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A organização da agenda e o acesso dos usuários a consultas médicas nas Unidades Básicas de Saúde

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Academic year: 2021

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A organização da agenda e o acesso dos usuários a consultas médicas nas Unidades Básicas de Saúde

ALVES, Andréia Ferreira² BUCKY, Daniele de Almeida Carvalho ³ COSTA, Agrimeron Cavalcante ¹ FERREIRA, Lucilene Renó FIGUEIRA, Sônia Maria de Almeida MALAMAN, Aline MONTEIRO, Mário Silva 1,2,3,4,5,6,7 Associação Paulista para Desenvolvimento da Medicina – Programa de

Atenção Integral à Saúde (SPDM – PAIS)

Resumo:

O presente artigo busca descrever a organização das agendas, a partir da análise entre a oferta de consultas médicas e os parâmetros estabelecidos pelo Documento Norteador da SMS-SP, de 15 Unidades Básicas de Saúde (UBS) com Estratégia Saúde da Família (ESF) do território de Aricanduva/Sapopemba/São Mateus localizado na região Leste do Município de São Paulo, gerenciadas pela Organização Social de Saúde SPDM (Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina), no mês de agosto do ano de 2014. De acordo com o Documento Norteador e o número de médicos das 15 UBS/ESF das 23. 480 consultas médicas previstas, 18.133 foram disponibilizadas pelas UBS/ESF, das quais 14.736 foram agendadas e 10.320 foram efetivamente realizadas. Considerando que o planejamento das agendas pode impactar diretamente no acesso dos usuários aos Serviços de Saúde, faz-se necessário uma reorganização do processo de trabalho e das formas de agendamento, buscando experimentar novas possibilidades de organizar a agenda nas UBS/ESF com o objetivo de ampliar o acesso com os mesmos recursos profissionais e infraestrutura, buscando uma nova relação entre os usuários e os profissionais.

Palavras chave: Acessibilidade aos Serviços de Saúde; Atenção à Saúde; Equidade em Saúde

São Paulo 2014

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Objetivo

O estudo realizado teve como objetivo analisar a oferta de consultas médicas de 15 UBS/ESF a partir da organização da agenda dos profissionais, considerando os parâmetros estabelecidos pelo Documento Norteador da SMS-SP.

Referencial Teórico

A Atenção Básica (AB) é caracterizada pelo alto grau de descentralização, capilaridade e proximidade aos usuários, sendo o contato preferencial e coordenador do cuidado do usuário na Rede de Atenção à Saúde (RAS). Deve ser organizada considerando os princípios da universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, integralidade, responsabilização, humanização, equidade e participação social. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) acompanha famílias em área geográfica delimitada através de ações intra e intersetoriais. Um dos desafios da ESF é a organização de uma agenda que garanta o acesso às consultas, grupos, visitas domiciliares e demais ações de promoção em saúde. A agenda deve refletir as necessidades da população adscrita e, sobretudo facilitar e ampliar o acesso dos usuários. A agenda operacional descreve as ações no tempo e a agenda político/organizacional reflete os compromissos da equipe com sua população adscrita e seus gestores (ESPMG, 2010). A agenda deve ser construída, portanto, a partir de um diagnóstico situacional da realidade social e epidemiológica da comunidade associado à análise dos riscos e vulnerabilidades desse território. A equipe deve concentrar esforços para minimizar as barreiras institucionais visando a garantia do acesso e cobertura da população. No Município de São Paulo as agendas são realizadas através de sistema eletrônico, que permite o registro da presença do usuário e a confirmação do atendimento. O parâmetro de cobertura de consulta médica na população é de 2 a 3 consultas por habitante/ano sendo: 12% de Consultas Básicas de Urgência, 3% de Consultas de Urgência Pré Hospitalar e Trauma, 63% Consultas Médicas Básicas e 22% de Consultas Médicas Especializadas, segundo a Portaria 1101 de 2002 do Ministério da Saúde. O Documento Norteador elaborado pela SMS-SP prevê 400 consulta médicas/mês para os médicos com carga horária de 40horas semanais, sendo adaptada para os médicos com carga horária diferenciada.

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Metodologia

Foi realizado um estudo descritivo a partir da análise de dados disponibilizados pelo Sistema Integrado de Gestão dos Serviços de Saúde – SIGA Saúde, de 15 Unidades Básicas de Saúde com 71 Equipes de Saúde da Família na, zona Leste do município de São Paulo, referente a agosto de 2014.

Neste período estas UBS contaram com 69 médicos, sendo 31 com carga horária de 40 horas, 04 com carga horária de 36 horas, 02 com carga horária de 30 horas e 10 com carga horária de 20 horas, além de 21 médicos do Programa Mais Médicos e 01 do PROVAB com carga horária de 32 horas cada, totalizando 2.348 horas.

O relatório utilizado disponibiliza o status das vagas apresentadas como Vagas Ocupadas e

Vagas Livres e status do agendamento sob o registro de Presentes (vagas que tiveram a o

registro de presença do usuário na recepção e não tiveram registro reduzido – atendimento médico efetivado) Atendidos (vagas que apresentaram registro reduzido – atendimentos médicos efetivados), Não Atendidos (vagas agendadas que não tiveram o atendimento médico efetivado), Agendados (vagas com agendamento e que não tiveram registro de presença ou registro reduzido, sem efetivação da consulta médica), e Não se Aplica (sem característica do status do agendamento por estar relacionada à vaga livre).

