Dois Vizinhos. e-mail: *gleidydayane@yahoo.com.br, taci_frigotto27@hotmail.com.

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. Eng. Florestais, Professores Doutores, Universidade Tecnológica Federal do Paraná- Campus Dois Vizinhos- eleandrobrun@utfpr.edu.br.

3. Eng. Ftal. M.Sc., Doutoranda em Recursos Florestais – ESALQ/USP. e-mail: fgkbrun@esalq.usp.br.

Resumo: Foram identificadas as principais espécies de ervas infestantes em um viveiro florestal de espécies nativas localizado em Apucarana, PR. Foram identificadas 12 espécies, dentre essas, duas tiveram maior expressividade, sendo elas o agrião-bravo (Cardamine bonariensis) e a brilhantina (Pilea microphylla). Em função disso, foram investigadas as possíveis fontes de contaminação com sementes destas espécies, sendo identificadas a presença delas no entorno do viveiro, em lavouras e beiras de estrada. Apontaram-se várias medidas de prevenção e controle, que deverão ser aplicadas pelo viveirista visando diminuir a incidência, entre elas o controle das espécies competidoras no entorno da área do viveiro, colocação de quebra-vento faltante em dois dos lados da área do viveiro, proteção do reservatório de água, solarização do substrato e colocação de lona permeável no solo, melhorando as condições fitossanitárias.

Palavras-chave: espécies invasoras, mudas florestais, manejo de viveiros

Introdução

O estudo relacionado à incidência de plantas competidoras em sistemas de produção agropecuários merece destaque, visando a busca de métodos de controle, convivência e manejo integrado. Em viveiros florestais, deve-se buscar o controle da incidência de ervas competidoras / invasoras, através de métodos de manejo de viveiros que levem em conta aspectos ecológicos, tais como luz, competição, água, nutrientes, entre outros.

Uma planta é considerada infestante quando nasce espontaneamente em local e momento indesejado, podendo interferir negativamente em diversas culturas existentes. Em geral, é conhecida com diferentes sinônimos, que podem ter significado negativo: planta daninha, planta invasora, inço, mato. As plantas infestantes concorrem com as culturas principalmente por água, luz e nutrientes, podendo causar perdas de até 90% na produtividade, dependendo do tempo de convivência e da quantidade de mato. O controle de plantas daninhas representa a maior parcela dos custos de produção (cerca de 35% do total) (Alves & Silva, 2003).

No Brasil, devido à grande diversidade florística, o montante dos prejuízos ocasionados pelas plantas invasoras em áreas cultivadas é reconhecidamente maior, principalmente, pela dificuldade de controle. A interferência das plantas da vegetação espontânea sobre as culturas florestais se traduz em prejuízos diretos ocasionados pela alelopatia e competição com perdas de 30 a 40% e prejuízos indiretos difíceis de serem quantificados, por serem hospedeiras intermediárias de pragas e patógenos (Lorenzi, 2000).

Plantas da vegetação espontânea têm como características crescer em locais inóspitos, apresentar hábito agressivo, dispersão de sementes principalmente pelo vento, alta capacidade reprodutiva, resistência a controle químico e grandes populações ocupando extensas áreas, o que as tornam grandes fontes potenciais de inóculo de fitopatógenos para plantações de espécies comerciais, desempenhando papel fundamental na epidemiologia das doenças causadas por vírus como hospedeiras primárias e secundárias (Duffus, 1971). Diversas espécies da vegetação espontânea pertencentes às famílias Asteraceae, Amaranthaceae, Chenopodiaceae, Commelinaceae, Solanaceae, Fabaceae, Plantaginaceae, Malvaceae, Tropaeolaceae já foram descritas como hospedeiras naturais

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de fitovírus. Assim, é importante ressaltar que dos vírus já identificados no mundo, cerca de 15% foram descritos em espécies pertencentes à vegetação espontânea (Brunt et al., 1997).

Em viveiros de mudas, plantas competidoras podem germinar de sementes ou propágulos de fontes diversas, trazidas junto com a água de irrigação, pelo vento e principalmente junto ao substrato, caso esse não tenha sido corretamente preparado. O controle dessas plantas, com base em princípios de baixo impacto ambiental, está bastante relacionado ao manejo do viveiro, começando desde a correta preparação do substrato, à qualidade da água, a localização de proteção da área do viveiro, entre outros aspectos.

Com base nos aspectos acima mencionados, este trabalho teve como objetivo descrever as principais espécies de ervas infestantes encontradas no viveiro florestal do Instituto Brasileiro de Florestas, em Apucarana/PR, apontando medidas de manejo e controle das mesmas, baseada em princípios ecológicos.

Matérias e Métodos

O Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) é uma associação privada sem fins lucrativos, que trabalha pela conservação da natureza, tendo como metas a qualidade e produtividade florestal, difusão de novas tecnologias, estabelecimento de redes de conhecimentos técnicos, promoção de cursos, encontros e palestras no setor florestal, atuando através de parcerias com pequenos produtores, sociedade organizada, segmentos econômicos afins, órgãos de pesquisa e desenvolvimento e entidades de classe.