Os dados permitiram visualizar as vagas disponibilizadas na agenda (que foram ocupadas / livres) e as com presença e efetivação dos atendimentos médicos confirmados de forma individualizada (por paciente) e são inseridos os procedimentos realizados na consulta para faturamento posterior no Sistema de Informação Ambulatória/Boletim de Produção Ambulatorial – SIA-SUS/BPA.

Para a configuração da agenda no SIGA são considerados os códigos da Tabela de Procedimentos do SIA-SUS - SIGTAP.

Foram realizadas as seguintes análises:

- Percentual de consultas médicas disponibilizadas no SIGA em relação ao total de consultas médicas previstas

- Percentual de consultas médicas agendadas em relação número de consultas médicas disponibilizadas no SIGA.

- Percentual de consultas médicas efetivadas em relação ao número de consultas médicas agendadas no SIGA.

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Resultado

Considerando os parâmetros estabelecidos pelo Documento Norteador do município de São Paulo, para 2.348 horas devem ser disponibilizadas 23.480 consultas médicas.

No período estudado foram disponibilizadas 18.133 consultas médicas, que corresponde a 77,2% em relação ao parâmetro estabelecido pelo Documento Norteador, conforme gráfico a seguir:

Total de vagas disponibilizadas x Total de vagas

indisponíveis

18133; 77% 5347; 23%

total de vagas disponibilizadas Vagas indisponíveis

As 5.347 consultas não disponibilizadas, que correspondem a 23% do total de consultas previstas, podem se referir as férias, licenças ou faltas dos profissionais, infraestrutura inadequada dos serviços de saúde, por exemplo, insuficiência de consultórios, aspectos organizacionais da agenda, como a dificuldade de inclusão e configuração das vagas disponibilizadas no SIGA, ou ainda os fluxos de atendimentos ali estabelecidos.

Do total de consultas disponibilizadas no SIGA foram agendadas 14.736, ou seja, 81%, o que resulta em 3.397 vagas disponibilizadas para consultas médicas não utilizadas, compondo 19% de perda primária de vagas, conforme ilustrado no gráfico:

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Total de vagas agendadas x Perda primária de vagas

14736; 81% 3397; 19%

total de vagas agendadas perda primária de vagas

A perda primária de vagas nos permite inferir que há a necessidade de reorganizar os processos de trabalho, especialmente no que diz respeito aos critérios que se tem utilizado para organizar a agenda, e a relação que se tem estabelecida entre profissionais e usuários dos Serviços de Saúde.

Das 14.736 vagas de consultas médicas agendadas, 10.320 foram efetivamente realizadas, o que corresponde a 70% das vagas agendadas. Podemos inferir, dentre as causas possíveis para a não efetivação das consultas agendadas, o absenteísmo dos usuários ou dos profissionais, além da dificuldade de utilizar o SIGA para registro de presença e atendimento reduzido, de modo que quando não é realizado esse registro o status do agendamento sugere que a consulta médica não foi realizada.

Total de vagas Agendadas e atendidas x Total de vagas

agendadas e não atendidas

4416; 30%

10320; 70%

total de vagas agendadas e não atendidas total de vagas agendadas e atendidas

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Se considerarmos o total de consultas médicas previstas no Documento Norteador, 23.480, e as 10.320 foram efetivamente realizadas, observamos que foram ofertadas 44% do total de vagas previstas, conforme demonstrado no gráfico:

Total de vagas agendadas e atendidas x Outras vagas

10320; 44%

13160; 56%

total de vagas agendadas e atendidas outras vagas

Conclusão

A análise da oferta vagas de consulta médica através agenda dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde permitiu observar a incompatibilidade da quantidade de vagas disponibilizadas com os parâmetros estabelecidos pelo Documento Norteador da SMS-SP. Dentre as causas identificadas destacamos a perda primária de vagas, o absenteísmo, dificuldades na utilização do SIGA (registro, configuração, etc), bem como organização das ações (atendimento programático, atendimento de urgência, atendimento por áreas temáticas, etc). É necessário aprofundar o estudo a fim de conhecer melhor o processo de trabalho das equipes de saúde da família e planejar ações corretivas e ou de melhoria com a finalidade de ampliar o acesso e a cobertura assistencial da população.

A organização das agendas dos profissionais das UBS/ESF tem se configurado como um desafio para gestores e profissionais. Pois essa ferramenta deve contemplar os diversos tipos de atendimento, favorecer a organização dos fluxos e, sobretudo facilitar o acesso dos usuários aos serviços de saúde.

Nesse estudo não foi possível definir qual a melhor forma de organização da agenda para atingir os objetivos propostos pela UBS/ESF, porém ficou evidente que há de se discutir, refletir e experimentar novas formas de organizar a agenda e os processos de trabalho das equipes de saúde na Atenção Básica.

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Bibliografia

BRASIL Ministério da Saúde. Caderno Programa para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica – PMAQ. Brasília, 2011. Disponível em <htpp://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.>

BRASIL. Ministério da Saúde. Disponível em < htpp://www.saúde.gov.br>. Acesso em 05/09/2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 2488/2011 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 1101/2002

CURITIBA, “Novas possibilidades de organizar o Acesso e a Agenda na Atenção Primária à Saúde”, 2013

Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais. Oficinas de Qualificação da Atenção Primária de Belo Horizonte. Belo Horizonte: ESPMG, 2010.

SÃO PAULO. Prefeitura Municipal de São Paulo. Disponível em < htpp://www.prefeitura.sp.gov.br >. Acesso em 05/09/2014.

SÃO PAULO, Documento Norteador – Compromisso das Unidades Básicas de Saúde com a população; abril de 2005.

Referências

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