O IBF está localizado na cidade de Apucarana – PR, em uma área de dois hectares de instalações, totalizando uma área de produção do viveiro de 5.000 m2. O referido viveiro possui capacidade de produção de 2,6 milhões de mudas anuais e tem como objetivo disponibilizar mudas florestais nativas, atendendo à demanda de projetos de recuperação de áreas, produzindo mudas de 115 espécies de ocorrência regional.

A região de Apucarana apresenta grandes altitudes, que chegam a 900 metros acima do nível do mar em alguns pontos, sendo pertencente ao domínio do Terceiro Planalto do Paraná, mais especificamente a Microrregião de Apucarana. Predominam solos derivados do basalto e clima Sub-tropical Úmido Mesotérmico com concentração de linhas de escoamento de ar frio em alguns locais, verões quentes com tendência de concentração das chuvas (temperatura média superior a 22°C), invernos com geadas pouco freqüentes (temperatura média inferior a 18°C), sem estação seca definida (Apucarana, 2009).

Em uma avaliação realizada no referido viveiro, evidenciou-se a necessidade desse estudo, uma vez que a incidência de plantas competidoras na área é alta e no manejo do viveiro não era dada a atenção necessária a essa questão. Dessa forma, foram identificadas as principais espécies de plantas competidoras que ocorrem junto à área de produção de mudas.

O estudo foi realizado seguindo critérios básicos: primeiro foi feito um levantamento da área, localidade, clima regional, maneira de irrigação, análise de regiões próximas, existência ou não de quebra-vento. Em seguida foi feita a coleta de exsicatas das espécies de plantas competidoras que são encontradas no viveiro, visando fazer a identificação de cada uma A identificação das espécies foi feita através de revisão de literatura, em bibliografia especializada, comparando-se as características botânicas das espécies às exsicatas coletadas.

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Resultados e Discussão

Pelo levantamento realizado, soube-se que o terreno onde está localizado o viveiro do IBF já foi um viveiro de plantas ornamentais, ou seja, a área foi reaproveitada, dai a predominância de muitas ervas daninhas serem de plantas também usadas como ornamentais.

Outra questão que foi analisada é o excesso de umidade em alguns pontos no viveiro, pois as irrigações são feitas três vezes ao dia, de 10 a 15 minutos por ocasião, no período de inverno e no período de verão de quatro a seis regas por dia com duração de 15 a 20 minutos cada uma e, como tem alguns pontos no viveiro que ficam somente a sombra, o local tem muita umidade possibilitando assim a proliferação de algumas espécies de ervas daninhas que preferem esse tipo de ambiente.

No viveiro do IBF observou-se a presença de diversas espécies de plantas competidoras, tais como: pé-de-galinha (Eleusine indica), quebra-pedra (Phyllanthus niruri), agrião-bravo (Cardamine bonariensis), picão-branco (Galinsoga parviflora), beldroega (Portulaca oleracea), caruru (Amaranthus viridis), brilhantina (Pilea microphylla), tiririca (Cyperus rotundus L.), capim marmelada (Brachiaria plantaginea), capim amargoso (Digitaria insularis) e erva de santa luzia (Euphorbia pilulifera). Dentre estas as que foram encontradas com maior incidência foram: agrião-bravo e brilhantina.

O Agrião-bravo (Cardamine bonariensis) (Figura 1) é uma planta anual, herbácea, ereta ou semi-prostrada, glabra, tenra, muito ramificada, aromática, com 15 - 25 cm de altura, nativa da Europa e disseminada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Propaga-se apenas por sementes. É uma planta daninha medianamente freqüente, infestando principalmente jardins, viveiros de mudas e hortas caseiras (Lorenzi, 2000). Vegeta predominantemente durante o inverno e primavera, entretanto, não é rara sua ocorrência até meados do verão. É muito mais freqüente na região Sul do país onde se constitui numa das principais infestantes de viveiros de mudas. Apresenta um ciclo curto, preferindo locais úmidos e sombreados. Suas folhas têm cheiro semelhante ao agrião.

A segunda espécie mais freqüente, denominada Brilhantina (Pilea microphylla) (Figura 2) é uma planta perene, herbácea, prostrada com a extremidade dos ramos ascendentes, muito ramificada, de folhas suculentas e glabras, de 10 - 20 cm de comprimento, nativa da América Tropical. Propaga-se apenas por sementes (Lorenzi, 2000). É uma planta amplamente cultivada para fins ornamentais, contudo torna-se indesejável quando cresce espontaneamente em fendas de calçadas e paralelepípedos, hortas caseiras e pomares. É particularmente freqüente na planície litorânea, onde é comum em ambientes domésticos, porém sem formar densas infestações. Pouco exigente em condições de solo, contudo requer um bom suprimento de umidade e condições de luz difusa. As formas cultivadas são seleções de maior tamanho e desenvolvimento.

Após a identificação e caracterização das principais espécies competidoras do viveiro, realizou-se um levantamento sobre a disseminação destas, onde se pode observar a predominância das mesmas em área de lavouras próximas, e também na beira da rodovia em frente ao viveiro. Pode-se observar que a falta de quebra-vento em um dos lados do viveiro acaba favorecendo mais a proliferação destas ervas, ocorrendo assim a disseminação anemocórica.

A disseminação também pode estar ocorrendo através da água da irrigação que é acumulada em um reservatório coberto apenas por sombrite, possibilitando assim que sementes pequenas cheguem às embalagens das mudas, caracterizando disseminação hidrocórica. Outra disseminação que pode estar ocorrendo é a epizoocórica, onde os animais podem transportar as sementes presas ao seu corpo por intermédio de espículas,

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dentículos, ganchos, etc., como ocorre com o picão e o carrapicho. Algumas sementes quando ingeridas pelo animal, com o respectivo fruto, passam intactas pelo tubo digestivo e são eliminadas com as suas fezes, ganhando propícias condições de desenvolvimento (endozoocoria).

Quanto à prevenção e controle dessas espécies, quando não se pensa em métodos de controle químico, os quais sempre têm associados, mesmo que em baixa intensidade, problemas ambientais, prioriza-se técnicas culturais e de manejo, as quais podem ser: plantio de quebra-ventos, proteção adequada para o reservatório de água, capina da área do viveiro visando não deixar as plantas competidoras formarem e dispersarem sementes, impedir ao máximo que animais domésticos e aves circulem na área de produção de mudas, controlar o regime de irrigação, solarização do substrato, entre outros.

Quanto aos métodos de controle, o controle cultural consiste em criar condições para que a muda se estabeleça o mais rápido possível, proporcionando-lhe vantagem competitiva com as plantas daninhas na disputa por água e nutrientes. Para isso, a qualidade físico-química do substrato é fundamental, além de outros fatores como a qualidade genética das sementes.

O controle mecânico também é importante, podendo ser realizado por meio de práticas de eliminação das plantas competidoras com o arranquio manual. Em casos mais drásticos, o viveirista acaba tendo que lançar mão do controle químico, que consiste no uso de herbicidas, que são produtos químicos aplicados em pré e/ou pós-emergência. A escolha do herbicida depende do seu custo e das espécies de plantas daninhas que ocorrem na área.

Conclusão

Apesar da existência de várias espécies (mais de 12) entre as plantas infestantes identificadas, Cardamine bonariensis (agrião-bravo) e Pilea microphylla (Brilhantina) são as mais comuns, apresentando predomínio em número de indivíduos.

Recomenda-se a adoção de medidas preventivas mais eficientes de controle da qualidade do substrato, da água e aumentar a insolação na área de produção de mudas, com um manejo eficiente das faixas arbóreas de quebra-vento, solarização do substrato e colocação de lona permeável no solo, melhorando as condições fitossanitárias do viveiro.

Agradecimentos

Ao Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), de Apucarana/PR, pela concessão de estágio no viveiro florestal às duas primeiras autoras, bem como pelo apoio durante a realização do mesmo.

Referências

ALVES, A. A. C.; SILVA, A. F. Cultivo da mandioca para a região semi-árida. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura. 2003. (Sistemas de produção, 12).

PREFEITURA MUNICIPAL DE APUCARANA. Turismo e meio ambiente. Disponível em:

http://www.apucarana.pr.gov.br/. Acesso em: 05/10/2009.

BRUNT, A. A.; CRABTREE, K.; DALLWITZ, M. J.; GIBBS, A. J.; WATSON, L.; ZURCHER, E. J. (Ed.). Plant viruses online: descriptions and lists from the VIDE database. Disponível em: <http://biology.anu.edu.au/groups/MES/vide/> Acesso em: 16 Jan. 2009.

COLARICCIO, A. Identificação do vírus Y da batata, estirpe comum (PVY0) em Solanum palinacanthum Dun. 1996. 112 f. Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo. São Paulo.

DUFFUS, J.E. Role of weeds in the incidence of virus disease. Annual Review of Phytopatology, v. 15, p. 319-335. 1971.

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LORENZI, H. Plantas daninhas no Brasil. Nova Odessa: Plantarum. 2000. 3º edição. 608 p.

Figura 1. Demonstrativo da alta incidência de Agrião-bravo junto às bandejas de mudas plantadas no viveiro do IBF. Apucarana, PR. 2009 (A e B: incidência com alta concorrência em bandejas de mudas; C: incidência em um tubete individual, destacado pelo círculo em vermelho).

Figura 2. Demonstrativo da alta incidência de Brilhantina (Pilea microphylla) junto às bandejas de mudas plantadas no viveiro do IBF. Apucarana, PR. 2009 (A e B: incidência de brilhantina com alta concorrência em bandejas de mudas (folhas miúdas); C: Brilhantina tomando 100% da bandeja, sufocando as mudas anteriormente existentes).

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